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ORGANIZAÇÕES ESTUDANTIS E O TRÍPLICE DESAFIO DOS ESTUDANTES<br />No presente artigo pretendo fazer uma reflexão analítica sobre a criação de organizações estudantis independentes nos institutos de ensino privado, analisando, especificamente o pouco interesse pelos estudantes em ajudar no desenvolvimento científico dos mesmos institutos. <br />Assim, partindo do princípio de que a necessidade de estudantes unirem-se e, criarem uma organização estudantil independente para salvaguardar os seus interesses comuns, surge na maioria das vezes consoante as condições e desafios que os estudantes enfrentam durante o processo da sua formação, farei uma análise, como estes têm reagido diante estas organizações independentes e como essas reacções têm-se manifestado ao longo do processo da sua formação tendo em conta as suas divergências sociais.<br />Nos anos anteriores, participar numa organização estudantil independente era, acima de tudo, correr riscos. Risco de perder a vida, perder a esperança e, especialmente, perder a liberdade. Era uma época onde estudantes morriam lutando por seus ideais e para defenderam as suas aspirações colectivas. A união de estudantes era o caminho encontrado por muitos para dar força às suas ideias e reivindicar uma sociedade mais justa e igualitária.<br />Hoje, com as mudanças no cenário político-económico nacional e mundial, muitos dos ideais e aspirações originais das organizações estudantis independentes se perderam e a maioria dos estudantes parecem quot;
aprisionadosquot;
 dentro de um sistema que não prioriza o colectivo. <br />Porém, estudantes considerados por muitos como corajosos, obstinados e idealistas se sobrepõem às dificuldades e continuam lutando, mostrando que a história das organizações estudantis independentes está ligada, sobretudo, à resistência de criação de uma sociedade estudantil individualista e a unidade das suas diversidades sociais. É nesta ordem de ideias que um determinado grupo de estudantes da Universidade Óscar Ribas, uniram-se e formaram uma liga com a denominação Liga Universitária para o Desenvolvimento Académico da Universidade Óscar Ribas (LUDA-UOR), que procura tornar mais abrangente o clima universitário através de investigações e pesquisa cientifica-filosófica e, defender os interesses dos estudantes, isto através da união de ideias das várias áreas do saber para torna-los numa só e poderosa voz. <br />Embora muitos acreditam que as instituições privadas não proporcionam abertura para a criação de organizações estudantis independentes, existe espaço para que os estudantes e principalmente os jovens possam se unir, batalhar por melhorias no ensino e, também, discutir sobre certos conceitos e princípios científicos. Existe uma abertura para isso. Depende apenas da vontade dos estudantes de unirem-se e organizaram-se desde a base ao top como uma organização estudantil forte, unida, independente e democrática, algo que nas instituições angolanas, em geral, não via com tanta força, isto devido certos obstáculos que os estudantes de instituições privadas, em particular, enfrentam para a prossecução desta causa nobre.<br />Um dos principais obstáculos para que os estudantes de instituições privadas se organizem é a falta de compromisso social. Acho que, no caso das privadas, muitos estudantes pensam que porque pagam mensalidade não têm obrigação com a sociedade. Acreditam que este é apenas compromisso de estudantes de instituições públicas, e não é bem assim; outro obstáculo é, a politização das instituições de ensino público e privado, vem sendo um dos grandes desafios da ciência e da sua investigação. Razão pela qual muitos estudantes não se interessam por qualquer tipo de actividades de carácter científico, estudam apenas para resolver seus projectos pessoais e não se interessam com o contributo que devem a sociedade. <br />Este quadro coloca dilemas e desafios para as organizações estudantis independentes como a LUDA-UOR, que se encontra num processo de estruturação e materialização dos seus objectivos, que surge com a necessidade de recriar um ambiente propício ao debate e a investigação científica, para que os estudantes, que ainda acreditam na ciência como um dos principais pressupostos que possa transformar a nossa sociedade e em particular a nossa universidade, possam dar os seus contributos científicos.<br />A contribuição que a LUDA-UOR pretende dar para o desenvolvimento científico da Universidade Óscar Ribas, é muito importante, especialmente para a área de investigação. Para nós, os estudantes desempenha um papel fundamental porque enxergam a educação de perto, vivenciando no seu dia-a-dia. Os estudantes conhecem melhor os problemas porque se deparam com eles o tempo todo. Assim, é muito mais fácil identificar e levar as problemáticas para o campo de investigação.<br />Muito além do compromisso socio-academico que é dever de todos, a LUDA-UOR ainda procura promover discussões cientifico-filosofico, permitindo que o estudante amadureça suas ideias e as compartilhe, o que possibilita o desenvolvimento de uma consciência filosófica, que é muito importante para o país. A juventude tem certo desprendimento natural que ultrapassa, muitas vezes, o que é o corporativismo dos funcionários e professores de uma universidade. Eles trazem os problemas quotidianos com uma visão de futuro o que é muito generoso para a universidade e a sociedade. Para que as organizações estudantis continuem a ser uma organização representativa dos estudantes é necessário que mais e mais estudantes saiam de seu quot;
mundo particularquot;
 e participem com novas ideias científicas. É importante que os estudantes olhem a sua volta e, dentro de uma nova perspectiva, acreditem que possam intervir na realidade de forma a construir uma sociedade mais humana e igualitária para todos.<br />A Liga Universitária para o Desenvolvimento Académico da Universidade Óscar Ribas (LUDA-UOR),  é formada por estudantes, conscientes do seu papel na sociedade e em especial na universidade.    Nosso empenho cinge-se no sentido de trazer o idealismo-científico dos estudantes da Universidade Óscar Ribas para o centro dos acontecimentos. O contexto é o momento histórico da criação da LUDA-UOR, marcada pelo compromisso visceral com a liberdade e a democracia. Somos lutadores, carregamos o espírito humano da esperança, queremos sim, uma universidade forte e desenvolvida do ponto de vista científico, nós almejamos uma universidade ideal, construída dia a dia, com nossas ideias, princípios éticos, respeito e democracia.  Nós da LUDA-UOR, carregamos a força do novo e fazemos a diferença. Estamos engajados na luta dos estudantes e da juventude angolana, sabemos que, estamos no caminho certo, e isso nos dá ainda mais forças para que também lutemos incansavelmente por uma Angola mais solidária e justa.<br />Agora pergunto-vos:<br />Onde estão os estudantes universitários? Se nas universidades eles não têm estado em evidência, embora existam sinais e números quantitativos mas incipientes de estudantes nas universidades, com o objectivo de realizarem e concretizarem apenas os seus interesses pessoas e, não colectivos.<br /> Será que as forças do individualismo, da apatia e da alienação, venceram, na conjuntura de avanço do neoliberalismo e da indústria de consumo globalizado ou será que os estudantes pararam de ser uma marca na sociedade? <br />Que contributos esperam dar os estudantes para sociedade, se não contribuem para o seu próprio processo de formação dentro das universidades? <br />Por isso defendo que, todo e qualquer estudante universitário deve ter em mente que o seu ingresso na universidade não se restringe apenas em servir-se mas em servir a própria universidade, sociedade e o estado. <br /> Isto porque o estudante é o pináculo dos degraus da educação formal, por isso deveria liderar uma campanha para o desenvolvimento das capacidades da universidade, na investigação cientifico-filosofica e no questionamento das teses. Por exemplo, é inaceitável que um estudante critique o desenvolvimento da pesquisa e investigação científica da sua instituição, se nem se quer participa em actividades, fóruns ou encontros científicos e que, só uma atitude permanentemente crítica perante a instituição, enquanto parte dela, corresponde à pura acepção de servi-la. <br />No que se refere em servir ao estado, o estudante deve investigar os ideais de justiça, da promoção cultural, do crescimento e desenvolvimento económico, boa governação, etc. Para isto não é imperioso que tenha um emprego formal ou privilegiado, mas pura e simplesmente um cérebro disposto a passar da inércia á acção, a transformação, a assumir desafios e a atravessar os limites do cânone. <br />É preciso notar que o estado tem o seu sustentáculo em instituições, estas tendem a se anacronizarem, não acompanham o dever histórico, surgindo assim, um amplo campo para, mais uma vez, o estudante descrever a anatomia das fissuras e lacunas destas mesmas instituições com o intuito de torná-las mais adaptadas a realidade. <br />Em suma, digo que o papel do estudante universitário está exactamente onde se encontra o seu tríplice desafio: servir a universidade, a sociedade e o estado. <br />O estudante deve prover soluções genuínas para problemas concretos. <br />José Republicano <br />
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  • 1. ORGANIZAÇÕES ESTUDANTIS E O TRÍPLICE DESAFIO DOS ESTUDANTES<br />No presente artigo pretendo fazer uma reflexão analítica sobre a criação de organizações estudantis independentes nos institutos de ensino privado, analisando, especificamente o pouco interesse pelos estudantes em ajudar no desenvolvimento científico dos mesmos institutos. <br />Assim, partindo do princípio de que a necessidade de estudantes unirem-se e, criarem uma organização estudantil independente para salvaguardar os seus interesses comuns, surge na maioria das vezes consoante as condições e desafios que os estudantes enfrentam durante o processo da sua formação, farei uma análise, como estes têm reagido diante estas organizações independentes e como essas reacções têm-se manifestado ao longo do processo da sua formação tendo em conta as suas divergências sociais.<br />Nos anos anteriores, participar numa organização estudantil independente era, acima de tudo, correr riscos. Risco de perder a vida, perder a esperança e, especialmente, perder a liberdade. Era uma época onde estudantes morriam lutando por seus ideais e para defenderam as suas aspirações colectivas. A união de estudantes era o caminho encontrado por muitos para dar força às suas ideias e reivindicar uma sociedade mais justa e igualitária.<br />Hoje, com as mudanças no cenário político-económico nacional e mundial, muitos dos ideais e aspirações originais das organizações estudantis independentes se perderam e a maioria dos estudantes parecem quot; aprisionadosquot; dentro de um sistema que não prioriza o colectivo. <br />Porém, estudantes considerados por muitos como corajosos, obstinados e idealistas se sobrepõem às dificuldades e continuam lutando, mostrando que a história das organizações estudantis independentes está ligada, sobretudo, à resistência de criação de uma sociedade estudantil individualista e a unidade das suas diversidades sociais. É nesta ordem de ideias que um determinado grupo de estudantes da Universidade Óscar Ribas, uniram-se e formaram uma liga com a denominação Liga Universitária para o Desenvolvimento Académico da Universidade Óscar Ribas (LUDA-UOR), que procura tornar mais abrangente o clima universitário através de investigações e pesquisa cientifica-filosófica e, defender os interesses dos estudantes, isto através da união de ideias das várias áreas do saber para torna-los numa só e poderosa voz. <br />Embora muitos acreditam que as instituições privadas não proporcionam abertura para a criação de organizações estudantis independentes, existe espaço para que os estudantes e principalmente os jovens possam se unir, batalhar por melhorias no ensino e, também, discutir sobre certos conceitos e princípios científicos. Existe uma abertura para isso. Depende apenas da vontade dos estudantes de unirem-se e organizaram-se desde a base ao top como uma organização estudantil forte, unida, independente e democrática, algo que nas instituições angolanas, em geral, não via com tanta força, isto devido certos obstáculos que os estudantes de instituições privadas, em particular, enfrentam para a prossecução desta causa nobre.<br />Um dos principais obstáculos para que os estudantes de instituições privadas se organizem é a falta de compromisso social. Acho que, no caso das privadas, muitos estudantes pensam que porque pagam mensalidade não têm obrigação com a sociedade. Acreditam que este é apenas compromisso de estudantes de instituições públicas, e não é bem assim; outro obstáculo é, a politização das instituições de ensino público e privado, vem sendo um dos grandes desafios da ciência e da sua investigação. Razão pela qual muitos estudantes não se interessam por qualquer tipo de actividades de carácter científico, estudam apenas para resolver seus projectos pessoais e não se interessam com o contributo que devem a sociedade. <br />Este quadro coloca dilemas e desafios para as organizações estudantis independentes como a LUDA-UOR, que se encontra num processo de estruturação e materialização dos seus objectivos, que surge com a necessidade de recriar um ambiente propício ao debate e a investigação científica, para que os estudantes, que ainda acreditam na ciência como um dos principais pressupostos que possa transformar a nossa sociedade e em particular a nossa universidade, possam dar os seus contributos científicos.<br />A contribuição que a LUDA-UOR pretende dar para o desenvolvimento científico da Universidade Óscar Ribas, é muito importante, especialmente para a área de investigação. Para nós, os estudantes desempenha um papel fundamental porque enxergam a educação de perto, vivenciando no seu dia-a-dia. Os estudantes conhecem melhor os problemas porque se deparam com eles o tempo todo. Assim, é muito mais fácil identificar e levar as problemáticas para o campo de investigação.<br />Muito além do compromisso socio-academico que é dever de todos, a LUDA-UOR ainda procura promover discussões cientifico-filosofico, permitindo que o estudante amadureça suas ideias e as compartilhe, o que possibilita o desenvolvimento de uma consciência filosófica, que é muito importante para o país. A juventude tem certo desprendimento natural que ultrapassa, muitas vezes, o que é o corporativismo dos funcionários e professores de uma universidade. Eles trazem os problemas quotidianos com uma visão de futuro o que é muito generoso para a universidade e a sociedade. 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