2. TOM ORALIZANTE, QUE
RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE
VÁRIOS PROCESSOS
Interação do oral e do escrito
Incorporação, no registo culto, dos registos
familiar e popular, com frequentes utilizações
de elementos de fala popular, como ditados,
provérbios, aforismos, regionalismos, calão.
Frequentente, os provérbios são alterados de
acordo com a intencionalidade do autor.
3. TOM ORALIZANTE, QUE
RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE
VÁRIOS PROCESSOS
Exemplos
“a pobre não emprestes, a rico não devas” –
adaptação de “a rico não devas, a pobre não
prometas”;
“olhos que não te viram, coração que sente e
sentiu” – adaptação de “olhos que não veem,
coração que não sente”.
4. TOM ORALIZANTE, QUE
RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE
VÁRIOS PROCESSOS
Transgressão das regras de pontuação
Não utilização das marcas gráficas do diálogo,
como o travessão e os dois pontos indicadores
do discurso direto.
Utilização da vírgula e da letra maiúscula, não
antecedida de ponto final, para marcar o início
da fala de uma personagem.
Não utilização do ponto de interrogação nas
frases interrogativas, que não reconhecem
5. TOM ORALIZANTE, QUE
RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE
VÁRIOS PROCESSOS
Não utilização do ponto de interrogação nas
frases interrogativas, que se reconhecem pela
estrutura sintática.
O efeito pretendido é provocar uma
aproximação ao discurso oral, uma fusão entre
o discurso do narrador e o das personagens,
um apelo à cumplicidade do leitor.
6. TOM ORALIZANTE, QUE
RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE
VÁRIOS PROCESSOS
Utilização de deíticos
(espaciais, temporais e pessoais que remetem para um
tempo e um lugar onde se situa e inclui o narrador)
Exemplo: “Por baixo desta tribuna em que estamos,
outra há (…) e isto se passa na presença de outros
criados e pagens, este que abre o gavetão, aquele que
afasta a cortina, um que levanta a luz (…) Mas vem
entrando D. Nuno da Cunha” (Cap. I).
7. TOM ORALIZANTE, QUE
RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE
VÁRIOS PROCESSOS
Utilização de expressões próprias do registo
oral
Exemplo: “Agora não se vá dizer” (3 vezes
repetida)
8. TOM ORALIZANTE, QUE
RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE
VÁRIOS PROCESSOS
Extensão das frases e dos períodos, com
recurso à coordenação e à subordinação.
9. ABUNDÂNCIA DE FIGURAS DE
RETÓRICA
Como nos textos barrocos do século XVIII:
metáfora, hipérbato, enumeração,
personificação, antítese e paradoxo,
anáfora e construção paralelística, jogos
de palavras, ironia, adjetivação, enfim, toda
uma explosão de recursos expressivos,
figuras de retórica usadas com intencional
excesso.
10. UTILIZAÇÃO DO DISCURSO
INDIRETO LIVRE
Frequente interpenetração do discurso
indireto, direto, indireto livre e monólogo
interior.
12. INTERTEXTUALIDADE
(utilização de citações e de outros textos e
autores, nomeadamente a Bíblia e Os
Lusíadas)
EXEMPLOS
“assim como o homem, bicho da terra, se faz
marinheiro por necessidade, por necessidade
se faz voador” (cap. VI)
13. INTERTEXTUALIDADE
“que adamastores, que fogos de santelmo, acaso
se levantam do mar, que ao longe se vê, trombas
de água que vão sugar os ares” (cap. XVI)
“Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó
filho a quem eu só para refrigério e doce amparo
desta cansada e já velhice minha, tanto que os
montes de mais perto respondiam, quase movidos
a piedade”
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame ó
pátria sem justiça” (cap. XXI)