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FILOSOFIA 11.º ano
FILOSOFIA 11.º ano
Luís Rodrigues
O problema da indução
ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS
TEORIAS DO CONHECIMENTO:
O EMPIRISMO DE HUME
FILOSOFIA 11.º ano
Os diversos tipos de conhecimento
O problema da indução
Como procuramos conhecer o mundo?
Mediante raciocínios indutivos que se baseiam na relação de causa e
efeito.
Como esta relação não tem objetividade, os raciocínios indutivos não
nos darão conhecimentos sobre o mundo dos factos.
Vamos ver porquê.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
«O calor é a causa da dilatação dos corpos» é uma proposição que
podemos traduzir assim: «Todos os corpos dilatam por causa do calor» e
«Podemos prever que o calor vai dilatar certos corpos».
No primeiro caso, efetuamos uma generalização.
No segundo, uma previsão.
Assim, as relações causais consistem em grande parte em inferências
indutivas. Estas levam-nos para lá da experiência imediata porque
nenhuma impressão podemos ter que ultrapasse o que observamos ou
o que observámos.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Que crença está na base das inferência indutivas?
A crença de que a natureza se comporta sempre da mesma maneira,
que o futuro repete o passado. A esta crença dá Hume o nome de
Princípio da Uniformidade da Natureza.
Justificar esta crença é condição necessária da justificação da indução.
Será possível justificá-la?
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Raciocínio indutivo
Até agora o Sol sempre se ergueu.
Logo, o Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes.
Estamos a supor que a natureza se comporta sempre do mesmo modo.
A verdade da conclusão depende de uma outra verdade: que a
natureza se comporta de modo uniforme.
Mas será que podemos provar que o Princípio da Uniformidade da
Natureza é verdadeiro?
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Raciocínio indutivo
Até agora o Sol sempre se ergueu.
Logo, o Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes.
Baseados em repetidas experiências passadas em que assistimos
sempre ao nascimento do Sol, concluímos que no futuro assim será.
É assim que procuramos justificar a crença na uniformidade da natureza.
Mas há aqui um problema. Qual?
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Raciocínio indutivo
Até agora, o Sol sempre se ergueu.
O Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes.
Logo, a natureza é uniforme.
O problema é que recorremos a um raciocínio indutivo para justificar a
crença na verdade das inferências indutivas.
Isso é falacioso.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
O princípio da uniformidade da natureza é a base dos nossos
raciocínios indutivos. Contudo, para o justificarmos, recorremos a um
raciocínio indutivo. Cometemos a falácia da petição de princípio porque
queremos justificar a indução, mas a única resposta que encontramos é
que a indução justifica a indução.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Outra explicação
Até agora, sempre que aconteceu um determinado aumento de
temperatura, um corpo dilatou.
O futuro será sempre como o passado (a natureza comporta-se sempre
do mesmo modo).
Logo, o próximo corpo que vier a ser submetido a um determinado
aumento de temperatura irá dilatar.
A verdade da conclusão depende da verdade da segunda premissa.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Outra explicação
O futuro será sempre como o passado (a natureza comporta-se
sempre do mesmo modo).
Será que podemos provar que esta proposição é verdadeira?
Para o tentar, recorremos ao seguinte raciocínio.
Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O
Sol tem nascido sempre.)
Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Outra explicação
Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O
Sol tem nascido sempre.)
Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora.
Há aqui um problema lógico grave.
Provar que a natureza é uniforme é condição para justificar a verdade
das conclusões dos nossos raciocínios indutivos.
Mas justificamos a indução recorrendo a um raciocínio indutivo. Isto é
raciocinar em círculo. Falácia.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Outra explicação
Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O
Sol tem nascido sempre.)
Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora.
O princípio que subjaz aos nossos raciocínios indutivos – a ideia de que
a natureza se comporta sempre do mesmo modo – é justificado
mediante um raciocínio indutivo. A indução justifica a própria indução.
Falácia da petição de princípio: usámos como prova o que se queria
provar.
FILOSOFIA 11.º ano
O problema da indução
O problema da indução
Outra explicação
As relações causais e as inferências indutivas nas quais o nosso
conhecimento do mundo se baseia pressupõem a crença na
regularidade da natureza.
Sendo esta injustificável, temos de concluir que o conhecimento do
mundo não é possível no sentido em que não podemos justificar as
nossas crenças acerca dele. O modo como pensamos que o mundo
funciona pode não ser o modo como este realmente funciona.
Apesar do hábito, de até agora não termos sido desmentidos e de ser
útil pensar assim.
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O problema da indução
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O problema da indução

  • 1. FILOSOFIA 11.º ano FILOSOFIA 11.º ano Luís Rodrigues O problema da indução
  • 2. ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS TEORIAS DO CONHECIMENTO: O EMPIRISMO DE HUME FILOSOFIA 11.º ano Os diversos tipos de conhecimento
  • 3. O problema da indução Como procuramos conhecer o mundo? Mediante raciocínios indutivos que se baseiam na relação de causa e efeito. Como esta relação não tem objetividade, os raciocínios indutivos não nos darão conhecimentos sobre o mundo dos factos. Vamos ver porquê. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução
  • 4. «O calor é a causa da dilatação dos corpos» é uma proposição que podemos traduzir assim: «Todos os corpos dilatam por causa do calor» e «Podemos prever que o calor vai dilatar certos corpos». No primeiro caso, efetuamos uma generalização. No segundo, uma previsão. Assim, as relações causais consistem em grande parte em inferências indutivas. Estas levam-nos para lá da experiência imediata porque nenhuma impressão podemos ter que ultrapasse o que observamos ou o que observámos. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 5. Que crença está na base das inferência indutivas? A crença de que a natureza se comporta sempre da mesma maneira, que o futuro repete o passado. A esta crença dá Hume o nome de Princípio da Uniformidade da Natureza. Justificar esta crença é condição necessária da justificação da indução. Será possível justificá-la? FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 6. Raciocínio indutivo Até agora o Sol sempre se ergueu. Logo, o Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes. Estamos a supor que a natureza se comporta sempre do mesmo modo. A verdade da conclusão depende de uma outra verdade: que a natureza se comporta de modo uniforme. Mas será que podemos provar que o Princípio da Uniformidade da Natureza é verdadeiro? FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 7. Raciocínio indutivo Até agora o Sol sempre se ergueu. Logo, o Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes. Baseados em repetidas experiências passadas em que assistimos sempre ao nascimento do Sol, concluímos que no futuro assim será. É assim que procuramos justificar a crença na uniformidade da natureza. Mas há aqui um problema. Qual? FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 8. Raciocínio indutivo Até agora, o Sol sempre se ergueu. O Sol vai erguer-se amanhã e nos dias seguintes. Logo, a natureza é uniforme. O problema é que recorremos a um raciocínio indutivo para justificar a crença na verdade das inferências indutivas. Isso é falacioso. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 9. O princípio da uniformidade da natureza é a base dos nossos raciocínios indutivos. Contudo, para o justificarmos, recorremos a um raciocínio indutivo. Cometemos a falácia da petição de princípio porque queremos justificar a indução, mas a única resposta que encontramos é que a indução justifica a indução. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 10. Outra explicação Até agora, sempre que aconteceu um determinado aumento de temperatura, um corpo dilatou. O futuro será sempre como o passado (a natureza comporta-se sempre do mesmo modo). Logo, o próximo corpo que vier a ser submetido a um determinado aumento de temperatura irá dilatar. A verdade da conclusão depende da verdade da segunda premissa. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 11. Outra explicação O futuro será sempre como o passado (a natureza comporta-se sempre do mesmo modo). Será que podemos provar que esta proposição é verdadeira? Para o tentar, recorremos ao seguinte raciocínio. Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O Sol tem nascido sempre.) Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 12. Outra explicação Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O Sol tem nascido sempre.) Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora. Há aqui um problema lógico grave. Provar que a natureza é uniforme é condição para justificar a verdade das conclusões dos nossos raciocínios indutivos. Mas justificamos a indução recorrendo a um raciocínio indutivo. Isto é raciocinar em círculo. Falácia. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 13. Outra explicação Até agora, a natureza tem-se comportado sempre do mesmo modo.(O Sol tem nascido sempre.) Logo, a natureza irá comportar-se sempre como até agora. O princípio que subjaz aos nossos raciocínios indutivos – a ideia de que a natureza se comporta sempre do mesmo modo – é justificado mediante um raciocínio indutivo. A indução justifica a própria indução. Falácia da petição de princípio: usámos como prova o que se queria provar. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução
  • 14. Outra explicação As relações causais e as inferências indutivas nas quais o nosso conhecimento do mundo se baseia pressupõem a crença na regularidade da natureza. Sendo esta injustificável, temos de concluir que o conhecimento do mundo não é possível no sentido em que não podemos justificar as nossas crenças acerca dele. O modo como pensamos que o mundo funciona pode não ser o modo como este realmente funciona. Apesar do hábito, de até agora não termos sido desmentidos e de ser útil pensar assim. FILOSOFIA 11.º ano O problema da indução O problema da indução