O documento fornece instruções sobre como elaborar um projeto de pesquisa, incluindo (1) definir o tema, formular o problema e hipóteses, (2) planejar a coleta e análise de dados, e (3) considerar aspectos como cronograma e recursos. O objetivo é guiar o pesquisador no desenvolvimento de um projeto de pesquisa sólido.
1. PROJETO DE PESQUISA
Consiste no planejamento de uma pesquisa.
Planejamento versus Plano
O plano de pesquisa é uma parte de um projeto de pesquisa
⇓
Um projeto é constituído por diversos planos
Etapas para elaboração de um projeto de pesquisa
i) Estudos preliminares
ii) Anteprojeto
iii) Projeto final ou definitivo
iv) Montagem e execução
v) Funcionamento normal
Como elaborar um projeto de pesquisa
Um projeto de pesquisa serve essencialmente para responder
às seguintes questões:
O que fazer?
Por quê, para quê e para quem fazer?
Onde fazer? Como? Com quê? Quanto? Quando?
Com quanto fazer e como pagar?
Quem vai fazer?
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2. Pontos fundamentais de um projeto de pesquisa
1. O QUE FAZER?
Planos da natureza e formulação do problema e do
enunciado das hipóteses.
1.1. Formular o problema
1.2. Enunciar as hipóteses
1.3. Definir os termos do problema e das hipóteses
1.4. Estabelecer as bases teóricas ⇒ relação existente entre a
teoria, a formulação do problema e enunciado das
hipóteses
1.5. Conseqüências para o fato real ou para a teoria se as
hipóteses forem aceitas ou, ao contrário, se forem refutadas
2. POR QUÊ? PARA QUÊ? E PARA QUEM?
Planos dos objetivos e da justificativa da pesquisa.
2.1. POR QUÊ? ⇒ Justificativa das pesquisa
Motivos que justificam a pesquisa:
• Motivos de ordem teórica
• Motivos de ordem prática
2.2. PARA QUÊ? ⇒ Objetivos gerais da pesquisa
Definir, de modo geral, o que se pretende alcançar com a
execução da pesquisa (visão global e abrangente).
2.3. PARA QUEM? ⇒ Objetivos específicos da pesquisa
Fazer aplicação dos objetivos gerais a situações particulares.
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3. 3. ONDE FAZER? COMO? COM QUÊ? QUANTO?
QUANDO?
Plano do experimento:
a) População e amostragem
b) Controle das variáveis
c) Instrumento de pesquisa
d) Técnicas estatísticas
e) Cronograma
3.1. ONDE? COMO FAZER? ⇒ Campo da observação
Descrever o campo de observação e suas unidades de
observação e variáveis que interessam à pesquisa:
• População com suas características
• Se for utilizar amostra, justificar, dando os motivos, e
apresentar o modo como a amostra será selecionada e
suas características
• Local
• Unidades de observação relevantes para a pesquisa
• Quais as variáveis que serão controladas, qual o plano
de experimento que será utilizado
3.2. COM QUÊ? ⇒ Instrumento de pesquisa
• Descrever o instrumento de pesquisa que vai ser
utilizado
• Que informações se pretende obter com eles
• Como o instrumento será usado ou aplicado para obter
informações
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4. 3.3. QUANTO? ⇒ Utilização de técnicas (provas) estatísticas
• Quais as hipóteses estatísticas enunciadas
• Como os dados obtidos serão codificados
• Que tabelas serão feitas e como serão feitas
• Que técnicas estatísticas serão utilizadas para verificar
as hipóteses
• Em que nível de significância
• Previsão sobre interpretação dos dados
3.4. QUANDO? ⇒ Cronograma
Definir o tempo que será necessário para executar o
projeto, isto é, para realizar a pesquisa, dividindo o
processo em etapas e indicando que tempo é necessário
para a realização de cada etapa.
4. COM QUANTO FAZER E COMO PAGAR?
Planos dos custos da pesquisa ⇒ Prever os gastos que serão
feitos com a realização da pesquisa, especificando cada um
deles.
5. QUEM VAI FAZER?
Plano do pessoal responsável pela pesquisa.
5.1. Coordenador da pesquisa e/ou pessoal responsável pela
mesma
5.2. Entidades co-participantes, se for o caso
5.3. Participantes de nível técnico
5.4. Pessoal auxiliar
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5. O PROBLEMA DA PESQUSIA
Toda pesquisa científica começa pela formulação de um
problema e tem por objetivo buscar a solução do mesmo e,
geralmente é apresentado na forma de proposição interrogativa.
A hipótese é uma solução provisória que se dá ao problema.
Tema da Pesquisa
Tema ⇒ assunto que se deseja provar ou resolver
O tema deve ser;
“Concreto”;
Determinado;
Preciso;
De forma bem caracterizada; e
Com limites bem definidos.
Para transformar um assunto geral em um tema, devemos:
♦ Observar a realidade, de maneira cuidadosa e persistente,
no âmbito do assunto que pretendemos pesquisar;
♦ Livros;
♦ Obras especializadas;
♦ Periódicos;
♦ Pessoas entendidas ou interessadas no assunto;
♦ Etc..
Um tema estará adequadamente definido quando seu campo de
observação estiver bem descrito, com suas respectivas unidades de
observação e variáveis.
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6. Campo de observação
Para que o campo de observação esteja bem descrito, devem ser
especificados:
• a população ⇒ a quem observar
• o local ⇒ onde a população será observada
• as circunstâncias⇒ quando a população será observada
Precisamos definir, ainda, com relação ao “campo”:
⇒ As unidades de observação
• quanto à população;
• quanto ao local;
• quanto às circunstâncias
⇒ As variáveis relevantes
• quanto à população;
• quanto ao local;
• quanto às circunstâncias
“Definidos todos os elementos do campo de observação, com
suas respectivas unidades de observação e variáveis relevantes para
a pesquisa, podemos enunciar o tema.”
“O trabalho de definir o tema perdura durante toda a
pesquisa, sendo freqüentemente revisto, e o seu enunciado
final servirá, provavelmente, como título do relatório da
referida pesquisa, apresentando de forma sintética,
resumida, mas abrangente e compreensiva, todo o assunto
que nela será tratado.
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7. Motivação para definição de um tema de pesquisa:
Curiosidade intelectual;
Desejo de ampliar o conhecimento científico;
Tentativa de resolver uma questão de ordem prática;
Ganho financeiro;
Etc..
Uma simples idéia não é suficiente para começar
imediatamente uma pesquisa. Mas é necessário enunciar o tema e,
depois disto, formular o problema, levantar as hipóteses e tudo o
mais, como pede o método científico.
A Formulação do Problema
“Formular um problema consiste em dizer, de maneira
explícita, clara, compreensível e operacional, qual a
dificuldade, com a qual nos defrontaremos e pretendemos
resolver, limitando o seu campo e apresentando suas
características.”
Na formulação do problema devemos, ainda:
a) Enunciar uma questão cujo melhor modo de solução seja uma
pesquisa;
b) Apresentar uma questão que possa ser resolvida por processos
científicos;
c) Ser factível, tanto com relação à competência do pesquisador
quanto à disponibilidade de recursos.
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8. Critérios para avaliar se o problema da pesquisa foi bem
formulado, segundo Best:
a) Este problema pode realmente ser resolvido pelo processo
de pesquisa científica?
b) O problema é suficientemente relevante a ponto de
justificar que a pesquisa seja feita?
c) Trata-se realmente de um problema original?
d) A pesquisa é factível?
e) Ainda que seja “bom”, o problema é adequado para mim?
f) Pode-se chegar a uma conclusão valiosa?
g) Tenho a necessária competência para planejar e executar
um estudo deste tipo?
h) Os dados, que a pesquisa exige, podem realmente ser
obtidos?
i) Há recursos financeiros disponíveis para a realização da
pesquisa?
j) Terei tempo de terminar o projeto?
k) Serei persistente?
Tema ⇒ proposição mais abrangente
Formulação do problema ⇒ proposição mais específica
Tema ⇒ Formulação do problema
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9. Enunciado das Hipóteses
O enunciado das hipóteses vem logo após a formulação do
problema.
Hipótese ⇒ é uma tentativa que se faz para explicar o que
se desconhece. É uma suposição provisória e deverá ser
testada para verificar sua validade.
A hipótese da pesquisa é uma suposição objetiva e não uma
mera opinião; precisa ter bases sólidas, assentadas e garantidas por
“boas” Teorias e por matérias-primas consistentes da realidade
observável e, portanto, não pode ter “fundamento incerto”.
Quando formulamos uma hipótese tentamos preencher uma
lacuna de conhecimento e tentamos definir procedimentos para
solucioná-lo, ou seja, buscar a “verdadeira solução”.
Critérios para definição das hipóteses:
a) Plausível ⇒ deve indicar uma situação possível de ser
admitida, de ser aceita;
b) Consistente ⇒ a hipótese não está em contradição com a
teoria e nem com o conhecimento científico
mais amplo;
c) Específica ⇒ deve conter as características para identificar
o que deve ser observado;
d) Verificável ⇒ a hipótese deve ser verificável pelos processos
científicos;
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10. e) Clara ⇒ o enunciado da hipótese deve ser constituído
por termos que ajudem a compreender o que
se pretende afirmar;
f) Simples ⇒ o enunciado da hipótese deve ter todos os
termos e somente os termos que são
necessários à compreensão;
g) Econômica ⇒ a economia do enunciado refere-se à
simplicidade e na menor quantidade possível
de termos;
h) Explicativa ⇒ se a hipótese não explica o problema ela não
tem razão de existir.
Uma hipótese não é enunciada em forma interrogativa e nem em
forma condicional, mas é uma afirmação (provisória) que se faz.
A Hipótese Estatística
A hipótese estatística pode ser constituída por:
a) Uma única variável;
b) Por duas ou mais variáveis, relacionadas entre si, mas sem
vínculo de causalidade;
c) Por duas ou mais variáveis, relacionadas com vínculo de
causalidade.
Para verificarmos uma hipóteses devemos obter informações
na realidade empírica, através da coleta de dados.
Com as informações levantadas precisamos verificar se
comprovam ou não as hipóteses enunciadas e, para tanto, é
necessário o auxílio de procedimentos estatísticos. Se o pesquisador
não é Estatístico deve recorrer a um deles.
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11. “Quando são necessários a orientação e colaboração
do perito em estatística, este deve ser procurado logo no
início da elaboração do projeto, isto é, desde a formulação
do problema ou, talvez, antes, para definir que
participação terá tanto na elaboração do projeto como na
execução da pesquisa, se for o caso.”
A utilização da Estatística é meio: não se deve confundir
pesquisa com estatística, esta é um recurso indispensável para a
pesquisa.
A estatística nos dirá se os resultados obtidos, a
partir das informações colhidas, são significativos ou
meramente fruto acaso. Ajuda-nos, portanto, a termos
confiança na decisão sobre os resultados, mas não explica
nem como estes foram alcançados e nem quais as suas
causas, pois estas questões devem ser respondidas pelo
processo da pesquisa e não pela estatística. Para a
estatística nos ajudar, é necessário que as hipóteses
sejam enunciadas com exatidão e apresentadas na forma
de linguagem numérica.
HIPÓTESE DA PESQUISA ≠ HIPÓTESES ESTATÍSTICA
Geralmente a hipótese estatística não é mais do que a primeira
“traduzida” em linguagem matemática.
Este assunto será visto no Curso de Estatística nas disciplinas:
• Estatística Básica
• Inferência Estatística
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12. COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
COLETA DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DADOS DOS DADOS
Processo de obter Processo de analisar e interpretar as
informações da realidade informações obtidas
Coleta de Dados (Etapas):
i) Elaboração do instrumento de pesquisa
ii) Teste do instrumento de pesquisa
iii) Seleção e treinamento de pesquisadores
iv) Coleta de dados propriamente dita
v) Crítica das informações obtidas
O INSTRUMENTO DE PESQUISA
Os instrumentos mais úteis são aqueles que além de assinalar a
presença ou a ausência de um fenômeno, são capazes de quantificá-
los, dando-nos uma medida sobre o mesmo.
Tipos mais importantes (ou mais utilizados):
• questionário
• entrevista
Semelhança:
Ambos se compõem por uma lista de indagações.
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13. Diferença:
• Questionário ⇒ conjunto de perguntas entregues por
escrito ao informante e por eles
respondidas, também por escrito;
• Entrevista ⇒ as perguntas são feitas oralmente e
registradas pelo próprio entrevistador.
Características fundamentais:
• Validade ⇒ um instrumento é válido quando mede
o que se pretende medir;
• Fidedignidade ⇒ quando aplicado a amostras de
tamanho n de uma mesma população,
oferece consistentemente os mesmos
resultados.
i) ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
Formulário ⇒ conjunto de questões, enunciadas como perguntas,
de forma organizada e sistemática, tendo como
objetivo alcançar determinadas informações.
Tipo de perguntas:
• Abertas ⇒ em geral utilizadas no questionário;
• Fechadas ⇒ mais aplicadas à entrevistas.
Perguntas fechadas:
As possíveis respostas são definidas anteriormente;
Em geral assinala-se apenas uma respostas (em alguns
casos podem ser duas, três, etc. respostas);
Deve-se indicar o modo como o informante deve assinalar
as respostas.
Perguntas abertas:
Permitem a livre resposta do informante.
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14. Exemplo: Uma pesquisa junto aos turistas de Salvador.
Exemplo de formulário com questões fechadas
Em cada pergunta abaixo, assinale com um “X”, nos parênteses, apenas
uma alternativa:
1) É a primeira vez que vem a Salvador?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não me lembro ou não sei responder
2) Há quanto tempo você se encontra nesta cidade?
( ) Há uma semana ou menos de uma semana
( ) Mais de uma semana a menos de 15 dias
( ) 15 dias a menos de um mês
( ) Um mês ou mais
3) Em que meio de transporte você chegou a Salvador?
( ) Automóvel
( ) Ônibus
( ) Trem
( ) Avião
( ) Barco/navio
( ) Outros meio de transporte
4) Qual foi a impressão que, ao chegar, a cidade lhe causou?
( ) Muito agradável
( ) Agradável
( ) Indiferente
( ) Desagradável
( ) Muito desagradável
5) Qual a sua opinião sobre a seguinte frase: “Salvador é uma das cidades
mais belas do Brasil.”
( ) Concordo plenamente
( ) Concordo muito
( ) Concordo
( ) Não tenho opinião formada
( ) Discordo
( ) Discordo muito
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15. ( ) Discordo plenamente
Exemplo de formulário com questões abertas
1) É a primeira vez que vem a Salvador?
______________________________________________________
2) Há quanto tempo se encontra nesta cidade?
______________________________________________________
3) Sem entrar em detalhes, diga qual foi a primeira impressão que
teve ao chegar a Salvador?
______________________________________________________
______________________________________________________
Justifique sua resposta de modo bem resumido:
______________________________________________________
______________________________________________________
4) Dê, na ordem de importância – e a começar do mais importante
para você – três sugestões, que na sua opinião, se forem executadas,
transformarão Salvador num dos pólos de maior atração turística do
Brasil:
I) ____________________________________________________
______________________________________________________
II) ____________________________________________________
______________________________________________________
III) ___________________________________________________
______________________________________________________
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16. Questionário:
Pode ser constituído por perguntas abertas e fechadas ou, ainda,
com perguntas do tipo:
Assinale, em ordem decrescente de importância, três sugestões
que poderiam ...
( )
Melhorar os meios de transporte
( )
Melhorar a segurança da cidade
( )
Treinamento de pessoas como guias turísticos
( )
Maior divulgação da cidade em outros estados
.........................................................................
( ) Outra sugestão. Especificar: ___________________________
_____________________________________
Entrevista:
O formulário pode ser apresentado na forma de tópicos.
Exemplo:
1) Perguntar se é a primeira vez que o entrevistado vem a Salvador.
2) Saber o tempo que se encontra na cidade.
3) Solicitar sugestões para transformar Salvador em pólo turístico
brasileiro (anotar as sugestões em ordem de importância,
decrescentemente).
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17. Montagem do formulário:
1º) Estabelecer um plano para que as perguntas sejam apresentadas
de modo ordenado e numa seqüência lógica objetivando dar
unidade e eficácia às informações que se pretende deter.
O formulário não é uma colcha de retalhos,
mas um todo organizado.
Quanto à ordem das perguntas (aconselha-se):
• Primeiro as questões mais fáceis;
• No fim as mais difíceis e aquelas com respostas de cunho mais
íntimo.
Quanto à apresentação o formulário deve ser:
• Claro;
• Objetivo (nas perguntas e nas instruções);
• Atraente na apresentação;
• Espaço suficiente para as respostas.
Antes de aplicar o questionário devemos:
• Ter certeza de que o informante está em condições de
respondê-lo (se sabe ler e escrever; se conhece o assunto em
questão; etc.);
• Se está motivado e disposto a responder à pesquisa.
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18. 2º) Organização das questões
Convém indicar em termos gerais, na introdução do
questionário, o objetivo de sua aplicação e o que se espera do
informante. No caso de entrevista, fazê-lo verbalmente.
Normalmente dividimos o formulário em blocos de assuntos:
Exemplo:
Bloco I: Caracterização do informante
• Nome (se for o caso)
• Endereço (se for o caso)
• Sexo
• Estado civil
• Idade
• Procedência
• Etc.
Bloco II: Situação sócio-econômica
• Profissão
• Renda mensal
• Local de trabalho
• Etc.
Bloco III: Avaliação de Salvador pelo informante
• Quanto aos aspectos físicos
• Quanto à infra-estrutura
• Quanto aos equipamentos de lazer
• Etc.
Bloco IV: Sugestões do informante
Etc.
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19. 3º) Precauções que devem tomadas na montagem do formulário
a) Cada item deve conter apenas uma pergunta;
b) Não colocar alternativas inadequadas nas perguntas fechadas;
c) A formulação da pergunta não deve ser equívoca;
d) Quando o termo no formulário corre o perigo de não ser
entendido deve ser explicado;
e) Deve-se evitar perguntas tendenciosas, isto é, que orientem a
resposta.
f) Quanto à entrevista:
• Deve-se insistir em um contato inicial para motivar e
preparar o informante;
• Caso a pergunta não seja compreendida, deve ser repetida e,
se necessário, de forma diferente;
• Dar tempo suficiente para que o informante reflita e
responda às perguntas com tranqüilidade;
• Quando estiver registrando as respostas, cuidar para que
isto não iniba o informante e nem corte seu pensamento;
• No caso das anotações serem feitas após a entrevista, é
necessário que o entrevistador tenha uma boa memória e
cuidados para não distorcer as respostas.
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20. 4º) Pesquisas de Opinião
Nesse tipo de pesquisa o formulário costuma utilizar Escalas
de Opinião ou Escalas de Atitude.
Atitude Opinião
é a disposição interior, é a expressão desse estado
referindo ao que o indivíduo interior manifestado pelo
pensa, julga ou sente. que o indivíduo diz.
A Pesquisa de Opinião é uma situação
em que se verifica o que o indivíduo pensa, julga ou
sente, criando-se, para isto, uma condição em que
ele deve se manifestar, “dizendo” alguma coisa.
Exemplo:
As respostas numa Pesquisa de Opinião devem ser em número
ímpar (conservar a simetria).
O que o senhor acha do transporte coletivo em Salvador?
( ) Ótimo
( ) Bom
( ) Indiferente
( ) Ruim
( ) Péssimo
Exemplos de Pesquisas de Opinião:
• Eleitorais
• De mercado
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21. Atenção:
Os comentários a seguir não foram contemplados no livro texto.
Antes de iniciarmos a coleta de dados propriamente dita
devemos:
• testar o instrumento de pesquisa;
• realizar a seleção e treinamento de pesquisadores
ii) TESTE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
O instrumento deve ser testado numa amostra piloto pequena.
Objetivos:
• Verificar a adeqüabilidade da linguagem utilizada
(conceitos, objetividade das questões, etc.);
• Estimar o tempo de aplicação do formulário, visando a
definição do número de pesquisadores necessários à coleta;
• Identificar questões que estejam faltando com relação à
realidade pesquisada;
• Identificar duplicidade de questões ou questões
desnecessárias;
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22. iii) SELEÇÃO E TREINAMENTO DE PESQUISA-
DORES
Seleção
Dar prioridade a pesquisadores que tenham:
• Interesse na área da pesquisa ⇒ maior motivação por parte
do pesquisador;
• Boa caligrafia;
• Disponibilidade de tempo;
• Responsabilidade;
• Paciência;
• Educação;
• Etc.
Treinamento
Antes de iniciarmos a coleta propriamente dita, os
pesquisadores deve ser instruídos quanto:
• Aos objetivos da pesquisa;
• O que cada questão procura medir;
• A forma de preenchimento do questionário;
• A adeqüabilidade da linguagem;
• Esclarecer o informante sobre os objetivos da pesquisa e o
sigilo das informações;
• Ao vestuário no momento da coleta dos dados.
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23. Deve ser realizada uma simulação, individual ou em grupo,
para identificar as dificuldades por parte dos entrevistadores.
iv) COLETA DE DADOS (propriamente dita)
Para que a coleta seja objetiva e eficiente devemos:
• Ter uma ou duas pessoas (a depender da quantidade de
formulários) que devem ficar responsáveis pela distribuição
dos formulários entre os pesquisadores e a recepção dos
mesmos, de modo que não ocorra duplicidade no contao
com o informante;
• A coleta deve ser realizada por áreas e cada pesquisador
deve ficar responsável por uma. Isto facilita o controle dos
formulários e dos pesquisadores.
• Por amostragem, devemos checar se as informações
coletadas são verídicas, isto é, se os pesquisadores estão
realmente realizando a coleta de dados (se não estão
inventando as respostas).
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24. v) CRÍTICA ÀS INFORMÇÕES OBTIDAS
A crítica aos dados pode ser feita em várias etapas do
levantamento:
• No próprio instrumento de pesquisa – colocar questões que
sirvam de controle a questões chaves.
Por exemplo: Rendimento mensal x tipo e quantidade de
eletrodomésticos
• Na coleta de dados – o pesquisador deve ser treinado para
ter uma visão crítica das respostas (verificar se não há
contradição nas respostas).
• No retorno dos formulários – devem existir pessoas no
escritório responsáveis pela análise crítica dos formulários.
Identificada alguma dúvida, o pesquisador deve ser
contatado e, se necessário, o informante.
• Crítica eletrônica dos dados – programa de apuração dos
dados pode ter, no seu contexto, alguns critérios de
verificação das respostas. Quando esses critérios não forem
satisfeitos, o formulário deve ser verificado junto ao
pesquisador e/ou informante.
Todos os cuidados levantados anteriormente, na fase de
coleta de dados, visam um único objetivo
MINIMIZAR OS ERROS NÃO CONTROLÁVEIS
ESTATISTICAMENTE
VERACIDADE NAS RESPOSTAS
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25. Análise e Interpretação dos Dados
Obtidos os dados
⇓
Amontoado de respostas
⇓
Ordenar e organizar as respostas
⇓
Analisar e interpretar os resultados
Para tanto, precisamos com relação aos dados:
• Classificar
• Codificar
• Tabular
i) CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS
Dividir o todo (universo) em partes, dando ordem às partes e
colocando cada uma em seu lugar.
Normas de classificação:
a) Definir em classes ou categorias
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26. Exemplo:
Critérios: sexo; idade, tempo de permanência em Salvador
Classes ou categorias:
Sexo: Feminino e masculino
Tempo de permanência: há uma semana ou menos de uma
semana; mais de uma semana a menos de 15 dias;
15 dias a menos de um mês; um mês ou mais
Meio de transporte: automóvel; ônibus; trem; avião;
barco/navio; outros meio de transporte
b) Na mesma questão não pode haver mais de um critério
Exemplo: Turistas do sexo masculino ou feminino, há uma
semana ou menos de uma semana em Salvador
c) As categorias em que a população ou universo é dividido devem
abranger cada um dos elementos, pertencentes ao universo, sem
deixar nenhum de fora.
Exemplo: Estado civil não pode ser subdividido apenas em
casado e solteiro
d) A classificação deve ser constituída por categorias que se
excluam mutuamente.
Exemplo: Tempo de permanência:
• há uma semana ou menos de uma semana;
• mais de uma semana a menos de 15 dias;
• 15 dias a menos de um mês;
• um mês ou mais
e) A classificação não deve ser demasiadamente minuciosa.
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27. ii) CODIFICAÇÃO DOS DADOS
É o processo de atribuir um símbolo a cada classe de cada
categoria. Este símbolo pode ser apresentado na forma de palavras
ou, preferivelmente, na forma de linguagem numérica.
Exemplo de perguntas pré-codificadas:
• É a primeira vez que vem a Salvador?
( 1 ) Sim 0 ⇒ sem resposta
( 2 ) Não 9 ⇒ resposta anulada
( 3 ) Não me lembro ou não sei responder
• Há quanto tempo você se encontra nesta cidade?
( 1 ) Há uma semana ou menos de uma semana
( 2 ) Mais de uma semana a menos de 15 dias
( 3 ) 15 dias a menos de um mês
( 4 ) Um mês ou mais
0 ⇒ sem resposta
9 ⇒ resposta anulada
Para questões com mais de 9 alternativas, recomenda-se o
código “00” para sem resposta e “99” para respostas anuladas.
No caso de questões mistas:
Após a coleta de dados, devemos verificar as alternativas que
apareceram mais e codificá-las a seguir.
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28. Exemplo:
• Quais os principais problemas da cidade de Salvador?
( 1 ) Segurança
( 2 ) Transporte coletivo
( 3 ) Coleta de lixo
( 4 ) Falta de teatro
( 5 ) Falta de cinema
( 6 ) Moradia
( 7 ) Desemprego
( 8 ) Abastecimento alimentar
( 9 ) Alto custo de vida
( 10 ) Poluição das praias
( 11 ) Oferta de escolas públicas
( 12 ) Ensino de baixa qualidade
( 13 ) Outros. Especificar: ______________________________
Na categoria “outros”, o código dependerá das respostas
encontradas. Se ocorrerem principalmente as seguintes respostas:
“falta de lugar de lazer”; “saneamento básico”; e “longas
distâncias”.
( 14 ) Falta de lugar de lazer
( 15 ) Saneamento básico
( 16 ) Longas distâncias
00 ⇒ Sem respostas
99 ⇒ Resposta anulada
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29. iii) TABULAÇÃO
A tabulação pode ser: manual e mecânica.
Atualmente trabalha-se praticamente com o apoio do
computador para elaborar a tabulação mecânica, utilizando
gerenciador de banco de dados ou um programa estatístico.
Tabular consiste, manual ou mecanicamente, em elaborar uma
tabela de modo que nas colunas sejam explicitadas as variáveis e
nas linhas são registrados os resultados referentes a cada caso
observado, para as diversas variáveis.
Supondo que cada indivíduo seja um caso e estamos
observando n variáveis para t indivíduos, temos:
Variável 1 Variável 2 Variável 3 ... Variável n
Indivíduo 1
Indivíduo 2
Indivíduo 3
........
Indivíduo t
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30. iv) ANÁLISE DOS DADOS
Trata-se da análise estatística dos dados que visa verificar o
que os dados significam para a pesquisa. A análise dos dados
permite, resumidamente:
a) Caracterizar o que é típico no grupo
Estatisticamente: Obter alguma indicação sobre a tendência
central (média, moda, mediana).
b) Indicar até que ponto variam os indivíduos no grupo
Estatisticamente: Determinar as medidas de variabilidade ou de
dispersão (amplitude total, desvio quartil,
desvio padrão, variância, coeficiente de
variação, etc.).
c) Mostrar outros aspectos da maneira pela qual os indivíduos se
distribuem em relação à variável que está sendo medida.
Estatisticamente: Identificar a distribuição de probabilidade
variável (Normal, Binomial, etc.).
d) Mostrar a relação entre si das diferentes variáveis.
Estatisticamente: Existem vários métodos estatísticos para
verificar a relação entre as variáveis, porém
nenhum deles permite verificar uma relação
causal.
e) Descrever as diferenças entre dois ou mais grupos de
indivíduos.
Estatisticamente: Trata-se de um caso especial em que se mostra
a relação entre duas variáveis. Entretanto,
podem-se incluir comparações de medidas de
variação dentro dos grupos ou de relação entre
variáveis nos dois grupos.
30
31. v) INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Consiste em expressar o verdadeiro significado do material,
que se apresenta em termos dos propósitos do estudo a que se
dedicou.
O pesquisador fará as ilações que a lógica lhe permitir e
aconselhar, procederá às comparações pertinentes e, na base dos
resultados alcançados, enunciará novos princípios e fará as
generalizações apropriadas.
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