O
primeiro marido de D. Madalena de Vilhena tinha partido para a guerra
de Alcácer Quibir (1578) e tinha desaparecido há sete anos, quando ela
decide casar de novo, com D. Manuel de Sousa Coutinho.
Deste
casamento, nasce D. Maria, que se transforma numa jovem pura,
curiosa e impetuosa.
Com
o casal e a filha vive Telmo, um fiel amigo e escudeiro de D. João de
Portugal, primeiro marido de D. Madalena, que após o seu desaparecimento
ficara a servir a sua suposta viúva e a sua família.
Apesar
de viver feliz e amar verdadeiramente D. Manuel Coutinho, D.
Madalena, uma mulher supersticiosa, sente-se constantemente atormentada
com a possibilidade do regresso do seu primeiro marido, cujo corpo nunca
fora encontrado.
Impera
o mito do sebastianismo, que é sustentado pela dúvida e pelo
temor do retorno de D. João, avivado por personagens como Telmo Pais e
Maria.
D.
João de Portugal, que, apesar de se pensar que teria sido morto na
batalha de Alcácer Quibir, está vivo e regressa a Portugal tornando
ilegítimo o casamento de D. Manuel.
Este facto
valoriza o amor, mesmo contra os ideais sociais da época.
Esta obra de Almeida Garrett aconteceu no decorrer do século XVI,
retrata a vida de D. Manuel Coutinho e da sua esposa D. Madalena
de Vilhena, uma mulher muito supersticiosa, que acredita que
qualquer sinal que achasse fora do normal era uma chamada de
atenção para ações futuras, um presságio. Enquanto que D.
Manuel, um homem corajoso, patriota, provado historicamente que
era possuidor de um grande amor por Madalena, não se importa
com o passado da sua esposa. Mas Madalena vive com muitos
receios em relação ao facto do seu primeiro marido, D. João de
Portugal, que, apesar de se pensar que terá sido morto na batalha
de Alcácer Quibir, está ainda vivo e regressa a Portugal tornando
ilegítimo o casamento de D. Manuel. Este facto valoriza o amor,
mesmo contra os ideais sociais da época.
O dramatismo desta obra é mais acentuado quando o autor
concede ao casal uma filha, Maria de Noronha, uma jovem
que sofre de tuberculose. Pura, ingénua, curiosa, corajosa,
perfeitamente inocente dos atos dos seus pais, é a
personificação da própria beleza e pureza que se consegue
originar mesmo num casamento condenável. É-lhes
concedido também um aio, Telmo Pais, que ainda é leal ao
seu antigo amo, D. João de Portugal, para além de ser contra o
segundo casamento de D. Madalena. Conselheiro atencioso e
prestativo que tem um carinho enorme por Maria.
O
desfecho da obra é originado por Manuel de Sousa que incendeia
a sua casa a fim de não alojar os governadores. Ao perceber que D.
Manuel destruíra a sua própria casa, onde residia o quadro de D.
Manuel, Madalena toma esta situação como um presságio,
pressentindo que iria perder D. Manuel tal como perdeu a sua casa e o
seu quadro. Consequentemente, Manuel vê-se forçado a habitar na
residência que dantes fora de D. João de Portugal. Este regressa à sua
antiga habitação, como romeiro, e frisa as apreensões de Madalena ao
identificar o quadro de D. João. Com esta revelação, o casal decide
ingressar na vida religiosa adotando novos nomes: Frei Luís de Sousa e
Sóror Madalena.
O conflito desenvolve-se num crescente até ao clímax,
provocando um sofrimento (pathos) cada vez mais cruel e
doloroso.
Esta obra está tão bem organizada, ou seja, os
acontecimentos estão tão bem organizados, que nada se
pode suprimir sem que se altere o conflito e o respetivo
desenlace. Considera-se um drama romântico pois possui
algumas características de um clássico: o nacionalismo, o
patriotismo, a crença em agoiros e superstições, o amor pela
liberdade (elementos românticos); indícios de uma
catástrofe, o sofrimento crescente, o reduzido número de
personagens, peripécias, o coro (elementos clássicos).