O documento discute a avaliação da aprendizagem no Ensino Remoto Emergencial (ERE). Apresenta os propósitos da avaliação como estabelecer situações de aprendizagem, fornecer feedback e incentivar a metacognição. Discute também os movimentos da avaliação como diagnóstico, formativo e certificatório e a importância de usar diferentes instrumentos e de envolver os estudantes no processo avaliativo.
Didática e Ensino Remoto: avaliação da aprendizagem
1. A concepção
didática da aula
no ERE:
planejamento, mediação
e avaliação
Prof. Leonardo Severo
Profa. Jeane Félix
Depto. de Habilitações Pedagógicas e Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba
Terceiro encontro
Avaliar para conhecer e
promover a aprendizagem no
ERE
2. Para início de conversa
• Como foi a experiência de trabalho/reflexão no Ateliê
Individual?
• Os porquês da avaliação da aprendizagem no
Ensino Remoto Emergencial (ERE);
• Objetivo do encontro:
Conhecer perspectivas metodológicas que auxiliam a
organização do processo avaliativo no ERE, com
ênfase em uma visão multidimensional da
aprendizagem.
3. Organizadores conceituais
Avaliação da
aprendizagem
O erro como
oportunidade de
aprendizagem
- O que caracteriza a avaliação da aprendizagem
como um processo didático?
- Que movimentos configuram esse processo e quais
os parâmetros para desenho de instrumentos e uso
de resultados avaliativos como recursos de
melhoria da prática docente?
- Qual a potência do erro no processo educativo?
- O que errar nos permite aprender?
- Como transformar o erro em ferramenta de
aprendizagens?
- Até que ponto refletimos sobre os nossos próprios
erros na avaliação das aprendizagens de nossos(as)
estudantes?
4. Avaliar a aprendizagem depende...
... Da concepção de educação do(a) docente;
... Da formação e cultura profissional do(a)
docente;
....Da cultura institucional;
... Da compreensão que o(a) docente tem sobre a
finalidade da aprendizagem, como ela ocorre e a
partir de que elementos se sabe que ocorreu;
...Do posicionamento ético do(a) docente na
relação pedagógica.
5. Avaliação e aprendizagem
•Dois processos distintos: avaliação (normalmente
conduzida pelo/a docente) e aprendizagem (intrínseca
ao/à estudante).
6. Avaliar: entre ditos e não ditos
(FERNANDES; FREITAS, 2007, p. 23)
•Avaliar é um processo em que realizar provas e testes, atribuir notas ou
conceitos é apenas parte do todo.
•A avaliação é uma atividade orientada para o futuro. Avalia-se para tentar
manter ou melhorar nossa atuação futura. Essa é a base da distinção
entre medir e avaliar.
•Medir refere-se ao presente e ao passado e visa obter informações a
respeito do progresso efetuado pelos estudantes. Avaliar refere-se à
reflexão sobre as informações obtidas com vistas a planejar o futuro.
•Portanto, medir não é avaliar, ainda que o medir faça parte do processo de
avaliação. Avaliar a aprendizagem do estudante não começa e muito menos
termina quando atribuímos uma nota à aprendizagem.
•Dimensão democrática da avaliação educacional: a avaliação incide na
cultura institucional (até que ponto refletimos sobre nossas práticas
cotidianas?)
7. Propósitos da avaliação na relação
com o/a estudante
(RUSSEL; AIRASIAN, 2014)
•Estabelecer situações de ensino que apoiam e promovem a
aprendizagem;
•Organizar os(as) estudantes de acordo com seu status de
desempenho em relação aos objetivos da disciplina;
•Diagnosticar e fornecer feedbacks que estimulem a
metacognição;
•Criar um ambiente democrático de incentivo a diferentes
formas de expressão da aprendizagem;
•Produzir memória sobre o que professores(as) e estudantes
constroem colaborativamente.
8. Transformar a prática avaliativa
em prática de aprendizagem
(BAIN, 2007)
•Quais são as atitudes em relação à aprendizagem
que as práticas avaliativas do(a) docente ensinam ou
induzem? O que as práticas avaliativas informam para
o(a) estudante sobre as prioridades do ensino?
9. Erro(s) como oportunidade de
aprendizagens:
- Aprendemos a classificar as aprendizagens em certas ou
erradas
- Com isso: segregamos, hierarquizamos e excluímos
- É preciso tomar o(s) erro(s) como parte do processo de
aprendizagem
- Cada um(a) de nós possui seu próprio ritmo para
aprender
- Para aprender com o(s) erro(s), a avaliação precisa ser
integrante do processo formativo
- É preciso dar feedback qualitativo aos(as) estudantes
(Fernandes & Freitas, 2007)
10. Movimentos avaliativos
Assumir a dimensão
de processualidade da
avaliação em nossas
práticas nos engaja a
desenvolver um olhar
mais atento às
aprendizagens dos(as)
estudantes na lógica
do conhecer para
acolher, para intervir
e para promover.
11. Movimento diagnóstico
- Mais do que nunca, o imperativo da inclusão se expõe
como uma demanda pedagógica no ERE;
- Os intervalo nas rotinas acadêmicas dos(as) estudantes
pode ter provocado lacunas que precisam ser conhecidas;
- A sondagem de repertório é pressuposto para
diversificação do/no ensino, a partir de estratégias de
trabalho com diferentes grupos de estudantes
(possibilidade assíncrona);
- Alguns instrumentos: formulário, teste de múltipla escolha,
lista de atividades preparatórias, etc.
12. Movimento formativo
- A avaliação como estratégia para fornecer informações
acerca das ações de aprendizagens;
- O(a) professor(a) fica atento aos processos de
aprendizagens de seus(suas) estudantes;
- Cria-se de estratégias para construção da autonomia
dos(as) estudantes
- O(A) estudante é sujeito ativo de seu processo de
aprender
- Responsabilidade compartilhada entre professor(a) e
aluno(a) com os avanços e necessidades de
aprendizagem
- A nota é consequência e não o centro da avaliação
(Fernandes & Freitas, 2007)
13. Movimento certificatório
- Pensar a nota em um contexto mais dinâmico de registros
de aprendizagem;
- Critérios, datas e instrumentos podem ser negociados
com os(as) estudantes (estratégia de engajamento);
- Evitar a sobrecarga de atividades com finalidade
certificatória, especialmente se forem formatadas em um
mesmo padrão de instrumento;
- Importância de articular desempenho individual e
desempenho em atividades coletivas;
- Necessidade de definir rubricas avaliativas e oferecer
feedback de qualidade aos(às) estudantes.
14. Orientações ou conselhos da
experiência
- Explicar o motivo pedagógico da escolha por esse
instrumento;
- Para diminuir a ansiedade dos(as) estudantes,
flexibilize o peso das avaliações, dando oportunidade
para revisão da nota conforme a evolução do seu
desempenho ao logo das aulas;
- Dê segundas chances;
- Durante a aplicação do instrumento, não economize em
explicações que ajudem os(as) estudantes a
compreenderem o foco da questão;
- Ofereça sugestões de como os(as) estudantes podem
se preparar mental e fisicamente para a atividade.
18. Alguns instrumentos
Representação gráfica de
conceitos
Mapas mentais, conceituais,
esquemas e outras formas
imagéticas que mostrem como
o(a) estudante é capaz de
ordenar e correlacionar
informações.
Avaliação de desempenho
simulado
Estudos de caso prático,
resolução de problemas...
Pesquisas
Estudos individuais e
colaborativos baseados na
busca por evidências e
tratamento analítico de dados
que, normalmente, se
apresentam na forma de
artigos.
Portfólio
-Coletânea de atividades
(estudos dirigidos, sínteses
de leitura, relatórios de
práticas) e registros
reflexivos (notas de
experiências, destaques e
fragilidades de
aprendizagem, etc.) do(a)
estudante ao longo de um
curso/disciplina.
Autoavaliativos
-Instrumentos objetivos e/ou
dissertativos que abarcam o
olhar do(a) próprio(a)
estudante sobre seu processo
de aprendizagem,
incentivando o engajamento
e favorecendo a
metacognição.
Atividades coletivas
Seminários, painéis e outras
formas de produção que engajem
os(as) estudantes em práticas de
estudo colaborativo, resultando
em avaliação de desempenho
coletivo; grupos
tutoriais/operativos.
19. Ética da/na avaliação
- Os critérios precisam ser explícitos desde o início do
curso/componente curricular e precisam ser seguidos;
- Caso sejam necessários ajustes nos instrumentos e/ou
critérios: é necessário pactuar com os(as) estudantes
- Avaliar apenas o que foi abordado (nunca a mais)
- Simplicidade ou complexidade na avaliação devem
sempre estar em acordo com o que foi abordado
- Se os(as) estudantes se sentem enganados(as):
aprendem a enganar
- Ser justo(a), seguir os critérios, considerar os contextos
de aprendizagem
21. Orientações para a finalização do
Ateliê
- O processo avaliativo incorpora os movimentos
diagnóstico, formativo e certificatório?
- Os instrumentos usados para operacionalizar esses
movimentos são pontuados?
- Há diversificação de instrumentos?
- Os instrumentos favorecem uma aprendizagem mais
significativa?
- As concepções de aprendizagem que fundamentam o
plano são coerentes com as escolhas avaliativas?
- O programa de avaliações se distribui em um roteiro de
atividades articuladas a partir dos objetivos da disciplina?
22. Referências
BAIN, Ken. Lo que hacen los mejores profesores de
universidad. Valencia: Publicaciones de la Universidad de
Valencia, 2007
FERNANDES, Cláudia de Oliveira; FREITAS, Luís Carlos.
Indagações sobre currículo : currículo e avaliação. Brasília
: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
2007.
RUSSELL, Michael K; AIRASIAN, Peter W. Avaliação em
sala de aula: conceitos e aplicações. 7 ed. Porto Alegre:
AMGH,2014.