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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
GABRIELE ZATTA LORENZET
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
AUDITORIAS, CONTROLE DE DADOS E ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS
CAXIAS DO SUL
2020
GABRIELE ZATTA LORENZET
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
AUDITORIAS, CONTROLE DE DADOS E ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS
Relatório Final de Estágio em Engenharia
Química, apresentado como requisito
para aprovação da disciplina na Área do
Conhecimento de Ciências Exatas e
Engenharias da Universidade de Caxias
do Sul.
Orientadoras: Profª Mª Rejane Rech e
Profª Mª Drª Janete de Zorzi
CAXIAS DO SUL
2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................5
1.1 SAMAE – UMA HISTÓRIA..............................................................................5
1.2 USUÁRIOS E COLABOLADORES .................................................................7
1.3 AVALIAÇÃO NO MERCADO ..........................................................................8
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................12
2.1 RECURSOS HÍDRICOS E A POTABILIDADE..............................................12
2.2 TRATAMENTO DA ÁGUA: OPERAÇÕES...................................................13
2.2.1 Captação ......................................................................................................17
2.2.2 Calha Parshall..............................................................................................17
2.2.2.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................17
2.2.3 Floculação....................................................................................................19
2.2.3.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................20
2.2.4 Decantação ..................................................................................................22
2.2.4.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................22
2.2.5 Descargas Hidráulicas................................................................................23
2.2.5.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................24
2.2.6 Filtração .......................................................................................................24
2.2.6.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................24
2.2.7 Cloração / Fluoretação................................................................................26
2.2.8 Carvão ativo.................................................................................................26
2.3 ANÁLISES DE QUALIDADE .........................................................................27
2.3.1 Turbidez .......................................................................................................27
2.3.1.1 Métodos envolvidos........................................................................................28
2.3.2 pH..................................................................................................................29
2.3.2.1 Métodos envolvidos........................................................................................30
2.3.3 Alcalinidade .................................................................................................31
2.3.3.1 Métodos envolvidos........................................................................................31
2.3.4 Metais Residuais (Alumínio e ferro)...........................................................32
2.3.4.1 Métodos envolvidos........................................................................................32
2.3.5 Cloro Residual .............................................................................................34
2.3.5.1 Métodos envolvidos........................................................................................35
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO ..................35
3.1 OBJETIVO DAS ATIVIDADES......................................................................36
3.1.1 Objetivo Geral..............................................................................................36
3.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................36
3.2 MÉTODOS ....................................................................................................36
3.1.1 Ensaios Realizados.....................................................................................46
3.1.1.1 Remoção de íons Mn(II).................................................................................46
3.1.1.2 Estimativa de dosagem de coagulante...........................................................46
3.2 RESULTADOS..............................................................................................47
3.4 CONCLUSÃO................................................................................................50
REFERÊNCIAS.............................................................................................51
5
1 INTRODUÇÃO
1.1 SAMAE – UMA HISTÓRIA
De acordo com a Lei n° 11.445/2007 (marco legal), o saneamento básico no
Brasil é entendido como o conjunto de quatro serviços: (i) abastecimento de água;
(ii) esgotamento sanitário; (iii) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e (iv)
drenagem de águas pluviais.
Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (2019), 25 % da prestação de
serviço de saneamento é dada de forma direta, por meio de autarquias municipais,
empresas públicas e/ou administração pública direta. Além disso, 97 % da prestação
dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Brasil é
concentrada em servidores públicos. (CERI - CENTRO DE ESTUDOS EM
REGULAÇÃO E INFRAESTRUTURA, 2019)
O SAMAE – Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto, localizado na
cidade de Caxias do Sul, é uma autarquia municipal de saneamento básico, ou seja,
possui autonomia administrativa para exercer suas funções que são: abastecimento
de água e esgotamento sanitário. Os princípios (valores) que regem o SAMAE são
excelência em abastecimento de água e esgotamento sanitário com qualidade,
valorização dos servidores, responsabilidade fiscal e socioambiental, ética e
transparência. (SAMAE - SERVIÇO AUTÔNOMO MUNICIPAL DE ÁGUA E
ESGOTO , 2015)
Fundado em 05 de janeiro de 1966, o SAMAE possui uma história que
culmina na sua origem, com relações entre iniciativas públicas e privadas que datam
desde 1893.
Tabela 1- Principais eventos que impulsionaram o desenvolvimento do SAMAE.
(continua)
Ano Evento
1893 Município declara as fontes hídricas de uso comum, para o serviço
público.
1913 Instala-se o serviço de recolhimento de materiais fecais, em parceria
com a iniciativa privada.
1914 Instalação de poço hidráulico para abastecimento da praça Dante
Aliguieri.
6
(conclusão)
1919-1921 Instalação de um sistema de abastecimento no atual Parque Getúlio
Vargas, para rede pública, com 3 km de extensão.
1912-1924 Início do plano de instalação da represa do arroio Dal Bó.
1926-1928 Construção da São Pedro
1928 Inauguração da Estação Borges de Medeiros
1943 Construção da barragem São Paulo
1950 Amplia-se o complexo Dal Bó que abrange três represas: São Paulo,
São Pedro e São Miguel.
1963-1971 Construção da represa Maestra pelo Governo Federal.
Construção da ETA Ana Rech.
1968 Construção da Estação de Tratamento Celeste Gobbato pelo município.
Década
de 1970
Começam os projetos de tratamento de efluentes.
Construção da ETA Samuara.
1976 Instalação de 4139 metros de rede de coleta de esgoto para destino
final no arroio Marquês do Herval.
1971-1983 Adquire-se a bacia de captação do arroio Faxinal e implementa-se o
sistema de represas Faxinal. Ampliação da ETA Ana Rech.
1987-1992 Obras do sistema Faxinal são melhoradas.
1995-1996 Implementação de rede de coleta de esgoto no bairro Serrano e
construção da ETE Rivadávia Azambuja Guimarães.
2000 Ampliação da ETA Ana Rech.
2001 Construção da ETE Marianinha de Queiróz
2003 Construção da ETE Dal Bó
2006 Construção da ETE Vittória
2007 Construção da ETE Ana Rech e Canyon
2009-2012 Início das obras da represa Marrecas
2012 Construção de ETE Tega, Samuara e Belo.
2013 Inauguração da ETA Ildefonso
2014 Inauguração do Sistema Pinhal
2015 Inauguração do Sistema Pena Branca e Morro Alegre
2017-2018 Desativação das ETAs Ana Rech e Galópolis.
Fonte: (SAMAE, 2020, acervo digital).
7
Atualmente com mais de 400 mil habitantes, Caxias do Sul requer maior
disponibilidade de água e tratamento de esgoto. Para isso, a última obra, represa
Marrecas, foi criada, suprindo a demanda de 250 mil pessoas pelos próximos anos.
O SAMAE possui seis estações de tratamento (ETA) ativas na sua rede de
tratamento, que são ligadas às seis represas da cidade. (SAMAE - SERVIÇO
AUTÔNOMO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTO , 2015)
Tabela 2- Informações sobre as ETAs: inauguração e capacidade de operação.
ETA Dados administrativos
(fonte: site do SAMAE)
Capacidade de tratamento
(fonte: site do SAMAE)
Borges de
Medeiros
Inaugurada em 1928, atua junto
ao sistema de represas
“Complexo Dal Bó”.
100 L/s;
atende 3,53% da população;
Samuara Inaugurada em 1962, atua junto
à represa Samuara.
45 L/s;
atende 1,49% da população;
Celeste
Gobbato
Inaugurada em 1964, atua junto
à represa Maestra.
300 L/s;
atende 23,1% da população;
Parque da
Estação
Inaugurada em 1981, atua junto
à represa Faxinal.
Não informado;
atende 51,9% da população;
Morro
Alegre
Inaugurada em 2014, atua junto
às represas Faxinal e Marrecas.
Não informado;
atende 17,4% da população.
Engenheiro
Ildefonso
Schroeber
Inaugurada em 2014, atua junto
à represa Maestra.
50 L/s;
atende 1,37% da população.
Fonte: adaptado de (SAMAE, 2020, acervo digital).
* 1,21% da população abastecida por poços artesianos.
1.2 USUÁRIOS E COLABOLADORES
O SAMAE é responsável, além da distribuição de água no perímetro urbano,
pelo abastecimento da zona rural do município de Caxias do Sul, onde atua no
tratamento e manutenção de poços artesianos em Vila Cristina, Criúva, Mulada,
Santa Lúcia, Fazenda Souza, Bevilácqua, Vila Oliva e Santa Justina.
Para viabilizar essa abrangência, o SAMAE conta com uma ampla rede de
colaboradores, cerca de 400 funcionários distribuídos entre equipe de operadores,
8
servidores técnicos, servidores administrativos e engenheiros, além dos serviços
terceirizados de limpeza e transporte.
O organograma abaixo é uma representação simples da relação do SAMAE
com os demais setores. Empresas do setor químico fornecem produtos para o
tratamento e atividades correlacionadas. Empresas de engenharia prestam serviços
específicos conforme demanda, assim como empresas de limpeza e transporte, em
uma parceria público-privado.
Figura 1: Diagrama da relação do SAMAE com a sociedade. (fonte: o autor)
Fonte: o Autor (2020).
1.3 AVALIAÇÃO NO MERCADO
No Brasil, 92,4 % dos municípios têm acesso à rede de água e 72,7 % dos
municípios à rede de esgoto. Entretanto, o esgoto tratado é apenas de
aproximadamente 46,3 % em relação ao esgotos gerados. No RS, este índice é
entre 20 % a 40 %. Esses dados, além dos valores declarados pelas companhias
de saneamento, levam em conta a falta de informação a cerca do esgoto
produzido. Abaixo, a imagem mostra os municípios (em amarelo) que não trazem
dados relativos ao seu esgoto.(SNS – Secretaria Nacional de Saneamento, 2018)
Figura 2- Dados abastecidos no sistema SNIS da rede de água (esquerda) e do
esgoto (direita) em 2018.
9
Fonte: (Secretaria Nacional de Saneamento, 2018, )
Segundo dados do SNIS, entre 1418 municípios mapeados:
 Caxias do Sul possui 98,5 % da população abastecida por água
tratada, ocupando a 358ª posição (apenas 999 municípios
apresentaram valores acima de zero).
 Quanto ao esgoto tratado, Caxias apresenta um resultado de 88,9 %
de tratamento e 346ª posição (1126 municípios informaram algum
dado).
 Quanto às perdas de água tratada nas redes de distribuição, a cidade
apresenta perda de 35,5 %, 668ª posição nacional. Entretanto, apenas
994 municípios declararam informações e, destes, 15 apresentam
perdas negativas, o que leva Caxias para a 653ª posição. A média
brasileira de perda é 38,5 %.
 Quanto ao valor da tarifa mensal, o município apresenta a 352ª
posição entre as 550 declaradas, com valor de R$27,00/mês. Os
outros 868 municípios declararam tarifa zero.
Tabela 3- Ranking de comparação dos resultados de 1418 municípios brasileiros.
10
Fonte: adaptado de Secretaria Nacional de Saneamento (2018).
O SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) avalia
domicílios residenciais, comerciais e públicos, volumes produzidos e consumidos
para abastecimento de água, volumes coletados e tratados para esgotamento
sanitário, extensão de rede de água e de coleta de esgotos, quantidade de
empregados próprios, receitas e despesas com os serviços, dentre outras
informações.
Para levantamento destes dados, a Portaria nº 719, de 12 de dezembro de
2018, do Ministério de Desenvolvimento Regional institui metodologia para auditoria
e certificação de informações do SNIS, relacionada aos serviços de abastecimento
de água e esgotamento sanitário. A Secretaria disponibiliza o “Manual de Melhores
Práticas de Gestão de Informações sobre Saneamento” que auxilia a geração de
informações com maior grau de confiança e exatidão.
Para melhores resultados na área de abastecimento público pode-se trazer a
questão da fiscalização, hoje feita pela Vigilância Sanitária através do portal
Siságua. A fiscalização é parte importante do acompanhamento dos resultados do
SAMAE.
Os entraves para a confiabilidade dos dados é aspecto fundamental nos
resultados obtidos em pesquisas como a feita pelo SNIS, visto que os dados são
declarados e a metodologia de autodeclaração das informações por parte das
empresas pode possuir viés.
Valores Parâmetros Avaliados
Posição no
Ranking
(informações
declaradas
Nº de
Municípios
com
Informações
Não
Declaradas
Nº de
Municípios
com
Informações
Declaradas
Nº de
Municípios
com dados
Negativos
(erros)
% população
água tratada
98.5
% (População total atendida
com abastecimento de
água/População residente
total, segundo o IBGE)
358 419.0 999
% população
com esgoto
tratado
88.9
% (População total atendida
com esgotamento
sanitário/População residente
total, segundo o IBGE)
346 292 1126
% perdas de
água tratada
35.5
% (Volume
Consumido/volume
produzido)
668 424 994 15
Tarifa mínima
praticada para as
economias
residenciais
27.3 R$/mês (menor valor) 352 868 550
868 declararam
tarifa zero
11
Segundo o FGV, os entraves para aprimoramento dos serviços de
saneamento podem ser financeiros, através do investimento e administração dos
recursos. Também se relacionam com o quadro de colaboradores, o que o FGV traz
como “arquitetura institucional fragmentada”, além de falta de competitividade por
não apresentarem concorrentes no mercado(CENTRO DE ESTUDOS EM
REGULAÇÃO E INFRAESTRUTURA, 2019).
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A água possui centenas de aplicações, dentre elas: abastecimento para
consumo humano, preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas,
preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral, recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho(CONAMA, 2020).
As águas doces são classificadas de acordo com as seguintes condições e
padrões: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os
critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, comprovado pela
realização de ensaio ecotoxicológico padronizado; b) materiais flutuantes, inclusive
espumas não naturais; c) óleos e graxas; d) substâncias que comuniquem gosto ou
odor; e) corantes provenientes de fontes antrópicas; f) resíduos sólidos objetáveis; g)
coliformes termotolerantes; h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2; i) OD, em qualquer
amostra, não inferior a 6 mg.L-1
O2; j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de
turbidez (UNT); l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt.L-1
;
m) pH: 6,0 a 9,0(CONAMA, 2020).
A água potável deve atender aos diversos padrões de potabilidade
estabelecidos pelas portarias correspondentes. As estações de tratamento de água
devem, portanto, realizar uma série de ensaios químicos e físico-químicos para
garantir a qualidade do produto, padronizá-lo e deixá-lo de acordo com a legislação.
2.1 RECURSOS HÍDRICOS E A POTABILIDADE
O abastecimento da cidade de Caxias do Sul é feito majoritariamente por
represas. O uso e o parcelamento do solo em áreas de bacia de captação, chamada
Zona das Águas (ZA), é disciplinado pela Lei Complementar Municipal nº 246, de 6
“Para amenizar os impactos das cheias e secas, são
construídas obras de infraestrutura visando garantir a segurança
hídrica. Dentre as obras de infraestrutura hídrica, destacam-se os
reservatórios artificiais, que potencializam a disponibilidade hídrica
superficial. Além de armazenar água, os reservatórios artificiais
podem liberar parte do volume armazenado nos períodos de
estiagem, regularizando e diminuindo as flutuações sazonais das
vazões.”
(ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2018)
13
de dezembro de 2005. Em seu artigo 6º, parágrafo 1º, a LC 246/2005 esclarece que
a Zona das Águas (ZA) é composta pelas bacias hidrográficas que têm por função a
captação e acumulação de água para o abastecimento público do município de
Caxias do Sul.
A NBR 12.216/1992 classifica essas águas como “águas superficiais
provenientes de bacias não protegidas” e traz a necessidade do tratamento dessas
águas com coagulação, seguida ou não de decantação, filtração em filtros rápidos,
desinfecção e correção do pH. Outras formas de abastecimento são poços ou águas
subterrâneas, mais comuns em localidades no interior, como citado anteriormente.
O tratamento de água dos mananciais tornou-se indispensável devido à
contaminação de fontes hídricas naturais. Em razão de ocupações irregulares na
área da bacia de captação, ocorre lançamento de esgotos in natura de modo
clandestino, a represa Maestra está eutrofizada, o que ocasiona o intenso
desenvolvimento de algas, havendo diversos eventos de floração ao longo do ano.
Em boa parte do ano, a represa encontra-se estratificada com a camada superficial
apresentando características bem distintas da camada inferior.
A água próxima à lâmina d’água apresenta biomassa oriunda de algas que
produzem oxigênio, em decorrência das altas concentrações de oxigênio dissolvido.
Nesta região, os compostos encontram-se na forma oxidada e os metais na forma
particulada, sendo estes facilmente removidos no processo convencional de
tratamento. No que se refere à biomassa de algas, o processo convencional
apresenta certa dificuldade, devido à flotação e a predominância de flocos leves, o
que acarreta uma maior frequência na lavagem de filtros.
A água nas camadas inferiores da represa apresenta matéria orgânica
predominantemente solúvel, baixas concentrações de oxigênio e diversos
compostos na forma reduzida, inclusive: metais, sulfetos e nitrogênio amoniacal.
14
2.2 TRATAMENTO DA ÁGUA: OPERAÇÕES
Um sistema de abastecimento é um conjunto de processos para fornecer
água a uma comunidade, em que a água é retirada da natureza, tratada e
transportada até os consumidores. Este conjunto de operações seguem normas de
diferentes áreas técnicas.
Para elaboração do projeto da Estação de Tratamento de Água devem ser
observadas muitas condições. A NBR nº 12216/92 descreve os requisitos para o
tratamento de ciclo completo ou tratamento convencional para abastecimento
público. Para sua aplicação, pressupõem-se conhecidos outros assuntos tratados
nas normas NBR nº 12211 e NBR nº 12213, como, por exemplo, capacidade
nominal da estação; definição das etapas de construção; localização e definição da
área necessária para sua implantação; levantamento das características do terreno,
entre outros.
Tabela 4 - Normas técnicas para sistemas de abastecimento de água: nome e
descrição.
(continua)
NBR 15784/ 17 -
Produtos químicos
utilizados no tratamento
de água para consumo
humano
Estabelece os requisitos para o controle de qualidade dos
produtos químicos utilizados em sistemas de tratamento
de água para consumo humano e os limites das
impurezas nas dosagens máximas de uso indicadas pelo
fornecedor do produto, de forma a não causar prejuízo à
saúde humana.
NBR 12805/93 –
Extintor de cal
Fixa condições para encomenda, fabricação e aceitação
de extintores de cal do tipo de carregamento manual,
utilizados em estações de tratamento de água com
dosagem de cal por via úmida.
NBR nº 15007/17 –
Produtos à base de orto
e polifosfatos para
aplicação em
saneamento básico
Estabelece a especificação técnica, amostragem e
metodologia de ensaios dos produtos à base de orto e
polifosfatos para utilização no tratamento de água para
consumo humano, além de requisitos toxicológicos e de
desempenho.
15
(conclusão)
NBR nº 11833
(ABNT/EB 2132) de
08/1991 – Hipoclorito
de sódio
Fixa as condições exigíveis para o fornecimento de
hipoclorito de sódio utilizado, entre outros fins, como
agente desinfetante no tratamento de água para
abastecimento público.
NBR nº 11834
(ABNT/EB 2133) de
08/1991 – Carvão
ativado pulverizado –
Especificação
Fixa as condições exigíveis para o fornecimento de carvão
ativado pulverizado, utilizado na adsorção de impurezas
no tratamento de água para abastecimento público.
Fonte: o Autor (2020).
16
figura 3- Representação da estação de tratamento Parque da Imprensa.
Fonte: o Autor (2020).
17
2.2.1 Captação
A captação de água é especificada de acordo com a vazão necessária ao
projeto. A água bruta é captada nas represas através de um sistema de adução. As
adutoras podem transportar água por gravidade em conduto livre, em que a água
escoa sempre em declive sob o efeito da pressão atmosférica. Outra forma de
adução é por recalque, quando o local da captação estiver em um nível inferior, que
não possibilite a adução por gravidade, sendo necessário forçar o escoamento pelo
emprego de equipamentos como, por exemplo, um conjunto moto-bomba e
acessórios. A vazão bombeada chega ao tratamento e é medida através da calha
Parshall ou de macromedidores.
No interior das represas há estruturas em concreto chamadas de torre de
captação. Nas torres de captação há diversas comportas, as quais são abertas de
acordo com nível da água, sendo operadas em períodos de estiagem. Nos períodos
de chuvas abundantes, a água excedente é extravasada através do vertedouro da
represa.
A água bruta é aduzida as Estações de Tratamento de Água através de
bombeamento (ETA Parque da Imprensa, ETA Morro Alegre, ETA Celeste Gobbato
e ETA Borges de Medeiros) ou através da ação da gravidade (ETA Samuara e ETA
Engº Ildefonso José Schroeber). Adutoras de água bruta podem estender-se por
diversos quilômetros e podem apresentar diâmetro de até um metro.
2.2.2 Calha Parshall
A calha Parshall é a unidade de tratamento pela qual a água bruta chega à
estação, possuindo a função de misturar hidraulicamente alguns insumos do
processo, tais como: coagulante, substâncias adsorventes, oxidantes, alcalinizastes
e auxiliares de coagulação. A calha ainda tem a função de determinar a vazão de
água que será tratada a partir da leitura da elevação do nível d’água, em uma escala
ou régua.
De acordo com a norma NBR nº 9826/2009, o medidor Parshall, também
conhecido por Calha Parshall, é um medidor de vazão para canais abertos. A calha
possui na entrada um trecho convergente que se estreita, seguido de um declive de
18
seção constante (F), e na saída um trecho divergente em aclive (G’). Este formato
permite a turbulência do fluido.
Figura 4- Desenho técnico da calha Parshall
Fonte: Google (2020).
Na Calha são dosados os agentes oxidantes que visam eliminar matéria
orgânica, como os microorganismos. Na calha também é dosado carvão ativado,
produzido a partir da pirólise do carvão. Ele tem a função de captar impurezas, como
moléculas orgânicas grandes e gases tóxicos, retirar o gosto e o odor da água. Os
sais de metais (Sulfato de ferro ou alumínio) também são adicionados na calha para
coagular matéria orgânica, o que inicia o processo de floculação. A coagulação
ocorre por uma interação entre os óxidos e o hidróxido formado com o íon alumínio
Al+3
, gerando uma rede de complexos metálicos (coloides).
2.2.2.1 Mecanismos Envolvidos
A altura da lâmina de água na parte mais estreita da calha (h) pode ser
relacionada com a vazão (Q) através da equação:
ℎ = 𝑘𝑄𝑛
(1)
onde k e n estão relacionados aos ao modelo de calha (número).
19
Segundo a NBR 12.216 (1992), a dispersão de coagulantes metálicos
hidrolisáveis deve ser feita a gradientes de velocidade (G) compreendidos entre 700
s-1
e 1100 s-1
, em um tempo de mistura não superior a 5 segundos. Além disso, a
aplicação dos coagulantes deve seguir uma distância de até 20 cm do corpo d’água
e ser feita em perpendicular à superfície de escoamento.
2.2.3 Floculação
“Floculadores são unidades utilizadas para promover a agregação de
partículas formadas na mistura rápida.”ABNT- NBR nº 12216 (1992) Esta etapa
envolve contato direto das partículas, o que é facilitado através de agitação da
solução.
Os sistemas de agitação se classificam em hidráulicos ou mecânicos. Os
sistemas hidráulicos utilizam barreiras físicas para desviar o fluxo de água,
causando uma agitação por cisalhamento. Agitadores hidráulicos são os anteparos
distribuídos para gerar regiões com distintos graus de agitação (mensurados através
dos gradientes de velocidade). Em quase todas as ETAs, com exceção da ETA
Ildefonso, se utiliza sistema hidráulico com chicanas.
Cada unidade de floculação possui características diferentes, sendo
destinada a aplicações em diferentes cenários. O sistema hidráulico tem menor
custo de implementação, operação e manutenção por utilizar o escoamento da água
para promover gradientes de velocidade devido ao atrito com as paredes e
contração do fluxo nas passagens, devido às chicanas.
O sistema mecanizado possui pás horizontais ou verticais e ação de rotores
que causam uma agitação forçada. Este modelo traz benefícios como ajuste de
acordo com a vazão do processo e menores perdas de cargas. Em contrapartida,
possui uma operação de maior custo energético e manutenções complexas. Pás
giratórias são indicadas para sistemas de floculação de câmaras com capacidade de
até 250 m3
(CAMPOS; DI BERNARDO; VIEIRA, 2005).
figura 5- Configuração dos floculadores da ETA Parque da Imprensa.
20
Fonte: VIANNA (2010)
2.2.3.1 Mecanismos Envolvidos
Os sais de metais atuam na matéria orgânica através da complexação dos
íons metálicos no retículo de óxidos. No caso da adição de Al2(SO4)3, o alumínio
forma um coloide pela formação de hidróxido de alumínio, que possui interação
entre cargas negativas de coloides (contamines da água) e sítio positivos do
polihidróxido de alumínio.“Quando o alumínio é adicionado na água e hidrolisa, há a
formação de um grande número de espécies monoméricas, e possíveis espécies
poliméricas. A maior parte desses produtos encontra-se em equilíbrio com o
precipitado sólido de hidróxido de alumínio [Al (OH)3]. Estas espécies hidrolisadas
21
podem ainda incluir compostos de alumínio polinucleares.” (CAMPOS; DI
BERNARDO; VIEIRA, 2005).
Os parâmetros envolvidos neste sistema hidráulico de floculação são:
𝐺𝑓 = √
𝑔ℎ
𝑣 𝑇𝑑
(2)
onde Gf = gradiente de velocidade(s-1
); g = aceleração da gravidade (9,81 m.s-2
); h =
soma das perdas de carga na entrada e ao longo do compartimento (m); v =
viscosidade cinemática (m2
s-1
); Td = período de detenção no compartimento(s).
A ABNT- NBR nº 12216 (1992) traz a necessidade de se aplicar períodos de
detenção (Td) e gradientes de velocidade (Gf) de acordo com os ensaios feitos em
laboratório. Caso não haja a possibilidade de serem feitos, pode-se utilizar para
floculadores hidráulicos de 20 min < Td < 30 min e um Gs máximo de 70 s-1
para o
primeiro compartimento e mínimo de 10 s-1
no último. A velocidade longitudinal (de
escoamento) da água entre 10 cm.s-1
e 30 cm.s-1
.
Com o aumento do tamanho dos flocos, as forças de cisalhamento podem
causar sua ruptura. A ruptura ocorre devido à erosão superficial de partículas
ocasionada pelo arraste da água em alta velocidade e devido à tensão atuante na
partícula, causando sua deformação, seguido de ruptura. Segundo (CAMPOS; DI
BERNARDO; VIEIRA, 2005) um dos maiores problemas que os engenheiros
enfrentam nos projetos de dimensionamento de estações de tratamento de água é a
determinação do tempo de floculação (Td) em unidades de mistura completa de
escoamento contínuo com câmaras em série.
Esse grupo estudou os parâmetros velocidade de agitação (Gf) e tempo de
retenção (Td) com base na equação (3) que relaciona o número de câmaras de
floculação necessárias (m), turbidez na entrada (n1
0
) e saída (n1
m
) da unidade,
coeficiente de agregação (KA) e coeficiente de ruptura (KB) (CAMPOS; DI
BERNARDO; VIEIRA, 2005)
𝑛1
𝑚
𝑛1
0 =
1+𝐾𝐵𝐺𝑓
2𝑇𝑑
𝑚
∑ (1+𝐾𝐴𝐺𝑓
𝑇𝑑
𝑚
)𝑖
𝑚−1
𝑖=0
(1+𝐾𝐴𝐺𝑓
𝑇𝑑
𝑚
)𝑚
(3)
22
Dentro deste modelo, a velocidade de sedimentação no decantador é entre 1
e 5 cm.min-1
que relaciona-se com um gradiente de velocidade (Gf) entre 20 e 60 s-1
,
o que resultaria, segundo CAMPOS; DI BERNARDO; VIEIRA, (2005) em um tempo
de residência (Td) entre 15 e 30 minutos para um número de câmaras de floculação
entre 1 e 5, com 3,68x10-5
< KA < 1,83x10-4
s-1
e 1,83x10-7
< KB < 2,30x10-7
s-1
.
Segundo MORUZZI E CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA (2013) a eficiência para esses
resultados é entre 50–90 % com água bruta (pH = 7,7 ± 0,2; turbidez = 27 ± 1 NTU;
cor aparente = 210 ± 10 Hu; cor verdadeira = 20 ± 5 Hu; alcalinidade = 23 ± 1 mg
CaCO3 L-1
;condutividade = 46,0 ± 0,5 S.cm-1
; dureza = 13 ± 1 mg CaCO3 L-1
). Ainda
segundo esses pesquisadores, apesar de ser possível relacionar os parâmetros
envolvidos na floculação nos ensaios de jartest, eles não são escalonáveis para
sistemas maiores. Além da dimensão, a qualidade da água bruta, tipo de coagulante
e mecanismo de coagulação interfere nos resultados.
Após a formação dos flocos causados pela coagulação, estes tendem a
afundar, por apresentar maior massa específica do que a solução aquosa onde se
encontra.
2.2.4 Decantação
Segundo ABNT- NBR nº 12216 (1992) os decantadores são as unidades
responsáveis pela remoção de partículas presentes na água, através de ação da
gravidade. Eles podem ser convencionas, ou de baixa taxa, e de elementos
tubulares, ou de alta taxa. As maiores ETAs (Celeste, Morro Alegre e Parque da
Imprensa) operam com decantação convencional, com dois blocos, de acordo com
as normas ABNT.
2.2.4.1 Mecanismos Envolvidos
A taxa de decantação é determinada em função da velocidade de
sedimentação das partículas segundo a equação (4) ABNT- NBR nº 12216 (1992)
𝑄
𝐴
= 𝑓 𝑉𝑠 (4)
onde Q = vazão que passa pela unidade (m3
s-1
); A = área superficial útil da zona de
decantação (m2
); f = fator de área adimensional (f =1 para decantador convencional);
Vs = velocidade de sedimentação (ms-1
). No caso de sedimentador tubular o fator
respeita outra equação. A Vs é ajustada conforme a vazão (Q) da estação.
23
O cálculo da velocidade longitudinal (Vo) para decantadores convencionais é
dada por 𝑉𝑜 =
𝑅𝑒
8
1/2
para fluxo laminar com nº de Re < 2000. Caso não se conheça
Re e se a vazão for menor que 10000 m3
dia-1
, Vo = 0,5 cm.s-1
. Para evitar o arraste
nos tanques, o gradiente de velocidade (Gf) da entrada deve ser inferior a 20 s-1
.
Para auxiliar na limpeza, se possível os canais devem ter aclividade.
A entrada da água nos decantadores deve ser feita por dispositivo hidráulico
que distribua uniformemente a vazão em toda a seção transversal, garantindo
uniformidade na velocidade longitudinal (Vo) quanto à intensidade e sentido. Para
isso, pode- se instalar telas ou fazer abertura de uma fenda que assegure a
uniformidade do escoamento.
A coleta da água decantada deve ser coletada por tubos perfurados
submersos ou vertedouros não afogados que garantam uma carga hidráulica e uma
vazão uniforme na saída do decantador. A vazão de saída do decantador (q) deve
ser calculada pela equação (5) ABNT- NBR nº 12216 (1992)
𝑞 = 0,018. 𝐻. 𝑉𝑠 (5)
onde q = vazão, em L. s-1
m-1
; H = profundidade do decantador (m); VS = velocidade
de sedimentação (m3
m-2
dia-1
); ou caso não seja possível o cálculo, q≤ 1,8 L.s-1
m-1
.
2.2.5 Descargas Hidráulicas
As ETAs de SAMAE possuem descargas hidráulicas, ou seja, não há
dispositivo mecânico auxiliando na remoção do lodo. O lodo é removido dos
decantadores hidraulicamente, sendo descartados para as ETEs ou tratados
diretamente nas ETAs.
Nas ETAs Morro Alegre e Parque da Imprensa, o lodo é tratado no local,
sendo direcionado para as UTRs (Unidades de Tratamento de Resíduo). Nestas
unidades, os lodos são adensados, ou seja, é adicionado polieletrólito não iônico
para o aumento de velocidade de sedimentação. A água clarificada dos
adensadores, juntamente com a água de lavagem de filtros, é transferida para um
tanque pulmão onde é escoado de volta ao processo, juntamente com a água bruta
na calha Parshall. O lodo adensado é direcionado para uma centrífuga. A pasta
sólida (com teor de sólidos na faixa entre 20 % a 30 %) é acondicionada em
24
contêineres e destinada a aterros sanitários. O líquido resultante da centrifugação é
descartado na rede cloacal para posterior tratamento em ETEs.
2.2.5.1 Mecanismos Envolvidos
A ABNT- NBR nº 12216 (1992) traz a necessidade de se dimensionar os
decantadores tradicionais para suportarem até 60 dias de funcionamento. Outra
exigência é uma descarga de fundo que esvazie o tanque em no máximo 6 h
localizada preferencialmente onde há maior acúmulo de lodo e com declividade
mínima e 50° (formato de cone invertido). A lavagem deve ser feita por jateamento e
a carga hidráulica de descarga deve ser de mínimo 1,5 m.
A carga hidráulica (h) em um ponto corresponde à carga piezométrica,
expressa em altura de coluna d’água segundo a equação (6).
U = ρ. h (6)
onde U = pressão (Nm-2
); ρ = peso específico da água (kg.m2
s2
) e h = altura da
carga d’água (mca).
2.2.6 Filtração
Os filtros das ETAs possuem composição de diferentes dimensões de pedras,
areias e antracito, uma das formas granuladas do carvão mineral. Nesta unidade,
partículas muito pequenas dos flocos coagulados, além de alguns organismos
microbiológicos nocivos (como oocistos de protozoários) não capturados, ficam
retidos.
É importante saber que, a partir dessa parte, praticamente todos os resíduos
orgânicos e inorgânicos tóxicos foram eliminados, no entanto, a água não é
considerada potável pois pode conter diversos gêneros de microorganismos
patogênicos, o que torna indispensável a etapa de desinfecção.
2.2.6.1 Mecanismos Envolvidos
Para a ETA Parque da Imprensa a vazão filtrada é 1 m3
s-1
. Os seus filtros têm
camada dupla com taxa declinante variável (VIANNA, 2011). A água é filtrada em
unidades de escoamento descendente contendo um leito filtrante simétrico.
figura 6- Representação de unidade filtrante da ETA Parque da Imprensa.
25
Fonte: VIANNA, (2011)
A água filtrada é coletada por tubulações perfuradas com orifícios de 100 mm
de diâmetro (VIANNA, 2011). Esse mesmo mecanismo perfurado é utilizado para o
sistema de lavagem. Nele, água tratada é injetada em contracorrente nos filtros.
Antes de se injetar água, sopradores paralelos à tubulação de água injetam ar para
auxiliar na diminuição de tensão da torta (matéria acumulada nos filtros). Parte da
água tratada é destinada para a lavagem dos filtros que é feito a cada 24h, e segue
para o início do tratamento, junto com a água do fundo dos floculadores e
decantadores.
figura 7- Planta e seção dos filtros da ETA Parque da Imprensa.
Fonte: VIANNA (2011)
26
2.2.7 Cloração / Fluoretação
A cloração é a adição de gás cloro à água. Na maioria das ETAs é utilizado
ácido hipocloroso (HClO). Por ser um forte agente oxidante, ele se liga às paredes
celulares, proteínas, enzimas e ácidos nucleicos dos microrganismos, destruindo-os.
Se não os matar, torna inviável a replicação dos mesmos. Na ETA Parque da
Imprensa, ETA Morro Alegre, ETA Borges de Medeiros e ETA Samuara se dosa o
cloro gás, na ETA Engº Ildefosno José Schroeber dosa-se hipoclorito de sódio
gerado in loco por eletrólise. Em todas as ETAs encontram-se disponíveis solução
de hipoclorito de sódio (12%) como sistema auxiliar de desinfecção.
A última etapa é a fluoretação. Esta é a inclusão de certos compostos que
tenham o íon fluoreto, neste caso, usa-se o ácido fluorsilíssico (H2SiF6). Para
produzir os efeitos preventivos esperados em relação à cárie dentária com
efetividade e segurança, é necessária uma concentração ótima de fluoretos na água
– no Brasil varia entre 0,6 e 1,7 partes por milhão (ppm) (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
1975).
2.2.8 Carvão ativo
O carvão ativo é utilizado como adsorvente no tratamento de água. Um
adsorvente é um material capaz de fixar em sua superfície outras substâncias que
produzem gosto, odor e matéria orgânica dissolvida. As propriedades de superfície e
físicas como filtrabilidade e densidade influenciam na taxa e na capacidade de
adsorção. Para a finalidade de tratar água, utiliza-se o carvão em pó. Além da
dimensão do grão, a origem do carvão traz características, podendo ter carácter
ácido ou básico, o que influencia na oxidação da sua superfície (PUC, 2020).
O fenômeno da adsorção pode ser dividido em químico ou físico. A adsorção
física ocorre por forças intermoleculares de Van der Waals e forças secundárias. Já
a quimisorção envolve transferência eletrônica, ou seja, ligações químicas.
A equação (7) de Langmuir pode ser utilizada para relacionar a adsorção de
íons em solução. Ela se baseia em três hipóteses 1) a superfície de adsorção é
homogênea, independente da extensão da cobertura da superfície; 2) a adsorção
ocorre sem interação com as moléculas vizinhas adsorvidas no solvente; 3) a
adsorção é máxima quando se forma uma camada de soluto que cobre totalmente a
superfície do adsorvente.
27
𝑞𝑒 =
𝑞𝑚á𝑥.𝑏.𝐶𝑒
1+𝑏.𝐶𝑒
(7)
Onde qe= massa de adsorvato (material adsorvido) por unidade de massa do
adsorvente (mg.g-1
); Ce= concentração no equilíbrio do adsorvato em solução depois
da adsorção (mg.L-1
). qmáx = constante empírica que indica a capacidade de
adsorção na monocamada (mg.g-1
); b= constante relacionada à energia livre de
adsorção, constante de equilíbrio de adsorção.
2.2.9 Quelação
Os polifosfatos (fosfatos condensados) e ortofosfatos são adicionados ao
tratamento para desincrustação e proteção das tubulações, quelação e fosfatização
de íons indesejáveis como os íons metálicos.
2.3 ANÁLISES DE QUALIDADE
As águas naturais apresentam impurezas que podem conter determinadas
substâncias prejudiciais à saúde humana. Para analisar a qualidade da água,
observam-se suas características físicas e químicas. As características físicas são
turbidez e cor. Entre as análises químicas encontram-se a medição de pH, dureza e
presença de metais como ferro e manganês.
2.3.1 Turbidez
A turbidez de águas naturais ocorre devido a partículas de diversos tamanhos
que ficam suspensas no leito hídrico. Estas partículas causam dispersão e absorção
da luz, provocando a aparência turva e agregando coloração à água. Uma das
principais causas da presença dessas partículas é a decomposição de matérias
orgânicas como vegetação e animais (AMERICAN PUBLIC HEALTH
ASSOCIATION, 2017, p. 129)
A turbidez é uma relação entre expressões óticas, resultado da comparação
entre as leituras de um espectro de luz que atravessa alguma solução contendo
partículas e seu padrão ou de referência, ambas nas mesmas condições de pressão
e temperatura. As partículas podem, além de absorver, espalhar (refratar) e refletir,
transmitir luz sem perda de direção ou intensidade de feixe. Isso caracteriza um
material transparente. Quando a amostra possui partículas suspensas o feixe de luz
28
incidido sofre outras interações, espalhando-se (light-scattering). Esse espalhamento
é interpretado pelo sensor do equipamento como turbidez, portanto, quanto mais
material suspenso na solução inicialmente translúcida, maiores as chances dela se
tornar turva.
A penetração da luz na água é alterada por partículas em suspensão que
provocam a dispersão da luz. Alguns fatores que influenciam na turbidez da água de
mananciais são a presença de sedimentos do solo, efluentes e presença de algas.
A claridade ou transparência da água é considerada um parâmetro importante para
o consumo humano. O processo de purificação da água contém etapas que
aumentam a claridade da água, como decantação e filtração. A água se torna turva
quando há matéria suspensa e coloides como barro, produtos orgânicos e
microrganismos (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129).
Nefelômetro é o nome do equipamento utilizado para medição de turbidez
com luz incidente a 90° da amostra. O termo é de origem grega “nephos” que
significa nublado/névoa. O centro Americano de pesquisas geológicas (U.S
Geological Sorvey) estabeleceu em 1976 alguns parâmetros: 1) instrumentos e
métodos padronizados devem ser adotados para medir luz transmitida em água em
unidades fotométricas. 2) reportar “turbidez” em unidades de turbidez Jackson (NTU)
(PICKERING, 1976).
De acordo com o especificado no § 2º do art. 30 da portaria nº2914/11 os
índices de turbidez para a água potável são até 1 uT em 95 % das amostras para
processos de filtração lentos. De acordo com a resolução nº357/05 – CONAMA, a
turbidez deve estar em até 40 NTU (Unidades Nefelométricas de Turbidez).
2.3.1.1 Métodos envolvidos
A definição de turbidez pode ser representada pela expressão (8)
(AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129)
𝑇 =
1
𝑑
ln
𝐼0
𝐼𝑖
(8)
onde T= turbidez; I0= intensidade de luz incidida; Ii= intensidade de luz transmitida;
d= distância atravessada de amostra.
29
O efeito de espalhamento aumenta quanto maiores as partículas em solução
e menores os comprimentos de onda da luz incidente. A intensidade de luz
espalhada pode ser relacionada com a concentração da solução quando se mantêm
constantes o comprimento de onda da luz incidente e dimensão das partículas
presentes em solução, esta sendo a mais difícil de prever (THORNE, 1961).
O método de análise da turbidez deve ser ágil para que a amostra não tenha
alteração drástica de dispersão das partículas, pH ou temperatura. A remoção de ar
e outros gases da amostra antes da medição é indicada para evitar turbidez causada
por bolhas (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129).
A sensibilidade dos equipamentos deve ser possível detectar pelo menos 0,02
NTU, o que significa uma solução de água deionizada filtrada para partículas
maiores do que 0,1 micrômetros ou os padrões de formazinha (AMERICAN PUBLIC
HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129).
Os recipientes das amostras devem ser de vidro ou polímeros transparentes,
excepcionalmente limpos, sem riscos ou arranhões. É utilizado para mantê-los assim
um óleo de silicone para mascarar menores imperfeições (AMERICAN PUBLIC
HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129).
2.3.2 pH
Atkins (2012) define pH como potencial hidrogeniônico, ou seja, a capacidade
da solução em gerar íons do grupo H+
.
Na natureza, existem íons orgânicos e inorgânicos presentes em ambientes
aquáticos. As interações entre eles podem ser explicadas como uma competição
pelos íons opostos presentes. Essa competição pode causar corrosões em
tubulações ou precipitação de sais nas mesmas. Neste caso, o pH ácido pode
causar corrosão nas tubulações (KLOK, 2017).
“Acids contribute to corrosiveness and influence chemical reaction rates,
chemical speciation, and biological processes. The measurement also reflects a
change in the quality of the source water” (AMERICAN PUBLIC HEALTH
ASSOCIATION, 2017, p. 455).
30
O estudo de MANCY e O'SHEA (1978) mostra que um alto pH aumenta a
redução de íons metálicos se comparado com ambientes ácidos, podendo causar
incrustações. Isso ocorre principalmente pela presença de íons carbonatos (CO3
-2
e
HCO3
-
) que tendem a se complexar com estes metais. Alguns íons metálicos
possuem maior potencial de redução do que o hidrônio (H+
) e pelos sais de
carbonatos serem mais estáveis do que as bases de hidroxila (OH-
), eles acabam
formando um sal. Íons metálicos como Fe+2
, Al+3
e Mn+2
são monitorados quanto a
sua concentração em solução no processo de tratamento. O baixo pH, por deixar
mais íons H+
disponíveis, diminui os complexos em solução.
2.3.2.1 Métodos envolvidos
A função que representa o pH foi desenvolvida por S.P.L. Sørensen : 𝑝𝐻 =
− log10[𝐻+
] onde a concentração é dada em mols por litro (BUTLER, 1982). O
equilíbrio que explica a dissociação da molécula de água em íons H+ e OH- se dá
por:
𝐻2𝑂 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝐻3𝑂+
+ 𝑂𝐻−
Portanto, em uma solução pura de água, a concentração de íons hidroxila e
hidrônio é a mesma. Por definição, Kw = 10-14
, ou Kw = [𝑂𝐻−
][𝐻+
], o que implicaria
que [𝐻+] = 10−7
ou pH = 7 (BUTLER, 1982).
O pH é medido com o “pHmetro” que possui dois eletrodos para gerar uma
diferença de potencial elétrico. Um deles pode ser o eletrodo de vidro que possui
em sua extremidade uma fina camada em gel, sensível aos íons H+
. O tubo é
preenchido com uma solução tampão com concentração de cloreto definida e pH
7,00 onde é imerso um condutor de Ag/AgCl.
O eletrodo de vidro desenvolve um potencial elétrico que está relacionado à
presença de íons positivos H+ da solução e o voltímetro mede a diferença entre este
e o eletrodo de referência (BUTLER, 1982). Se a atividade do íon hidrogênio é maior
ou menor na solução medida do que na solução interna do eletrodo, uma diferença
de potencial (ddp) maior ou menor existirá na extremidade do vidro. A relação entre
a ddp e a atividade do íon hidrogênio segue a Equação (9) de Nernst.
E = E0 +
2,3 RT
nF
log
aH+(fora)
aH+ (dentro)
(9)
31
onde E = tensão produzida (V); E0 = tensão padrão dos eletrodos (V); R = constante
da lei dos gases (JK-1
mol-1
); T = temperatura absoluta (K); n = número de mols de
elétrons; F = constante de Faraday (9,65x104
C); aH+
= atividade dos íons H+
(mol/L)
(RUSSELL, 1929).
2.3.3 Alcalinidade
A correção de pH pode ser feita com sais de carbonato (CO3
-2
), como
bicarbonato de potássio, cálcio ou sódio. A adição de um destes sais torna a solução
mais alcalina através do princípio de deslocamento de equilíbrio.
A dureza é a característica conferida à água pela presença de sais de metais
alcalino terrosos, como carbonato, bicarbonatos, sulfatos e cloretos de metais
alcalino terrosos. A importância da sua remoção se deve à perda das propriedades
organolépticas, por alterar o sabor da água, mas não se tem comprovação de que os
sais alterem a saúde humana.
A água possui as classificações: água mole [CaCO3] < 50 mg/L; água com
dureza moderada [CaCO3] entre 50 e 150 mg/L e água dura [CaCO3] acima de 150
mg/L. A maioria das águas naturais apresenta valores de alcalinidade entre 30 <
[CaCO3] < 500 mg/L (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 153).
Valores altos de alcalinidade não têm significado sanitário para a água
potável. O estudo de Hansen et. al (2018) mostrou que a ingestão de água com pH=
9 por duas semanas não teve impacto na composição da microbiota intestinal ou na
regulação da glicose em jovens adultos do sexo masculino (HANSEN et al., 2018).
2.3.3.1 Métodos envolvidos
A determinação de solubilidade desses sais em recursos hídricos é suscetível
a aproximações que envolvem temperatura, interações iônicas e espécies químicas
envolvidas que podem influenciar inibindo essa dissolução.
Para calcular a alcalinidade pode-se utilizar o método padrozinado APHA
2320 – B (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 153).
32
2.3.4 Metais Residuais (Alumínio e ferro)
A presença de metais na água pode causar danos à saúde assim como ser
benéfico. Alguns tipos de metais são essenciais para a vida, em concentrações
baixas.
O ferro metálico (Fe0
) em contato com água ou oxigênio oxida-se para suas
formas iônicas. Em pHs próximos a 7 esses íons são pouco solúveis e acabam
complexando-se, o que dá origem aos óxidos férricos. Os óxidos precipitam-se no
tratamento ou na rede de distribuição, não agregando riscos ao consumo. Por isso,
não é apresentado método de análise.
O sal sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) é utilizado no processo como agente
floculante, responsável por adensar as partículas suspensas em água. Por outro
lado, seu resíduo pode ser um problema. Em água com pH menor que 4 sua
presença é maior na forma catiônica e em pH neutro ele tende a formar ligações
(AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 297).
2.3.4.1 Métodos envolvidos
Para análise de íons em solução, é utilizado espectroscopia de absorção
ultravioleta (100 < λ < 400 nm) e visível (400 < λ < 800 nm). O princípio dessa
tecnologia é a absorção eletromagnética, ou seja, a absorção de energia por parte
dos átomos promove um elétron para bandas de maior energia. A quantidade de luz
absorvida (energia) de um determinado comprimento de onda (λ) é absorvida de
forma específica pelos átomos, portanto, relaciona-se com a natureza do átomo,
concentração dele em solução e do percurso que essa luz faz na amostra
(MARTINHO, 1994).
𝐼 = 𝐼010−𝜀𝑐𝑏
(10)
onde I= intensidade do feixe de luz transmitido; I0= intensidade do feixe de luz
incidente (paralelo e monocromático de comprimento de onda λ); ε= coeficiente de
absorção molar relativo ao λ (L.mol-1
.cm-1
); b= percurso óptico da radiação no meio
(cm); c= concentração da espécie absorvente (mol.L-1
).
figura 8- Esquema dos processos recorrentes da incidência de radiação
eletromagnética em amostra.
33
Fonte: MARTINHO (1994)
O método de análise de íons de ferro utilizam um kit comercial como
reagente chamado FerroVer (Merck) que é projetado para análises de 10 mL. A
leitura é feita em espectrômetros de absorção UV e não é preparada curva porque
os equipamentos já vêm programados para isso, tanto o Spectroquant Move da
Merck, quando no Nova 60A da Merck e DR890 da Hach (ETAs).
O método de teste de íons de Al+3
utilizado no SAMAE envolve um kit com
três sachês, também para 10 mL que são para espectrômetros de absorção UV. O
método APHA 3500-Al- B traz o uso do corante Eriochrome cyanine R. Este
composto orgânico se complexa com os íons de alumínio presentes na amostra,
influenciando sua coloração. É utilizado ácido ascórbico para remover a interação de
outros íons metálicos (Fe+2
, Fe+3
e Mn+2
) (AMERICAN PUBLIC HEALTH
ASSOCIATION, 2017, p. 297).
O alumínio não é essencial para plantas e animais, e em concentrações
acima de 1,5 mg/L ele é tóxico para vida marinha, apresentando risco mínimo acima
de 0,2 mg/L. O indicado pela Food and Agricullture Organization é de até 5 mg/L
para irrigação na agricultura. Há suspeitas de correlação de acúmulo de alumínio no
corpo com a doença Alzheimer (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION,
2017, p. 297).
O limite estabelecido para resíduo de alumínio no anexo X da portaria Nº
2914/11 é de 0,2 mg/L. O sulfato de alumínio utilizado para o tratamento da água
deve atender às normas NBR 11176/2013 - Sulfato de alumínio para aplicação em
saneamento básico — Especificação técnica, amostragem e métodos de ensaios.
34
2.3.5 Cloro Residual
O cloro é um agente oxidante forte. Sua reação se dá com cinética alta com
vários compostos inorgânicos e mais lentamente com compostos orgânicos. Sua
adição no tratamento de água visa, portanto, a eliminação de componentes
prejudiciais à saúde através da degradação e oxidação (AMERICAN PUBLIC
HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 405).
A cloração pode agregar características à água como gosto e cheiro, formar
compostos com potencial cancerígeno como os Trihalometanos (THM), formar
combinações com amônia ou amina formando cloraminas que trazem prejuízos à
vida aquática.
Para dosagem de cloro, há duas rotas utilizadas. A primeira é a dosagem de
solução de hipoclorito de sódio adquirido nessa combinação. Em água, ocorre a
dissociação do sal (equação 11) para formar o cloro livre, consistindo de cloro
molecular aquoso, ácido hipocloroso e íon hipoclorito. A proporção relativa dessas
formas de cloro livre é dependente do pH e da temperatura. No pH da maioria das
águas predominará ácido hipocloroso que dá origem ao íon hipoclorito (equação 12):
𝑁𝑎𝐶𝑙𝑂(𝑎𝑞) + 𝐻2𝑂(𝑙) ↔ 𝐻𝐶𝑙𝑂(𝑎𝑞) + 𝑁𝑎𝑂𝐻(𝑎𝑞) (11)
𝐻𝐶𝑙𝑂(𝑎𝑞) + 𝐻2𝑂(𝑙) ↔ 𝐻3𝑂 + (𝑎𝑞) + 𝐶𝑙𝑂−
(𝑎𝑞) (12)
A segunda rota utilizada é representada pelas equações 13, 14 e 15. A rota
consiste na eletrólise de solução aquosa de sal cloreto de sódio, que origina o cloro
(molecular) e através da sua hidrólise, obtêm-se o íon hipoclorito:
2 ∙ 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑠) + 2 ∙ 𝐻2𝑂(𝑙) → 2 ∙ 𝑁𝑎+
(𝑎𝑞) + 2 ∙ 𝑂𝐻−
(𝑎𝑞)
+ 𝐶𝑙2(𝑔) + 𝐻2(𝑔) (13)
𝐶𝑙2(𝑔) + 2 ∙ 𝑂𝐻−
(𝑎𝑞) → 𝐻2𝑂(𝑙) + 𝐶𝑙𝑂−
(𝑎𝑞)
+ 𝐶𝑙−
(𝑎𝑞) (14)
2 ∙ 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑠) + 𝐻2𝑂(𝑙) → 𝑁𝑎𝑂𝐶𝑙(𝑎𝑞) + 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑎𝑞)
+ 𝐻2(𝑔) (15)
Em amostras de águas tratadas os resultados devem estar em conformidade
com Anexo XX Portaria de Consolidação GM/Ministério da Saúde n° 05/2017 que
determina a obrigatoriedade de se manter, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual
livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado em toda a extensão do sistema de
distribuição (reservatório e rede). Recomenda, ainda, que o teor máximo de cloro
residual livre em qualquer ponto do sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.
35
2.3.5.1 Métodos envolvidos
O método de análise para cloro livre e total é baseado no item do Standard
APHA 4500-Cl G com algumas simplificações. As etapas do Standard utilizadas são
a “c” e “h”. Em vez de serem preparados reagentes, são utilizados Kits comerciais
(DPD livre e Total) que são adicionados a 10 mL de água de amostra e deixados em
repouso por 3 minutos para leitura.
O cloro presente na amostra na forma de ácido hipocloroso ou íon hipoclorito
(cloro livre) reage com o indicador DPD (N,N-dietil-p-fenilenodiamina)
desenvolvendo uma coloração rosa. A intensidade da coloração é proporcional à
concentração de cloro na amostra. O cloro combinado pode ser formado no
tratamento da água bruta que contém amônia ou pela adição de sais de amônia ou
amônio (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 405).
É utilizada espectroscopia de absorção ultravioleta e visível que utilizam
curvas pré-programadas nos equipamentos.
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO
Para que o trabalho técnico seja de qualidade, gerando uma água de
excelência para a população, a ABNT, órgão responsável pela NBR ISO/IEC 17025
é hoje, um dos objetivos específicos da gerência, e consequentemente, da equipe
técnica responsável pela qualidade da água.
Campos (2015) em sua obra “ISO 9001:2015 – Princípios e Requisitos” traz
como parte da busca da excelência o que ele chama de “os três E’s” que são
estratégia, eficácia e empenho. Criar uma estratégia atrelada a um prazo e por isso,
ter eficácia, para que se atinjam os resultados buscados. O autor traz o empenho
como forma de atingir os outros dois objetivos. De forma mais técnica, as
organizações devem ter como pilares:
a) organização interna: estabelecimento de cronogramas, protocolos e
caminhos de solução de problemas de rotina;
b) desempenho interno: acompanhamento e controle do trabalho dos
colaboradores para que as prioridades dos usuários sejam atendidas;
c) desempenho comercial: associação de resultados à marca da empresa,
divulgando os aprimoramentos aos usuários;
d) economia e redução dos desperdícios: o remanejamento de equipamentos
e insumos e a reutilização de materiais, além do tratamento de resíduos;
36
e) aumento e satisfação dos clientes: contato e coleta de informações sobre a
satisfação dos usuários e ações corretivas às demandas e reclamações dos
mesmos;
f) controle da direção;
g) motivação e participação dos colaboradores: integrar a equipe na busca
dos objetivos estabelecidos através da boa comunicação, buscando a motivação e
melhores resultados.
3.1 OBJETIVOS DAS ATIVIDADES
3.1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral do estágio é o aprimoramento contínuo da qualidade da
água.
3.1.2 Objetivos Específicos
Organização interna dos dados para verificação de qualidade e controle de
estoques.
Definição de cronogramas de compras através das estimativas anuais de
consumo de insumos.
3.2 MÉTODOS
Para atingir os objetivos organização interna e desempenho interno,
auditorias diárias são feitas nas ETAs, onde é acompanhada a equipe de
colaboradores através das informações que são levantadas por eles. A produção de
dados do estagiário é uma forma de comparar, diariamente, a precisão dos dados do
tratamento. Além do levantamento dos dados, é feito o pareamento manual dos
dados levantados pelos colaboradores (servidores e estagiários) e análise dessas
informações.
Todos os dias, às 6 h e às 18 h são levantados os parâmetros físico-químicos
da água (primeira coluna da Tabela 7 e Tabela 8), de duas em duas horas são
coletadas amostras e analisada a qualidade da água tratada (Tabela 10) e os
parâmetros de processo (Tabela 11). Os resultados são transmitidos ao sistema,
onde posteriormente são organizados em planilhas para que haja uma conferência e
análise estatística. O responsável pelas análises é o engenheiro.
37
Tabela 5- Parâmetros avaliados pelos colaboradores.
Fonte: SAMAE (2020).
Tabela 6- Análises Físico- químicas feitas no dia 03 de abril de 2020 na ETA Celeste
Gobbato.
CARACTERES FÍSICO
QUÍMICOS
PROCESSO DE
TRATAMENTO DE ÁGUA
ETAPAS DE PROCESSO
Frequência (vezes por
dia)
Frequência (vezes por dia) Frequência (vezes por dia)
2 12 12
Parâmetros Parâmetros Parâmetros
AT Temperatura (ºC) Turbidez (uT) Turbidez Água Bruta [unT]
AT Cor Aparente (uH) Cor Aparente (uH)
Aplicação de Sulfato de
Alumínio [mL/15s]
AT pH ATR pH
Rotâmetro: cloro - desinfecção
[kg/dia]
AT Ferro (mgFe/L) Fluoreto (mg F/L)
Turbidez Água Decantadores -
D1 e D2 [unT]
AT Turbidez (unT) Cloro Livre (mg Cl2/L)
Turbidez Água Decantada - D2
[unT]
AT Alcalinidade
(mgCaCO3/L)
Cloro Total (mg Cl2/L)
Turbidez Água Filtros - F1, F2,
F3,F4 [unT]
AT Oxigênio (mgO2/L)
Turbidez Água Tempo Real
[unT]
AT Alumínio (mgAl/L) Turbidez Água Tratada [unT]
AB Temperatura (ºC)
Média da Turbidez
Decantadores [unT]
AB Cor Aparente (uH) Média da Turbidez Filtros [unT]
AB pH
Turbidez Água Tempo Real
[unT]
AB Turbidez (unT)
Média da Turbidez
Decantadores [unT]
AB Alcalinidade
(mgCaCO3/L)
Média da Turbidez Filtros [unT]
AB Oxigênio (mgO2/L)
38
Temper
atura
(ºC)
Cor
Aparente
(uH)
pH
Fe
+2
(mgFe/L)
Turbidez
(unT)
Alcalinidade
(mgCaCO3/L)
O2
(mgO2/L)
Al
+3
(mgAl/ L)
Água
Bruta 6h
19 9 6,8 2,03 25 6,2
Água
tratada
6h
18 1 6.3 0.00 0.13 16 8 0.00
Água
Bruta 18h
19 10 6,8 2,15 30 2,8
Água
tratada
18h
19 1 6.2 0.00 0.11 19 6,8 0.00
Fonte: SAMAE (2020).
Tabela 7- Análises do processo feitas no dia 03 de abril de 2020 na ETA Celeste
Gobbato.
Fonte: SAMAE (2020).
Data Hora Turbidez
(unT)
Cor
(uH)
pH Fluoreto
(mg/L)
Cloro
Livre
(mg/L)
Cloro
Total
(mg/L)
Status
03/04/20 12:00:00 AM 0.14 0.8 6.65 0.72 0.95
03/04/20 2:00:00 AM 0.14 1.0 6.60 0.73 1.20
03/04/20 4:00:00 AM 0.12 1.3 6.41 0.72 1.12
03/04/20 6:00:00 AM 0.14 0.7 6.38 0.73 1.21
03/04/20 8:00:00 AM 0.12 1.0 6.35 0.76 1.10
03/04/20 10:00:00 AM 0.15 0.4 6.40 0.75 1.07
03/04/20 12:00:00 PM 0.17 1.0 6.37 0.77 0.88
03/04/20 2:00:00 PM 0.17 1.2 6.38 0.82 0.92
03/04/20 4:00:00 PM 0.16 1.2 6.41 0.89 1.12
03/04/20 6:00:00 PM 0.16 1.0 6.39 0.83 1.18
03/04/20 8:00:00 PM 0.12 1.1 6.30 0.81 1.21 Não
registrado
03/04/20 10:00:00 PM 0.11 1.0 6.24 0.80 1.24
02/04/20 12:00:00 AM 0.13 0.9 6.40 0.75 1.02
39
Tabela 7- Análises das etapas de processo feitas no dia 03 de abril de 2020 na ETA Celeste Gobbato.
Intervalo
coleta
Turb.
Água
Bruta
[unT]
Al2(SO4)
3
[mL/15s]
Cloro
[kg/dia]
Turb.
Água
Dec. -
D1
[unT]
Turb.
Água
Dec. -
D2 [unT]
Turb.
Água
Filtro
1 [unT]
Turb.
Água
Filtro 2
[unT]
Turb.
Água
Filtro 3
[unT]
Turb.
Água
Filtro 4
[unT]
Turb.
Água
Tempo
Real
[unT]
Turb
Água
Tratada
[unT]
OBS.
03-04 01:00 1.85 84 45.0 0.53 0.47 0.14 0.18 0.15 filtro 3 em processo de
lavagem.
03-04 03:00 2.04 86 44.0 0.72 0.42 0.12 0.13 0.13 0.11
03-04 05:00 2.17 86 43.0 0.75 0.43 0.12 0.12 0.12 Filtro 04 em processo de
lavagem.
03-04 07:00 2.03 86 42.0 0.73 0.42 0.14 0.12 0.13 0.19
03-04 09:00 2.10 82 42.0 0.71 0.54 0.14 0.11 0.12 0.12
03-04 11:00 2.46 100 50.0 0.70 0.49 0.13 0.18 0.12 0.11
03-04 13:00 2.65 102 50.0 0.73 0.59 0.18 0.16 0.10
03-04 15:00 2.54 102 57.0 0.69 0.92 0.13 0.13 0.18 0.14
03-04 17:00 2.66 102 57.0 0.94 0.65 0.11 0.16 0.16
03-04 19:00 2.22 104 57.0 0.88 0.60 0.13 0.12 0.13 0.12
03-04 21:00 1.92 102 55.0 0.57 0.56 0.11 0.12 0.11 filtro 02 em retro lavagem
03-04 23:00 1.97 76 40.0 0.75 0.55 0.12 0.13 0.11 0.12
Fonte: SAMAE (2020).
46
Estes parâmetros são levantados em todas as ETAs em funcionamento (seis
ETAS até abril de 2020). Após, é feita identificação de anomalias e possíveis erros
de processo através de desvios de valores habituais, alterações dos dados relativos
à qualidade ou à ausência.
Quanto à economia e redução dos desperdícios, é feita uma análise dos
resultados para as dosagens dos insumos, buscando-se uma aplicação correta ao
tratamento, evitando desperdícios.
3.1.1 Ensaios Realizados
3.1.1.1 Remoção de íons Mn(II)
Foram feitos ensaios de coagulação Jar Test com amostras de água da
represa Maestra. Buscou-se a remoção de íons Mn(II) através da adição de Dióxido
de cloro e adsorção com carvão ativo.
Tabela 8- distribuição das dosagens e sequência dos insumos para remoção do íon
Mn(II).
Al2(SO4)3
(ppm)
Ponto de Aplicação
ClO2
(ppm)
Ponto de
Aplicação
Carvão
Ativado
(ppm)
Ponto de
Aplicação
Jarro 1 20
início da agitação
rápida
0
Jarro 2 20
início da agitação
rápida
0 30
meio da
agitação lenta
Jarro 3 20
início da agitação
rápida
3
início da
agitação lenta
30
meio da
agitação lenta
Fonte: o Autor (2020).
3.1.1.2 Estimativa de dosagem de coagulante
Com o objetivo de obter uma coagulação eficiente sem deixar alumínio
residual, foram feitos ensaios de coagulação Jar Test com cinco amostras de água
bruta da represa Maestra, as quais receberam diferentes dosagens de Al2(SO4)3 e
analisou-se a correlação entre os parâmetros físicos (cor, turbidez e pH) na
47
dosagem excedente de coagulante. Os intervalos de dosagem de coagulante foram
de 10 ppm até 50 ppm.
Tabela 9- Caracterização das amostras de água bruta.
Cód. Água
Cor aparente
(Uh)
turbidez
(unT)
pH
AB1 12.2 2.60 7.23
AB2 12.9 2.73 7.10
AB3 16.9 5.05 6.95
AB4 18.4 2.77 6.93
AB5 17.1 2.33 6.95
Fonte: o Autor (2020).
3.2 RESULTADOS
Tabela 10- Resultados obtidos do estudo 3.1.1.1 Remoção de íons Mn(II)
Caracterização
da água bruta
Análise da água clarificada
Análises da água
filtrada
Jarro 1 Jarro 2 Jarro 3 Jarro 3 - filtrada
Cor aparente
(Uh) 20.5 7.9 8.4 15 1.8
turbidez (unT) 4.73 2.13 4.14 4.71 0.16
pH 6.71 6.37 6.62 6.52 6.58
Manganês
(mg/L) 0.753 0.04
Fonte: o Autor (2020).
Para o 3.1.1.2, estimativa de dosagem de coagulante, obteve-se os seguintes
comportamentos dos parâmetros cor (Figura 7), turbidez (Figura 8) e pH (Figura 9) o
que nos permitiu concluir que a cor e a turbidez apresentam uma inflexão entre as
dosagens 10 ppm e 30 ppm, que seriam dosagens indicadas ao processo. Fora
desse intervalo os valores aumentam. O pH não se apresentou com o um parâmetro
que permite analisar a eficiência da coagulação, visto que ele apresenta
comportamento linear decrescente, de acordo com presença de íons acidificantes
em solução.
48
Tabela 11- Resultados de cor, turbidez e pH para as análises realizadas, de acordo
com dosagem de coagulante (sulfato de alumínio).
Cód. Água
Al2(SO4)3
(ppm) cor turbidez pH Al resid (mg/L)
AB1 0 12.2 2.6 7.23
AB1 20 5.6 1.04 6.69 0.19
AB1 26 2.5 0.49 6.41 0.15
AB1 32 3.6 0.74 6.23
AB2 0 12.9 2.73 7.1
AB2 38 5.1 1.02 6.02
AB2 44 6.8 1.27 5.85 0.15
AB2 50 6.6 1.44 5.79 0.32
AB3 0 16.9 5.05 6.95
AB3 20 3.3 0.62 6.14 0.06
AB3 26 3.7 0.72 5.8
AB3 32 4.6 0.84 5.99
AB3 38 5.8 1.11 5.97
AB3 44 7.9 1.6 5.82
AB3 50 7.7 1.49 5.61 0.3
AB4 0 18.4 2.77 6.93
AB4 10 14.1 2.65 6.75
AB4 13 8.8 1.56 6.64
AB4 16 7.2 1.23 6.52
AB4 19 7.3 1.3 6.45
AB4 22 6.6 1.15 6.51
AB4 25 7.4 1.24 6.36
AB5 0 17.1 2.33 6.95
AB5 25 7.6 1.46 6.6
AB5 28 6.9 1.26 6.44
AB5 31 7.9 1.51 6.33
AB5 34 7.8 1.45 6.25
AB5 37 8.1 1.54 6.15
Fonte: o Autor (2020).
49
Figura 9- gráfico da relação dosagem de coagulante x cor aparente.
Fonte: o Autor (2020).
Figura 10- gráfico da relação dosagem de coagulante x turbidez.
Fonte: o Autor (2020).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 10 20 30 40 50 60
Cor
aparente
(Uh)
Al2(SO4)3 (ppm
AB1
AB2
AB3
AB4
AB5
0
1
2
3
4
5
6
0 10 20 30 40 50 60
turbidez
(unT)
Al2(SO4)3 (ppm)
AB1
AB2
AB3
AB4
AB5
50
Figura 11- gráfico da relação dosagem de coagulante x pH.
Fonte: o Autor (2020).
3.4 CONCLUSÃO
Nenhum estudo realizado pode ser considerado como finalizado ou
determinante. São necessários mais tempo e repetições para poder concluir um
comportamento. Além disso, a água muda sua composição e característica
diariamente, o que não traz uma conclusão com aplicação a longo prazo.
O SAMAE é uma Instituição que apresenta bons índices nacionais e atende
quase a totalidade da população caxiense. Possui diversos setores técnicos de
grande responsabilidade, visto que o abastecimento de água potável e tratamento de
efluentes têm um impacto sócio- ambiental imenso e irremediável. Por isso,
diariamente é preciso acompanhamento da qualidade da água fornecida à
população. As centenas de milhares de análises anuais (420 mil) são resultado
desse comprometimento do SAMAE com a qualidade.
O tempo de estágio obrigatório (cerca de 180 dias) não foram suficientes
para que se obtivessem resultados de experimentos conclusivos. No caso do estágio
não – obrigatório que vem desde outubro de 2019 abrange atividades de diferentes
áreas, que não apenas engenharia, e não foram direcionadas para estudos
analíticos. Entretanto, as atividades desenvolvidas no estágio envolveram trabalho
de auditorias, auxílio ao laboratório de controle de qualidade e auxílio administrativo
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0 10 20 30 40 50 60
pH
Al2(SO4)3 (ppm)
AB1
AB2
AB3
AB4
AB5
51
à gerência de tratamento de água e permitiu o conhecimento técnico e interpessoal
da equipe técnica.
A motivação e participação são as inspirações para executar o trabalho, na
busca da entrega de resultados e comprometimento com as tarefas
desempenhadas.
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para desinfecção de água de reuso, 2012. Disponível em:
tratamentodeagua.com.br/artigo/dioxido-de-cloro-uma-solucao-sustentavel-para-
desinfeccao-de-agua-de-reuso/. Acesso em: 14 maio. 2020.
PUC - Rio, Adsorção em carvão ativado e outros materiais. Acervo digital
disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10607/10607_4.PDF. Acesso em:
28 maio. 2020.
RUSSELL, John. B. Química geral. Editora McGraw-Hill, 1982. 504 p.
SAMAE - SERVIÇO AUTÔNOMO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTO. Histórico.
2015, Disponível em: https://www.samaecaxias.com.br/Pagina/Index/6. Acesso em:
14 maio. 2020.
SELLIN, J.; MACHADO, F. M. Panorama setorial 2015-2018. Saneamento básico.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Brasil), 2019. Disponível
em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/17643. Acesso em: 14 maio.
2020.
SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO. 24º Diagnóstico dos serviços de
água e esgoto. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. 2018.
Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnosticos/agua-e-esgotos. Acesso em: 16
jun. 2020.
THORNE, R. S. W. Application of Formazin Standards to Nephelometric
Estimation of Beer Turbidity. Journal of the Institue of Brewing, [S.I.], v. 67, n. 2, p.
191-199, 1961. DOI: https://doi.org/10.1002/j.2050-0416.1961.tb01779.x. Acesso em:
14 maio. 2020.
VIANNA, Marcos Rocha; SAMAE Caxias; Nova configuração dos floculadores e
reestudo da remoção de lodo dos decantadores. Acervo interno. Caxias do Sul,
2010.
VIANNA, Marcos Rocha; RIPPEL, Edson Charles. Reforma dos filtros da estação
de tratamento de água – eta – paruqe da imprensa utilizando tubos de
polietileno de alta densidade em seus sistemas de drenagem e lavagem com ar
e água. Construindo, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p.50-56, jan./jun. 2011. Disponível
em: http://www.fumec.br/revistas/construindo/article/view/1767. Acesso em: 14 maio.
2020.
CAMPOS, Sandro Xavier; DI BERNARDO, Luiz; VIEIRA, Eny M. Influência das
características das substâncias húmicas na eficiência da coagulação com
sulfato de alumínio. Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro, v. 10, n. 3,
p. 194-199, jul./set. 2005. Disponível em:
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  • 1. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL GABRIELE ZATTA LORENZET RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO AUDITORIAS, CONTROLE DE DADOS E ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS CAXIAS DO SUL 2020
  • 2. GABRIELE ZATTA LORENZET RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO AUDITORIAS, CONTROLE DE DADOS E ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS Relatório Final de Estágio em Engenharia Química, apresentado como requisito para aprovação da disciplina na Área do Conhecimento de Ciências Exatas e Engenharias da Universidade de Caxias do Sul. Orientadoras: Profª Mª Rejane Rech e Profª Mª Drª Janete de Zorzi CAXIAS DO SUL 2020
  • 3. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................5 1.1 SAMAE – UMA HISTÓRIA..............................................................................5 1.2 USUÁRIOS E COLABOLADORES .................................................................7 1.3 AVALIAÇÃO NO MERCADO ..........................................................................8 2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................12 2.1 RECURSOS HÍDRICOS E A POTABILIDADE..............................................12 2.2 TRATAMENTO DA ÁGUA: OPERAÇÕES...................................................13 2.2.1 Captação ......................................................................................................17 2.2.2 Calha Parshall..............................................................................................17 2.2.2.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................17 2.2.3 Floculação....................................................................................................19 2.2.3.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................20 2.2.4 Decantação ..................................................................................................22 2.2.4.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................22 2.2.5 Descargas Hidráulicas................................................................................23 2.2.5.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................24 2.2.6 Filtração .......................................................................................................24 2.2.6.1 Mecanismos Envolvidos.................................................................................24 2.2.7 Cloração / Fluoretação................................................................................26 2.2.8 Carvão ativo.................................................................................................26 2.3 ANÁLISES DE QUALIDADE .........................................................................27 2.3.1 Turbidez .......................................................................................................27 2.3.1.1 Métodos envolvidos........................................................................................28 2.3.2 pH..................................................................................................................29 2.3.2.1 Métodos envolvidos........................................................................................30 2.3.3 Alcalinidade .................................................................................................31 2.3.3.1 Métodos envolvidos........................................................................................31 2.3.4 Metais Residuais (Alumínio e ferro)...........................................................32 2.3.4.1 Métodos envolvidos........................................................................................32
  • 4. 2.3.5 Cloro Residual .............................................................................................34 2.3.5.1 Métodos envolvidos........................................................................................35 3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO ..................35 3.1 OBJETIVO DAS ATIVIDADES......................................................................36 3.1.1 Objetivo Geral..............................................................................................36 3.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................36 3.2 MÉTODOS ....................................................................................................36 3.1.1 Ensaios Realizados.....................................................................................46 3.1.1.1 Remoção de íons Mn(II).................................................................................46 3.1.1.2 Estimativa de dosagem de coagulante...........................................................46 3.2 RESULTADOS..............................................................................................47 3.4 CONCLUSÃO................................................................................................50 REFERÊNCIAS.............................................................................................51
  • 5. 5 1 INTRODUÇÃO 1.1 SAMAE – UMA HISTÓRIA De acordo com a Lei n° 11.445/2007 (marco legal), o saneamento básico no Brasil é entendido como o conjunto de quatro serviços: (i) abastecimento de água; (ii) esgotamento sanitário; (iii) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e (iv) drenagem de águas pluviais. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (2019), 25 % da prestação de serviço de saneamento é dada de forma direta, por meio de autarquias municipais, empresas públicas e/ou administração pública direta. Além disso, 97 % da prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Brasil é concentrada em servidores públicos. (CERI - CENTRO DE ESTUDOS EM REGULAÇÃO E INFRAESTRUTURA, 2019) O SAMAE – Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto, localizado na cidade de Caxias do Sul, é uma autarquia municipal de saneamento básico, ou seja, possui autonomia administrativa para exercer suas funções que são: abastecimento de água e esgotamento sanitário. Os princípios (valores) que regem o SAMAE são excelência em abastecimento de água e esgotamento sanitário com qualidade, valorização dos servidores, responsabilidade fiscal e socioambiental, ética e transparência. (SAMAE - SERVIÇO AUTÔNOMO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTO , 2015) Fundado em 05 de janeiro de 1966, o SAMAE possui uma história que culmina na sua origem, com relações entre iniciativas públicas e privadas que datam desde 1893. Tabela 1- Principais eventos que impulsionaram o desenvolvimento do SAMAE. (continua) Ano Evento 1893 Município declara as fontes hídricas de uso comum, para o serviço público. 1913 Instala-se o serviço de recolhimento de materiais fecais, em parceria com a iniciativa privada. 1914 Instalação de poço hidráulico para abastecimento da praça Dante Aliguieri.
  • 6. 6 (conclusão) 1919-1921 Instalação de um sistema de abastecimento no atual Parque Getúlio Vargas, para rede pública, com 3 km de extensão. 1912-1924 Início do plano de instalação da represa do arroio Dal Bó. 1926-1928 Construção da São Pedro 1928 Inauguração da Estação Borges de Medeiros 1943 Construção da barragem São Paulo 1950 Amplia-se o complexo Dal Bó que abrange três represas: São Paulo, São Pedro e São Miguel. 1963-1971 Construção da represa Maestra pelo Governo Federal. Construção da ETA Ana Rech. 1968 Construção da Estação de Tratamento Celeste Gobbato pelo município. Década de 1970 Começam os projetos de tratamento de efluentes. Construção da ETA Samuara. 1976 Instalação de 4139 metros de rede de coleta de esgoto para destino final no arroio Marquês do Herval. 1971-1983 Adquire-se a bacia de captação do arroio Faxinal e implementa-se o sistema de represas Faxinal. Ampliação da ETA Ana Rech. 1987-1992 Obras do sistema Faxinal são melhoradas. 1995-1996 Implementação de rede de coleta de esgoto no bairro Serrano e construção da ETE Rivadávia Azambuja Guimarães. 2000 Ampliação da ETA Ana Rech. 2001 Construção da ETE Marianinha de Queiróz 2003 Construção da ETE Dal Bó 2006 Construção da ETE Vittória 2007 Construção da ETE Ana Rech e Canyon 2009-2012 Início das obras da represa Marrecas 2012 Construção de ETE Tega, Samuara e Belo. 2013 Inauguração da ETA Ildefonso 2014 Inauguração do Sistema Pinhal 2015 Inauguração do Sistema Pena Branca e Morro Alegre 2017-2018 Desativação das ETAs Ana Rech e Galópolis. Fonte: (SAMAE, 2020, acervo digital).
  • 7. 7 Atualmente com mais de 400 mil habitantes, Caxias do Sul requer maior disponibilidade de água e tratamento de esgoto. Para isso, a última obra, represa Marrecas, foi criada, suprindo a demanda de 250 mil pessoas pelos próximos anos. O SAMAE possui seis estações de tratamento (ETA) ativas na sua rede de tratamento, que são ligadas às seis represas da cidade. (SAMAE - SERVIÇO AUTÔNOMO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTO , 2015) Tabela 2- Informações sobre as ETAs: inauguração e capacidade de operação. ETA Dados administrativos (fonte: site do SAMAE) Capacidade de tratamento (fonte: site do SAMAE) Borges de Medeiros Inaugurada em 1928, atua junto ao sistema de represas “Complexo Dal Bó”. 100 L/s; atende 3,53% da população; Samuara Inaugurada em 1962, atua junto à represa Samuara. 45 L/s; atende 1,49% da população; Celeste Gobbato Inaugurada em 1964, atua junto à represa Maestra. 300 L/s; atende 23,1% da população; Parque da Estação Inaugurada em 1981, atua junto à represa Faxinal. Não informado; atende 51,9% da população; Morro Alegre Inaugurada em 2014, atua junto às represas Faxinal e Marrecas. Não informado; atende 17,4% da população. Engenheiro Ildefonso Schroeber Inaugurada em 2014, atua junto à represa Maestra. 50 L/s; atende 1,37% da população. Fonte: adaptado de (SAMAE, 2020, acervo digital). * 1,21% da população abastecida por poços artesianos. 1.2 USUÁRIOS E COLABOLADORES O SAMAE é responsável, além da distribuição de água no perímetro urbano, pelo abastecimento da zona rural do município de Caxias do Sul, onde atua no tratamento e manutenção de poços artesianos em Vila Cristina, Criúva, Mulada, Santa Lúcia, Fazenda Souza, Bevilácqua, Vila Oliva e Santa Justina. Para viabilizar essa abrangência, o SAMAE conta com uma ampla rede de colaboradores, cerca de 400 funcionários distribuídos entre equipe de operadores,
  • 8. 8 servidores técnicos, servidores administrativos e engenheiros, além dos serviços terceirizados de limpeza e transporte. O organograma abaixo é uma representação simples da relação do SAMAE com os demais setores. Empresas do setor químico fornecem produtos para o tratamento e atividades correlacionadas. Empresas de engenharia prestam serviços específicos conforme demanda, assim como empresas de limpeza e transporte, em uma parceria público-privado. Figura 1: Diagrama da relação do SAMAE com a sociedade. (fonte: o autor) Fonte: o Autor (2020). 1.3 AVALIAÇÃO NO MERCADO No Brasil, 92,4 % dos municípios têm acesso à rede de água e 72,7 % dos municípios à rede de esgoto. Entretanto, o esgoto tratado é apenas de aproximadamente 46,3 % em relação ao esgotos gerados. No RS, este índice é entre 20 % a 40 %. Esses dados, além dos valores declarados pelas companhias de saneamento, levam em conta a falta de informação a cerca do esgoto produzido. Abaixo, a imagem mostra os municípios (em amarelo) que não trazem dados relativos ao seu esgoto.(SNS – Secretaria Nacional de Saneamento, 2018) Figura 2- Dados abastecidos no sistema SNIS da rede de água (esquerda) e do esgoto (direita) em 2018.
  • 9. 9 Fonte: (Secretaria Nacional de Saneamento, 2018, ) Segundo dados do SNIS, entre 1418 municípios mapeados:  Caxias do Sul possui 98,5 % da população abastecida por água tratada, ocupando a 358ª posição (apenas 999 municípios apresentaram valores acima de zero).  Quanto ao esgoto tratado, Caxias apresenta um resultado de 88,9 % de tratamento e 346ª posição (1126 municípios informaram algum dado).  Quanto às perdas de água tratada nas redes de distribuição, a cidade apresenta perda de 35,5 %, 668ª posição nacional. Entretanto, apenas 994 municípios declararam informações e, destes, 15 apresentam perdas negativas, o que leva Caxias para a 653ª posição. A média brasileira de perda é 38,5 %.  Quanto ao valor da tarifa mensal, o município apresenta a 352ª posição entre as 550 declaradas, com valor de R$27,00/mês. Os outros 868 municípios declararam tarifa zero. Tabela 3- Ranking de comparação dos resultados de 1418 municípios brasileiros.
  • 10. 10 Fonte: adaptado de Secretaria Nacional de Saneamento (2018). O SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) avalia domicílios residenciais, comerciais e públicos, volumes produzidos e consumidos para abastecimento de água, volumes coletados e tratados para esgotamento sanitário, extensão de rede de água e de coleta de esgotos, quantidade de empregados próprios, receitas e despesas com os serviços, dentre outras informações. Para levantamento destes dados, a Portaria nº 719, de 12 de dezembro de 2018, do Ministério de Desenvolvimento Regional institui metodologia para auditoria e certificação de informações do SNIS, relacionada aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. A Secretaria disponibiliza o “Manual de Melhores Práticas de Gestão de Informações sobre Saneamento” que auxilia a geração de informações com maior grau de confiança e exatidão. Para melhores resultados na área de abastecimento público pode-se trazer a questão da fiscalização, hoje feita pela Vigilância Sanitária através do portal Siságua. A fiscalização é parte importante do acompanhamento dos resultados do SAMAE. Os entraves para a confiabilidade dos dados é aspecto fundamental nos resultados obtidos em pesquisas como a feita pelo SNIS, visto que os dados são declarados e a metodologia de autodeclaração das informações por parte das empresas pode possuir viés. Valores Parâmetros Avaliados Posição no Ranking (informações declaradas Nº de Municípios com Informações Não Declaradas Nº de Municípios com Informações Declaradas Nº de Municípios com dados Negativos (erros) % população água tratada 98.5 % (População total atendida com abastecimento de água/População residente total, segundo o IBGE) 358 419.0 999 % população com esgoto tratado 88.9 % (População total atendida com esgotamento sanitário/População residente total, segundo o IBGE) 346 292 1126 % perdas de água tratada 35.5 % (Volume Consumido/volume produzido) 668 424 994 15 Tarifa mínima praticada para as economias residenciais 27.3 R$/mês (menor valor) 352 868 550 868 declararam tarifa zero
  • 11. 11 Segundo o FGV, os entraves para aprimoramento dos serviços de saneamento podem ser financeiros, através do investimento e administração dos recursos. Também se relacionam com o quadro de colaboradores, o que o FGV traz como “arquitetura institucional fragmentada”, além de falta de competitividade por não apresentarem concorrentes no mercado(CENTRO DE ESTUDOS EM REGULAÇÃO E INFRAESTRUTURA, 2019).
  • 12. 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO A água possui centenas de aplicações, dentre elas: abastecimento para consumo humano, preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas, preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral, recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho(CONAMA, 2020). As águas doces são classificadas de acordo com as seguintes condições e padrões: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado; b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais; c) óleos e graxas; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor; e) corantes provenientes de fontes antrópicas; f) resíduos sólidos objetáveis; g) coliformes termotolerantes; h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2; i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg.L-1 O2; j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT); l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt.L-1 ; m) pH: 6,0 a 9,0(CONAMA, 2020). A água potável deve atender aos diversos padrões de potabilidade estabelecidos pelas portarias correspondentes. As estações de tratamento de água devem, portanto, realizar uma série de ensaios químicos e físico-químicos para garantir a qualidade do produto, padronizá-lo e deixá-lo de acordo com a legislação. 2.1 RECURSOS HÍDRICOS E A POTABILIDADE O abastecimento da cidade de Caxias do Sul é feito majoritariamente por represas. O uso e o parcelamento do solo em áreas de bacia de captação, chamada Zona das Águas (ZA), é disciplinado pela Lei Complementar Municipal nº 246, de 6 “Para amenizar os impactos das cheias e secas, são construídas obras de infraestrutura visando garantir a segurança hídrica. Dentre as obras de infraestrutura hídrica, destacam-se os reservatórios artificiais, que potencializam a disponibilidade hídrica superficial. Além de armazenar água, os reservatórios artificiais podem liberar parte do volume armazenado nos períodos de estiagem, regularizando e diminuindo as flutuações sazonais das vazões.” (ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2018)
  • 13. 13 de dezembro de 2005. Em seu artigo 6º, parágrafo 1º, a LC 246/2005 esclarece que a Zona das Águas (ZA) é composta pelas bacias hidrográficas que têm por função a captação e acumulação de água para o abastecimento público do município de Caxias do Sul. A NBR 12.216/1992 classifica essas águas como “águas superficiais provenientes de bacias não protegidas” e traz a necessidade do tratamento dessas águas com coagulação, seguida ou não de decantação, filtração em filtros rápidos, desinfecção e correção do pH. Outras formas de abastecimento são poços ou águas subterrâneas, mais comuns em localidades no interior, como citado anteriormente. O tratamento de água dos mananciais tornou-se indispensável devido à contaminação de fontes hídricas naturais. Em razão de ocupações irregulares na área da bacia de captação, ocorre lançamento de esgotos in natura de modo clandestino, a represa Maestra está eutrofizada, o que ocasiona o intenso desenvolvimento de algas, havendo diversos eventos de floração ao longo do ano. Em boa parte do ano, a represa encontra-se estratificada com a camada superficial apresentando características bem distintas da camada inferior. A água próxima à lâmina d’água apresenta biomassa oriunda de algas que produzem oxigênio, em decorrência das altas concentrações de oxigênio dissolvido. Nesta região, os compostos encontram-se na forma oxidada e os metais na forma particulada, sendo estes facilmente removidos no processo convencional de tratamento. No que se refere à biomassa de algas, o processo convencional apresenta certa dificuldade, devido à flotação e a predominância de flocos leves, o que acarreta uma maior frequência na lavagem de filtros. A água nas camadas inferiores da represa apresenta matéria orgânica predominantemente solúvel, baixas concentrações de oxigênio e diversos compostos na forma reduzida, inclusive: metais, sulfetos e nitrogênio amoniacal.
  • 14. 14 2.2 TRATAMENTO DA ÁGUA: OPERAÇÕES Um sistema de abastecimento é um conjunto de processos para fornecer água a uma comunidade, em que a água é retirada da natureza, tratada e transportada até os consumidores. Este conjunto de operações seguem normas de diferentes áreas técnicas. Para elaboração do projeto da Estação de Tratamento de Água devem ser observadas muitas condições. A NBR nº 12216/92 descreve os requisitos para o tratamento de ciclo completo ou tratamento convencional para abastecimento público. Para sua aplicação, pressupõem-se conhecidos outros assuntos tratados nas normas NBR nº 12211 e NBR nº 12213, como, por exemplo, capacidade nominal da estação; definição das etapas de construção; localização e definição da área necessária para sua implantação; levantamento das características do terreno, entre outros. Tabela 4 - Normas técnicas para sistemas de abastecimento de água: nome e descrição. (continua) NBR 15784/ 17 - Produtos químicos utilizados no tratamento de água para consumo humano Estabelece os requisitos para o controle de qualidade dos produtos químicos utilizados em sistemas de tratamento de água para consumo humano e os limites das impurezas nas dosagens máximas de uso indicadas pelo fornecedor do produto, de forma a não causar prejuízo à saúde humana. NBR 12805/93 – Extintor de cal Fixa condições para encomenda, fabricação e aceitação de extintores de cal do tipo de carregamento manual, utilizados em estações de tratamento de água com dosagem de cal por via úmida. NBR nº 15007/17 – Produtos à base de orto e polifosfatos para aplicação em saneamento básico Estabelece a especificação técnica, amostragem e metodologia de ensaios dos produtos à base de orto e polifosfatos para utilização no tratamento de água para consumo humano, além de requisitos toxicológicos e de desempenho.
  • 15. 15 (conclusão) NBR nº 11833 (ABNT/EB 2132) de 08/1991 – Hipoclorito de sódio Fixa as condições exigíveis para o fornecimento de hipoclorito de sódio utilizado, entre outros fins, como agente desinfetante no tratamento de água para abastecimento público. NBR nº 11834 (ABNT/EB 2133) de 08/1991 – Carvão ativado pulverizado – Especificação Fixa as condições exigíveis para o fornecimento de carvão ativado pulverizado, utilizado na adsorção de impurezas no tratamento de água para abastecimento público. Fonte: o Autor (2020).
  • 16. 16 figura 3- Representação da estação de tratamento Parque da Imprensa. Fonte: o Autor (2020).
  • 17. 17 2.2.1 Captação A captação de água é especificada de acordo com a vazão necessária ao projeto. A água bruta é captada nas represas através de um sistema de adução. As adutoras podem transportar água por gravidade em conduto livre, em que a água escoa sempre em declive sob o efeito da pressão atmosférica. Outra forma de adução é por recalque, quando o local da captação estiver em um nível inferior, que não possibilite a adução por gravidade, sendo necessário forçar o escoamento pelo emprego de equipamentos como, por exemplo, um conjunto moto-bomba e acessórios. A vazão bombeada chega ao tratamento e é medida através da calha Parshall ou de macromedidores. No interior das represas há estruturas em concreto chamadas de torre de captação. Nas torres de captação há diversas comportas, as quais são abertas de acordo com nível da água, sendo operadas em períodos de estiagem. Nos períodos de chuvas abundantes, a água excedente é extravasada através do vertedouro da represa. A água bruta é aduzida as Estações de Tratamento de Água através de bombeamento (ETA Parque da Imprensa, ETA Morro Alegre, ETA Celeste Gobbato e ETA Borges de Medeiros) ou através da ação da gravidade (ETA Samuara e ETA Engº Ildefonso José Schroeber). Adutoras de água bruta podem estender-se por diversos quilômetros e podem apresentar diâmetro de até um metro. 2.2.2 Calha Parshall A calha Parshall é a unidade de tratamento pela qual a água bruta chega à estação, possuindo a função de misturar hidraulicamente alguns insumos do processo, tais como: coagulante, substâncias adsorventes, oxidantes, alcalinizastes e auxiliares de coagulação. A calha ainda tem a função de determinar a vazão de água que será tratada a partir da leitura da elevação do nível d’água, em uma escala ou régua. De acordo com a norma NBR nº 9826/2009, o medidor Parshall, também conhecido por Calha Parshall, é um medidor de vazão para canais abertos. A calha possui na entrada um trecho convergente que se estreita, seguido de um declive de
  • 18. 18 seção constante (F), e na saída um trecho divergente em aclive (G’). Este formato permite a turbulência do fluido. Figura 4- Desenho técnico da calha Parshall Fonte: Google (2020). Na Calha são dosados os agentes oxidantes que visam eliminar matéria orgânica, como os microorganismos. Na calha também é dosado carvão ativado, produzido a partir da pirólise do carvão. Ele tem a função de captar impurezas, como moléculas orgânicas grandes e gases tóxicos, retirar o gosto e o odor da água. Os sais de metais (Sulfato de ferro ou alumínio) também são adicionados na calha para coagular matéria orgânica, o que inicia o processo de floculação. A coagulação ocorre por uma interação entre os óxidos e o hidróxido formado com o íon alumínio Al+3 , gerando uma rede de complexos metálicos (coloides). 2.2.2.1 Mecanismos Envolvidos A altura da lâmina de água na parte mais estreita da calha (h) pode ser relacionada com a vazão (Q) através da equação: ℎ = 𝑘𝑄𝑛 (1) onde k e n estão relacionados aos ao modelo de calha (número).
  • 19. 19 Segundo a NBR 12.216 (1992), a dispersão de coagulantes metálicos hidrolisáveis deve ser feita a gradientes de velocidade (G) compreendidos entre 700 s-1 e 1100 s-1 , em um tempo de mistura não superior a 5 segundos. Além disso, a aplicação dos coagulantes deve seguir uma distância de até 20 cm do corpo d’água e ser feita em perpendicular à superfície de escoamento. 2.2.3 Floculação “Floculadores são unidades utilizadas para promover a agregação de partículas formadas na mistura rápida.”ABNT- NBR nº 12216 (1992) Esta etapa envolve contato direto das partículas, o que é facilitado através de agitação da solução. Os sistemas de agitação se classificam em hidráulicos ou mecânicos. Os sistemas hidráulicos utilizam barreiras físicas para desviar o fluxo de água, causando uma agitação por cisalhamento. Agitadores hidráulicos são os anteparos distribuídos para gerar regiões com distintos graus de agitação (mensurados através dos gradientes de velocidade). Em quase todas as ETAs, com exceção da ETA Ildefonso, se utiliza sistema hidráulico com chicanas. Cada unidade de floculação possui características diferentes, sendo destinada a aplicações em diferentes cenários. O sistema hidráulico tem menor custo de implementação, operação e manutenção por utilizar o escoamento da água para promover gradientes de velocidade devido ao atrito com as paredes e contração do fluxo nas passagens, devido às chicanas. O sistema mecanizado possui pás horizontais ou verticais e ação de rotores que causam uma agitação forçada. Este modelo traz benefícios como ajuste de acordo com a vazão do processo e menores perdas de cargas. Em contrapartida, possui uma operação de maior custo energético e manutenções complexas. Pás giratórias são indicadas para sistemas de floculação de câmaras com capacidade de até 250 m3 (CAMPOS; DI BERNARDO; VIEIRA, 2005). figura 5- Configuração dos floculadores da ETA Parque da Imprensa.
  • 20. 20 Fonte: VIANNA (2010) 2.2.3.1 Mecanismos Envolvidos Os sais de metais atuam na matéria orgânica através da complexação dos íons metálicos no retículo de óxidos. No caso da adição de Al2(SO4)3, o alumínio forma um coloide pela formação de hidróxido de alumínio, que possui interação entre cargas negativas de coloides (contamines da água) e sítio positivos do polihidróxido de alumínio.“Quando o alumínio é adicionado na água e hidrolisa, há a formação de um grande número de espécies monoméricas, e possíveis espécies poliméricas. A maior parte desses produtos encontra-se em equilíbrio com o precipitado sólido de hidróxido de alumínio [Al (OH)3]. Estas espécies hidrolisadas
  • 21. 21 podem ainda incluir compostos de alumínio polinucleares.” (CAMPOS; DI BERNARDO; VIEIRA, 2005). Os parâmetros envolvidos neste sistema hidráulico de floculação são: 𝐺𝑓 = √ 𝑔ℎ 𝑣 𝑇𝑑 (2) onde Gf = gradiente de velocidade(s-1 ); g = aceleração da gravidade (9,81 m.s-2 ); h = soma das perdas de carga na entrada e ao longo do compartimento (m); v = viscosidade cinemática (m2 s-1 ); Td = período de detenção no compartimento(s). A ABNT- NBR nº 12216 (1992) traz a necessidade de se aplicar períodos de detenção (Td) e gradientes de velocidade (Gf) de acordo com os ensaios feitos em laboratório. Caso não haja a possibilidade de serem feitos, pode-se utilizar para floculadores hidráulicos de 20 min < Td < 30 min e um Gs máximo de 70 s-1 para o primeiro compartimento e mínimo de 10 s-1 no último. A velocidade longitudinal (de escoamento) da água entre 10 cm.s-1 e 30 cm.s-1 . Com o aumento do tamanho dos flocos, as forças de cisalhamento podem causar sua ruptura. A ruptura ocorre devido à erosão superficial de partículas ocasionada pelo arraste da água em alta velocidade e devido à tensão atuante na partícula, causando sua deformação, seguido de ruptura. Segundo (CAMPOS; DI BERNARDO; VIEIRA, 2005) um dos maiores problemas que os engenheiros enfrentam nos projetos de dimensionamento de estações de tratamento de água é a determinação do tempo de floculação (Td) em unidades de mistura completa de escoamento contínuo com câmaras em série. Esse grupo estudou os parâmetros velocidade de agitação (Gf) e tempo de retenção (Td) com base na equação (3) que relaciona o número de câmaras de floculação necessárias (m), turbidez na entrada (n1 0 ) e saída (n1 m ) da unidade, coeficiente de agregação (KA) e coeficiente de ruptura (KB) (CAMPOS; DI BERNARDO; VIEIRA, 2005) 𝑛1 𝑚 𝑛1 0 = 1+𝐾𝐵𝐺𝑓 2𝑇𝑑 𝑚 ∑ (1+𝐾𝐴𝐺𝑓 𝑇𝑑 𝑚 )𝑖 𝑚−1 𝑖=0 (1+𝐾𝐴𝐺𝑓 𝑇𝑑 𝑚 )𝑚 (3)
  • 22. 22 Dentro deste modelo, a velocidade de sedimentação no decantador é entre 1 e 5 cm.min-1 que relaciona-se com um gradiente de velocidade (Gf) entre 20 e 60 s-1 , o que resultaria, segundo CAMPOS; DI BERNARDO; VIEIRA, (2005) em um tempo de residência (Td) entre 15 e 30 minutos para um número de câmaras de floculação entre 1 e 5, com 3,68x10-5 < KA < 1,83x10-4 s-1 e 1,83x10-7 < KB < 2,30x10-7 s-1 . Segundo MORUZZI E CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA (2013) a eficiência para esses resultados é entre 50–90 % com água bruta (pH = 7,7 ± 0,2; turbidez = 27 ± 1 NTU; cor aparente = 210 ± 10 Hu; cor verdadeira = 20 ± 5 Hu; alcalinidade = 23 ± 1 mg CaCO3 L-1 ;condutividade = 46,0 ± 0,5 S.cm-1 ; dureza = 13 ± 1 mg CaCO3 L-1 ). Ainda segundo esses pesquisadores, apesar de ser possível relacionar os parâmetros envolvidos na floculação nos ensaios de jartest, eles não são escalonáveis para sistemas maiores. Além da dimensão, a qualidade da água bruta, tipo de coagulante e mecanismo de coagulação interfere nos resultados. Após a formação dos flocos causados pela coagulação, estes tendem a afundar, por apresentar maior massa específica do que a solução aquosa onde se encontra. 2.2.4 Decantação Segundo ABNT- NBR nº 12216 (1992) os decantadores são as unidades responsáveis pela remoção de partículas presentes na água, através de ação da gravidade. Eles podem ser convencionas, ou de baixa taxa, e de elementos tubulares, ou de alta taxa. As maiores ETAs (Celeste, Morro Alegre e Parque da Imprensa) operam com decantação convencional, com dois blocos, de acordo com as normas ABNT. 2.2.4.1 Mecanismos Envolvidos A taxa de decantação é determinada em função da velocidade de sedimentação das partículas segundo a equação (4) ABNT- NBR nº 12216 (1992) 𝑄 𝐴 = 𝑓 𝑉𝑠 (4) onde Q = vazão que passa pela unidade (m3 s-1 ); A = área superficial útil da zona de decantação (m2 ); f = fator de área adimensional (f =1 para decantador convencional); Vs = velocidade de sedimentação (ms-1 ). No caso de sedimentador tubular o fator respeita outra equação. A Vs é ajustada conforme a vazão (Q) da estação.
  • 23. 23 O cálculo da velocidade longitudinal (Vo) para decantadores convencionais é dada por 𝑉𝑜 = 𝑅𝑒 8 1/2 para fluxo laminar com nº de Re < 2000. Caso não se conheça Re e se a vazão for menor que 10000 m3 dia-1 , Vo = 0,5 cm.s-1 . Para evitar o arraste nos tanques, o gradiente de velocidade (Gf) da entrada deve ser inferior a 20 s-1 . Para auxiliar na limpeza, se possível os canais devem ter aclividade. A entrada da água nos decantadores deve ser feita por dispositivo hidráulico que distribua uniformemente a vazão em toda a seção transversal, garantindo uniformidade na velocidade longitudinal (Vo) quanto à intensidade e sentido. Para isso, pode- se instalar telas ou fazer abertura de uma fenda que assegure a uniformidade do escoamento. A coleta da água decantada deve ser coletada por tubos perfurados submersos ou vertedouros não afogados que garantam uma carga hidráulica e uma vazão uniforme na saída do decantador. A vazão de saída do decantador (q) deve ser calculada pela equação (5) ABNT- NBR nº 12216 (1992) 𝑞 = 0,018. 𝐻. 𝑉𝑠 (5) onde q = vazão, em L. s-1 m-1 ; H = profundidade do decantador (m); VS = velocidade de sedimentação (m3 m-2 dia-1 ); ou caso não seja possível o cálculo, q≤ 1,8 L.s-1 m-1 . 2.2.5 Descargas Hidráulicas As ETAs de SAMAE possuem descargas hidráulicas, ou seja, não há dispositivo mecânico auxiliando na remoção do lodo. O lodo é removido dos decantadores hidraulicamente, sendo descartados para as ETEs ou tratados diretamente nas ETAs. Nas ETAs Morro Alegre e Parque da Imprensa, o lodo é tratado no local, sendo direcionado para as UTRs (Unidades de Tratamento de Resíduo). Nestas unidades, os lodos são adensados, ou seja, é adicionado polieletrólito não iônico para o aumento de velocidade de sedimentação. A água clarificada dos adensadores, juntamente com a água de lavagem de filtros, é transferida para um tanque pulmão onde é escoado de volta ao processo, juntamente com a água bruta na calha Parshall. O lodo adensado é direcionado para uma centrífuga. A pasta sólida (com teor de sólidos na faixa entre 20 % a 30 %) é acondicionada em
  • 24. 24 contêineres e destinada a aterros sanitários. O líquido resultante da centrifugação é descartado na rede cloacal para posterior tratamento em ETEs. 2.2.5.1 Mecanismos Envolvidos A ABNT- NBR nº 12216 (1992) traz a necessidade de se dimensionar os decantadores tradicionais para suportarem até 60 dias de funcionamento. Outra exigência é uma descarga de fundo que esvazie o tanque em no máximo 6 h localizada preferencialmente onde há maior acúmulo de lodo e com declividade mínima e 50° (formato de cone invertido). A lavagem deve ser feita por jateamento e a carga hidráulica de descarga deve ser de mínimo 1,5 m. A carga hidráulica (h) em um ponto corresponde à carga piezométrica, expressa em altura de coluna d’água segundo a equação (6). U = ρ. h (6) onde U = pressão (Nm-2 ); ρ = peso específico da água (kg.m2 s2 ) e h = altura da carga d’água (mca). 2.2.6 Filtração Os filtros das ETAs possuem composição de diferentes dimensões de pedras, areias e antracito, uma das formas granuladas do carvão mineral. Nesta unidade, partículas muito pequenas dos flocos coagulados, além de alguns organismos microbiológicos nocivos (como oocistos de protozoários) não capturados, ficam retidos. É importante saber que, a partir dessa parte, praticamente todos os resíduos orgânicos e inorgânicos tóxicos foram eliminados, no entanto, a água não é considerada potável pois pode conter diversos gêneros de microorganismos patogênicos, o que torna indispensável a etapa de desinfecção. 2.2.6.1 Mecanismos Envolvidos Para a ETA Parque da Imprensa a vazão filtrada é 1 m3 s-1 . Os seus filtros têm camada dupla com taxa declinante variável (VIANNA, 2011). A água é filtrada em unidades de escoamento descendente contendo um leito filtrante simétrico. figura 6- Representação de unidade filtrante da ETA Parque da Imprensa.
  • 25. 25 Fonte: VIANNA, (2011) A água filtrada é coletada por tubulações perfuradas com orifícios de 100 mm de diâmetro (VIANNA, 2011). Esse mesmo mecanismo perfurado é utilizado para o sistema de lavagem. Nele, água tratada é injetada em contracorrente nos filtros. Antes de se injetar água, sopradores paralelos à tubulação de água injetam ar para auxiliar na diminuição de tensão da torta (matéria acumulada nos filtros). Parte da água tratada é destinada para a lavagem dos filtros que é feito a cada 24h, e segue para o início do tratamento, junto com a água do fundo dos floculadores e decantadores. figura 7- Planta e seção dos filtros da ETA Parque da Imprensa. Fonte: VIANNA (2011)
  • 26. 26 2.2.7 Cloração / Fluoretação A cloração é a adição de gás cloro à água. Na maioria das ETAs é utilizado ácido hipocloroso (HClO). Por ser um forte agente oxidante, ele se liga às paredes celulares, proteínas, enzimas e ácidos nucleicos dos microrganismos, destruindo-os. Se não os matar, torna inviável a replicação dos mesmos. Na ETA Parque da Imprensa, ETA Morro Alegre, ETA Borges de Medeiros e ETA Samuara se dosa o cloro gás, na ETA Engº Ildefosno José Schroeber dosa-se hipoclorito de sódio gerado in loco por eletrólise. Em todas as ETAs encontram-se disponíveis solução de hipoclorito de sódio (12%) como sistema auxiliar de desinfecção. A última etapa é a fluoretação. Esta é a inclusão de certos compostos que tenham o íon fluoreto, neste caso, usa-se o ácido fluorsilíssico (H2SiF6). Para produzir os efeitos preventivos esperados em relação à cárie dentária com efetividade e segurança, é necessária uma concentração ótima de fluoretos na água – no Brasil varia entre 0,6 e 1,7 partes por milhão (ppm) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1975). 2.2.8 Carvão ativo O carvão ativo é utilizado como adsorvente no tratamento de água. Um adsorvente é um material capaz de fixar em sua superfície outras substâncias que produzem gosto, odor e matéria orgânica dissolvida. As propriedades de superfície e físicas como filtrabilidade e densidade influenciam na taxa e na capacidade de adsorção. Para a finalidade de tratar água, utiliza-se o carvão em pó. Além da dimensão do grão, a origem do carvão traz características, podendo ter carácter ácido ou básico, o que influencia na oxidação da sua superfície (PUC, 2020). O fenômeno da adsorção pode ser dividido em químico ou físico. A adsorção física ocorre por forças intermoleculares de Van der Waals e forças secundárias. Já a quimisorção envolve transferência eletrônica, ou seja, ligações químicas. A equação (7) de Langmuir pode ser utilizada para relacionar a adsorção de íons em solução. Ela se baseia em três hipóteses 1) a superfície de adsorção é homogênea, independente da extensão da cobertura da superfície; 2) a adsorção ocorre sem interação com as moléculas vizinhas adsorvidas no solvente; 3) a adsorção é máxima quando se forma uma camada de soluto que cobre totalmente a superfície do adsorvente.
  • 27. 27 𝑞𝑒 = 𝑞𝑚á𝑥.𝑏.𝐶𝑒 1+𝑏.𝐶𝑒 (7) Onde qe= massa de adsorvato (material adsorvido) por unidade de massa do adsorvente (mg.g-1 ); Ce= concentração no equilíbrio do adsorvato em solução depois da adsorção (mg.L-1 ). qmáx = constante empírica que indica a capacidade de adsorção na monocamada (mg.g-1 ); b= constante relacionada à energia livre de adsorção, constante de equilíbrio de adsorção. 2.2.9 Quelação Os polifosfatos (fosfatos condensados) e ortofosfatos são adicionados ao tratamento para desincrustação e proteção das tubulações, quelação e fosfatização de íons indesejáveis como os íons metálicos. 2.3 ANÁLISES DE QUALIDADE As águas naturais apresentam impurezas que podem conter determinadas substâncias prejudiciais à saúde humana. Para analisar a qualidade da água, observam-se suas características físicas e químicas. As características físicas são turbidez e cor. Entre as análises químicas encontram-se a medição de pH, dureza e presença de metais como ferro e manganês. 2.3.1 Turbidez A turbidez de águas naturais ocorre devido a partículas de diversos tamanhos que ficam suspensas no leito hídrico. Estas partículas causam dispersão e absorção da luz, provocando a aparência turva e agregando coloração à água. Uma das principais causas da presença dessas partículas é a decomposição de matérias orgânicas como vegetação e animais (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129) A turbidez é uma relação entre expressões óticas, resultado da comparação entre as leituras de um espectro de luz que atravessa alguma solução contendo partículas e seu padrão ou de referência, ambas nas mesmas condições de pressão e temperatura. As partículas podem, além de absorver, espalhar (refratar) e refletir, transmitir luz sem perda de direção ou intensidade de feixe. Isso caracteriza um material transparente. Quando a amostra possui partículas suspensas o feixe de luz
  • 28. 28 incidido sofre outras interações, espalhando-se (light-scattering). Esse espalhamento é interpretado pelo sensor do equipamento como turbidez, portanto, quanto mais material suspenso na solução inicialmente translúcida, maiores as chances dela se tornar turva. A penetração da luz na água é alterada por partículas em suspensão que provocam a dispersão da luz. Alguns fatores que influenciam na turbidez da água de mananciais são a presença de sedimentos do solo, efluentes e presença de algas. A claridade ou transparência da água é considerada um parâmetro importante para o consumo humano. O processo de purificação da água contém etapas que aumentam a claridade da água, como decantação e filtração. A água se torna turva quando há matéria suspensa e coloides como barro, produtos orgânicos e microrganismos (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129). Nefelômetro é o nome do equipamento utilizado para medição de turbidez com luz incidente a 90° da amostra. O termo é de origem grega “nephos” que significa nublado/névoa. O centro Americano de pesquisas geológicas (U.S Geological Sorvey) estabeleceu em 1976 alguns parâmetros: 1) instrumentos e métodos padronizados devem ser adotados para medir luz transmitida em água em unidades fotométricas. 2) reportar “turbidez” em unidades de turbidez Jackson (NTU) (PICKERING, 1976). De acordo com o especificado no § 2º do art. 30 da portaria nº2914/11 os índices de turbidez para a água potável são até 1 uT em 95 % das amostras para processos de filtração lentos. De acordo com a resolução nº357/05 – CONAMA, a turbidez deve estar em até 40 NTU (Unidades Nefelométricas de Turbidez). 2.3.1.1 Métodos envolvidos A definição de turbidez pode ser representada pela expressão (8) (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129) 𝑇 = 1 𝑑 ln 𝐼0 𝐼𝑖 (8) onde T= turbidez; I0= intensidade de luz incidida; Ii= intensidade de luz transmitida; d= distância atravessada de amostra.
  • 29. 29 O efeito de espalhamento aumenta quanto maiores as partículas em solução e menores os comprimentos de onda da luz incidente. A intensidade de luz espalhada pode ser relacionada com a concentração da solução quando se mantêm constantes o comprimento de onda da luz incidente e dimensão das partículas presentes em solução, esta sendo a mais difícil de prever (THORNE, 1961). O método de análise da turbidez deve ser ágil para que a amostra não tenha alteração drástica de dispersão das partículas, pH ou temperatura. A remoção de ar e outros gases da amostra antes da medição é indicada para evitar turbidez causada por bolhas (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129). A sensibilidade dos equipamentos deve ser possível detectar pelo menos 0,02 NTU, o que significa uma solução de água deionizada filtrada para partículas maiores do que 0,1 micrômetros ou os padrões de formazinha (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129). Os recipientes das amostras devem ser de vidro ou polímeros transparentes, excepcionalmente limpos, sem riscos ou arranhões. É utilizado para mantê-los assim um óleo de silicone para mascarar menores imperfeições (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 129). 2.3.2 pH Atkins (2012) define pH como potencial hidrogeniônico, ou seja, a capacidade da solução em gerar íons do grupo H+ . Na natureza, existem íons orgânicos e inorgânicos presentes em ambientes aquáticos. As interações entre eles podem ser explicadas como uma competição pelos íons opostos presentes. Essa competição pode causar corrosões em tubulações ou precipitação de sais nas mesmas. Neste caso, o pH ácido pode causar corrosão nas tubulações (KLOK, 2017). “Acids contribute to corrosiveness and influence chemical reaction rates, chemical speciation, and biological processes. The measurement also reflects a change in the quality of the source water” (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 455).
  • 30. 30 O estudo de MANCY e O'SHEA (1978) mostra que um alto pH aumenta a redução de íons metálicos se comparado com ambientes ácidos, podendo causar incrustações. Isso ocorre principalmente pela presença de íons carbonatos (CO3 -2 e HCO3 - ) que tendem a se complexar com estes metais. Alguns íons metálicos possuem maior potencial de redução do que o hidrônio (H+ ) e pelos sais de carbonatos serem mais estáveis do que as bases de hidroxila (OH- ), eles acabam formando um sal. Íons metálicos como Fe+2 , Al+3 e Mn+2 são monitorados quanto a sua concentração em solução no processo de tratamento. O baixo pH, por deixar mais íons H+ disponíveis, diminui os complexos em solução. 2.3.2.1 Métodos envolvidos A função que representa o pH foi desenvolvida por S.P.L. Sørensen : 𝑝𝐻 = − log10[𝐻+ ] onde a concentração é dada em mols por litro (BUTLER, 1982). O equilíbrio que explica a dissociação da molécula de água em íons H+ e OH- se dá por: 𝐻2𝑂 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝐻3𝑂+ + 𝑂𝐻− Portanto, em uma solução pura de água, a concentração de íons hidroxila e hidrônio é a mesma. Por definição, Kw = 10-14 , ou Kw = [𝑂𝐻− ][𝐻+ ], o que implicaria que [𝐻+] = 10−7 ou pH = 7 (BUTLER, 1982). O pH é medido com o “pHmetro” que possui dois eletrodos para gerar uma diferença de potencial elétrico. Um deles pode ser o eletrodo de vidro que possui em sua extremidade uma fina camada em gel, sensível aos íons H+ . O tubo é preenchido com uma solução tampão com concentração de cloreto definida e pH 7,00 onde é imerso um condutor de Ag/AgCl. O eletrodo de vidro desenvolve um potencial elétrico que está relacionado à presença de íons positivos H+ da solução e o voltímetro mede a diferença entre este e o eletrodo de referência (BUTLER, 1982). Se a atividade do íon hidrogênio é maior ou menor na solução medida do que na solução interna do eletrodo, uma diferença de potencial (ddp) maior ou menor existirá na extremidade do vidro. A relação entre a ddp e a atividade do íon hidrogênio segue a Equação (9) de Nernst. E = E0 + 2,3 RT nF log aH+(fora) aH+ (dentro) (9)
  • 31. 31 onde E = tensão produzida (V); E0 = tensão padrão dos eletrodos (V); R = constante da lei dos gases (JK-1 mol-1 ); T = temperatura absoluta (K); n = número de mols de elétrons; F = constante de Faraday (9,65x104 C); aH+ = atividade dos íons H+ (mol/L) (RUSSELL, 1929). 2.3.3 Alcalinidade A correção de pH pode ser feita com sais de carbonato (CO3 -2 ), como bicarbonato de potássio, cálcio ou sódio. A adição de um destes sais torna a solução mais alcalina através do princípio de deslocamento de equilíbrio. A dureza é a característica conferida à água pela presença de sais de metais alcalino terrosos, como carbonato, bicarbonatos, sulfatos e cloretos de metais alcalino terrosos. A importância da sua remoção se deve à perda das propriedades organolépticas, por alterar o sabor da água, mas não se tem comprovação de que os sais alterem a saúde humana. A água possui as classificações: água mole [CaCO3] < 50 mg/L; água com dureza moderada [CaCO3] entre 50 e 150 mg/L e água dura [CaCO3] acima de 150 mg/L. A maioria das águas naturais apresenta valores de alcalinidade entre 30 < [CaCO3] < 500 mg/L (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 153). Valores altos de alcalinidade não têm significado sanitário para a água potável. O estudo de Hansen et. al (2018) mostrou que a ingestão de água com pH= 9 por duas semanas não teve impacto na composição da microbiota intestinal ou na regulação da glicose em jovens adultos do sexo masculino (HANSEN et al., 2018). 2.3.3.1 Métodos envolvidos A determinação de solubilidade desses sais em recursos hídricos é suscetível a aproximações que envolvem temperatura, interações iônicas e espécies químicas envolvidas que podem influenciar inibindo essa dissolução. Para calcular a alcalinidade pode-se utilizar o método padrozinado APHA 2320 – B (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 153).
  • 32. 32 2.3.4 Metais Residuais (Alumínio e ferro) A presença de metais na água pode causar danos à saúde assim como ser benéfico. Alguns tipos de metais são essenciais para a vida, em concentrações baixas. O ferro metálico (Fe0 ) em contato com água ou oxigênio oxida-se para suas formas iônicas. Em pHs próximos a 7 esses íons são pouco solúveis e acabam complexando-se, o que dá origem aos óxidos férricos. Os óxidos precipitam-se no tratamento ou na rede de distribuição, não agregando riscos ao consumo. Por isso, não é apresentado método de análise. O sal sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) é utilizado no processo como agente floculante, responsável por adensar as partículas suspensas em água. Por outro lado, seu resíduo pode ser um problema. Em água com pH menor que 4 sua presença é maior na forma catiônica e em pH neutro ele tende a formar ligações (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 297). 2.3.4.1 Métodos envolvidos Para análise de íons em solução, é utilizado espectroscopia de absorção ultravioleta (100 < λ < 400 nm) e visível (400 < λ < 800 nm). O princípio dessa tecnologia é a absorção eletromagnética, ou seja, a absorção de energia por parte dos átomos promove um elétron para bandas de maior energia. A quantidade de luz absorvida (energia) de um determinado comprimento de onda (λ) é absorvida de forma específica pelos átomos, portanto, relaciona-se com a natureza do átomo, concentração dele em solução e do percurso que essa luz faz na amostra (MARTINHO, 1994). 𝐼 = 𝐼010−𝜀𝑐𝑏 (10) onde I= intensidade do feixe de luz transmitido; I0= intensidade do feixe de luz incidente (paralelo e monocromático de comprimento de onda λ); ε= coeficiente de absorção molar relativo ao λ (L.mol-1 .cm-1 ); b= percurso óptico da radiação no meio (cm); c= concentração da espécie absorvente (mol.L-1 ). figura 8- Esquema dos processos recorrentes da incidência de radiação eletromagnética em amostra.
  • 33. 33 Fonte: MARTINHO (1994) O método de análise de íons de ferro utilizam um kit comercial como reagente chamado FerroVer (Merck) que é projetado para análises de 10 mL. A leitura é feita em espectrômetros de absorção UV e não é preparada curva porque os equipamentos já vêm programados para isso, tanto o Spectroquant Move da Merck, quando no Nova 60A da Merck e DR890 da Hach (ETAs). O método de teste de íons de Al+3 utilizado no SAMAE envolve um kit com três sachês, também para 10 mL que são para espectrômetros de absorção UV. O método APHA 3500-Al- B traz o uso do corante Eriochrome cyanine R. Este composto orgânico se complexa com os íons de alumínio presentes na amostra, influenciando sua coloração. É utilizado ácido ascórbico para remover a interação de outros íons metálicos (Fe+2 , Fe+3 e Mn+2 ) (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 297). O alumínio não é essencial para plantas e animais, e em concentrações acima de 1,5 mg/L ele é tóxico para vida marinha, apresentando risco mínimo acima de 0,2 mg/L. O indicado pela Food and Agricullture Organization é de até 5 mg/L para irrigação na agricultura. Há suspeitas de correlação de acúmulo de alumínio no corpo com a doença Alzheimer (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 297). O limite estabelecido para resíduo de alumínio no anexo X da portaria Nº 2914/11 é de 0,2 mg/L. O sulfato de alumínio utilizado para o tratamento da água deve atender às normas NBR 11176/2013 - Sulfato de alumínio para aplicação em saneamento básico — Especificação técnica, amostragem e métodos de ensaios.
  • 34. 34 2.3.5 Cloro Residual O cloro é um agente oxidante forte. Sua reação se dá com cinética alta com vários compostos inorgânicos e mais lentamente com compostos orgânicos. Sua adição no tratamento de água visa, portanto, a eliminação de componentes prejudiciais à saúde através da degradação e oxidação (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 405). A cloração pode agregar características à água como gosto e cheiro, formar compostos com potencial cancerígeno como os Trihalometanos (THM), formar combinações com amônia ou amina formando cloraminas que trazem prejuízos à vida aquática. Para dosagem de cloro, há duas rotas utilizadas. A primeira é a dosagem de solução de hipoclorito de sódio adquirido nessa combinação. Em água, ocorre a dissociação do sal (equação 11) para formar o cloro livre, consistindo de cloro molecular aquoso, ácido hipocloroso e íon hipoclorito. A proporção relativa dessas formas de cloro livre é dependente do pH e da temperatura. No pH da maioria das águas predominará ácido hipocloroso que dá origem ao íon hipoclorito (equação 12): 𝑁𝑎𝐶𝑙𝑂(𝑎𝑞) + 𝐻2𝑂(𝑙) ↔ 𝐻𝐶𝑙𝑂(𝑎𝑞) + 𝑁𝑎𝑂𝐻(𝑎𝑞) (11) 𝐻𝐶𝑙𝑂(𝑎𝑞) + 𝐻2𝑂(𝑙) ↔ 𝐻3𝑂 + (𝑎𝑞) + 𝐶𝑙𝑂− (𝑎𝑞) (12) A segunda rota utilizada é representada pelas equações 13, 14 e 15. A rota consiste na eletrólise de solução aquosa de sal cloreto de sódio, que origina o cloro (molecular) e através da sua hidrólise, obtêm-se o íon hipoclorito: 2 ∙ 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑠) + 2 ∙ 𝐻2𝑂(𝑙) → 2 ∙ 𝑁𝑎+ (𝑎𝑞) + 2 ∙ 𝑂𝐻− (𝑎𝑞) + 𝐶𝑙2(𝑔) + 𝐻2(𝑔) (13) 𝐶𝑙2(𝑔) + 2 ∙ 𝑂𝐻− (𝑎𝑞) → 𝐻2𝑂(𝑙) + 𝐶𝑙𝑂− (𝑎𝑞) + 𝐶𝑙− (𝑎𝑞) (14) 2 ∙ 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑠) + 𝐻2𝑂(𝑙) → 𝑁𝑎𝑂𝐶𝑙(𝑎𝑞) + 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑎𝑞) + 𝐻2(𝑔) (15) Em amostras de águas tratadas os resultados devem estar em conformidade com Anexo XX Portaria de Consolidação GM/Ministério da Saúde n° 05/2017 que determina a obrigatoriedade de se manter, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede). Recomenda, ainda, que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.
  • 35. 35 2.3.5.1 Métodos envolvidos O método de análise para cloro livre e total é baseado no item do Standard APHA 4500-Cl G com algumas simplificações. As etapas do Standard utilizadas são a “c” e “h”. Em vez de serem preparados reagentes, são utilizados Kits comerciais (DPD livre e Total) que são adicionados a 10 mL de água de amostra e deixados em repouso por 3 minutos para leitura. O cloro presente na amostra na forma de ácido hipocloroso ou íon hipoclorito (cloro livre) reage com o indicador DPD (N,N-dietil-p-fenilenodiamina) desenvolvendo uma coloração rosa. A intensidade da coloração é proporcional à concentração de cloro na amostra. O cloro combinado pode ser formado no tratamento da água bruta que contém amônia ou pela adição de sais de amônia ou amônio (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2017, p. 405). É utilizada espectroscopia de absorção ultravioleta e visível que utilizam curvas pré-programadas nos equipamentos. 3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO Para que o trabalho técnico seja de qualidade, gerando uma água de excelência para a população, a ABNT, órgão responsável pela NBR ISO/IEC 17025 é hoje, um dos objetivos específicos da gerência, e consequentemente, da equipe técnica responsável pela qualidade da água. Campos (2015) em sua obra “ISO 9001:2015 – Princípios e Requisitos” traz como parte da busca da excelência o que ele chama de “os três E’s” que são estratégia, eficácia e empenho. Criar uma estratégia atrelada a um prazo e por isso, ter eficácia, para que se atinjam os resultados buscados. O autor traz o empenho como forma de atingir os outros dois objetivos. De forma mais técnica, as organizações devem ter como pilares: a) organização interna: estabelecimento de cronogramas, protocolos e caminhos de solução de problemas de rotina; b) desempenho interno: acompanhamento e controle do trabalho dos colaboradores para que as prioridades dos usuários sejam atendidas; c) desempenho comercial: associação de resultados à marca da empresa, divulgando os aprimoramentos aos usuários; d) economia e redução dos desperdícios: o remanejamento de equipamentos e insumos e a reutilização de materiais, além do tratamento de resíduos;
  • 36. 36 e) aumento e satisfação dos clientes: contato e coleta de informações sobre a satisfação dos usuários e ações corretivas às demandas e reclamações dos mesmos; f) controle da direção; g) motivação e participação dos colaboradores: integrar a equipe na busca dos objetivos estabelecidos através da boa comunicação, buscando a motivação e melhores resultados. 3.1 OBJETIVOS DAS ATIVIDADES 3.1.1 Objetivo Geral O objetivo geral do estágio é o aprimoramento contínuo da qualidade da água. 3.1.2 Objetivos Específicos Organização interna dos dados para verificação de qualidade e controle de estoques. Definição de cronogramas de compras através das estimativas anuais de consumo de insumos. 3.2 MÉTODOS Para atingir os objetivos organização interna e desempenho interno, auditorias diárias são feitas nas ETAs, onde é acompanhada a equipe de colaboradores através das informações que são levantadas por eles. A produção de dados do estagiário é uma forma de comparar, diariamente, a precisão dos dados do tratamento. Além do levantamento dos dados, é feito o pareamento manual dos dados levantados pelos colaboradores (servidores e estagiários) e análise dessas informações. Todos os dias, às 6 h e às 18 h são levantados os parâmetros físico-químicos da água (primeira coluna da Tabela 7 e Tabela 8), de duas em duas horas são coletadas amostras e analisada a qualidade da água tratada (Tabela 10) e os parâmetros de processo (Tabela 11). Os resultados são transmitidos ao sistema, onde posteriormente são organizados em planilhas para que haja uma conferência e análise estatística. O responsável pelas análises é o engenheiro.
  • 37. 37 Tabela 5- Parâmetros avaliados pelos colaboradores. Fonte: SAMAE (2020). Tabela 6- Análises Físico- químicas feitas no dia 03 de abril de 2020 na ETA Celeste Gobbato. CARACTERES FÍSICO QUÍMICOS PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUA ETAPAS DE PROCESSO Frequência (vezes por dia) Frequência (vezes por dia) Frequência (vezes por dia) 2 12 12 Parâmetros Parâmetros Parâmetros AT Temperatura (ºC) Turbidez (uT) Turbidez Água Bruta [unT] AT Cor Aparente (uH) Cor Aparente (uH) Aplicação de Sulfato de Alumínio [mL/15s] AT pH ATR pH Rotâmetro: cloro - desinfecção [kg/dia] AT Ferro (mgFe/L) Fluoreto (mg F/L) Turbidez Água Decantadores - D1 e D2 [unT] AT Turbidez (unT) Cloro Livre (mg Cl2/L) Turbidez Água Decantada - D2 [unT] AT Alcalinidade (mgCaCO3/L) Cloro Total (mg Cl2/L) Turbidez Água Filtros - F1, F2, F3,F4 [unT] AT Oxigênio (mgO2/L) Turbidez Água Tempo Real [unT] AT Alumínio (mgAl/L) Turbidez Água Tratada [unT] AB Temperatura (ºC) Média da Turbidez Decantadores [unT] AB Cor Aparente (uH) Média da Turbidez Filtros [unT] AB pH Turbidez Água Tempo Real [unT] AB Turbidez (unT) Média da Turbidez Decantadores [unT] AB Alcalinidade (mgCaCO3/L) Média da Turbidez Filtros [unT] AB Oxigênio (mgO2/L)
  • 38. 38 Temper atura (ºC) Cor Aparente (uH) pH Fe +2 (mgFe/L) Turbidez (unT) Alcalinidade (mgCaCO3/L) O2 (mgO2/L) Al +3 (mgAl/ L) Água Bruta 6h 19 9 6,8 2,03 25 6,2 Água tratada 6h 18 1 6.3 0.00 0.13 16 8 0.00 Água Bruta 18h 19 10 6,8 2,15 30 2,8 Água tratada 18h 19 1 6.2 0.00 0.11 19 6,8 0.00 Fonte: SAMAE (2020). Tabela 7- Análises do processo feitas no dia 03 de abril de 2020 na ETA Celeste Gobbato. Fonte: SAMAE (2020). Data Hora Turbidez (unT) Cor (uH) pH Fluoreto (mg/L) Cloro Livre (mg/L) Cloro Total (mg/L) Status 03/04/20 12:00:00 AM 0.14 0.8 6.65 0.72 0.95 03/04/20 2:00:00 AM 0.14 1.0 6.60 0.73 1.20 03/04/20 4:00:00 AM 0.12 1.3 6.41 0.72 1.12 03/04/20 6:00:00 AM 0.14 0.7 6.38 0.73 1.21 03/04/20 8:00:00 AM 0.12 1.0 6.35 0.76 1.10 03/04/20 10:00:00 AM 0.15 0.4 6.40 0.75 1.07 03/04/20 12:00:00 PM 0.17 1.0 6.37 0.77 0.88 03/04/20 2:00:00 PM 0.17 1.2 6.38 0.82 0.92 03/04/20 4:00:00 PM 0.16 1.2 6.41 0.89 1.12 03/04/20 6:00:00 PM 0.16 1.0 6.39 0.83 1.18 03/04/20 8:00:00 PM 0.12 1.1 6.30 0.81 1.21 Não registrado 03/04/20 10:00:00 PM 0.11 1.0 6.24 0.80 1.24 02/04/20 12:00:00 AM 0.13 0.9 6.40 0.75 1.02
  • 39. 39 Tabela 7- Análises das etapas de processo feitas no dia 03 de abril de 2020 na ETA Celeste Gobbato. Intervalo coleta Turb. Água Bruta [unT] Al2(SO4) 3 [mL/15s] Cloro [kg/dia] Turb. Água Dec. - D1 [unT] Turb. Água Dec. - D2 [unT] Turb. Água Filtro 1 [unT] Turb. Água Filtro 2 [unT] Turb. Água Filtro 3 [unT] Turb. Água Filtro 4 [unT] Turb. Água Tempo Real [unT] Turb Água Tratada [unT] OBS. 03-04 01:00 1.85 84 45.0 0.53 0.47 0.14 0.18 0.15 filtro 3 em processo de lavagem. 03-04 03:00 2.04 86 44.0 0.72 0.42 0.12 0.13 0.13 0.11 03-04 05:00 2.17 86 43.0 0.75 0.43 0.12 0.12 0.12 Filtro 04 em processo de lavagem. 03-04 07:00 2.03 86 42.0 0.73 0.42 0.14 0.12 0.13 0.19 03-04 09:00 2.10 82 42.0 0.71 0.54 0.14 0.11 0.12 0.12 03-04 11:00 2.46 100 50.0 0.70 0.49 0.13 0.18 0.12 0.11 03-04 13:00 2.65 102 50.0 0.73 0.59 0.18 0.16 0.10 03-04 15:00 2.54 102 57.0 0.69 0.92 0.13 0.13 0.18 0.14 03-04 17:00 2.66 102 57.0 0.94 0.65 0.11 0.16 0.16 03-04 19:00 2.22 104 57.0 0.88 0.60 0.13 0.12 0.13 0.12 03-04 21:00 1.92 102 55.0 0.57 0.56 0.11 0.12 0.11 filtro 02 em retro lavagem 03-04 23:00 1.97 76 40.0 0.75 0.55 0.12 0.13 0.11 0.12 Fonte: SAMAE (2020).
  • 40. 46 Estes parâmetros são levantados em todas as ETAs em funcionamento (seis ETAS até abril de 2020). Após, é feita identificação de anomalias e possíveis erros de processo através de desvios de valores habituais, alterações dos dados relativos à qualidade ou à ausência. Quanto à economia e redução dos desperdícios, é feita uma análise dos resultados para as dosagens dos insumos, buscando-se uma aplicação correta ao tratamento, evitando desperdícios. 3.1.1 Ensaios Realizados 3.1.1.1 Remoção de íons Mn(II) Foram feitos ensaios de coagulação Jar Test com amostras de água da represa Maestra. Buscou-se a remoção de íons Mn(II) através da adição de Dióxido de cloro e adsorção com carvão ativo. Tabela 8- distribuição das dosagens e sequência dos insumos para remoção do íon Mn(II). Al2(SO4)3 (ppm) Ponto de Aplicação ClO2 (ppm) Ponto de Aplicação Carvão Ativado (ppm) Ponto de Aplicação Jarro 1 20 início da agitação rápida 0 Jarro 2 20 início da agitação rápida 0 30 meio da agitação lenta Jarro 3 20 início da agitação rápida 3 início da agitação lenta 30 meio da agitação lenta Fonte: o Autor (2020). 3.1.1.2 Estimativa de dosagem de coagulante Com o objetivo de obter uma coagulação eficiente sem deixar alumínio residual, foram feitos ensaios de coagulação Jar Test com cinco amostras de água bruta da represa Maestra, as quais receberam diferentes dosagens de Al2(SO4)3 e analisou-se a correlação entre os parâmetros físicos (cor, turbidez e pH) na
  • 41. 47 dosagem excedente de coagulante. Os intervalos de dosagem de coagulante foram de 10 ppm até 50 ppm. Tabela 9- Caracterização das amostras de água bruta. Cód. Água Cor aparente (Uh) turbidez (unT) pH AB1 12.2 2.60 7.23 AB2 12.9 2.73 7.10 AB3 16.9 5.05 6.95 AB4 18.4 2.77 6.93 AB5 17.1 2.33 6.95 Fonte: o Autor (2020). 3.2 RESULTADOS Tabela 10- Resultados obtidos do estudo 3.1.1.1 Remoção de íons Mn(II) Caracterização da água bruta Análise da água clarificada Análises da água filtrada Jarro 1 Jarro 2 Jarro 3 Jarro 3 - filtrada Cor aparente (Uh) 20.5 7.9 8.4 15 1.8 turbidez (unT) 4.73 2.13 4.14 4.71 0.16 pH 6.71 6.37 6.62 6.52 6.58 Manganês (mg/L) 0.753 0.04 Fonte: o Autor (2020). Para o 3.1.1.2, estimativa de dosagem de coagulante, obteve-se os seguintes comportamentos dos parâmetros cor (Figura 7), turbidez (Figura 8) e pH (Figura 9) o que nos permitiu concluir que a cor e a turbidez apresentam uma inflexão entre as dosagens 10 ppm e 30 ppm, que seriam dosagens indicadas ao processo. Fora desse intervalo os valores aumentam. O pH não se apresentou com o um parâmetro que permite analisar a eficiência da coagulação, visto que ele apresenta comportamento linear decrescente, de acordo com presença de íons acidificantes em solução.
  • 42. 48 Tabela 11- Resultados de cor, turbidez e pH para as análises realizadas, de acordo com dosagem de coagulante (sulfato de alumínio). Cód. Água Al2(SO4)3 (ppm) cor turbidez pH Al resid (mg/L) AB1 0 12.2 2.6 7.23 AB1 20 5.6 1.04 6.69 0.19 AB1 26 2.5 0.49 6.41 0.15 AB1 32 3.6 0.74 6.23 AB2 0 12.9 2.73 7.1 AB2 38 5.1 1.02 6.02 AB2 44 6.8 1.27 5.85 0.15 AB2 50 6.6 1.44 5.79 0.32 AB3 0 16.9 5.05 6.95 AB3 20 3.3 0.62 6.14 0.06 AB3 26 3.7 0.72 5.8 AB3 32 4.6 0.84 5.99 AB3 38 5.8 1.11 5.97 AB3 44 7.9 1.6 5.82 AB3 50 7.7 1.49 5.61 0.3 AB4 0 18.4 2.77 6.93 AB4 10 14.1 2.65 6.75 AB4 13 8.8 1.56 6.64 AB4 16 7.2 1.23 6.52 AB4 19 7.3 1.3 6.45 AB4 22 6.6 1.15 6.51 AB4 25 7.4 1.24 6.36 AB5 0 17.1 2.33 6.95 AB5 25 7.6 1.46 6.6 AB5 28 6.9 1.26 6.44 AB5 31 7.9 1.51 6.33 AB5 34 7.8 1.45 6.25 AB5 37 8.1 1.54 6.15 Fonte: o Autor (2020).
  • 43. 49 Figura 9- gráfico da relação dosagem de coagulante x cor aparente. Fonte: o Autor (2020). Figura 10- gráfico da relação dosagem de coagulante x turbidez. Fonte: o Autor (2020). 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 10 20 30 40 50 60 Cor aparente (Uh) Al2(SO4)3 (ppm AB1 AB2 AB3 AB4 AB5 0 1 2 3 4 5 6 0 10 20 30 40 50 60 turbidez (unT) Al2(SO4)3 (ppm) AB1 AB2 AB3 AB4 AB5
  • 44. 50 Figura 11- gráfico da relação dosagem de coagulante x pH. Fonte: o Autor (2020). 3.4 CONCLUSÃO Nenhum estudo realizado pode ser considerado como finalizado ou determinante. São necessários mais tempo e repetições para poder concluir um comportamento. Além disso, a água muda sua composição e característica diariamente, o que não traz uma conclusão com aplicação a longo prazo. O SAMAE é uma Instituição que apresenta bons índices nacionais e atende quase a totalidade da população caxiense. Possui diversos setores técnicos de grande responsabilidade, visto que o abastecimento de água potável e tratamento de efluentes têm um impacto sócio- ambiental imenso e irremediável. Por isso, diariamente é preciso acompanhamento da qualidade da água fornecida à população. As centenas de milhares de análises anuais (420 mil) são resultado desse comprometimento do SAMAE com a qualidade. O tempo de estágio obrigatório (cerca de 180 dias) não foram suficientes para que se obtivessem resultados de experimentos conclusivos. No caso do estágio não – obrigatório que vem desde outubro de 2019 abrange atividades de diferentes áreas, que não apenas engenharia, e não foram direcionadas para estudos analíticos. Entretanto, as atividades desenvolvidas no estágio envolveram trabalho de auditorias, auxílio ao laboratório de controle de qualidade e auxílio administrativo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 10 20 30 40 50 60 pH Al2(SO4)3 (ppm) AB1 AB2 AB3 AB4 AB5
  • 45. 51 à gerência de tratamento de água e permitiu o conhecimento técnico e interpessoal da equipe técnica. A motivação e participação são as inspirações para executar o trabalho, na busca da entrega de resultados e comprometimento com as tarefas desempenhadas. REFERÊNCIAS AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION; AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION, WATER ENVIRONMENT FEDERATION. Standard methods for the examination of water and wastewater, ed. 20, 2017. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Relatório conjuntura de recursos hídricos do Brasil, 2018. Disponível em: http://conjuntura.ana.gov.br/. Acesso em: 14 maio. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR nº 12216 - Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público - Procedimento, Rio de Janeiro: ABNT, 1992. Disponível em: acervo do SAMAE. Acesso em: 14 maio. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR nº 17025 - Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração, Rio de Janeiro: ABNT, 2017. Disponível em: acervo do SAMAE. Acesso em: 14 maio. 2020. ATKINS, Peter William. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. BUTLER, J. Carbon dioxide equilibria and their applications, 1982. Disponível em: encurtador.com.br/osxL9. Acesso em: 14 maio. 2020. CALHA PARSHALL. Fenômenos da Engenharia, 2010. Disponível em: http://fenomenosdaengenharia.blogspot.com/2013/06/calha-parshall.html. Acesso em: Acesso em 14 maio. 2020. CAMPOS, W., ISO 9001:2015 - Princípios e Requisitos, 2015. Livro físico. Disponível em acervo pessoal. CENTRO DE ESTUDOS EM REGULAÇÃO E INFRAESTRUTURA. Reformulação do Marco Legal do Saneamento no Brasil, Repositório Digital FGV , 2019. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/17236. Acesso em: 14 maio. 2020. CONAMA. Resolução nº 274 - Define os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, Portal da Qualidade da Água, 2001. Disponível em: http://pnqa.ana.gov.br/Publicacao/Resolu%C3%A7%C3%A3o_Conama_274_Balnea bilidade.pdf. Acesso em: 14 maio. 2020. DI BERNARDO, Luiz; BOTARI, Alexandre; SABOGAL-PAZ, Lyda Patrícia. Uso de modelação matemática para projeto de câmaras mecanizadas de floculação em
  • 46. 52 série em estações de tratamento de água. Engenharia sanitária e ambiental, Rio de Janeiro, v.10, n. 1, p. 82-90, jan./mar. 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-41522005000100010. Acesso em: 14 maio. 2020. HANSEN, Tue H. et al. The effect of drinking water pH on the human gut microbiota and glucose regulation: results of a randomized controlled cross- over intervention. Scientific Reports, v. 8, n. 16626, 12 p., Nov. 2018. DOI: https://doi.org/10.1038/s41598-018-34761-5. Acesso em: 14 maio. 2020. KLOK, Simone Maria. Avaliação da supersaturação na formação da camada de FeCO3 no processo corrosivo do aço carbono em meio de NaCl saturado com CO2. 2017. 130 F. Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais). ® Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2017. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/53496/R%20-%20T%20- %20SIMONE%20MARIA%20KLOK.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 14 maio. 2020. O'SHEA, Timothy A.; MANCY, Khalil H. The effect of pH and hardness metal ions on the competitive interaction between trace metal ions and inorganic and organic complexing agents found in natural waters. Water Research, [S.I.], v. 12, n. 9, p. 703-711, 1978. Disponível em: https://deepblue.lib.umich.edu/bitstream/handle/2027.42/22766/0000321.pdf;sequenc e=1. Acesso em: 14 maio. 2020. MARTINHO, J. M. G., Espectroscopia de absorção no ultravioleta e visível, Centro de Química- Física Molecular, v. 52, p. 44-48, 1994. Disponível em: encurtador.com.br/gnoqB. Acesso em: 28 maio. 2020. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, Diário Oficial da União, 2019. Disponível em: http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-635-de-10-de-julho-de- 2019-191674524. Acesso em: 14 maio. 2020. MORUZZI , Rodrigo Braga; DE OLIVEIRA, Samuel Conceição. Mathematical modeling and analysis of the flocculation process in chambers in series. Bioprocess and Biosystems Engineering, [S.I.], v. 36, n. 3, p. 357–363, 2013. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/igce/planejamento/download/rodrigo/mathematical_modeling. pdf. Acesso em: 14 maio. 2020. MOTTER, Juliana et al. Análise da concentração de flúor na água em Curitiba, Brasil: comparação entre técnicas. Revista Panamericana de Salud Publica, Washington, v. 29, n. 2, p. 120-125, 2011. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/rpsp/2011.v29n2/120-125/pt/. Acesso em: 14 maio. 2020. OLIVEIRA, Gesner; SCAZUFCA, Pedro; MARGULIES, Beatriz Nogueira. Ranking do saneamento instituto Trata Brasil 2020 (SNIS 2018). São Paulo, março de 2020. 133p. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/estudos/estudos- itb/itb/ranking-do-saneamento-2020 . Acesso em: 14 maio. 2020.
  • 47. 53 PICKERING, R. J. Measurement of "turbidity" and related characteristics of natural waters. US Department of the Interior, Geological Survey, 1976. Disponível em: https://books.google.com.br/books/about/Measurement_of_turbidity_and_Related_C ha.html?id=xkcSzQEACAAJ&redir_esc=y. Acesso em: 14 maio. 2020. PORTAL TRATAMENTO DE ÁGUA, Dióxido de Cloro: uma solução sustentável para desinfecção de água de reuso, 2012. Disponível em: tratamentodeagua.com.br/artigo/dioxido-de-cloro-uma-solucao-sustentavel-para- desinfeccao-de-agua-de-reuso/. Acesso em: 14 maio. 2020. PUC - Rio, Adsorção em carvão ativado e outros materiais. Acervo digital disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10607/10607_4.PDF. Acesso em: 28 maio. 2020. RUSSELL, John. B. Química geral. Editora McGraw-Hill, 1982. 504 p. SAMAE - SERVIÇO AUTÔNOMO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTO. Histórico. 2015, Disponível em: https://www.samaecaxias.com.br/Pagina/Index/6. Acesso em: 14 maio. 2020. SELLIN, J.; MACHADO, F. M. Panorama setorial 2015-2018. Saneamento básico. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Brasil), 2019. Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/handle/1408/17643. Acesso em: 14 maio. 2020. SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO. 24º Diagnóstico dos serviços de água e esgoto. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. 2018. Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnosticos/agua-e-esgotos. Acesso em: 16 jun. 2020. THORNE, R. S. W. Application of Formazin Standards to Nephelometric Estimation of Beer Turbidity. Journal of the Institue of Brewing, [S.I.], v. 67, n. 2, p. 191-199, 1961. DOI: https://doi.org/10.1002/j.2050-0416.1961.tb01779.x. Acesso em: 14 maio. 2020. VIANNA, Marcos Rocha; SAMAE Caxias; Nova configuração dos floculadores e reestudo da remoção de lodo dos decantadores. Acervo interno. Caxias do Sul, 2010. VIANNA, Marcos Rocha; RIPPEL, Edson Charles. Reforma dos filtros da estação de tratamento de água – eta – paruqe da imprensa utilizando tubos de polietileno de alta densidade em seus sistemas de drenagem e lavagem com ar e água. Construindo, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p.50-56, jan./jun. 2011. Disponível em: http://www.fumec.br/revistas/construindo/article/view/1767. Acesso em: 14 maio. 2020. CAMPOS, Sandro Xavier; DI BERNARDO, Luiz; VIEIRA, Eny M. Influência das características das substâncias húmicas na eficiência da coagulação com sulfato de alumínio. Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p. 194-199, jul./set. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/esa/v10n3/a03v10n3. Acesso em: 14 maio. 2020.