Definição
➔ Síndrome geriátrica, um dos “gigantes”.
➔ Multifatorial:
“O processo onde ocorre uma
ineficiência, ou até mesmo
ausência, na interação entre a
família, parentes, amigos e
vizinhos.” (ROCHA et al., 2019)
(MORAES;
MARINO;
SANTOS,
2010)
Definição
Processo psicossocial de estrutura complexa, fundado em:
➔ Informação,
aconselhamento e ajuda
instrumental;
➔ Detecção de alterações
funcionais, psíquicas e
fisiológicas.
➔ Contato com amigos e
vizinhos;
➔ Envolvimento com a
comunidade;
➔ Tipo e número de laços
sociais, estrutura,
reciprocidade, função,
engajamento social
(SOUZA et al., 2015)
Baixo apoio
social
Baixo apoio familiar -
Vínculo familiar
prejudicado
“Apoio social total”
Etiologia, história e epidemiologia
Redução das taxas
de mortalidade
Desenvolvimento das
forças produtivas +
inovações médicas
Transformações no
comportamento de massa
+ “avanço do bem-estar”
Redução das taxas
de natalidade
Transição
demográfica
(ALVES, 2008)
➔ O Brasil e a América Latina encontram-se em uma fase intermediária da
transição demográfica
➔ Base da pirâmide etária diminuída e mudança do quadro epidemiológico
Etiologia, história e epidemiologia
➔ O processo de envelhecimento traz
consigo mudanças fisiológicas que são
universais e que se manifestam
mesmo na ausência de outras
comorbidades (ROCHA et al., 2019)
➔ Aumento do número de idosos > 80
anos, polifarmácia, analfabetismo -
“inversão de papéis” (ALMEIDA, 2013)
➔ Risco de institucionalização, maus
tratos, isolamento social etc.
➔ Hierarquia familiar;
➔ É preciso flexibilidade e
adaptabilidade;
➔ Velhice = último estágio
do ciclo de vida familiar;
(Tratado de geriatria e gerontologia, 2006)
Elementos Determinantes da Insuficiência Familiar
2) Conflitos Intergeracionais
Baixo sentimento de
“piedade filiar”
Baixas expectativas
culturais de fraternidade
Afiliação familiar
prejudicada
Perda do valor cultural
de “autoridade” e
“respeito” entre
membros da família
Conflitos
entre
gerações
↓ vínculo com a
pessoa idosa;
isolamento social.
(SOUZA et al., 2015)
Elementos Determinantes da Insuficiência Familiar
2) Conflitos Intergeracionais
Homens e mulheres envelhecem de forma diferente
➔ Transmissores de valores;
➔ Conciliadores;
➔ Provedores;
➔ Norteadores do
comportamento familiar.
➔ Posição era definida pelos
homens;
➔ Abandono da vida
profissional;
➔ Responsabilidade pela casa e
filhos.
➔ Dificuldade em
aceitar mudanças
dos papéis
geracionais =
conflitos;
➔ Recusa em aceitar
suporte = estresse
familiar.
Consequências:
(FREITAS et al., 2006; SOUZA et al., 2015)
Elementos Determinantes da Insuficiência Familiar
3) Comprometimento das Relações Familiares
Baixo apoio familiar
Fonte de informação e
aconselhamento
precária
Falta de participação no
cuidado da saúde
Desaprovação/rejeição
das decisões ou
comportamentos
➔ Sensação de
inutilidade;
➔ Isolamento
social;
➔ Redução da
autoestima;
➔ Declínio
Funcional;
➔ Depressão.
(SOUZA et al., 2015)
Elementos Determinantes da Insuficiência Familiar
4) Vulnerabilidade Social da Família
Problemas sociais
Desgaste dos vínculos
por problemas da vida
moderna
➔ Exarcebamento
das más
condições de
saúde;
➔ Declínio
emocional;
➔ Isolamento
Social.
(SOUZA et al., 2015)
Consequências da Insuficiência Familiar no Idoso
Institucionalização
Depressão
Saúde física
prejudicada
Insatisfação
Menor
qualidade
de
vida
Declínio
Funcional Declínio
da
saúde
psicológica
Vulnerabilidade
social
Envelhecimento
mal sucedido
(SOUZA et al., 2015)
➔ Estudo quantitativo e transversal realizado com 384 idosos;
➔ O grau de fragilidade física entre os idosos é diretamente
proporcional ao nível de Disfunção Familiar.
(SETOGUCHI et al., 2022)
Apgar da Família
Itens Sempre Algumas Vezes Nunca
Estou satisfeito(a) pois posso recorrer à minha família em
busca de ajuda quando alguma coisa está me incomodando
ou preocupando.
2 1 0
2) Estou satisfeito(a) com a maneira pela qual minha família
e eu conversamos e compartilhamos os problemas.
2 1 0
3) Estou satisfeito(a) com a maneira como minha família
aceita e apoia meus desejos de iniciar ou buscar novas
atividades e procurar novos caminhos ou direções.
2 1 0
4) Estou satisfeito(a) com a maneira pela qual minha família
demonstra afeição e reage às minhas emoções, tais como
raiva, mágoa ou amor.
2 1 0
5) Estou satisfeito(a) com a maneira pela qual minha família
e eu compartilhamos o tempo juntos.
2 1 0
Apgar da Família
07 a 10 Boa Funcionalidade Familiar
05 a 06 Moderada Disfunção Familiar
0 a 04 Elevada Disfunção Familiar
Interpretação do Escore Total
Seguimento
Psicológico
Especialmente os idosos em
ILPs
Psiquiátrico
Clínico
Social
Rede de apoio social e familiar
é indispensável. A reinserção
familiar pode ser considerada.
01
02
03
04
(SOUZA et al., 2015)
● Síndrome da Fragilidade identificada em 70% dos participantes
● 80% reprovados nos testes de cognição realizados
Melo et al., 2018
● Aplicaram MM e EDG
● Predomínio feminino, viúvos e solteiros, com baixa escolaridade e
situação financeira precária, e a maioria, sem filhos.
● 95% relatou ter de duas a três doenças crônicas e fazer uso diário de três
ou mais medicamentos.
● 55% apresentaram sintomas depressivos e morbidades associadas Guths et al., 2017
João G. M., 79 anos
● Hipertenso, diabético e tabagista.
Tem amputação de membro inferior
direito a nível de joelho devido a
vasculopatia diabética, se
locomovendo por cadeira de rodas.
● Sem histórico demencial, embora
relato de sua cuidadora (neta) sobre
personalidade teimosa e agressiva.
João G. M., 79 anos
História de internação no HMGV por
dispneia associada a sintomas
gripais em setembro de 2020. À
admissão foi testado para COVID-19
com resultado reagente. Evoluiu
com pneumonia bacteriana e
necessidade de ventilação
mecânica com intubação
orotraqueal por 16 dias,
apresentando boa evolução clínica,
recebendo alta hospitalar em
novembro de 2020.
À ocasião da alta,
Os familiares se recusaram a buscar o idoso, relatando
desistência dos cuidados do paciente, que tinha
mobilidade reduzida e “dava muito trabalho”.
Foram acionados órgãos jurídicos para responsabilização
dos familiares, e no intercorrer do processo o paciente
foi referenciado para o Lar dos Velhinhos onde ficaria
temporariamente.
Em 35 dias de permanência na casa de
repouso:
Desenvolveu Amnésia retrógrada e anterógrada e Incontinência urinária, sendo
iniciado o tratamento urológico e neurológico, sem boa resposta.
Em 9 dias evoluiu para restrição ao leito por imobilidade não explicada, confusão
mental e irritabilidade.
Em 35 dias de permanência na casa de
repouso:
Desenvolveu Amnésia retrógrada e anterógrada e Incontinência urinária, sendo
iniciado o tratamento urológico e neurológico, sem boa resposta.
Em 9 dias evoluiu para restrição ao leito por imobilidade não explicada, confusão
mental e irritabilidade.
Em 35 dias de permanência na casa de
repouso:
Desenvolveu Amnésia retrógrada e anterógrada e Incontinência urinária, sendo
iniciado o tratamento urológico e neurológico, sem boa resposta.
Em 9 dias evoluiu para restrição ao leito por imobilidade não explicada, confusão
mental e irritabilidade.
21 dias depois foram percebidos sinais de paralisia
hemifacial e liberação esfincteriana, sendo o paciente
encaminhado para a emergência, onde recebeu
diagnóstico de AVE.
Foi internado na UTI, evoluindo para óbito em 3 dias.
Em 35 dias de permanência na casa de
repouso:
Desenvolveu Amnésia retrógrada e anterógrada e Incontinência urinária, sendo
iniciado o tratamento urológico e neurológico, sem boa resposta.
Em 9 dias evoluiu para restrição ao leito por imobilidade não explicada, confusão
mental e irritabilidade.
21 dias depois foram percebidos sinais de paralisia
hemifacial e liberação esfincteriana, sendo o paciente
encaminhado para a emergência, onde recebeu
diagnóstico de AVE.
Foi internado na UTI, evoluindo para óbito em 3 dias.
Considerando que o paciente apresenta uma história
clínica típica de debilidade por Síndrome da
Insuficiência Familiar, qual tratamento poderia ter
sido indicado no início do quadro para reverter a
evolução negativa?
Considerando que o paciente apresenta uma história
clínica típica de debilidade por Síndrome da
Insuficiência Familiar, qual tratamento poderia ter
sido indicado no início do quadro para reverter a
evolução negativa?
Considerando que o paciente apresenta uma história
clínica típica de debilidade por Síndrome da
Insuficiência Familiar, qual tratamento poderia ter
sido indicado no início do quadro para reverter a
evolução negativa?
Psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico
O idoso e a Família
https://www.youtube.com/watch?v=WlUeg80KbXU
Referências
ALMEIDA, Michelli Aparecida Brandes de. A insuficiência familiar no cuidado ao idoso e seus reflexos na atenção
primária a saúde. UFMG, Belo Horizonte, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-
9DEHG2/1/ultima_vers_o_tcc.pdf. Acesso em 4 nov. 2022.
ALVES, José Eustáquio Diniz. A transição demográfica e a Janela de Oportunidade. Disponível em:
http://www.braudel.org.br/pesquisas/pdf/transicao_demografica.pdf. Acesso em 4 nov. 2022.
DUARTE, Yeda AO; DOMINGUES, Marisa Accioly R. Família, Rede de Suporte Social e Idosos: Instrumentos de
Avaliação. Editora Blucher, 2020.
FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia. In: Tratado de geriatria e gerontologia. 2006. p.
1665-1665.
MORAES, Edgar Nunes de; MARINO, Marília Campos de Abreu; SANTOS, Rodrigo Ribeiro, Principais síndromes
geriátricas. UFMG, Belo Horizonte, 2010. Disponível em:
https://ead05.proj.ufsm.br/pluginfile.php/25774/course/section/14290/S%C3%ADndromes%20geri%C3%A1tricas.pdf.
Acesso em 4 de nov. 2022.
Güths, Jucélia Fátima da Silva, et al. "Perfil sociodemográfico, aspectos familiares, percepção de saúde, capacidade
funcional e depressão em idosos institucionalizados no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, Brasil." Revista Brasileira
de Geriatria e Gerontologia 20 (2017): 175-185.
Referências
Melo, Elisa Moura de Albuquerque, et al. "Síndrome da fragilidade e fatores associados em idosos residentes em
instituições de longa permanência." Saúde em Debate 42 (2018): 468-480.
ONU - Organização das Nações Unidas. Data Portal, 2022. Disponível em:
https://population.un.org/dataportal/data/indicators/46/locations/76/start/1990/end/2022/pyramid/pyramidagesexplots
ingle. Acesso em 4 de nov. 2022.
ROCHA Renally Chrystina de Araújo et al. Impactos da insuficiência familiar no cuidado ao idoso e as contribuições
da atenção primária. IV Congresso Internacional de Envelhecimento Humano, 2017. Disponível em:
https://www.editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/53694. Acesso em 4 nov. 2022
SETOGUCHI, Larissa Sayuri et al. Insuficiência familiar e a condição e os marcadores de fragilidade física de idosos
em assistência ambulatorial. Escola Anna Nery, v. 26, 2022.
SOUZA, Alessandra de et al. Conceito de insuficiência familiar na pessoa idosa: análise crítica da literatura. Revista
Brasileira de Enfermagem, v. 68, p. 1176-1185, 2015.
Notes de l'éditeur
Análise Crítica da Literatura(
Bairro, grupos religiosos, clubes e organizações não governamentais
estrutura, em relação
aos tipos e número de laços sociais, à reciprocidade, ao engajamento
social, à proximidade de relacionamento e função, como
a frequência de contato da pessoa idosa e sua participação(
A família é fonte de informação e aconselhamento; quando
o vínculo familiar está prejudicado, possivelmente ela deixa de
proporcionar conforto, apoio e companhia ao seu idoso, como,
por exemplo, a restrita participação dos membros da família
aos encontros de cuidados de saúde de seu familiar idoso, além
de não poder ajudar nas instruções médicas e nos efeitos dos
procedimentos clínicos a que seu idoso possa ser submetido(19).
Vínculo familiar prejudicado pode ser reforçado pela sensação
de escasso envolvimento e de inutilidade percebida relativa aos
parentes(22). Por fim, o vínculo familiar prejudicado pode motivar
o isolamento social da sua pessoa idosa(6).
Na estrutura familiar, a hierarquia envolve a compreensão de como é estabelecida a relação de poder entre as pessoas, subsistemas e gerações, sendo fundamental na diferenciação de papeis na família. O padrão de autoridade precisa ser flexível e adaptável ao processo de desenvolvimento dos membros da família, por exemplo, à medida que os filhos se diferenciam enquanto indivíduos e se tornam autônomos ou quando os pais tornam-se dependentes por motivo de doença física ou mental. A velhice dos membros idosos é o último estágio do ciclo de vida familiar, caracterizado pelo rompimento com o trabalho formal, pelo vislumbre da perda de independência/autonomia, pela proximidade da morte e pela vivência do luto pela perda do cônjuge, de parentes e de amigos. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de reencontro com o cônjuge, de projeção da continuidade familiar nas futuras gerações, de reestruturação de papéis familiares e de revisão de vida, de busca de integridade e de busca de significado. As características e a qualidade desse momento são consequentes a como as fases anteriores foram vividas, aos relacionamentos passados e aos padrões familiares desenvolvidos para manter a integração familiar.
Transformações contemporâneas no sistema familiar;
Com a expansão do acesso às aposentadorias, a pessoa idosa passou a ser importante fonte de apoio financeiro à família, desempenhando, em certo grau, o papel de cuidador da mesma(29). Muitas vezes, a família passa a ser chefiada pelo seu idoso, que assume responsabilidades na manutenção dos filhos e netos. Desse modo, a pessoa idosa mantém a casa, suprindo necessidades, tais como roupas, calçados, medicamentos e alimentos básicos. Comumente, sua aposentadoria se tornou fundamental à sobrevivência e economia familiar e, em muitos casos, representa a principal, senão a única, fonte de renda(29)
Por outro lado, diante da evolução natural da vida, das consequentes mudanças no sistema familiar e da globalização, é comum que filhos adultos estejam cada vez mais morando longe dos pais(20), tendo em vista as oportunidades econômicas e sociais distantes da família(34), caracterizando então o
surgimento da condição ninho vazio. Este, juntamente com a
inversão dos papéis, pode contribuir para o desencadeamento
da insuficiência familiar na pessoa idosa.
Com o aumento da expectativa de vida e com a diminuição da disponibilidade de jovens para o cuidado, está aumentando o número de idosos que cuidam de outros idosos, por um período cada vez mais longo.
Embora a família seja a principal instituição responsável pelo cuidado, questiona-se se pode desempenhar essa tarefa de forma adequada. Uma parte significativa de idosos com dificuldades em atividades instrumentais de vida diária relatam não receber ajuda de outros membros da família, o que significa que suas necessidades básicas não são devidamente atendidas. Por sua vez, as famílias não contam com programas regulares de apoio formal do governo ou da iniciativa privada sob a forma de atenção domiciliar, assistência ambulatorial e recursos financeiros. A principal fonte potencial de apoio dos homens é a cônjuge e, no caso das mulheres, os filhos. No entanto, idosos dependentes podem viver em arranjos familiares não continentes. Os que vivem sozinhos ou em casa de parentes são mais vulneráveis à violência familiar e à residência institucional (Camarano e Kanso, 2010).
São exemplos de fatores que influenciam a boa funcionalidade de famílias com idosos que requerem cuidados de longa duração: contar com uma rede de suporte social informal composta por parentes, amigos, voluntários ou grupos religiosos; facilidade de acesso aos serviços de saúde; recursos comunitários, que possibilitem o acompanhamento regular do estado de saúde dos idosos. São importantes, também, a capacidade adaptativa dos familiares diante da doença; a organização da casa; relações afetivas consistentes, responsáveis e seguras e grande dedicação dos familiares ao idoso (Horta et al., 2010). As maiores dificuldades da família dizem respeito à desorganização emocional, ao luto antecipado, à sobrecarga do papel de cuidador, à falta de conhecimento sobre a doença e ao desajuste familiar, que aumentam com a doença, com a falta de colaboração para o cuidado e com o distanciamento nos relacionamentos.
A família compreendida como funcional não é aquela caracterizada pela ausência de problemas, mas sim a que permite o desenvolvimento adequado, saudável ou adaptado de todos os seus membros. A interação dos membros da família é mediada pela comunicação, pelas trocas de informação e de suporte, pelo desenvolvimento e pela transmissão de significados.
Conflitos intergeracionais
As relações intergeracionais dentro da família são regidas por fortes normas de piedade filial(34). Esta incorpora emoções, incluindo o respeito e a proximidade dos adultos mais velhos com seus filhos(19). Ademais, a prestação de apoio aos pais distingue- -se como uma obrigação moral e social, e os filhos deverão ser obedientes e subservientes, respeitando-os por toda a vida(34). Entretanto, destacam-se famílias que são fontes de conflitos intergeracionais, sustentados por relações de violência, negligência desrespeito, abandono, dominação, poder e força(6). Tal contexto familiar deixa de desempenhar seu importante papel de apoio na relação intergeracional, com expectativas culturais de amor, proximidade e solidariedade, apontando para o prejuízo da afiliação familiar(17). Nesse cenário, associado ao desgaste perante os problemas da vida moderna, ressalta-se a perda do valor cultural da autoridade e do respeito entre os membros da família, podendo levar à diminuição do vínculo com sua pessoa idosa ou ainda ao isolamento social(6).
Homens e mulheres envelhecem de forma diferente. A maioria dos idosos atuais foi socializada segundo um modelo em que a posição das mulheres nos relacionamentos era definida pelos homens.
Socorro e Dias (2007) avaliaram a perspectiva de mulheres idosas quanto aos papéis vivenciados durante o ciclo vital da família. A maioria das entrevistadas relatou que se moldaram aos padrões de família tradicional segundo o qual deveriam abandonar a vida profissional, subordinar-se aos seus maridos e ficar responsáveis pelos cuidados da casa e dos filhos. Santos e Dias (2008) relataram que os homens idosos exercem papel de transmissores de valores, conciliadores, agregadores e provedores de suporte financeiro. Mostram-se disponíveis nos momentos de crises e manifestam desejo de permanecer na posição de chefes e de norteadores do comportamento familiar.
Para Hines (1995), na velhice ou no estágio tardio do ciclo de vida familiar, aceitar a mudança dos papéis geracionais é o principal processo emocional de transição. Os idosos devem apoiar a chamada geração do meio, formada pelos filhos, genros e noras, permitindo-lhes maior centralidade no desempenho de papéis de autoridade. A recusa em passar parte do controle, a inflexibilidade ou a dificuldade para aceitar a mudança de papéis ocasionam conflitos e desestabilizam a funcionalidade familiar e pessoal. Muitos idosos relutam em solicitar ou aceitar suporte dos filhos, preferindo permanecer autônomos pelo maior tempo possível, mesmo quando a necessidade de assistência é inarredável.
A família é fonte de informação e aconselhamento; quando o vínculo familiar está prejudicado, possivelmente ela deixa de proporcionar conforto, apoio e companhia ao seu idoso, como, por exemplo, a restrita participação dos membros da família aos encontros de cuidados de saúde de seu familiar idoso, além de não poder ajudar nas instruções médicas e nos efeitos dos procedimentos clínicos a que seu idoso possa ser submetido(19). Vínculo familiar prejudicado pode ser reforçado pela sensação de escasso envolvimento e de inutilidade percebida relativa aos parentes(22).. Igualmente, membros da família podem se tornar críticos no contexto de uma disfunção de saúde, com desaprovação ou rejeição dos comportamentos e decisões do idoso, o que pode resultar em maior declínio funcional, comportamentos de saúde adaptativos, aumento do afeto negativo ou mesmo depressão(35).
Enfim, a vulnerabilidade social da família também se caracteriza como condição a priori da insuficiência familiar na pessoa idosa. Tal vulnerabilidade familiar pode ser provocada pelo desemprego, pela dependência de álcool e drogas, por vínculos ou desgaste desses com problemas da vida moderna, tais como a valorização dos bens materiais, o fortalecimento do individualismo entre os familiares, a perda dos valores da autoridade e do respeito(6,27), entre outros. Além do que, trocas sociais negativas podem exacerbar o efeito das más condições de saúde e do declínio emocional da pessoa idosa. Dependendo das condições de sobrevivência, a família pode levar ao isolamento social do seu idoso(35). Por conseguinte, o isolamento social da pessoa idosa se configura como antecedente principal do conceito insuficiência familiar.
Dessa forma, dentre as múltiplas redes sociais a que a pessoa idosa possa pertencer, a rede social total, constituída pela
soma dos filhos, parentes, amigos e confidentes, se apresenta
como importante papel na proteção contra a moradia em Instituições de Longa Permanência(24). Por outro lado, quando essas redes encontram-se fragilizadas, aliada à solidão, tornam a
pessoa idosa vulnerável à institucionalização(37) e consequente afastamento da família.
declínio da saúde psicológica. Pois, quando a pessoa idosa não se encontra integrada a sua família, nem tampouco à comunidade à qual pertence, conservando frágeis relacionamentos, comumente ela apresenta sentimentos negativos com a vida(37), baixa autoestima(28) e aumento do afeto negativo(35). Desse modo, a solidão, isolamento e trocas sociais negativas exacerbam o mau funcionamento emocional(35), geram situações estressantes(6) e implicam em deficientes cuidados psicológicosà pessoa idosa(27). Ademais, carência de afeto e ajuda à pessoa idosa poderá enfraquecer a defesa contra estressores relacionados à saúde(35) e desencadear dificuldades na adaptação às crises(30).
declínio funcional da pessoa idosa. Este é igualmente caracterizado pelo comprometimento do comportamento de promoção da saúde, bem como pelo comportamento indevido de saúde, no contexto da disfunção de saúde(35). Portanto, interação restrita, como na viuvez, ou deficiente com os familiares está relacionada à maior dependência(38) e vulnerabilidade a problemas de saúde no familiar idoso(27) e conseguinte saúde física prejudicada(23) com suas prováveis complicações(38). A pessoa idosa com uma rede social restrita, ou seja, que conta ou convive pouco com seus familiares, também apresenta maior declínio em suas atividades de vida diária, pois recebe menor assistência nas tarefas do dia a dia(6,23,38), incluindo o cuidado físico(27)
Uma vez que se apresenta escassa a mais importante fonte de bem-estar para a pessoa idosa - família -, logicamente, menor qualidade de vida ou déficit de bem-estar(31) se constitui um dos consequentes do isolamento social da pessoa idosa com insuficiência familiar(6). A carência do apoio familiar pode dificultar a manutenção de uma vida saudável(30) e provocar a diminuição ou perda da satisfação com a vida(3,6,34) e mesmo de sua qualidade(30-31
Vulnerabilidade social da pessoa idosa, declínio da saúde psicológica e funcional, menor qualidade de vida se concretizam no grande consequente do conceito de insuficiência familiar na pessoa idosa, isto é, envelhecimento mal sucedido. Visto que, por meio de percursos psicológicos, comportamentais e fisiológicos, a pessoa idosa com poucos e frágeis laços familiares tende a experimentar maior declínio cognitivo, influindo sobre o envelhecimento físico(22,37).
e percentual de idosos frágeis com elevada Disfunção Familiar (22,2%) e moderada Disfunção Familiar (19,4%), maior que o observado entre os idosos com boa funcionalidade familiar (12,2%). Entre os idosos frágeis para o marcador “fadiga/exaustão”, houve proporcionalidade direta ao grau de Disfunção Familiar e relação estatisticamente significativa ao escore total do APGAR de Família (p=0,001).
Todas essas condições colocam o idoso em maior demanda de cuidado. Quando a família, principal provedora dessa assistência ao idoso, não é capaz de adaptar-se a essa reestruturação, frequentemente, ocorre conflitos da convivência entre os membros, acarretando tensões no processo de cuidado.29
O isolamento social, fatores psicossociais e até a depressão podem interferir na realização de atividades físicas pelos idosos, assim como no relato de “sentir-se cansado/exausto”. Além disso, a pesquisa mostra que sintomas depressivos no idosos estão relacionados à presença de fragilidade.3
O diagnóstico é feito a partir de que a rede de saúde em que o paciente está inserido, identifica fragilidade do suporte familiar a este idoso formada por um conjunto de fatores (Ou seja, O vínculo familiar prejudicado); O baixo apoio social (que é importante para o bem-estar individual ao longo da vida; mas que tem uma relevância ainda maior na vida mais tardia, quando os desafios ocupacionais, econômicos, funcionais e de saúde tendem a aumentar); O conflito de gerações (que expressa a dificuldade dos mais jovens da família ao lidar com o idoso).
É um método de avaliação de disfunção familiar aplicado ao idoso que responde às perguntas, pontuando de acordo com a resposta.
O mapa mínimo de relações é um instrumento gráfico que pode ser realizado por qualquer profissional da saúde capacitado que consiste em identificar a rede de apoio e proximidade desta com o idoso entrevistado. Esse consiste em um método adaptado pela USP que abrange perguntas a serem feitas ao entrevistado, marcando-se com um ponto ou número da pergunta no quadrante correspondente ao círculo social indicado na resposta. Quanto mais central a circunferência marcada, maior a proximidade com o idoso e mais forte a rede de apoio. As relações são classificadas como RELAÇÃO PRÓXIMA, RELAÇÃO INTERMEDIÁRIA E RELAÇÃO DISTANTE. Pg 59
Trata-se de um questionário de 15 perguntas com respostas objetivas (SIM ou NÃO) a respeito de como a pessoa tem se sentido na última semana. A GDS não substitui a entrevista específica de avaliação especializada realizada por profissionais da área da saúde mental. Seu objetivo é favorecer a identificação de um estado depressivo no idoso.
Avaliação de resultados: somar os pontos obtidos nas 15 questões e, conforme resultado considerar o idoso com quadro psicológico normal ou indicativo de depressão leve ou grave.
e percentual de idosos frágeis com elevada Disfunção Familiar (22,2%) e moderada Disfunção Familiar (19,4%), maior que o observado entre os idosos com boa funcionalidade familiar (12,2%). Entre os idosos frágeis para o marcador “fadiga/exaustão”, houve proporcionalidade direta ao grau de Disfunção Familiar e relação estatisticamente significativa ao escore total do APGAR de Família (p=0,001).
Todas essas condições colocam o idoso em maior demanda de cuidado. Quando a família, principal provedora dessa assistência ao idoso, não é capaz de adaptar-se a essa reestruturação, frequentemente, ocorre conflitos da convivência entre os membros, acarretando tensões no processo de cuidado.29
O isolamento social, fatores psicossociais e até a depressão podem interferir na realização de atividades físicas pelos idosos, assim como no relato de “sentir-se cansado/exausto”. Além disso, a pesquisa mostra que sintomas depressivos no idosos estão relacionados à presença de fragilidade.3
e percentual de idosos frágeis com elevada Disfunção Familiar (22,2%) e moderada Disfunção Familiar (19,4%), maior que o observado entre os idosos com boa funcionalidade familiar (12,2%). Entre os idosos frágeis para o marcador “fadiga/exaustão”, houve proporcionalidade direta ao grau de Disfunção Familiar e relação estatisticamente significativa ao escore total do APGAR de Família (p=0,001).
Todas essas condições colocam o idoso em maior demanda de cuidado. Quando a família, principal provedora dessa assistência ao idoso, não é capaz de adaptar-se a essa reestruturação, frequentemente, ocorre conflitos da convivência entre os membros, acarretando tensões no processo de cuidado.29
O isolamento social, fatores psicossociais e até a depressão podem interferir na realização de atividades físicas pelos idosos, assim como no relato de “sentir-se cansado/exausto”. Além disso, a pesquisa mostra que sintomas depressivos no idosos estão relacionados à presença de fragilidade.3