Descalça vai para a fonte

Helena Coutinho
Helena CoutinhoProfessora à Escola Secundária da Ramada
ouvir
Mote
    Descalça vai para a fonte
    Lianor pela verdura;
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,
    Tão linda que o mundo espanta.
    Chove nela graça tanta,
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
Tema:
O vilancete traça o retrato físico de Lianor. A descrição da sua beleza e graciosidade
associa-se a um espaço bucólico “Descalça vai para fonte/ Lianor pela verdura”.




                       Pote
                                                   Touca


                 Vasquinha
                                                        Cinta
                                                      Escarlata

                        Testo
                                                       Sainho
Para caracterizar e realçar a graça e a beleza de Lianor, o sujeito poético serve-se
 de processos figurativos:



  “Graça”                                                             “descalça”,
                •na expressividade do substantivo
                                                                      “linda”,
                                                                      “branca”,
                               •na expressividade dos adjectivos      “formosa”,
                                                                      “(não) segura”;


•na expressividade dos diminutivos

“sainho”, “vasquinha”
traduzindo a ideia de                                        “mãos de prata”, “cabelos
encantamento        do                                       de ouro” fazendo ressaltar
sujeito     face     à                                       a brancura das mãos e o
graciosidade de Lianor                   •nas metáforas      louro      dos     cabelos,
                                                             características do tipo de
                                                             mulher clássica;
•nas orações consecutivas                     •nas hipérboles
                                             “mais branca que a neve pura”
“que o mundo espanta”,                       (expressão comparativa),
“que dá graça à fermosura”;                  “tão linda que o mundo espanta”,
                                             “chove nela graça tanta / que dá
                                             graça à fermosura”
 •na personificação

“tão linda que o mundo espanta”.



  Convém não esquecer a combinação das seguintes cores:
  o vermelho do vestuário, o branco da pele e o loiro dos cabelos que sugerem a alegria,
  a paixão, a sedução/sensualidade, a pureza e a perfeição da mulher retratada bem
  como do cenário já referido: a caminho da fonte, a verdura e a neve pura que
  traduzem a simplicidade, a jovialidade, a serenidade e graciosidade de Lianor.
  Como é possível verificar, trata-se de um retrato idealizado em que mais que a beleza
  física se visiona a graça e a beleza espiritual de Lianor.
Mote
    Descalça vai para a fonte
    Lianor pela verdura;
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas ou Glosas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,
    Tão linda que o mundo espanta.
    Chove nela graça tanta,
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
O Refrão:
Mote
    Descalça vai para a fonte
    Lianor pela verdura;
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas ou Glosas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,     Elementos psicológicos sugeridos
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,
    Tão linda que o mundo espanta.
    Chove nela graça tanta,
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
Mote                                 Este poema é um vilancete porque é
    Descalça vai para a fonte        constituído por um mote de 3 versos e
    Lianor pela verdura;             por 2 voltas ou glosas de 7 versos.
    Vai fermosa, e não segura.

Voltas ou Glosas
     Leva na cabeça o pote,
     O testo nas mãos de prata,
     Cinta de fina escarlata,
     Sainho de chamelote;
     Traz a vasquinha de cote,
     Mais branca que a neve pura.
     Vai fermosa e não segura.

    Descobre a touca a garganta,
    Cabelos de ouro entrançado
    Fita de cor de encarnado,            O último verso do mote repete-se
    Tão linda que o mundo espanta.       no último das duas glosas
    Chove nela graça tanta,              Refrão
    Que dá graça à fermosura.
    Vai fermosa e não segura.
No mote, as letras do esquema rimático são
                                     maiúsculas, nas glosas letras minúsculas,
Mote
                                     excepto no último verso por ser uma
Descalça vai para a fonte        A   repetição do último verso do mote.
Lianor pela verdura;             B
Vai fermosa, e não segura.       B

Voltas ou Glosas                      Esquema Rimático:
Leva na cabeça o pote,           c    ABB // cddccbB // cddccbB
O testo nas mãos de prata,       d
Cinta de fina escarlata,         d
Sainho de chamelote;             c
Traz a vasquinha de cote,        c     Classificação das Rimas:
Mais branca que a neve pura.     b     A rima é emparelhada (versos 2,3,4
Vai fermosa e não segura.        B     e 5) e interpolada (versos 1 e 6)

Descobre a touca a garganta,     c
Cabelos de ouro entrançado       d
Fita de cor de encarnado,        d
Tão linda que o mundo espanta.   c
Chove nela graça tanta,          c
Que dá graça à fermosura.        b
Vai fermosa e não segura.        B
Os versos são de 7 sílabas métricas, isto é,
                                        versos de redondilha maior.
                                        Trata-se da medida velha de acordo com as
                                        características tradicionais do poema.
Mote
   Des/cal/ça/ vai /pa/ra a /fon(te)
                                            Voltas ou Glosas
   Li/a/nor/ pe/la /ver/du(ra);                  Leva na cabeça o pote,
                                                 O testo nas mãos de prata,
   Vai /fer/mo/sa, e/ não/ se/gu(ra).            Cinta de fina escarlata,
                                                 Sainho de chamelote;
                                                 Traz a vasquinha de cote,
                                                 Mais branca que a neve pura.
                                                 Vai fermosa e não segura.

                                                Descobre a touca a garganta,
                                                Cabelos de ouro entrançado
                                                Fita de cor de encarnado,
                                                Tão linda que o mundo espanta.
                                                Chove nela graça tanta,
                                                Que dá graça à fermosura.
                                                Vai fermosa e não segura.
Disciplina de Português
Profª: Helena Maria Coutinho
1 sur 11

Recommandé

Lírica camoniana par
Lírica camonianaLírica camoniana
Lírica camonianaHelena Coutinho
300.8K vues56 diapositives
Aquela cativa Poema e Análise par
Aquela cativa Poema e AnáliseAquela cativa Poema e Análise
Aquela cativa Poema e AnáliseBruno Jardim
70.3K vues12 diapositives
Ondados fios de ouro reluzente par
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteHelena Coutinho
58.6K vues14 diapositives
A formosura desta fresca serra par
A formosura desta fresca serraA formosura desta fresca serra
A formosura desta fresca serraHelena Coutinho
61.8K vues16 diapositives
Amor é fogo que arde par
Amor é fogo que ardeAmor é fogo que arde
Amor é fogo que ardeHelena Coutinho
160.5K vues32 diapositives
Os Planos d'Os Lusíadas par
Os Planos d'Os LusíadasOs Planos d'Os Lusíadas
Os Planos d'Os LusíadasRosalina Simão Nunes
105.9K vues13 diapositives

Contenu connexe

Tendances

Um mover de olhos brando e piadoso par
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoHelena Coutinho
84.9K vues22 diapositives
Sermão de Santo António - Resumo par
Sermão de Santo António - ResumoSermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - Resumocolegiomb
219.9K vues12 diapositives
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta par
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaDina Baptista
461.2K vues13 diapositives
Lírica de Luís de Camões par
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões Lurdes Augusto
119.7K vues63 diapositives
Resumos de Português: Camões lírico par
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoRaffaella Ergün
53.5K vues3 diapositives
Gil vicente, farsa de inês pereira par
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraDavid Caçador
167K vues37 diapositives

Tendances(20)

Um mover de olhos brando e piadoso par Helena Coutinho
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadoso
Helena Coutinho84.9K vues
Sermão de Santo António - Resumo par colegiomb
Sermão de Santo António - ResumoSermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - Resumo
colegiomb219.9K vues
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta par Dina Baptista
Os Lusíadas - Reflexões do PoetaOs Lusíadas - Reflexões do Poeta
Os Lusíadas - Reflexões do Poeta
Dina Baptista461.2K vues
Lírica de Luís de Camões par Lurdes Augusto
Lírica de Luís de Camões Lírica de Luís de Camões
Lírica de Luís de Camões
Lurdes Augusto119.7K vues
Resumos de Português: Camões lírico par Raffaella Ergün
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões lírico
Raffaella Ergün53.5K vues
Gil vicente, farsa de inês pereira par David Caçador
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereira
David Caçador167K vues
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106 par nanasimao
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
nanasimao103.3K vues
Sermão aos peixes resumo-esquema por capítulos par ClaudiaSacres
Sermão aos peixes   resumo-esquema por capítulosSermão aos peixes   resumo-esquema por capítulos
Sermão aos peixes resumo-esquema por capítulos
ClaudiaSacres32.2K vues
Sermão de santo antónio aos peixes par vermar2010
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixes
vermar2010742.9K vues
O dia em que eu nasci, morra e pereça par Helena Coutinho
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereça
Helena Coutinho72.8K vues
Crónica de D. João I de Fernão Lopes par Gijasilvelitz 2
Crónica de D. João I de Fernão LopesCrónica de D. João I de Fernão Lopes
Crónica de D. João I de Fernão Lopes
Gijasilvelitz 2200.7K vues
Estrutura do Sermão de Santo António aos Peixes par António Fernandes
Estrutura do Sermão de Santo António aos PeixesEstrutura do Sermão de Santo António aos Peixes
Estrutura do Sermão de Santo António aos Peixes
António Fernandes19.5K vues

Similaire à Descalça vai para a fonte

enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt par
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.pptenc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.pptMarcelo Gil
1 vue11 diapositives
Descalça vai para a fonte.pptx par
Descalça vai para a fonte.pptxDescalça vai para a fonte.pptx
Descalça vai para a fonte.pptxPaulo Gaspar
53 vues3 diapositives
descalça vai para a fonte.pptx par
descalça vai para a fonte.pptxdescalça vai para a fonte.pptx
descalça vai para a fonte.pptxNunoSousa540306
47 vues14 diapositives
A poesia lírica de luís vaz de camões par
A poesia lírica de luís vaz de camõesA poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camõesma.no.el.ne.ves
9.3K vues23 diapositives
Camilo pessanha poemas par
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasagnes2012
3.2K vues39 diapositives
Arcadismo em portugal e no brasil. par
Arcadismo em portugal e no brasil.Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.Ajudar Pessoas
4.3K vues36 diapositives

Similaire à Descalça vai para a fonte(11)

enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt par Marcelo Gil
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.pptenc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
enc10_rimas_redondilhas_analise_sub.ppt
Marcelo Gil1 vue
Descalça vai para a fonte.pptx par Paulo Gaspar
Descalça vai para a fonte.pptxDescalça vai para a fonte.pptx
Descalça vai para a fonte.pptx
Paulo Gaspar53 vues
A poesia lírica de luís vaz de camões par ma.no.el.ne.ves
A poesia lírica de luís vaz de camõesA poesia lírica de luís vaz de camões
A poesia lírica de luís vaz de camões
ma.no.el.ne.ves9.3K vues
Camilo pessanha poemas par agnes2012
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemas
agnes20123.2K vues
Arcadismo em portugal e no brasil. par Ajudar Pessoas
Arcadismo em portugal e no brasil.Arcadismo em portugal e no brasil.
Arcadismo em portugal e no brasil.
Ajudar Pessoas4.3K vues
Horas rubras par jmpcard
Horas rubrasHoras rubras
Horas rubras
jmpcard401 vues
De quantas graças tinha, a Natureza par LayS210
De quantas graças tinha, a NaturezaDe quantas graças tinha, a Natureza
De quantas graças tinha, a Natureza
LayS210573 vues
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 8 par Clara Veiga
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 88 poemas 8 mulheres 8 imagens 8
8 poemas 8 mulheres 8 imagens 8
Clara Veiga410.2K vues
É carnaval em mim - Frei Betto par Mima Badan
É carnaval em mim - Frei BettoÉ carnaval em mim - Frei Betto
É carnaval em mim - Frei Betto
Mima Badan352 vues
Lírica de Camões par inessalgado
Lírica de CamõesLírica de Camões
Lírica de Camões
inessalgado2.1K vues

Plus de Helena Coutinho

. Maias simplificado par
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificadoHelena Coutinho
205.6K vues71 diapositives
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças par
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasHelena Coutinho
13.5K vues2 diapositives
Relato hagiografico par
Relato hagiograficoRelato hagiografico
Relato hagiograficoHelena Coutinho
2.4K vues3 diapositives
P.ant vieira bio par
P.ant vieira bioP.ant vieira bio
P.ant vieira bioHelena Coutinho
3.2K vues40 diapositives
Epígrafe sermao par
Epígrafe sermaoEpígrafe sermao
Epígrafe sermaoHelena Coutinho
2.5K vues15 diapositives
Cap vi par
Cap viCap vi
Cap viHelena Coutinho
30.8K vues10 diapositives

Plus de Helena Coutinho(20)

Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças par Helena Coutinho
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Helena Coutinho13.5K vues
Cap v repreensões particular par Helena Coutinho
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particular
Helena Coutinho207.3K vues
Contexto histórico padre antónio vieira par Helena Coutinho
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieira
Helena Coutinho25.1K vues
Sete anos de pastor jacob servia par Helena Coutinho
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob servia
Helena Coutinho22.1K vues
Oh! como se me alonga, de ano em ano par Helena Coutinho
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Helena Coutinho24.8K vues
Erros meus, má fortuna, amor ardente par Helena Coutinho
Erros  meus, má fortuna, amor ardenteErros  meus, má fortuna, amor ardente
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Helena Coutinho109K vues

Descalça vai para a fonte

  • 2. Mote Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Voltas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 3. Tema: O vilancete traça o retrato físico de Lianor. A descrição da sua beleza e graciosidade associa-se a um espaço bucólico “Descalça vai para fonte/ Lianor pela verdura”. Pote Touca Vasquinha Cinta Escarlata Testo Sainho
  • 4. Para caracterizar e realçar a graça e a beleza de Lianor, o sujeito poético serve-se de processos figurativos: “Graça” “descalça”, •na expressividade do substantivo “linda”, “branca”, •na expressividade dos adjectivos “formosa”, “(não) segura”; •na expressividade dos diminutivos “sainho”, “vasquinha” traduzindo a ideia de “mãos de prata”, “cabelos encantamento do de ouro” fazendo ressaltar sujeito face à a brancura das mãos e o graciosidade de Lianor •nas metáforas louro dos cabelos, características do tipo de mulher clássica;
  • 5. •nas orações consecutivas •nas hipérboles “mais branca que a neve pura” “que o mundo espanta”, (expressão comparativa), “que dá graça à fermosura”; “tão linda que o mundo espanta”, “chove nela graça tanta / que dá graça à fermosura” •na personificação “tão linda que o mundo espanta”. Convém não esquecer a combinação das seguintes cores: o vermelho do vestuário, o branco da pele e o loiro dos cabelos que sugerem a alegria, a paixão, a sedução/sensualidade, a pureza e a perfeição da mulher retratada bem como do cenário já referido: a caminho da fonte, a verdura e a neve pura que traduzem a simplicidade, a jovialidade, a serenidade e graciosidade de Lianor. Como é possível verificar, trata-se de um retrato idealizado em que mais que a beleza física se visiona a graça e a beleza espiritual de Lianor.
  • 6. Mote Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Voltas ou Glosas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 7. O Refrão: Mote Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Voltas ou Glosas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Elementos psicológicos sugeridos Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 8. Mote Este poema é um vilancete porque é Descalça vai para a fonte constituído por um mote de 3 versos e Lianor pela verdura; por 2 voltas ou glosas de 7 versos. Vai fermosa, e não segura. Voltas ou Glosas Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, O último verso do mote repete-se Tão linda que o mundo espanta. no último das duas glosas Chove nela graça tanta, Refrão Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 9. No mote, as letras do esquema rimático são maiúsculas, nas glosas letras minúsculas, Mote excepto no último verso por ser uma Descalça vai para a fonte A repetição do último verso do mote. Lianor pela verdura; B Vai fermosa, e não segura. B Voltas ou Glosas Esquema Rimático: Leva na cabeça o pote, c ABB // cddccbB // cddccbB O testo nas mãos de prata, d Cinta de fina escarlata, d Sainho de chamelote; c Traz a vasquinha de cote, c Classificação das Rimas: Mais branca que a neve pura. b A rima é emparelhada (versos 2,3,4 Vai fermosa e não segura. B e 5) e interpolada (versos 1 e 6) Descobre a touca a garganta, c Cabelos de ouro entrançado d Fita de cor de encarnado, d Tão linda que o mundo espanta. c Chove nela graça tanta, c Que dá graça à fermosura. b Vai fermosa e não segura. B
  • 10. Os versos são de 7 sílabas métricas, isto é, versos de redondilha maior. Trata-se da medida velha de acordo com as características tradicionais do poema. Mote Des/cal/ça/ vai /pa/ra a /fon(te) Voltas ou Glosas Li/a/nor/ pe/la /ver/du(ra); Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Vai /fer/mo/sa, e/ não/ se/gu(ra). Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
  • 11. Disciplina de Português Profª: Helena Maria Coutinho