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Inflamação e o uso de
provas de atividade
inflamatória em
reumatologia
JEAN MOURA LIMA NOLETO
INTRODUÇÃO
A inflamação, localizada ou sistêmica, é uma das características de
doenças reumatológicas;
 Essas modificações dependem do aumento ou da diminuição da
concentração sérica de proteínas, conhecidas como biomarcadores
inflamatórios, que atuam na resposta inflamatória;
Em 1930, pesquisadores descobriram uma proteína que reagia com o
polissacarídeo C da cápsula de S. pneumoniae obtida do sangue de
pacientes durante a fase aguda de pneumonia pneumocócica >>>> PCR
INFLAMAÇÃO
Reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor caracterizada
morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o
interstício.
Microrganismos
Parasitos
Agentes físicos e
químicos
Reações
imunológicas
Atua no tecido e
promove a liberação
de mediadores
inflamatórios
AUMENTO DA
PERMEABILIDADE
VASCULAR
SAÍDA DO PLASMA E
CÉLULAS PARA O
INTERSTÍCIO
INFLAMAÇÃO
Eventos:
1. Irritação – liberação dos mediadores
2. Modificações vasculares locais
3. Exsudação plasmática e celular
4. Lesões degenerativas e necróticas
5. Eventos que terminam o processo
6. Fenômenos reparativos
Irritação – liberação dos
mediadores
Toda inflamação começa com uma irritação
Agente biológico (PAMP) Do próprio organismo (DAMPS)
Iniciam a liberação de mediadores da inflamação
A inflamação progride porque os mediadores pró-inflamatórios
precedem ou sobrepujam os de efeito anti-inflamatório.
Mediadores
COMPONENTES HUMORAIS
Sistema de coagulação sanguínea
Polimerização do fibrinogênio em fibrina pela trombina, auxilia na migração
das células de defesa, barreira para entrada de patógenos
Sistema complemento
Sistema em cascata de proteínas que culmina com formação de um poro na
membrana levando a morte celular.
Mediadores lipídicos
Citocinas
Pró-inflamatórias: IL-1, TNF-α, IL-6, IL-18
Anti-inflamatórias: IL-10, TGF-β, IL-4
COMPONENTES CELULARES
FENÔMENOS VASCULARES
Modificações vasculares da microcirculação comandadas por mediadores
liberados durante a fase irritativa
Vasodilatação arteriolar por ação da histamina, e mantida por prostaglandinas
e leucotrienos
FENÔMENOS EXSUDATIVOS
Consistem na saída dos elementos do sangue – plasma e células – do
leito vascular para o interstício
FENÔMENOS ALTERATIVOS
Podem ser por causa direta do agente inflamatório
Também podem ser originados: Trombose na microcirculação, Atividade
de produtos da células do exsudato (degranulação de cels de defesa),
Resposta imune (sistema complemento, células NK)
FENÔMENOS RESOLUTIVOS
Produção dos agentes anti-
inflamatórios vai definir a
cura ou cronificação
Sinais marcantes da
inflamação
INFLAMAÇÃO AGUDA
Agente pouco patogênico;
 Contato único e ligeiro com um tecido saudável;
 Agressão leve;
 Reação inflamatória de curta duração (aguda) e de pequena
intensidade.
Aumento do calibre dos vasos do local agredido;
 Alteração dos capilares: saída de células sanguíneas e plasma para o
sítio da inflamação;
 Migração de leucócitos e acúmulo no foco inflamatório;
INFLAMAÇÃO CRÔNICA
 Agente muito resistente e patogênico;
 Contatos repetidos e persistentes, mesmo em tecidos saudáveis;
Agressão mais grave com reação inflamatória de longa duração
(crônica) e de maior intensidade.
Infiltração de células mononucleares: macrófagos e linfócitos;
Tentativa de reparo da área lesada: formação de tecido conjuntivo e
angiogênese;
Destruição tecidual causada essencialmente pelas células
inflamatórias
CLASSIFICAÇÃO
Os biomarcadores da inflamação dividem-se em quatro grupos:
Proteínas de defesa do hospedeiro: participam do reconhecimento e
eliminação de patógenos: proteína C-reativa, proteínas do
complemento, fibrinogênio;
Inibidores de proteinases séricas - atuam na limitação do dano
tecidual: α1-antiproteinase;
Proteínas de transporte com atividade antioxidante: responsáveis
pela contenção da reação inflamatória: ceruloplasmina
Outras - proteína sérica amiloide A (SAA), antagonista do receptor de
IL-1, α1-glicoproteína ácida, fosfolipase A2 secretória grupo IIA (sPLA2-
IIA).
PROTEÍNA C-REATIVA
É produzida no fígado e classificada como pentraxina;
Sua função é ligar-se a patógenos e células lesadas:
 ativação do sistema complemento e de fagócitos;
 ativação do complemento ocorre pela via clássica;
Levando à indução de fagocitose e à secreção de citocinas pró-inflamatórias
como interleucina (IL)-1 e fator de necrose tumoral (TNF)-α
 Promove down-regulation da inflamação com inibição da resposta
quimiotática
PCR tem funções pró e anti-inflamatórias
Aumentada em infecções bacterianas (e não virais), reações de
hipersensibilidade, isquemia e necrose tecidual
FIBRINOGÊNIO
Nas reações inflamatórias, tem provável papel no reparo tecidual e na
cicatrização.
A velocidade de hemossedimentação (VHS) reflete o aumento da
concentração plasmática de proteínas de fase aguda, principalmente a
de fibrinogênio >> medida indireta
ELETROFORESE DE PROTEÍNAS
O plasma humano é composto de uma série de
proteínas passíveis de identificação, e a
eletroforese de proteínas é uma técnica simples
para separá-las do soro;
Em condições normais, encontram-se cinco
bandas:
 Albumina: Doenças inflamatórias - agudas e
crônicas - são as maiores causas de queda da
concentração plasmática de albumina.
 α1-globulinas: se elevam nas doenças inflamatórias
agudas e crônicas e diminuem em doenças
hepáticas;
 α2-globulinas: haptoglobina, a α2-macroglobulina e
a ceruloplasmina. Aumentam na inflamação.
 β-globulinas: Há aumento dessas globulinas nas
inflamações agudas;
 γ-globulinas
Inflamação
Inflamação
Gamopatia
Monoclonal
ARTRITE REUMATOIDE
VHS reflete a atividade de algumas semanas (elevação e declínio
lentos)
PCR reflete mudanças de curto prazo >> é mais sensível para
mudanças na atividade de doença;
Níveis elevados de PCR no início correspondem a um pior prognóstico
e à doença erosiva progressiva;
Não se pode esquecer que a doença progride independentemente da
normalização dos valores de PCR.
Os escores e índices de atividade de doença incluem a VHS ou a PCR
em seus cálculos
ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL
Altos níveis de PCR associam-se a início poliarticular ou sistêmico,
porém não pauciarticular.
DOENÇA DE STILL DO ADULTO
 Aumento da ferritina sérica, algumas vezes superior a 20.000 ng/mL
Há boa correlação com a atividade da doença.
ESPONDILITE ANQUILOSANTE
E ARTRITE PSORIÁTICA
Verificam-se discrepâncias entre os valores de VHS e PCR e os
sintomas dos pacientes;
Os maiores níveis de são vistos em paciente com EA que apresenta
artrite periférica ou uveíte, questionando-se sua utilidade em pacientes
sem essas manifestações;
Considera-se mais útil a utilização de ambos do que um ou outro
isoladamente e, embora a correlação não seja ótima, eles não devem
ser menosprezados
GOTA
O nível de PCR correlaciona-se ao número de articulações acometidas,
à temperatura articular e ao valor da VHS
ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES
E POLIMIALGIA REUMÁTICA
Caracterizam-se por grandes elevações de PCR e VHS. Há boa
correlação com resposta clínica à prednisona
LÚPUS ERITEMATOSO
SISTÊMICO
Valores de PCR encontram-se normais ou discretamente elevados,
mesmo naqueles pacientes com doença clinicamente ativa e VHS
elevada.
níveis elevados de PCR estão mais associados a infecções, embora
possam ser encontrados níveis elevados em pacientes com quadro
articular (sinovite) ou serosite mais importantes
Elevações discretas da PCR em lúpus podem também estar associadas
à presença de aterosclerose

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Inflamação e biomarcadores

  • 1. Inflamação e o uso de provas de atividade inflamatória em reumatologia JEAN MOURA LIMA NOLETO
  • 2. INTRODUÇÃO A inflamação, localizada ou sistêmica, é uma das características de doenças reumatológicas;  Essas modificações dependem do aumento ou da diminuição da concentração sérica de proteínas, conhecidas como biomarcadores inflamatórios, que atuam na resposta inflamatória; Em 1930, pesquisadores descobriram uma proteína que reagia com o polissacarídeo C da cápsula de S. pneumoniae obtida do sangue de pacientes durante a fase aguda de pneumonia pneumocócica >>>> PCR
  • 3. INFLAMAÇÃO Reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor caracterizada morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício. Microrganismos Parasitos Agentes físicos e químicos Reações imunológicas Atua no tecido e promove a liberação de mediadores inflamatórios AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR SAÍDA DO PLASMA E CÉLULAS PARA O INTERSTÍCIO
  • 4. INFLAMAÇÃO Eventos: 1. Irritação – liberação dos mediadores 2. Modificações vasculares locais 3. Exsudação plasmática e celular 4. Lesões degenerativas e necróticas 5. Eventos que terminam o processo 6. Fenômenos reparativos
  • 5. Irritação – liberação dos mediadores Toda inflamação começa com uma irritação Agente biológico (PAMP) Do próprio organismo (DAMPS) Iniciam a liberação de mediadores da inflamação A inflamação progride porque os mediadores pró-inflamatórios precedem ou sobrepujam os de efeito anti-inflamatório.
  • 6. Mediadores COMPONENTES HUMORAIS Sistema de coagulação sanguínea Polimerização do fibrinogênio em fibrina pela trombina, auxilia na migração das células de defesa, barreira para entrada de patógenos Sistema complemento Sistema em cascata de proteínas que culmina com formação de um poro na membrana levando a morte celular. Mediadores lipídicos Citocinas Pró-inflamatórias: IL-1, TNF-α, IL-6, IL-18 Anti-inflamatórias: IL-10, TGF-β, IL-4 COMPONENTES CELULARES
  • 7.
  • 8. FENÔMENOS VASCULARES Modificações vasculares da microcirculação comandadas por mediadores liberados durante a fase irritativa Vasodilatação arteriolar por ação da histamina, e mantida por prostaglandinas e leucotrienos FENÔMENOS EXSUDATIVOS Consistem na saída dos elementos do sangue – plasma e células – do leito vascular para o interstício
  • 9. FENÔMENOS ALTERATIVOS Podem ser por causa direta do agente inflamatório Também podem ser originados: Trombose na microcirculação, Atividade de produtos da células do exsudato (degranulação de cels de defesa), Resposta imune (sistema complemento, células NK) FENÔMENOS RESOLUTIVOS Produção dos agentes anti- inflamatórios vai definir a cura ou cronificação
  • 11.
  • 12. INFLAMAÇÃO AGUDA Agente pouco patogênico;  Contato único e ligeiro com um tecido saudável;  Agressão leve;  Reação inflamatória de curta duração (aguda) e de pequena intensidade. Aumento do calibre dos vasos do local agredido;  Alteração dos capilares: saída de células sanguíneas e plasma para o sítio da inflamação;  Migração de leucócitos e acúmulo no foco inflamatório;
  • 13. INFLAMAÇÃO CRÔNICA  Agente muito resistente e patogênico;  Contatos repetidos e persistentes, mesmo em tecidos saudáveis; Agressão mais grave com reação inflamatória de longa duração (crônica) e de maior intensidade. Infiltração de células mononucleares: macrófagos e linfócitos; Tentativa de reparo da área lesada: formação de tecido conjuntivo e angiogênese; Destruição tecidual causada essencialmente pelas células inflamatórias
  • 14.
  • 15.
  • 16. CLASSIFICAÇÃO Os biomarcadores da inflamação dividem-se em quatro grupos: Proteínas de defesa do hospedeiro: participam do reconhecimento e eliminação de patógenos: proteína C-reativa, proteínas do complemento, fibrinogênio; Inibidores de proteinases séricas - atuam na limitação do dano tecidual: α1-antiproteinase; Proteínas de transporte com atividade antioxidante: responsáveis pela contenção da reação inflamatória: ceruloplasmina Outras - proteína sérica amiloide A (SAA), antagonista do receptor de IL-1, α1-glicoproteína ácida, fosfolipase A2 secretória grupo IIA (sPLA2- IIA).
  • 17.
  • 18.
  • 19.
  • 20. PROTEÍNA C-REATIVA É produzida no fígado e classificada como pentraxina; Sua função é ligar-se a patógenos e células lesadas:  ativação do sistema complemento e de fagócitos;  ativação do complemento ocorre pela via clássica; Levando à indução de fagocitose e à secreção de citocinas pró-inflamatórias como interleucina (IL)-1 e fator de necrose tumoral (TNF)-α  Promove down-regulation da inflamação com inibição da resposta quimiotática PCR tem funções pró e anti-inflamatórias Aumentada em infecções bacterianas (e não virais), reações de hipersensibilidade, isquemia e necrose tecidual
  • 21. FIBRINOGÊNIO Nas reações inflamatórias, tem provável papel no reparo tecidual e na cicatrização. A velocidade de hemossedimentação (VHS) reflete o aumento da concentração plasmática de proteínas de fase aguda, principalmente a de fibrinogênio >> medida indireta
  • 22.
  • 23.
  • 24.
  • 25.
  • 26. ELETROFORESE DE PROTEÍNAS O plasma humano é composto de uma série de proteínas passíveis de identificação, e a eletroforese de proteínas é uma técnica simples para separá-las do soro; Em condições normais, encontram-se cinco bandas:  Albumina: Doenças inflamatórias - agudas e crônicas - são as maiores causas de queda da concentração plasmática de albumina.  α1-globulinas: se elevam nas doenças inflamatórias agudas e crônicas e diminuem em doenças hepáticas;  α2-globulinas: haptoglobina, a α2-macroglobulina e a ceruloplasmina. Aumentam na inflamação.  β-globulinas: Há aumento dessas globulinas nas inflamações agudas;  γ-globulinas
  • 28.
  • 29. ARTRITE REUMATOIDE VHS reflete a atividade de algumas semanas (elevação e declínio lentos) PCR reflete mudanças de curto prazo >> é mais sensível para mudanças na atividade de doença; Níveis elevados de PCR no início correspondem a um pior prognóstico e à doença erosiva progressiva; Não se pode esquecer que a doença progride independentemente da normalização dos valores de PCR. Os escores e índices de atividade de doença incluem a VHS ou a PCR em seus cálculos
  • 30. ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL Altos níveis de PCR associam-se a início poliarticular ou sistêmico, porém não pauciarticular. DOENÇA DE STILL DO ADULTO  Aumento da ferritina sérica, algumas vezes superior a 20.000 ng/mL Há boa correlação com a atividade da doença.
  • 31. ESPONDILITE ANQUILOSANTE E ARTRITE PSORIÁTICA Verificam-se discrepâncias entre os valores de VHS e PCR e os sintomas dos pacientes; Os maiores níveis de são vistos em paciente com EA que apresenta artrite periférica ou uveíte, questionando-se sua utilidade em pacientes sem essas manifestações; Considera-se mais útil a utilização de ambos do que um ou outro isoladamente e, embora a correlação não seja ótima, eles não devem ser menosprezados
  • 32. GOTA O nível de PCR correlaciona-se ao número de articulações acometidas, à temperatura articular e ao valor da VHS ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES E POLIMIALGIA REUMÁTICA Caracterizam-se por grandes elevações de PCR e VHS. Há boa correlação com resposta clínica à prednisona
  • 33. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Valores de PCR encontram-se normais ou discretamente elevados, mesmo naqueles pacientes com doença clinicamente ativa e VHS elevada. níveis elevados de PCR estão mais associados a infecções, embora possam ser encontrados níveis elevados em pacientes com quadro articular (sinovite) ou serosite mais importantes Elevações discretas da PCR em lúpus podem também estar associadas à presença de aterosclerose

Notas do Editor

  1. A inflamação, localizada ou sistêmica, é uma das características de doenças reumatológicas. A resposta a uma lesão tecidual desencadeia uma série de modificações que promovem eliminação de patógenos, limitação do dano tecidual e restauração da estrutura lesada. Essas modificações dependem do aumento ou da diminuição da concentração sérica de proteínas, conhecidas como biomarcadores inflamatórios, que atuam na resposta inflamatória. A análise laboratorial desses marcadores permite, juntamente com os dados clínicos e outros exames complementares, acessar a atividade de algumas doenças e monitorar a resposta à terapêutica, assim como pode sugerir presença de infecção. Atualmente, o reumatologista tem à sua disposição algumas opções de exames que avaliam a resposta inflamatória, como a proteína C-reativa, a velocidade de hemossedimentação e a eletroforese de proteínas, entre outros. Este artigo revisa as características de alguns desses biomarcadores e o emprego das provas de atividade inflamatória em doenças reumatológicas.
  2. Atualmente, opta-se por utilizar o termo biomarcador inflamatório ao se referir às proteínas envolvidas nessa resposta.
  3. Há diferenças significativas em termos de cinética, magnitude e duração de resposta entre os biomarcadores inflamatórios. A PCR e a SAA são detectadas a partir de quatro horas do insulto e têm pico de 24 a 72 horas, podendo chegar a mil vezes o valor normal.3 O fibrinogênio tem pico em sete a dez dias e eleva-se duas a três vezes o normal
  4. As hemácias do nosso sangue têm carga negativa. Assim, uma repele a outra (cargas iguais se repelem), e elas vão se agrupando com uma certa velocidade, por conta da ação da gravidade. Se juntamente com o soro sanguíneo houver muito material com cargas positivas, essa repulsão de uma hemácia com a outra vai se diminuir, e elas vão se depositar mais rapidamente, tornando o VHS elevado.