SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Baixar para ler offline
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 
José Carlos Vilhena Mesquita 
Há notícias que nos ferem a alma, pela brutalidade com que negativamente nos 
surpreendem. A morte inesperada de um amigo, que nos chega de forma fortuita e 
repentina, deixa-nos a angústia da imprevisibilidade e da impermanência da vida. A 
morte do meu amigo António Rosa Mendes 
apanhou-me sinceramente desprevenido. Ignorava 
que estivesse doente e muito menos que se 
encontrasse internado há mais de um mês no 
Hospital de Faro. A vida tem disto, apesar de 
amigos e colegas, nada sabia sobre o seu estado de 
saúde. Tenho ultimamente uma vida muito 
recatada, longe do convívio público, estritamente 
restringida às atividades profissionais. Por isso 
fiquei atónito com a notícia da morte do António, 
que ainda há pouco tempo me havia informado 
sobre o tema que escolhera para defender nas suas 
Provas de Agregação, cuja data de apresentação se 
previa para esta primavera. 
As grandes amizades, verdadeiras e saudáveis, 
desinteressadas de mesquinhos egoísmos e 
desprovidas de vaidades, nascem nos verdes anos e 
prolongam-se pela vida fora. A escola é o seu 
cadinho natural. Conhecemo-nos durante o 
chamado PREC, quando frequentávamos os bancos 
da universidade. Vínhamos ambos com o mesmo 
percurso, desiludidos com o Direito, ambicionando 
António Rosa Mendes, em público 
maior justiça social para um povo submisso e afável, que durante meio século de 
ditadura se havia distanciado das referências democráticas do mundo livre. Eramos 
jovens e ávidos de compreender o nosso tempo. Por isso escolhemos ambos o curso 
de História. 
Naquela altura o António já se distinguia da generalidade dos colegas pela sua 
cultura literária e pela experiência das suas viagens, realizadas na sua Renault 4L, de 
cor azul, que o levara pelos caminhos da Europa a desbravar novas rotas e desafios. 
Adquiriu por isso um conhecimento mais concreto da realidade socioeconómica do 
nosso país, além de apurar o sentido humanista que inspirava a sua personalidade, a 
sua formação ética e cultural. Não admira, por isso, que já então evidenciasse fortes 
propensões para a política ativa, sustentando ideias da esquerda libertária. Nisso 
éramos diametralmente opostos. Eu nunca tive ambições políticas e sempre defendi 
posições mais tolerantes, sem sujeições ideológicas nem religiosas. 
Embora já não me lembre bem, creio que o António militava no MRPP ou num 
daqueles partidos revolucionários de fraca expressão eleitoral. Nesse tempo havia 
vários grupos maoístas e radicais de esquerda, que se juntavam nas lutas estudantis, 
com alguma relutância. Lembro-me que o grupo do António tinha um asco visceral ao 
PCP. E com ele estavam vários jovens que são hoje notáveis políticos do PSD, como é o
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
caso de Durão Barroso ou de Miguel Relvas. Outros já abandonaram a política e são 
agora diretores de bancos, de empresas estatais e de multinacionais famosas. 
Recordo-me, nesse tempo, de ver o António à porta dos mercados, segurando as 
pontas de uma enorme bandeira vermelha, pintada com a estrela maoista, a foice e o 
martelo em cintilante dourado, pendida como um lençol nas mãos de quatro rapazes 
de boina vermelha, em cujo centro se acumulavam umas moedas. Eram os peditórios 
públicos, nos quais o António, de megafone na boca, discursava às massas, alertando 
para a urgência da revolução popular. No braço esquerdo pendiam-lhe alguns 
exemplares do jornal revolucionário «Lutar no mar, lutar em terra», cuja lavra era 
quase toda da sua eloquente autoria. Muitos anos depois, mais de uma trintena, 
costumávamos lembrar esses tempos com saudade e boa disposição. 
Desses tempos de estúrdia 
p. v 
revolucionária, havia sempre 
uma história cómica, um dito 
jocoso, um episódio hilariante, 
que ele contava com uma ironia 
muito peculiar. Apesar da sua 
aparente frieza, o António era 
um homem de aprimorado 
sentido de humor e muito 
expressivo nas suas qualidades 
coloquiais. Numa conversa 
tomava rapidamente as rédeas 
do pensamento e desarmava 
qualquer interlocutor com um 
dito chistoso, uma chalaça ou um 
sardónico remoque. Não ofendia 
nem insultava ninguém, mantinha-se nos limites da estribeira, até que largava algum 
epíteto irónico-pejorativo com que classificava o seu oponente. Com sarcástico arresto 
desmistificava logo o assunto e arrumava o tema em discussão. Era como se fosse uma 
sentença, o caso estava encerrado. 
Na «Rádio Gilão», num debate sobre o 25 de abril, com o Cor. Nuno 
Pereira da Silva, Com. do Regto de Infantaria N21; André Guerreiro, 
moderador do programa; Luís Guerreiro e Rosa Mendes 
Na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa conhecemos grandes 
professores, dos quais nos tornamos amigos para a vida 
inteira. Alguns foram comuns a ambos, como Alberto 
Ferreira, João Medina, António Borges Coelho e José 
Manuel Tengarrinha. Outros tornaram-se em amizades 
posteriores, como Joaquim Romero Magalhães e José 
Matoso. O que mais importa é que lhes devemos muito e 
nunca lhes poderemos retribuir tudo o que nos legaram, 
em sabedoria, ilustração e carácter. 
Na universidade frequentámos quase as mesmas 
cadeiras, porque sempre tivemos interesses culturais 
muito parecidos. Mas a determinada altura o António 
sofreu um grande desgosto, morreu-lhe o pai e isso 
Rosa Mendes conferencista 
provocou-lhe uma forte depressão nervosa. Lembro-me que sofreu imenso para 
superar a amargura da perda. Voltaria só no ano seguinte, recomposto e conformado, 
disposto a retomar a vida. Tinha bom aspeto, adquiriu peso, vestia-se melhor, e até as 
2
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
olheiras, tão peculiares na genética sulina, pareciam ter desaparecido. O António 
estava remoçado, como sói dizer-se nas bandas do Guadiana. Mas manda a verdade 
salientar que o António sempre foi senhor de uma bela planta 
física, magro, alto, olhos agarenos e sorriso discreto, uma figura 
que pontuava onde quer que estivesse. Tinha um esgar trocista, 
comedido e controlado. Raramente o "ouvi" a rir. Era preciso 
contar-lhe uma boa anedota, de picaresco sentido político, ou 
de contraditória eloquência cultural, para o fazer gargalhar. 
Lembro-me de o ter feito rir às bandeiras despregadas quando 
lhe contei a história do Unamuno e quem escreveu o D. Quixote. 
Como ele não era capaz de a reproduzir ao detalhe, às vezes em 
reunião de amigos pedia-me que a contasse novamente. 
Em boa verdade, o António só tinha um defeito: o maldito o peculiar sorriso sarcástico 
tabaco. Fumava imenso. Quando éramos estudantes comprava o «Português Suave» 
(que nessa altura não tinha filtro), e às vezes usava o tabaco de onça, mas depois 
tornou-se adepto dos «Negritos», que eram cigarros de papel escuro. Naquela altura, 
fumávamos o que fosse mais barato. Recordo-me de ambos fumarmos o «SG ventil», 
que já no tempo das vacas gordas" trocamos pelo «Marlboro», ainda sem caixa. 
Quando fui para a Torre do Tombo deixei de fumar. E só anos depois é que reparei que 
ele estava "agarrado" às cigarrilhas, dependência que nunca mais largou... até ao fim. 
Quando acabamos os nossos cursos, em 1981, já éramos professores do ensino 
secundário. Em 1983 fui para a Universidade do Algarve a convite pessoal do Prof. 
Manuel Gomes Guerreiro, e só nos reencontrávamos nos eventos culturais ou 
acidentalmente em Lisboa. Mas íamos sabendo dos sucessos de cada um através dos 
jornais. O António além de um exímio orador era colaborador assíduo da imprensa 
regional, um colunista de opinião esclarecida que depressa se tornaria numa voz de 
referência pela forma como pugnava pelos interesses do Algarve. Os seus artigos 
semanais no «Jornal do Algarve» (que mais tarde haveria de compilar em livro) 
depressa consagrariam o nome de Rosa Mendes como o de uma personalidade 
íntegra, eticamente à prova de bala, que desdenhava dos poderes instalados e 
ridicularizava a 
pomposidade balofa dos 
nossos políticos. A sua 
verve queirosiana era 
demolidora, temperada 
nos acintes e nas jocosas 
contumácias com que 
ridicularizava os alvos da 
sua obstinada crítica. 
Nunca estivemos 
zangados, nem de 
"candeias às avessas". 
Vivíamos separados a 
curta distância, eu em 
O poeta Fernando Cabrita e Rosa Mendes, dois grandes e inseparáveis amigos Faro e ele em Vila Real 
de Santo António, mas estávamos muito atentos ao que ambos fazíamos em prol da 
cultura algarvia. Eu escrevia no «Diário de Notícias» uns artigos inflamados de 
3
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
profundo algarviísmo e de acrisolado regionalismo, a que ele me dava sempre um 
entusiástico apoio. É curioso que o António embora fosse um fervoroso regionalista e 
um algarvio de antes quebrar que torcer, nunca foi um defensor da Regionalização. 
Lembro-me que 1998, quando se projetou referendar a Regionalização do país, decidi 
promover através da AJEA (Associação dos Jornalistas e Escritores do Algarve) um 
colóquio sobre a necessidade e urgência da sua aprovação em benefício do Algarve. 
Para o efeito convidei os Profs. Manuel Gomes Guerreiro e José Horta Correia, tendo 
como único orador oponente o António Rosa Mendes, que talvez por ser militante e 
autarca do PSD sustentou tenazmente uma posição contrária, sob o pretexto de 
poderem criar-se no país réplicas de João Jardim, que epitetou como "Rei da Madeira". 
A regionalização, em seu entender, poderia tornar-se numa safra de reizinhos e valetes 
no viciado baralho da nossa política de compadrio. Infelizmente a Regionalização não 
passou por não convir aos partidos do eixo do poder. E o certo é que a Madeira teve 
um crescimento exponencial, e o Algarve é o que se vê. 
Mas já que falei da passagem do António pelo PSD, 
convirá dizer que sempre me pareceu uma decisão 
contranatura, pois que um homem honesto e honrado 
como ele não deve submeter a sua integridade moral 
aos interesses dos partidos. Fui talvez dos poucos 
amigos que se manifestou em desacordo e com 
profundo desencanto pela sua decisão. Mas ele 
replicou-me, com a sabedoria que lhe era peculiar, que 
só com a ajuda dos partidos é que os homens 
competentes e honestos poderão tornar-se notados e 
sair da obscuridade a que a sua honradez os condena. 
Dei-lhe razão, mas nunca lhe segui o exemplo. 
Da sua passagem pelo PSD e da sua militância 
política resultou a sua eleição para a presidência da 
Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António 
entre 1985 e 1989 tendo desempenhado também as 
funções de presidente da Assembleia dos Municípios do Algarve, cargo que se 
extinguiria pouco depois. Seguiu-se em 1989 a sua eleição para a vereação de VRSA, 
em que se manteve até 1993. Depois disso 
dedicou-se ao estudo e interrompeu a 
carreira política. 
Aproveitou o tempo livre para concluir em 
1991, na Universidade Nova de Lisboa, o 
mestrado em História Cultural e Política. 
Apresentou uma dissertação intitulada 
Ribeiro Sanches e o Marquês de Pombal - 
intelectuais e poder no absolutismo 
esclarecido, que teve o aplauso do júri, pela 
erudição e eloquência como apresentou e Apresentando um livro do poeta Fernando Cabrita 
sustentou os seus pontos de vista. Nos domínios da História da Cultura Portuguesa o 
António foi sempre uma autoridade e uma referência incontornável, cujos primeiros 
passos foram dados precisamente com a sua dissertação de mestrado. Daí por diante 
seriam vários os trabalhos publicados em livro e em revistas da especialidade sobre
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
grandes figuras da cultura nacional, nomeadamente sobre o Padre António Vieira, em 
que foi uma autoridade de reputação nacional. 
E em 14-01-1995 concluiu o seu curso de Direito, interrompido muitos anos antes, 
na Universidade de Lisboa, e inscreveu-se na Ordem dos Advogados, em 20-03-1997, 
pela Comarca de Olhão, com a cédula profissional 33F. Ainda fez algumas incursões no 
foro com relativo sucesso. Mas a sua paixão era a docência e a investigação histórica, 
retomando por isso os caminhos da carreira académica, dedicando-se à preparação 
das suas exigências profissionais. À barra dos tribunais só voltaria esporadicamente. 
Quando estava a culminar o meu doutoramento soube que o António ingressara 
nos quadros docentes da Universidade do Algarve. Foi uma enorme alegria e um 
reforço de peso para a abertura de uma linha de investigação ligada à História 
Regional, o que até aí nunca fora possível devido à ultrapassada convicção do 
universalismo da ciência. Pode dizer-se que foi o António quem abriu as portas da 
Universidade ao estudo da história 
regional. 
A partir de então começamos a ter 
uma convivência mais assídua, embora 
nem sempre com a regularidade que 
ambos desejávamos. As justificações 
são fáceis de obter: eu sempre pertenci 
aos quadros da Faculdade de 
Economia, desde a fundação da 
universidade, enquanto o António 
pertencia ao departamento de História 
incluído na Faculdade de Ciências 
Humana e Sociais. Estávamos em 
Faculdades diferentes, com horários 
desencontrados e objetivos científicos 
também muito distintos. Por outro 
■■ > y 
Primeiro júri de mestrado em História do Algarve (FCHS, 
03.11.2011) com Luís Oliveira, Aurísia Anica, Rosa Mendes, 
a candidata Maria José Antunes Pedro, e António Covas 
lado, o António continuava a viver em VRSA. Apesar disso encontrávamos na Biblioteca 
da Universidade e às vezes no gabinete do Prof. Horta Correia para falarmos dos 
assuntos mais prementes da nossa vida académica. 
Em 2004 o Prof. Joaquim Romero Magalhães convidou-me para fazer parte do júri 
de doutoramento do António o que aceitei de bom grado e com muita honra. O tema 
da sua dissertação de doutoramento intitulava-se Damião António de Lemos Faria e 
Castro (1715-1789). Cultura e Política no Algarve Setecentista. Consistia no estudo da 
vida e obra daquele notável historiador algarvio, enquadrando toda a sua produção na 
época e na mentalidade envolvente. Não esqueçamos que Damião de Faria e Castro foi 
vítima das perseguições da Santa Inquisição que colocou no Index grande parte da sua 
obra historiográfica, proibindo a edição de alguns trabalhos de elevada importância 
para a cultura nacional. Só por curiosidade direi que os últimos livros da sua História de 
Portugal, projetada em vinte volumes, foram proibidos e permanecem ainda hoje 
inéditos. Outras das suas obras, inéditas e manuscritas, estão na Torre do Tombo e nos 
arquivos espanhóis, nomeadamente no de Sevilha. 
A defesa das provas públicas de doutoramento foi brilhante, dignas da eloquência e 
do prestígio académico que o António soube conquistar ao longo da vida, dentro e fora 
da universidade. Na altura, achei que a dissertação era demasiado literária e com 
5
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
poucos recursos arquivísticos, mas esse era um reparo muito pessoal e que tem a ver 
com a minha forma de encarar a investigação histórica. Compreendo perfeitamente 
que nos tempos que correm a História é cada vez menos ciência e cada vez mais arte, 
literatura e espetáculo. 
A partir daí teve uma ascensão rápida e merecida, fruto do seu labor científico e da 
sua dedicação ao estudo da História do Algarve. Ao longo dos anos em que exerceu 
funções docentes, soube assegurar com proficiente abnegação a regência das cadeiras 
de História da Cultura, História do Algarve e Direito do Património Cultural. 
Para além da docência foi nomeado para as funções de Diretor da Biblioteca da 
Universidade do Algarve e ultimamente coordenava o Centro de Estudos de Património 
e História do Algarve (CEPHA). Nesse âmbito promoveu a realização do curso de 
mestrado em História do Algarve, que se mantém em atividade com grande sucesso. 
Importa realçar que o apogeu da vida política e da projeção pública de António Rosa 
Mendes ocorreu precisamente em 2005, 
quando foi nomeado presidente de "Faro, 
Desejando promover e divulgar os novos 
i I S r a t f autores algarvios, mas também para abrir 
um novo espaço editorial aos consagrados 
'y literatos regionais, o António fundou e dirigiu 
E' a ec*'tora «Gente Singular», uma forma de 
homenagear também o maior escritor 
algarvio de todos os tempos, Manuel Teixeira 
Gomes, de cuja obra era aliás um indefetível 
Em 2011, o António deixou-se cair, mais 
Numa festa de alunos, Rosa Mendes faz uma alocução um a v e z ^ nas ma|has da política para ser O 
na sua acostumada ironia e boa disposição , ^ , . .. . .. . . mandatario distrital da candidatura do PSD 
às eleições legislativas. O partido ganhou as eleições, mas não soube recompensar 
aquele que mais uma vez deu a cara para oferecer credibilidade aos que a não tinham 
e muito menos a mereciam. 
Para concluir, resta dizer 
que António Manuel Nunes 
Rosa Mendes, de seu nome 
completo, nasceu em Vila 
Nova de Caceia, concelho de 
Vila Real de Santo António, 
no Algarve, a 21 de Maio de 
1954 e faleceu ao final da 
tarde do dia 4 de Junho de 
2013, no Hospital de Faro, 
onde esteve internado cerca 
de mês e meio, lutando 
Na deposição da urna todos os presentes despediram-se do António Rosa 
contra uma pneumonia Mendes com uma derradeira salva de palmas 
dupla que, por fim, o 
vitimou. A Universidade do Algarve, reconhecendo a trágica perda de um dos seus 
docentes mais ilustres, decretou três dias de luto oficial a partir da data de 
6
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
falecimento. O funeral realizou-se no dia 6 de Junho, no cemitério de Vila Nova de 
Caceia, tendo sido acompanhado por centenas de pessoas. Desde o enterro de Mestre 
Manuel Cabanas que não se via naquela aldeia tamanho préstito fúnebre. Nele 
estiveram presentes várias figuras públicas da política, autoridades locais e regionais, 
gente ilustre das artes e das letras, professores de todos os ramos de ensino, antigos 
alunos, amigos íntimos, familiares e muito povo anónimo da sua aldeia natal que assim 
prestou derradeira homenagem a uma das mais insignes figuras da atual aldeia, e 
histórica sede de concelho, de Vila Nova de Caceia. 
Calou-se para sempre a voz da 
eloquência algarvia, o verbo da mediação 
cívica e da desinteressada ação política, que 
tudo fez para engrandecer a sua pátria 
natal. Foi um cidadão exemplar, humilde e 
desprovido de vaidades, que soube granjear 
o respeito dos seus conterrâneos e 
admiração pelos seus colegas e alunos. 
Acima de tudo foi um homem íntegro, 
desprendido de interesses, com um forte 
caráter e de princípios éticos que serviram 
de exemplo a todos os que o conheceram 
ou com ele conviveram. Como humanista e 
homem de cultura, deixou uma vincada 
imagem de erudição, atestada na vasta obra 
legada em livro, mas também nas 
conferências que pronunciou e nos 
congressos e colóquios, nacionais e 
internacionais, em que participou. Deixou-nos 
na memória a recordação do académico 
Rosa Mendes com o presidente da CM de Alcoutim, 
num dos últimos atos públicos em que participou 
competente e do historiador proficiente, do jurista impoluto e do editor mecenas. Mas 
também guardamos dele o acrisolado amor regionalista e a convicção algarviísta que a 
todos compete imitar. 
Publicou vasta obra de investigação historiográfica e de divulgação cultural do 
Algarve, cujo elenco passo a enunciar: 
A Fundação de Vila Real de St. António vista por um estrangeiro, 1984. 
Ribeiro Sanches e o Marquês de Pombal - intelectuais e poder no absolutismo 
esclarecido, 1998. 
«A vida cultural» in História de Portugal, dir. de José Mattoso, vol. III, 1993, p. 375-383. 
1755 Terramoto no Algarve, 2005; 
Espírito e poder - Tavira nos tempos da modernidade, 2006; CITAR ARTIGO 
Escritor algarvio do século XVIII em Ayamonte: Damião António de Lemos Faria e 
Castro, Separata das XI Jornadas de História de Ayamonte, 2007, p. 79-86. 
Manuscrito de João da Rosa -1808-2008, 2008. 
01 hão fez-se a si próprio, 2009; 
«Brito Camacho e o Algarve», in Viajantes, Escritores e Poetas: Retratos do Algarve, 
2009. 
Vila Real de Santo António e o Urbanismo lluminista, coord. Catálogo da exposição, 
2010.
António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 
Algarve 100 anos de República, 100 personalidades 1910-2010 (em parceria com Neto 
Gomes), 2010. 
Alcoutim - Terra de Fronteira, 2010. 
Faro - roteiros republicanos, 2010. 
Castro Marim, baluarte defensivo do Algarve, 2010. 
Olhão nos primeiros dias da República, 2010. 
A Peregrinação e a peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 2011. 
«Um bispo reformador, D. Inácio de Santa Teresa, 1741-1751», in Anais do Município 
de Faro, 2012, p. 27-37. 
O Que é Património Cultural, 2012. 
Manuel Veneno, in Al gharb. n9 00, p. 11-13. 
Termino com o poema que o António Rosa Mendes mais gostava de mencionar nos 
seus discursos de apaixonada divulgação regionalista. Pertence a sua autoria ao juiz e 
grande poeta algarvio António Maria Pereira, que em vida publicou um único livro de 
versos, intitulado Mar, no qual se inclui, logo a abrir, este brilhante poema: 
«A minha rua tem o mar ao fundo» 
Sou algarvio 
E a minha rua tem o mar ao fundo 
Sempre que passa aqui algum navio 
Passam, aqui, navios de todo o mundo 
Oiço a voz que me namora 
Da outra banda do mar... 
Que me namora e me chama 
Da outra banda do mundo 
E se eu abalasse mãe? 
E se eu abalasse e nunca mais voltasse? 
Choravas, sim, eu sei bem 
Posso não ser filho às vezes 
Mas tu és mãe, sempre, mãe! 
Se não fosse a minha mãe, 
Se não fossem os meus, 
Adeus aldeia, adeus praia, 
Adeus gaivotas, adeus. 
E eu vou ficando, não chores 
Aqui, nesta aldeia do Algarve onde nasci, 
Nesta rua que tem o mar ao fundo, 
Onde nasceram meus pais, 
E nasceram e morreram antepassados que não conheci; 
Aqui há um poder maior 
Que pode mais que aquela voz que me chama da outra banda do mar, 
Que me namora uma chama da outra banda do mundo. 
(António Maria Pereira) 
8

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Ultimatum futurista - almada negreiros
Ultimatum futurista -  almada negreirosUltimatum futurista -  almada negreiros
Ultimatum futurista - almada negreirosAfonso Pereira
 
Informação Completa 103 - novembro 2014
Informação Completa 103 - novembro 2014Informação Completa 103 - novembro 2014
Informação Completa 103 - novembro 2014Pery Salgado
 
26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia
26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia
26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da LusofoniaLucio Borges
 
Modulo3 poesia (1) pronto
Modulo3 poesia (1) prontoModulo3 poesia (1) pronto
Modulo3 poesia (1) prontostuff5678
 
Revista Boa Vontade, edição 210
Revista Boa Vontade, edição 210Revista Boa Vontade, edição 210
Revista Boa Vontade, edição 210Boa Vontade
 
Antonio Baldo Toninho Cavalo
Antonio Baldo  Toninho CavaloAntonio Baldo  Toninho Cavalo
Antonio Baldo Toninho Cavalonivaldo baldo
 
O 25 de abril e os livros
O 25 de abril e os livrosO 25 de abril e os livros
O 25 de abril e os livrosfrancisco abreu
 
Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011
Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011
Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011Daniel Leitão
 

Mais procurados (11)

Ultimatum futurista - almada negreiros
Ultimatum futurista -  almada negreirosUltimatum futurista -  almada negreiros
Ultimatum futurista - almada negreiros
 
Informação Completa 103 - novembro 2014
Informação Completa 103 - novembro 2014Informação Completa 103 - novembro 2014
Informação Completa 103 - novembro 2014
 
Imprensa amazonense
Imprensa amazonenseImprensa amazonense
Imprensa amazonense
 
Palavra jovem n 45
Palavra jovem n 45Palavra jovem n 45
Palavra jovem n 45
 
26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia
26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia
26ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia
 
Modulo3 poesia (1) pronto
Modulo3 poesia (1) prontoModulo3 poesia (1) pronto
Modulo3 poesia (1) pronto
 
Revista Boa Vontade, edição 210
Revista Boa Vontade, edição 210Revista Boa Vontade, edição 210
Revista Boa Vontade, edição 210
 
O Bandeirante 092006
O Bandeirante 092006O Bandeirante 092006
O Bandeirante 092006
 
Antonio Baldo Toninho Cavalo
Antonio Baldo  Toninho CavaloAntonio Baldo  Toninho Cavalo
Antonio Baldo Toninho Cavalo
 
O 25 de abril e os livros
O 25 de abril e os livrosO 25 de abril e os livros
O 25 de abril e os livros
 
Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011
Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011
Vida e Morte de M. J. Gonzaga - 3ª A - 2011
 

Semelhante a António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado

António Rosa Mendes o historiador do algarve ignorado
António Rosa Mendes o historiador do algarve ignoradoAntónio Rosa Mendes o historiador do algarve ignorado
António Rosa Mendes o historiador do algarve ignoradoJ. C. Vilhena Mesquita
 
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Mesquita
 
Fonseca domingos, erudito poeta do povo
Fonseca domingos, erudito poeta do povoFonseca domingos, erudito poeta do povo
Fonseca domingos, erudito poeta do povoJosé Mesquita
 
Cultura dia 22 de maio
Cultura dia 22 de maioCultura dia 22 de maio
Cultura dia 22 de maioProfmaria
 
Pré-Modernismo (Introdução) e Euclides da Cunha
Pré-Modernismo (Introdução) e Euclides da CunhaPré-Modernismo (Introdução) e Euclides da Cunha
Pré-Modernismo (Introdução) e Euclides da CunhaJosé Ricardo Lima
 
Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»J. C. Vilhena Mesquita
 
Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»José Mesquita
 
Pre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxPre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxNunaMedeiros
 
No país da pi ada pronta josé simão
No país da pi ada pronta   josé simãoNo país da pi ada pronta   josé simão
No país da pi ada pronta josé simãoismaelpod
 
N 4 julho 2014 definitivo
N 4 julho 2014 definitivoN 4 julho 2014 definitivo
N 4 julho 2014 definitivortonin32
 
Oficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês GomesOficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês GomesMariadasMerces
 
Jb news informativo nr. 1.005
Jb news   informativo nr. 1.005Jb news   informativo nr. 1.005
Jb news informativo nr. 1.005Informativojbnews
 
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoUFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoNome Sobrenome
 
Faro e o movimento do Orfeu
Faro e o movimento do OrfeuFaro e o movimento do Orfeu
Faro e o movimento do OrfeuJosé Mesquita
 
Anote o título do livro que você está analisando.pdf
Anote o título do livro que você está analisando.pdfAnote o título do livro que você está analisando.pdf
Anote o título do livro que você está analisando.pdfJulio Cesar Trevisan Reis
 

Semelhante a António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado (20)

António Rosa Mendes o historiador do algarve ignorado
António Rosa Mendes o historiador do algarve ignoradoAntónio Rosa Mendes o historiador do algarve ignorado
António Rosa Mendes o historiador do algarve ignorado
 
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
 
Fonseca domingos, erudito poeta do povo
Fonseca domingos, erudito poeta do povoFonseca domingos, erudito poeta do povo
Fonseca domingos, erudito poeta do povo
 
Lembrando o poeta Santos Stockler
Lembrando o poeta Santos StocklerLembrando o poeta Santos Stockler
Lembrando o poeta Santos Stockler
 
Cultura dia 22 de maio
Cultura dia 22 de maioCultura dia 22 de maio
Cultura dia 22 de maio
 
Pré-Modernismo (Introdução) e Euclides da Cunha
Pré-Modernismo (Introdução) e Euclides da CunhaPré-Modernismo (Introdução) e Euclides da Cunha
Pré-Modernismo (Introdução) e Euclides da Cunha
 
Scena Crítica, n. 02, ano 1.pdf
Scena Crítica, n. 02, ano 1.pdfScena Crítica, n. 02, ano 1.pdf
Scena Crítica, n. 02, ano 1.pdf
 
Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga e o «Movimento das Espadas»
 
Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»
Manuel de Arriaga, a República e o «Movimento das Espadas»
 
Pre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptxPre-modernismo.pptx
Pre-modernismo.pptx
 
No país da pi ada pronta josé simão
No país da pi ada pronta   josé simãoNo país da pi ada pronta   josé simão
No país da pi ada pronta josé simão
 
N 4 julho 2014 definitivo
N 4 julho 2014 definitivoN 4 julho 2014 definitivo
N 4 julho 2014 definitivo
 
Oficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês GomesOficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês Gomes
 
Oficina cronica olp
Oficina  cronica   olpOficina  cronica   olp
Oficina cronica olp
 
Jb news informativo nr. 1.005
Jb news   informativo nr. 1.005Jb news   informativo nr. 1.005
Jb news informativo nr. 1.005
 
O AnôNimo No Jornalismo LiteráRio
O AnôNimo No Jornalismo LiteráRioO AnôNimo No Jornalismo LiteráRio
O AnôNimo No Jornalismo LiteráRio
 
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoUFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
 
Faro e o movimento do Orfeu
Faro e o movimento do OrfeuFaro e o movimento do Orfeu
Faro e o movimento do Orfeu
 
Anote o título do livro que você está analisando.pdf
Anote o título do livro que você está analisando.pdfAnote o título do livro que você está analisando.pdf
Anote o título do livro que você está analisando.pdf
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 

Mais de José Mesquita

O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfO ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfJosé Mesquita
 
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...José Mesquita
 
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaO Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaJosé Mesquita
 
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828José Mesquita
 
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisLoulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisJosé Mesquita
 
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...José Mesquita
 
A Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaA Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaJosé Mesquita
 
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXPara a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXJosé Mesquita
 
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroCenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroJosé Mesquita
 
Sagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universalSagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universalJosé Mesquita
 
Encanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de TaviraEncanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de TaviraJosé Mesquita
 
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXBreve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXJosé Mesquita
 
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaSalazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaJosé Mesquita
 
História das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraHistória das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraJosé Mesquita
 
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveO Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveJosé Mesquita
 
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurDa extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurJosé Mesquita
 
Quem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio PellicoQuem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio PellicoJosé Mesquita
 
O órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroO órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroJosé Mesquita
 
Tradições do Natal Português
Tradições do Natal PortuguêsTradições do Natal Português
Tradições do Natal PortuguêsJosé Mesquita
 
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formigaA Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formigaJosé Mesquita
 

Mais de José Mesquita (20)

O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfO ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
 
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
 
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaO Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
 
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
 
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisLoulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
 
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
 
A Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaA Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com história
 
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXPara a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
 
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroCenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
 
Sagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universalSagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universal
 
Encanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de TaviraEncanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de Tavira
 
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXBreve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
 
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaSalazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
 
História das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraHistória das Pescas em Tavira
História das Pescas em Tavira
 
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveO Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
 
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurDa extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
 
Quem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio PellicoQuem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio Pellico
 
O órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroO órgão da sé de faro
O órgão da sé de faro
 
Tradições do Natal Português
Tradições do Natal PortuguêsTradições do Natal Português
Tradições do Natal Português
 
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formigaA Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
A Juventude e a Educação - da política da cigarra ao sacrifício da formiga
 

Último

Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasCasa Ciências
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaJúlio Sandes
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 

Último (20)

Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 

António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado

  • 1. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado José Carlos Vilhena Mesquita Há notícias que nos ferem a alma, pela brutalidade com que negativamente nos surpreendem. A morte inesperada de um amigo, que nos chega de forma fortuita e repentina, deixa-nos a angústia da imprevisibilidade e da impermanência da vida. A morte do meu amigo António Rosa Mendes apanhou-me sinceramente desprevenido. Ignorava que estivesse doente e muito menos que se encontrasse internado há mais de um mês no Hospital de Faro. A vida tem disto, apesar de amigos e colegas, nada sabia sobre o seu estado de saúde. Tenho ultimamente uma vida muito recatada, longe do convívio público, estritamente restringida às atividades profissionais. Por isso fiquei atónito com a notícia da morte do António, que ainda há pouco tempo me havia informado sobre o tema que escolhera para defender nas suas Provas de Agregação, cuja data de apresentação se previa para esta primavera. As grandes amizades, verdadeiras e saudáveis, desinteressadas de mesquinhos egoísmos e desprovidas de vaidades, nascem nos verdes anos e prolongam-se pela vida fora. A escola é o seu cadinho natural. Conhecemo-nos durante o chamado PREC, quando frequentávamos os bancos da universidade. Vínhamos ambos com o mesmo percurso, desiludidos com o Direito, ambicionando António Rosa Mendes, em público maior justiça social para um povo submisso e afável, que durante meio século de ditadura se havia distanciado das referências democráticas do mundo livre. Eramos jovens e ávidos de compreender o nosso tempo. Por isso escolhemos ambos o curso de História. Naquela altura o António já se distinguia da generalidade dos colegas pela sua cultura literária e pela experiência das suas viagens, realizadas na sua Renault 4L, de cor azul, que o levara pelos caminhos da Europa a desbravar novas rotas e desafios. Adquiriu por isso um conhecimento mais concreto da realidade socioeconómica do nosso país, além de apurar o sentido humanista que inspirava a sua personalidade, a sua formação ética e cultural. Não admira, por isso, que já então evidenciasse fortes propensões para a política ativa, sustentando ideias da esquerda libertária. Nisso éramos diametralmente opostos. Eu nunca tive ambições políticas e sempre defendi posições mais tolerantes, sem sujeições ideológicas nem religiosas. Embora já não me lembre bem, creio que o António militava no MRPP ou num daqueles partidos revolucionários de fraca expressão eleitoral. Nesse tempo havia vários grupos maoístas e radicais de esquerda, que se juntavam nas lutas estudantis, com alguma relutância. Lembro-me que o grupo do António tinha um asco visceral ao PCP. E com ele estavam vários jovens que são hoje notáveis políticos do PSD, como é o
  • 2. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 caso de Durão Barroso ou de Miguel Relvas. Outros já abandonaram a política e são agora diretores de bancos, de empresas estatais e de multinacionais famosas. Recordo-me, nesse tempo, de ver o António à porta dos mercados, segurando as pontas de uma enorme bandeira vermelha, pintada com a estrela maoista, a foice e o martelo em cintilante dourado, pendida como um lençol nas mãos de quatro rapazes de boina vermelha, em cujo centro se acumulavam umas moedas. Eram os peditórios públicos, nos quais o António, de megafone na boca, discursava às massas, alertando para a urgência da revolução popular. No braço esquerdo pendiam-lhe alguns exemplares do jornal revolucionário «Lutar no mar, lutar em terra», cuja lavra era quase toda da sua eloquente autoria. Muitos anos depois, mais de uma trintena, costumávamos lembrar esses tempos com saudade e boa disposição. Desses tempos de estúrdia p. v revolucionária, havia sempre uma história cómica, um dito jocoso, um episódio hilariante, que ele contava com uma ironia muito peculiar. Apesar da sua aparente frieza, o António era um homem de aprimorado sentido de humor e muito expressivo nas suas qualidades coloquiais. Numa conversa tomava rapidamente as rédeas do pensamento e desarmava qualquer interlocutor com um dito chistoso, uma chalaça ou um sardónico remoque. Não ofendia nem insultava ninguém, mantinha-se nos limites da estribeira, até que largava algum epíteto irónico-pejorativo com que classificava o seu oponente. Com sarcástico arresto desmistificava logo o assunto e arrumava o tema em discussão. Era como se fosse uma sentença, o caso estava encerrado. Na «Rádio Gilão», num debate sobre o 25 de abril, com o Cor. Nuno Pereira da Silva, Com. do Regto de Infantaria N21; André Guerreiro, moderador do programa; Luís Guerreiro e Rosa Mendes Na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa conhecemos grandes professores, dos quais nos tornamos amigos para a vida inteira. Alguns foram comuns a ambos, como Alberto Ferreira, João Medina, António Borges Coelho e José Manuel Tengarrinha. Outros tornaram-se em amizades posteriores, como Joaquim Romero Magalhães e José Matoso. O que mais importa é que lhes devemos muito e nunca lhes poderemos retribuir tudo o que nos legaram, em sabedoria, ilustração e carácter. Na universidade frequentámos quase as mesmas cadeiras, porque sempre tivemos interesses culturais muito parecidos. Mas a determinada altura o António sofreu um grande desgosto, morreu-lhe o pai e isso Rosa Mendes conferencista provocou-lhe uma forte depressão nervosa. Lembro-me que sofreu imenso para superar a amargura da perda. Voltaria só no ano seguinte, recomposto e conformado, disposto a retomar a vida. Tinha bom aspeto, adquiriu peso, vestia-se melhor, e até as 2
  • 3. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 olheiras, tão peculiares na genética sulina, pareciam ter desaparecido. O António estava remoçado, como sói dizer-se nas bandas do Guadiana. Mas manda a verdade salientar que o António sempre foi senhor de uma bela planta física, magro, alto, olhos agarenos e sorriso discreto, uma figura que pontuava onde quer que estivesse. Tinha um esgar trocista, comedido e controlado. Raramente o "ouvi" a rir. Era preciso contar-lhe uma boa anedota, de picaresco sentido político, ou de contraditória eloquência cultural, para o fazer gargalhar. Lembro-me de o ter feito rir às bandeiras despregadas quando lhe contei a história do Unamuno e quem escreveu o D. Quixote. Como ele não era capaz de a reproduzir ao detalhe, às vezes em reunião de amigos pedia-me que a contasse novamente. Em boa verdade, o António só tinha um defeito: o maldito o peculiar sorriso sarcástico tabaco. Fumava imenso. Quando éramos estudantes comprava o «Português Suave» (que nessa altura não tinha filtro), e às vezes usava o tabaco de onça, mas depois tornou-se adepto dos «Negritos», que eram cigarros de papel escuro. Naquela altura, fumávamos o que fosse mais barato. Recordo-me de ambos fumarmos o «SG ventil», que já no tempo das vacas gordas" trocamos pelo «Marlboro», ainda sem caixa. Quando fui para a Torre do Tombo deixei de fumar. E só anos depois é que reparei que ele estava "agarrado" às cigarrilhas, dependência que nunca mais largou... até ao fim. Quando acabamos os nossos cursos, em 1981, já éramos professores do ensino secundário. Em 1983 fui para a Universidade do Algarve a convite pessoal do Prof. Manuel Gomes Guerreiro, e só nos reencontrávamos nos eventos culturais ou acidentalmente em Lisboa. Mas íamos sabendo dos sucessos de cada um através dos jornais. O António além de um exímio orador era colaborador assíduo da imprensa regional, um colunista de opinião esclarecida que depressa se tornaria numa voz de referência pela forma como pugnava pelos interesses do Algarve. Os seus artigos semanais no «Jornal do Algarve» (que mais tarde haveria de compilar em livro) depressa consagrariam o nome de Rosa Mendes como o de uma personalidade íntegra, eticamente à prova de bala, que desdenhava dos poderes instalados e ridicularizava a pomposidade balofa dos nossos políticos. A sua verve queirosiana era demolidora, temperada nos acintes e nas jocosas contumácias com que ridicularizava os alvos da sua obstinada crítica. Nunca estivemos zangados, nem de "candeias às avessas". Vivíamos separados a curta distância, eu em O poeta Fernando Cabrita e Rosa Mendes, dois grandes e inseparáveis amigos Faro e ele em Vila Real de Santo António, mas estávamos muito atentos ao que ambos fazíamos em prol da cultura algarvia. Eu escrevia no «Diário de Notícias» uns artigos inflamados de 3
  • 4. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 profundo algarviísmo e de acrisolado regionalismo, a que ele me dava sempre um entusiástico apoio. É curioso que o António embora fosse um fervoroso regionalista e um algarvio de antes quebrar que torcer, nunca foi um defensor da Regionalização. Lembro-me que 1998, quando se projetou referendar a Regionalização do país, decidi promover através da AJEA (Associação dos Jornalistas e Escritores do Algarve) um colóquio sobre a necessidade e urgência da sua aprovação em benefício do Algarve. Para o efeito convidei os Profs. Manuel Gomes Guerreiro e José Horta Correia, tendo como único orador oponente o António Rosa Mendes, que talvez por ser militante e autarca do PSD sustentou tenazmente uma posição contrária, sob o pretexto de poderem criar-se no país réplicas de João Jardim, que epitetou como "Rei da Madeira". A regionalização, em seu entender, poderia tornar-se numa safra de reizinhos e valetes no viciado baralho da nossa política de compadrio. Infelizmente a Regionalização não passou por não convir aos partidos do eixo do poder. E o certo é que a Madeira teve um crescimento exponencial, e o Algarve é o que se vê. Mas já que falei da passagem do António pelo PSD, convirá dizer que sempre me pareceu uma decisão contranatura, pois que um homem honesto e honrado como ele não deve submeter a sua integridade moral aos interesses dos partidos. Fui talvez dos poucos amigos que se manifestou em desacordo e com profundo desencanto pela sua decisão. Mas ele replicou-me, com a sabedoria que lhe era peculiar, que só com a ajuda dos partidos é que os homens competentes e honestos poderão tornar-se notados e sair da obscuridade a que a sua honradez os condena. Dei-lhe razão, mas nunca lhe segui o exemplo. Da sua passagem pelo PSD e da sua militância política resultou a sua eleição para a presidência da Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António entre 1985 e 1989 tendo desempenhado também as funções de presidente da Assembleia dos Municípios do Algarve, cargo que se extinguiria pouco depois. Seguiu-se em 1989 a sua eleição para a vereação de VRSA, em que se manteve até 1993. Depois disso dedicou-se ao estudo e interrompeu a carreira política. Aproveitou o tempo livre para concluir em 1991, na Universidade Nova de Lisboa, o mestrado em História Cultural e Política. Apresentou uma dissertação intitulada Ribeiro Sanches e o Marquês de Pombal - intelectuais e poder no absolutismo esclarecido, que teve o aplauso do júri, pela erudição e eloquência como apresentou e Apresentando um livro do poeta Fernando Cabrita sustentou os seus pontos de vista. Nos domínios da História da Cultura Portuguesa o António foi sempre uma autoridade e uma referência incontornável, cujos primeiros passos foram dados precisamente com a sua dissertação de mestrado. Daí por diante seriam vários os trabalhos publicados em livro e em revistas da especialidade sobre
  • 5. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 grandes figuras da cultura nacional, nomeadamente sobre o Padre António Vieira, em que foi uma autoridade de reputação nacional. E em 14-01-1995 concluiu o seu curso de Direito, interrompido muitos anos antes, na Universidade de Lisboa, e inscreveu-se na Ordem dos Advogados, em 20-03-1997, pela Comarca de Olhão, com a cédula profissional 33F. Ainda fez algumas incursões no foro com relativo sucesso. Mas a sua paixão era a docência e a investigação histórica, retomando por isso os caminhos da carreira académica, dedicando-se à preparação das suas exigências profissionais. À barra dos tribunais só voltaria esporadicamente. Quando estava a culminar o meu doutoramento soube que o António ingressara nos quadros docentes da Universidade do Algarve. Foi uma enorme alegria e um reforço de peso para a abertura de uma linha de investigação ligada à História Regional, o que até aí nunca fora possível devido à ultrapassada convicção do universalismo da ciência. Pode dizer-se que foi o António quem abriu as portas da Universidade ao estudo da história regional. A partir de então começamos a ter uma convivência mais assídua, embora nem sempre com a regularidade que ambos desejávamos. As justificações são fáceis de obter: eu sempre pertenci aos quadros da Faculdade de Economia, desde a fundação da universidade, enquanto o António pertencia ao departamento de História incluído na Faculdade de Ciências Humana e Sociais. Estávamos em Faculdades diferentes, com horários desencontrados e objetivos científicos também muito distintos. Por outro ■■ > y Primeiro júri de mestrado em História do Algarve (FCHS, 03.11.2011) com Luís Oliveira, Aurísia Anica, Rosa Mendes, a candidata Maria José Antunes Pedro, e António Covas lado, o António continuava a viver em VRSA. Apesar disso encontrávamos na Biblioteca da Universidade e às vezes no gabinete do Prof. Horta Correia para falarmos dos assuntos mais prementes da nossa vida académica. Em 2004 o Prof. Joaquim Romero Magalhães convidou-me para fazer parte do júri de doutoramento do António o que aceitei de bom grado e com muita honra. O tema da sua dissertação de doutoramento intitulava-se Damião António de Lemos Faria e Castro (1715-1789). Cultura e Política no Algarve Setecentista. Consistia no estudo da vida e obra daquele notável historiador algarvio, enquadrando toda a sua produção na época e na mentalidade envolvente. Não esqueçamos que Damião de Faria e Castro foi vítima das perseguições da Santa Inquisição que colocou no Index grande parte da sua obra historiográfica, proibindo a edição de alguns trabalhos de elevada importância para a cultura nacional. Só por curiosidade direi que os últimos livros da sua História de Portugal, projetada em vinte volumes, foram proibidos e permanecem ainda hoje inéditos. Outras das suas obras, inéditas e manuscritas, estão na Torre do Tombo e nos arquivos espanhóis, nomeadamente no de Sevilha. A defesa das provas públicas de doutoramento foi brilhante, dignas da eloquência e do prestígio académico que o António soube conquistar ao longo da vida, dentro e fora da universidade. Na altura, achei que a dissertação era demasiado literária e com 5
  • 6. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 poucos recursos arquivísticos, mas esse era um reparo muito pessoal e que tem a ver com a minha forma de encarar a investigação histórica. Compreendo perfeitamente que nos tempos que correm a História é cada vez menos ciência e cada vez mais arte, literatura e espetáculo. A partir daí teve uma ascensão rápida e merecida, fruto do seu labor científico e da sua dedicação ao estudo da História do Algarve. Ao longo dos anos em que exerceu funções docentes, soube assegurar com proficiente abnegação a regência das cadeiras de História da Cultura, História do Algarve e Direito do Património Cultural. Para além da docência foi nomeado para as funções de Diretor da Biblioteca da Universidade do Algarve e ultimamente coordenava o Centro de Estudos de Património e História do Algarve (CEPHA). Nesse âmbito promoveu a realização do curso de mestrado em História do Algarve, que se mantém em atividade com grande sucesso. Importa realçar que o apogeu da vida política e da projeção pública de António Rosa Mendes ocorreu precisamente em 2005, quando foi nomeado presidente de "Faro, Desejando promover e divulgar os novos i I S r a t f autores algarvios, mas também para abrir um novo espaço editorial aos consagrados 'y literatos regionais, o António fundou e dirigiu E' a ec*'tora «Gente Singular», uma forma de homenagear também o maior escritor algarvio de todos os tempos, Manuel Teixeira Gomes, de cuja obra era aliás um indefetível Em 2011, o António deixou-se cair, mais Numa festa de alunos, Rosa Mendes faz uma alocução um a v e z ^ nas ma|has da política para ser O na sua acostumada ironia e boa disposição , ^ , . .. . .. . . mandatario distrital da candidatura do PSD às eleições legislativas. O partido ganhou as eleições, mas não soube recompensar aquele que mais uma vez deu a cara para oferecer credibilidade aos que a não tinham e muito menos a mereciam. Para concluir, resta dizer que António Manuel Nunes Rosa Mendes, de seu nome completo, nasceu em Vila Nova de Caceia, concelho de Vila Real de Santo António, no Algarve, a 21 de Maio de 1954 e faleceu ao final da tarde do dia 4 de Junho de 2013, no Hospital de Faro, onde esteve internado cerca de mês e meio, lutando Na deposição da urna todos os presentes despediram-se do António Rosa contra uma pneumonia Mendes com uma derradeira salva de palmas dupla que, por fim, o vitimou. A Universidade do Algarve, reconhecendo a trágica perda de um dos seus docentes mais ilustres, decretou três dias de luto oficial a partir da data de 6
  • 7. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 falecimento. O funeral realizou-se no dia 6 de Junho, no cemitério de Vila Nova de Caceia, tendo sido acompanhado por centenas de pessoas. Desde o enterro de Mestre Manuel Cabanas que não se via naquela aldeia tamanho préstito fúnebre. Nele estiveram presentes várias figuras públicas da política, autoridades locais e regionais, gente ilustre das artes e das letras, professores de todos os ramos de ensino, antigos alunos, amigos íntimos, familiares e muito povo anónimo da sua aldeia natal que assim prestou derradeira homenagem a uma das mais insignes figuras da atual aldeia, e histórica sede de concelho, de Vila Nova de Caceia. Calou-se para sempre a voz da eloquência algarvia, o verbo da mediação cívica e da desinteressada ação política, que tudo fez para engrandecer a sua pátria natal. Foi um cidadão exemplar, humilde e desprovido de vaidades, que soube granjear o respeito dos seus conterrâneos e admiração pelos seus colegas e alunos. Acima de tudo foi um homem íntegro, desprendido de interesses, com um forte caráter e de princípios éticos que serviram de exemplo a todos os que o conheceram ou com ele conviveram. Como humanista e homem de cultura, deixou uma vincada imagem de erudição, atestada na vasta obra legada em livro, mas também nas conferências que pronunciou e nos congressos e colóquios, nacionais e internacionais, em que participou. Deixou-nos na memória a recordação do académico Rosa Mendes com o presidente da CM de Alcoutim, num dos últimos atos públicos em que participou competente e do historiador proficiente, do jurista impoluto e do editor mecenas. Mas também guardamos dele o acrisolado amor regionalista e a convicção algarviísta que a todos compete imitar. Publicou vasta obra de investigação historiográfica e de divulgação cultural do Algarve, cujo elenco passo a enunciar: A Fundação de Vila Real de St. António vista por um estrangeiro, 1984. Ribeiro Sanches e o Marquês de Pombal - intelectuais e poder no absolutismo esclarecido, 1998. «A vida cultural» in História de Portugal, dir. de José Mattoso, vol. III, 1993, p. 375-383. 1755 Terramoto no Algarve, 2005; Espírito e poder - Tavira nos tempos da modernidade, 2006; CITAR ARTIGO Escritor algarvio do século XVIII em Ayamonte: Damião António de Lemos Faria e Castro, Separata das XI Jornadas de História de Ayamonte, 2007, p. 79-86. Manuscrito de João da Rosa -1808-2008, 2008. 01 hão fez-se a si próprio, 2009; «Brito Camacho e o Algarve», in Viajantes, Escritores e Poetas: Retratos do Algarve, 2009. Vila Real de Santo António e o Urbanismo lluminista, coord. Catálogo da exposição, 2010.
  • 8. António Rosa Mendes o historiador do Algarve ignorado 7-VI-2013 Algarve 100 anos de República, 100 personalidades 1910-2010 (em parceria com Neto Gomes), 2010. Alcoutim - Terra de Fronteira, 2010. Faro - roteiros republicanos, 2010. Castro Marim, baluarte defensivo do Algarve, 2010. Olhão nos primeiros dias da República, 2010. A Peregrinação e a peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 2011. «Um bispo reformador, D. Inácio de Santa Teresa, 1741-1751», in Anais do Município de Faro, 2012, p. 27-37. O Que é Património Cultural, 2012. Manuel Veneno, in Al gharb. n9 00, p. 11-13. Termino com o poema que o António Rosa Mendes mais gostava de mencionar nos seus discursos de apaixonada divulgação regionalista. Pertence a sua autoria ao juiz e grande poeta algarvio António Maria Pereira, que em vida publicou um único livro de versos, intitulado Mar, no qual se inclui, logo a abrir, este brilhante poema: «A minha rua tem o mar ao fundo» Sou algarvio E a minha rua tem o mar ao fundo Sempre que passa aqui algum navio Passam, aqui, navios de todo o mundo Oiço a voz que me namora Da outra banda do mar... Que me namora e me chama Da outra banda do mundo E se eu abalasse mãe? E se eu abalasse e nunca mais voltasse? Choravas, sim, eu sei bem Posso não ser filho às vezes Mas tu és mãe, sempre, mãe! Se não fosse a minha mãe, Se não fossem os meus, Adeus aldeia, adeus praia, Adeus gaivotas, adeus. E eu vou ficando, não chores Aqui, nesta aldeia do Algarve onde nasci, Nesta rua que tem o mar ao fundo, Onde nasceram meus pais, E nasceram e morreram antepassados que não conheci; Aqui há um poder maior Que pode mais que aquela voz que me chama da outra banda do mar, Que me namora uma chama da outra banda do mundo. (António Maria Pereira) 8