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Estado, capital financeiro e 
modernização da agricultura no 
Brasil 
Geografia Agrária I - Profa. Marta 
Aula 12
Resultados da Revolução Verde 
segundo Porto-Gonçalves 
• NOVAS RELAÇÕES SOCIAIS E DE PODER 
• Crescimento da interdependência econômica 
entre os momentos do processo produtivo e 
integração da produção via mercado. 
• Crescente subordinação da produção agrícola 
aos capitais comercial, industrial e financeiro. 
• Separação entre conhecimento e reprodução 
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• Simplificação do ecossistema, ineficiência 
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segundo Porto-Gonçalves 
CRESCE DIMINUI 
Produção Renda diferencial I (localização e 
fertilidade) 
Produtividade 
Consumo de insumos Postos de trabalho 
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Agricultura de mercado Diversidade Biológica, Cultural, Social 
Concentração de capitais 
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População urbana 
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Industrialização da Agricultura 
segundo Graziano 
• A agricultura se transforma em “indústria” (setor 
produtor de mercadorias, subordinado ao capital) 
• Avanço da divisão social do trabalho e mudança na 
relação cidade-campo. 
• Crescimento do consumo produtivo de bens 
intermediários e desenvolvimento do mercado 
interno (Lênin). 
• Formam-se os Complexos Agroindustriais com a 
integração da agricultura à indústria e 
intensificação das trocas intersetoriais.
Relação com a Natureza e com o 
Processo de Trabalho 
“Esse processo representa na verdade a subordinação da 
Natureza ao capital que, gradativamente, liberta o 
processo de produção agropecuária das condições 
naturais dadas, passando a fabricá-las sempre que se 
fizer necessário.” (Graziano da Silva, 1998, p. 3) (grifo 
nosso) 
Mudam a forma de produção e as relações de produção, 
o campo se converte numa “fábrica”, o trabalhador tende 
a perder autonomia e se especializa.
Industrialização da Agricultura 
segundo Graziano 
• No processo de trabalho agrícola o trabalhador se 
torna o apêndice da máquina, cria-se um proletariado 
rural desqualificado em detrimento do trabalho 
familiar camponês. 
• A agricultura se transforma em um ramo da própria 
indústria e perde a sua regulação geral (seja pelo 
mercado interno ou externo). 
• Muda a sua Regulação Econômica, que passa a ser 
determinada pelo Estado por meio do Capital 
Financeiro. 
• O Estado passa a definir os parâmetros de 
rentabilidade dos capitais investidos na agricultura.
Imperialismo e Capital Financeiro, 
segundo Lênin 
O Imperialismo corresponde à fase superior do 
capitalismo, caracterizada pelo monopólio e 
pelo aprofundamento das trocas econômicas 
entre os países, que passam de uma relação 
centrada na circulação de mercadorias para 
uma relação determinada pelo fluxo de capitais 
sob o domínio do capital financeiro.
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• Complexo Rural: produção de autoconsumo e de um produto 
para o mercado externo. A fazenda internalizava a produção 
dos meios de produção em bases artesanais. 
• Complexo Agro-comercial cafeeiro: crescente integração 
campo e cidade, que passa a incorporar atividades 
complementares ao complexo como bancos, casas de 
comércio e pequenas fábricas. 
• Expansão de ferrovias e industrialização de substituição de 
importações, desenvolvimento do mercado de trabalho , do 
mercado de terras e formação de um mercado interno.
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• Complexos Agroindustriais: não se trata mais 
de Setor Agrícola mas de uma diversidade de 
negócios envolvendo a produção agrícola sob 
o domínio da indústria e das finanças e 
orquestrados pelo Estado por meio de 
políticas específicas. 
• A agricultura torna-se uma estrutura 
multideterminada.
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
1) Do Complexo Rural ao Comp. Agro-Comercial Cafeeiro 
• Mudanças nas relações de trabalho, abolição da 
escravidão e transformação da terra em mercadoria. 
• Regime de Colonato: trabalho familiar no cafezal e 
produção de subsistência. 
• Se antes a fazenda utilizava o trabalho escravo para a 
produção de mercadoria e o camponês na condição de 
agregado, agora passa a empregar o Colono para 
trabalhar diretamente na produção de valor comercial. 
• Instalação do cafezal e produção da fazenda de café 
gera ganhos de fundador num contexto de privatização 
da terra (apropriação da renda da terra).
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• Entre 1850 e 1890 a produção de insumos e 
meios de produção continua em grande parte 
internalizada na fazenda, mas algumas atividades 
se separam do complexo cafeeiro a medida que 
aumentam a disponibilidade de recursos e a 
capacidade de importar. 
• A partir de 1890 a produção cafeeira entra em 
seu período áureo e ampliam-se as atividades 
urbanas, com o surgimento de pequenas 
agroindústrias de óleos vegetais, açúcar e álcool.
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• As mudanças observadas no complexo cafeeiro levam à 
industrialização e a uma divisão regional do trabalho que 
põe São Paulo como centro dinâmico e cria periferias, 
influenciando a configuração da agricultura capitalista no 
Brasil. 
• A modernização da agricultura dá seus primeiros passos, 
alcançando de forma diferenciada as regiões, os produtos e 
os produtores. Permanece elevada heterogeneidade na 
produção agrícola. 
• A cafeicultura e a cotonicultura sofreram importantes 
mudanças na base técnica enquanto os demais produtos 
continuam a ser cultivados em bases extensivas.
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• A crise de 1929/33 muda os determinantes da 
dinâmica nacional, que passam a ser 
influenciados pelo mercado interno criado pela 
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• De 1930 a 1960 dá-se a integração dos mercados 
nacionais (de alimentos, trabalho, matérias-prima) 
e a conclusão da implantação do D1 com a 
instalação da indústria pesada. 
• Neste período a entrada de capitais 
proporcionada pelo café irá impulsionar a 
industrialização.
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Complexos Agroindustriais 
2) A transição no Pós-Guerra e a Modernização da 
agricultura 
• Expansão da agricultura em áreas de fronteira 
próximas a núcleos urbanizados do Centro-Sul. 
• Nos anos 50 tem início a modernização da agricultura 
de uma forma mais ampla sob o signo da revolução 
verde. 
• Ocorre a importação de tratores e fertilizantes visando 
o aumento da produtividade na agricultura. 
• O que produzir é internalizado mas o como produzir 
passa a depender do mercado externo
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• Cresce o consumo intermediário e o processo de produção 
torna-se cada vez mais complexo. 
• Intensifica-se esta mudança com a implantação no país da 
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• A partir de 1965 tem-se um Novo Padrão de Desenvolvimento 
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da produção agrícola; intensa urbanização; crescimento do 
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Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• O Estado atua como agente modernizante e regulador 
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• A regulação macroeconômica mais geral se dá 
por meio das ligações entre os capitais, que 
não são apenas técnicas, mas financeiras. 
• O sistema financeiro passa a soldar o 
movimento geral de produção e acumulação 
na agricultura com o resto da economia.
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais 
• A Política de Crédito torna-se o principal vetor da Modernização 
da Agricultura e favorece a Integração/ Centralização de 
Capitais (bancários, industriais e agrários). 
• Formam-se os Conglomerados, articulando mútiplas frentes de 
investimento na busca da taxa média de lucro. 
• A cabeça financeira do conglomerado imprime direção à 
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• Ocorre a territorialização da burguesia e a transformação da 
propriedade fundiária em ativo especulativo. O mercado de 
terras se transforma em ramo especial do mercado financeiro. 
• O capital financeiro emerge como nova forma de organização 
dos mercados rurais e de comando na acumulação na 
agricultura.
Brasil: do Complexo Rural aos 
Complexos Agroindustriais
Bibliografia 
Textos de referência: 
SILVA, José Graziano. “Do complexo rural aos complexos 
agroindustriais”, in A nova dinâmica da agricultura 
brasileira. Campinas, UNICAMP.IE, 1998. (pp. 1-39) 
Bibliografia complementar: 
DELGADO, Guilherme. Do capital financeiro na 
agricultura à economia do agronegócio. Porto Alegre, 
UFRGS, 2012.

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  • 1. Estado, capital financeiro e modernização da agricultura no Brasil Geografia Agrária I - Profa. Marta Aula 12
  • 2. Resultados da Revolução Verde segundo Porto-Gonçalves • NOVAS RELAÇÕES SOCIAIS E DE PODER • Crescimento da interdependência econômica entre os momentos do processo produtivo e integração da produção via mercado. • Crescente subordinação da produção agrícola aos capitais comercial, industrial e financeiro. • Separação entre conhecimento e reprodução social, entre produção e reprodução, risco à Segurança e Soberania Alimentar. • Simplificação do ecossistema, ineficiência energética e dependência de insumos externos para assegurar o seu equilíbrio dinâmico.
  • 3. Contradições da Revolução Verde segundo Porto-Gonçalves CRESCE DIMINUI Produção Renda diferencial I (localização e fertilidade) Produtividade Consumo de insumos Postos de trabalho Impactos ambientais População rural Agricultura de mercado Diversidade Biológica, Cultural, Social Concentração de capitais Desigualdades sociais Preços Relativos Agrícolas População urbana Fome no Mundo
  • 4. Industrialização da Agricultura segundo Graziano • A agricultura se transforma em “indústria” (setor produtor de mercadorias, subordinado ao capital) • Avanço da divisão social do trabalho e mudança na relação cidade-campo. • Crescimento do consumo produtivo de bens intermediários e desenvolvimento do mercado interno (Lênin). • Formam-se os Complexos Agroindustriais com a integração da agricultura à indústria e intensificação das trocas intersetoriais.
  • 5. Relação com a Natureza e com o Processo de Trabalho “Esse processo representa na verdade a subordinação da Natureza ao capital que, gradativamente, liberta o processo de produção agropecuária das condições naturais dadas, passando a fabricá-las sempre que se fizer necessário.” (Graziano da Silva, 1998, p. 3) (grifo nosso) Mudam a forma de produção e as relações de produção, o campo se converte numa “fábrica”, o trabalhador tende a perder autonomia e se especializa.
  • 6. Industrialização da Agricultura segundo Graziano • No processo de trabalho agrícola o trabalhador se torna o apêndice da máquina, cria-se um proletariado rural desqualificado em detrimento do trabalho familiar camponês. • A agricultura se transforma em um ramo da própria indústria e perde a sua regulação geral (seja pelo mercado interno ou externo). • Muda a sua Regulação Econômica, que passa a ser determinada pelo Estado por meio do Capital Financeiro. • O Estado passa a definir os parâmetros de rentabilidade dos capitais investidos na agricultura.
  • 7. Imperialismo e Capital Financeiro, segundo Lênin O Imperialismo corresponde à fase superior do capitalismo, caracterizada pelo monopólio e pelo aprofundamento das trocas econômicas entre os países, que passam de uma relação centrada na circulação de mercadorias para uma relação determinada pelo fluxo de capitais sob o domínio do capital financeiro.
  • 8. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • Complexo Rural: produção de autoconsumo e de um produto para o mercado externo. A fazenda internalizava a produção dos meios de produção em bases artesanais. • Complexo Agro-comercial cafeeiro: crescente integração campo e cidade, que passa a incorporar atividades complementares ao complexo como bancos, casas de comércio e pequenas fábricas. • Expansão de ferrovias e industrialização de substituição de importações, desenvolvimento do mercado de trabalho , do mercado de terras e formação de um mercado interno.
  • 9. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • Complexos Agroindustriais: não se trata mais de Setor Agrícola mas de uma diversidade de negócios envolvendo a produção agrícola sob o domínio da indústria e das finanças e orquestrados pelo Estado por meio de políticas específicas. • A agricultura torna-se uma estrutura multideterminada.
  • 10. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais 1) Do Complexo Rural ao Comp. Agro-Comercial Cafeeiro • Mudanças nas relações de trabalho, abolição da escravidão e transformação da terra em mercadoria. • Regime de Colonato: trabalho familiar no cafezal e produção de subsistência. • Se antes a fazenda utilizava o trabalho escravo para a produção de mercadoria e o camponês na condição de agregado, agora passa a empregar o Colono para trabalhar diretamente na produção de valor comercial. • Instalação do cafezal e produção da fazenda de café gera ganhos de fundador num contexto de privatização da terra (apropriação da renda da terra).
  • 11. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • Entre 1850 e 1890 a produção de insumos e meios de produção continua em grande parte internalizada na fazenda, mas algumas atividades se separam do complexo cafeeiro a medida que aumentam a disponibilidade de recursos e a capacidade de importar. • A partir de 1890 a produção cafeeira entra em seu período áureo e ampliam-se as atividades urbanas, com o surgimento de pequenas agroindústrias de óleos vegetais, açúcar e álcool.
  • 12. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • As mudanças observadas no complexo cafeeiro levam à industrialização e a uma divisão regional do trabalho que põe São Paulo como centro dinâmico e cria periferias, influenciando a configuração da agricultura capitalista no Brasil. • A modernização da agricultura dá seus primeiros passos, alcançando de forma diferenciada as regiões, os produtos e os produtores. Permanece elevada heterogeneidade na produção agrícola. • A cafeicultura e a cotonicultura sofreram importantes mudanças na base técnica enquanto os demais produtos continuam a ser cultivados em bases extensivas.
  • 13. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • A crise de 1929/33 muda os determinantes da dinâmica nacional, que passam a ser influenciados pelo mercado interno criado pela Urbanização. • De 1930 a 1960 dá-se a integração dos mercados nacionais (de alimentos, trabalho, matérias-prima) e a conclusão da implantação do D1 com a instalação da indústria pesada. • Neste período a entrada de capitais proporcionada pelo café irá impulsionar a industrialização.
  • 14. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais 2) A transição no Pós-Guerra e a Modernização da agricultura • Expansão da agricultura em áreas de fronteira próximas a núcleos urbanizados do Centro-Sul. • Nos anos 50 tem início a modernização da agricultura de uma forma mais ampla sob o signo da revolução verde. • Ocorre a importação de tratores e fertilizantes visando o aumento da produtividade na agricultura. • O que produzir é internalizado mas o como produzir passa a depender do mercado externo
  • 15. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • Cresce o consumo intermediário e o processo de produção torna-se cada vez mais complexo. • Intensifica-se esta mudança com a implantação no país da indústria para fornecer máquinas e insumos para a agricultura, configurando a Industrialização da Agricultura. • A partir de 1965 tem-se um Novo Padrão de Desenvolvimento da Agricultura caracterizado pelos Complexos Agroindustriais e pela Integração de Capitais. • Processos relacionados: consolidação da integração entre agricultura e indústria e as correlatas mudanças de base técnica da produção agrícola; intensa urbanização; crescimento do emprego não-agrícola e da demanda por produtos agrícolas; crescimento e diversificação das exportações e criacão do criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR).
  • 16. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • O Estado atua como agente modernizante e regulador da economia, administrando as margens de lucro na agricultura por meio do crédito rural e sustentado por um Pacto Político entre Burguesia e os Proprietários de Terras. • A regulação macroeconômica mais geral se dá por meio das ligações entre os capitais, que não são apenas técnicas, mas financeiras. • O sistema financeiro passa a soldar o movimento geral de produção e acumulação na agricultura com o resto da economia.
  • 17. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais • A Política de Crédito torna-se o principal vetor da Modernização da Agricultura e favorece a Integração/ Centralização de Capitais (bancários, industriais e agrários). • Formam-se os Conglomerados, articulando mútiplas frentes de investimento na busca da taxa média de lucro. • A cabeça financeira do conglomerado imprime direção à aplicação de capitais em diferentes mercados, com destaque para o mercado de terras. • Ocorre a territorialização da burguesia e a transformação da propriedade fundiária em ativo especulativo. O mercado de terras se transforma em ramo especial do mercado financeiro. • O capital financeiro emerge como nova forma de organização dos mercados rurais e de comando na acumulação na agricultura.
  • 18. Brasil: do Complexo Rural aos Complexos Agroindustriais
  • 19.
  • 20.
  • 21. Bibliografia Textos de referência: SILVA, José Graziano. “Do complexo rural aos complexos agroindustriais”, in A nova dinâmica da agricultura brasileira. Campinas, UNICAMP.IE, 1998. (pp. 1-39) Bibliografia complementar: DELGADO, Guilherme. Do capital financeiro na agricultura à economia do agronegócio. Porto Alegre, UFRGS, 2012.