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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
     CENTRO DE TECNOLOGIA- CTEC
        ENGENHARIA AMBIENTAL




              ECOLOGIA




           ANDRESSA SILVA
          JÚLIO CESAR MOURA
MACEIO – ALAGOAS
          NOVEMBRO DE 2009.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
     CENTRO DE TECNOLOGIA- CTEC
        ENGENHARIA AMBIENTAL




       ZONA COSTEIRA MARINHA
Trabalho apresentado ao professor
                                                 Roberto Caffaro – responsável pela
                                                 disciplina EAMB025 – Ecologia –
                                                 Matriz Curricular do curso de
                                                 Engenharia Ambiental da UFAL.




                                   MACEIO – ALAGOAS
                                   NOVEMBRO DE 2009.
                                  Zonas Costeira e Marinha




     As Zonas Costeira e Marinha são caracterizadas por transição ecológica entre
ecossistemas terrestres e marinhos, fundamentais para a sustentação da vida no mar. A
Zona Marinha tem início na região costeira e compreende a plataforma continental marinha
e a Zona Econômica Exclusiva – ZEE (até 200 milhas náuticas da costa). A riqueza
biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os grandes
"berçários" naturais. Fauna e flora associadas a estas regiões representam significativa
fonte de alimentos para as populações humanas.


     Para uma melhor compreensão da vida marinha, é necessário definir alguns termos
que descrevem estes organismos com base na zona oceânica onde habitam e o
significado das suas migrações. Existem áreas marinhas bem específicas consoante as
suas características, designadamente as zonas planctónica, nectónica e bentónica.


     A zona planctónica é caracterizada pela existência de microrganismos - plâncton -

que se deslocam com as correntes oceânicas. Isto não significa que os seres planctónicos
não possuem a capacidade de locomoção. Muitos organismos possuem essa capacidade
mas só são capazes de se deslocar lentamente ou estão limitados a movimentar-se
verticalmente reduzindo substancialmente a sua posição horizontal nos oceanos. As
plantas que têm este tipo de vida nas zonas superiores dos oceanos constituem o
fitoplâncton e os animais constituem o zooplâncton. Recentemente descobriu-se que as
bactérias com vida livre são muito mais abundantes na comunidade planctónica do que até
há pouco se previa. Tendo uma dimensão média de 0,5 micrómetros, o bacterioplâncton
encontra-se no início do seu estado devido ao seu tamanho.
     O plâncton constitui a maior parte da biomassa da Terra e encontra-se à deriva nos
oceanos. O volume do espaço da Terra inabitado por animais que não são arrastados ou
não nadam excede o número de todos os animais que vivem na Terra e no fundo dos
oceanos. Os organismos planctónicos variam em tamanho: desde as medusas e os
sargaços (macroplâncton de tamanho compreendido entre os 2 e 20 cm) até às bactérias

que são tão pequenas que podem atravessar filtros (picoplâncton - 0,2 a 2 micra). Uma
forma adicional de classificar o plâncton é baseada na porção de seu ciclo de vida
passado na comunidade planctónica. Alguns organismos, como por exemplo as
diatomáceas e os copépodes, que passam todo o seu ciclo de vida na comunidade
planctónica, constituem o holoplâncton. Muitos organismos, que são considerados
nectónicos ou bentónicos porque na sua vida adulta ocupam estas zonas, são
considerados, actualmente, com planctónicos pois no seu estado larvar fazem parte da
comunidade planctónica e constituem o mesoplâncton.
Figura 1 - Sargaços


      A zona nectónica é habitada pelos organismos que são capazes de se deslocar

independentemente das correntes oceânicas. Tais organismos são capazes de determinar
a sua própria posição em áreas relativamente pequenas dos oceanos e, em muitos casos,
são também capazes de longas migrações. Incluídos na comunidade nectónica estão
muitos   peixes    adultos,   chocos    e   lulas,   mamíferos    e    répteis   marinhos.
Os organismos nectónicos, com algumas excepções, não são capazes de se deslocar a
toda a extensão dos oceanos, pois mudanças graduais da temperatura, salinidade,
viscosidade e disponibilidade de nutrientes cria barreiras invisíveis mas impenetráveis que
efectivamente limitam os seus movimentos. A morte de grandes quantidades de peixes é,
muitas vezes, causada por uma alteração lateral das características das massas de água
oceânicas.
O movimento vertical é geralmente determinado pela diferença de pressão. É o que
acontece com os que têm bexiga natatória e mamíferos que vivem nesta biozona.
Os peixes distribuem-se por toda a área, mas são mais abundantes próximo dos
continentes e ilhas e nas águas frias. Alguns peixes, como o salmão, a lampreia e a
enguia, sobem aos rios para desovar.
Figura 2 – Lula e Salmão


     A zona bentónica é a que se encontra próxima dos fundos oceânicos. Encontra-se

nesta biozona uma fauna - infauna - que vive enterrada na areia e no lodo. Aqueles que
vivem agarrados às rochas ou se deslocam sobre os fundos oceânicos constituem a
epifauna.
     O litoral e o sublitoral são as únicas zonas em que podem ser encontradas algas
microscópicas fixadas aos fundos porque são as únicas zonas onde pode penetrar uma
quantidade suficiente de luz que lhes permite a vida. Há uma grande diversidade de
condições físicas e nutritivas nesta zona. Seres vivos podem desenvolver-se em grande
número como consequência da variabilidade destes habitats. Em 1997 foi encontrada a
primeira biocomunidade hidrotermal no rifte das ilhas Galápagos que comprova que
grandes comunidades bentónicas são possíveis. Em meios bentónicos vivem seres vivos
em perpétua escuridão e em que a produção fotossintética não pode ocorrer. Os alimentos
caem por gravidade da superfície dos oceanos. Os organismos que vivem nos fundos
oceânicos têm uma distribuição pouco variada, pois as condições de vida não se alteram
de maneira significativa. Algumas espécies parecem ser extremamente tolerantes às
variações de pressão.
Figura 3 – Algas




      A grande concentração de vida marinha habita as zonas costeiras ou zona nerítica,
ao longo das orlas continentais e dos rochedos isolados. Além de luz abundante, as águas
costeiras são geralmente ricas em nutrientes que são continuamente carreados dos
continentes. Ondas, ventos e marés agitam constantemente as águas costeiras,
distribuindo nutrientes.
      Banhados em luz e nutrientes, os organismos fotossintéticos crescem a taxa elevada
e em grande profusão, fornecendo grande quantidade de alimentos e habitats para uma
enorme multidão de peixes, artrópodes, moluscos e mamíferos.
      As águas costeiras colocam alguns problemas aos organismos. Mar agitado, ondas
fortes podem esfrangalhar ou esmagar os organismos contra as rochas. Muitos animais
costeiros têm adaptações, físicas e comportamentais, que os protegem deste movimento
das águas. Alguns permanecem em buracos, outros possuem conchas, outros têm
adaptações para se fixarem aos objectos. Como a força das marés e das ondas pode
facilmente arrastar indivíduos para a costa ou para o mar largo, um número significativo de
indivíduos costeiros adaptaram-se a viver fixos a determinados locais. Por exemplo, as
algas utilizam um disco para se fixarem às rochas, os mexilhões fixam-se pelo bissus, uma
lapa fixa-se pelo seu pé. A fixação e a dispersão de muitas espécies é determinada pela
direcção das correntes marinhas. Por exemplo, as larvas podem ser arrastadas para locais
distantes do local onde ocorreu a eclosão dos ovos. Águas pouco profundas também se
encontram ao longo dos recifes de corais. Desenvolvem-se numerosas comunidades
nestas águas quentes e tropicais. Os recifes de corais só se formam nas regiões tropicais
(a latitudes de 30o Norte e 30o Sul).


      As características tropicais e subtropicais são dominantes ao longo de toda a costa
brasileira. Apesar disso, os fenômenos regionais definem as condições climatológicas e
oceanográficas capazes de determinar os traços distintivos da biodiversidade como, por
exemplo, na foz do rio Amazonas e nos golfões Marajoara e Maranhense.


      Nossa costa é banhada por águas quentes que ocupam grande parte das bordas
tropicais e subtropicais do Atlântico Sul Ocidental, onde a variação espacial e temporal dos
fatores ambientais são distintos. Entre o Cabo Orange na Foz do Rio Oiapoque e o Arroio
Chuí, ocorrem diversos tipos de hábitats, sistemas lagunares margeados por manguezais
e marismas, costões e fundos rochosos, recifes de coral, bancos de algas calcáreas,
plataformas arenosas, recifes de arenito paralelos à linha de praias e falésias, dunas e
cordões arenosos, ilhas. Além das praias arenosas amplamente utilizadas pelo turismo
costeiro, destacam-se inúmeros estuários e lagoas costeiras, praias lodosas, praias e
falésias, dunas e cordões arenosos, ilhas costeiras e ilhas oceânicas.


      A Região Norte é dominada pela Corrente Norte do Brasil e pela pluma estuarina do
Rio Amazonas. A elevada carga de material particulado em suspensão, oriundo da Bacia
Amazônica e dos sistemas estuarinos do Maranhão para o mar adjacente, origina fundos
ricos em matéria orgânica. Esse tipo de hábitat oferece boas condições de alimento para
peixes de fundo e camarões explorados pela pesca industrial e artesanal.
      As características físico-químicas e geomorfológicas da costa do Amapá e o setor
ocidental da costa do Pará são determinadas pelo Delta do Amazonas. Esta região é
denominada Golfão Marajoara. Ali se encontram centenas de ilhas margeadas por
manguezais exuberantes e marismas ainda bem preservados, oferecendo recursos vivos
inestimáveis e pouco explorados pela pesca artesanal. Mais da metade dos manguezais
brasileiros concentram-se nesta região. A baixa densidade demográfica desta região
restringe a ocupação da linha da costa que sofre apenas um impacto localizado da
exploração pesqueira e do impacto urbano e industrial nas áreas metropolitanas.


      Os hábitats marinhos da região Nordeste são típicos de áreas tropicais e
caracterizam-se pela grande diversidade biológica. Na área existe abundância de recifes
de coral e de algas calcáreas, e na costa predominam praias arenosas interrompidas por
falésias, arrecifes de arenito e pequenos sistemas estuarino-lagunares margeados por
manguezais. O maior impacto ambiental é causado pela ocupação urbana, pelo turismo,
sobrepesca, obras portuárias, mineração e ocupação de áreas de manguezais para a
carcinocultura.
      A Região Costeira Central assemelha-se à Região Costeira marinha do Nordeste,
porém com maiores flutuações climáticas. Na parte sul desta região, ocorre a ressurgência
das águas mais profundas (ressurgência de Cabo Frio) e a temperatura na parte próxima à
costa pode baixar até 16ºC. Este evento natural torna esta região extremamente produtiva,
sendo área de concentração de indústrias pesqueiras.
      A Plataforma Continental estende-se desde 10 km próximo a Salvador, até cerca de
190 km ao sul da Bahia, devido à ocorrência dos Bancos de Abrolhos onde predominam
fundos de algas calcáreas e de recifes de coral. Na área mais próxima da costa,
predominam praias arenosas, estuários e baías margeadas por manguezais. Nesta região
a pesca artesanal e o turismo são as atividades econômicas mais importantes.
      A Região Sul, na faixa subtropical da costa brasileira, localiza-se entre o litoral norte
do Rio de Janeiro e o litoral do Rio Grande do Sul. A diversidade de hábitats marinhos que
ocorrem nesta região estão sujeitos a uma grande variabilidade sazonal das condições
climáticas e da hidrografia da plataforma. Esta fração do litoral brasileiro é influenciada
pela confluência da Corrente do Brasil com a Corrente das Malvinas e pela drenagem
continental do Rio da Prata, da Lagoa dos Patos e do Complexo Estuarino Paranaguá-
Cananéia. O assoalho marinho da plataforma continental é predominantemente arenoso,
com focos areno-lodosos e algumas formações rochosas.

Recifes de Corais


      Os recifes de corais distribuem-se por cerca de 3.000km ao longo da costa
Nordeste, desde o Maranhão até o sul da Bahia, e constituem-se nos únicos ecossistemas
recifais do Atlântico Sul. No Sudeste e no Sul, a presença da Água Central do Atlântico Sul
sobre a plataforma continental e sua ressurgência eventual ao longo da costa contribuem
para o aumento da produtividade. Mais ao sul, o deslocamento – na direção norte, nos
meses de inverno – da convergência subtropical, formada pelo encontro das águas da
corrente do Brasil com a corrente das Malvinas, confere àregião características climáticas
mais próximas das temperadas, o que influencia profundamente a composição da fauna
local. A região de Cabo Frio marca a transição entre os ambientes tropicais, ao norte, e
subtropicais e temperados, ao sul (Rocha et al., 1975).
      Um recife de coral, sob o ponto de vista geomorfológico, é uma estrutura rochosa,
rígida, resistente á ação das ondas e correntes marinhas, e construída por organismos
marinhos portadores de esqueleto calcário (Leão, 1994). Em geral, os recifes de coral
ocorrem em águas rasas, quentes e claras (Thurman, 1997). Portanto, são encontrados
em mais de 100 países e territórios através dos trópicos. Sua beleza é lendária e sua
importância, indiscutúvel, por se tratar do ecossistema mais diverso dos mares e por
concentrar, globalmente, a maior densidade de biodiversidade de todos ambientes
marinhos (Hogdson, 1996; Adey, 2000). Estimativas indicam que, em nível mundial, os
recifes de coral contribuem com quase 375 bilhões em bens e serviços, por meio de
atividades como pesca, turismo e proteção costeira (Wilkinson, 2002). No total, acredita-se
que 500 milhões de pessoas que vivem em países em desenvolvimento têm algum tipo de
dependência associada aos recifes de coral (Wilkinson, 2002). A saíúe desse ecossistema afeta
diretamente essas pessoas.




                                    Figura 6 – recife de Corais


      Nota-se um gradual desaparecimento, ao norte, da fauna característica da
plataforma Nordeste, devido ao elevado aporte terrígeno do rio Amazonas, com a
progressiva substituição de recifes e corais hermatípicos por espécies ahermatípicas,
como Madraeis asperula e M. acatiae, que aparentemente não sofrem interrupções na
distribuição. Portanto, os recifes de coral estão seriamente ameaçados. Estima-se que 27%
dos recifes do mundo inteiro já foram degradados de forma irreversível. No ritmo atual,
previsões indicam que uma perda semelhante ocorrerá nos próximos 30 anos (WWF, 2002).
       Comunidades coralíneas foram registradas no Brasil, desde o Parcel de Manuel Luís, no
Maranhão, (cerca de 00"53" S, 044"16" W) até os recifes de Viçosa, na área do Arquipélago de
Abrolhos (cerca de 18"01" S, 039"17" W), além de estarem presentes em ilhas oceânicas,
como Atol das Rocas e Fernando de Noronha.
       A importância dos recifes brasileiros, que ocupam uma área extensa ao longo de 3 mil
Km da costa, constituindo-se nas únicas formações recifais do Atlântico Sul, á tão grande
quanto as ameaças que esse ecossistema vem sofrendo. Temos como ameaças a esse
ecosistema a superpopulação na zona costeira e o turismo.


Os estuários, as lagoas costeiras e os manguezais são abundantes ao longo de toda a
costa Nordeste, desde o delta do Parnaíba até a divisa da Bahia com o Espírito Santo.

Mangues


       O manguezal, como visto acima, é um dos principais ecossistemas da costa
brasileira. Caracteriza-se por ser uma formação de árvores, na região entre-marés,
extremamente adaptada à sobrevivência em substrato lodoso e a água salgada. É um
habitat muito procurado pela fauna marinha, pois é utilizado para a procriação e
crescimento de filhotes de vários animais, como rota migratória de aves e alimentação de
peixes. Além disso, os mangues colaboram para o enriquecimento das águas marinhas
com            sais,      nutrientes         e         matéria          orgânica
Estima-se que, na época do descobrimento do Brasil, entre 60 e 70% da costa era
dominada por esse tipo de vegetação. Hoje os manguezais ocupam apenas entre 20 e
30% da costa.
       No mundo existem cerca de 162.000 Km2 manguezais.
       No Brasil existem cerca de 25.000 Km2 manguezais, que representam mais de 12%
dos manguezais do mundo inteiro.
       Os manguezais estão distribuídos desde o Amapá até Laguna, em Santa Catarina,
no litoral brasileiro.




                                       Figura 4 - Mangue
Os manguezais são encontrados ao longo de todo o litoral, sendo constituídos pelas
principais espécies de mangue:
      Rhizophora mangle (mangue vermelho)
      Laguncularia racemosa (mangue branco)
      Avicennia sp (mangue preto, canoé)
      Conocarpus erectus (mangue de botão)
      A espécie Laguncularia racemosa, merece destaque por ser a única espécie típica
de mangue encontrada no Arquipélago de Fernando Noronha, no único manguezal na
Baía do Sueste.
      A fauna dos manguezais representa significativa fonte de alimentos para as
populações humanas. Os estoques de peixes, moluscos e crustáceos apresentam
expressiva biomassa, constituindo excelentes fontes de proteína animal de alto valor
nutricional. Os recursos pesqueiros são considerados como indispensáveis à subsistência
das populações tradicionais da zona costeira
       Desempenha importante papel como exportador de matéria orgânica para o estuário,
contribuindo para produtividade primária na zona costeira. É no mangue que peixes, moluscos
e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para
várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico.


      Vegetação típica de litorais alagadiços e quentes, aparecem principalmente nos
litorais do norte do Brasil, no Amapá e no Pará.


      Devido a grande disponibilidade de nutrientes minerais e de matéria orgânica,
fornecem alimento (direta ou indiretamente) para diversas espécies de peixes, moluscos e

crustáceos. São conhecidos como importantes berçários para diversas espécies. A
vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo

tempo estabilizando a costa. As raízes do mangue funcionam como filtros na retenção dos
sedimentos.

      Os manguezais da costa amazônica, distribuídos por Amapá, Pará e
Maranhão, ocupam uma área de 9 mil km 2 e correspondem a 70% dos manguezais
do Brasil. Os 679 km de linha de costa entre os estados do Pará e do Maranhão
formam o maior cinturão contínuo de manguezais do mundo. Essas florestas de
mangue com árvores de grande porte, situadas no litoral atlântico e recortadas
por rios e canais de águas escuras e tranquilas, são o refúgio de diversas espécies
de crustáceos, peixes, moluscos e aves marinhas. Os mangues amazônicos,
porém,      ainda   são    desconhecidos     pela     maioria    dos    brasileiros.

Os manguezais, que ocorrem em todas as regiões costeiras tropicais e
subtropicais do mundo, caracterizam-se pelo sedimento lamacento e salino,
inundado diariamente pela maré. Sobre esse sedimento formam-se bosques de
árvores que apresentam adaptações para sobreviver à salinidade e à inundação.
Essas florestas peculiares têm grande importância ecológica porque são áreas de
reprodução e atuam como berçários para várias espécies marinhas, em especial
crustáceos e peixes, que encontram nas águas tranquilas e escuras o refúgio ideal
para               suas              larvas             e               filhotes.




As folhas das árvores do mangue que caem no sedimento são trituradas pelos
pequenos caranguejos, entram em decomposição e são levadas pelas marés,
servindo de alimento para pequenos organismos marinhos. Estes são consumidos
por animais maiores, que por sua vez alimentam outros ainda maiores, os quais
entram na dieta dos grandes peixes, pescados e são consumidos pelos humanos.
Essa seqüência é chamada de cadeia alimentar. Os mangues, portanto, formam a
base da cadeia alimentar marinha. As águas próximas aos manguezais são muito
ricas em matéria orgânica, e é por isso que nessas águas os pescadores encontram
grandes     quantidades       de      peixes,     crustáceos     e      moluscos.

Os mangues também são áreas de reprodução e descanso para aves costeiras e
locais de depósito de sedimentos, e protegem a linha de costa, atenuando o
impacto da erosão. Essa capacidade de proteção foi bastante destacada nos
meios de comunicação internacionais após o tsunami que, no final de 2004,
causou grande destruição e cerca de 150 mil mortes em países banhados pelo
oceano Índico. Em muitos desses países, grandes áreas de manguezais tinham sido
eliminadas devido ao crescimento de cidades e para a implantação de praias e
projetos de aqüicultura. Estudos científicos provaram que, se os manguezais
ainda existissem na costa, teriam absorvido parte do impacto das ondas gigantes
e      provavelmente       diminuído      a      dimensão     da       tragédia.




      Em Alagoas, na APA (Área de Proteção Ambiental) de Santa Rita, encontra-se a
Reserva Ecológica do Saco da Pedra onde encontramos a vegetação de mangue abaixo

(Rhisophora Mangle), do tipo pneumatóforo, cujas raízes crescem eretas e emergem do solo

alagado onde o oxigênio é escasso, a fim de retirá-lo do ambiente.
Foto: Eduardo Frigoletto de Menezes - novembro de 2000


       Na reserva acima, existe o caranguejo do tipo Aratu (apresenta coloração vermelha

e de acordo com o ambiente, pode mudar de cor para se adatpar) de importância alimentar
e econômica para a população nativa.


       A poluição de rios e mares em conjunto com a especulação imobiliária nas regiões
litorâneas tem afetado, significativamente, os mangues. Esta área tem diminuído de

tamanho e o ecossistema da região tem sido afetado nas últimas décadas. Trabalhadores

locais, principalmente os que vivem da caça e comércio de caranguejos, tem sofrido com a
diminuição destes animais nos manguezais.


Os principais fatores que causam alterações nas propriedades físicas, químicas e
biológicas do manguezal são:
   •    Carcinicultura
   •    Queimadas
   •    Deposição de lixo
   •    Lançamento de esgoto
   •    Lançamentos de efluentes industriais
   •    Dragagens
   •    Construções de marinas
   •    Pesca predatória
   •    Aterro e Desmatamento
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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL CENTRO DE TECNOLOGIA- CTEC ENGENHARIA AMBIENTAL ECOLOGIA ANDRESSA SILVA JÚLIO CESAR MOURA
  • 2. MACEIO – ALAGOAS NOVEMBRO DE 2009. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL CENTRO DE TECNOLOGIA- CTEC ENGENHARIA AMBIENTAL ZONA COSTEIRA MARINHA
  • 3. Trabalho apresentado ao professor Roberto Caffaro – responsável pela disciplina EAMB025 – Ecologia – Matriz Curricular do curso de Engenharia Ambiental da UFAL. MACEIO – ALAGOAS NOVEMBRO DE 2009. Zonas Costeira e Marinha As Zonas Costeira e Marinha são caracterizadas por transição ecológica entre ecossistemas terrestres e marinhos, fundamentais para a sustentação da vida no mar. A Zona Marinha tem início na região costeira e compreende a plataforma continental marinha e a Zona Econômica Exclusiva – ZEE (até 200 milhas náuticas da costa). A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os grandes
  • 4. "berçários" naturais. Fauna e flora associadas a estas regiões representam significativa fonte de alimentos para as populações humanas. Para uma melhor compreensão da vida marinha, é necessário definir alguns termos que descrevem estes organismos com base na zona oceânica onde habitam e o significado das suas migrações. Existem áreas marinhas bem específicas consoante as suas características, designadamente as zonas planctónica, nectónica e bentónica. A zona planctónica é caracterizada pela existência de microrganismos - plâncton - que se deslocam com as correntes oceânicas. Isto não significa que os seres planctónicos não possuem a capacidade de locomoção. Muitos organismos possuem essa capacidade mas só são capazes de se deslocar lentamente ou estão limitados a movimentar-se verticalmente reduzindo substancialmente a sua posição horizontal nos oceanos. As plantas que têm este tipo de vida nas zonas superiores dos oceanos constituem o fitoplâncton e os animais constituem o zooplâncton. Recentemente descobriu-se que as bactérias com vida livre são muito mais abundantes na comunidade planctónica do que até há pouco se previa. Tendo uma dimensão média de 0,5 micrómetros, o bacterioplâncton encontra-se no início do seu estado devido ao seu tamanho. O plâncton constitui a maior parte da biomassa da Terra e encontra-se à deriva nos oceanos. O volume do espaço da Terra inabitado por animais que não são arrastados ou não nadam excede o número de todos os animais que vivem na Terra e no fundo dos oceanos. Os organismos planctónicos variam em tamanho: desde as medusas e os sargaços (macroplâncton de tamanho compreendido entre os 2 e 20 cm) até às bactérias que são tão pequenas que podem atravessar filtros (picoplâncton - 0,2 a 2 micra). Uma forma adicional de classificar o plâncton é baseada na porção de seu ciclo de vida passado na comunidade planctónica. Alguns organismos, como por exemplo as diatomáceas e os copépodes, que passam todo o seu ciclo de vida na comunidade planctónica, constituem o holoplâncton. Muitos organismos, que são considerados nectónicos ou bentónicos porque na sua vida adulta ocupam estas zonas, são considerados, actualmente, com planctónicos pois no seu estado larvar fazem parte da comunidade planctónica e constituem o mesoplâncton.
  • 5. Figura 1 - Sargaços A zona nectónica é habitada pelos organismos que são capazes de se deslocar independentemente das correntes oceânicas. Tais organismos são capazes de determinar a sua própria posição em áreas relativamente pequenas dos oceanos e, em muitos casos, são também capazes de longas migrações. Incluídos na comunidade nectónica estão muitos peixes adultos, chocos e lulas, mamíferos e répteis marinhos. Os organismos nectónicos, com algumas excepções, não são capazes de se deslocar a toda a extensão dos oceanos, pois mudanças graduais da temperatura, salinidade, viscosidade e disponibilidade de nutrientes cria barreiras invisíveis mas impenetráveis que efectivamente limitam os seus movimentos. A morte de grandes quantidades de peixes é, muitas vezes, causada por uma alteração lateral das características das massas de água oceânicas. O movimento vertical é geralmente determinado pela diferença de pressão. É o que acontece com os que têm bexiga natatória e mamíferos que vivem nesta biozona. Os peixes distribuem-se por toda a área, mas são mais abundantes próximo dos continentes e ilhas e nas águas frias. Alguns peixes, como o salmão, a lampreia e a enguia, sobem aos rios para desovar.
  • 6. Figura 2 – Lula e Salmão A zona bentónica é a que se encontra próxima dos fundos oceânicos. Encontra-se nesta biozona uma fauna - infauna - que vive enterrada na areia e no lodo. Aqueles que vivem agarrados às rochas ou se deslocam sobre os fundos oceânicos constituem a epifauna. O litoral e o sublitoral são as únicas zonas em que podem ser encontradas algas microscópicas fixadas aos fundos porque são as únicas zonas onde pode penetrar uma quantidade suficiente de luz que lhes permite a vida. Há uma grande diversidade de condições físicas e nutritivas nesta zona. Seres vivos podem desenvolver-se em grande número como consequência da variabilidade destes habitats. Em 1997 foi encontrada a primeira biocomunidade hidrotermal no rifte das ilhas Galápagos que comprova que grandes comunidades bentónicas são possíveis. Em meios bentónicos vivem seres vivos em perpétua escuridão e em que a produção fotossintética não pode ocorrer. Os alimentos caem por gravidade da superfície dos oceanos. Os organismos que vivem nos fundos oceânicos têm uma distribuição pouco variada, pois as condições de vida não se alteram de maneira significativa. Algumas espécies parecem ser extremamente tolerantes às variações de pressão.
  • 7. Figura 3 – Algas A grande concentração de vida marinha habita as zonas costeiras ou zona nerítica, ao longo das orlas continentais e dos rochedos isolados. Além de luz abundante, as águas costeiras são geralmente ricas em nutrientes que são continuamente carreados dos continentes. Ondas, ventos e marés agitam constantemente as águas costeiras, distribuindo nutrientes. Banhados em luz e nutrientes, os organismos fotossintéticos crescem a taxa elevada e em grande profusão, fornecendo grande quantidade de alimentos e habitats para uma enorme multidão de peixes, artrópodes, moluscos e mamíferos. As águas costeiras colocam alguns problemas aos organismos. Mar agitado, ondas fortes podem esfrangalhar ou esmagar os organismos contra as rochas. Muitos animais costeiros têm adaptações, físicas e comportamentais, que os protegem deste movimento das águas. Alguns permanecem em buracos, outros possuem conchas, outros têm adaptações para se fixarem aos objectos. Como a força das marés e das ondas pode facilmente arrastar indivíduos para a costa ou para o mar largo, um número significativo de indivíduos costeiros adaptaram-se a viver fixos a determinados locais. Por exemplo, as algas utilizam um disco para se fixarem às rochas, os mexilhões fixam-se pelo bissus, uma lapa fixa-se pelo seu pé. A fixação e a dispersão de muitas espécies é determinada pela
  • 8. direcção das correntes marinhas. Por exemplo, as larvas podem ser arrastadas para locais distantes do local onde ocorreu a eclosão dos ovos. Águas pouco profundas também se encontram ao longo dos recifes de corais. Desenvolvem-se numerosas comunidades nestas águas quentes e tropicais. Os recifes de corais só se formam nas regiões tropicais (a latitudes de 30o Norte e 30o Sul). As características tropicais e subtropicais são dominantes ao longo de toda a costa brasileira. Apesar disso, os fenômenos regionais definem as condições climatológicas e oceanográficas capazes de determinar os traços distintivos da biodiversidade como, por exemplo, na foz do rio Amazonas e nos golfões Marajoara e Maranhense. Nossa costa é banhada por águas quentes que ocupam grande parte das bordas tropicais e subtropicais do Atlântico Sul Ocidental, onde a variação espacial e temporal dos fatores ambientais são distintos. Entre o Cabo Orange na Foz do Rio Oiapoque e o Arroio Chuí, ocorrem diversos tipos de hábitats, sistemas lagunares margeados por manguezais e marismas, costões e fundos rochosos, recifes de coral, bancos de algas calcáreas, plataformas arenosas, recifes de arenito paralelos à linha de praias e falésias, dunas e cordões arenosos, ilhas. Além das praias arenosas amplamente utilizadas pelo turismo costeiro, destacam-se inúmeros estuários e lagoas costeiras, praias lodosas, praias e falésias, dunas e cordões arenosos, ilhas costeiras e ilhas oceânicas. A Região Norte é dominada pela Corrente Norte do Brasil e pela pluma estuarina do Rio Amazonas. A elevada carga de material particulado em suspensão, oriundo da Bacia Amazônica e dos sistemas estuarinos do Maranhão para o mar adjacente, origina fundos ricos em matéria orgânica. Esse tipo de hábitat oferece boas condições de alimento para peixes de fundo e camarões explorados pela pesca industrial e artesanal. As características físico-químicas e geomorfológicas da costa do Amapá e o setor ocidental da costa do Pará são determinadas pelo Delta do Amazonas. Esta região é denominada Golfão Marajoara. Ali se encontram centenas de ilhas margeadas por manguezais exuberantes e marismas ainda bem preservados, oferecendo recursos vivos inestimáveis e pouco explorados pela pesca artesanal. Mais da metade dos manguezais brasileiros concentram-se nesta região. A baixa densidade demográfica desta região restringe a ocupação da linha da costa que sofre apenas um impacto localizado da exploração pesqueira e do impacto urbano e industrial nas áreas metropolitanas. Os hábitats marinhos da região Nordeste são típicos de áreas tropicais e caracterizam-se pela grande diversidade biológica. Na área existe abundância de recifes de coral e de algas calcáreas, e na costa predominam praias arenosas interrompidas por
  • 9. falésias, arrecifes de arenito e pequenos sistemas estuarino-lagunares margeados por manguezais. O maior impacto ambiental é causado pela ocupação urbana, pelo turismo, sobrepesca, obras portuárias, mineração e ocupação de áreas de manguezais para a carcinocultura. A Região Costeira Central assemelha-se à Região Costeira marinha do Nordeste, porém com maiores flutuações climáticas. Na parte sul desta região, ocorre a ressurgência das águas mais profundas (ressurgência de Cabo Frio) e a temperatura na parte próxima à costa pode baixar até 16ºC. Este evento natural torna esta região extremamente produtiva, sendo área de concentração de indústrias pesqueiras. A Plataforma Continental estende-se desde 10 km próximo a Salvador, até cerca de 190 km ao sul da Bahia, devido à ocorrência dos Bancos de Abrolhos onde predominam fundos de algas calcáreas e de recifes de coral. Na área mais próxima da costa, predominam praias arenosas, estuários e baías margeadas por manguezais. Nesta região a pesca artesanal e o turismo são as atividades econômicas mais importantes. A Região Sul, na faixa subtropical da costa brasileira, localiza-se entre o litoral norte do Rio de Janeiro e o litoral do Rio Grande do Sul. A diversidade de hábitats marinhos que ocorrem nesta região estão sujeitos a uma grande variabilidade sazonal das condições climáticas e da hidrografia da plataforma. Esta fração do litoral brasileiro é influenciada pela confluência da Corrente do Brasil com a Corrente das Malvinas e pela drenagem continental do Rio da Prata, da Lagoa dos Patos e do Complexo Estuarino Paranaguá- Cananéia. O assoalho marinho da plataforma continental é predominantemente arenoso, com focos areno-lodosos e algumas formações rochosas. Recifes de Corais Os recifes de corais distribuem-se por cerca de 3.000km ao longo da costa Nordeste, desde o Maranhão até o sul da Bahia, e constituem-se nos únicos ecossistemas recifais do Atlântico Sul. No Sudeste e no Sul, a presença da Água Central do Atlântico Sul sobre a plataforma continental e sua ressurgência eventual ao longo da costa contribuem para o aumento da produtividade. Mais ao sul, o deslocamento – na direção norte, nos meses de inverno – da convergência subtropical, formada pelo encontro das águas da corrente do Brasil com a corrente das Malvinas, confere àregião características climáticas mais próximas das temperadas, o que influencia profundamente a composição da fauna local. A região de Cabo Frio marca a transição entre os ambientes tropicais, ao norte, e subtropicais e temperados, ao sul (Rocha et al., 1975). Um recife de coral, sob o ponto de vista geomorfológico, é uma estrutura rochosa, rígida, resistente á ação das ondas e correntes marinhas, e construída por organismos marinhos portadores de esqueleto calcário (Leão, 1994). Em geral, os recifes de coral
  • 10. ocorrem em águas rasas, quentes e claras (Thurman, 1997). Portanto, são encontrados em mais de 100 países e territórios através dos trópicos. Sua beleza é lendária e sua importância, indiscutúvel, por se tratar do ecossistema mais diverso dos mares e por concentrar, globalmente, a maior densidade de biodiversidade de todos ambientes marinhos (Hogdson, 1996; Adey, 2000). Estimativas indicam que, em nível mundial, os recifes de coral contribuem com quase 375 bilhões em bens e serviços, por meio de atividades como pesca, turismo e proteção costeira (Wilkinson, 2002). No total, acredita-se que 500 milhões de pessoas que vivem em países em desenvolvimento têm algum tipo de dependência associada aos recifes de coral (Wilkinson, 2002). A saíúe desse ecossistema afeta diretamente essas pessoas. Figura 6 – recife de Corais Nota-se um gradual desaparecimento, ao norte, da fauna característica da plataforma Nordeste, devido ao elevado aporte terrígeno do rio Amazonas, com a progressiva substituição de recifes e corais hermatípicos por espécies ahermatípicas, como Madraeis asperula e M. acatiae, que aparentemente não sofrem interrupções na distribuição. Portanto, os recifes de coral estão seriamente ameaçados. Estima-se que 27% dos recifes do mundo inteiro já foram degradados de forma irreversível. No ritmo atual, previsões indicam que uma perda semelhante ocorrerá nos próximos 30 anos (WWF, 2002). Comunidades coralíneas foram registradas no Brasil, desde o Parcel de Manuel Luís, no Maranhão, (cerca de 00"53" S, 044"16" W) até os recifes de Viçosa, na área do Arquipélago de Abrolhos (cerca de 18"01" S, 039"17" W), além de estarem presentes em ilhas oceânicas, como Atol das Rocas e Fernando de Noronha. A importância dos recifes brasileiros, que ocupam uma área extensa ao longo de 3 mil Km da costa, constituindo-se nas únicas formações recifais do Atlântico Sul, á tão grande
  • 11. quanto as ameaças que esse ecossistema vem sofrendo. Temos como ameaças a esse ecosistema a superpopulação na zona costeira e o turismo. Os estuários, as lagoas costeiras e os manguezais são abundantes ao longo de toda a costa Nordeste, desde o delta do Parnaíba até a divisa da Bahia com o Espírito Santo. Mangues O manguezal, como visto acima, é um dos principais ecossistemas da costa brasileira. Caracteriza-se por ser uma formação de árvores, na região entre-marés, extremamente adaptada à sobrevivência em substrato lodoso e a água salgada. É um habitat muito procurado pela fauna marinha, pois é utilizado para a procriação e crescimento de filhotes de vários animais, como rota migratória de aves e alimentação de peixes. Além disso, os mangues colaboram para o enriquecimento das águas marinhas com sais, nutrientes e matéria orgânica Estima-se que, na época do descobrimento do Brasil, entre 60 e 70% da costa era dominada por esse tipo de vegetação. Hoje os manguezais ocupam apenas entre 20 e 30% da costa. No mundo existem cerca de 162.000 Km2 manguezais. No Brasil existem cerca de 25.000 Km2 manguezais, que representam mais de 12% dos manguezais do mundo inteiro. Os manguezais estão distribuídos desde o Amapá até Laguna, em Santa Catarina, no litoral brasileiro. Figura 4 - Mangue
  • 12. Os manguezais são encontrados ao longo de todo o litoral, sendo constituídos pelas principais espécies de mangue: Rhizophora mangle (mangue vermelho) Laguncularia racemosa (mangue branco) Avicennia sp (mangue preto, canoé) Conocarpus erectus (mangue de botão) A espécie Laguncularia racemosa, merece destaque por ser a única espécie típica de mangue encontrada no Arquipélago de Fernando Noronha, no único manguezal na Baía do Sueste. A fauna dos manguezais representa significativa fonte de alimentos para as populações humanas. Os estoques de peixes, moluscos e crustáceos apresentam expressiva biomassa, constituindo excelentes fontes de proteína animal de alto valor nutricional. Os recursos pesqueiros são considerados como indispensáveis à subsistência das populações tradicionais da zona costeira Desempenha importante papel como exportador de matéria orgânica para o estuário, contribuindo para produtividade primária na zona costeira. É no mangue que peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico. Vegetação típica de litorais alagadiços e quentes, aparecem principalmente nos litorais do norte do Brasil, no Amapá e no Pará. Devido a grande disponibilidade de nutrientes minerais e de matéria orgânica, fornecem alimento (direta ou indiretamente) para diversas espécies de peixes, moluscos e crustáceos. São conhecidos como importantes berçários para diversas espécies. A vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa. As raízes do mangue funcionam como filtros na retenção dos sedimentos. Os manguezais da costa amazônica, distribuídos por Amapá, Pará e Maranhão, ocupam uma área de 9 mil km 2 e correspondem a 70% dos manguezais do Brasil. Os 679 km de linha de costa entre os estados do Pará e do Maranhão formam o maior cinturão contínuo de manguezais do mundo. Essas florestas de mangue com árvores de grande porte, situadas no litoral atlântico e recortadas por rios e canais de águas escuras e tranquilas, são o refúgio de diversas espécies de crustáceos, peixes, moluscos e aves marinhas. Os mangues amazônicos, porém, ainda são desconhecidos pela maioria dos brasileiros. Os manguezais, que ocorrem em todas as regiões costeiras tropicais e subtropicais do mundo, caracterizam-se pelo sedimento lamacento e salino,
  • 13. inundado diariamente pela maré. Sobre esse sedimento formam-se bosques de árvores que apresentam adaptações para sobreviver à salinidade e à inundação. Essas florestas peculiares têm grande importância ecológica porque são áreas de reprodução e atuam como berçários para várias espécies marinhas, em especial crustáceos e peixes, que encontram nas águas tranquilas e escuras o refúgio ideal para suas larvas e filhotes. As folhas das árvores do mangue que caem no sedimento são trituradas pelos pequenos caranguejos, entram em decomposição e são levadas pelas marés, servindo de alimento para pequenos organismos marinhos. Estes são consumidos por animais maiores, que por sua vez alimentam outros ainda maiores, os quais entram na dieta dos grandes peixes, pescados e são consumidos pelos humanos. Essa seqüência é chamada de cadeia alimentar. Os mangues, portanto, formam a base da cadeia alimentar marinha. As águas próximas aos manguezais são muito ricas em matéria orgânica, e é por isso que nessas águas os pescadores encontram grandes quantidades de peixes, crustáceos e moluscos. Os mangues também são áreas de reprodução e descanso para aves costeiras e locais de depósito de sedimentos, e protegem a linha de costa, atenuando o impacto da erosão. Essa capacidade de proteção foi bastante destacada nos meios de comunicação internacionais após o tsunami que, no final de 2004, causou grande destruição e cerca de 150 mil mortes em países banhados pelo oceano Índico. Em muitos desses países, grandes áreas de manguezais tinham sido eliminadas devido ao crescimento de cidades e para a implantação de praias e projetos de aqüicultura. Estudos científicos provaram que, se os manguezais ainda existissem na costa, teriam absorvido parte do impacto das ondas gigantes e provavelmente diminuído a dimensão da tragédia. Em Alagoas, na APA (Área de Proteção Ambiental) de Santa Rita, encontra-se a Reserva Ecológica do Saco da Pedra onde encontramos a vegetação de mangue abaixo (Rhisophora Mangle), do tipo pneumatóforo, cujas raízes crescem eretas e emergem do solo alagado onde o oxigênio é escasso, a fim de retirá-lo do ambiente.
  • 14. Foto: Eduardo Frigoletto de Menezes - novembro de 2000 Na reserva acima, existe o caranguejo do tipo Aratu (apresenta coloração vermelha e de acordo com o ambiente, pode mudar de cor para se adatpar) de importância alimentar e econômica para a população nativa. A poluição de rios e mares em conjunto com a especulação imobiliária nas regiões litorâneas tem afetado, significativamente, os mangues. Esta área tem diminuído de tamanho e o ecossistema da região tem sido afetado nas últimas décadas. Trabalhadores locais, principalmente os que vivem da caça e comércio de caranguejos, tem sofrido com a diminuição destes animais nos manguezais. Os principais fatores que causam alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do manguezal são: • Carcinicultura • Queimadas • Deposição de lixo • Lançamento de esgoto • Lançamentos de efluentes industriais • Dragagens • Construções de marinas • Pesca predatória • Aterro e Desmatamento