2. Prematuridade é conceituada em função da idade gestacional: todo
RN com Idade gestacional < 37 semanas
RN de baixo peso: < 2500 g independente da IG
Prematuro de extremo baixo peso: PN < 1000g
Prematuro de muito baixo peso: PN entre 1000 e 1500g
Prematuro tardio: IG entre 34 semanas e 36S 6d
3. RN pequeno para IG: PN < menor que o 10º percentil na curva de
crescimento intrauterino
Restrição de crescimento intrauterino: crescimento < que o percentil
10 em 2 medidas IU sequenciais
RN a termo: IG entre 37 e 42 semanas de IG
RN pós-termo: > 42 semanas de IG; poderia ser dividido em pós-
datismo (sem sinais de insuficiência placentária) e pós-maturo (com
sinais de insuficiência placentária)
4. Prematuridade: percentuais brasileiros
variáveis entre 5 e 16,2%
SINASC tem mostrado discrepâncias com
outras estatísticas.
Ex.: Ribeirão Preto, 1994:
SINASC 4% X Estudo de coorte 13%
Aumento da incidência de prematuridade
detectada desde 1994 no Brasil:
1994 = 5%
1998 = 5,4%
2000 = 5,6%
5. Pelotas (RS):
1982 = 6%
1993= 7,5%
2004 =15%
Ribeiro Preto (SP):
1978-79 = 6%
1994 = 13,3%
EUA: diminuição marcada de RNs com IG de 40s e
aumento significativo entre 34 e 39 s
Dinamarca: estudo entre 1995 – 2004 com aumento
de 22% de prematuros
6. Prematuridade em Uruguaiana: dados não são
confiáveis, pois não há pediatra em todos horários na
sala de parto e muitas vezes o pediatra não anota a IG
Em 2011 - Diagnóstico de prematuridade:
- DUM, quando confiável é o método de escolha;
- ecografia, precisão depende de quando é efetuada
(quanto mais precoce mais fidedigna);
- exame do RN: Capurro (1978), não se aplica abaixo de
204 dias de IG (29s1d); Ballard (1979), guarda boa
correlação com a DUM, 30s
A IG guarda estreita correlação com a mortalidade e
morbidade.
7. Aborto: morte de um produto de concepção <500g
(20 – 22s ) <25 cm
Morte fetal: morte ocorrida antes da expulsão
completa do corpo materno independente da IG
Período perinatal: 22 semanas de concepção até o
7º dia após o nascimento
Período neonatal: nascimento ate 28º DV
Período neonatal precoce: nascimento ate o 7º DV
Período neonatal tardio: entre o 7º e 28º DV
8. Atualmente:
- cerca de 70% das mortes no 1º ano ocorrem
no período neonatal
- cerca de 60% da mortalidade neonatal ocorre
no período neonatal precoce (42% da
mortalidade infantil)
Nomundo as 3 principais causas de mortalidade
neonatal são:
- prematuridade (28%)
- infecções (36%)
- complicações da asfixia (23%)
9. A prevenção da prematuridade é uma medida, em parte,
alcançável com melhora da atenção primária:
- Inicia com a orientação às mulheres em idade fértil
(incluindo adolescentes) sobre anticoncepção, oportunidades,
época para gestar, etc.
- Captação precoce e busca ativa para o acompanhamento do
pré-natal
- Acompanhamento imediato conforme protocolo e atenção
humanizada
- Identificação da gestante de alto risco com
encaminhamento, mas mantendo o atendimento na atenção
básica
- Visita domiciliar/busca ativa da paciente que não comparece
às consultas agendadas
- Visita domiciliar no último mês de gestação
10. - Continuidade da assistência até o final da gestação e
parto, abolindo a alta do acompanhamento pré-natal
- Vinculação da gestante à maternidade
- Garantia de transporte para o hospital.
- Estabelecimento de rotinas de pré-natal
- Solicitação de exames conforme rotina ou pela presença de
intercorrências
- Disponibilidade dos exames laboratoriais e ecográficos pela
rede
- Preenchimento completo da carteira de gestante
- Referência para internação das pacientes com situação que
predisponha ao parto prematuro, tal como ITU, HAS, etc.
11. Em Uruguaiana, o Comitê de Prevenção da
mortalidade infantil e materna, na análise dos
óbitos ocorridos, tem constatado
desorganização total no pré-natal de baixo risco:
- Somente 20-25% das mulheres recebem
orientação para planejamento familiar
- Não há busca ativa de gestantes
- Há grande troca de domicílio de consulta,
sugerindo falta de acolhida e má relação
médico-paciente.
12. Somente agora, a pedido do comitê, está sendo
estabelecida uma coordenação do pré-natal de baixo
risco visando estabelecer rotinas e fiscalização da
execução das mesmas.
As carteiras de gestantes contém mínimas
anotações, muitas vezes ilegíveis.
Há frequentemente falta de exames rotineiros e ITU
são tratadas sem uroculturas!
O aprazamento de ecografias já foi crítico. Por
sugestão do comitê de prevenção de normalidade, foi
criado o ambulatório de alto risco o qual ainda pode
melhorar muito , com a acolhida de suas
necessidades e integração com pré-natal de baixo
risco , com a maternidade , estabelecimento do
sistema de referência e contra-referência e
integração com outras especialidades.
13. Infecção perinatal: a principal infecção na UTI neonatal é a sepsis.
Ela pode ser classificada como precoce (surge nos 2 primeiros dias
de vida) e tardia.
A incidência é de cerca de 8 casos para cada 1000 nativivos ,
chegando até 25% nos recém-nascidos com menos de 1500g
A taxa de mortalidade é de cerca de 25%.
A sepse precoce tem sua origem em fatores perinatais.
Fatores de risco materno são vários, tais como febre materna, ITU,
infecção materna por estreptococo grupo B, ruptura precoce da
bolsa amniótica (>18h), amniótico fétido, leucorréia entre outros.
Em relação a colonização do trato genito urinário materno por ESG,
existe um protocolo que deve ser implementado.
14. A sepse tardia está mais relacionada com fatores UTI dependentes,
tais como acessos venosos centrais, VPM, e principalmente com
infecção cruzada transmitida através das mãos dos profissionais.
São também fatores importantes a relação enfermeiras/técnicas/
leitos, qualidade das esterilizações, tratamento dos acessos
venosos, cuidados com pacientes em ventilação.
Em nossa UTIP, temos tido boa adesão dos profissionais das
mesmas às rotinas de prevenção.
A RGN tem detectado maior mortalidade de RNS PMTMBP nas
UTIs mistas, sendo o aumento das infecções certamente um dos
fatores relacionados.
Somente agora temos a possibilidade de melhorarmos nosso
diagnóstico e tratamentos das sepses, por ter o hospital adquirido
material para automatização das hemoculturas.
15. Em relação à prevenção da anóxia perinatal nossa situação é ainda
crítica. A prevenção das situações que desembocam nesse quadro
passa por:
- melhora do pré-natal
- diminuição da sobrecarga de trabalho dos plantonistas obstétricos
- estabelecimento de rotinas de atendimento na maternidade
- qualificação de todos profissionais
- maior presteza na execução de exames laboratoriais e ecográficos
- e estabelecimento de monitorização eletrônica do trabalho de
parto.
16. O pediatra treinado deve estar sempre presente em sala de
parto
Há necessidade de algumas melhoras materiais na sala de
atendimento do RN.
O anestesista deve estar disponível para as
urgências/emergências
O obstetra deve ser um perinatologista capaz de prever
situações que podem levar à anóxia e abordá-las
precocemente.
A UTI deve estar preparada, técnica e materialmente, para
evitar lesões neurológicas secundárias
Atualmente a integração pediatra-obstetra ainda não é boa.
As situações que podem levar à anóxia perinatal são
múltiplas, devem ter uma abordagem precoce e eficiente, já
que o tempo de anóxia está relacionado com mortalidade e
morbidade.
17. Fatores locais relacionados com alta e vergonhosa mortalidade
perinatal e neonatal são:
- mínima cobertura do planejamento familiar
- péssima qualidade do pré-natal
- deficiências no atendimento ao parto
- falta de atendimento pediátrico integral em sala de parto
- falta de UTI neonatal
- enorme deficiência no número de pediatras atuantes na rede pública
- deficiências no atendimento das emergências
- falta de rede ambulatorial de atendimento aos RNs egressos da UTIP
A SMS que deveria ser a mola propulsora das melhorias dessa
situação, até o momento ainda não mostra o empenho desejado na
solução desses problemas.