1. O documento discute a administração como um fato social complexo composto por elementos estruturais e não estruturais em interação dinâmica.
2. A ação administrativa é racional e objetiva, visando a eficácia, mas deve buscar conciliar eficiência com a racionalidade substantiva.
3. A alienação no trabalho é um problema ético importante, com compromisso e envolvimento positivo sendo preferíveis à alienação.
2. Livro
• Capítulo 1: A administração como fato e
sistema
• Capítulo 2: Natureza da ação
administrativa
• Capítulo 5: Natureza e as funções da
burocracia do ponto de vista estratégico
3. Administração como fato e
sistema
• O estudo científico da administração é
uma categoria de totalidade, com a
superação da anarquia de escolas e
correntes, com aspectos parciais.
• Imperativo considerar a sua concreta
complexidade, como as suas relações
com as outras esferas da vida social.
4. Administração como fato e
sistema
• A administração é pluridimensional devido a
complexidade do fenônemo, aos seus distintos
elementos em recíproca relação.
• Uma visão integrada de diferentes pontos de
vista.
• Elementos não materiais, como a decisão
(Herbert Simon).
• A nota teoria administrativa tende a ser
integrativa e estruturalista (Etzioni).
5. Que é fato administrativo?
• É um complexo de elementos e de suas
relações entre si, resultante e
condicionante da ação de diferentes
pessoas, escalonadas em diferentes
níveis de decisão, no desempenho de
funções que limitam e orientam atividades
humanas associadas, tendo em vista
objetivos sistematicamente estabelecidos.
6. Ação administrativa
• Max Weber chamou “ação social com
relação a fins”, tem limites e orientação,
visto que seleciona e combina meios para
atingir objetivos, devendo ser arguida pelo
critério da racionalidade funcional.
Divergente a racionalidade substantiva de
Weber (capítulo 5).
7. Elementos do fato
administrativo
• Fato administrativo como aspecto
particular da realidade social, três ordens
de elementos:
1.Aestruturais
2.Estruturais
3.Estruturantes
8. Os elementos aestruturais
a) A morfologia material do fato
administrativo: as instalações de toda
espécie, ferramentas, máquinas,
aparelhos, prédios, móveis,
acomodações, veículos, matérias primas
b) A força de trabalho.
c) As atitudes individuais e coletivas.
9. Os elementos estruturais ou
configurativos
• Internos: a estrutura organizacional, linhas
de autoridade, as competências, as
hierarquias funcionais, e os grupos.
• Externos:
1.Grau: associações, sindicatos e classes
sociais.
2.Grau: a sociedade global (ação direta)
3.Grau: a sociedade mundial (totalidade)
10. A decisão como elemento
estruturante do fato administrativo
• Elemento dinâmico e intervencionista.
Articula os elementos aestruturais e os
estruturais entre si e uns com os outros,
assim, asseguram a forma da empresa.
• “Os processos administrativos [...] são
processos decisórios” (Simon).
• A decisão é variável-dependente e seu
peso específico muda a grandeza de uma
situação para outra.
11. A decisão e seus pressupostos
sistemáticos
• A eficácia: lógico-matemático
• A comunicação: social
• O tempo: histórico
12. Eficácia como pressuposto
matemático da decisão
• Eficiência: “modelo da máquina”,
maximização da produtividade, Taylor,
homem autômato, estrutura autoritária,
maximização do lucro
• Eficácia (mais além da eficiência):
motivação do indivíduo, qualidade
democrática, um serviço à coletividade.
Atitudes positivas em relação à empresa,
funcionários, cliente e público.
13. Comunicação como
pressuposto social da decisão
• A comunicação é necessária para que a
decisão obtenha a relativa estabilidade do
equilíbrio entre os elementos da
organização.
• Fluxo de mensagens, informações e
sinais
• Vertical: descendente e ascendente
• Horizontal: interdepartamental
14. Comunicação como
pressuposto da decisão
• Controle retroativo ou feedback
• Circuito ou corrente circular de
informações de que resulta o
comportamento.
• A decisão bem-sucedida se baseia no
princípio da retroação ou controle
retroativo.
15. Tempo como pressuposto
histórico da decisão
• Extrínseco: mero parâmetro ou quadro
dos fenômenos.
Galileano, newtoniano e einsteiniano
• Intrínseco: ou essencial, complexo, dos
fenômenos sociais e humanos.
Depende da intensidade, confiança e
reciprocidade.
16. Tempo social
• “O tempo é um conceito, e este conceito é
construído pelo indivíduo sob a influência
da sociedade em que vive” (Mary Sturt).
• A percepção do tempo é afetada por
fatores sociais e culturais.
17. Funções do tempo social
I.
Sincronizar ou coordenar as sequenciais
ligações de um fenômeno sócio-cultural, por
meio de outros que são tomados como ponto
de referência
II. Organizar o tempo-sistema de modo a se
estabelecer a sua continuidade sócio-cultural
III. Refletir a pulsação dos sistemas sócioculturais, facilitando os ritmos necessários ao
seu funcionamento
18. Tempo como pressuposto
histórico da decisão
• Quanto mais se torna efetivo o processo
de mundialização da vida dos povos,
menor é a vigência do padrão local de
temporalidade, e mais urgente se torna a
uniformização, em escala universal, dos
critérios de medir o tempo (Sorokin).
19. Tempo como pressuposto
histórico da decisão
• O homem cordial brasileiro não procura
apenas deixar para amanhã as
resoluções que deve tomar; ele
descaracteriza o que existe de mais típico
na burocracia, pois não age segundo os
padrões racionais inerentes à
burocratização.
20. Tempo como pressuposto
histórico da decisão
• O fatalismo e a passividade dos brasileiros
são efeitos de suas experiências de
socialização, a qual desencoraja a iniciativa
independente e a autoconfiança dos
indivíduos (Rosen).
• “Pontualidade, ordenação, persistência não
estão profundamente enraizadas no Brasil.
[...] os brasileiros não estão acostumados a
trabalhar em situações altamente
organizadas (Rosen).
21. Reflexão sobre o tempo
• “Medir, contar o tempo é próprio da linha de
produção, e acaba por transferir-se para a
esfera privada dos seres humanos,
principalmente em sociedades
industrializadas. O tempo não despendido
com a produção, ou não controlado pelo
mercado, é considerado perdido, e nesse
sentido a velocidade é estimulada. Para
quê?, dever-se-ia acrescentar. Anda-se
depressa para chegar aonde?” A nova
ciência das organizações. Guerreiro Ramos.
22. O fato administrativo é um fato
social
• Características do fato social:
1.Sua exterioridade em relação às
consciências dos indivíduos
2.A ação coercitiva que exerce ou é suscetível
de exercer sobre tais consciências
• Distorção: fisicalismo, a equiparação da
sociologia a uma física social
(Durkheim, “as regras do jogo metodológico”)
23. O fato administrativo é um fato
social
• Aos fatos sociais é atribuída uma
“existência própria, independente de suas
manifestações individuais”
• É inadmissível uma reificação do
fenômeno social.
(Durkheim, Les Règles)
24. O fato administrativo é um fato
social
• Os fatos administrativos satisfazem o
requisito que Dukheim sintetiza com o
termo coerção. Eles se incluem entre os
mais impositivos dos fatos sociais.
• Ninguém logra furtar-se ao alcance de
sua força coercitiva. São, pois, fatos
sociais.
(Theodoro Litt)
25. Administração como sistema
• Consideramos o fato administrativo como
totalidade aberta, ou totalização, isto é,
como conjunto de elementos e interações,
conjunto no qual um aspecto interno e
outro externo são teoricamente distintos
mas, de fato, se influenciam
reciprocamente.
(Durkheim, Les Régles de la méthode
sociologique)
26. Administração como sistema
• A teoria administrativa só atingirá maturidade
científica quando assimilar a categoria de
totalidade.
• Examinar o fato administrativo à luz da
totalidade significa dizer:
1. Que sua estrutura interna consta de elementos
e camadas distintas, em recíproca relação.
2. Que o constituem também as suas relações
externas com outros elementos sociais.
27. Capítulo 2 – Conceito de ação
administrativa
• Alguns aspectos do conhecimento:
1. Os estatutos normativos do trabalho não se
podem confundir com os estatutos normativos
da vida humana em geral.
2. A percepção de que eficiência e produtividade
são fenômenos mais complexos do que
supunha a teoria tradicional (Elton Mayo).
3. A consciência de que é necessário conhecer de
modo sistemático a influência do ambiente
externo sobre as organizações.
28. Tipos de ação social
1.
2.
3.
4.
Racional no tocante aos fins
Racional no tocante aos valores
Afetiva: estados emotivos, sentimentais
Tradicional: por costumes
• A racionalidade substantiva é
estreitamente relacionada com a
preocupação em resguardar a liberdade.
29. Natureza da ação administrativa
• O fazer carreira implica auto-domínio,
auto-racionalização da conduta de quem
a pretende, que afeta sua vida fora do
trabalho e até a sua vida interior.
• Onde a divisão social do trabalho se
encontra em avançado estágio, torna-se
predominante o princípio da “carreira”.
30. Natureza da ação administrativa
• A racionalidade que a tecnologia e a
industrialização difundem, quando
entregues a um processo cego, é a que
submete o homem a critérios funcionais,
antes que substanciais, de entendimento
e compreensão.
31. Natureza da ação administrativa
• A industrialização tem agravado o caráter
concentracionário de nossa época.
• Restringe a propriedade a poucos.
• Concentra o poder de decidir e organizar.
• Excluindo a maioria dos indivíduos a
possibilidade de decidir.
• Debilitando a racionalidade substancial.
32. Problemas éticos da
organização
• A estruturação do “consentimento” com o
objetivo de torná-lo menos alienativo,
pode beneficiar-se de orientações,
diretrizes, métodos e processos,
indicados pelos estudiosos de
organização e de administração,
preocupados com esta sorte de
problemas humanos.
33. Ética da responsabilidade e
consentimento
• A ética da responsabilidade é ingrediente
de toda ação administrativa. É o seu
conteúdo subjetivo por excelência.
• A ética da organização é a ética da
responsabilidade, embora ela nunca deixe
de ser, de certo modo, influenciada pela
ética da convicção.
34. Ética da responsabilidade e
consentimento
• Seis esferas de consenso:
1.Valores gerais da sociedade
2.Objetivos da organização
3.Meios, normas ou táticas
4.Participação na organização
5.Especificações de execução
6.Perspectivas de conhecimento dos fatos
35. Ética da responsabilidade e
consentimento
• “Relação na qual um ator se conduz de
acordo com uma diretiva formulada por
um agente de poder, ou como orientação
de ator subordinado no tocante ao poder
aplicado” (Etzioni).
• Conceitos das estruturas de
consentimento: poder, envolvimento,
alienação e compromisso.
36. Definição de ação
administrativa
• É a modalidade de ação social, dotada de
racionalidade funcional, e que supõe estejam os
seus agentes, enquanto a exercem, sob a
vigência predominante da ética da
responsabilidade.
• A razão da ação administrativa é a eficácia, a
operação produtiva de uma combinação de
recursos e meios, tendo em vista alcançar
objetivos predeterminados e contingentes.
37. Definição de ação
administrativa
• A organização e a ação administrativa
tendem, com o progresso histórico-social,
a procurar como objetivo limite, conciliar a
eficiência com a racionalidade
substantiva.
38. Alienação, novo tema da teoria
administrativa
• Condições estruturais de nossa época, em que
a ciência e a cultura, democratizando-se, em
escala nunca vista, estimula crescente número
de pessoas a pretender projetar o curso de suas
vidas.
• Contudo, as relações entre indivíduos, e entre
grupos, na organização, não se passam
“antissepticamente limpas” de política e de
vontade de poder (Pfiffner-Sherwood).
39. Alienação, novo tema da teoria
administrativa
• Dois polos de envolvimento (Etzioni):
1.Compromisso ou envolvimento positivo
2.Alienação ou envolvimento negativo
• A concepção do envolvimento está
permeada por um julgamento ético, e
numa “sadia organização”, o
compromisso prevalece sobre a
alienação.
40. A auto-alienação no trabalho
• Estado psicológico que se verifica em
organizações em que o indivíduo é
tratado como unidade abstrata, força de
trabalho, mero instrumento passivo que,
em troca de salário, cumpre tarefas,
segundo especificações autocraticamente
determinadas.
• A organização se conduz com restrita
tolerância às convicções do indivíduo.
41. “Lealdades e identificação
organizativa” (Simon)
• “A sociedade organizada impõe ao
indivíduo por meio da identificação, o
esquema de valores sociais em lugar de
seus motivos pessoais.
• Uma estrutura organizada é socialmente
útil na medida em que o modelo de
identificação que cria, produz uma
correspondência entre os valores sociais
e os valores da organização”.
42. Alienação e poder
• A mais grave alienação consiste em não
ter consciência da alienação.
• Representa privação de poder, ou em que
os alienados nada mais são que agentes
passivos de comandos, ordens e
decisões.
• Processo decisório que não exclua
nenhum agente da ação administrativa de
um papel ativo.
43. A organização e o ambiente
externo
• Organização é “pluraridade de partes que
se mantêm a si mesmas mediante suas
interrelações e realizam objetivos
específicos, e que, ao lograr e, adaptamse ao ambiente externo, desse modo
assegurando o estado interrelacionado de
suas partes” (Argyris).
44. A informação como unidade do
processo organizativo
• “Relação sistemática entre fatos”
(Deutsch).
• Não existe, pois, informação desvinculada
de um sistema ou esquema de relações.
• A informação não é um dado portador de
sentido imanente.
45. A informação como unidade do
processo organizativo
• A direção (consciência da organização)
são transmitidas informações que lhe
habilitam avaliar o seu grau de eficácia e,
portanto, a corrigir os desajustamentos
emergentes, mediante a emissão de
novas instruções.
46. Os perigos da
superconformidade
• Viciando o sistema de informações da
organização, acaba constituindo-se em fator de
resistência a mudanças, ou em fator de
imobilismo (Merton).
• “Sensibilidade” é o reconhecimento do caráter
criador da tensão entre a ética da
responsabilidade e a ética da convicção.
• Os grupos informais introduzem um elemento
de flexibilidade na organização e, por isso,
devem ser tolerados.
47. Qual a moral das
organizações?
• Qual a razão das organizações? Numa
sociedade onde se apresentam como
porta-vozes do mercado, e onde este
perde os seus limites para confundir-se
com ela, sociedade, a moral e a razão
vigentes nas organizações são as da
produção, conforme ditadas pela
conveniência do mercado.
48. Fim
• Um tipo de ação que atende aos
imperativos sociais de existência das
organizações e, ao mesmo tempo,
permita aos seus agentes opção por
existência substantiva é o que se espera
possa vir a ser a ação administrativa.