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Conversando com Jesus – Parte II




Ao notar que se Jesus se oferecia prazerosamente ao diálogo, aproveitei a ocasião e
pedi sua opinião sobre o que acontecera naquela tarde.

- Tenho estado no centro do mundo e me revelados a eles na carne. Encontrei-os
todos embriagados. Não encontrei ninguém sedento. Minha alma sofre pelos filhos
dos homens porque estão cegos de coração; não veem que chegaram vazios ao mundo
e tencionam sair vazios do mundo. Agora estão bêbados. Quando vomitarem seu
vinho se arrependerão...

- São palavras muito duras – eu lhe disse. – Tão duras como as que pronunciastes no
cume do monte das Oliveiras, à vista de Jerusalém...

- Talvez os homens pensem que vim para trazer a paz ao mundo. Não sabem que estou
aqui para lançar na terra divisão, fogo, espada e guerra... Pois haverá cinco em uma
casa: três contra dois e dois contra três: o pai contra o filho, o filho contra o pai. E eles
estarão sós.
- Muitos, em meu mundo – acrescentei, procurando fazer com que minhas palavras
não soassem excessivamente estranhas para Lázaro -, poderiam associar essas frases
sobre o fim de Jerusalém como o fim dos tempos. Que tens a dizer sobre isto?

- As gerações futuras compreenderão que a volta do Filho do Homem não se dará pela
mão do guerreiro. Esse dia será inesquecível: depois da grande atribulação – como não
terá havido outra desde o princípio do mundo -, meu estandarte será visto nos céus
por todas as tribos da terra. Essa será minha verdadeira e definitiva volta: sobre as
nuvens do céu, como o relâmpago que sai do Oriente e brilha até o Ocidente...

- Que será a grande tribulação?

- Tu poderias chamá-la de “um parto de toda a Humanidade...”

Jesus não parecia muito disposto a me dar detalhes.

- Diz ao menos quando se realizará.

- Daquele dia e daquela hora, ninguém sabe. Nem os anjos, nem o Filho. Só o que
posso dizer é que será tão inesperado que muitos serão pilhados no meio de sua
cegueira e iniquidade...

- Meu mundo, do qual venho – cuidei de pressioná-lo – distingue-se precisamente pela
confusão e pela injustiça...

- Teu mundo não é melhor nem pior do que este. A ambos falta só o princípio que rege
o Universo: o amor.

- Dá-me, ao menos, um sinal para que saibamos quando te revelarás aos homens pela
segunda vez...

- Quando voz desnudardes sem sentir vergonha; quando tomardes vossas vestimentas;
as colocardes sob os pés como as crianças e as pisoteardes, então vereis o Filho do
Vivente e não temereis.

Lázaro, afortunadamente, continuava identificando “meu mundo” como a Grécia. Isso
me permitia continuar interrogando o Mestre com certa margem de amplitude.

- Então – retornei – meu mundo está ainda muito longe desse dia. Ali os homens são
inimigos dos homens e até do próprio Deus...

Jesus não me deixou prosseguir.

- Estais então equivocado. Deus não tem inimigos.

Aquela frase incisiva do Nazareno trouxe-me a memória muitas das crenças sobre um
Deus justiceiro que condena ao fogo do inferno o que morre em pecado. E foi o que
lhe disse.

Cristo sorriu balançando a cabeça negativamente.

- Os homens são hábeis manipuladores da verdade. Um pai pode se sentir aflito com as
loucuras do filho, mas nunca o condenaria a um mal permanente. O inferno, como
crêem em teu mundo, significaria que uma parte da Criação teria escapado das mãos
do Pai... E posso assegurar que crer nisso é não conhecer o pai.

- Por que então falaste em certa ocasião de fogo eterno e ranger de dentes?

- Se falando por parábolas não me compreendes, como então posso ensinar-te os
mistérios do Reino? Em verdade, em verdade te digo que aquele que aposte forte e se
equivoque sentirá como lhe rangem os dentes.

- É que a vida é uma aposta?

- Disseste tudo, Jasão. Uma aposta no amor. É o único bem em que jogo desde que se
nasce.

Fiquei pensativo. Aquelas eram palavras novas para mim.

- Que te preocupa? – perguntou-me Jesus.

- Sendo assim, que podemos pensar dos que nunca amaram?

- Não existem tais pessoas?

- Que me dizes dos sanguinários, dos tiranos...?

- Eles também amam. À sua maneira. Quando passarem para o outro lado levarão um
bom susto...

- Não entendo.

- Eles se darão conta, ao deixar este mundo, de que ninguém lhes perguntará por seus
crimes, riquezas, poder ou beleza. Eles mesmos, e só eles, se convencerão de que a
única medida válida, no “outro lado”, é a do Amor. Se não amaste aqui, em teu tempo,
somente tu sentirás responsável.

- E que ocorrerá com os que não tenham sabido amar?

- Queres dizer: com os que não tenham querido amar...

Novamente me senti confuso.

- ... Esses, amigo – prosseguiu o rabi captando minha dúvida -, serão os grandes
enganados e, em consequência, os últimos do Reino de meu Pai.

- Então teu Deus é um Deus de amor...

Jesus pareceu zangado.

- Tu és Deus!

- Eu, Senhor?

- Em verdade te digo que todos os nascidos levam o selo da Divindade.

- Mas não respondeste à minha pergunta. Deus é um Deus de amor?
- Não o fosse não seria Deus.

- Nesse caso, devemos excluir de sua mente qualquer castigo ou prêmio?

- É a nossa própria injustiça que se volta contra nós.

- Começo a intuir, Mestre, que tua missão é muito simples. Será que me engano se te
digo que teu trabalho consiste em deixar uma mensagem?

O Nazareno sorriu satisfeito. Pôs sua mão sobre meu ombro e respondeu:

- Não poderias ter resumido melhor...

Lázaro, sem fazer o menor comentário, assentiu com a cabeça.

- Tu sabes que meu coração é duro – acrescentei. – Poderias repetir-me essa
mensagem?

- Diz ao teu mundo que o Filho do Homem só veio para transmitir a mensagem do Pai:
que todos sois seus filhos!

- Isso já sabemos...

- Estás seguro? Diz-me, Jasão, que significa para ti ser filho de Deus?

Senti que tinha sido pego de novo. Sinceramente não tinha uma resposta válida. Nem
mesmo estava seguro da existência desse Deus.

- Eu te direi – interveio o mestre com grande doçura. – Ter sido criado pelo Pai supõe a
máxima manifestação do amor. Ele da tudo sem pedir nada em troca. Eu recebi o
encargo de recordar isso. Essa é a minha mensagem.

- Deixa-me pensar... Então, façamos o que façamos, estaremos condenados a ser
felizes?

- É questão de tempo. É necessário que o mundo entenda e ponha em prática que o
único meio para eles é o Amor.

Tive de pensar muito sobre minha pergunta seguinte. Naquele instante, a presença do
ressuscitado poderia constituir um certo problema.

- Se tua presença no mundo obedece a uma razão tão elementar como a de deixar
uma mensagem para toda a humanidade, não crês que “tua igreja” está sobrando?

- Minha igreja? – perguntou por sua vez Jesus, embora, em minha opinião, ele tivesse
entendido perfeitamente. – Não tive nem tenho a menor intenção de fundar uma
igreja tal como tu pareces entendê-la.

Aquela resposta me perturbou demais.

- Mas tu disseste que a palavra do Pai deveria ser estendida até os confins da terra...

- Em verdade te digo que assim será. Mas isso não implica condicionar ou dobrar
minha mensagem à vontade do poder ou das leis humanas. Não é possível que um
homem monte dois cavalos ou que dispare dois arcos. Como não é possível que um
criado sirva a dois amos. Senão, ele honrará a um e ofenderá ao outro. Ninguem que
esteja bebendo vinho velho deseja naquele momento beber vinho novo. Não se verte
vinho novo em odres velhos, para que não se azede, nem se despeja vinho velho em
odres novos, para que não se deteriore. Nem se costura um remendo velho em um
vestido novo porque se faria um rasgão. Da mesma forma te digo: minha mensagem só
necessita de corações sinceros que a transmitam; não de palácios ou falas dignidades e
púrpuras que a cubram.

- tu sabes que não será assim...

- Ai dos que se antepuserem a minha vontade!

- E qual é a tua vontade?

- Que os homens se amem como eu os tenho amado. Isso é tudo.

- Tens razão. – admiti. – Para isso não é preciso montar novas burocracias, nem
códigos, nem chefaturas... Não obstante, muitos dos homens de meu mundo
desejariam fazer-te uma pergunta...

- Adiante – animou-me o Galileu.

- Poderíamos chegar a Deus sem passar pela igreja?

O rabi suspirou.

- E tu necessitas dessa igreja para chegar ao teu coração?

Uma confusão extrema bloqueou-me a voz. E Jesus percebeu.

- Muito antes de que existisse a tribo de Davi, irmão Jasão, muito antes de que o
homem fosse capaz de se erguer sobre si mesmo, meu Pai havia semeado a beleza e a
sabedoria da terra. Quem vem antes, portanto, Deus ou essa igreja?

- Muitos sacerdotes do meu mundo – repliquei – consideram essa igreja como santa.

- Santo é meu Pai. Santos sereis todos vós no dia em que amardes.

Então – e peço que me perdoe pelo que vou dizer – essa igreja está sobrando...

- O amor não necessita de templos ou legiões. Um homem tira o bem ou o mal de seu
próprio coração. Um só mandamento vos é dado, e tu sabes qual é... O dia em que
meus discípulos fizerem toda a humanidade saber que o Pai existe, sua missão estará
concluída.

- É curioso: esse Pai parece não ter pressa.

O gigante olhou-me compassivamente.

- Em verdade te digo que Ele sabe que terminará triunfando. O homem sofre de
cegueira, mas eu vim para lhe abrir os olhos. Outros seres descobriram já que é
vantajoso viver no amor.
- Que ocorre então conosco? Porque não conseguimos encontrar essa paz?

- Eu já disse que os tíbios, eu os vomitarei pela boca, mas não tentes mortificar teus
irmãos na malícia ou na pressa. Deixa que cada espírito encontre seu caminho. Ele
mesmo, no final, será seu juiz e defensor.

- Então, tudo isso de juízo final...

- Por que tanto vos preocupais todos com o final, se nem sequer conheceis o princípio?
Já te disse que do outro lado vos espera a surpresa...

- Tenho a impressão de que tu serias considerado excessivamente liberal para as
igrejas do meu mundo.

- Deus é tão liberal, como dizes, que até mesmo permite que te enganes. Ai daqueles
que se arrogam o papel de sabedores, respondendo ao erro com o erro e à maldade
com a maldade! Ai dos que monopolizam Deus!

- Deus... Tu sempre estás falando de Deus. Poderias explicar-me quem ou o que é
Deus?

O fogo daquele olhar tornou a transpassar-me. Duvido que existia muro, coração ou
distância que não pudesse ser vencido por semelhante força.

 - Podes tu explicar de onde vens e como? Pode o homem pegar as cores nas mãos?
Pode um menino guardar o mar entre as pregas de sua túnica? Podem os doutores da
lei alterar o curso das estrelas? Quem tem poder para devolver a fragrância à flor que
foi pisoteada pelo boi? Não me peças que te fale de Deus: sente-o. é o suficiente...

- Eu estaria certo se dissesse que o sinto como... uma “energia”?

- Vais muito bem.

- E que há por baixo dessa energia?

- É que não há “acima” ou “abaixo” – atalhou o Nazareno, cortando meus atropelados
pensamentos – O amor, que dizer, o Pai, é o Todo.

- Porque o Amor é tão importante?

- É a vela do navio.

- Permite que eu insista: que é o Amor?

- Dar.

- Dar... Mas dar o que?

- Dar. Desde um olhar até a vida.

- Que podem dar os angustiados?

- A angústia.t
- A quem?

- À pessoa que lhes quer bem...

- E se não tiverem ninguém?

O mestre fez um sinal negativo.

- Isso é impossível... Até os que não te conhecem podem amar-te.

- E que dizes de teus inimigos? Também deves amá-los.

- Sobretudo a esses... O que aos que amam já recebeu a recompensa.

A conversa se prolongaria ainda até já bem alta madrugada. Agora sei que meu
ceticismo em relação àquele homem havia começado a fender.

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Conversando com jesus - Parte II

  • 1. Conversando com Jesus – Parte II Ao notar que se Jesus se oferecia prazerosamente ao diálogo, aproveitei a ocasião e pedi sua opinião sobre o que acontecera naquela tarde. - Tenho estado no centro do mundo e me revelados a eles na carne. Encontrei-os todos embriagados. Não encontrei ninguém sedento. Minha alma sofre pelos filhos dos homens porque estão cegos de coração; não veem que chegaram vazios ao mundo e tencionam sair vazios do mundo. Agora estão bêbados. Quando vomitarem seu vinho se arrependerão... - São palavras muito duras – eu lhe disse. – Tão duras como as que pronunciastes no cume do monte das Oliveiras, à vista de Jerusalém... - Talvez os homens pensem que vim para trazer a paz ao mundo. Não sabem que estou aqui para lançar na terra divisão, fogo, espada e guerra... Pois haverá cinco em uma casa: três contra dois e dois contra três: o pai contra o filho, o filho contra o pai. E eles estarão sós.
  • 2. - Muitos, em meu mundo – acrescentei, procurando fazer com que minhas palavras não soassem excessivamente estranhas para Lázaro -, poderiam associar essas frases sobre o fim de Jerusalém como o fim dos tempos. Que tens a dizer sobre isto? - As gerações futuras compreenderão que a volta do Filho do Homem não se dará pela mão do guerreiro. Esse dia será inesquecível: depois da grande atribulação – como não terá havido outra desde o princípio do mundo -, meu estandarte será visto nos céus por todas as tribos da terra. Essa será minha verdadeira e definitiva volta: sobre as nuvens do céu, como o relâmpago que sai do Oriente e brilha até o Ocidente... - Que será a grande tribulação? - Tu poderias chamá-la de “um parto de toda a Humanidade...” Jesus não parecia muito disposto a me dar detalhes. - Diz ao menos quando se realizará. - Daquele dia e daquela hora, ninguém sabe. Nem os anjos, nem o Filho. Só o que posso dizer é que será tão inesperado que muitos serão pilhados no meio de sua cegueira e iniquidade... - Meu mundo, do qual venho – cuidei de pressioná-lo – distingue-se precisamente pela confusão e pela injustiça... - Teu mundo não é melhor nem pior do que este. A ambos falta só o princípio que rege o Universo: o amor. - Dá-me, ao menos, um sinal para que saibamos quando te revelarás aos homens pela segunda vez... - Quando voz desnudardes sem sentir vergonha; quando tomardes vossas vestimentas; as colocardes sob os pés como as crianças e as pisoteardes, então vereis o Filho do Vivente e não temereis. Lázaro, afortunadamente, continuava identificando “meu mundo” como a Grécia. Isso me permitia continuar interrogando o Mestre com certa margem de amplitude. - Então – retornei – meu mundo está ainda muito longe desse dia. Ali os homens são inimigos dos homens e até do próprio Deus... Jesus não me deixou prosseguir. - Estais então equivocado. Deus não tem inimigos. Aquela frase incisiva do Nazareno trouxe-me a memória muitas das crenças sobre um Deus justiceiro que condena ao fogo do inferno o que morre em pecado. E foi o que lhe disse. Cristo sorriu balançando a cabeça negativamente. - Os homens são hábeis manipuladores da verdade. Um pai pode se sentir aflito com as loucuras do filho, mas nunca o condenaria a um mal permanente. O inferno, como
  • 3. crêem em teu mundo, significaria que uma parte da Criação teria escapado das mãos do Pai... E posso assegurar que crer nisso é não conhecer o pai. - Por que então falaste em certa ocasião de fogo eterno e ranger de dentes? - Se falando por parábolas não me compreendes, como então posso ensinar-te os mistérios do Reino? Em verdade, em verdade te digo que aquele que aposte forte e se equivoque sentirá como lhe rangem os dentes. - É que a vida é uma aposta? - Disseste tudo, Jasão. Uma aposta no amor. É o único bem em que jogo desde que se nasce. Fiquei pensativo. Aquelas eram palavras novas para mim. - Que te preocupa? – perguntou-me Jesus. - Sendo assim, que podemos pensar dos que nunca amaram? - Não existem tais pessoas? - Que me dizes dos sanguinários, dos tiranos...? - Eles também amam. À sua maneira. Quando passarem para o outro lado levarão um bom susto... - Não entendo. - Eles se darão conta, ao deixar este mundo, de que ninguém lhes perguntará por seus crimes, riquezas, poder ou beleza. Eles mesmos, e só eles, se convencerão de que a única medida válida, no “outro lado”, é a do Amor. Se não amaste aqui, em teu tempo, somente tu sentirás responsável. - E que ocorrerá com os que não tenham sabido amar? - Queres dizer: com os que não tenham querido amar... Novamente me senti confuso. - ... Esses, amigo – prosseguiu o rabi captando minha dúvida -, serão os grandes enganados e, em consequência, os últimos do Reino de meu Pai. - Então teu Deus é um Deus de amor... Jesus pareceu zangado. - Tu és Deus! - Eu, Senhor? - Em verdade te digo que todos os nascidos levam o selo da Divindade. - Mas não respondeste à minha pergunta. Deus é um Deus de amor?
  • 4. - Não o fosse não seria Deus. - Nesse caso, devemos excluir de sua mente qualquer castigo ou prêmio? - É a nossa própria injustiça que se volta contra nós. - Começo a intuir, Mestre, que tua missão é muito simples. Será que me engano se te digo que teu trabalho consiste em deixar uma mensagem? O Nazareno sorriu satisfeito. Pôs sua mão sobre meu ombro e respondeu: - Não poderias ter resumido melhor... Lázaro, sem fazer o menor comentário, assentiu com a cabeça. - Tu sabes que meu coração é duro – acrescentei. – Poderias repetir-me essa mensagem? - Diz ao teu mundo que o Filho do Homem só veio para transmitir a mensagem do Pai: que todos sois seus filhos! - Isso já sabemos... - Estás seguro? Diz-me, Jasão, que significa para ti ser filho de Deus? Senti que tinha sido pego de novo. Sinceramente não tinha uma resposta válida. Nem mesmo estava seguro da existência desse Deus. - Eu te direi – interveio o mestre com grande doçura. – Ter sido criado pelo Pai supõe a máxima manifestação do amor. Ele da tudo sem pedir nada em troca. Eu recebi o encargo de recordar isso. Essa é a minha mensagem. - Deixa-me pensar... Então, façamos o que façamos, estaremos condenados a ser felizes? - É questão de tempo. É necessário que o mundo entenda e ponha em prática que o único meio para eles é o Amor. Tive de pensar muito sobre minha pergunta seguinte. Naquele instante, a presença do ressuscitado poderia constituir um certo problema. - Se tua presença no mundo obedece a uma razão tão elementar como a de deixar uma mensagem para toda a humanidade, não crês que “tua igreja” está sobrando? - Minha igreja? – perguntou por sua vez Jesus, embora, em minha opinião, ele tivesse entendido perfeitamente. – Não tive nem tenho a menor intenção de fundar uma igreja tal como tu pareces entendê-la. Aquela resposta me perturbou demais. - Mas tu disseste que a palavra do Pai deveria ser estendida até os confins da terra... - Em verdade te digo que assim será. Mas isso não implica condicionar ou dobrar minha mensagem à vontade do poder ou das leis humanas. Não é possível que um
  • 5. homem monte dois cavalos ou que dispare dois arcos. Como não é possível que um criado sirva a dois amos. Senão, ele honrará a um e ofenderá ao outro. Ninguem que esteja bebendo vinho velho deseja naquele momento beber vinho novo. Não se verte vinho novo em odres velhos, para que não se azede, nem se despeja vinho velho em odres novos, para que não se deteriore. Nem se costura um remendo velho em um vestido novo porque se faria um rasgão. Da mesma forma te digo: minha mensagem só necessita de corações sinceros que a transmitam; não de palácios ou falas dignidades e púrpuras que a cubram. - tu sabes que não será assim... - Ai dos que se antepuserem a minha vontade! - E qual é a tua vontade? - Que os homens se amem como eu os tenho amado. Isso é tudo. - Tens razão. – admiti. – Para isso não é preciso montar novas burocracias, nem códigos, nem chefaturas... Não obstante, muitos dos homens de meu mundo desejariam fazer-te uma pergunta... - Adiante – animou-me o Galileu. - Poderíamos chegar a Deus sem passar pela igreja? O rabi suspirou. - E tu necessitas dessa igreja para chegar ao teu coração? Uma confusão extrema bloqueou-me a voz. E Jesus percebeu. - Muito antes de que existisse a tribo de Davi, irmão Jasão, muito antes de que o homem fosse capaz de se erguer sobre si mesmo, meu Pai havia semeado a beleza e a sabedoria da terra. Quem vem antes, portanto, Deus ou essa igreja? - Muitos sacerdotes do meu mundo – repliquei – consideram essa igreja como santa. - Santo é meu Pai. Santos sereis todos vós no dia em que amardes. Então – e peço que me perdoe pelo que vou dizer – essa igreja está sobrando... - O amor não necessita de templos ou legiões. Um homem tira o bem ou o mal de seu próprio coração. Um só mandamento vos é dado, e tu sabes qual é... O dia em que meus discípulos fizerem toda a humanidade saber que o Pai existe, sua missão estará concluída. - É curioso: esse Pai parece não ter pressa. O gigante olhou-me compassivamente. - Em verdade te digo que Ele sabe que terminará triunfando. O homem sofre de cegueira, mas eu vim para lhe abrir os olhos. Outros seres descobriram já que é vantajoso viver no amor.
  • 6. - Que ocorre então conosco? Porque não conseguimos encontrar essa paz? - Eu já disse que os tíbios, eu os vomitarei pela boca, mas não tentes mortificar teus irmãos na malícia ou na pressa. Deixa que cada espírito encontre seu caminho. Ele mesmo, no final, será seu juiz e defensor. - Então, tudo isso de juízo final... - Por que tanto vos preocupais todos com o final, se nem sequer conheceis o princípio? Já te disse que do outro lado vos espera a surpresa... - Tenho a impressão de que tu serias considerado excessivamente liberal para as igrejas do meu mundo. - Deus é tão liberal, como dizes, que até mesmo permite que te enganes. Ai daqueles que se arrogam o papel de sabedores, respondendo ao erro com o erro e à maldade com a maldade! Ai dos que monopolizam Deus! - Deus... Tu sempre estás falando de Deus. Poderias explicar-me quem ou o que é Deus? O fogo daquele olhar tornou a transpassar-me. Duvido que existia muro, coração ou distância que não pudesse ser vencido por semelhante força. - Podes tu explicar de onde vens e como? Pode o homem pegar as cores nas mãos? Pode um menino guardar o mar entre as pregas de sua túnica? Podem os doutores da lei alterar o curso das estrelas? Quem tem poder para devolver a fragrância à flor que foi pisoteada pelo boi? Não me peças que te fale de Deus: sente-o. é o suficiente... - Eu estaria certo se dissesse que o sinto como... uma “energia”? - Vais muito bem. - E que há por baixo dessa energia? - É que não há “acima” ou “abaixo” – atalhou o Nazareno, cortando meus atropelados pensamentos – O amor, que dizer, o Pai, é o Todo. - Porque o Amor é tão importante? - É a vela do navio. - Permite que eu insista: que é o Amor? - Dar. - Dar... Mas dar o que? - Dar. Desde um olhar até a vida. - Que podem dar os angustiados? - A angústia.t
  • 7. - A quem? - À pessoa que lhes quer bem... - E se não tiverem ninguém? O mestre fez um sinal negativo. - Isso é impossível... Até os que não te conhecem podem amar-te. - E que dizes de teus inimigos? Também deves amá-los. - Sobretudo a esses... O que aos que amam já recebeu a recompensa. A conversa se prolongaria ainda até já bem alta madrugada. Agora sei que meu ceticismo em relação àquele homem havia começado a fender.