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Máquinas Térmicas
Apostila de Motores de
Combustão Interna
APOSTILA DE MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA
INTRODUÇÃO
Os motores de combustão podem ser classificados como de:
• COMBUSTÃO EXTERNA: no qual o fluido de trabalho está completamente separado da mistura
ar/combustível, sendo o calor dos produtos da combustão transferido através das paredes de um
reservatório ou caldeira, ou de
• COMBUSTÃO INTERNA, no qual o fluido de trabalho consiste nos produtos da combustão da mistura
de ar/combustível.
Uma vantagem fundamental do motor alternativo de combustão interna, sobre as instalações de potência
de outros tipos, consiste na ausência de trocadores de calor no circuito do fluido de trabalho, tal como a
caldeira e condensador de uma instalação a vapor. A ausência dessas peças não apenas conduz à
simplificação mecânica mas, também, elimina a perda inerente ao processo de transmissão de calor
através de um trocador de área finita.
O motor alternativo de combustão interna possui outra vantagem fundamental importante sobre a
instalação a vapor ou turbina a gás, a saber: todas as peças podem trabalhar a temperaturas bem abaixo
da máxima temperatura cíclica. Este detalhe possibilita o uso de temperaturas cíclicas bastante altas e
torna possível alta eficiência.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA
Vantagens Desvantagens
• arranque rápido
• trabalho em rotações relativamente baixas
• pequeno tamanho
• fácil manutenção
• limitação de potência
• não utilização de combustíveis sólidos
• peso elevado para potência
• elevado número de peças
• baixa eficiência
VANTAGENS PARA O MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA ALTERNATIVO SOBRE INSTALAÇÕES
DE TURBINAS DE VAPOR:
1. Maior eficiência máxima;
2. Menor razão de peso e volume da instalação para a potência máxima (exceto, possivelmente, no
caso de unidades maiores do que 7353 kW ou 10.000 CV);
3. Maior simplicidade mecânica;
4. O sistema de refrigeração de um motor de combustão interna transfere uma quantidade de calor
muito menor do que o condensador de uma instalação a vapor de igual potência e, normalmente,é
operada com temperaturas mais elevadas na superfície. O menor tamanho do trocador de calor é
uma vantagem nos veículos de transporte e em outras aplicações, nas quais o resfriamento deve
ser feito por meio de ar atmosférico.
2
VANTAGENS PRÁTICAS DA INSTALAÇÃO A VAPOR SOBRE O MOTOR ALTERNATIVO DE
COMBUSTÃO INTERNA
1. A instalação a vapor pode usar maior variedade de combustíveis, incluindo os sólidos;
2. Menos suscetíveis a vibrar;
3. A turbina a vapor é prática nas unidades de grande potência (de 147000 kW ou mais) em um
único eixo.
CLASSIFICAÇÃO DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA (MCI)
Os MCI podem ser classificados em:
a) Quanto a propriedade do gás na admissão:
• ar (Diesel)
• mistura ar-combustível (Otto)
b) Quanto à ignição
• por centelha (ICE) [spark ignition (SI)]
• por compressão (ICO) [compression ignition (CI)]
c) Quanto ao movimento do pistão
• Alternativo (Otto, Diesel)
• Rotativo (Wankel, Quasiturbine)
d) Quanto ao ciclo de trabalho
• 2 tempos
• 4 tempos
e) Quanto ao número de cilindros
• monocilíndricos
• policilíndricos
f) Quanto à disposição dos cilindros
• em linha à opostos (boxer)
• em V à em estrela (radial)
g) Quanto à utilização
• ESTACIONÁRIOS - Destinados ao acionamento de máquinas estacionárias, tais como
• Geradores, máquinas de solda, bombas ou outras máquinas que operam em rotação
constante;
• INDUSTRIAIS - Destinados ao acionamento de máquinas de construção civil, tais como
tratores,carregadeiras, guindastes, compressores de ar, máquinas de mineração, veículos de
operação fora-de-estrada, acionamento de sistemas hidrostáticos e outras aplicações onde se
exijam características especiais específicas do acionador;
• VEICULARES - Destinados ao acionamento de veículos de transporte em geral, tais como
caminhões e ônibus;
• MARÍTIMOS - Destinados à propulsão de barcos e máquinas de uso naval. Conforme o tipo de
serviço e o regime de trabalho da embarcação, existe uma vasta gama de modelos com
características apropriadas, conforme o uso. (Laser, trabalho comercial leve, pesado, médio-
contínuo e contínuo)
3
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES:
Também pode-se classificar os motores de combustão interna segundo os vários sistemas que os
compõem, por exemplo:
· ADMISSÃO DE COMBUSTÍVEL
.. Motores com carburação (Otto)
.. Motores com injeção (Diesel, Otto)
· REFRIGERAÇÃO
.. Ar (natural ou forçada)
.. Água (termo-sifão, forçada)
· IGNIÇÃO
.. Magneto
.. Bateria
· DISPOSIÇÃO DAS VÁLVULAS
.. em I, L, T, F
· DISPOSIÇÃO DO COMANDO DE VÁLVULAS
.. no bloco
.. no cabeçote (OHC, DOHC)
4
COMPARAÇÃO ENTRE MOTOR OTTO E MOTOR DIESEL
MOTOR OTTO MOTOR DIESEL
ADMISSÃO DE COMBUSTÍVEL CARBURAÇÃO
INJEÇÃO
INJEÇÃO
ALTERAÇÃO DA ROTAÇÃO MISTURA A/C COMBUSTÍVEL
IGNIÇÃO FONTE EXTERNA AUTO IGNIÇÃO
TAXA DE COMPRESSÃO 6 a 9 gasolina
9 a 14 álcool
14 a 22
DESPERDÍCIO DE
COMBUSTÍVEL
HÁ DESPERDÍCIO
(lavagem de anéis)
NÃO HÁ
TIPO DE COMBUSTÍVEL LEVES PESADOS
MOTORES ROTATIVO DE DESLOCAMENTO - MOTOR WANKEL
São motores nos quais um membro rotativo é disposto de forma a variar o volume de
trabalho de maneira análoga ao de um compressor do tipo palheta, ou por meio de alguma espécie
de movimento excêntrico de um rotor em um espaço cilíndrico (usualmente não circular).
O problema mais difícil em tais motores é a selagem da câmara de combustão contra
vazamento sem excessivo atrito e desgaste. Esse problema é bem mais difícil do que o de anéis de
segmento convencionais, devido às seguintes razões:
1. “contato de linha” em lugar de contato de superfície;
2. as superfícies a selar são descontínuas, com arestas vivas;
3. a velocidade do selo é elevada durante parte do ciclo de alta pressão, em contraste
com anéis de segmento, cuja velocidade é próxima de zero na máxima pressão do cilindro.
O motor WANKEL é um motor deste tipo. Ele ainda se encontra sob intenso
desenvolvimento. Embora se diga que o problema de selagem esteja resolvido, não parece razoável
aceitar que a solução seja tão satisfatória quanto a do moderno anel de segmento.
Em geral, o objetivo dos projetos de motores rotativos de deslocamento foi de evitar
vibração, redução de tamanho, peso e redução de custo em comparação com os tipos convencionais.
A única vantagem básica desse tipo de motor está no fato de ser alta a relação volume
de deslocamento para volume total do motor, obtendo-se assim, maiores potências.
5
TURBINAS A GÁS
O conceito de turbina a gás é antigo, mas ele não se concretizou como fonte prática de
potência até após a II. Guerra Mundial. Seu desenvolvimento comercial foi estimulado pela
introdução bem sucedida dos motores turbojatos em aviões ingleses e alemães, próximo ao final da
guerra.
Na maior parte das realizações atuais, o conjunto é formado por várias câmaras de
combustão (de 2 a 6), possuindo cada uma delas de seu injetor. Esta disposição assegura uma
melhor utilização do combustível e permite maior flexibilidade de funcionamento.
6
CICLOS DE POTÊNCIA
Ciclo de Carnot
Para entender melhor, colocaremos aqui, de forma resumida o ciclo desenvolvido por um motor
térmico, teórico, chamado Ciclo de Carnot. Sadi Carnot (1796-1832) publicou em 1823 uma brochura
intitulada “Reflexões sobre a potência motriz do fogo”. Enunciava aí um ciclo ideal que, partindo da
transformação de gases perfeitos, deveria ter um rendimento de aproximadamente 72%, o qual, aliás, nunca
atingido por um motor térmico real. Conhecido com o nome de “Ciclo de Carnot”, este ciclo teórico se
compõe das seguintes fases:
12 = compressão isotérmica
23 = compressão adiabática
34 = expansão isotérmica
41 = expansão adiabática (Figura 30)
O ciclo de Carnot não pode ser objeto de nenhuma realização na prática. Pode ser descrito
teoricamente da seguinte maneira:
Primeira fase: compressão isotérmica
uma massa gasosa é introduzida no cilindro e depois comprimida pelo pistão “temperatura
constante”, sendo o cilindro esfriado durante esta fase.
Segunda fase: compressão adiabática
Sendo interrompido o resfriamento do cilindro, continua-se a compressão rapidamente de modo que
nenhuma troca de calor tenha lugar entre o gás e o cilindro.
Terceira fase: expansão isotérmica
Ao passo que, durante a compressão isotérmica o cilindro deve ser resfriado, durante a expansão
isotérmica, este mesmo cilindro exige aquecimento para tornar a temperatura constante.
Quarta fase: expansão adiabática
Continuando o repouso, faz-se cessar o reaquecimento do cilindro para que essa fase se efetue sem
troca de calor com o cilindro e que a massa gasosa retome o volume e a pressão que possuía no
início da primeira fase
Figura 30 - Diagrama do Ciclo de Carnot
O rendimento de um ciclo de Carnot depende somente das temperaturas nas quais o calor é fornecido
ou rejeitado, dado pela relação:
7
ηt
L
H
T
T
T
T
T
T
= − = − = −1 1 14
1
3
2
O rendimento também pode ser expresso pela relação de pressão ou taxa de compressão, durante os
processos isoentrópicos:
taxa de pressão isoentrópica
( )
r
P
P
P
P
T
Tps
k
k
= = =






−
1
4
2
3
3
2
1
taxa de compressão isoentrópica
( )
r
V
V
V
V
T
T
vs
k
= = =






−
4
1
3
2
3
2
1
1
Portanto: ( )ηt ps
k k
vs
k
r r= − = −
− −
1 1
1 1
Ciclos de Otto e Diesel
Nos dois processos que ocorrem nos Motores de Combustão Interna Alternativos de dois e quatro
tempos, podemos ainda incluir uma subdivisão:
1) MCI trabalhando a quatro tempos:
a) Ciclo Otto;
b) Ciclo Diesel.
2) MCI trabalhando a dois tempos:
a) Ciclo Otto;
b) Ciclo Diesel.
Ciclo Otto
(Volume Constante)
Em 1862, Beau de Rochas enunciou o ciclo de “quatro tempos” que, primeiramente, o alemão Otto
aplicara a um motor térmico, de onde surgiu em algumas obras a designação de “Ciclo Otto”. Teoricamente,
o ciclo enuncia-se da seguinte maneira: o enchimento do cilindro efetua-se com a pressão atmosférica, pois
que:
AB = Compressão adiabática;
BC = Elevação brutal da pressão em volume constante;
CD = Expansão adiabática;
DA = Baixa brutal de pressão em volume constante.
O esvaziamento do cilindro se efetua em pressão atmosférica.
Primeira fase: compressão adiabática
Efetuada de maneira adiabática, a compressão leva os gases a uma certa temperatura, contudo
insuficiente para provocar a inflamação.
Segunda fase: transformação isovolumétrica
8
Introduz-se uma fonte quente destinada a elevar instantaneamente a pressão dos gases (faísca
elétrica) sem que o pistão tenha tempo de deslocar-se durante essa transformação de volume
constante.
Terceira fase: expansão adiabática
Terminada a inflamação, a massa gasosa distende-se de maneira adiabática e o fim dessa distensão
corresponde a uma baixa sensível de pressão.
Quarta fase: expansão isocórica
A abertura do escapamento provoca uma baixa brutal de pressão que leva o interior do cilindro à
pressão atmosférica enquanto o pistão bascular em ponto morto (volume constante).
Na Figura 31, observa-se os diagramas teórico e real do ciclo em questão. Observe-se que o ciclo
real é sensivelmente diferente.
Figura 31 - Diagramas do ciclo de Beau de Rochas.
A) diagrama teórico B) diagrama real.
O ciclo se aproxima do motor de combustão interna de ignição por centelha. Determina-se o
rendimento térmico desse ciclo como se segue, admitindo-se constante o calor específico do ar:
( )ηt
H L
H
A
B
v
k
v
k
Q Q
Q
T
T
r
r
=
−
= − = − = −
−
−
1 1 1
11
1
Ciclo Quatro Tempos, Ciclo Otto
O ciclo segue os tempos indicados anteriormente sendo que, no 1º tempo, admite-se uma mistura ar-
combustível. A combustão é iniciada por uma centelha (spark), gerada no interior do cilindro por uma vela
(spark plug). A mistura ar-combustível, que é feita pelo carburador ou pela injeção eletrônica, é preparara
aproximadamente nas seguintes proporções:
14,8:1 - 14,8 partes de ar para 1 parte de gasolina
9,0:1 - 9,0 partes de ar para 1 parte de álcool
A mistura entra no cilindro à pressão atmosférica e é comprimida pelo cilindro. Nos motores a
gasolina, a taxa de compressão é, aproximadamente, de 9:1 e, nos a álcool, 12:1.
Ciclo Dois Tempos, Ciclo Otto
São utilizados principalmente em veículos motores de duas rodas, motocicletas. São motores mais
simples e leves, possuem cerca de 70 a 90% de potência a mais do que um motor de quatro tempos de mesma
cilindrada. Em contrapartida são mais poluentes (devido à queima de óleo lubrificante que é misturado ao
combustível no carter durante a pré-compressão).
9
Ciclo de Diesel
(Volume Constante)
Quando Diesel se interessou pelo motor térmico, procurou realizar industrialmente um motor
concebido segundo o ciclo de Sadi Carnot. Sabe-se que a realização deste primeiro motor manifestou-se
impossível. Diesel abandonou este ciclo, devido aos perigos que o mesmo apresentava pela compressão
elevada demais (250kg); substituiu-o por um ciclo mais simples, conhecido como o nome de “ciclo Diesel”,
cujo detalhe dá-se em seguida.
Figura 32 - Diagramas do ciclo de Rudolf Diesel.
A) diagrama teórico B) diagrama real.
O enchimento e o esvaziamento do cilindro efetua-se com a pressão atmosférica, pois que:
AB = compressão adiabática do ar puro aspirado antes;
BC = combustão em pressão constante;
CD = expansão adiabática;
DA = baixa brutal da pressão.
Primeira fase: compressão adiabática
O ar puro aspirado anteriormente é comprimido e atinge uma temperatura suficiente para provocar a
inflamação do combustível injetado.
Segunda fase: compressão isobárica
No começo da distensão, a combustão efetua-se em pressão constante, quando o volume aumenta e a
expansão dos gases compensa a queda de pressão devida ao aumento de volume.
Terceira fase: expansão adiabática
A expansão efetua-se sem troca de calor com as paredes do cilindro.
Quarta fase: baixa de pressão
A abertura brutal do escapamento produz uma queda rápida da pressão enquanto o pistão báscula em
ponto morto (volume constante).
O ciclo Diesel aplica-se aos motores lentos estudados para a propulsão dos barcos. Dificilmente
realizável em um motor de regime elevado, carros leves e veículos industriais, os engenheiros que
continuaram o trabalho de Diesel o substituíram por um motor de ciclo misto cujo funcionamento relaciona-se
ao mesmo tempo com o ciclo Diesel e com o de Beau de Rochas (Otto).
O rendimento do ciclo Diesel é dado pela relação:
10
( )
( )
( )
( )
ηt
L
H
v D A
p C B
A D A
B C B
Q
Q
C T T
C T T
T T T
kT T T
= − = −
−
−
= −
−
−
1 1 1
1
1
É importante notar que, no ciclo Diesel, a razão de compressão isoentrópica é maior do que a razão
de expansão isoentrópica.
Ciclo Quatro Tempos, Ciclo Diesel
O engenheiro Rudolf Diesel (1858-1913), em fevereiro de 1892 publicou em Berlim um fascículo
intitulado “Teoria e construção de um motor térmico racional” onde expunha suas idéias para a realização
prática do ciclo de Carnot. Ainda na Alemanha, começa a construção do seu primeiro motor em Ausburgo.
Em 1897, utilizando um já melhorado (monocilíndrico, diâmetro de 250mm, curso de 400mm e consumo de
247g de combustível por cavalo e por hora), desenvolve 20HP a 172rpm e rendimento térmico de 26,2% (os
motores a gasolina rendiam 20% e os a vapor 10%).
O motor desenvolvido, trabalhando a quatro tempos, possui basicamente duas grandes diferenças de um
motor a gasolina:
1. O motor aspira e comprime apenas ar.
2. Um sistema de injeção dosa, distribui e pulveriza o combustível em direção dos cilindros. O combustível
inflama-se ao entrar em contato com o ar, fortemente aquecido pela compressão. Utiliza taxa de compressão
de, aproximadamente 19:1.
Ciclo Dois Tempos, Ciclo Diesel
O motor Diesel a dois tempos não trabalha com uma pré-compressão no carter. Ele tem
carregamento forçado por meio de um compressor volumétrico (rotativo) ou de uma ventoinha. Possui
também um sistema de lubrificação semelhante aos motores de quatro tempos, isto é, leva óleo no carter e
possui bomba de óleo, filtro, etc. Vê-se, na Figura 88, um exemplo de motor Diesel dois tempos.
Estando os orifícios de escapamento e de
admissão fechados pelo pistão, que está
aproximando-se do ponto morto superior,
o combustível é injetado no cilindro e a
combustão começa.
As pressões elevadas, geradas pela
combustão no tempo motor repelem em
sentido oposto o pistão, que age na biela
fazendo o virabrequim girar.
11
No fim do tempo motor, a posição do
pistão permite a abertura do orifício de
escapamento. A saída foi estudada de
modo a garantir a evacuação rápida dos
gases queimados no coletor de
escapamento.
Imediatamente depois, o orifício de
admissão é descoberto e o ar contido na
câmara de ar alimentada pelo compressor
em baixa pressão entra precipitadamente
no cilindro, expelindo os gases queimados
residuais pelos orifícios de escapamento.
Figura 33 - Esquema de funcionamento do Motor Diesel 2 tempos.
Vantagens: O motor de dois tempos, com o mesmo dimensionamento e rpm, dá uma maior potência
que o motor de quatro tempos e o torque é mais uniforme. Faltam os órgãos de distribuição dos cilindros,
substituídos pelos pistões, combinados com as fendas de escape e combustão, assim como as de carga.
Desvantagens: Além das bombas especiais de exaustão e de carga, com menor poder calorífico e
consumo de combustível relativamente elevado; carga calorífica consideravelmente mais elevada que num
motor de quatro tempos, de igual dimensionamento.
SO = fendas de exaustão abertas; SS = fendas
fechadas. De AO a SO expandem-se os gases
de combustão; de AS até SS carga posterior (à
vezes a alta pressão). Pode-se tomar como
valores médios para os pontos de distribuição:
AO ~ 70° antes do PMI; AS � 30° depois do
PMI; SO = 40° antes do PMI; SS ~ 40° depois
do PMI. EB = início da injeção; EE = fim da
injeção.
Figura 34 - Gráfico de pressões em um motor Diesel de dois tempos com válvula
de admissão no cabeçote e fendas de exaustão por fluxo contínuo.
Ciclo Misto
O ciclo misto aplica-se aos motores Diesel modernos. A Figura 90, que segue, mostra os diagramas
teórico e real.
12
onde
AB = compressão adiabática
BC = combustão isovolumétrica (isocórica);
CD = expansão isobárica;
DE = expansão adiabática;
EA = queda rápida na pressão.
A comparação dos diagramas mostra bem que esses dois ciclos se
assemelham no plano prático; é que na realidade o motor a gasolina não é
completamente de pressão variável e de volume constante, mas se aproxima do
ciclo misto porque a “explosão” dos gases é apenas uma combustão rápida, mas
não instantânea
PRINCIPAIS COMPONENTES DOS MCI
Os principais componentes de um MCI são:
• Órgãos (ou peças) fixos:
1. bloco do motor cylinder crankcase
2. cabeçote head
3. cárter crankcase
• Órgãos móveis:
1. pistão (êmbolo) piston
2. biela connecting rod
3. árvore de manivelas (virabrequim) camshaft
4. válvulas de admissão e escape intake and exaust valves
5. árvore de comando de válvulas camshaft
Bloco do Motor
É o motor propriamente dito, onde são usinados os cilindros ou os furos
para a colocação destes; os motores arrefecidos a ar levam cilindros aletados,
possuindo, geralmente, bloco baixo permitindo que os cilindros fiquem expostos à
circulação do ar de arrefecimento. Na parte inferior do bloco estão os alojamentos
dos mancais centrais, onde se apóia o eixo de manivelas (virabrequim). Nos
motores horizontais (e.g., do fusca), de cilindros opostos, o eixo de manivelas
acha-se no centro do bloco, este, por sua vez, é composto de duas partes
justapostas, afixadas por parafusos. Figura 36.
Cabeçote
É uma espécie de tampa do motor contra a qual o pistão comprime a mistura, no caso do ciclo Otto,
ou o ar, no caso do Diesel. Geralmente possui furos com roscas onde são instaladas as velas de ignição ou os
bicos injetores e onde estão instaladas as válvulas de admissão e escape com os respectivos dutos. Figura 37.
Carter
Parte inferior do bloco, cobrindo os componentes inferiores do motor, e onde está depositado o óleo
lubrificante.
Figura 36 - Bloco do Motor
Pistão
É a parte móvel da câmara de combustão, recebe a força de expansão dos gases queimados,
transmitido-a à biela, por intermédio de um pino de aço (pino do pistão). É em geral fabricado em liga de
alumínio. Figura 93.
Figura 37 - Cabeçote
14
Biela
Braço de ligação entre o pistão e o eixo de manivelas; recebe o impulso do pistão, transmitindo-o ao
eixo de manivelas (virabrequim). É importante salientar que o conjunto biela-virabrequim transforma o
movimento retilíneo do pistão em movimento rotativo do virabrequim. Figura 38.
Virabrequim
(Eixo de manivelas, Árvore de manivelas)
Eixo motor propriamente dito, o qual, na maioria das vezes, é instalado na parte inferior do bloco,
recebendo ainda as bielas que lhe imprimem movimento. Figura 94.
Eixo Comando de Válvulas
(Árvore Comando da Distribuição)
A função deste eixo é abrir as válvulas de admissão e escape, respectivamente, nos tempos de
admissão e escapamento. É acionado pelo eixo de manivelas, através de engrenagem, corrente ou ainda,
correia dentada. É dotado de ressaltos que elevam o conjunto: tucho, haste, balancim abrindo as válvulas no
momento oportuno. Figura 38.
Figura 38 – Biela, Pistão e Bronzinas
Válvulas
Existem dois tipos: de admissão e de escape. A primeira abre-se para permitir a entrada da mistura
combustível/ar (ou ar puro, conforme o caso) no interior do cilindro. A outra, de escape, abre-se para dar
saída aos gases queimados. Figura 94.
15
Conjunto de Acionamento das Válvulas
Compreende o tucho e uma haste, que o interliga ao balancim, apoiando-se diretamente sobre a
válvula. No momento em que o eixo comando de válvulas gira, o ressalto deste aciona o tucho, que por sua
vez move a haste, fazendo com que o balancim transmita o movimento à válvula, abrindo-a. Há um conjunto
destes (tucho, haste, balancim) para cada ressalto, i. e., um para cada válvula, tanto de admissão quanto de
escape. Figura 39.
Figura 39 - Eixos, tuchos e válvulas
16
COMPONENTES DO MOTOR
ÓRGÃOS FIXOS
BLOCO DE CILINDROS. Os materiais do bloco de cilindros incluem o ferro fundido, alumínio
fundido, alumínio forjado e aço forjado, usualmente soldado no último caso. O tipo apropriado
depende principalmente das considerações do tipo de motor e custos de fabricação vérsus a
importância da economia de peso.
O uso do alumínio em lugar do ferro fundido resulta em melhor dissipação de calor e
redução do peso.
CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO DE BLOCOS FUNDIDOS.
Os princípios gerais a serem seguidos no projeto de bloco de cilindros fundidos incluem
os seguintes itens:
1. As seções espessas esfriam mais lentamente do que as delgadas e mudanças abruptas na
espessura da seção devem ser evitadas sempre que possível, a fim de reduzir ao mínimo as
deformações e fissuras de contração.
2. Evitar grandes seções planas. Curvar todas as grandes seções delgadas.
3. Nervuras. O costume de adição de “nervuras” ou “almas” delgadas para melhorar à flexão
usualmente tem efeito oposto. É que a nervura age como um elevador de tensão e não deve ser
usada quando se quer elevar a resistência à flexão. Seu uso para outras finalidades como, por
exemplo, resfriamento ou redução de vibração, é permissível, contanto que a tensão adicionada não
seja crítica. A adição do material da nervura à espessura da seção é uma prática melhor de se
utilizar o material adicional.
4. Evitar furos para redução de peso, uma vez que as tensões concentra-se em tais aberturas.
O bloco de cilindros é freqüentemente fundido numa peça única com o cárter superior
do motor; isto, favorece uma montagem precisa dos elementos mecânicos internos (virabrequim,
bielas e pistões).
DEFINIÇÕES
Ponto Morto Superior e Ponto Morto Inferior Ponto Morto Superior (PMS) {TDC - Top Dead Center} e o
Ponto Morto Inferior (PMI) {BDC - Bottom Dead Center}, são nestas posições onde o êmbolo muda de
sentido de movimento estando no seu máximo (PMS) ou no seu mínimo (PMI), conforme a Figura 1.
17
Figura 1 - Curso do Pistão
Cilindrada
É o volume total deslocado pelo pistão entre o P.M.I. e o P.M.S., multiplicado pelo número de
cilindros do motor. É indicada em centímetros cúbicos (cm³) e tem a seguinte fórmula:
cilindrosNCurso
D
C ..
4
. 2








=
π
(em cm³)
Tomando como exemplo o motor de um Ômega GLS (GM). De seu catálogo têm-se os seguintes
dados:
Motor Dianteiro Longitudinal M.P.F.I.
Número de Cilindros à 04
Diâmetro cilindro à 86,0 mm
Curso do pistão à 86,0 mm
Taxa de Compressão à 9,2:1
assim:
cm³229,19984.6,8.
4
6,8. 2
=








=
π
C
conhecido, no mercado, como 2.0 ou 2,0 litros
Câmara de Compressão ou de Combustão, Volume Morto
É o espaço livre que fica acima do pistão quando este se encontra no P.M.S. Nela, a mistura
ar/combustível do motor a gasolina, que entrou pela válvula de admissão, será comprimida e, após a faísca
emitida pela vela, explodirá para que a expansão dos gases movimente o pistão e dê seqüência ao
funcionamento do motor.
18
Dependendo do grau de modernidade do motor, a câmara pode estar inserida no cabeçote ou na
cabeça dos pistões – esse último mais comumente achados. Basicamente, o volume da câmara de combustão
define a Taxa de Compressão do motor. Quanto menor for seu volume, maior será essa relação e,
conseqüentemente, melhor o rendimento do motor. Todos os componentes que atuam em sua formação ou ao
seu redor influenciam diretamente em sua eficiência: a posição das válvulas e o desenho dos dutos de
admissão, por exemplo.
Figura 2 – Câmara de Combustão
Octanagem
A octanagem mede a capacidade da gasolina de resistir à detonação, ou a sua capacidade de resistir
às exigências do motor sem entrar em auto-ignição antes do momento programado. A detonação, também
conhecida como “batida de pino”, leva à perda de potência e pode causar sérios danos ao motor, dependendo
de sua intensidade e persistência.
Um combustível de octanagem n é aquele que se comporta como se fosse uma mistura contendo n%
de isooctano e (100-n)% de n.heptano. Por convenção, o isooctano puro tem octanagem 100 e o n.heptano
puro tem octanagem zero. Hoje, alguns combustíveis aditivados possuem octanagem superior a escala posta,
é uma nova tecnologia.
Para a Gasolina
No Brasil (com exceção do Rio Grande do Sul) é utilizada uma gasolina única no mundo, pois trata-
se de uma mistura de 76% de gasolina e 24% de álcool etílico (etanol). O teor de álcool na gasolina é objeto
de Lei Federal, cuja especificação final é de responsabilidade da Agência Nacional de Petróleo – ANP.
No Estado do Rio Grande do Sul, ao invés de álcool, utiliza-se o MTBE (metil-tercio-butil-etileno)
como oxigenador, i.e., aditivo que contém oxigênio para aumentar a eficiência da combustão do
hidrocarboneto Gasolina (C8H18)n.
Atualmente, a gasolina que compões esta mistura é produzida, em quase sua totalidade, pelas dez
refinarias da Petrobras. O restante, por duas outras refinarias privadas: a de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e
19
a de Ipiranga, no Rio Grande do Sul. Já o álcool é produzido a partir da cana-de-açúcar em diversas
destilarias espalhadas pelo país. A composição final da chamada gasolina brasileira, ou seja, a mistura de
gasolina e álcool é realizada pelas Companhias Distribuidoras (Esso, Shell, Texaco, etc...), responsáveis
também pela comercialização final do produto junto aos postos de serviço.
Desde janeiro de 1992, a gasolina brasileira é isenta de chumbo. O chumbo era utilizado
mundialmente para aumentar a octanagem da gasolina, mas, por questões ambientais, vem sendo
gradualmente eliminado. Atualmente, estão à disposição dos consumidores brasileiros 03 tipos de gasolina:
comum, comum aditivada e premium. Esta classificação é dada segundo a octanagem da gasolina.
A octanagem da gasolina pode ser avaliada por dois métodos distintos: método Motor (MON –
Motor Octane Number) avalia a resistência da gasolina à detonação quando o motor está operando em
condições mais severas – alta rotação e plena carga, como acontece em subidas com marcha reduzida e
velocidade alta. O método Pesquisa (RON – Reserch Octane Number) avalia a resistência da gasolina à
detonação quando o motor está operando em condições mais suaves – baixa rotação, como acontece em
subidas com marcha alta. A octanagem das gasolinas brasileiras é equivalente à das gasolinas encontradas
nos Estados Unidos e na Europa. É dada pela média entre os dois métodos, conhecida como Índice
Antidetonante (MON +RON)/2.
As Gasolinas Comum e Comum-Aditivada têm octanagem de 86, indicadas para a maioria da frota
de veículos circulante no Brasil. A Gasolina Premium possui maior octanagem, 91. Pode ser utilizada em
qualquer veículo, mas não trará nenhum benefício se o motor não exigir este tipo de combustível (alta taxa de
compressão, com monitoramento eletrônico, injeção multiponto e projetados para gasolinas de alta
octanagem).
As Gasolinas Comum e Comum-Aditivada possuem a mesma octanagem, diferindo-se entre si
apenas pela presença de um aditivo, do tipo “detergente dispersante” que tem a função de manter limpo todo o
sistema por onde passa a gasolina.
Para o Etanol
No Brasil, o etanol (C2H5OH) é utilizado de duas maneiras:
ð Como mistura na gasolina, na forma de 24% de etanol anidro, a 99,6º Gay-Lussac (GL) e 0,4% de água,
formando uma mistura “gasohol” com o objetivo de aumentar a octanagem da gasolina;
ð Como etanol puro, na forma de etanol hidratado a 95,5º GL.
Nos outros países, as misturas de “gasohol” contêm tipicamente apenas 10% (ou menos) de etanol.
O etanol é um excelente combustível automotivo: apresenta um Índice de Octanagem superior ao da gasolina
e tem uma Pressão de Vapor inferior, resultando em menores emissões evaporativas. A combustão no ar é
inferior a da gasolina, o que reduz o número e a severidade de fogo nos veículos. O etanol anidro tem poder
calorífico inferior e superior de 21,2 e 23,4 MJ/l (megaJoule por litro), respectivamente, contra 30,1 e 34,0
MJ/l da gasolina.
As principais propriedades da gasolina e do álcool estão indicadas abaixo:
GASOLINA ETANOL
Calor específico (kJ/kg) 34.900 26.700
N.º de Octano (RON/MON) 91/80 109/98
Calor latente de vaporização (kJ/kg) 376 ~ 502 903
Temperatura de ignição (ºC) 220 420
Razão Estequiométrica Ar/Combustível 14,5 9
Fonte: Goldemberg & Macedo
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Taxa de Compressão (Relação)
Relação matemática que indica quantas vezes a mistura ar/combustível ou simplesmente o ar
aspirado (no caso dos diesel) para dentro dos cilindros pelo pistão é comprimido dentro da câmara de
combustão antes que se inicie o processo de queima. Assim, um motor a gasolina que tenha especificada uma
taxa de compressão de 8:1, por exemplo, indica que o volume aspirado para dentro do cilindro foi
comprimido oito vezes antes que a centelha da vela iniciasse a combustão, Figura 3.
Figura 3 – Definição de Taxa de Compressão
Do ponto de vista termodinâmico, a taxa de compressão é diretamente responsável pelo rendimento
térmico do motor. Assim, quanto maior a taxa de compressão, melhor será o aproveitamento energético que o
motor estará fazendo do combustível consumido. Por esse motivo é que os motores diesel consomem menos
que um similar a gasolina: funcionando com taxas de compressão altíssimas (17:1 nos turbodiesel e até 22:1
nos diesel aspirados), geram a mesma potência consumindo menos combustível.
Há limitações físicas e técnicas para a simples ampliação da taxa. No primeiro caso, ocorre a
dificuldade de obtenção de câmaras de combustão minúsculas. Já o seguinte apresenta restrições quanto às
propriedades do combustível, i.e., técnicas, o quanto cada um “tolera” de compressão antes de se auto-
inflamar (octanagem).
A taxa de compressão corresponde à relação entre
CombustãodeCâmaradaVolume
CombustãodeCâmaradaVolumeMotordoCilindrada +
=TC
chamando de V a cilindrada do motor e v o volume da câmara de combustão (volume morto), têm-se:
v
v
TC
V +
=
Tomando como exemplo o motor de um Corsa Sedan GL (GM), Figura 4. Do catálogo, obtêm-se
as seguintes informações:
Motor Transversal M.P.F.I. Gasolina
Cilindrada 1.6 1600 cm³
Número de Cilindros 04
Diâmetro do Cilindro 79,0 mm
Curso do Pistão 81,5 mm
Taxa de Compressão 9,4:1
21
Como a Taxa de Compressão já é dada, pode-se calcular então o volume da câmara de combustão v.
Figura 4 – O veículo do exemplo.
• para um motor de 04 cilindros à 1600 cm³
• para um cilindro apenas à 400
4
1600
= cm³
• a Cilindrada à cm³486,39915,8.
4
9,7.
.
4
V
22
===
ππ
Curso
D
• para uma Taxa de Compressão de 9,4:1
• volume morto v à cm³56,47
14,9
486,399
1
V
=
−
=
−
=
TC
v
Pode-se então calcular a altura deixada no cilindro para a abertura das válvulas:
à h
D
v .
4
. 2
π
=
à cm97,0
9,7.
56,47.4
.
.4
22
===
ππ D
v
h
à h = 9,7 mm
Com isso pode-se concluir que a Taxa de Compressão é uma propriedade inerente ao motor
(bloco, cabeçote, pistões) e não ao combustível utilizado no mesmo.
Não se altera a Taxa de Compressão de um motor apenas modificando o tipo de combustível
consumido.
Como exemplo, imagine que a altura (h) do cilindro que compões o volume morto (câmara de
combustão) tenha sido rebaixada de 0,6 mm. Qual será a nova Taxa de Compressão deste motor?
( ) cm³605,4406,097,0.
4
9,7.
.
4
. 22
=−==
ππ
h
D
v
22
956,9
605,44
605,44486,399V
=
+
=
+
=
v
v
TC
Assim, com a diminuição de 0,6 mm a Taxa de Compressão aumentará de 9,4:1 para
aproximadamente 10,0:1.
Auto-Ignição
Em razão das altas temperaturas na câmara de combustão ou octanagem incorreta da gasolina para a
taxa de compressão do motor, algumas vezes o efeito auto-ignição pode ocorrer. Pontos quentes no interior
da câmara passam a fazer o papel da vela de ignição, incandescendo a mistura ar/combustível antes mesmo de
a vela de ignição iniciar o processo através da centelha elétrica. Uma vela com grau térmico muito alto para a
situação em que o motor está sendo utilizado pode também ser o motivo da auto-ignição.
Muito prejudicial ao funcionamento do motor, fazendo com que o mesmo perca potência e corra o
risco de um superaquecimento ainda maior, a auto-ignição pode levar à destruição da câmara de combustão e,
em casos extremos, furos na cabeça dos pistões ou mesmo sua fusão com o cilindro (Figura 5). Seus efeitos
devastadores são idênticos aos do motor com ponto de ignição muito adiantado, o que pode acabar
provocando detonações (Figura 6).
De uma maneira geral, o maior responsável pela auto-ignição é a carbonização da cabeça dos pistões
e das câmaras de combustão em motores com alta compressão, fato que aumenta ainda mais a taxa de
compressão por reduzir o volume da câmara de combustão, ou que estejam trabalhando com o avan'ço da
ignição adiantado com relação ao ideal para aquele motor.
Aspecto
• Zona dos anéis e cabeça do
pistão parcialmente destruídas.
• Furo no topo do pistão.
Figura 5 – Danificação por Pré-Ignição
23
Aspecto
• Cabeça do pistão parcialmente
destruída.
Figura 6 – Danificação por Detonação
Avanço
Nome empregado mais comumente para designar o quanto a faísca da vela deverá ser avançada, com
relação ao P.M.S. do pistão para iniciar o processo de combustão. Faz-se o avanço para se obter a máxima
pressão sobre o pistão quando o mesmo atinge o P.M.S., melhorando a performance do motor.
Num automóvel, o avanço pode ser de 03 tipos: a vácuo, centrífugo ou eletrônico. Os dois primeiros,
absolutamente mecânicos, atuam diretamente sobre o distribuidor (Figura 7), sendo passíveis de erro
operacional.
Figura 7 – O Sistema de Ignição Convencional e o Distribuidor
O terceiro tipo de avanço, o eletrônico, existe na memória do sistema de comando da ignição ou, o
que é bem mais moderno e comum atualmente, na central eletrônica que comanda a injeção e ignição,
simultaneamente.
24
Outras Definições e Nomenclatura
A nomenclatura utilizada pelos fabricantes de motores, normalmente encontrada na documentação
técnica relacionada, obedece a notação adotada pela norma DIN 1940. Existem normas americanas, derivadas
das normas DIN, que adotam notações ligeiramente diferenciadas, porém com os mesmos significados.
Notação Nomenclatura Definição
D Diâmetro do
Cilindro
Diâmetro interno do Cilindro.
s Curso do Pistão Distância percorrida pelo pistão entre os extremos do cilindro,
definidos como Ponto Morto Superior (PMS) e Ponto Morto
Inferior (PMI).
s /D Curso/Diâmetro Relação entre o curso e o diâmetro do pistão. (Os motores cuja
relação curso/diâmetro = 1 são denominados motores
quadrados.)
n Rotação Número de revoluções por minuto da árvore de manivelas.
cm Velocidade Velocidade média do Pistão = 2 s n / 60 = s n / 30
A Área do Pistão Superfície eficaz do Pistão = π D2
/ 4
Pe
Potência Útil É a potência útil gerada pelo motor, para sua operação e para
seus equipamentos auxiliares (assim como bombas de
combustível e de água, ventilador, compressor, etc.)
z Número de Cilindros Quantidade de cilindros de dispõe o motor.
Vh Volume do Cilindro Volume do cilindro = A s
Vc Volume da Câmara Volume da câmara de compressão.
V Volume de
Combustão
Volume total de um cilindro = Vh + Vc
VH Cilindrada Total Volume total de todos os cilindros do motor = z Vh
εε Relação de
Compressão
Também denominada de razão ou taxa de compressão, é a
relação entre o volume total do cilindro, ao iniciar-se a
compressão, e o volume no fim da compressão, constitui uma
relação significativa para os diversos ciclos dos motores de
combustão interna. Pode ser expressa por (Vh + Vc )/Vc (é > 1).
Pi
Potência Indicada É a potência dentro dos cilindros. Abreviadamente denominada
de IHP (Indicated Horsepower), consiste na soma das potências
efetiva e de atrito nas mesmas condições de ensaio.
Pl Potência Dissipada Potência dissipada sob carga, inclusive engrenagens internas.
Psp Dissipação Dissipação de potência pela carga.
Pr
Consumo de
Potência
Consumo de potência por atrito, bem como do equipamento
auxiliar para funcionamento do motor, à parte a carga. Pr = Pi -
Pe - Pl - Psp
Pv
Potência Teórica Potência teórica, calculada por comparação, de máquina ideal.
Hipóteses para este cálculo: ausência de gases residuais,
queima completa, paredes isolantes, sem perdas
hidrodinâmicas, gases reais.
25
pe
Pressão Média
Efetiva
É a pressão hipotética constante que seria necessária no interior
do cilindro, durante o curso de expansão, para desenvolver uma
potência igual à potência no eixo.
pi
Pressão Média
Nominal
É a pressão hipotética constante que seria necessária no interior
do cilindro, durante o curso de expansão, para desenvolver uma
potência igual à potência nominal.
pr
Pressão Média de
Atrito
É a pressão hipotética constante que seria necessária no interior
do cilindro, durante o curso de expansão, para desenvolver uma
potência igual à potência de atrito.
B Consumo Consumo horário de combustível.
b
Consumo Específico Consumo específico de combustível = B / P; com o índice e
refere-se à potência efetivae com o índice i refere-se à potência
nominal.
ηηm
Rendimento
Mecânico
É a razão entre a potência medida no eixo e a potência total
desenvolvida pelo motor, ou seja: ηm = Pe / Pi = Pe / (Pe + Pr) ou
então ηm = Pe / (Pe + Pr + Pl + Psp).
ηηe Rendimento Útil Ou rendimento econômico é o produto do rendimento nominal
pelo rendimento mecânico = ηi .ηm
ηηi Rendimento
Indicado
É o rendimento nominal. Relação entre a potência indicada e a
potência total desenvolvida pelo motor.
ηηv Rendimento Teórico É o rendimento calculado do motor ideal.
ηηg Eficiência É a relação entre os rendimentos nominal e teórico; ηg = ηi /ηv.
λλl Rendimento
Volumétrico
É a relação entre as massas de ar efetivamente aspirada e a
teórica.
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS MOTORES ALTERNATIVOS
O Ciclo mecânico é o mesmo em qualquer motor alternativo.
1. Introduz-se o combustível no cilindro;
2. Comprime-se o combustível, consumindo trabalho (deve ser fornecido);
3. Queima-se o mesmo;
4. Ocorre a expansão dos gases resultantes da combustão, gerando trabalho;
5. Expulsão dos gases.
Nos motores a pistão, este ciclo pode completar-se de duas maneiras:
• ciclo de trabalho a quatro tempos;
• ciclo de trabalho a dois tempos.
26
Um ciclo de trabalho estende-se por duas rotações da árvore de manivelas, ou seja, quatro cursos do
pistão.
No primeiro tempo, com o pistão em movimento descendente, dá-se a admissão, que se verifica, na
maioria dos casos, por aspiração automática da mistura ar-combustível (nos motores Otto), ou apenas ar
(motor Diesel). Na maioria dos motores Diesel modernos, uma ventoinha empurra a carga para o cilindro
(turbocompressão).
No segundo tempo, ocorre a compressão, com o pistão em movimento ascendente. Pouco antes do
pistão completar o curso, ocorre a ignição por meio de dispositivo adequado (no motor Otto), ou a auto-
ignição (no motor Diesel).
No Terceiro tempo, com o pistão em movimento descendente, temos a ignição, com a expansão dos
gases e transferência de energia ao pistão (tempo motor).
No quarto tempo, o pistão em movimento ascendente, empurra os gases de escape para a atmosfera.
Durante os quatro tempos – ou duas rotações – transmitiu-se trabalho ao pistão só uma vez. Para
fazer com que as válvulas de admissão e escapamento funcionem corretamente, abrindo e fechando as
passagens nos momentos exatos, a árvore de comando de válvulas (ou eixo de cames) gira a meia rotação do
motor, completando uma volta a cada ciclo de quatro tempos.
27
Os quatro tempos
1º TEMPO
Curso de Admissão
Estando o pistão no PMS, o mesmo
começa a descer estando aberta a válvula
de admissão (VA) e fechada a válvula de
descarga (VD). O êmbolo, ao descer gera
um vácuo no interior do cilindro,
aspirando a mistura ar-combustível (Ciclo
Otto) ou somente ar (Ciclo Diesel) até o
PMI, quando a VA se fecha, cumprindo-se
meia volta do virabrequim (180º).
2º TEMPO
Curso de Compressão
Estando VA e VD fechadas, a medida que
o pistão desloca-se para o PMS, o mesmo
comprime o conteúdo do cilindro,
aumentando a sua temperatura e pressão
interna, figura 03. O virabrequim gira
outros 180º, completando o primeiro giro
(volta completa - 360º).
3º TEMPO
Curso de Combustão e Expansão
Nesta fase produz-se a energia que será
transformada em trabalho mecânico.
Pouco antes do pistão atingir o PMS com
VA e VD fechadas, a mistura ar-
combustível é queimada. A energia
liberada nesta combustão dá origem a uma
força no êmbolo, deslocando-o do PMS ao
PMI. Esta força é transmitida do êmbolo,
através da biela, ao virabrequim girando-o
(executa meia volta - 180º).
4º TEMPO
Curso de Escape
Com a VA fechada e a VD aberta, o
êmbolo, ao deslocar-se do PMI para o
PMS, onde VD se fecha, expulsa os
produtos da combustão. O virabrequim
executa outra meia volta - 180º,
completando o ciclo (720º).
Figura 8 - Os 4 tempos de um motor de combustão.
28
É importante salientar que somente no curso de combustão se produz energia mecânica, os outros
três tempos são passivos, ou seja, absorvem energia.
Figura 9 - Temperatura e Pressão no final da Compressão
Motor Dois Tempos
Os motores deste tipo combinam em dois cursos do êmbolo as funções dos motores de quatro
tempos, sendo assim, há um curso motor para cada volta do virabrequim. Normalmente estes motores não
têm válvulas, eliminando-se o uso de tuchos, hastes, etc. O carter, que possui dimensões reduzidas, recebe a
mistura ar-combustível e o óleo de lubrificação. Deve ser cuidadosamente fechado pois nele se dá a pré-
compressão da mistura.
1º Tempo - Curso de Admissão e Compressão
O êmbolo dirige-se ao PMS, comprimindo a mistura ar-combustível. As janelas de escape e carga
são fechadas, abrindo-se a janela de admissão. Com o movimento do êmbolo, gera-se uma pressão baixa
dentro do carter e assim, por diferença de pressão admite-se uma nova mistura ar-combustível-óleo
lubrificante, que será utilizado no próximo ciclo. O virabrequim dá meia volta, 180 graus, fechando o ciclo.
Pouco antes de atingir o PMS, dá-se a centelha, provocando a combustão da mistura, gerando uma força sobre
o êmbolo. Inicia-se então o próximo ciclo.
2º Tempo - Combustão e Escape
É o curso de trabalho. No PMS, dado início à combustão por meio de uma centelha (spark), o
êmbolo é forçado até o PMI. Durante o curso, o êmbolo passa na janela de descarga dando vazão aos gases
da combustão. Ao mesmo tempo o êmbolo abre a janela de carga permitindo que uma nova mistura ar-
29
combustível entre no cilindro preparando-o para o novo ciclo e forçando os gases provenientes da combustão
para fora (lavagem). O virabrequim, neste primeiro tempo, dá meia volta, 180 graus.
Figura 10 - Ciclo de um Motor 2 Tempos
MOTOR WANKEL
Esse motor, de um modo geral, apresenta as seguintes vantagens relativamente aos congêneres
alternativos:
1. Eliminação dos mecanismos biela-manivela com redução dos problemas de compensação de forças e
momentos, bem como vibratórios;
2. Menor número de peças móveis, o que poderá ocasionar construção e manutenção mais simples e de
menor custo;
3. Maior concentração de potência, logo menor volume e peso.
Por outro lado, o motor apresenta problemas, em parte já sanados e em parte ainda para serem
resolvidos. Entre esses problemas, destacamos:
1. Alta rotação: o primeiro protótipo experimental girava a 17.000 rpm. Atualmente essa rotação encontra-
se na faixa das 4.000 rpm.
2. Problemas de vedação entre pistão e cilindro;
3. Problemas de lubrificação, sendo que estes dois últimos já foram sanados.
O motor Wankel, consta apenas de cilindro, de duas partes rotativas, árvore com respectivo
excêntrico, volantes, massas de compensação e o pistão rotativo, que gira engrenado a um pinhão fixo.
Desde os primeiros dias da invenção do motor a gasolina, milhares já foram construídos baseados em
princípios e ciclos diferentes dos que caracterizaram os motores clássicos de dois ou quatro tempos. Entre
30
DESGASTE DOS CILINDROS. O funcionamento do motor leva a um desgaste progressivo dos
cilindros. Este desgaste é irregular e dá ao cilindro uma ovalização e uma conicidade. O maior
desgaste verifica-se no PMS. Neste local, a lubrificação é normalmente insuficiente, enquanto a
pressão e a temperatura estão no seu máximo. No PMI, estas condições são exatamente opostas e o
desgaste é quase nulo.
A ovalização dos cilindros pode ter como causa a obliqüidade da biela que, em torno do
meio do curso, apoia o pistão contra o cilindro. Neste caso, a ovalização é perpendicular ao eixo do
virabrequim.
O desgaste é, em grande parte, devido aos arranques com o motor frio. A condensação
da gasolina e a insuficiência de óleo fazem com que durante os primeiros minutos de funcionamento
os pistões funcionem que completamente a seco.
O grande desgaste dos cilindros leva a um consumo exagerado de óleo e de
combustível, a um depósito de sujeira nas velas, a uma marcha ruidosa e a diminuição da potência.
CILINDROS DESCENTRADOS. Num grande número de motores não se faz coincidir o eixo dos
cilindros com o eixo do virabrequim. Este último está deslocado alguns milímetros no sentido oposto
ao sentido de rotação. Este deslocamento tem por finalidade diminuir a inclinação da biela no tempo
motor (descida do pistão). Daí resulta um menor esforço lateral do pistão sobre as paredes do
cilindro e uma ovalização menos sensível. Durante a subida do pistão, a inclinação da biela é
grande, mas como a pressão do gás é fraca, os esforços laterais ficam normais. O deslocamento
regulariza o desgaste de ambos os lados do cilindro.
CÁRTER. O cárter de um motor é em ferro fundido ou em alumínio fundido. Forma a parte principal
do bloco do motor e contém o virabrequim, o eixo de cames (motor de válvulas laterais) e a bomba
de óleo. As extremidades do cárter têm freqüentemente garras destinadas a fixação do motor. As
paredes extremas e as divisórias internas suportam os mancais do virabrequim.
A parte inferior do cárter forma depósito de óleo. É de chapa embutida ou de liga de
alumínio. A sua fixação ao cárter superior faz-se por intermédio de cavilhas de aço doce.
CABEÇOTE. O cabeçote tem a função de tampar os cilindros formando a câmara de combustão. Os
motores refrigerados a água usam cabeçotes de ferro fundido ou ligas de alumínio. Este último
quando a necessidade de peso leve ou melhor condução de calor uma vez que impedem a formação
de pontos quentes nas paredes internas do cabeçote.
O cabeçote é um dos elementos mais críticos no projeto de um motor porque ele
combina problemas estruturais, fluxo de calor e escoamento de fluido em uma forma complexa.
31
O problema central no projeto do cabeçote com válvulas consiste em se chegar a um
arranjo satisfatório, quanto a válvulas e janelas (motor 2 tempos), que suporte as cargas de gás e, ao
mesmo tempo, evitar excessiva distorção e tensão devido aos gradientes de temperatura e, também,
evitar custos excessivamente elevados ou complexidade indevida.
COMPONENTES DO SISTEMA DE FORÇA
VIRABREQUIM. Os virabrequins são feitos de aço forjado, ou fundidos de aço, ferro maleável ou
ferro cinza. Em termos qualitativos, as cargas em um virabrequim resultam em tensões devido à
flexão, torção e cizalhamento em todo seu comprimento. A geometria complexa envolvida tornaria
impossível cálculos precisos de tensão ainda que as cargas fossem conhecidas com precisão. A
despeito dessas dificuldades entretanto, muito se tem feito para racionalização do projeto do
virabrequim, grande parte por meio da análise experimental de tensões.
A linha de eixo é o conjunto de munhões nos quais gira o virabrequim apoiado no bloco
do motor.
Os moentes são as partes do virabrequim onde se apoiam as bielas.
O interior do virabrequim contém dutos especiais por onde circula o óleo necessário a
lubrificação dos munhões e dos moentes.
VOLANTE. O volante é de fundição ou de aço moldado.
Destina-se a regularizar a rotação do virabrequim. No momento da explosão, o volante
absorve a energia desenvolvida; restitui-a nos tempos não motores. Os motores de um cilindro
exigem um volante grande, enquanto que os de vários cilindros são equipados com volantes tanto
mais leves quanto mais elevado for o número de cilindros.
32
BIELAS. As bielas são de aço-liga estampado e por vezes de liga de alumínio. A tampa da biela é
fixa por parafusos de aço ao cromo-níquel tratado, de grande resistência.
O pé de biela articula-se no pino de pistão por intermédio de uma bucha de bronze
fosforoso chavetada. Um batimento lateral de 3 a 4 mm entre o s ressaltos do pistão é aproveitado
para que o deslocamento longitudinal do virabrequim não provoque uma flexão da biela.
O corpo da biela é tubular ou de seção em duplo T. As bielas inteiramente usinadas
asseguram um melhor equilíbrio do motor.
A cabeça de biela gira no pino por intermédio de mancais de duas partes.
Os metais utilizados dependem do gênero de motores, das cargas da biela e da
velocidade de rotação.
33
MANCAIS. São utilizados para reduzir o atrito e servir de apoio as partes giratórias do motor
(moentes, munhões,...).
Os mancais dividem-se em dois tipos principais: os fixos - alojados nos munhões e no
bloco do motor, e os móveis, montados nos moentes e bielas.
Podem ser de deslizamento ou de rolamento (com roletes, esferas, agulhas).
O mancal, quando constituído por duas partes iguais, para facilitar a montagem, é
designado por mancal de duas meias-buchas.
O mancal é composto por duas partes, uma externa chamada capa e outra interna
composta por metal anti-fricção.
O metal anti-fricção pode ser uma liga de estanho, de cobre e de antimônio. Esta liga
permite um deslizamento muito suave; favorece um funcionamento silencioso do motor.
Os mancais de metal rosa - liga de alumínio, de cobre e de zinco - são montados em
motores especialmente potentes.
Os mancais de bronze - liga de estanho e de cobre - são particularmente montados nos
motores Diesel. A boa resistência mecânica deste material convém extremamente a este gênero de
motores cujo conjunto de biela é submetido a fortes cargas.
PISTÕES. Os pistões são de fundição maleável, de liga de alumínio ou de aço. Estes dois últimos
metais permitem fazer pistões mais leves. Os efeitos de inércia no final do curso são menores; há,
portanto, menos vibrações e uma menor frenagem em altos regimes.
Os pistões de liga de alumínio são igualmente melhores condutores de calor. Esta
qualidade é primordial quando se trata de motores cujo regime ultrapassa as 3500 rpm.
O pistão de um motor de combustão interna funciona em condições particularmente
desfavoráveis.
Para um regime de 3600 rpm, ele pára 120 vezes por segundo.
Entre cada parada ele atinge uma velocidade de 70 km por hora.
No momento da explosão, ele recebe um impulso de mais ou menos 20000 N (2000 kg),
e isto, 30 vezes por segundo.
A sua temperatura sobe a 620 °K (350 °C), no centro da cabeça, e cerca de 420 a 450
°K (150 - 200 °C) na extremidade final da saia.
34
Em marcha, a dilatação dos pistões é grande. As folgas médias têm um diâmetro maior
para os pistões de liga de alumínio devido à maior dilatação desta liga em relação à fundição ou ao
aço. Contudo, estes últimos, não sendo tão bons condutores de calor, a sua temperatura eleva-se
mais no que nos pistões de liga de alumínio.
À temperatura ambiente, o pistão deve ser ajustado no seu cilindro com uma certa folga,
para que, mesmo depois de ter atingido a sua temperatura de marcha, ainda deslize livremente.
As folgas de dilatação dadas na fabricação do pistão dependem:
do diâmetro do cilindro;
do ou dos metais que compõem o pistão;
da forma do pistão;
do regime de rotação do motor;
do sistema de refrigeração e de sua eficácia;
das condições de emprego do motor;
do tipo de combustível.
ANÉIS DE SEGMENTO. Os anéis de segmento constituem um problema difícil de projeto desde o
advento do motor de combustão interna e, somente no período posterior à II. Guerra Mundial, os
anéis alcançaram vida e confiabilidade comensurável com as das outras partes do motor.
Material dos anéis de segmento. A maioria dos anéis de segmento é feita de ferro fundido-cinza
dada sua excelente resistência ao desgaste em todos os diâmetros de cilindro. Quando o vazamento
pelo anel for um problema, utiliza-se o ferro modular ou mesmo o aço, usualmente com superfícies
de mancal revestidas. Para maior resistência ao desgaste do anel e parede do cilindro, os anéis são
de face cromada ou “molibdênio metalizado”, uma estrutura porosa de óxido de molibdênio. Os anéis
de controle de óleo podem ser de ferro ou de aço.
Projeto de anéis de segmento. O projeto dos anéis de segmento têm sido desenvolvido quase
totalmente numa base empírica.
Os anéis de segmento têm duas funções: evitar o vazamento do gás e para manter o
fluxo de óleo na câmara de combustão no mínimo necessário para a adequada lubrificação do anel e
35
No pistão. Nos motores modernos, a vazão de óleo através dos anéis é extremamente pequena e
aproxima-se de zero para motores de pequeno e médio porte. Todos os anéis tomam parte no
controle do fluxo de óleo, mas existe pelo menos um anel cuja função principal é essa. São os
chamados anéis de controle de óleo, enquanto que os outros são anéis de compressão.
Os requisitos a seguir são considerados desejáveis:
1. A largura da face dos anéis deve ser pequena.
2. Utilização do menor número possível de anéis, para diminuir o atrito.
36
CAPÍTULO 5 - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO
Chama-se distribuição o conjunto de elementos que comandam a admissão de mistura
A/C motores Otto) ou ar (motores Diesel) nos cilindros e posteriormente a saída dos gases
queimados.
São requisitos fundamentais para um sistema de distribuição eficiente, que cada válvula
se mantenha aberta o tempo necessário para uma boa admissão de mistura ou ar), a lavagem do
cilindro, e a completa expulsão dos gases queimados. Que funcione suave e eficientemente nos
mais variados regimes de rotação do motor.
Pode-se designar um motor especificando a disposição dos seus elementos de
distribuição.
Os motores de válvulas laterais possuem válvulas dispostas ao lados dos cilindros.
Esta disposição clássica assegura um funcionamento silencioso, assim como uma marcha suave.
Os motores com válvulas suspensas possuem válvulas colocadas sobre os cilindros.
Esta disposição permite uma forma mais racional da câmara de combustão, favorece a potência do
motor e um rendimento térmico superior. A posição das válvulas suspensas determina melhor
rendimento aos altos regimes e convém aos motores potentes de relação volumétrica elevada.
As válvulas suspensas podem ser acionadas:
. por hastes e balancins com eixo de cames no cárter;
. por balancins com eixo de cames suspenso;
. por eixo de cames suspenso com impulsos diretos sobre as válvulas.
As duas últimas soluções exigem uma construção mais dispendiosa. A ligação do
virabrequim e do eixo de cames é feita por meio de engrenagens, por uma corrente (corrente
silenciosa), ou através de uma correia de borracha com arrames de aço (alma de aço). A fixação
direta das válvulas permite obter uma abertura rápida particularmente em regimes muito altos, sendo
reduzida ao mínimo a inércia das peças de movimento alternado.
37
ÓRGÃOS DE DISTRIBUIÇÃO
Pinhões de distribuição. Transmitem o movimento do virabrequim ao eixo de cames. Estes
pinhões são de aço semiduro, para acionamentos por corrente. São de aço ou matérias plásticas
estratificadas, para acionamento por meio de engrenagens.
Como o eixo de cames gira à metade da velocidade do virabrequim, a relação de
transmissão dos pinhões de distribuição é de 1:2 (motores a 4 tempos).
A posição exata de engrenagem dos pinhões de distribuição é marcada pelo fabricante
no momento da montagem. Esta marcação corresponde geralmente à posição do primeiro pistão no
PMS, no final do tempo de descarga.
Nas distribuições acionadas por engrenagens, a marcação é feita por traços ou pontos
marcados nos dentes.
Quando a distribuição é acionada por corrente ou por correia dentada, a marcação dos
pinhões, afastados um do outro, é obtida por meio de traços que se fazem coincidir simultaneamente
com a linha reta que liga o eixo das duas rodas dentadas, ou por meio de marcas no bloco do motor.
Eixo de cames. Ou comando de válvulas é um eixo que tem solidário a ele ressaltos ou excêntricos,
destinados a agir sobre os impulsionadores das válvulas em tempos precisos.
São fabricados em aço forjado ou ferro fundido (ao níquel-cromo-molibdênio). Passa por
tratamentos como cementação e tempera, de maneira a oferecer a máxima resistência ao desgaste
dos excêntricos.
38
Geralmente o eixo de cames gira em mancais regulados, por vezes em mancais de
bronze ou de fundição.
A forma e a posição dos cames determinam diretamente as características de potência
e de regime do motor.
Projeto do came. Devido a limitações de tensão, as válvulas não podem ser abertas e fechadas
repentinamente, mas devem seguir uma configuração de caráter geral, mostrado no gráfico a seguir.
O movimento atual da válvula será o projetado, como mostra a figura, modificado pelas
características elásticas do mecanismo da válvula.
A fim de que a válvula sempre vede bem, e para permitir ajustagens, desgaste,
expansão e contração devido a mudanças de temperatura, é necessária sempre alguma folga. Essa
folga deve ser a mínima necessária para assegurar que a válvula vem em todos as condições
normais, incluindo uma folga razoável para erros de ajustagem. Incluindo nestas condições a
dilatação dos materiais e manutenção da lubrificação.
É fundamental considerar as conseqüências de uma defeituosa folga nas válvulas: as
folgas pequenas provocarão na admissão má compressão e explosões nos condutos de admissão.
Se na descarga as conseqüências serão danosas para a integridade do sistema uma vez que além
de má compressão, poderá provocar a queima da válvula (deformação da válvula).
As folgas excessivas na admissão terão como resultado a deficiente admissão,
enquanto na descarga o escape incompleto dos gases queimados. Nas duas situações o resultado
será o baixo rendimento do motor.
No instante que o came encontra o tucho no inicio do ciclo de abertura, a folga é
“compensada” por uma rampa de velocidade constante (velocidade aqui significa elevação por
unidade de tempo em determinada rotação da manivela).
39
A curva de elevação de válvula vérsus ângulo de manivela deve ser traduzida no
contorno do came desejado, que depende do projeto do mecanismo da válvula, incluindo
naturalmente a forma do seguidor (tucho) do came.
Tucho. Tem a função de transmitir o movimento do came à vareta ou haste impulsora. São
fabricados em aço nitrado forjado ou de fundição temperada. Devem ser rígidos na compressão e
também como uma coluna. Tubos de aço parecem ser os mais adequados.
Quando o carregamento do came é alto, como nos motores que operam em longos
períodos com elevadas velocidades do pistão, são necessários tuchos de rolete feitos de aço com
endurecimento superficial, operando com cames do mesmo material. Os tuchos com roletes também
são aconselháveis quando se deseja longa vida para o motor.
Tucho hidráulico. O uso de tuchos hidráulicos é bastante geral para motores de automóveis, onde o
baixo nível de ruído é considerado essencial. Como o sistema hidráulico amortece a folga, as rampas
para uso deste tipo de tucho podem ter maiores velocidades do que aquelas de sistemas mecânicos.
Outra vantagem prática dos tuchos hidráulicos é a de ajustagem automática para o desgaste do
mecanismo de válvula, eliminando desta forma a necessidade de ajustagem periódica da folga.
Balancins. Os balancins tem a função de inverter o sentido do movimento gerado pelo came.
Podem ser de fundição, aço estampado ou alumínio.
Mola da válvula. Tem como função fechar a válvula mantendo-a pressionada contra a sua sede.
Cargas da mola. A mínima carga, isto é, com a válvula fechada, deveria ser alta o bastante para
manter a válvula firmemente em sua sede durante o período em que permanece fechada. Nos
motores carburados, a válvula de descarga deve ficar fechada no maior vácuo do coletor e, nos
motores supercarregados, a válvula de admissão não deve ser aberta pela mais elevada pressão do
coletor.
Flutuação de válvulas. Está sempre presente uma vibração interespira, chamada de onda, de maior
ou menor intensidade. Com a vibração interespira, a máxima tensão será maior do que a tensão
calculada na razão da deflexão atual para a admitida das espiras. É obviamente desejável reduzir a
amplitude da vibração interespira a um mínimo.
Diz-se que há flutuação de válvulas, quando a mola que é um sistema oscilante, recebe
uma excitação com freqüência igual a uma das suas freqüências naturais.
Tais vibrações podem ser reduzidas por meio de amortecedores de atrito, por ângulos
de hélice não uniformes, duas molas com diâmetros distintos e sentido das hélices opostos.
Válvulas. A válvula de haste é hoje universalmente usada nos motores de quatro tempos. São elas
que regulam a entrada e saída de gases no cilindro.
As válvulas de admissão são de aço, de aço ao níquel ou cromo-níquel. A passagem
dos gases novos mantém a sua temperatura a cerca de 523 a 573°K (250 a 300°C).
As válvulas de descarga são de uma liga de aço, de forte teor de níquel, de cromo e de
tungstênio. O cromo torna o aço inoxidável; o tungstênio mantém uma forte resistência mecânica à
temperatura elevada; o níquel melhora a resistência.
As válvulas de descarga suportam um pouco a passagem de gases a temperaturas
elevadas (973 a 1023°K - 700 a 750°C). À plena potência elas funcionam geralmente ao vermelho-
escuro.
40
A válvula é resfriada por contato com o assento e com a guia. Nos motores muito
potentes, as válvulas de escape são interiormente guarnecidas com sais de sódio ou potássio
destinados a melhorar a refrigeração por condutibilidade.
A cabeça da válvula comporta uma superfície de apoio retificada cujo o ângulo pode ser
de 45° ou 60°. Um ângulo de 45° permite uma melhor centragem da válvula sobre o seu assento
cada vez que se dá o encaixe, mas, para uma dada subida, a seção de passagem dos gases é
melhor do que o assento de 60°. Estas particularidades fazem com que se dê preferência ao ângulo
de 45° para as válvulas de escape, mais facilmente deformáveis a alta temperatura, e o ângulo de
60° às válvulas de admissão, que devem sobretudo favorecer a entrada dos gases novos no cilindro.
41
CAPÍTULO 8 - SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO (MOTORES OTTO)
CARBURAÇÃO
INJEÇÃO
INTRODUÇÃO
Requisitos de mistura. Em geral, a ótima razão ar/combustível com determinada
velocidade do motor consiste naquela em que se consegue o conjugado desejado, ou pressão média
efetiva no freio, com o menor consumo de combustível consistente com a operação normal e
confiável. Essa ótima razão A/C não é constante, mas depende de muitos fatores.
Os requisitos de mistura para a partida e aquecimento o motor necessitará geralmente
de mistura anormalmente ricas no dispositivo de alimentação, seja o carburador ou um sistema de
injeção, afim de assegurar a mistura de queima nos cilindros. Assim, o sistema de alimentação deve
estar apto a fornecer misturas muito ricas na partida e a razão A/C deve ser progressivamente
reduzida a partir desse ponto, durante o período de aquecimento, até o motor funcionar
satisfatoriamente com razões A/C normais de operação permanente.
O termo “aceleração”, com relação aos motores, é geralmente usado para caracterizar
um aumento na velocidade do motor, resultante da abertura da válvula. O propósito imediato da
abertura da válvula de aceleração, entretanto, é assegurar um aumento do conjugado, e dependerá
da natureza da carga o aumento subseqüente na velocidade.
Nos motores com carburador que usam combustível líquido, o processo de aceleração é
complicado pela presença do combustível não evaporado no coletor de admissão. A investigação
mostra que, durante a operação permanente normal com gasolina (ou álcool), o coletor de admissão
contém uma grande quantidade de combustível líquido que adere à parede do coletor e escorre ao
longo das mesmas até o cilindro, com uma velocidade bastante baixa comparada a do resto da
mistura, que consiste em ar, vapor de combustível e gotículas entranhadas de combustível. Nas
condições permanentes de operação com determinada velocidade, a quantidade de líquido contida no
coletor, em qualquer momento, torna-se maior com o aumento da pressão no coletor. A principal
razão para que altas pressões no coletor resultem em grandes quantidades de líquido deve-se ao
fluxo de combustível aumentar com o aumento da densidade do ar, e a evaporação é mais lenta
quando aumenta a pressão total.
Quando a válvula está aberta para aceleração, aumentando a pressão no coletor, deve
ser fornecido combustível para aumentar o conteúdo de líquido do coletor. Se o carburador fornece
uma razão A/C constante, a razão que atinge o coletor está diminuirá durante o período em que o
conteúdo de líquido está aumentando. Com a instantânea abertura da válvula de aceleração, a
resultante redução na razão A/C recebida pelos cilindros pode ser tal que venha a ocorrer má queima,
retrocesso de chama, ou mesmo completa parada do motor.
Para evitar uma mistura anormalmente pobre nos cilindros, resultante de rápidas
aberturas da válvula de aceleração, é usualmente necessário aumentar a relação de suprimento pela
injeção no coletor de uma quantidade de combustível conhecida como carga de aceleração. A injeção
dessa carga deve ocorrer simultaneamente com a abertura da válvula. A ótima quantidade de carga
de aceleração é aquela que resultará na razão A/C para melhor potência nos cilindros. Em geral, essa
quantidade varia com a velocidade do motor e com a posição da válvula no início da aceleração, com
a volatilidade do combustível, temperatura da mistura, e velocidade de abertura da válvula. Dessa
forma, os carburadores são projetados para fornecer a quantidade necessária nas condições mais
difíceis e, quando esta quantidade é muito grande, o erro será do lado rico da mistura de melhor
potência, onde o sacrifício em potência é pequeno. Como a abertura parcial ou lenta da válvula de
aceleração necessita de quantidade de mistura inferior à de completa aceleração, essa quantidade é
42
usualmente tomada como proporcional à razão de abertura da válvula e do ângulo correspondente ao
movimento da válvula.
CARBURADOR BÁSICO
O elemento básico ou principal da maioria dos carburadores consiste em uma passagem
de ar de geometria fixa, contendo uma restrição com a forma de ventúri. Na garganta do ventúri está
localizado um injetor de combustível e este vem de uma câmara de bóia de nível constante, ou outro
dispositivo de pressão constante. O fluxo de ar é controlado por uma válvula-borboleta a jusante do
ventúri.
O ar atravessa uma passagem com a forma de ventúri, proveniente da admissão de ar.
Essa forma é usada para diminuir a um mínimo a queda de pressão estática através do sistema. A
diferença de pressão de estagnação na entrada de ar e a pressão estática na garganta do ventúri é
usada para criar e regular a vazão de combustível. Na figura, a passagem de ar está na vertical, com
escoamento para baixo, carburador de fluxo descendente. Muitos carburadores são dispostos de
forma tal que o escoamento se processe de baixo para cima, carburadores de fluxo ascendente, e
alguns têm passagem de ar na horizontal, carburadores de fluxo horizontal. Os princípios de
operação entretanto, são os mesmos para qualquer direção do fluxo de ar.
A jusante do ventúri, na passagem de ar, encontra-se localizada uma válvula de
borboleta, que, nos motores de ignição por centelha, é o principal elemento de controle de potência.
O combustível é introduzido no ar, na garganta do ventúri, por meio de um bocal,
alimentado pela câmara de nível constante ou câmara da bóia, através de um orifício medidor de
combustível. O nível de combustível na câmara da bóia é mantido constante por meio de uma
válvula controlada pela bóia. A pressão acima do combustível é mantida igual a pressão total de
admissão de ar, por meio de um tubo de impacto, que mede a pressão total, ou de estagnação, na
entrada de ar.
SISTEMA DE MARCHA LENTA. O sistema usado para cobrir o requisito de mistura com baixas
taxas de fluxo de ar é chamado de sistema de marcha lenta, ainda que ele possa influenciar a razão
A/C em cargas bem superiores às de marcha lenta. A figura a seguir mostra um arranjo típico para
um sistema de marcha lenta. O depósito de marcha lenta é uma passagem vertical ligada à câmara
da bóia pelas partes superior e inferior. A conexão do fundo tem um orifício medidor com seção
pequena. A passagem de marcha lenta tem uma abertura de descarga localizada próximo da aresta
43
da válvula de borboleta, quando esta se encontra na posição de fechada. A extremidade inferior
aberta localiza-se próximo do fundo do depósito de marcha lenta. O tubo de ar de marcha lenta
comunica-se com a passagem, cujo formato é apresentado na figura, e é controlado por uma
restrição ajustável chamada de parafuso de ajustagem da marcha lenta.
Para marcha lenta na mais baixa rotação possível desejável, a válvula é ajustada de
encontro a um esbarro ajustável tal que ela permanece aberta apenas o suficiente para permitir o
fluxo de ar necessário. Nesse ponto, a aresta da válvula parcialmente encobre o bocal (injetor) de
marcha lenta. Através da colocação adequada da saída do injetor em relação à válvula e por meio de
ajustagem apropriada do parafuso regulador da marcha lenta, haverá suficiente sucção no tubo de
marcha lenta para elevar o combustível a uma taxa tal que forneça a razão A/C exigida pela marcha
lenta.
A abertura ulterior da válvula gradualmente expõe o injetor de marcha lenta à completa
depressão no coletor de admissão, que pode chegar a 0.7 bar abaixo da pressão atmosférica em um
motor em marcha lenta normal. Nesse ponto, a diferença de pressão entre as extremidades superior
e inferior da passagem de marcha lenta é tão grande que ela drena o depósito de marcha lenta até o
nível mostrado na figura anterior. A partir desse ponto, à medida que a válvula é aberta, haverá
sempre suficiente sucção para manter o nível de combustível no depósito de marcha lenta no fundo
do tubo de marcha lenta. A quantidade de combustível que escoa será constante e dependente da
área e do coeficiente do orifício de combustível de marcha lenta e da altura de carga.
SISTEMA DE MARCHA ACELERADA. Ao abrir-se a borboleta do acelerador, aumenta-se o fluxo de
ar através do pulverizador de compensação de ar. Em conseqüência do aumento da depressão no
difusor, o combustível, depois de passar pelo pulverizador principal, faz subir o nível no poço de
emulsão; ao mesmo tempo, o ar admitido no calibrador principal emulsiona o combustível, que será
posteriormente pulverizado no difusor. Simultaneamente, diminui a depressão no furo de descarga do
calibre de lenta e cessa o fluxo de combustível nesse ponto.
Para evitar qualquer empobrecimento indevido da mistura durante esta fase de
transição, é usual existirem um ou mais orifícios de progressão que são alimentados pelo canal do
circuito de marcha lenta.
Para fornecer o combustível adicional necessário na aceleração e nas aberturas súbitas
da borboleta do acelerador existe uma bomba de aceleração mecânica. Esta consiste num poço (ou
câmara) cheio de combustível e em um êmbolo acionado por uma mola ou um diafragma ligados à
44
borboleta. Quando esta se abre, o combustível é descarregado no difusor por ação de um injetor
integrado no circuito da bomba.
Partida do motor frio. É necessário uma razão A/C rica, com uma proporção que varia de
1:1 e 3:1. Para conseguir esta proporção, fecha-se a borboleta do afogador.
Estando frios, o carburador e o coletor de admissão dão de certo modo origem à
condensação do combustível nas paredes do coletor, dificultando seriamente a sua vaporização. Este
fator e a maior densidade do ar frio, somados a lentidão das primeiras rotações, empobrecem a
mistura.
Observação: Tubo de emulsão. O emulsionador é formado por dois tubos, um no interior do outro. O
combustível penetra nestes tubos antes de passar para a corrente de ar principal, no difusor. A
medida que aumenta o número de rotações do motor, o ar admitido por um pulverizador de
compensação, ou calibrador de ar, penetra no tubo interior, que apresenta orifícios a diferentes
níveis, ficando a mistura mais pobre.
SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA DE COMBUSTÍVEL
Os sistemas eletrônicos de injeção de combustível apresentam duas vantagens
principais sobre os sistemas mecânicos: dispõem de grande número de dispositivos de alta
sensibilidade para fornecer sempre aos cilindros a quantidade precisa de combustível e não requerem
um distribuidor mecânico de alta precisão.
Estas vantagens são evidentes nos sistemas eletrônicos mais utilizados, que operam em
pressões de combustível mais baixas que os sistemas mecânicos (1.75 a 2.1 bar). O sistema é
equipado com uma bomba de combustível elétrica que aspira combustível do reservatório num nível
superior ao que é necessário para a injeção. O combustível em excesso retorna para o reservatório
através de um regulador de pressão que evita a possibilidade de formação de bolhas de ar e de vapor
de combustível.
O injetor mantém-se fechado sob a ação de molas e são acionados por solenóides. O
volume de combustível injetado depende do tempo durante o qual o solenóide mantém o injetor
aberto. Este tempo, por sua vez, depende de um sinal que o solenóide recebe do sistema de
processamento eletrônico.
45
Este sistema de processamento eletrônico está ligado a uma série de dispositivos
sensíveis que atuam segundo diversas condições preestabelecidas do motor, tais como pressão do ar
no coletor, as temperaturas do ar admitido e do sistema de refrigeração, umidade do ar, o nível de
aceleração. Existem, ainda, sensores que atuam sobre as condições da combustão por exemplo,
sensores de detonação. Estes dispositivos permitem ao sistema de processamento determinar
instantaneamente o momento de abertura dos injetores, a razão da mistura, o avanço ou atraso da
ignição, etc.
A grande vantagem do sistema eletrônico de injeção de combustível está na rapidez de
resposta às condições de trabalho do motor. Isto proporciona alto nível de confiabilidade, controle
apurado sobre os gases de descarga (redução dos níveis de poluição) uma vez que permite uma
melhor queima da mistura, além é claro, de melhor rendimento não apenas em termos de potência,
mas também em termos de consumo.
Atualmente são utilizados dois tipos básicos de sistemas de injeção de combustível: os
sistemas que utilizam apenas um injetor (single-point), e os sistemas que operam com um injetor para
cada cilindro (multi-point). Nos dois casos os sistemas de monitoramento do motor são semelhantes.
Obviamente obtém-se melhores resultados nos sistemas "multi-ponto" (multi-point),
devido a melhor distribuição da mistura A/C, praticamente não existe perda de carga devido ao atrito
dos coletores, tendo em vista a que o combustível é injetado na janela de admissão, assim como os
problemas decorrentes da condensação do combustível nos coletores.
Por outro lado, os sistemas baseados em um único injetor proporcionam um ótimo
rendimento se comparado com os sistemas convencionais de alimentação (carburadores) pelos
motivos já abordados e se comparados com os sistemas multi-ponto oferecem um custo inferior.
PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA DE INJEÇÃO
Bico injetor. Controla o volume de combustível. Atua através de comandos enviados pela "unidade
comando eletrônico".
Regulador de pressão. Atua como limitador de pressão de combustível de 1 a 2 bar, permitindo o
retorno de combustível em excesso para o reservatório.
Bomba de combustível. Possui acionamento elétrico. Sua operação independe da rotação do motor,
mantendo assim o sistema sem flutuações de pressão.
Bobinas de ignição. Em geral, para cada dois cilindros é instalada uma bobina controlada pelo
sistema de eletrônico de ignição e pela "unidade comando eletrônico". Nestes casos dispensa o
distribuidor.
Atuador de marcha lenta. Tem a função de controlar a vazão de ar em regime de marcha lenta,
permitindo assim controle da rotação em qualquer instante de funcionamento do motor.
Unidade de Comando Eletrônico. É o centro de operação de todos os componentes do sistema de
alimentação de combustível. Tem a função de monitorar e analisar os dados enviados pelos
sensores, sinalizando ao injetor e em alguns casos ao sistema de ignição as condições de trabalho
solicitadas pelo motor.
46
3Co
Combustão em Motores
A chamada diferença fundamental entre a Ignição por Centelha (ICE)1
e a Ignição por
Compressão (ICO)2
nos Motores de Combustão Interna, não comenta sobre o tipo de
combustão que ocorre e sobre como o processo é idealizado nos Ciclos Otto e Diesel. O
processo de combustão não ocorre em um volume constante (Otto) e nem a pressão constante
(Diesel). A diferença entre os dois processos de combustão é que as máquinas de Ignição por
Centelha normalmente possuem seus reagentes pré-misturados, enquanto que nas máquinas de
Ignição por Compressão, os reagentes são misturados já na combustão.
Com a combustão de reagentes pré-misturados a mistura ar/combustível deve ser
sempre estequiométrica (quimicamente correta) para uma ignição e combustão correta. Para o
controle da potência de saída a máquina ICE é regulada reduzindo-se a massa de combustível
e/ou ar na câmara, reduzindo a eficiência do ciclo. Ao contrário, para máquinas ICO, onde
ocorre a injeção do combustível, a mistura somente é estequiométrica na frente de chama. A
saída de potência pode então ser controlada pela variação do controle da quantidade de
combustível injetado, isto colabora para sua economia de combustível superior.
Nos reagentes pré-misturados, a chama se desloca entre os mesmos, separando
reagentes dos produtos da combustão. Têm-se um exemplo de combustão com reagentes pré-
misturados num equipamento de oxi-acetileno; para soldagem, a chama é rica em combustível
para prever a oxidação do metal, enquanto, para o corte do metal, a chama é rica em oxigênio
para fundir o mesmo.
Na chama de difusão, a chama ocorre na interface entre o combustível e o comburente.
Os produtos da combustão dispersam-se no comburente, e o comburente se dispersa
completamente no produto. Processo similar ocorre no lado do combustível na chama. A
velocidade de combustão é controlada pela difusão. Um exemplo comum de uma chama de
difusão é a vela. O combustível é fundido e evaporado pela radiação provinda da chama, e
então oxidada pelo ar; o processo é claramente governado pela difusão, pois os reagentes não
estão pré-misturados.
O Bico de Bunsen, apresentado na figura 01, possui uma chama pré-misturada e uma
chama de difusão. O ar que entra pela base do queimador não é suficiente para completar a
combustão com uma simples chama pré-misturada. Conseqüentemente, uma segunda frente de
chama é estabelecida na interface onde o ar está se misturando no combustível não queimado.
1
Spark Ignition - SI
2
Compression Ignition - CI
47
4
Figura 01 - Bico de Bunsen
A física e a química da combustão foi descrita com alguns detalhes por Gaydon e
Wolfhard3
(1979) e Lewis e von Elbe4
(1961), mas nenhum livro devota muita atenção para a
combustão em um MCI. Misturas de ar/hidrocarbonetos tem velocidade laminar de queima
máxima por volta de 0,5 m/s, uma exceção notável deve ser observada na mistura ar/acetileno
com um valor de 1,58 m/s.
Um cálculo aproximado do tempo de queima da mistura em um cilindro de 10 mm de
diâmetro com ignição central é de aproximadamente 100 ms. No entanto, para uma MCI
trabalhando a 3000 rpm o tempo de combustão pode durar apenas 10 ms. Isto mostra a
importância da turbulência na velocidade de combustão para o menor tempo.
A turbulência é gerada como resultado dos processos de admissão e compressão e da
geometria da câmara de combustão. Em adição a isto pode-se gerar um movimento de ar
como uma espiral, sendo particularmente importante em motores Diesel. Isto é obtido com a
componente tangencial da velocidade do ar durante a admissão, figura 02.
Figura 02 - Espiral gerada com a Admissão
Para a combustão com reagentes pré-misturados, o efeito da turbulência está na
fragmentação ou na curvatura da frente da chama. Ali podem-se ter pacotes de gases
3
Gaydon A. G. & Wolfhard H. G. Flames, their Structure, Radiation and Temperature, 4th edn, Chapman
and Hall, London.
4
Lewis B. and von Elbe G. Combustion Flames and Explosions of Gases, 2nd edn, Academic Press, New
York.
48
5
queimados dentro do gás não queimado e vice-versa. Isto aumenta a área frontal da chama e a
velocidade da combustão. A figura 03 apresenta uma comparação entre a frente da chama
laminar e turbulenta.
Figura 03 - Comparação entre frentes laminares e turbulentas para combustão com
reagentes pré-misturados.
Para a combustão por difusão controlada, a turbulência também aumenta a velocidade
da queima. O combustível é injetado como um fino “spray” atomizado, junto ao ar que está
quente o suficiente para vaporizá-lo e produzir a queima das gotículas de combustível, figura
04.
Figura 04 - Comparação entre uma frente laminar com ar parado e uma frente turbulenta
com movimentação de ar para combustão de difusão controlada.
Sensíveis economias podem ser conseguidas apenas com pequenos ajustes necessários
para que os equipamentos operem adequadamente do ponto de vista do controle da
combustão. Entre tantos parâmetros a serem controlados, podem ser citados, a título de
exemplo, as condições de nebulização do combustível e a relação ar/combustível. Esses
parâmetros, no entanto, muitas vezes não são “visíveis”, nem intuitivos. Mesmo um operador
experimentado dificilmente conseguirá, pela observação da chama, distinguir condições de
operação em que os excessos de ar sejam 30 e 60% respectivamente.
Durante a combustão coexistem fenômenos químicos, térmicos e aerodinâmicos, para a
interpretação dos quais são propostos vários modelos, sem que haja uma completa e rigorosa
definição dos processos intermediários envolvidos. Não obstante, o levantamento e a
49
6
interpretação de determinados parâmetros que estejam a ela relacionados, direta ou
indiretamente, permitem o estabelecimento de melhores condições de operação dos
equipamentos onde se esteja processando a combustão.
Reações de combustão e Estequiometria
De maneira geral, define-se combustão como uma reação química entre duas
substâncias ditas combustível e comburente, ocorrendo a alta velocidade e alta temperatura,
onde se dá uma intensa liberação de calor com a emissão simultânea de luz, na maioria das
vezes, dependendo, entre outros fatores, do tipo de combustível.
Normalmente, o comburente utilizado é o oxigênio do ar atmosférico, por outro lado,
os combustíveis se inserem numa faixa de tipos e qualidades, muito embora possa ser dito que
a maioria daqueles utilizados industrialmente têm em sua composição, entre outros elementos,
o carbono, o hidrogênio e o enxofre.
Na prática, costuma-se fazer uma distinção entre duas formas básicas de reação de
combustão. Diz-se que a combustão é completa quando o combustível queima em sua
totalidade, ou seja, os reagentes são levados ao seu grau de oxidação máxima. As principais
reações existentes, nesse caso, são os seguintes:
C + O2 → CO2 + Q1
H2 + 1/2O2 →H2O + Q2
S + O2 → SO2 + Q3
Nas reações anteriores, Q1, Q2, Q3 representam as “quantidades de calor” liberadas em
cada uma das rações.
Além das reações acima, duas merecem ser destacadas. A primeira delas é a que leva à
formação de CO:
C + 1/2 O2 → CO + Q4
É importante observar que, desde que sejam adotadas as mesmas condições de
temperatura e pressão na qual ocorram as reações, então a “quantidade de calor” Q4 é menor
que a quantidade Q1, e portanto a combustão incompleta é um processo menos eficiente que a
combustão completa, quando o que se procura é a liberação de calor.
Outra reação é a que leva à formação de SO3:
SO2 + 1⁄2 O2→ SO3 + Q5
50
7
A quantidade de SO3 formado, na maioria das vezes, é pequena. O grande problema é
que essa substância, reagindo com o vapor d’água, forma ácido sulfúrico gasoso, o qual pode
condensar dependendo das condições de temperatura dos gases. Nesse caso, existem todos os
inconvenientes da corrosão provocada pela deposição da substância ácida em paredes.
A condensação do ácido sulfúrico é um fenômeno que deve ser cuidadosamente
analisado, quando se pensa em instalar um recuperador de calor na chaminé de um
equipamento.
Para cálculos práticos, pode-se admitir que no máximo 3% de SO2 se transforma em
SO3. Assim, admitindo um excesso de ar de 30%, a temperatura de condensação do ácido
sulfúrico, para os gases de combustão de óleo BPF (4% de enxofre), será da ordem de 120ºC
(ver figura b.1), no caso do óleo BTE(0,9% de enxofre) de 90ºC. Esses valores são válidos
para pressão total da ordem de 1,013.105
Pa (760mmHg).
Dessa forma, quando se quer evitar a corrosão da chaminé, é conveniente manter a
temperatura dos gases 40 ou 50ºC acima do ponto de orvalho.
Para se utilizar o monograma da figura 1, calcula-se:
( )%SO3 base seca
numero de moles de SO nos gases
numero total de moles de gases secos
3
=
P do vapor d'água =
numero de moles da agua
numero total de moles
P dos gasesparcial total•
III. Poder calorífico
A cada uma das reações elementares de combustão completa está associada uma
quantidade de calor liberada característica, denominada calor de reação. Em geral, para os
combustíveis industriais, costuma-se determinar, experimentalmente, a quantidade de calor
liberada (poder calorífico) por uma amostra, mediante a realização de ensaio em laboratório,
sob condições padronizadas.
É importante definir-se claramente o poder calorífico, para que se possa estabelecer
uma terminologia comum entre a entidade que ensaia o combustível e aquela que vai se utilizar
do resultado.
Mais explicitamente, entende-se por poder calorífico de um combustível o calor
liberado durante a combustão completa de um quilograma do mesmo (no caso de
combustíveis sólidos e líquidos), ou de um normal metro cúbico (no caso de combustíveis
gasosos).
Os combustíveis normalmente utilizados contêm hidrogênio e muitas vezes umidade.
Durante a combustão, a água produzida pela oxidação do hidrogênio, acrescida da umidade do
combustível, passa a fazer parte dos produtos de combustão. Se durante o ensaio as
condições são tais que esta água se condensa, o calor liberado durante a combustão, e assim
medido, denomina-se poder calorífico superior (PCS). Caso não se considere a possibilidade
de condensação, ter-se-á o poder calorífico inferior (PCI).
51
8
Além disso, é preciso estabelecer condições padronizadas de pressão e temperatura, nas
quais o ensaio é realizado ou o resultado é apresentado. Normalmente, adota-se a pressão de
1 atm e temperatura de 20ºC como condições padrão para os reagentes e os produtos após a
combustão, e nesse caso o poder calorífico é dito à pressão constante.
O valor fornecido pelos ensaios usuais é o PCS, sendo que o PCI pode ser
determinado, analiticamente, a partir do PCS e da composição elementar do combustível. Essa
fórmula é apresentada na tabela B.6.
Os poderes caloríficos podem ainda ser determinados através de fórmulas empíricas,
que levam em conta a composição elementar do combustível, desde que se conheçam as
entalpias de reação de cada uma das reações dos elementos anteriormente vistas. No entanto,
usando tal procedimento, pode-se chegar a erros consideráveis em certos casos.
A tabela B.1 apresenta o poder calorífico superior e inferior de alguns combustíveis
sólidos e líquidos, bem como suas composições elementares.
A tabela B.2 apresenta parâmetros análogos para gases pobres típicos, obtidos pela
gaseificação de carvão vegetal e madeira. Nesse caso, são fornecidas as composições
volumétricas dos gases secos, em termos, de componentes básicos. São apresentados também
os poderes caloríficos dos gases secos, valores calculados e não obtidos por ensaio.
TABELA B.1
Composição elementar e poder calorífico aproximados de alguns combustíveis sólidos e líquidos
Comb. Óleo a
(BPF) (a)
Óleo C
(OC-4) (a)
Óleo D
(BTE) (a)
Óleo E
(a)
Óleo
Diesel (b)
Querosene
(b)
Carvão
Min. (c)
Carvão
Min. (c)
Lenha Seca
(d)
C(%)
C
O H(%)
M
P O(%)
O
N S(%)
E
N N(%)
T
E H2O(%)
S
Cinzas(%)
84,8
11,1
---
4,0
---
traços
traços
85,4
12,3
---
2,3
---
traços
---
87,4
11,8
---
0,7
---
traços
traços
85,6
10,4
---
4,0
---
---
---
86,0
13,1
---
0,9
---
---
---
85,6
14,3
---
0,1
---
---
---
41,5
3,1
8,4
1,2
0,8
base seca
45,0
52,3
3,7
9,6
0,5
0,9
base seca
32,5
50,2
6,3
43,1
---
0,06
base seca
0,38
PCS (kJ/kg)
(kcal/kg)
41,940
(10,020)
44,330
(10,590)
43,870
(10,480)
42,070
(10,050)
45,460
(10,860)
46,510
(11,110)
16,700
(3,990)
21,120
(5,045)
15,910
(3,800)
PCI (kJ/kg)
(kcal/kg)
39,470
(9,430)
41,610
(9,940)
41,270
(9,860)
39,770
(9,500)
42,570
(10,170)
43,370
(10,360)
16,020
(3,827)
20,300
(4,850)
14,530
(3,470)
(a) Valores fornecidos pela Shell Brasil S.A. (Petróleo), obtidos dos certificados de qualidade da refinaria “Relan”. Anos de 1977.(b)
Teores de carbono e hidrogênio, bem como os poderes caloríficos, estimados a partir dos teores de enxofre e densidade médios, obtidos
junto a Shell Brasil S.A. (Petróleo), para óleos provenientes da refinaria “Relan”. (c) Fonte: (2). (d) Fonte: (3)
52
9
TABELA B.2
Composição volumétrica e poderes caloríficos de
gases pobres secos
Combustível
Gás de carvão Vegetal
(a)
Gás de
Madeira (b)
Composição volumétrica dos gases secos (%)
CO2
O2
CO
CH4
H2
N2
7,9
0,3
29,7
0,5
13,8
47,8
8,5
0,3
28,1
0,8
13,6
48,6
PCS dos gases secos (kJ/kg)
(PCS em kcal/kg)
5690
(1360)
5610
(1340)
PCI dos gases secos (kJ/kg)
(PCI em kcal/kg)
5400
(1290)
5320
(1270)
(a) Valores médios obtidos em ensaios realizados em gaseificador instalado no IPT. O
gaseificador é do tipo leito fixo descendente com fluxo em contracorrente, tendo ar e vapor
d’água como agente gaseificantes.
(b) Valores médios obtidos em ensaios realizados pelo IPT, em gaseificador instalado em
indústria particular. O gaseificador é do tipo leito fixo descendente, com fluxos em
contracorrentes, tendo ar e vapor d’água como agentes gaseificantes.
53
10
IV. Estequiometria da combustão
Quando o oxigênio consumido é o necessário e suficiente para queimar completamente
os elementos combustíveis, diz-se que a reação é estequiométrica. Quando a quantidade de
oxigênio é maior, fala-se em excesso de oxigênio; em caso contrário, fala-se em falta de
oxigênio, situação na qual não se realiza a combustão completa, podendo formar-se CO e até
partículas de carbono, estas últimas constituindo o que se denomina fuligem.
Como usualmente o oxigênio é retirado do ar atmosférico, fala-se em excesso de ar ou
falta de ar, sendo este constituído basicamente de oxigênio (O2) e nitrogênio (N2), na
proporção indicada na Tabela B.3.
Tabela B.3
Composição aproximada do ar atmosférico seco(a)
Volume (%) Massa(%)
Nitrogênio 79 77
Oxigênio 21 23
Densidade 1,293kg/Nm3(b)
(a) O ar atmosférico carrega consigo uma dada quantidade de unidade, que depende
das condições atmosféricas, e é determinável através de consulta à carta
psicrométrica; na falta de melhores dados, pode-se adotar a umidade ω=0,010 kg de
vapor d’água/kg ar seco que representa um valor médio para a cidade de São Paulo.
(b) O normal metro cúbico (Nm3
) identifica uma massa de gás com volume medido
de 1 m3
, estando este nas condições normais de temperatura e pressão, ou seja,
temperatura absoluta de 273,16 K (0ºC) e pressão absoluta de 1,013x105
Pa
(760mmHg). Para se determinar o volume da massa de gás em outras condições,
deve-se aplicar:
V=370,84T/p: onde T = temperatura absoluta do ar em Kelvin (K) e, P = pressão
absoluta do ar em Pascal(Pa).
Assim, para cada 4,76 unidades de volume de ar consumidos na combustão, apenas
uma (21% de oxigênio) realmente participa das reações sendo as restantes 3,76 constituídas de
nitrogênio. Esse gás, por sua vez, sendo inerte, apenas contribui para abaixar a temperatura de
chama na combustão.
A partir das reações básicas de combustão, é possível determinar a quantidade de ar
consumido, bem como a quantidade de gases gerados, em massa e em volume.
Na tabela B.4 são consideradas as equações básicas para uma queima completa e
estequiométrica do carbono, do hidrogênio e do enxofre.
54
11
TABELA B.4
Equações básicas de combustão
C + O2 → CO2
12kg 33kg 44kg
12kg 22,4Nm3
22,4Nm3
Ar de combustão seco: 22,4/12 . 4,76 = 8,88Nm3
/kg de C
ou 8,88.1,293 = 11,48kg/kg de C
H2 + 1/2O2 → H2O
2kg 16kg 18kg
2kg 11,2Nm3
22,4Nm3
Ar de combustão seco: 11,2/2 . 4,76 = 26,7 Nm3
/kg de H2
ou 26,7 . 1,293 = 34,52 kg/kg de H2
S + O2 → SO2
32 kg 32kg 64 kg
32 kg 22,4Nm3
22,4 Nm3
Ar de combustão seco: 22,4/32 . 4,76 = 3,33 Nm3
/kg de S
ou 3,33 . 1,293 = 4,31 kg/kg de S
Conhecendo-se então, os coeficientes assinalados na tabela B.4 e a composição
elementar do combustível, é possível obter a quantidade de ar necessária para sua
estequiométrica.
Na tabela B.5 são apresentados alguns valores de referência de massas de ar
estequiométrica para alguns combustíveis.
55
TABELA B.5
Ar e gases de combustão para queima estequiométrica
AR DE COMBUSTÃO(a)
GASES DE
COMBUSTÃO(b)
kg/kg de
combustível
Nm3
/kg de
combustível
kg/kg de
comb.
Nm3
/kg
de comb.
Óleo A(BPF)
Óleo C(OC-4)
Óleo D(BTE)
Óleo E
Óleo Diesel
Querosene
Gás de nafta
Gás pobre de carvão
vegetal (vide tabela B.2)
Propano
GLP
Lenha seca (vide tabela
B.1)
Carvão Mineral com
32,5% de cinzas (vide
tabela B.1)
13,8
14,3
14,3
13,7
14,6
14,9
7,6
1,2
15,8
15,7
6,1
7,0
10,8
11,1
11,1
10,7
11,4
11,6
6,0
0,95
12,3
12,2
4,8
5,4
14,8
15,3
15,3
14,7
15,6
15,9
8,6
2,2
16,8
16,7
7,1
7,6
11,4
11,8
11,8
11,3
12,1
12,4
7,0
1,6
13,3
13,2
5,4
5,7
(a) Ar atmosférico úmido com umidade ω=0,010kg de vapor d’água/kg de ar seco.
(b) Gases de combustão úmidos.
Na maioria das vezes, no entanto, a combustão se processa com excesso de ar. Define-
se então, o coeficiente de excesso de ar (c) como sendo:
c
massa de ar utilizado - massa de ar estequiometrico
massa de ar estequiometrico
=
56
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Motores de Combustão Interna: Introdução e Classificação

  • 1. Máquinas Térmicas Apostila de Motores de Combustão Interna
  • 2. APOSTILA DE MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA INTRODUÇÃO Os motores de combustão podem ser classificados como de: • COMBUSTÃO EXTERNA: no qual o fluido de trabalho está completamente separado da mistura ar/combustível, sendo o calor dos produtos da combustão transferido através das paredes de um reservatório ou caldeira, ou de • COMBUSTÃO INTERNA, no qual o fluido de trabalho consiste nos produtos da combustão da mistura de ar/combustível. Uma vantagem fundamental do motor alternativo de combustão interna, sobre as instalações de potência de outros tipos, consiste na ausência de trocadores de calor no circuito do fluido de trabalho, tal como a caldeira e condensador de uma instalação a vapor. A ausência dessas peças não apenas conduz à simplificação mecânica mas, também, elimina a perda inerente ao processo de transmissão de calor através de um trocador de área finita. O motor alternativo de combustão interna possui outra vantagem fundamental importante sobre a instalação a vapor ou turbina a gás, a saber: todas as peças podem trabalhar a temperaturas bem abaixo da máxima temperatura cíclica. Este detalhe possibilita o uso de temperaturas cíclicas bastante altas e torna possível alta eficiência. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA Vantagens Desvantagens • arranque rápido • trabalho em rotações relativamente baixas • pequeno tamanho • fácil manutenção • limitação de potência • não utilização de combustíveis sólidos • peso elevado para potência • elevado número de peças • baixa eficiência VANTAGENS PARA O MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA ALTERNATIVO SOBRE INSTALAÇÕES DE TURBINAS DE VAPOR: 1. Maior eficiência máxima; 2. Menor razão de peso e volume da instalação para a potência máxima (exceto, possivelmente, no caso de unidades maiores do que 7353 kW ou 10.000 CV); 3. Maior simplicidade mecânica; 4. O sistema de refrigeração de um motor de combustão interna transfere uma quantidade de calor muito menor do que o condensador de uma instalação a vapor de igual potência e, normalmente,é operada com temperaturas mais elevadas na superfície. O menor tamanho do trocador de calor é uma vantagem nos veículos de transporte e em outras aplicações, nas quais o resfriamento deve ser feito por meio de ar atmosférico. 2
  • 3. VANTAGENS PRÁTICAS DA INSTALAÇÃO A VAPOR SOBRE O MOTOR ALTERNATIVO DE COMBUSTÃO INTERNA 1. A instalação a vapor pode usar maior variedade de combustíveis, incluindo os sólidos; 2. Menos suscetíveis a vibrar; 3. A turbina a vapor é prática nas unidades de grande potência (de 147000 kW ou mais) em um único eixo. CLASSIFICAÇÃO DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA (MCI) Os MCI podem ser classificados em: a) Quanto a propriedade do gás na admissão: • ar (Diesel) • mistura ar-combustível (Otto) b) Quanto à ignição • por centelha (ICE) [spark ignition (SI)] • por compressão (ICO) [compression ignition (CI)] c) Quanto ao movimento do pistão • Alternativo (Otto, Diesel) • Rotativo (Wankel, Quasiturbine) d) Quanto ao ciclo de trabalho • 2 tempos • 4 tempos e) Quanto ao número de cilindros • monocilíndricos • policilíndricos f) Quanto à disposição dos cilindros • em linha à opostos (boxer) • em V à em estrela (radial) g) Quanto à utilização • ESTACIONÁRIOS - Destinados ao acionamento de máquinas estacionárias, tais como • Geradores, máquinas de solda, bombas ou outras máquinas que operam em rotação constante; • INDUSTRIAIS - Destinados ao acionamento de máquinas de construção civil, tais como tratores,carregadeiras, guindastes, compressores de ar, máquinas de mineração, veículos de operação fora-de-estrada, acionamento de sistemas hidrostáticos e outras aplicações onde se exijam características especiais específicas do acionador; • VEICULARES - Destinados ao acionamento de veículos de transporte em geral, tais como caminhões e ônibus; • MARÍTIMOS - Destinados à propulsão de barcos e máquinas de uso naval. Conforme o tipo de serviço e o regime de trabalho da embarcação, existe uma vasta gama de modelos com características apropriadas, conforme o uso. (Laser, trabalho comercial leve, pesado, médio- contínuo e contínuo) 3
  • 4. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES: Também pode-se classificar os motores de combustão interna segundo os vários sistemas que os compõem, por exemplo: · ADMISSÃO DE COMBUSTÍVEL .. Motores com carburação (Otto) .. Motores com injeção (Diesel, Otto) · REFRIGERAÇÃO .. Ar (natural ou forçada) .. Água (termo-sifão, forçada) · IGNIÇÃO .. Magneto .. Bateria · DISPOSIÇÃO DAS VÁLVULAS .. em I, L, T, F · DISPOSIÇÃO DO COMANDO DE VÁLVULAS .. no bloco .. no cabeçote (OHC, DOHC) 4
  • 5. COMPARAÇÃO ENTRE MOTOR OTTO E MOTOR DIESEL MOTOR OTTO MOTOR DIESEL ADMISSÃO DE COMBUSTÍVEL CARBURAÇÃO INJEÇÃO INJEÇÃO ALTERAÇÃO DA ROTAÇÃO MISTURA A/C COMBUSTÍVEL IGNIÇÃO FONTE EXTERNA AUTO IGNIÇÃO TAXA DE COMPRESSÃO 6 a 9 gasolina 9 a 14 álcool 14 a 22 DESPERDÍCIO DE COMBUSTÍVEL HÁ DESPERDÍCIO (lavagem de anéis) NÃO HÁ TIPO DE COMBUSTÍVEL LEVES PESADOS MOTORES ROTATIVO DE DESLOCAMENTO - MOTOR WANKEL São motores nos quais um membro rotativo é disposto de forma a variar o volume de trabalho de maneira análoga ao de um compressor do tipo palheta, ou por meio de alguma espécie de movimento excêntrico de um rotor em um espaço cilíndrico (usualmente não circular). O problema mais difícil em tais motores é a selagem da câmara de combustão contra vazamento sem excessivo atrito e desgaste. Esse problema é bem mais difícil do que o de anéis de segmento convencionais, devido às seguintes razões: 1. “contato de linha” em lugar de contato de superfície; 2. as superfícies a selar são descontínuas, com arestas vivas; 3. a velocidade do selo é elevada durante parte do ciclo de alta pressão, em contraste com anéis de segmento, cuja velocidade é próxima de zero na máxima pressão do cilindro. O motor WANKEL é um motor deste tipo. Ele ainda se encontra sob intenso desenvolvimento. Embora se diga que o problema de selagem esteja resolvido, não parece razoável aceitar que a solução seja tão satisfatória quanto a do moderno anel de segmento. Em geral, o objetivo dos projetos de motores rotativos de deslocamento foi de evitar vibração, redução de tamanho, peso e redução de custo em comparação com os tipos convencionais. A única vantagem básica desse tipo de motor está no fato de ser alta a relação volume de deslocamento para volume total do motor, obtendo-se assim, maiores potências. 5
  • 6. TURBINAS A GÁS O conceito de turbina a gás é antigo, mas ele não se concretizou como fonte prática de potência até após a II. Guerra Mundial. Seu desenvolvimento comercial foi estimulado pela introdução bem sucedida dos motores turbojatos em aviões ingleses e alemães, próximo ao final da guerra. Na maior parte das realizações atuais, o conjunto é formado por várias câmaras de combustão (de 2 a 6), possuindo cada uma delas de seu injetor. Esta disposição assegura uma melhor utilização do combustível e permite maior flexibilidade de funcionamento. 6
  • 7. CICLOS DE POTÊNCIA Ciclo de Carnot Para entender melhor, colocaremos aqui, de forma resumida o ciclo desenvolvido por um motor térmico, teórico, chamado Ciclo de Carnot. Sadi Carnot (1796-1832) publicou em 1823 uma brochura intitulada “Reflexões sobre a potência motriz do fogo”. Enunciava aí um ciclo ideal que, partindo da transformação de gases perfeitos, deveria ter um rendimento de aproximadamente 72%, o qual, aliás, nunca atingido por um motor térmico real. Conhecido com o nome de “Ciclo de Carnot”, este ciclo teórico se compõe das seguintes fases: 12 = compressão isotérmica 23 = compressão adiabática 34 = expansão isotérmica 41 = expansão adiabática (Figura 30) O ciclo de Carnot não pode ser objeto de nenhuma realização na prática. Pode ser descrito teoricamente da seguinte maneira: Primeira fase: compressão isotérmica uma massa gasosa é introduzida no cilindro e depois comprimida pelo pistão “temperatura constante”, sendo o cilindro esfriado durante esta fase. Segunda fase: compressão adiabática Sendo interrompido o resfriamento do cilindro, continua-se a compressão rapidamente de modo que nenhuma troca de calor tenha lugar entre o gás e o cilindro. Terceira fase: expansão isotérmica Ao passo que, durante a compressão isotérmica o cilindro deve ser resfriado, durante a expansão isotérmica, este mesmo cilindro exige aquecimento para tornar a temperatura constante. Quarta fase: expansão adiabática Continuando o repouso, faz-se cessar o reaquecimento do cilindro para que essa fase se efetue sem troca de calor com o cilindro e que a massa gasosa retome o volume e a pressão que possuía no início da primeira fase Figura 30 - Diagrama do Ciclo de Carnot O rendimento de um ciclo de Carnot depende somente das temperaturas nas quais o calor é fornecido ou rejeitado, dado pela relação: 7
  • 8. ηt L H T T T T T T = − = − = −1 1 14 1 3 2 O rendimento também pode ser expresso pela relação de pressão ou taxa de compressão, durante os processos isoentrópicos: taxa de pressão isoentrópica ( ) r P P P P T Tps k k = = =       − 1 4 2 3 3 2 1 taxa de compressão isoentrópica ( ) r V V V V T T vs k = = =       − 4 1 3 2 3 2 1 1 Portanto: ( )ηt ps k k vs k r r= − = − − − 1 1 1 1 Ciclos de Otto e Diesel Nos dois processos que ocorrem nos Motores de Combustão Interna Alternativos de dois e quatro tempos, podemos ainda incluir uma subdivisão: 1) MCI trabalhando a quatro tempos: a) Ciclo Otto; b) Ciclo Diesel. 2) MCI trabalhando a dois tempos: a) Ciclo Otto; b) Ciclo Diesel. Ciclo Otto (Volume Constante) Em 1862, Beau de Rochas enunciou o ciclo de “quatro tempos” que, primeiramente, o alemão Otto aplicara a um motor térmico, de onde surgiu em algumas obras a designação de “Ciclo Otto”. Teoricamente, o ciclo enuncia-se da seguinte maneira: o enchimento do cilindro efetua-se com a pressão atmosférica, pois que: AB = Compressão adiabática; BC = Elevação brutal da pressão em volume constante; CD = Expansão adiabática; DA = Baixa brutal de pressão em volume constante. O esvaziamento do cilindro se efetua em pressão atmosférica. Primeira fase: compressão adiabática Efetuada de maneira adiabática, a compressão leva os gases a uma certa temperatura, contudo insuficiente para provocar a inflamação. Segunda fase: transformação isovolumétrica 8
  • 9. Introduz-se uma fonte quente destinada a elevar instantaneamente a pressão dos gases (faísca elétrica) sem que o pistão tenha tempo de deslocar-se durante essa transformação de volume constante. Terceira fase: expansão adiabática Terminada a inflamação, a massa gasosa distende-se de maneira adiabática e o fim dessa distensão corresponde a uma baixa sensível de pressão. Quarta fase: expansão isocórica A abertura do escapamento provoca uma baixa brutal de pressão que leva o interior do cilindro à pressão atmosférica enquanto o pistão bascular em ponto morto (volume constante). Na Figura 31, observa-se os diagramas teórico e real do ciclo em questão. Observe-se que o ciclo real é sensivelmente diferente. Figura 31 - Diagramas do ciclo de Beau de Rochas. A) diagrama teórico B) diagrama real. O ciclo se aproxima do motor de combustão interna de ignição por centelha. Determina-se o rendimento térmico desse ciclo como se segue, admitindo-se constante o calor específico do ar: ( )ηt H L H A B v k v k Q Q Q T T r r = − = − = − = − − − 1 1 1 11 1 Ciclo Quatro Tempos, Ciclo Otto O ciclo segue os tempos indicados anteriormente sendo que, no 1º tempo, admite-se uma mistura ar- combustível. A combustão é iniciada por uma centelha (spark), gerada no interior do cilindro por uma vela (spark plug). A mistura ar-combustível, que é feita pelo carburador ou pela injeção eletrônica, é preparara aproximadamente nas seguintes proporções: 14,8:1 - 14,8 partes de ar para 1 parte de gasolina 9,0:1 - 9,0 partes de ar para 1 parte de álcool A mistura entra no cilindro à pressão atmosférica e é comprimida pelo cilindro. Nos motores a gasolina, a taxa de compressão é, aproximadamente, de 9:1 e, nos a álcool, 12:1. Ciclo Dois Tempos, Ciclo Otto São utilizados principalmente em veículos motores de duas rodas, motocicletas. São motores mais simples e leves, possuem cerca de 70 a 90% de potência a mais do que um motor de quatro tempos de mesma cilindrada. Em contrapartida são mais poluentes (devido à queima de óleo lubrificante que é misturado ao combustível no carter durante a pré-compressão). 9
  • 10. Ciclo de Diesel (Volume Constante) Quando Diesel se interessou pelo motor térmico, procurou realizar industrialmente um motor concebido segundo o ciclo de Sadi Carnot. Sabe-se que a realização deste primeiro motor manifestou-se impossível. Diesel abandonou este ciclo, devido aos perigos que o mesmo apresentava pela compressão elevada demais (250kg); substituiu-o por um ciclo mais simples, conhecido como o nome de “ciclo Diesel”, cujo detalhe dá-se em seguida. Figura 32 - Diagramas do ciclo de Rudolf Diesel. A) diagrama teórico B) diagrama real. O enchimento e o esvaziamento do cilindro efetua-se com a pressão atmosférica, pois que: AB = compressão adiabática do ar puro aspirado antes; BC = combustão em pressão constante; CD = expansão adiabática; DA = baixa brutal da pressão. Primeira fase: compressão adiabática O ar puro aspirado anteriormente é comprimido e atinge uma temperatura suficiente para provocar a inflamação do combustível injetado. Segunda fase: compressão isobárica No começo da distensão, a combustão efetua-se em pressão constante, quando o volume aumenta e a expansão dos gases compensa a queda de pressão devida ao aumento de volume. Terceira fase: expansão adiabática A expansão efetua-se sem troca de calor com as paredes do cilindro. Quarta fase: baixa de pressão A abertura brutal do escapamento produz uma queda rápida da pressão enquanto o pistão báscula em ponto morto (volume constante). O ciclo Diesel aplica-se aos motores lentos estudados para a propulsão dos barcos. Dificilmente realizável em um motor de regime elevado, carros leves e veículos industriais, os engenheiros que continuaram o trabalho de Diesel o substituíram por um motor de ciclo misto cujo funcionamento relaciona-se ao mesmo tempo com o ciclo Diesel e com o de Beau de Rochas (Otto). O rendimento do ciclo Diesel é dado pela relação: 10
  • 11. ( ) ( ) ( ) ( ) ηt L H v D A p C B A D A B C B Q Q C T T C T T T T T kT T T = − = − − − = − − − 1 1 1 1 1 É importante notar que, no ciclo Diesel, a razão de compressão isoentrópica é maior do que a razão de expansão isoentrópica. Ciclo Quatro Tempos, Ciclo Diesel O engenheiro Rudolf Diesel (1858-1913), em fevereiro de 1892 publicou em Berlim um fascículo intitulado “Teoria e construção de um motor térmico racional” onde expunha suas idéias para a realização prática do ciclo de Carnot. Ainda na Alemanha, começa a construção do seu primeiro motor em Ausburgo. Em 1897, utilizando um já melhorado (monocilíndrico, diâmetro de 250mm, curso de 400mm e consumo de 247g de combustível por cavalo e por hora), desenvolve 20HP a 172rpm e rendimento térmico de 26,2% (os motores a gasolina rendiam 20% e os a vapor 10%). O motor desenvolvido, trabalhando a quatro tempos, possui basicamente duas grandes diferenças de um motor a gasolina: 1. O motor aspira e comprime apenas ar. 2. Um sistema de injeção dosa, distribui e pulveriza o combustível em direção dos cilindros. O combustível inflama-se ao entrar em contato com o ar, fortemente aquecido pela compressão. Utiliza taxa de compressão de, aproximadamente 19:1. Ciclo Dois Tempos, Ciclo Diesel O motor Diesel a dois tempos não trabalha com uma pré-compressão no carter. Ele tem carregamento forçado por meio de um compressor volumétrico (rotativo) ou de uma ventoinha. Possui também um sistema de lubrificação semelhante aos motores de quatro tempos, isto é, leva óleo no carter e possui bomba de óleo, filtro, etc. Vê-se, na Figura 88, um exemplo de motor Diesel dois tempos. Estando os orifícios de escapamento e de admissão fechados pelo pistão, que está aproximando-se do ponto morto superior, o combustível é injetado no cilindro e a combustão começa. As pressões elevadas, geradas pela combustão no tempo motor repelem em sentido oposto o pistão, que age na biela fazendo o virabrequim girar. 11
  • 12. No fim do tempo motor, a posição do pistão permite a abertura do orifício de escapamento. A saída foi estudada de modo a garantir a evacuação rápida dos gases queimados no coletor de escapamento. Imediatamente depois, o orifício de admissão é descoberto e o ar contido na câmara de ar alimentada pelo compressor em baixa pressão entra precipitadamente no cilindro, expelindo os gases queimados residuais pelos orifícios de escapamento. Figura 33 - Esquema de funcionamento do Motor Diesel 2 tempos. Vantagens: O motor de dois tempos, com o mesmo dimensionamento e rpm, dá uma maior potência que o motor de quatro tempos e o torque é mais uniforme. Faltam os órgãos de distribuição dos cilindros, substituídos pelos pistões, combinados com as fendas de escape e combustão, assim como as de carga. Desvantagens: Além das bombas especiais de exaustão e de carga, com menor poder calorífico e consumo de combustível relativamente elevado; carga calorífica consideravelmente mais elevada que num motor de quatro tempos, de igual dimensionamento. SO = fendas de exaustão abertas; SS = fendas fechadas. De AO a SO expandem-se os gases de combustão; de AS até SS carga posterior (à vezes a alta pressão). Pode-se tomar como valores médios para os pontos de distribuição: AO ~ 70° antes do PMI; AS � 30° depois do PMI; SO = 40° antes do PMI; SS ~ 40° depois do PMI. EB = início da injeção; EE = fim da injeção. Figura 34 - Gráfico de pressões em um motor Diesel de dois tempos com válvula de admissão no cabeçote e fendas de exaustão por fluxo contínuo. Ciclo Misto O ciclo misto aplica-se aos motores Diesel modernos. A Figura 90, que segue, mostra os diagramas teórico e real. 12
  • 13. onde AB = compressão adiabática BC = combustão isovolumétrica (isocórica); CD = expansão isobárica; DE = expansão adiabática; EA = queda rápida na pressão. A comparação dos diagramas mostra bem que esses dois ciclos se assemelham no plano prático; é que na realidade o motor a gasolina não é completamente de pressão variável e de volume constante, mas se aproxima do ciclo misto porque a “explosão” dos gases é apenas uma combustão rápida, mas não instantânea
  • 14. PRINCIPAIS COMPONENTES DOS MCI Os principais componentes de um MCI são: • Órgãos (ou peças) fixos: 1. bloco do motor cylinder crankcase 2. cabeçote head 3. cárter crankcase • Órgãos móveis: 1. pistão (êmbolo) piston 2. biela connecting rod 3. árvore de manivelas (virabrequim) camshaft 4. válvulas de admissão e escape intake and exaust valves 5. árvore de comando de válvulas camshaft Bloco do Motor É o motor propriamente dito, onde são usinados os cilindros ou os furos para a colocação destes; os motores arrefecidos a ar levam cilindros aletados, possuindo, geralmente, bloco baixo permitindo que os cilindros fiquem expostos à circulação do ar de arrefecimento. Na parte inferior do bloco estão os alojamentos dos mancais centrais, onde se apóia o eixo de manivelas (virabrequim). Nos motores horizontais (e.g., do fusca), de cilindros opostos, o eixo de manivelas acha-se no centro do bloco, este, por sua vez, é composto de duas partes justapostas, afixadas por parafusos. Figura 36.
  • 15. Cabeçote É uma espécie de tampa do motor contra a qual o pistão comprime a mistura, no caso do ciclo Otto, ou o ar, no caso do Diesel. Geralmente possui furos com roscas onde são instaladas as velas de ignição ou os bicos injetores e onde estão instaladas as válvulas de admissão e escape com os respectivos dutos. Figura 37. Carter Parte inferior do bloco, cobrindo os componentes inferiores do motor, e onde está depositado o óleo lubrificante. Figura 36 - Bloco do Motor Pistão É a parte móvel da câmara de combustão, recebe a força de expansão dos gases queimados, transmitido-a à biela, por intermédio de um pino de aço (pino do pistão). É em geral fabricado em liga de alumínio. Figura 93. Figura 37 - Cabeçote 14
  • 16. Biela Braço de ligação entre o pistão e o eixo de manivelas; recebe o impulso do pistão, transmitindo-o ao eixo de manivelas (virabrequim). É importante salientar que o conjunto biela-virabrequim transforma o movimento retilíneo do pistão em movimento rotativo do virabrequim. Figura 38. Virabrequim (Eixo de manivelas, Árvore de manivelas) Eixo motor propriamente dito, o qual, na maioria das vezes, é instalado na parte inferior do bloco, recebendo ainda as bielas que lhe imprimem movimento. Figura 94. Eixo Comando de Válvulas (Árvore Comando da Distribuição) A função deste eixo é abrir as válvulas de admissão e escape, respectivamente, nos tempos de admissão e escapamento. É acionado pelo eixo de manivelas, através de engrenagem, corrente ou ainda, correia dentada. É dotado de ressaltos que elevam o conjunto: tucho, haste, balancim abrindo as válvulas no momento oportuno. Figura 38. Figura 38 – Biela, Pistão e Bronzinas Válvulas Existem dois tipos: de admissão e de escape. A primeira abre-se para permitir a entrada da mistura combustível/ar (ou ar puro, conforme o caso) no interior do cilindro. A outra, de escape, abre-se para dar saída aos gases queimados. Figura 94. 15
  • 17. Conjunto de Acionamento das Válvulas Compreende o tucho e uma haste, que o interliga ao balancim, apoiando-se diretamente sobre a válvula. No momento em que o eixo comando de válvulas gira, o ressalto deste aciona o tucho, que por sua vez move a haste, fazendo com que o balancim transmita o movimento à válvula, abrindo-a. Há um conjunto destes (tucho, haste, balancim) para cada ressalto, i. e., um para cada válvula, tanto de admissão quanto de escape. Figura 39. Figura 39 - Eixos, tuchos e válvulas 16
  • 18. COMPONENTES DO MOTOR ÓRGÃOS FIXOS BLOCO DE CILINDROS. Os materiais do bloco de cilindros incluem o ferro fundido, alumínio fundido, alumínio forjado e aço forjado, usualmente soldado no último caso. O tipo apropriado depende principalmente das considerações do tipo de motor e custos de fabricação vérsus a importância da economia de peso. O uso do alumínio em lugar do ferro fundido resulta em melhor dissipação de calor e redução do peso. CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO DE BLOCOS FUNDIDOS. Os princípios gerais a serem seguidos no projeto de bloco de cilindros fundidos incluem os seguintes itens: 1. As seções espessas esfriam mais lentamente do que as delgadas e mudanças abruptas na espessura da seção devem ser evitadas sempre que possível, a fim de reduzir ao mínimo as deformações e fissuras de contração. 2. Evitar grandes seções planas. Curvar todas as grandes seções delgadas. 3. Nervuras. O costume de adição de “nervuras” ou “almas” delgadas para melhorar à flexão usualmente tem efeito oposto. É que a nervura age como um elevador de tensão e não deve ser usada quando se quer elevar a resistência à flexão. Seu uso para outras finalidades como, por exemplo, resfriamento ou redução de vibração, é permissível, contanto que a tensão adicionada não seja crítica. A adição do material da nervura à espessura da seção é uma prática melhor de se utilizar o material adicional. 4. Evitar furos para redução de peso, uma vez que as tensões concentra-se em tais aberturas. O bloco de cilindros é freqüentemente fundido numa peça única com o cárter superior do motor; isto, favorece uma montagem precisa dos elementos mecânicos internos (virabrequim, bielas e pistões). DEFINIÇÕES Ponto Morto Superior e Ponto Morto Inferior Ponto Morto Superior (PMS) {TDC - Top Dead Center} e o Ponto Morto Inferior (PMI) {BDC - Bottom Dead Center}, são nestas posições onde o êmbolo muda de sentido de movimento estando no seu máximo (PMS) ou no seu mínimo (PMI), conforme a Figura 1. 17
  • 19. Figura 1 - Curso do Pistão Cilindrada É o volume total deslocado pelo pistão entre o P.M.I. e o P.M.S., multiplicado pelo número de cilindros do motor. É indicada em centímetros cúbicos (cm³) e tem a seguinte fórmula: cilindrosNCurso D C .. 4 . 2         = π (em cm³) Tomando como exemplo o motor de um Ômega GLS (GM). De seu catálogo têm-se os seguintes dados: Motor Dianteiro Longitudinal M.P.F.I. Número de Cilindros à 04 Diâmetro cilindro à 86,0 mm Curso do pistão à 86,0 mm Taxa de Compressão à 9,2:1 assim: cm³229,19984.6,8. 4 6,8. 2 =         = π C conhecido, no mercado, como 2.0 ou 2,0 litros Câmara de Compressão ou de Combustão, Volume Morto É o espaço livre que fica acima do pistão quando este se encontra no P.M.S. Nela, a mistura ar/combustível do motor a gasolina, que entrou pela válvula de admissão, será comprimida e, após a faísca emitida pela vela, explodirá para que a expansão dos gases movimente o pistão e dê seqüência ao funcionamento do motor. 18
  • 20. Dependendo do grau de modernidade do motor, a câmara pode estar inserida no cabeçote ou na cabeça dos pistões – esse último mais comumente achados. Basicamente, o volume da câmara de combustão define a Taxa de Compressão do motor. Quanto menor for seu volume, maior será essa relação e, conseqüentemente, melhor o rendimento do motor. Todos os componentes que atuam em sua formação ou ao seu redor influenciam diretamente em sua eficiência: a posição das válvulas e o desenho dos dutos de admissão, por exemplo. Figura 2 – Câmara de Combustão Octanagem A octanagem mede a capacidade da gasolina de resistir à detonação, ou a sua capacidade de resistir às exigências do motor sem entrar em auto-ignição antes do momento programado. A detonação, também conhecida como “batida de pino”, leva à perda de potência e pode causar sérios danos ao motor, dependendo de sua intensidade e persistência. Um combustível de octanagem n é aquele que se comporta como se fosse uma mistura contendo n% de isooctano e (100-n)% de n.heptano. Por convenção, o isooctano puro tem octanagem 100 e o n.heptano puro tem octanagem zero. Hoje, alguns combustíveis aditivados possuem octanagem superior a escala posta, é uma nova tecnologia. Para a Gasolina No Brasil (com exceção do Rio Grande do Sul) é utilizada uma gasolina única no mundo, pois trata- se de uma mistura de 76% de gasolina e 24% de álcool etílico (etanol). O teor de álcool na gasolina é objeto de Lei Federal, cuja especificação final é de responsabilidade da Agência Nacional de Petróleo – ANP. No Estado do Rio Grande do Sul, ao invés de álcool, utiliza-se o MTBE (metil-tercio-butil-etileno) como oxigenador, i.e., aditivo que contém oxigênio para aumentar a eficiência da combustão do hidrocarboneto Gasolina (C8H18)n. Atualmente, a gasolina que compões esta mistura é produzida, em quase sua totalidade, pelas dez refinarias da Petrobras. O restante, por duas outras refinarias privadas: a de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e 19
  • 21. a de Ipiranga, no Rio Grande do Sul. Já o álcool é produzido a partir da cana-de-açúcar em diversas destilarias espalhadas pelo país. A composição final da chamada gasolina brasileira, ou seja, a mistura de gasolina e álcool é realizada pelas Companhias Distribuidoras (Esso, Shell, Texaco, etc...), responsáveis também pela comercialização final do produto junto aos postos de serviço. Desde janeiro de 1992, a gasolina brasileira é isenta de chumbo. O chumbo era utilizado mundialmente para aumentar a octanagem da gasolina, mas, por questões ambientais, vem sendo gradualmente eliminado. Atualmente, estão à disposição dos consumidores brasileiros 03 tipos de gasolina: comum, comum aditivada e premium. Esta classificação é dada segundo a octanagem da gasolina. A octanagem da gasolina pode ser avaliada por dois métodos distintos: método Motor (MON – Motor Octane Number) avalia a resistência da gasolina à detonação quando o motor está operando em condições mais severas – alta rotação e plena carga, como acontece em subidas com marcha reduzida e velocidade alta. O método Pesquisa (RON – Reserch Octane Number) avalia a resistência da gasolina à detonação quando o motor está operando em condições mais suaves – baixa rotação, como acontece em subidas com marcha alta. A octanagem das gasolinas brasileiras é equivalente à das gasolinas encontradas nos Estados Unidos e na Europa. É dada pela média entre os dois métodos, conhecida como Índice Antidetonante (MON +RON)/2. As Gasolinas Comum e Comum-Aditivada têm octanagem de 86, indicadas para a maioria da frota de veículos circulante no Brasil. A Gasolina Premium possui maior octanagem, 91. Pode ser utilizada em qualquer veículo, mas não trará nenhum benefício se o motor não exigir este tipo de combustível (alta taxa de compressão, com monitoramento eletrônico, injeção multiponto e projetados para gasolinas de alta octanagem). As Gasolinas Comum e Comum-Aditivada possuem a mesma octanagem, diferindo-se entre si apenas pela presença de um aditivo, do tipo “detergente dispersante” que tem a função de manter limpo todo o sistema por onde passa a gasolina. Para o Etanol No Brasil, o etanol (C2H5OH) é utilizado de duas maneiras: ð Como mistura na gasolina, na forma de 24% de etanol anidro, a 99,6º Gay-Lussac (GL) e 0,4% de água, formando uma mistura “gasohol” com o objetivo de aumentar a octanagem da gasolina; ð Como etanol puro, na forma de etanol hidratado a 95,5º GL. Nos outros países, as misturas de “gasohol” contêm tipicamente apenas 10% (ou menos) de etanol. O etanol é um excelente combustível automotivo: apresenta um Índice de Octanagem superior ao da gasolina e tem uma Pressão de Vapor inferior, resultando em menores emissões evaporativas. A combustão no ar é inferior a da gasolina, o que reduz o número e a severidade de fogo nos veículos. O etanol anidro tem poder calorífico inferior e superior de 21,2 e 23,4 MJ/l (megaJoule por litro), respectivamente, contra 30,1 e 34,0 MJ/l da gasolina. As principais propriedades da gasolina e do álcool estão indicadas abaixo: GASOLINA ETANOL Calor específico (kJ/kg) 34.900 26.700 N.º de Octano (RON/MON) 91/80 109/98 Calor latente de vaporização (kJ/kg) 376 ~ 502 903 Temperatura de ignição (ºC) 220 420 Razão Estequiométrica Ar/Combustível 14,5 9 Fonte: Goldemberg & Macedo 20
  • 22. Taxa de Compressão (Relação) Relação matemática que indica quantas vezes a mistura ar/combustível ou simplesmente o ar aspirado (no caso dos diesel) para dentro dos cilindros pelo pistão é comprimido dentro da câmara de combustão antes que se inicie o processo de queima. Assim, um motor a gasolina que tenha especificada uma taxa de compressão de 8:1, por exemplo, indica que o volume aspirado para dentro do cilindro foi comprimido oito vezes antes que a centelha da vela iniciasse a combustão, Figura 3. Figura 3 – Definição de Taxa de Compressão Do ponto de vista termodinâmico, a taxa de compressão é diretamente responsável pelo rendimento térmico do motor. Assim, quanto maior a taxa de compressão, melhor será o aproveitamento energético que o motor estará fazendo do combustível consumido. Por esse motivo é que os motores diesel consomem menos que um similar a gasolina: funcionando com taxas de compressão altíssimas (17:1 nos turbodiesel e até 22:1 nos diesel aspirados), geram a mesma potência consumindo menos combustível. Há limitações físicas e técnicas para a simples ampliação da taxa. No primeiro caso, ocorre a dificuldade de obtenção de câmaras de combustão minúsculas. Já o seguinte apresenta restrições quanto às propriedades do combustível, i.e., técnicas, o quanto cada um “tolera” de compressão antes de se auto- inflamar (octanagem). A taxa de compressão corresponde à relação entre CombustãodeCâmaradaVolume CombustãodeCâmaradaVolumeMotordoCilindrada + =TC chamando de V a cilindrada do motor e v o volume da câmara de combustão (volume morto), têm-se: v v TC V + = Tomando como exemplo o motor de um Corsa Sedan GL (GM), Figura 4. Do catálogo, obtêm-se as seguintes informações: Motor Transversal M.P.F.I. Gasolina Cilindrada 1.6 1600 cm³ Número de Cilindros 04 Diâmetro do Cilindro 79,0 mm Curso do Pistão 81,5 mm Taxa de Compressão 9,4:1 21
  • 23. Como a Taxa de Compressão já é dada, pode-se calcular então o volume da câmara de combustão v. Figura 4 – O veículo do exemplo. • para um motor de 04 cilindros à 1600 cm³ • para um cilindro apenas à 400 4 1600 = cm³ • a Cilindrada à cm³486,39915,8. 4 9,7. . 4 V 22 === ππ Curso D • para uma Taxa de Compressão de 9,4:1 • volume morto v à cm³56,47 14,9 486,399 1 V = − = − = TC v Pode-se então calcular a altura deixada no cilindro para a abertura das válvulas: à h D v . 4 . 2 π = à cm97,0 9,7. 56,47.4 . .4 22 === ππ D v h à h = 9,7 mm Com isso pode-se concluir que a Taxa de Compressão é uma propriedade inerente ao motor (bloco, cabeçote, pistões) e não ao combustível utilizado no mesmo. Não se altera a Taxa de Compressão de um motor apenas modificando o tipo de combustível consumido. Como exemplo, imagine que a altura (h) do cilindro que compões o volume morto (câmara de combustão) tenha sido rebaixada de 0,6 mm. Qual será a nova Taxa de Compressão deste motor? ( ) cm³605,4406,097,0. 4 9,7. . 4 . 22 =−== ππ h D v 22
  • 24. 956,9 605,44 605,44486,399V = + = + = v v TC Assim, com a diminuição de 0,6 mm a Taxa de Compressão aumentará de 9,4:1 para aproximadamente 10,0:1. Auto-Ignição Em razão das altas temperaturas na câmara de combustão ou octanagem incorreta da gasolina para a taxa de compressão do motor, algumas vezes o efeito auto-ignição pode ocorrer. Pontos quentes no interior da câmara passam a fazer o papel da vela de ignição, incandescendo a mistura ar/combustível antes mesmo de a vela de ignição iniciar o processo através da centelha elétrica. Uma vela com grau térmico muito alto para a situação em que o motor está sendo utilizado pode também ser o motivo da auto-ignição. Muito prejudicial ao funcionamento do motor, fazendo com que o mesmo perca potência e corra o risco de um superaquecimento ainda maior, a auto-ignição pode levar à destruição da câmara de combustão e, em casos extremos, furos na cabeça dos pistões ou mesmo sua fusão com o cilindro (Figura 5). Seus efeitos devastadores são idênticos aos do motor com ponto de ignição muito adiantado, o que pode acabar provocando detonações (Figura 6). De uma maneira geral, o maior responsável pela auto-ignição é a carbonização da cabeça dos pistões e das câmaras de combustão em motores com alta compressão, fato que aumenta ainda mais a taxa de compressão por reduzir o volume da câmara de combustão, ou que estejam trabalhando com o avan'ço da ignição adiantado com relação ao ideal para aquele motor. Aspecto • Zona dos anéis e cabeça do pistão parcialmente destruídas. • Furo no topo do pistão. Figura 5 – Danificação por Pré-Ignição 23
  • 25. Aspecto • Cabeça do pistão parcialmente destruída. Figura 6 – Danificação por Detonação Avanço Nome empregado mais comumente para designar o quanto a faísca da vela deverá ser avançada, com relação ao P.M.S. do pistão para iniciar o processo de combustão. Faz-se o avanço para se obter a máxima pressão sobre o pistão quando o mesmo atinge o P.M.S., melhorando a performance do motor. Num automóvel, o avanço pode ser de 03 tipos: a vácuo, centrífugo ou eletrônico. Os dois primeiros, absolutamente mecânicos, atuam diretamente sobre o distribuidor (Figura 7), sendo passíveis de erro operacional. Figura 7 – O Sistema de Ignição Convencional e o Distribuidor O terceiro tipo de avanço, o eletrônico, existe na memória do sistema de comando da ignição ou, o que é bem mais moderno e comum atualmente, na central eletrônica que comanda a injeção e ignição, simultaneamente. 24
  • 26. Outras Definições e Nomenclatura A nomenclatura utilizada pelos fabricantes de motores, normalmente encontrada na documentação técnica relacionada, obedece a notação adotada pela norma DIN 1940. Existem normas americanas, derivadas das normas DIN, que adotam notações ligeiramente diferenciadas, porém com os mesmos significados. Notação Nomenclatura Definição D Diâmetro do Cilindro Diâmetro interno do Cilindro. s Curso do Pistão Distância percorrida pelo pistão entre os extremos do cilindro, definidos como Ponto Morto Superior (PMS) e Ponto Morto Inferior (PMI). s /D Curso/Diâmetro Relação entre o curso e o diâmetro do pistão. (Os motores cuja relação curso/diâmetro = 1 são denominados motores quadrados.) n Rotação Número de revoluções por minuto da árvore de manivelas. cm Velocidade Velocidade média do Pistão = 2 s n / 60 = s n / 30 A Área do Pistão Superfície eficaz do Pistão = π D2 / 4 Pe Potência Útil É a potência útil gerada pelo motor, para sua operação e para seus equipamentos auxiliares (assim como bombas de combustível e de água, ventilador, compressor, etc.) z Número de Cilindros Quantidade de cilindros de dispõe o motor. Vh Volume do Cilindro Volume do cilindro = A s Vc Volume da Câmara Volume da câmara de compressão. V Volume de Combustão Volume total de um cilindro = Vh + Vc VH Cilindrada Total Volume total de todos os cilindros do motor = z Vh εε Relação de Compressão Também denominada de razão ou taxa de compressão, é a relação entre o volume total do cilindro, ao iniciar-se a compressão, e o volume no fim da compressão, constitui uma relação significativa para os diversos ciclos dos motores de combustão interna. Pode ser expressa por (Vh + Vc )/Vc (é > 1). Pi Potência Indicada É a potência dentro dos cilindros. Abreviadamente denominada de IHP (Indicated Horsepower), consiste na soma das potências efetiva e de atrito nas mesmas condições de ensaio. Pl Potência Dissipada Potência dissipada sob carga, inclusive engrenagens internas. Psp Dissipação Dissipação de potência pela carga. Pr Consumo de Potência Consumo de potência por atrito, bem como do equipamento auxiliar para funcionamento do motor, à parte a carga. Pr = Pi - Pe - Pl - Psp Pv Potência Teórica Potência teórica, calculada por comparação, de máquina ideal. Hipóteses para este cálculo: ausência de gases residuais, queima completa, paredes isolantes, sem perdas hidrodinâmicas, gases reais. 25
  • 27. pe Pressão Média Efetiva É a pressão hipotética constante que seria necessária no interior do cilindro, durante o curso de expansão, para desenvolver uma potência igual à potência no eixo. pi Pressão Média Nominal É a pressão hipotética constante que seria necessária no interior do cilindro, durante o curso de expansão, para desenvolver uma potência igual à potência nominal. pr Pressão Média de Atrito É a pressão hipotética constante que seria necessária no interior do cilindro, durante o curso de expansão, para desenvolver uma potência igual à potência de atrito. B Consumo Consumo horário de combustível. b Consumo Específico Consumo específico de combustível = B / P; com o índice e refere-se à potência efetivae com o índice i refere-se à potência nominal. ηηm Rendimento Mecânico É a razão entre a potência medida no eixo e a potência total desenvolvida pelo motor, ou seja: ηm = Pe / Pi = Pe / (Pe + Pr) ou então ηm = Pe / (Pe + Pr + Pl + Psp). ηηe Rendimento Útil Ou rendimento econômico é o produto do rendimento nominal pelo rendimento mecânico = ηi .ηm ηηi Rendimento Indicado É o rendimento nominal. Relação entre a potência indicada e a potência total desenvolvida pelo motor. ηηv Rendimento Teórico É o rendimento calculado do motor ideal. ηηg Eficiência É a relação entre os rendimentos nominal e teórico; ηg = ηi /ηv. λλl Rendimento Volumétrico É a relação entre as massas de ar efetivamente aspirada e a teórica. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS MOTORES ALTERNATIVOS O Ciclo mecânico é o mesmo em qualquer motor alternativo. 1. Introduz-se o combustível no cilindro; 2. Comprime-se o combustível, consumindo trabalho (deve ser fornecido); 3. Queima-se o mesmo; 4. Ocorre a expansão dos gases resultantes da combustão, gerando trabalho; 5. Expulsão dos gases. Nos motores a pistão, este ciclo pode completar-se de duas maneiras: • ciclo de trabalho a quatro tempos; • ciclo de trabalho a dois tempos. 26
  • 28. Um ciclo de trabalho estende-se por duas rotações da árvore de manivelas, ou seja, quatro cursos do pistão. No primeiro tempo, com o pistão em movimento descendente, dá-se a admissão, que se verifica, na maioria dos casos, por aspiração automática da mistura ar-combustível (nos motores Otto), ou apenas ar (motor Diesel). Na maioria dos motores Diesel modernos, uma ventoinha empurra a carga para o cilindro (turbocompressão). No segundo tempo, ocorre a compressão, com o pistão em movimento ascendente. Pouco antes do pistão completar o curso, ocorre a ignição por meio de dispositivo adequado (no motor Otto), ou a auto- ignição (no motor Diesel). No Terceiro tempo, com o pistão em movimento descendente, temos a ignição, com a expansão dos gases e transferência de energia ao pistão (tempo motor). No quarto tempo, o pistão em movimento ascendente, empurra os gases de escape para a atmosfera. Durante os quatro tempos – ou duas rotações – transmitiu-se trabalho ao pistão só uma vez. Para fazer com que as válvulas de admissão e escapamento funcionem corretamente, abrindo e fechando as passagens nos momentos exatos, a árvore de comando de válvulas (ou eixo de cames) gira a meia rotação do motor, completando uma volta a cada ciclo de quatro tempos. 27
  • 29. Os quatro tempos 1º TEMPO Curso de Admissão Estando o pistão no PMS, o mesmo começa a descer estando aberta a válvula de admissão (VA) e fechada a válvula de descarga (VD). O êmbolo, ao descer gera um vácuo no interior do cilindro, aspirando a mistura ar-combustível (Ciclo Otto) ou somente ar (Ciclo Diesel) até o PMI, quando a VA se fecha, cumprindo-se meia volta do virabrequim (180º). 2º TEMPO Curso de Compressão Estando VA e VD fechadas, a medida que o pistão desloca-se para o PMS, o mesmo comprime o conteúdo do cilindro, aumentando a sua temperatura e pressão interna, figura 03. O virabrequim gira outros 180º, completando o primeiro giro (volta completa - 360º). 3º TEMPO Curso de Combustão e Expansão Nesta fase produz-se a energia que será transformada em trabalho mecânico. Pouco antes do pistão atingir o PMS com VA e VD fechadas, a mistura ar- combustível é queimada. A energia liberada nesta combustão dá origem a uma força no êmbolo, deslocando-o do PMS ao PMI. Esta força é transmitida do êmbolo, através da biela, ao virabrequim girando-o (executa meia volta - 180º). 4º TEMPO Curso de Escape Com a VA fechada e a VD aberta, o êmbolo, ao deslocar-se do PMI para o PMS, onde VD se fecha, expulsa os produtos da combustão. O virabrequim executa outra meia volta - 180º, completando o ciclo (720º). Figura 8 - Os 4 tempos de um motor de combustão. 28
  • 30. É importante salientar que somente no curso de combustão se produz energia mecânica, os outros três tempos são passivos, ou seja, absorvem energia. Figura 9 - Temperatura e Pressão no final da Compressão Motor Dois Tempos Os motores deste tipo combinam em dois cursos do êmbolo as funções dos motores de quatro tempos, sendo assim, há um curso motor para cada volta do virabrequim. Normalmente estes motores não têm válvulas, eliminando-se o uso de tuchos, hastes, etc. O carter, que possui dimensões reduzidas, recebe a mistura ar-combustível e o óleo de lubrificação. Deve ser cuidadosamente fechado pois nele se dá a pré- compressão da mistura. 1º Tempo - Curso de Admissão e Compressão O êmbolo dirige-se ao PMS, comprimindo a mistura ar-combustível. As janelas de escape e carga são fechadas, abrindo-se a janela de admissão. Com o movimento do êmbolo, gera-se uma pressão baixa dentro do carter e assim, por diferença de pressão admite-se uma nova mistura ar-combustível-óleo lubrificante, que será utilizado no próximo ciclo. O virabrequim dá meia volta, 180 graus, fechando o ciclo. Pouco antes de atingir o PMS, dá-se a centelha, provocando a combustão da mistura, gerando uma força sobre o êmbolo. Inicia-se então o próximo ciclo. 2º Tempo - Combustão e Escape É o curso de trabalho. No PMS, dado início à combustão por meio de uma centelha (spark), o êmbolo é forçado até o PMI. Durante o curso, o êmbolo passa na janela de descarga dando vazão aos gases da combustão. Ao mesmo tempo o êmbolo abre a janela de carga permitindo que uma nova mistura ar- 29
  • 31. combustível entre no cilindro preparando-o para o novo ciclo e forçando os gases provenientes da combustão para fora (lavagem). O virabrequim, neste primeiro tempo, dá meia volta, 180 graus. Figura 10 - Ciclo de um Motor 2 Tempos MOTOR WANKEL Esse motor, de um modo geral, apresenta as seguintes vantagens relativamente aos congêneres alternativos: 1. Eliminação dos mecanismos biela-manivela com redução dos problemas de compensação de forças e momentos, bem como vibratórios; 2. Menor número de peças móveis, o que poderá ocasionar construção e manutenção mais simples e de menor custo; 3. Maior concentração de potência, logo menor volume e peso. Por outro lado, o motor apresenta problemas, em parte já sanados e em parte ainda para serem resolvidos. Entre esses problemas, destacamos: 1. Alta rotação: o primeiro protótipo experimental girava a 17.000 rpm. Atualmente essa rotação encontra- se na faixa das 4.000 rpm. 2. Problemas de vedação entre pistão e cilindro; 3. Problemas de lubrificação, sendo que estes dois últimos já foram sanados. O motor Wankel, consta apenas de cilindro, de duas partes rotativas, árvore com respectivo excêntrico, volantes, massas de compensação e o pistão rotativo, que gira engrenado a um pinhão fixo. Desde os primeiros dias da invenção do motor a gasolina, milhares já foram construídos baseados em princípios e ciclos diferentes dos que caracterizaram os motores clássicos de dois ou quatro tempos. Entre 30
  • 32. DESGASTE DOS CILINDROS. O funcionamento do motor leva a um desgaste progressivo dos cilindros. Este desgaste é irregular e dá ao cilindro uma ovalização e uma conicidade. O maior desgaste verifica-se no PMS. Neste local, a lubrificação é normalmente insuficiente, enquanto a pressão e a temperatura estão no seu máximo. No PMI, estas condições são exatamente opostas e o desgaste é quase nulo. A ovalização dos cilindros pode ter como causa a obliqüidade da biela que, em torno do meio do curso, apoia o pistão contra o cilindro. Neste caso, a ovalização é perpendicular ao eixo do virabrequim. O desgaste é, em grande parte, devido aos arranques com o motor frio. A condensação da gasolina e a insuficiência de óleo fazem com que durante os primeiros minutos de funcionamento os pistões funcionem que completamente a seco. O grande desgaste dos cilindros leva a um consumo exagerado de óleo e de combustível, a um depósito de sujeira nas velas, a uma marcha ruidosa e a diminuição da potência. CILINDROS DESCENTRADOS. Num grande número de motores não se faz coincidir o eixo dos cilindros com o eixo do virabrequim. Este último está deslocado alguns milímetros no sentido oposto ao sentido de rotação. Este deslocamento tem por finalidade diminuir a inclinação da biela no tempo motor (descida do pistão). Daí resulta um menor esforço lateral do pistão sobre as paredes do cilindro e uma ovalização menos sensível. Durante a subida do pistão, a inclinação da biela é grande, mas como a pressão do gás é fraca, os esforços laterais ficam normais. O deslocamento regulariza o desgaste de ambos os lados do cilindro. CÁRTER. O cárter de um motor é em ferro fundido ou em alumínio fundido. Forma a parte principal do bloco do motor e contém o virabrequim, o eixo de cames (motor de válvulas laterais) e a bomba de óleo. As extremidades do cárter têm freqüentemente garras destinadas a fixação do motor. As paredes extremas e as divisórias internas suportam os mancais do virabrequim. A parte inferior do cárter forma depósito de óleo. É de chapa embutida ou de liga de alumínio. A sua fixação ao cárter superior faz-se por intermédio de cavilhas de aço doce. CABEÇOTE. O cabeçote tem a função de tampar os cilindros formando a câmara de combustão. Os motores refrigerados a água usam cabeçotes de ferro fundido ou ligas de alumínio. Este último quando a necessidade de peso leve ou melhor condução de calor uma vez que impedem a formação de pontos quentes nas paredes internas do cabeçote. O cabeçote é um dos elementos mais críticos no projeto de um motor porque ele combina problemas estruturais, fluxo de calor e escoamento de fluido em uma forma complexa. 31
  • 33. O problema central no projeto do cabeçote com válvulas consiste em se chegar a um arranjo satisfatório, quanto a válvulas e janelas (motor 2 tempos), que suporte as cargas de gás e, ao mesmo tempo, evitar excessiva distorção e tensão devido aos gradientes de temperatura e, também, evitar custos excessivamente elevados ou complexidade indevida. COMPONENTES DO SISTEMA DE FORÇA VIRABREQUIM. Os virabrequins são feitos de aço forjado, ou fundidos de aço, ferro maleável ou ferro cinza. Em termos qualitativos, as cargas em um virabrequim resultam em tensões devido à flexão, torção e cizalhamento em todo seu comprimento. A geometria complexa envolvida tornaria impossível cálculos precisos de tensão ainda que as cargas fossem conhecidas com precisão. A despeito dessas dificuldades entretanto, muito se tem feito para racionalização do projeto do virabrequim, grande parte por meio da análise experimental de tensões. A linha de eixo é o conjunto de munhões nos quais gira o virabrequim apoiado no bloco do motor. Os moentes são as partes do virabrequim onde se apoiam as bielas. O interior do virabrequim contém dutos especiais por onde circula o óleo necessário a lubrificação dos munhões e dos moentes. VOLANTE. O volante é de fundição ou de aço moldado. Destina-se a regularizar a rotação do virabrequim. No momento da explosão, o volante absorve a energia desenvolvida; restitui-a nos tempos não motores. Os motores de um cilindro exigem um volante grande, enquanto que os de vários cilindros são equipados com volantes tanto mais leves quanto mais elevado for o número de cilindros. 32
  • 34. BIELAS. As bielas são de aço-liga estampado e por vezes de liga de alumínio. A tampa da biela é fixa por parafusos de aço ao cromo-níquel tratado, de grande resistência. O pé de biela articula-se no pino de pistão por intermédio de uma bucha de bronze fosforoso chavetada. Um batimento lateral de 3 a 4 mm entre o s ressaltos do pistão é aproveitado para que o deslocamento longitudinal do virabrequim não provoque uma flexão da biela. O corpo da biela é tubular ou de seção em duplo T. As bielas inteiramente usinadas asseguram um melhor equilíbrio do motor. A cabeça de biela gira no pino por intermédio de mancais de duas partes. Os metais utilizados dependem do gênero de motores, das cargas da biela e da velocidade de rotação. 33
  • 35. MANCAIS. São utilizados para reduzir o atrito e servir de apoio as partes giratórias do motor (moentes, munhões,...). Os mancais dividem-se em dois tipos principais: os fixos - alojados nos munhões e no bloco do motor, e os móveis, montados nos moentes e bielas. Podem ser de deslizamento ou de rolamento (com roletes, esferas, agulhas). O mancal, quando constituído por duas partes iguais, para facilitar a montagem, é designado por mancal de duas meias-buchas. O mancal é composto por duas partes, uma externa chamada capa e outra interna composta por metal anti-fricção. O metal anti-fricção pode ser uma liga de estanho, de cobre e de antimônio. Esta liga permite um deslizamento muito suave; favorece um funcionamento silencioso do motor. Os mancais de metal rosa - liga de alumínio, de cobre e de zinco - são montados em motores especialmente potentes. Os mancais de bronze - liga de estanho e de cobre - são particularmente montados nos motores Diesel. A boa resistência mecânica deste material convém extremamente a este gênero de motores cujo conjunto de biela é submetido a fortes cargas. PISTÕES. Os pistões são de fundição maleável, de liga de alumínio ou de aço. Estes dois últimos metais permitem fazer pistões mais leves. Os efeitos de inércia no final do curso são menores; há, portanto, menos vibrações e uma menor frenagem em altos regimes. Os pistões de liga de alumínio são igualmente melhores condutores de calor. Esta qualidade é primordial quando se trata de motores cujo regime ultrapassa as 3500 rpm. O pistão de um motor de combustão interna funciona em condições particularmente desfavoráveis. Para um regime de 3600 rpm, ele pára 120 vezes por segundo. Entre cada parada ele atinge uma velocidade de 70 km por hora. No momento da explosão, ele recebe um impulso de mais ou menos 20000 N (2000 kg), e isto, 30 vezes por segundo. A sua temperatura sobe a 620 °K (350 °C), no centro da cabeça, e cerca de 420 a 450 °K (150 - 200 °C) na extremidade final da saia. 34
  • 36. Em marcha, a dilatação dos pistões é grande. As folgas médias têm um diâmetro maior para os pistões de liga de alumínio devido à maior dilatação desta liga em relação à fundição ou ao aço. Contudo, estes últimos, não sendo tão bons condutores de calor, a sua temperatura eleva-se mais no que nos pistões de liga de alumínio. À temperatura ambiente, o pistão deve ser ajustado no seu cilindro com uma certa folga, para que, mesmo depois de ter atingido a sua temperatura de marcha, ainda deslize livremente. As folgas de dilatação dadas na fabricação do pistão dependem: do diâmetro do cilindro; do ou dos metais que compõem o pistão; da forma do pistão; do regime de rotação do motor; do sistema de refrigeração e de sua eficácia; das condições de emprego do motor; do tipo de combustível. ANÉIS DE SEGMENTO. Os anéis de segmento constituem um problema difícil de projeto desde o advento do motor de combustão interna e, somente no período posterior à II. Guerra Mundial, os anéis alcançaram vida e confiabilidade comensurável com as das outras partes do motor. Material dos anéis de segmento. A maioria dos anéis de segmento é feita de ferro fundido-cinza dada sua excelente resistência ao desgaste em todos os diâmetros de cilindro. Quando o vazamento pelo anel for um problema, utiliza-se o ferro modular ou mesmo o aço, usualmente com superfícies de mancal revestidas. Para maior resistência ao desgaste do anel e parede do cilindro, os anéis são de face cromada ou “molibdênio metalizado”, uma estrutura porosa de óxido de molibdênio. Os anéis de controle de óleo podem ser de ferro ou de aço. Projeto de anéis de segmento. O projeto dos anéis de segmento têm sido desenvolvido quase totalmente numa base empírica. Os anéis de segmento têm duas funções: evitar o vazamento do gás e para manter o fluxo de óleo na câmara de combustão no mínimo necessário para a adequada lubrificação do anel e 35
  • 37. No pistão. Nos motores modernos, a vazão de óleo através dos anéis é extremamente pequena e aproxima-se de zero para motores de pequeno e médio porte. Todos os anéis tomam parte no controle do fluxo de óleo, mas existe pelo menos um anel cuja função principal é essa. São os chamados anéis de controle de óleo, enquanto que os outros são anéis de compressão. Os requisitos a seguir são considerados desejáveis: 1. A largura da face dos anéis deve ser pequena. 2. Utilização do menor número possível de anéis, para diminuir o atrito. 36
  • 38. CAPÍTULO 5 - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO Chama-se distribuição o conjunto de elementos que comandam a admissão de mistura A/C motores Otto) ou ar (motores Diesel) nos cilindros e posteriormente a saída dos gases queimados. São requisitos fundamentais para um sistema de distribuição eficiente, que cada válvula se mantenha aberta o tempo necessário para uma boa admissão de mistura ou ar), a lavagem do cilindro, e a completa expulsão dos gases queimados. Que funcione suave e eficientemente nos mais variados regimes de rotação do motor. Pode-se designar um motor especificando a disposição dos seus elementos de distribuição. Os motores de válvulas laterais possuem válvulas dispostas ao lados dos cilindros. Esta disposição clássica assegura um funcionamento silencioso, assim como uma marcha suave. Os motores com válvulas suspensas possuem válvulas colocadas sobre os cilindros. Esta disposição permite uma forma mais racional da câmara de combustão, favorece a potência do motor e um rendimento térmico superior. A posição das válvulas suspensas determina melhor rendimento aos altos regimes e convém aos motores potentes de relação volumétrica elevada. As válvulas suspensas podem ser acionadas: . por hastes e balancins com eixo de cames no cárter; . por balancins com eixo de cames suspenso; . por eixo de cames suspenso com impulsos diretos sobre as válvulas. As duas últimas soluções exigem uma construção mais dispendiosa. A ligação do virabrequim e do eixo de cames é feita por meio de engrenagens, por uma corrente (corrente silenciosa), ou através de uma correia de borracha com arrames de aço (alma de aço). A fixação direta das válvulas permite obter uma abertura rápida particularmente em regimes muito altos, sendo reduzida ao mínimo a inércia das peças de movimento alternado. 37
  • 39. ÓRGÃOS DE DISTRIBUIÇÃO Pinhões de distribuição. Transmitem o movimento do virabrequim ao eixo de cames. Estes pinhões são de aço semiduro, para acionamentos por corrente. São de aço ou matérias plásticas estratificadas, para acionamento por meio de engrenagens. Como o eixo de cames gira à metade da velocidade do virabrequim, a relação de transmissão dos pinhões de distribuição é de 1:2 (motores a 4 tempos). A posição exata de engrenagem dos pinhões de distribuição é marcada pelo fabricante no momento da montagem. Esta marcação corresponde geralmente à posição do primeiro pistão no PMS, no final do tempo de descarga. Nas distribuições acionadas por engrenagens, a marcação é feita por traços ou pontos marcados nos dentes. Quando a distribuição é acionada por corrente ou por correia dentada, a marcação dos pinhões, afastados um do outro, é obtida por meio de traços que se fazem coincidir simultaneamente com a linha reta que liga o eixo das duas rodas dentadas, ou por meio de marcas no bloco do motor. Eixo de cames. Ou comando de válvulas é um eixo que tem solidário a ele ressaltos ou excêntricos, destinados a agir sobre os impulsionadores das válvulas em tempos precisos. São fabricados em aço forjado ou ferro fundido (ao níquel-cromo-molibdênio). Passa por tratamentos como cementação e tempera, de maneira a oferecer a máxima resistência ao desgaste dos excêntricos. 38
  • 40. Geralmente o eixo de cames gira em mancais regulados, por vezes em mancais de bronze ou de fundição. A forma e a posição dos cames determinam diretamente as características de potência e de regime do motor. Projeto do came. Devido a limitações de tensão, as válvulas não podem ser abertas e fechadas repentinamente, mas devem seguir uma configuração de caráter geral, mostrado no gráfico a seguir. O movimento atual da válvula será o projetado, como mostra a figura, modificado pelas características elásticas do mecanismo da válvula. A fim de que a válvula sempre vede bem, e para permitir ajustagens, desgaste, expansão e contração devido a mudanças de temperatura, é necessária sempre alguma folga. Essa folga deve ser a mínima necessária para assegurar que a válvula vem em todos as condições normais, incluindo uma folga razoável para erros de ajustagem. Incluindo nestas condições a dilatação dos materiais e manutenção da lubrificação. É fundamental considerar as conseqüências de uma defeituosa folga nas válvulas: as folgas pequenas provocarão na admissão má compressão e explosões nos condutos de admissão. Se na descarga as conseqüências serão danosas para a integridade do sistema uma vez que além de má compressão, poderá provocar a queima da válvula (deformação da válvula). As folgas excessivas na admissão terão como resultado a deficiente admissão, enquanto na descarga o escape incompleto dos gases queimados. Nas duas situações o resultado será o baixo rendimento do motor. No instante que o came encontra o tucho no inicio do ciclo de abertura, a folga é “compensada” por uma rampa de velocidade constante (velocidade aqui significa elevação por unidade de tempo em determinada rotação da manivela). 39
  • 41. A curva de elevação de válvula vérsus ângulo de manivela deve ser traduzida no contorno do came desejado, que depende do projeto do mecanismo da válvula, incluindo naturalmente a forma do seguidor (tucho) do came. Tucho. Tem a função de transmitir o movimento do came à vareta ou haste impulsora. São fabricados em aço nitrado forjado ou de fundição temperada. Devem ser rígidos na compressão e também como uma coluna. Tubos de aço parecem ser os mais adequados. Quando o carregamento do came é alto, como nos motores que operam em longos períodos com elevadas velocidades do pistão, são necessários tuchos de rolete feitos de aço com endurecimento superficial, operando com cames do mesmo material. Os tuchos com roletes também são aconselháveis quando se deseja longa vida para o motor. Tucho hidráulico. O uso de tuchos hidráulicos é bastante geral para motores de automóveis, onde o baixo nível de ruído é considerado essencial. Como o sistema hidráulico amortece a folga, as rampas para uso deste tipo de tucho podem ter maiores velocidades do que aquelas de sistemas mecânicos. Outra vantagem prática dos tuchos hidráulicos é a de ajustagem automática para o desgaste do mecanismo de válvula, eliminando desta forma a necessidade de ajustagem periódica da folga. Balancins. Os balancins tem a função de inverter o sentido do movimento gerado pelo came. Podem ser de fundição, aço estampado ou alumínio. Mola da válvula. Tem como função fechar a válvula mantendo-a pressionada contra a sua sede. Cargas da mola. A mínima carga, isto é, com a válvula fechada, deveria ser alta o bastante para manter a válvula firmemente em sua sede durante o período em que permanece fechada. Nos motores carburados, a válvula de descarga deve ficar fechada no maior vácuo do coletor e, nos motores supercarregados, a válvula de admissão não deve ser aberta pela mais elevada pressão do coletor. Flutuação de válvulas. Está sempre presente uma vibração interespira, chamada de onda, de maior ou menor intensidade. Com a vibração interespira, a máxima tensão será maior do que a tensão calculada na razão da deflexão atual para a admitida das espiras. É obviamente desejável reduzir a amplitude da vibração interespira a um mínimo. Diz-se que há flutuação de válvulas, quando a mola que é um sistema oscilante, recebe uma excitação com freqüência igual a uma das suas freqüências naturais. Tais vibrações podem ser reduzidas por meio de amortecedores de atrito, por ângulos de hélice não uniformes, duas molas com diâmetros distintos e sentido das hélices opostos. Válvulas. A válvula de haste é hoje universalmente usada nos motores de quatro tempos. São elas que regulam a entrada e saída de gases no cilindro. As válvulas de admissão são de aço, de aço ao níquel ou cromo-níquel. A passagem dos gases novos mantém a sua temperatura a cerca de 523 a 573°K (250 a 300°C). As válvulas de descarga são de uma liga de aço, de forte teor de níquel, de cromo e de tungstênio. O cromo torna o aço inoxidável; o tungstênio mantém uma forte resistência mecânica à temperatura elevada; o níquel melhora a resistência. As válvulas de descarga suportam um pouco a passagem de gases a temperaturas elevadas (973 a 1023°K - 700 a 750°C). À plena potência elas funcionam geralmente ao vermelho- escuro. 40
  • 42. A válvula é resfriada por contato com o assento e com a guia. Nos motores muito potentes, as válvulas de escape são interiormente guarnecidas com sais de sódio ou potássio destinados a melhorar a refrigeração por condutibilidade. A cabeça da válvula comporta uma superfície de apoio retificada cujo o ângulo pode ser de 45° ou 60°. Um ângulo de 45° permite uma melhor centragem da válvula sobre o seu assento cada vez que se dá o encaixe, mas, para uma dada subida, a seção de passagem dos gases é melhor do que o assento de 60°. Estas particularidades fazem com que se dê preferência ao ângulo de 45° para as válvulas de escape, mais facilmente deformáveis a alta temperatura, e o ângulo de 60° às válvulas de admissão, que devem sobretudo favorecer a entrada dos gases novos no cilindro. 41
  • 43. CAPÍTULO 8 - SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO (MOTORES OTTO) CARBURAÇÃO INJEÇÃO INTRODUÇÃO Requisitos de mistura. Em geral, a ótima razão ar/combustível com determinada velocidade do motor consiste naquela em que se consegue o conjugado desejado, ou pressão média efetiva no freio, com o menor consumo de combustível consistente com a operação normal e confiável. Essa ótima razão A/C não é constante, mas depende de muitos fatores. Os requisitos de mistura para a partida e aquecimento o motor necessitará geralmente de mistura anormalmente ricas no dispositivo de alimentação, seja o carburador ou um sistema de injeção, afim de assegurar a mistura de queima nos cilindros. Assim, o sistema de alimentação deve estar apto a fornecer misturas muito ricas na partida e a razão A/C deve ser progressivamente reduzida a partir desse ponto, durante o período de aquecimento, até o motor funcionar satisfatoriamente com razões A/C normais de operação permanente. O termo “aceleração”, com relação aos motores, é geralmente usado para caracterizar um aumento na velocidade do motor, resultante da abertura da válvula. O propósito imediato da abertura da válvula de aceleração, entretanto, é assegurar um aumento do conjugado, e dependerá da natureza da carga o aumento subseqüente na velocidade. Nos motores com carburador que usam combustível líquido, o processo de aceleração é complicado pela presença do combustível não evaporado no coletor de admissão. A investigação mostra que, durante a operação permanente normal com gasolina (ou álcool), o coletor de admissão contém uma grande quantidade de combustível líquido que adere à parede do coletor e escorre ao longo das mesmas até o cilindro, com uma velocidade bastante baixa comparada a do resto da mistura, que consiste em ar, vapor de combustível e gotículas entranhadas de combustível. Nas condições permanentes de operação com determinada velocidade, a quantidade de líquido contida no coletor, em qualquer momento, torna-se maior com o aumento da pressão no coletor. A principal razão para que altas pressões no coletor resultem em grandes quantidades de líquido deve-se ao fluxo de combustível aumentar com o aumento da densidade do ar, e a evaporação é mais lenta quando aumenta a pressão total. Quando a válvula está aberta para aceleração, aumentando a pressão no coletor, deve ser fornecido combustível para aumentar o conteúdo de líquido do coletor. Se o carburador fornece uma razão A/C constante, a razão que atinge o coletor está diminuirá durante o período em que o conteúdo de líquido está aumentando. Com a instantânea abertura da válvula de aceleração, a resultante redução na razão A/C recebida pelos cilindros pode ser tal que venha a ocorrer má queima, retrocesso de chama, ou mesmo completa parada do motor. Para evitar uma mistura anormalmente pobre nos cilindros, resultante de rápidas aberturas da válvula de aceleração, é usualmente necessário aumentar a relação de suprimento pela injeção no coletor de uma quantidade de combustível conhecida como carga de aceleração. A injeção dessa carga deve ocorrer simultaneamente com a abertura da válvula. A ótima quantidade de carga de aceleração é aquela que resultará na razão A/C para melhor potência nos cilindros. Em geral, essa quantidade varia com a velocidade do motor e com a posição da válvula no início da aceleração, com a volatilidade do combustível, temperatura da mistura, e velocidade de abertura da válvula. Dessa forma, os carburadores são projetados para fornecer a quantidade necessária nas condições mais difíceis e, quando esta quantidade é muito grande, o erro será do lado rico da mistura de melhor potência, onde o sacrifício em potência é pequeno. Como a abertura parcial ou lenta da válvula de aceleração necessita de quantidade de mistura inferior à de completa aceleração, essa quantidade é 42
  • 44. usualmente tomada como proporcional à razão de abertura da válvula e do ângulo correspondente ao movimento da válvula. CARBURADOR BÁSICO O elemento básico ou principal da maioria dos carburadores consiste em uma passagem de ar de geometria fixa, contendo uma restrição com a forma de ventúri. Na garganta do ventúri está localizado um injetor de combustível e este vem de uma câmara de bóia de nível constante, ou outro dispositivo de pressão constante. O fluxo de ar é controlado por uma válvula-borboleta a jusante do ventúri. O ar atravessa uma passagem com a forma de ventúri, proveniente da admissão de ar. Essa forma é usada para diminuir a um mínimo a queda de pressão estática através do sistema. A diferença de pressão de estagnação na entrada de ar e a pressão estática na garganta do ventúri é usada para criar e regular a vazão de combustível. Na figura, a passagem de ar está na vertical, com escoamento para baixo, carburador de fluxo descendente. Muitos carburadores são dispostos de forma tal que o escoamento se processe de baixo para cima, carburadores de fluxo ascendente, e alguns têm passagem de ar na horizontal, carburadores de fluxo horizontal. Os princípios de operação entretanto, são os mesmos para qualquer direção do fluxo de ar. A jusante do ventúri, na passagem de ar, encontra-se localizada uma válvula de borboleta, que, nos motores de ignição por centelha, é o principal elemento de controle de potência. O combustível é introduzido no ar, na garganta do ventúri, por meio de um bocal, alimentado pela câmara de nível constante ou câmara da bóia, através de um orifício medidor de combustível. O nível de combustível na câmara da bóia é mantido constante por meio de uma válvula controlada pela bóia. A pressão acima do combustível é mantida igual a pressão total de admissão de ar, por meio de um tubo de impacto, que mede a pressão total, ou de estagnação, na entrada de ar. SISTEMA DE MARCHA LENTA. O sistema usado para cobrir o requisito de mistura com baixas taxas de fluxo de ar é chamado de sistema de marcha lenta, ainda que ele possa influenciar a razão A/C em cargas bem superiores às de marcha lenta. A figura a seguir mostra um arranjo típico para um sistema de marcha lenta. O depósito de marcha lenta é uma passagem vertical ligada à câmara da bóia pelas partes superior e inferior. A conexão do fundo tem um orifício medidor com seção pequena. A passagem de marcha lenta tem uma abertura de descarga localizada próximo da aresta 43
  • 45. da válvula de borboleta, quando esta se encontra na posição de fechada. A extremidade inferior aberta localiza-se próximo do fundo do depósito de marcha lenta. O tubo de ar de marcha lenta comunica-se com a passagem, cujo formato é apresentado na figura, e é controlado por uma restrição ajustável chamada de parafuso de ajustagem da marcha lenta. Para marcha lenta na mais baixa rotação possível desejável, a válvula é ajustada de encontro a um esbarro ajustável tal que ela permanece aberta apenas o suficiente para permitir o fluxo de ar necessário. Nesse ponto, a aresta da válvula parcialmente encobre o bocal (injetor) de marcha lenta. Através da colocação adequada da saída do injetor em relação à válvula e por meio de ajustagem apropriada do parafuso regulador da marcha lenta, haverá suficiente sucção no tubo de marcha lenta para elevar o combustível a uma taxa tal que forneça a razão A/C exigida pela marcha lenta. A abertura ulterior da válvula gradualmente expõe o injetor de marcha lenta à completa depressão no coletor de admissão, que pode chegar a 0.7 bar abaixo da pressão atmosférica em um motor em marcha lenta normal. Nesse ponto, a diferença de pressão entre as extremidades superior e inferior da passagem de marcha lenta é tão grande que ela drena o depósito de marcha lenta até o nível mostrado na figura anterior. A partir desse ponto, à medida que a válvula é aberta, haverá sempre suficiente sucção para manter o nível de combustível no depósito de marcha lenta no fundo do tubo de marcha lenta. A quantidade de combustível que escoa será constante e dependente da área e do coeficiente do orifício de combustível de marcha lenta e da altura de carga. SISTEMA DE MARCHA ACELERADA. Ao abrir-se a borboleta do acelerador, aumenta-se o fluxo de ar através do pulverizador de compensação de ar. Em conseqüência do aumento da depressão no difusor, o combustível, depois de passar pelo pulverizador principal, faz subir o nível no poço de emulsão; ao mesmo tempo, o ar admitido no calibrador principal emulsiona o combustível, que será posteriormente pulverizado no difusor. Simultaneamente, diminui a depressão no furo de descarga do calibre de lenta e cessa o fluxo de combustível nesse ponto. Para evitar qualquer empobrecimento indevido da mistura durante esta fase de transição, é usual existirem um ou mais orifícios de progressão que são alimentados pelo canal do circuito de marcha lenta. Para fornecer o combustível adicional necessário na aceleração e nas aberturas súbitas da borboleta do acelerador existe uma bomba de aceleração mecânica. Esta consiste num poço (ou câmara) cheio de combustível e em um êmbolo acionado por uma mola ou um diafragma ligados à 44
  • 46. borboleta. Quando esta se abre, o combustível é descarregado no difusor por ação de um injetor integrado no circuito da bomba. Partida do motor frio. É necessário uma razão A/C rica, com uma proporção que varia de 1:1 e 3:1. Para conseguir esta proporção, fecha-se a borboleta do afogador. Estando frios, o carburador e o coletor de admissão dão de certo modo origem à condensação do combustível nas paredes do coletor, dificultando seriamente a sua vaporização. Este fator e a maior densidade do ar frio, somados a lentidão das primeiras rotações, empobrecem a mistura. Observação: Tubo de emulsão. O emulsionador é formado por dois tubos, um no interior do outro. O combustível penetra nestes tubos antes de passar para a corrente de ar principal, no difusor. A medida que aumenta o número de rotações do motor, o ar admitido por um pulverizador de compensação, ou calibrador de ar, penetra no tubo interior, que apresenta orifícios a diferentes níveis, ficando a mistura mais pobre. SISTEMA DE INJEÇÃO ELETRÔNICA DE COMBUSTÍVEL Os sistemas eletrônicos de injeção de combustível apresentam duas vantagens principais sobre os sistemas mecânicos: dispõem de grande número de dispositivos de alta sensibilidade para fornecer sempre aos cilindros a quantidade precisa de combustível e não requerem um distribuidor mecânico de alta precisão. Estas vantagens são evidentes nos sistemas eletrônicos mais utilizados, que operam em pressões de combustível mais baixas que os sistemas mecânicos (1.75 a 2.1 bar). O sistema é equipado com uma bomba de combustível elétrica que aspira combustível do reservatório num nível superior ao que é necessário para a injeção. O combustível em excesso retorna para o reservatório através de um regulador de pressão que evita a possibilidade de formação de bolhas de ar e de vapor de combustível. O injetor mantém-se fechado sob a ação de molas e são acionados por solenóides. O volume de combustível injetado depende do tempo durante o qual o solenóide mantém o injetor aberto. Este tempo, por sua vez, depende de um sinal que o solenóide recebe do sistema de processamento eletrônico. 45
  • 47. Este sistema de processamento eletrônico está ligado a uma série de dispositivos sensíveis que atuam segundo diversas condições preestabelecidas do motor, tais como pressão do ar no coletor, as temperaturas do ar admitido e do sistema de refrigeração, umidade do ar, o nível de aceleração. Existem, ainda, sensores que atuam sobre as condições da combustão por exemplo, sensores de detonação. Estes dispositivos permitem ao sistema de processamento determinar instantaneamente o momento de abertura dos injetores, a razão da mistura, o avanço ou atraso da ignição, etc. A grande vantagem do sistema eletrônico de injeção de combustível está na rapidez de resposta às condições de trabalho do motor. Isto proporciona alto nível de confiabilidade, controle apurado sobre os gases de descarga (redução dos níveis de poluição) uma vez que permite uma melhor queima da mistura, além é claro, de melhor rendimento não apenas em termos de potência, mas também em termos de consumo. Atualmente são utilizados dois tipos básicos de sistemas de injeção de combustível: os sistemas que utilizam apenas um injetor (single-point), e os sistemas que operam com um injetor para cada cilindro (multi-point). Nos dois casos os sistemas de monitoramento do motor são semelhantes. Obviamente obtém-se melhores resultados nos sistemas "multi-ponto" (multi-point), devido a melhor distribuição da mistura A/C, praticamente não existe perda de carga devido ao atrito dos coletores, tendo em vista a que o combustível é injetado na janela de admissão, assim como os problemas decorrentes da condensação do combustível nos coletores. Por outro lado, os sistemas baseados em um único injetor proporcionam um ótimo rendimento se comparado com os sistemas convencionais de alimentação (carburadores) pelos motivos já abordados e se comparados com os sistemas multi-ponto oferecem um custo inferior. PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA DE INJEÇÃO Bico injetor. Controla o volume de combustível. Atua através de comandos enviados pela "unidade comando eletrônico". Regulador de pressão. Atua como limitador de pressão de combustível de 1 a 2 bar, permitindo o retorno de combustível em excesso para o reservatório. Bomba de combustível. Possui acionamento elétrico. Sua operação independe da rotação do motor, mantendo assim o sistema sem flutuações de pressão. Bobinas de ignição. Em geral, para cada dois cilindros é instalada uma bobina controlada pelo sistema de eletrônico de ignição e pela "unidade comando eletrônico". Nestes casos dispensa o distribuidor. Atuador de marcha lenta. Tem a função de controlar a vazão de ar em regime de marcha lenta, permitindo assim controle da rotação em qualquer instante de funcionamento do motor. Unidade de Comando Eletrônico. É o centro de operação de todos os componentes do sistema de alimentação de combustível. Tem a função de monitorar e analisar os dados enviados pelos sensores, sinalizando ao injetor e em alguns casos ao sistema de ignição as condições de trabalho solicitadas pelo motor. 46
  • 48. 3Co Combustão em Motores A chamada diferença fundamental entre a Ignição por Centelha (ICE)1 e a Ignição por Compressão (ICO)2 nos Motores de Combustão Interna, não comenta sobre o tipo de combustão que ocorre e sobre como o processo é idealizado nos Ciclos Otto e Diesel. O processo de combustão não ocorre em um volume constante (Otto) e nem a pressão constante (Diesel). A diferença entre os dois processos de combustão é que as máquinas de Ignição por Centelha normalmente possuem seus reagentes pré-misturados, enquanto que nas máquinas de Ignição por Compressão, os reagentes são misturados já na combustão. Com a combustão de reagentes pré-misturados a mistura ar/combustível deve ser sempre estequiométrica (quimicamente correta) para uma ignição e combustão correta. Para o controle da potência de saída a máquina ICE é regulada reduzindo-se a massa de combustível e/ou ar na câmara, reduzindo a eficiência do ciclo. Ao contrário, para máquinas ICO, onde ocorre a injeção do combustível, a mistura somente é estequiométrica na frente de chama. A saída de potência pode então ser controlada pela variação do controle da quantidade de combustível injetado, isto colabora para sua economia de combustível superior. Nos reagentes pré-misturados, a chama se desloca entre os mesmos, separando reagentes dos produtos da combustão. Têm-se um exemplo de combustão com reagentes pré- misturados num equipamento de oxi-acetileno; para soldagem, a chama é rica em combustível para prever a oxidação do metal, enquanto, para o corte do metal, a chama é rica em oxigênio para fundir o mesmo. Na chama de difusão, a chama ocorre na interface entre o combustível e o comburente. Os produtos da combustão dispersam-se no comburente, e o comburente se dispersa completamente no produto. Processo similar ocorre no lado do combustível na chama. A velocidade de combustão é controlada pela difusão. Um exemplo comum de uma chama de difusão é a vela. O combustível é fundido e evaporado pela radiação provinda da chama, e então oxidada pelo ar; o processo é claramente governado pela difusão, pois os reagentes não estão pré-misturados. O Bico de Bunsen, apresentado na figura 01, possui uma chama pré-misturada e uma chama de difusão. O ar que entra pela base do queimador não é suficiente para completar a combustão com uma simples chama pré-misturada. Conseqüentemente, uma segunda frente de chama é estabelecida na interface onde o ar está se misturando no combustível não queimado. 1 Spark Ignition - SI 2 Compression Ignition - CI 47
  • 49. 4 Figura 01 - Bico de Bunsen A física e a química da combustão foi descrita com alguns detalhes por Gaydon e Wolfhard3 (1979) e Lewis e von Elbe4 (1961), mas nenhum livro devota muita atenção para a combustão em um MCI. Misturas de ar/hidrocarbonetos tem velocidade laminar de queima máxima por volta de 0,5 m/s, uma exceção notável deve ser observada na mistura ar/acetileno com um valor de 1,58 m/s. Um cálculo aproximado do tempo de queima da mistura em um cilindro de 10 mm de diâmetro com ignição central é de aproximadamente 100 ms. No entanto, para uma MCI trabalhando a 3000 rpm o tempo de combustão pode durar apenas 10 ms. Isto mostra a importância da turbulência na velocidade de combustão para o menor tempo. A turbulência é gerada como resultado dos processos de admissão e compressão e da geometria da câmara de combustão. Em adição a isto pode-se gerar um movimento de ar como uma espiral, sendo particularmente importante em motores Diesel. Isto é obtido com a componente tangencial da velocidade do ar durante a admissão, figura 02. Figura 02 - Espiral gerada com a Admissão Para a combustão com reagentes pré-misturados, o efeito da turbulência está na fragmentação ou na curvatura da frente da chama. Ali podem-se ter pacotes de gases 3 Gaydon A. G. & Wolfhard H. G. Flames, their Structure, Radiation and Temperature, 4th edn, Chapman and Hall, London. 4 Lewis B. and von Elbe G. Combustion Flames and Explosions of Gases, 2nd edn, Academic Press, New York. 48
  • 50. 5 queimados dentro do gás não queimado e vice-versa. Isto aumenta a área frontal da chama e a velocidade da combustão. A figura 03 apresenta uma comparação entre a frente da chama laminar e turbulenta. Figura 03 - Comparação entre frentes laminares e turbulentas para combustão com reagentes pré-misturados. Para a combustão por difusão controlada, a turbulência também aumenta a velocidade da queima. O combustível é injetado como um fino “spray” atomizado, junto ao ar que está quente o suficiente para vaporizá-lo e produzir a queima das gotículas de combustível, figura 04. Figura 04 - Comparação entre uma frente laminar com ar parado e uma frente turbulenta com movimentação de ar para combustão de difusão controlada. Sensíveis economias podem ser conseguidas apenas com pequenos ajustes necessários para que os equipamentos operem adequadamente do ponto de vista do controle da combustão. Entre tantos parâmetros a serem controlados, podem ser citados, a título de exemplo, as condições de nebulização do combustível e a relação ar/combustível. Esses parâmetros, no entanto, muitas vezes não são “visíveis”, nem intuitivos. Mesmo um operador experimentado dificilmente conseguirá, pela observação da chama, distinguir condições de operação em que os excessos de ar sejam 30 e 60% respectivamente. Durante a combustão coexistem fenômenos químicos, térmicos e aerodinâmicos, para a interpretação dos quais são propostos vários modelos, sem que haja uma completa e rigorosa definição dos processos intermediários envolvidos. Não obstante, o levantamento e a 49
  • 51. 6 interpretação de determinados parâmetros que estejam a ela relacionados, direta ou indiretamente, permitem o estabelecimento de melhores condições de operação dos equipamentos onde se esteja processando a combustão. Reações de combustão e Estequiometria De maneira geral, define-se combustão como uma reação química entre duas substâncias ditas combustível e comburente, ocorrendo a alta velocidade e alta temperatura, onde se dá uma intensa liberação de calor com a emissão simultânea de luz, na maioria das vezes, dependendo, entre outros fatores, do tipo de combustível. Normalmente, o comburente utilizado é o oxigênio do ar atmosférico, por outro lado, os combustíveis se inserem numa faixa de tipos e qualidades, muito embora possa ser dito que a maioria daqueles utilizados industrialmente têm em sua composição, entre outros elementos, o carbono, o hidrogênio e o enxofre. Na prática, costuma-se fazer uma distinção entre duas formas básicas de reação de combustão. Diz-se que a combustão é completa quando o combustível queima em sua totalidade, ou seja, os reagentes são levados ao seu grau de oxidação máxima. As principais reações existentes, nesse caso, são os seguintes: C + O2 → CO2 + Q1 H2 + 1/2O2 →H2O + Q2 S + O2 → SO2 + Q3 Nas reações anteriores, Q1, Q2, Q3 representam as “quantidades de calor” liberadas em cada uma das rações. Além das reações acima, duas merecem ser destacadas. A primeira delas é a que leva à formação de CO: C + 1/2 O2 → CO + Q4 É importante observar que, desde que sejam adotadas as mesmas condições de temperatura e pressão na qual ocorram as reações, então a “quantidade de calor” Q4 é menor que a quantidade Q1, e portanto a combustão incompleta é um processo menos eficiente que a combustão completa, quando o que se procura é a liberação de calor. Outra reação é a que leva à formação de SO3: SO2 + 1⁄2 O2→ SO3 + Q5 50
  • 52. 7 A quantidade de SO3 formado, na maioria das vezes, é pequena. O grande problema é que essa substância, reagindo com o vapor d’água, forma ácido sulfúrico gasoso, o qual pode condensar dependendo das condições de temperatura dos gases. Nesse caso, existem todos os inconvenientes da corrosão provocada pela deposição da substância ácida em paredes. A condensação do ácido sulfúrico é um fenômeno que deve ser cuidadosamente analisado, quando se pensa em instalar um recuperador de calor na chaminé de um equipamento. Para cálculos práticos, pode-se admitir que no máximo 3% de SO2 se transforma em SO3. Assim, admitindo um excesso de ar de 30%, a temperatura de condensação do ácido sulfúrico, para os gases de combustão de óleo BPF (4% de enxofre), será da ordem de 120ºC (ver figura b.1), no caso do óleo BTE(0,9% de enxofre) de 90ºC. Esses valores são válidos para pressão total da ordem de 1,013.105 Pa (760mmHg). Dessa forma, quando se quer evitar a corrosão da chaminé, é conveniente manter a temperatura dos gases 40 ou 50ºC acima do ponto de orvalho. Para se utilizar o monograma da figura 1, calcula-se: ( )%SO3 base seca numero de moles de SO nos gases numero total de moles de gases secos 3 = P do vapor d'água = numero de moles da agua numero total de moles P dos gasesparcial total• III. Poder calorífico A cada uma das reações elementares de combustão completa está associada uma quantidade de calor liberada característica, denominada calor de reação. Em geral, para os combustíveis industriais, costuma-se determinar, experimentalmente, a quantidade de calor liberada (poder calorífico) por uma amostra, mediante a realização de ensaio em laboratório, sob condições padronizadas. É importante definir-se claramente o poder calorífico, para que se possa estabelecer uma terminologia comum entre a entidade que ensaia o combustível e aquela que vai se utilizar do resultado. Mais explicitamente, entende-se por poder calorífico de um combustível o calor liberado durante a combustão completa de um quilograma do mesmo (no caso de combustíveis sólidos e líquidos), ou de um normal metro cúbico (no caso de combustíveis gasosos). Os combustíveis normalmente utilizados contêm hidrogênio e muitas vezes umidade. Durante a combustão, a água produzida pela oxidação do hidrogênio, acrescida da umidade do combustível, passa a fazer parte dos produtos de combustão. Se durante o ensaio as condições são tais que esta água se condensa, o calor liberado durante a combustão, e assim medido, denomina-se poder calorífico superior (PCS). Caso não se considere a possibilidade de condensação, ter-se-á o poder calorífico inferior (PCI). 51
  • 53. 8 Além disso, é preciso estabelecer condições padronizadas de pressão e temperatura, nas quais o ensaio é realizado ou o resultado é apresentado. Normalmente, adota-se a pressão de 1 atm e temperatura de 20ºC como condições padrão para os reagentes e os produtos após a combustão, e nesse caso o poder calorífico é dito à pressão constante. O valor fornecido pelos ensaios usuais é o PCS, sendo que o PCI pode ser determinado, analiticamente, a partir do PCS e da composição elementar do combustível. Essa fórmula é apresentada na tabela B.6. Os poderes caloríficos podem ainda ser determinados através de fórmulas empíricas, que levam em conta a composição elementar do combustível, desde que se conheçam as entalpias de reação de cada uma das reações dos elementos anteriormente vistas. No entanto, usando tal procedimento, pode-se chegar a erros consideráveis em certos casos. A tabela B.1 apresenta o poder calorífico superior e inferior de alguns combustíveis sólidos e líquidos, bem como suas composições elementares. A tabela B.2 apresenta parâmetros análogos para gases pobres típicos, obtidos pela gaseificação de carvão vegetal e madeira. Nesse caso, são fornecidas as composições volumétricas dos gases secos, em termos, de componentes básicos. São apresentados também os poderes caloríficos dos gases secos, valores calculados e não obtidos por ensaio. TABELA B.1 Composição elementar e poder calorífico aproximados de alguns combustíveis sólidos e líquidos Comb. Óleo a (BPF) (a) Óleo C (OC-4) (a) Óleo D (BTE) (a) Óleo E (a) Óleo Diesel (b) Querosene (b) Carvão Min. (c) Carvão Min. (c) Lenha Seca (d) C(%) C O H(%) M P O(%) O N S(%) E N N(%) T E H2O(%) S Cinzas(%) 84,8 11,1 --- 4,0 --- traços traços 85,4 12,3 --- 2,3 --- traços --- 87,4 11,8 --- 0,7 --- traços traços 85,6 10,4 --- 4,0 --- --- --- 86,0 13,1 --- 0,9 --- --- --- 85,6 14,3 --- 0,1 --- --- --- 41,5 3,1 8,4 1,2 0,8 base seca 45,0 52,3 3,7 9,6 0,5 0,9 base seca 32,5 50,2 6,3 43,1 --- 0,06 base seca 0,38 PCS (kJ/kg) (kcal/kg) 41,940 (10,020) 44,330 (10,590) 43,870 (10,480) 42,070 (10,050) 45,460 (10,860) 46,510 (11,110) 16,700 (3,990) 21,120 (5,045) 15,910 (3,800) PCI (kJ/kg) (kcal/kg) 39,470 (9,430) 41,610 (9,940) 41,270 (9,860) 39,770 (9,500) 42,570 (10,170) 43,370 (10,360) 16,020 (3,827) 20,300 (4,850) 14,530 (3,470) (a) Valores fornecidos pela Shell Brasil S.A. (Petróleo), obtidos dos certificados de qualidade da refinaria “Relan”. Anos de 1977.(b) Teores de carbono e hidrogênio, bem como os poderes caloríficos, estimados a partir dos teores de enxofre e densidade médios, obtidos junto a Shell Brasil S.A. (Petróleo), para óleos provenientes da refinaria “Relan”. (c) Fonte: (2). (d) Fonte: (3) 52
  • 54. 9 TABELA B.2 Composição volumétrica e poderes caloríficos de gases pobres secos Combustível Gás de carvão Vegetal (a) Gás de Madeira (b) Composição volumétrica dos gases secos (%) CO2 O2 CO CH4 H2 N2 7,9 0,3 29,7 0,5 13,8 47,8 8,5 0,3 28,1 0,8 13,6 48,6 PCS dos gases secos (kJ/kg) (PCS em kcal/kg) 5690 (1360) 5610 (1340) PCI dos gases secos (kJ/kg) (PCI em kcal/kg) 5400 (1290) 5320 (1270) (a) Valores médios obtidos em ensaios realizados em gaseificador instalado no IPT. O gaseificador é do tipo leito fixo descendente com fluxo em contracorrente, tendo ar e vapor d’água como agente gaseificantes. (b) Valores médios obtidos em ensaios realizados pelo IPT, em gaseificador instalado em indústria particular. O gaseificador é do tipo leito fixo descendente, com fluxos em contracorrentes, tendo ar e vapor d’água como agentes gaseificantes. 53
  • 55. 10 IV. Estequiometria da combustão Quando o oxigênio consumido é o necessário e suficiente para queimar completamente os elementos combustíveis, diz-se que a reação é estequiométrica. Quando a quantidade de oxigênio é maior, fala-se em excesso de oxigênio; em caso contrário, fala-se em falta de oxigênio, situação na qual não se realiza a combustão completa, podendo formar-se CO e até partículas de carbono, estas últimas constituindo o que se denomina fuligem. Como usualmente o oxigênio é retirado do ar atmosférico, fala-se em excesso de ar ou falta de ar, sendo este constituído basicamente de oxigênio (O2) e nitrogênio (N2), na proporção indicada na Tabela B.3. Tabela B.3 Composição aproximada do ar atmosférico seco(a) Volume (%) Massa(%) Nitrogênio 79 77 Oxigênio 21 23 Densidade 1,293kg/Nm3(b) (a) O ar atmosférico carrega consigo uma dada quantidade de unidade, que depende das condições atmosféricas, e é determinável através de consulta à carta psicrométrica; na falta de melhores dados, pode-se adotar a umidade ω=0,010 kg de vapor d’água/kg ar seco que representa um valor médio para a cidade de São Paulo. (b) O normal metro cúbico (Nm3 ) identifica uma massa de gás com volume medido de 1 m3 , estando este nas condições normais de temperatura e pressão, ou seja, temperatura absoluta de 273,16 K (0ºC) e pressão absoluta de 1,013x105 Pa (760mmHg). Para se determinar o volume da massa de gás em outras condições, deve-se aplicar: V=370,84T/p: onde T = temperatura absoluta do ar em Kelvin (K) e, P = pressão absoluta do ar em Pascal(Pa). Assim, para cada 4,76 unidades de volume de ar consumidos na combustão, apenas uma (21% de oxigênio) realmente participa das reações sendo as restantes 3,76 constituídas de nitrogênio. Esse gás, por sua vez, sendo inerte, apenas contribui para abaixar a temperatura de chama na combustão. A partir das reações básicas de combustão, é possível determinar a quantidade de ar consumido, bem como a quantidade de gases gerados, em massa e em volume. Na tabela B.4 são consideradas as equações básicas para uma queima completa e estequiométrica do carbono, do hidrogênio e do enxofre. 54
  • 56. 11 TABELA B.4 Equações básicas de combustão C + O2 → CO2 12kg 33kg 44kg 12kg 22,4Nm3 22,4Nm3 Ar de combustão seco: 22,4/12 . 4,76 = 8,88Nm3 /kg de C ou 8,88.1,293 = 11,48kg/kg de C H2 + 1/2O2 → H2O 2kg 16kg 18kg 2kg 11,2Nm3 22,4Nm3 Ar de combustão seco: 11,2/2 . 4,76 = 26,7 Nm3 /kg de H2 ou 26,7 . 1,293 = 34,52 kg/kg de H2 S + O2 → SO2 32 kg 32kg 64 kg 32 kg 22,4Nm3 22,4 Nm3 Ar de combustão seco: 22,4/32 . 4,76 = 3,33 Nm3 /kg de S ou 3,33 . 1,293 = 4,31 kg/kg de S Conhecendo-se então, os coeficientes assinalados na tabela B.4 e a composição elementar do combustível, é possível obter a quantidade de ar necessária para sua estequiométrica. Na tabela B.5 são apresentados alguns valores de referência de massas de ar estequiométrica para alguns combustíveis. 55
  • 57. TABELA B.5 Ar e gases de combustão para queima estequiométrica AR DE COMBUSTÃO(a) GASES DE COMBUSTÃO(b) kg/kg de combustível Nm3 /kg de combustível kg/kg de comb. Nm3 /kg de comb. Óleo A(BPF) Óleo C(OC-4) Óleo D(BTE) Óleo E Óleo Diesel Querosene Gás de nafta Gás pobre de carvão vegetal (vide tabela B.2) Propano GLP Lenha seca (vide tabela B.1) Carvão Mineral com 32,5% de cinzas (vide tabela B.1) 13,8 14,3 14,3 13,7 14,6 14,9 7,6 1,2 15,8 15,7 6,1 7,0 10,8 11,1 11,1 10,7 11,4 11,6 6,0 0,95 12,3 12,2 4,8 5,4 14,8 15,3 15,3 14,7 15,6 15,9 8,6 2,2 16,8 16,7 7,1 7,6 11,4 11,8 11,8 11,3 12,1 12,4 7,0 1,6 13,3 13,2 5,4 5,7 (a) Ar atmosférico úmido com umidade ω=0,010kg de vapor d’água/kg de ar seco. (b) Gases de combustão úmidos. Na maioria das vezes, no entanto, a combustão se processa com excesso de ar. Define- se então, o coeficiente de excesso de ar (c) como sendo: c massa de ar utilizado - massa de ar estequiometrico massa de ar estequiometrico = 56