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especialmente ao principiante espírita

E

spíritas

Resenha de Estudos

Espiritismo estudado

descortinando novos horizontes
às criaturas humanas

SÉRIE
o celeste

roteiro

6

janeiro de 2014

semeando conhecimento iluminativo; estimulando
a prática incondicional do bem; enaltecendo Jesus
1
Roteiro

A CELESTE INDAGAÇÃO

O CELESTE

Resenha de Estudos Espíritas
7 de janeiro de 2014

Unidade em
estudo:

“Que buscais? (João 1 : 38)
“A quem buscais?” (João 18 : 4)

nº6

Eu Sou o Caminho

tema:

Jesus, nosso modelo e guia

abordagem:

A Celeste Indagação

parte única

A Celestre Indagação

título desta edição:

A Celeste Indagação

objetivo do tema
abordado:

O objetivo do tema é enaltecer a figura de Jesus
e sua presença em nossas vidas, como expressão
de esperança e consolo, relacionando o Espiritismo
com a Sua mensagem, por ser ela a essência da
Doutrina Espírita.

observação:

Além das Notas de Referência para as citações
contidas no texto de abordagem do assunto,
ao final seguem referências bibliográficas, que
recomendamos sejam lidas e estudadas, pois
ali se encontra conhecimento que irá dar maior
substância ao que ora nos dispomos aprender.

B
J

uscais?
QUE

esus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais?

Afinal, o que estamos buscando em nosso dia a dia, que tem consumido
nossas forças, nosso ânimo, nosso tempo?

Somos nós os que seguimos Jesus desde há mais de dois mil anos e é chegado
o momento de respondermos ao celeste questionamento.
Naturalmente que essa resposta exige de nós, profunda e amadurecida reflexão sobre a vida, suas razões e nossos objetivos no curso dela. Sobre o que já
sabemos e o que fazemos em nosso benefício espiritual e em prol do próximo.

2

3
Sobre nossa relação conosco mesmo,
com o próximo e com Deus.

A Benfeitora Espiritual, Joanna de
Ângelis, também nos fala a esse respeito, no livro Vida Feliz1:

As circunstâncias de cada dia operam no sentido de despertar nosso entendimento sobre as razões do existir.
Acontece que nem sempre nos fazemos suficientemente atentos para melhor aproveitarmos as lições da vida. E
esse nosso despertar se faz tardio.

Ninguém colhe em seara alheia, que
não haja semeado, no que diz respeito
aos valores morais.
Cada um é herdeiro de si mesmo.
Espírito imortal que é, evolui de etapa em etapa, como aluno em educandário de amor, repetindo a lição quando
erra e sendo promovido quando acerta.

No entanto, como o Criador estabeleceu como nosso fanal o Bem e a felicidade, pelo que, reconheçamos, pouco
temos feito por perseguir, as Leis Divinas nos facultam sacudidelas (provas
expiações) a fim de tirar-nos do entorpecimento e inação espiritual.

Assim, numa existência dá prosseguimento ao que deixou interrompido
na outra, corrige o que fez errado ou
inicia uma experiência nova.
O que, porém, não realiza por amor,
a dor o convocará a executar.

Aprendemos em O Livro dos Espíritos, conforme resposta das Vozes dos
Céus à questão 259:

É inadiável o momento de agora para
trabalharmos pelo despertar do Espírito,
pelo despertar da nossa consciência.

Do fato de pertencer ao Espírito a
escolha do gênero de provas que deva
sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós
as previmos e buscamos?
“Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas.
Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por
conta da posição em que vos achais;
são, muitas vezes, consequências das
vossas próprias ações. Escolhendo, por
exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se
expunha; ignorava, porém, quais os
atos que viria a praticar. Esses atos
resultam do exercício da sua vontade,
ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá
que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza
serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este
ou aquele êxito. Os acontecimentos se-

4

Esse “abrir dos olhos do Espírito” é
que nos facultará saber, de antemão,
qual caminho a seguir, sabendo distinguir o bem do mal.
Como se pode distinguir o bem do
mal?2
O bem é tudo o que é conforme a lei
de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder
de acordo com a lei de Deus. Fazer o
mal é infringi-la.
Lemos na Introdução de o livro Momentos de Consciência:3
Imagem de Joanna de Ângelis. Extraída de tela pintada por Cláudio Urpia. Foto de Jorge Moehlecke

A criatura agoniada, todavia, busca
outros rumos de afirmação.

cundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são 1	
FRANCO, Divaldo P. Vida Feliz. Ditado pelo Espíos fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos rito Joanna de Ângelis. 4ed. Salvador, BA: Leal. 1994. Cap.:
profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de 70, p. 83.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 80ed. Rio
caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores 2	
de Janeiro, RJ: FEB. 1998. Perg. 630, p. 310.
bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias
3	
FRANCO, Divaldo P. Momentos de Consciência.
que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.”
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal.
1992. Cap.: Momentos de consciência, p. 11.

5
Está, porém, em a natureza humana, a necessidade da paz e o anelo pelo bem-estar.
Essa busca surge nos momentos de consciência, quando descobre as necessidades legítimas e sabe distingui-las no meio dos despautérios, do supérfluo e da
desilusão.
(...)
O amadurecimento intelecto-moral faculta a consciência e esta propele para a
verdade e a vida.
Ainda a Veneranda Benfeitora, Joanna de Ângelis, é quem nos traz importante texto a respeito do despertar da consciência, denominado: Aquisição da
Consciência:4
4	
FRANCO, Divaldo P. Momentos de Consciência. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal.
1992. Cap.: 1 p. 14-18.

profundos como bem e o mal, o certo
e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o
vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade
e a libertinagem.

cidez para agir diante dos desafios da
existência, elegendo o comportamento
não agressivo e digno, mesmo que a
contributo de sacrifício.

Essa consciência não é de natureza
intelectual, atividade dos mecanismos
cerebrais. É a força que os propele,
porque nascidas nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de
ações.

nentes à vida.

A consciência pode ser treinada meTrabalhando dados não palpáveis, diante o exercício dos valores morais
saberás selecionar os fenômenos exis- elevados, que objetivam o bem do prótenciais e as ocorrências, tornando ximo, por consequência, o próprio bem.
tuas diretrizes de segurança aquelas
O esforço para adquirir hábitos sauque proporcionam bem-estar, harmo- dáveis conduz à conscientização dos
nia, progresso moral, tranquilidade.
deveres e às responsabilidades perti-

Encontramo-la em pessoas incultas
intelectualmente, e ausente em outras,
portadoras de conhecimentos acadêmicos.

C

aquisição da

ONSCIÊNCIA

No momento da conscientização, isto é, no instante a partir do qual consegues
discernir com acerto, usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano.
Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores

6

Se analisarmos a conduta de um especialista em problemas respiratórios,
que conhece intelectualmente os danos
provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas adictivas,
e que, apesar disso, usa, ele próprio,
qualquer um desses flagelos, eis que
ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispõem de
valor para fomentar uma conduta saudável.
Por extensão, a pessoa que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de direitos que se
faculta, assim como todos aqueles que
o estimulam ou o executam, incidem na
mesma ausência de consciência, comportando-se sob a ação do instinto e,
às vezes, da astúcia, da acomodação,
mascaradas de inteligência.

Herdeiro de si mesmo, das experiências transatas, o ser evolui por etapas,
adquirindo novos recursos, corrigindo
erros anteriores, somando conquistas.
Jamais retrocede nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna
dentro das paredes de enfermidades
limitadoras, que bloqueiam o corpo, a
mente ou a emoção, gerando tormentos. Os logros evolutivos permanecem
adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos.
A aquisição da consciência é desafio
da vida, que merece exame, consideração e trabalho.
*
A tua existência terrena pode ser
considerada uma empresa que deves
dirigir de forma segura, a mais cuidadosa possível.
Terás que trabalhar dados concretos e outros mais abstratos, na área da
programação das atividades, a fim de
conseguires êxito. Todo empenho e devotamento se transformarão em mecanismos de lucro, a que sempre poderás
recorrer durante as situações difíceis.

Algumas breves regras ajudar-te-ão
no desempenho do empreendimento,
Outros indivíduos, não obstante sem tais:
conhecimento intelectual, possuem lu- administra os teus conflitos. O con-

7
flito psicológico é inerente à natureza
humana e todos o sofrem;

– Onde está escrita a lei de Deus ?

– Na consciência. - Responderam
- evita eleger homens-modelos para com sabedoria.
seguires. Eles também são vulneráA consciência é o estágio elevado
veis às injunções que experimentas e, que deves adquirir, a fim de seguires
às vezes, comprometem-se, o que, de no rumo da angelitude.
maneira alguma deve constituir desestímulo;
Se não conseguimos visualizar a vida
- concede-te maior dose de confiança nos teus valores, honrando- te com em seu amplo conjunto existencial e
o esforço para melhorar sempre e sem sua multiplicidade de manifestações,
desânimo. Se erras, repete a ação, e se bem como nosso entrosamento ou não
nesse contexto, de modo útil, produacertas, segue adiante;
tivo, renovador, como responder com
- não te evadas ao enfrentamento de seriedade, com compromisso, ao quesproblemas usando expedientes falsos, tionamento feito por Jesus, o Cristo?
comprometedores, que te surpreendeQuem não tem objetivos a serem alrão mais tarde com dependências infecançados, não tem rumo a tomar, não
lizes;
tem estímulo para lutar e vencer a inér- reage à depressão, trabalhando sem cia.
autopiedade nem acomodação preguiSe você se sente desmotivado para
çosa;
conquistar valores Espirituais, valores
- tem em mente que os teus não são morais, valores comportamentais sauos piores problemas, eles pesam o vo- dáveis, é porque você ou está plenalume que lhes emprestas;
mente satisfeito com você mesmo e a
- libera-te da queixa pessimista e me- vida, mesmo que padecendo muito, ou
dita mais nas fórmulas para perseverar não se deu conta de que a superação
dos seus problemas e da mesmice que
e produzir;
- nunca cedas espaço à hora vazia, você sente e sofre, está pedindo exataque se preenche de tédio, mal-estar ou mente a busca desse reencontro com
Deus.
perturbação;
Importante destacar que a motiva- o que faças, faze-o bem, com dedição nasce somente das necessidades
cação;
humanas identificadas e não daquelas
- lembra-te que és humano e o pro- coisas que satisfazem estas necessidacesso de conscientização é lento, que des.
adquirirás segurança e lucidez através
Explico melhor. Quando dizemos: da ação contínua.
“Eu tenho sede”, estamos identificanInteressado em decifrar os enigmas do uma necessidade. Essa necessidade
do comportamento humano, Allan Kar- impulsiona-nos, motiva-nos a buscar
dec indagou aos benfeitores e guias da aquilo que satisfaça essa necessidade.
Humanidade, conforme se lê em “O Li- No caso, a água. Caso se colocassem
vro dos Espíritos”, na questão número vários litros de água diante de uma pes621:
soa que não está com sede, isto não a

8

motivaria a beber, simplesmente porque sua sede já está saciada. Logo, é a necessidade que está motivando e não aquilo que satisfaz a necessidade.
Enquanto não sentirmos necessidade de Deus, de paz, de esperança, de ânimo, de coragem, de fé, de consolo, não nos moveremos para essas buscas. E
quanto maior a necessidade, maior a satisfação correspondente que estaremos
buscando.
É o caso da mulher samaritana, que, diante de suas buscas espirituais e respostas para vida, rompe todos os preconceitos e acolhe a mensagem de Jesus
que ali estava lhe oferecendo a água viva, que viria a lhe saciar essa “sede do
coração” para sempre.
Leiamos a narrativa dessa passagem, conforme vem escrita pelo Espírito Amélia Rodrigues5:
5	

FRANCO, Divaldo P. Primícias do Reino. Ditado pelo Espírito Amélia Rodrigues. 3a ed. Salvador, BA: Leal.
1975. Cap.: A mulher da Samaria p. 100-107.

A mulher
da

Samaria

A Samaria já não desfrutava as glórias do passado, ao tempo do esplendor e
da impiedade de Acabe e Jezabel. Destruída em 722 (a.C.) por Sargão II, irmão
e sucessor de Salmanasar V, ali instalaram os assírios povos exilados de toda
parte do Império que se estabeleceram numa amálgama de raças e crenças generalizadas.6
Ao tempo de Esdras, como perdurasse a profunda cisão que tivera desfecho
6	

Jo. 4:1-42

9
em 935 (a.C.) depois da morte de SaloDo cimo dos montes via-se o mar de
mão, um sacerdote de Sião, desligado longe, àquela hora, por entre colinas
do Templo, erigira sobre o monte Gari- esguias.
zim m santuário opulento para rivalizar
O solo anfractuoso coleia e se concom o de Jerusalém.
torce entre as montanhas até aplainarArrasada pelos macabeus comanda- -se no vale viridente.
dos por João Hircano, em 128 (a.C.)
Nuvens brancas e esgarçadas deslifora, no entanto, reedificada por Hero- zavam pela amplidão do céu azul.
des, que a denominou Sebaste ou AuA jornada do Mestre e seus discípugusta.
los fora longa: cerca de cinquenta quiNum desfiladeiro de quase 600 me- lômetros.
tros de altitude entre Hebal e Garizim,
A garganta ressequida, o corpo canhavia velha aldeia denominada Siquém,
sado e coberto de pó pedem linfa crismas conhecida, todavia, por Sicar.
talina e refrescante.
A cidadezinha histórica conhecera
Ao chegarem às cercanias da cidade,
Patriarcas e Juízes e vira Josué reunir
“o povo eleito” para ali jurar fidelidade o Rabi assentou-se junto ao tradicional
“poço de Jacó”, nos terrenos que perà Aliança...
tenceram a esse venerando ancião e
*
foram legados ao seu filho José, onde
Saindo de Jerusalém, no dia anterior, ficara sepultado.
demandando à Galiléia, Jesus abandoOs discípulos subiram à cidade para
nara a estrada real cujo traçado leva- aquisição de víveres e frutas, enquanto
va de Jericó a Batanéia, seguindo o Jesus aquietou-se em profundo cismar
tranquilo curso do suave Jordão, para perdido na paisagem colorida.
galgar as montanhas de Efraim, pene*
trando os limites da Samaria, evitados
pelos nascidos em Judá.
Cântaro ao ombro, mergulhada em
A vereda áspera e cheia de pedregu- íntimas inquietações, uma mulher deslhos coloria-se de súbito com loendros ce ao poço sob o Sol queimante e a
ondulantes que se alternavam com sicô- pino.
moros desgalhados por entre os quais,
Surpreende-se com o estranho olhar
ao entardecer, ventos alísios refrescam que lhe dirige o forasteiro judeu, que ali
o próprio Yahweh em seu jardim, como parece aguardá-la.
nos mostra a linguagem bíblica.
Atira, porém, o vaso sobre a água e
As espigas douradas ondulavam ao recolhe o precioso liquido na bilha que
vento morno da hora sexta (meio-dia), repousa sobre o paiol.
no imenso trigal esparramado pelo vale
Sente-se intranquila, como se algo
de Macneh.
estivesse para suceder-lhe.
O pó, acumulado ao longo da estraEmoções desconhecidas tumultuamda serpenteante entre cortes abruptos,
-lhe o espírito.
macio como um dossel, levantava leves
Quando se dispõe a tomar o vasilhanuvens ao sopro do ar que desce do esme e retornar ao lar, ouve:
pigão de montanhas abrasadas.

10

- Dá-me de beber!

tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva.

Volta-se, surpresa, dominada por esVibrações incomparáveis estrugem
tranhos e profundos ressentimentos.
no coração da mulher.
Como ousa aquele estrangeiro dirigir-lhe a palavra, atentando contra os
costumes vigentes? – interroga mentalmente. Que homem é este que se
atreve a dirigir a palavra a uma mulher,
sabendo-se que ninguém ousava fazê-lo na rua, mesmo que fosse à esposa,
filha ou irmã? Ignorará ele essa regra
comezinha, parte integrante dos deveres sociais? E, solerte, retruca, com
proposital ironia na voz, com que extravasa a própria amargura:

Guardava ânsias de paz e não sabia
como ou onde encontrá-la.
Uma dúvida, porém, a inquieta.
O espanto dá-lhe à voz uma tonalidade de respeito.
- Senhor! – exclama – tu não tens
com que a tirar, e o poço é fundo; onde
pois tem a água viva? És tu maior que
nosso pai Jacó que nos deu o poço,
dele bebendo, ele próprio, seus filhos e
o seu gado?

- Como sendo tu judeu me pedes de
Os olhos do estranho fulguram com
beber a mim, que sou mulher samarita- fascínio desconhecido.
na?
A revelação não tarda; a mensagem
No vale, maio cantava através de mil espraiar-se-á no ar, embalando o muncigarras no trigal; a estrada deserta e do, quando Ele a enunciar.
silenciosa perde-se montanha a dentro.
- Qualquer que beber desta água torJesus conhece as dimensões que se- nará a ter sede; - foi explícito – mas
param os dois povos: judeus e samari- aquele que beber da água que eu lhe
tanos.
der, nunca terá sede, porque a água que
Não seria esta a única vez que Ele eu lhe oferecer se fará nele uma fonte
provocaria escândalo, afrontando cos- de água que salte para a vida eterna.
tumes odientos e convencionais.

- Dá-me dessa água – disse, pressuTem uma mensagem a dar – mensa- rosa, - para que não mais tenha sede, e
aqui não venha tirá-la.
gem de conciliação e consoladora.
Penetrara a mulher o sentido das paPara isto deixara propositalmente a
estrada do Jordão e subira as serras. lavras do Rabi? Desejava libertar-se da
Programara aquele encontro, desde an- exaustiva tarefa ou buscava mais clareza no ensino?
tes...
Os meigos olhos d`Ele incendeiamAquela mulher, Ele a escolhera para
ser a condutora do seu aviso a Siquém. -se e se fixam nos olhos dela, penetrando-lhe o recôndito do espírito.
Responde-lhe, então, sem aspereza
- Vai chamar o teu marido e vem cá –
nem revide, por conhecê-la, talvez, inordena-lhe com brandura e segurança.
timamente.
Ela se perturba.
Sua voz é cantante, compadecida:
Era uma pecadora, e Ele o sabia, - Se tu conhecesses o dom de Deus,
e quem é o que te diz: dá-me de beber, conjectura...

11
Esse era o seu tormento íntimo.
Quanto sentia ferida, humilhada no
seu amor, receosa!...
As lágrimas afloraram e escorrem
abundantes; a palavra empalidece o vigor nos seus lábios e, quase sem fôlego, esclarece:
- Não tenho marido...
A vergonha estampa no seu rosto
moreno a própria dor.
- Disseste bem: não tenho marido; confirmou Jesus – pois que cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é
teu marido; isto disseste com verdade.
Surpreendida, a samaritana não mais
oculta a alegria, a felicidade.
Grita, quase:
- Senhor, vejo que és Profeta!
A mente está em desalinho.
Quantas dúvidas a atormentaram a
vida toda!... Agora está diante de um
Profeta de Deus. Deve aproveitar cada
instante, reabilitar-se, encontrar a paz,
Tão indigna se considera, e, no enpor fim.
tanto, fora chamada à Verdade, ouvinComovida, interroga com docilidade. do o que nenhum ouvido jamais escutara antes.
- Nossos pais adoraram neste monte,
No vale, as espigas continuam oscie vós dizeis que é em Jerusalém o lugar
lando e os loendros cantam ao sopro do
onde se deve adorar.
vento.
- Mulher, acredita-me – elucida o EnO Desconhecido olha em derredor, e
viado Divino – que a hora vem, em que
nem neste monte nem em Jerusalém continua com música harmoniosa nas
adorareis o Pai. Vós adorais o que não palavras.
sabeis; nós adoramos o que sabemos
- Deus é o Espírito, e importa que os
porque a salvação vem dos judeus. que O adoram, O adorem, em espírito e
Mas a hora vem, e agora é em que os em verdade.
verdadeiros adoradores adorarão o Pai
A humilde “aguadeira” terá compreem espírito e em verdade, porque o Pai
endido a grandeza universal do ensino?
procura a tais que assim o adorem.
Transfigurada pela revelação, deseja
A mulher, perplexa, enche-se de veninformar-se com segurança e indaga:
tura.
- Eu sei que o Messias (que se chama

12

o Cristo) vem; quando ele vier – nos “desgarrados”...
anunciará tudo...

*

A sinfonia imponente irrompe do coOs discípulos retornam e “maraviração do Mestre, e, ante a Natureza em lham-se de que estivesse falando com
silêncio e expectação, Ele conclui:
uma mulher”, mas nada disseram.
- Eu o sou; eu que falo contigo! Por
Tomando o cântaro, a samaritana
isso digo que a salvação vem dos ju- demanda a cidade e, aos gritos, procladeus.
ma:
O suor escorre-lhe pelo rosto rubro e
- Vinde, vede um homem que me dismásculo.
se tudo quanto tenho feito; porventura
Já não há segredo.
não é este o Cristo?

Despedaçam-se as comportas do
Indagações explodem, espontâneas,
mistério e a verdade esparze alegria e em todos, admirados ante a natural deconsolo.
claração da informante.
Não há mais silêncios.

Em grupos compactos os moradores
de Sicar descem à fonte, onde o Rabi
A mulher está conquistada.
se demora com os discípulos, que insO Reino amplia fronteiras entre os tam para que se alimente.

13
Sem e perturbar com a multidão que de sementes germinadas, o artista na
O fita aturdida, explica aos companhei- obra rica de contornos, os sábios nos
ros, de modo a fazer-se ouvir por todos: poemas das estrelas, os rudes no trato
- Uma comida tenho para comer, que com os deveres humílimos.

vós não conheceis. A minha comida é
A luz vem do alto e alarga-se pela
fazer a vontade daquele que me enviou, planície...
e realizar a sua obra...
Todos os ódios se apagam ante a
“Não dizeis vós que ainda há quatro Mensagem Nova.
meses até que venha a ceifa? Eis que
Rompem-se barreiras, aplainam-se
eu vos digo: levantai os olhos, e vede abismos.
as terras que já estão brancas para a
Quebram-se os elos da escravidão e
sega. O que ceifa recebe o galardão,
e ajunta fruto, para a vida eterna, para a desídia não medra.
que assim o que semeia como o que
Irrompe a paz nos corações.
ceifa, ambos se regozijem”.
Onde o homem se levanta para a
“Porque nisso é verdadeiro o ditado: vida, o Pai é adorado.
que um é o que semeia, e outro o que
Deus já não pertence a um povo, a
ceifa”.
uma casta. É imanente em tudo e to“Eu vos enviei a ceifar, onde não tra- dos, e transcendente.
balhastes; outros trabalharam, e vós
“Um só Deus é o Pai de todos, o qual
entrastes no seu trabalho”.
é sobre todos, por todos e em todos”7.
A terra se vestia de escarlate e as
Não importa o agora da vida, no que
nuvens ficavam tintas com o ouro do
diz respeito a fruir gozo.
entardecer que se avizinha.
A abominação ao crime, à leviandaA mensagem é um brado de desperde, à insensatez que a todos convida
tamento aos aprendizes inseguros e
larga e facilmente, em titânica batalha
displicentes.
íntima pelo equilíbrio; a perseverança
Ele semeia, o futuro colherá.
do bem; a renúncia ao “eu” enfermiço
Ali está uma gleba humana referta de e ambicioso são as primícias de felicicorações para a semeação da Era Nova. dade... àquele que se doe à Causa.
O galardão é a paz consigo mesmo
Fazia-se necessário estender a todos
os prelúdios da paz, numa antevisão do e a inefável ventura depois, além das
sombras...
Reino.
*
Aqueles eram pastores, agricultores
e pescadores...

Por dois dias Ele ficou na Samaria a
Entendiam a linguagem, conheciam pregar, a curar, espalhando a certeza
da Vida além da vida.
o tempo e as circunstâncias.
E todos diziam a Fotina:
Os louvores a Deus não mais se entoarão neste ou naquele recinto.

- Já não é pelo teu dito que nós creErigido um altar no coração, o agri- mos; porque nós mesmos o temos oucultor exalta-O na vérgea recamada

14

7	

Efésios 4;6

vido, e sabemos que este é verdadeira- grande que ele desafiará suas capacimente o Cristo. O Salvador do mundo. dades para serem as melhores e poder
O céu diáfano diluía-se com os sal- alcançá-lo.

picos de flóculos de nuvens, quando,
Entusiasme-se pelas coisas boas da
depois, Ele e os discípulos seguiram à vida, pelos valores reais do Espírito,
Galiléia.
pela conquista das virtudes.
*
Pela afeição com que se ligou a Jesus, primitivos cristãos, que se alentaram na sua coragem de proclamar as
imperfeições, denominaram a Samaritana, “A Iluminadora”, que a tradição
oral acatou e conservou, até os nossos
dias.

O entusiasmo é o melhor salário. O
entusiasmo, no entanto, é fruto de alguma outra coisa: a motivação. A motivação gera o que podemos chamar de
força de vontade para satisfazer nossas
necessidades essenciais. Vontade que
nasce do desejo de vencer, vencendo-se, de resolver, resolvendo-se, de fazer bem-feito, melhorando-se.
Göthe disse: a lei é poderosa, todavia mais poderosa é a necessidade.
O Livro dos Espíritos nos ensina:

Há duas formas de enfrentar dificul909. Poderia sempre o homem, pedades: alterá-las ou alterar a maneira de los seus esforços, vencer as suas más
enfrentá-las, como diz Phyllis Bottome. inclinações?
Diante de nossos problemas e a
“Sim, e, frequentemente, fazendo
necessidade de resolvê-los, vale a re- esforços muito insignificantes. O que
comendação de buscarmos outros lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos
caminhos e alternativas para poder so- dentre vós fazem esforços!”
lucioná-los.
No geral, deixamos para depois mesE não há melhor lembrança, do que mo as questões mais importantes para
de Jesus: “Tenho-vos dito isto, para o dia.
que em mim tenhais paz; no mundo teSegundo as narrativas de Marcos
reis aflições, mas tende bom ânimo, eu
(10:17-31), Lucas (18:18-30) e Mavenci o mundo.”8
teus 19:16-30, eis a história do manHoje estamos apresentando-lhes cebo rico conforme escrito por Amélia
Jesus, como aquele Amigo Celeste, Rodrigues, Espírito, pela mediunidade
único capaz de nos ofertar plenitude. de Divaldo Franco10:
Tão comentado, tão conhecido através
dos tempos, mas pouco vivido mesmo
no presente. Ele é a vereda da verdadeira vida, e nos disse: “Eu vim para
que tenham vida, e a tenham com
abundância.”9
Encontre um propósito na vida tão
8	
9	

Jo. 16:33
Jo. 10:10

10	

FRANCO, Divaldo P. Primícias do Reino. Ditado
pelo Espírito Amélia Rodrigues. 3a ed. Salvador, BA: Leal.
1975. Cap.: O cebo Rico, p. 67-73.

15
O momento era de profunda significação. Sabia, por estranha intuição,
que um dia defrontaria a Realidade, e a
encontrava agora.
O apelo pairava vibrando em derredor: - “Vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro
no céu; vem, e segue-me”.
Aquela voz penetrava como um punhal afiado e impregnava qual perfume
de nardo.
Havia um magnetismo inconfundível naqueles olhos severos e profundos
como duas estrelas engastadas na face
pálida do amanhecer.
Tinha sede de paz.
Embora repousasse em leito de madeiras preciosas incrustados de ébano e
lápis-lazúli, se banqueteasse em repastos opíparos, cuidasse do corpo com
massagens de óleos e unguentos raros,
envolvendo-o em tecidos de linho leve,
e suas arcas estivessem abarrotadas de
gemas e ouro, sabia-se infeliz, sentia-se infeliz. Faltava-lhe algo que não se
Confragia-se e angustiava-se ignoconsegue facilmente.
rando as nascentes da melancolia reHesitava, no entanto.
nitente que lhe dissipava sonhos e esSua vivenda era luxuosa, seus per- peranças sob guante de inenarrável
tences valiosos e vazio o seu coração. amargura. Buscava as competições
em Cesaréia, todavia ignorava se essa
Conquanto a juventude cantasse ale- busca representava uma realização ou
grias e festas em convites constantes fuga.
ao prazer no corpo ágil e vigoroso, acaAgora, pela primeira vez, sentia-se
lentava melhores aspirações, se disputava a posse total da paz. Era mais do arrebatado.
que tormento essa necessidade. Não
A meiguice e a ordem daquela vez,
que desejasse a tranquilidade aparato- enunciada por aquele Homem, ecoasa dos fariseus ou o repouso entorpe- vam como cascatas em desalinho nos
cente dos mercadores opulentos, nem abismos do espírito.
a serenidade enganosa dos cambistas
Interiormente gritava: “Irei contigo,
abastecidos ou a senectude vitoriosa Senhor, mas...”
dos conquistadores em aposentadoria
Hesitava, sim, e a hora não comporcompulsória. Buscava integração hartava dubiedades.
moniosa, mas não sabia em quê.

16

O
ico
R

mancebo

Uma roseiras de flores rubras, que
abraçava os ramos do arvoredo próximo, sacudida pelo vento, desgarrou-se
e as pétalas da cor de sangue caíram-lhe aos pés, junto d’Ele, no alpendre,
como sinais...

ração em descontrole sob violenta pulsação. Emoções inusitadas vibravam
no seu ser, como jamais acontecera anteriormente. Desejou arrojar-se ao solo,
esmagado por indômita constrição no
peito.

Donde O conhecia? – indagava, a
Percebeu que o Estranho sorriu,
medo, procurando recordar-se, com in- como se o esperasse, como se o amasdivizível esforço mental.
se, poderia afirmá-lo...
Todo àquela hora era importante;
O tempo corria célere galopante as
mais do que isso: vital!
horas fugidias.
Ao vê-lO, de longe, era como se reSeus lábios se afiguravam selados, e
encontrasse um amigo, um Celeste frio impertinente gelava-lhe as mãos.
amigo.
Lutava por quebrar aquele torpor que
Quando os seus descansaram nos o imobilizava.
olhos d’Ele, sentiu-se desnudado, o coRetalhos de luar tímido prateavam

17
nuvens soltas no firmamento, bordan- cerei a ventura sem limite.
do de luz oliveiras altivas e loendros em
Que alto prêmio! Que pesado tributo!
flor.
– pensou desanimado.
- Permite-me primeiro – conseguiu
Era muito jovem e muitos confiavam
articular, vencendo a emoção que o nele. Possivelmente Israel lucraria com
transfigurava – competir em Cesaréia, os seus lauréis e triunfos. Príncipe tinha
logo mais, disputando para Israel os pela frente as avenidas do poder a que
triunfos dos jogos...
se afervorava, poder que no momento

-Não posso esperar. O Reino dos se destituída de qualquer valor.
Céus começa hoje e agora para o teu
Os bens, poderia ofertá-los, sim.
espírito. Não há tempo a perder.
Porém a fortuna da juventude, os te- Aguardei muito essa ocasião e ela souros vibrantes da vaidade atendida e
se avizinha, com a chegada do período dos caprichos sustentados, as honras
das competições... Exercitei-me, con- de família resguardadas pela tradição,
tratei escravos que me adestraram... os corifeus agradáveis e bajuladores,
aos partos comprei, por uma fortuna, oh! seria necessário renunciar-se a isso
duas parelhas de fogosos cavalos... os tudo? – interrogava-se, inquieto.
jogos estão próximos...
- Sim! – respondeu-lhe, sem pala- Renuncia, e segue-me!

Quem era Ele, que assim lhe falava?
Que poder exercia sobre sua vontade?
Por qual sortilégio o dominava?!... Gostaria de fugi ou deixar-se arrastar, estava perturbado; ignorada sofreguidão o
aniquilava...

vras, com os olhos fulgurantes.

Sofria naqueles minutos a soma dos
sofrimentos que experimentara a vida
toda.
O ar cantava leves murmúrios enquanto as tulipas do campo teciam um
manto sutil, rescendendo aromas.

A horizontalidade das aflições humaO Rabi, em silêncio, aguardava. E
nas contemplava a verticalidade da su- ele, em perplexidade, lancinava-se.
blimação divina: o cotidiano deparava
O diálogo tornara-se realmente imcom o infinito; o vale fitava o abismo
possível.
das alturas e se perdia na imensidão.
Subitamente, o príncipe de qualidaO homem e o Filho do Homem se dede, num átimo de minuto, lembrou-se
frontavam.
que amigos o aguardavam na cidade.
O diálogo parecia impossível, redu- Compromissos esperavam-no. Deveria
zindo-se a um monólogo atormentante debater os detalhes finais para a corripara o moço diante daquele Homem.
da na grande festa da semana entrante.
Vencendo irresistível temor, contiAcionado por estranho vigor, que
nuou o príncipe afortunado:
dele se apossou repentinamente, fitou

E saiu quase a correr.

valhada.

*

O Mestre sentou-se e se encheu de
Sopravam os ventos frios que chega- profundo sofrimento.
vam de longe, musicados pelo bulício
Era assim, sempre assim que Ele fidas estrelas balouçantes.
cava após a deserção dos convidados
A terra estuava sob a gramínea or- ao Banquete da Luz. A expressão de

Ruínas de Cesaréia

- Não receio dar o que possuo: di- o Messias sereno e triste, balbuciando
nheiro, ouro, gemas, títulos, se possí- com voz apagada:
vel, pois sei que estes se gastam mui
- Não posso. Não posso seguir-Te
facilmente, mas...
agora... Perdoa-me, se me amas!
- ... Dá-me a ti próprio e eu te ofere-

18

19
mansuetude e perdão que lhe brilha- ras começavam as festas públicas.
va nos olhos mergulhava em lágrimas,
As competições de bigas abrem as
agasalhada em leves tons de amargura. corridas ante a aflição de judeus, romaAssim O encontraram os discípulos. nos e gentios que deixaram sobre as
Interrogado, respondeu:
mesas dos cambistas pesadas apostas
- “Quão dificilmente entrarão no rei- nos seus ases.
no de Deus os que têm riquezas”!

Gladiadores em combates simulados,
tocadores de pífanos e flautas, alaúdes
*
e címbalos, enchem os intervalos de
Uma semana depois Cesaréia era a som e cor.
capital do ócio, do prazer.
As quadrigas estão na linha de partiSituada ao norte da planície de Sa- da. Os fogosos corcéis, adquiridos aos
rom e a 30 quilômetros ao sul do Monte Carnelo, foi embelezada por Herodes
que, no local, mandou erguer grande
porto de mar, caracterizado por colossal quebra-mar enriquecendo-a com imponente Templo onde se levantava estátua do imperador.
Esse porto valioso sobre o Mediterrâneo era importante escoadouro de Israel e porta de entrada marítima onde
atracavam embarcações de toda parte.
As vilas ajardinadas debruçavam-se
sobre as encostas pardacentas da cidade, exibindo estilos arquitetônicos variados.
Pelo seu clima agradável, tornara-se
residência oficial dos procuradores romanos, em Israel.
Tamareiras onduladas pelo vento
adornavam as ruas e odores exóticos
misturavam-se no ar varrido pela maresia.
As anêmonas escarlates ou “lírios do
vale” e o narciso branco ou “rosa do partos, oriundos da Dalmácia, de Tiro,
Sidon e da Arábia, empinam, lustrosos,
Sarom” misturavam-se na planície.
ajaezados. Ao sinal disparam, sob esOs festins de Cesaréia pretendiam trondosa ovação.
rivalizar com os de Roma, atraindo afiChicotes vibram no ar, mãos firmes
cionados até mesmo da Metrópole lonnas rédeas, os guias e condutores dão
gínqua.
velocidade aos carros frágeis. A celeAo som alegre de trompas e fanfar- bridade prende a respiração em todos

20

os peitos.
A expectativa fala sem voz na pulsação da tarde ardente e empoeirada.
Numa manobra menos feliz, um carro vira e um corpo tomba na arena,
despedaçado pelas patas velozes, em
disparada.
O moço rico sente as entranhas abertas, o suor e o sangue em pastas de
lama, a respiração estertorada...
Enquanto escravos precípites arras-

- Amigo!...
Dois braços o envolvem, veludosos e
transparentes.
Apesar da face deformada e lavada
pelas lágrimas, o suor e o sangue, ele
dá a impressão de sorrir.

Por ser amanhã um dia ainda tão distante, vale a recomendação evangélica:
“...Vai trabalhar hoje na minha vinha”11.
Hoje é o dia. Não amanhã.
Enquanto é hoje, no dizer de Emmanuel, Espírito12:
Encarecer a oportunidade de regeneração espiritual na vida física nunca
será argumento fastidioso nos círculos
de educação religiosa.
O corpo denso, de alguma forma, representa o molde utilizado pela compaixão divina, em nosso favor, em grande
tam-no na pista, foge mentalmente a número de reencarnações, para reajuscena brutal que o esmaga, e entre as tar nossos hábitos e aprimora-los.
névoas que lhe sombreiam os olhos paA carne, sob muitos aspectos, é barrece vê-Lo.
ro vivo de sublime cerâmica, onde o
Silenciando os gritos na concha acús- Oleiro Celeste nos conduz muitas vetica tem a impressão de escutá-Lo.
11	
Mt. 21:28

XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo
- Renuncia a ti mesmo, vem, e se- 12	
Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971.
gue-Me.
Cap.: 169, p. 353-354.

21
zes, à mesma forma, ao calor da luta, apresentação do livro Quem é o Cristo?, ditado pelo Espírito Francisco de Paula Vitor,
O mundo carece de almas sérias, com
a fim de aperfeiçoarnos o veículo sutil através da mediunidade de Raul Teixeira:
posturas comprometidas com a melhode manifestação do espírito eterno; enria da qualidade de vida dos indivíduos,
tretanto, quase sempre, estragamos a
não somente no que se refere à qualioportunidade, encaminhando-nos para
dade de vida material, mas, fundamena inutilidade ou para a ruína.
talmente, no que diz respeito à qualidade de vida interior, espiritual, moral,
Dentro do assunto, porém, a palavra
do gênero humano. Atacado, contudo,
de Paulo é valiosa e oportuna.
pelos vírus de aturdente materialismo,
Enquanto puderes escutar ou perceum grande número de grandiosas menber a palavra Hoje, com a audição ou
tes perde-se nos cipoais das coisas rascom a reflexão, no campo fisiológico,
teiras, sem conseguir servir à Causa da
vale-te do tempo para registrar as suimortalidade, perdendo a grande ensangestões divinas e concretizá-las em tua
cha que lhe foi oferecida pelo Governo
marcha.
Espiritual da Terra, por Jesus Cristo.
Para o homem brutalizado a morte
não traz grandes diferenças. A ignorânO sono do Apóstolo é um vigoroso
cia passa o dia na impulsividade e a noite na inconsciência, até que o tempo e símbolo, imortalizado nos textos da
O livre-arbítrio se desenvolve à mediBoa Nova, transmitindo importante e
o esforço individual operem o desgaste
da que o Espírito adquire a consciência
despertadora mensagem a todos quandas sombras, clareando-lhe o caminho.
de si mesmo.
tos se afirmam estudiosos interessados
Aqui, todavia, nos referimos à criatu- na personalidade de Jesus, o Cristo.
E é essa crescente liberdade de penra medianamente esclarecida.
sar e de agir que deve ser norteadora
Pedro, na convivência mais do que
de bons caminhos conducentes à verTodos os pequenos maus hábitos, próxima com Ele, uma vez instado a
cidos, gastando o tempo abençoado para as dade e à vida.
aparentemente inexpressivos, devem permanecer vígil, no momento demaingentes conquistas do espírito eterno em
ser muito bem extirpados pelos seus siadamente especial da vida do seu
Emmanuel, Espírito Benfeitor, nos
despropositada anulação das horas, desper- propõe reflexões a esse respeito, em
portadores que, desde a Terra, já dispo- Mestre, pareceu não estar atento à gradiçando felizes oportunidades, pelas quais la- mensagem denominada: Que fazeis de
nham de algum conhecimento da vida vidade daquela hora, no Getsêmani, e,
mentarão mais adiante.
espiritual, porque um dos maiores tor- assaltado pelo sono, deixou-se por ele
especial?14, baseada em idêntico quesmentos para a alma desencarnada, de embalar, despertando comovedor laQuando são almas de poucos recursos do tionamento feito por Jesus: “Que faalgum modo instruída sobre os cami- mento do Amigo em profunda solidão.
intelecto, costumam queimar o tempo nos zeis de especial?”, conforme se lê em
nhos que se desdobram além da morte,
episódios de crença, aceitando tudo que Mateus 5:47.
Pelo mundo afora, não são poucos
é sentir, nos círculos de matéria sublilhes apareça, conquanto suponham obter
Iniciados na luz da Revelação Nova,
mada, flores e trevas, luz e lama dentro os que adormecem nas ocasiões mais
vantagens materiais para a vida do espíri- os espiritistas cristãos possuem patrigraves, nos momentos mais sérios,
de si mesma.
to, deixando-se embair, aqui e ali, em razão mônios de entendimento muito acima
quando se lhes solicita aguçada atendo próprio espírito interesseiro e imediatis- da compreensão normal dos homens
Esse aturdimento que, de certo modo, ção. Seja por espírito de fuga, seja por
ta. Quando são mentalidades buriladas pe- encarnados.
se assenhoreia de nós, qual prolongada má vontade, seja por medo, qualquer
los exercícios intelectuais das academias, é
letargia, amolentamento, sono inimigo, que seja o motivo, o fato é que não é
Em verdade, sabem que a vida proscomum encontrá-las em inacabáveis discuse que nos impede maior atenção e inte- pequeno o número dos que dormem pesegue vitoriosa, além da morte; que
sões, muitas vezes ocas, muitas vezes ingêresse para com as graves questões da rante o chamado do Cristo.
se encontram na escola temporária da
nuas, outras vezes disparatadas, verdadeiras
vida, vem assim tratada pelo Espírito
Terra, em favor da iluminação espiritual
Desde os indivíduos mais incapazes,
nonadas, sem lograr a lucidez devida para o
Benfeitor Camilo13, em mensagem de
que lhes é necessária; que o corpo carintelectualmente, aos cérebros mais
mergulho indispensável no cerne de palpitan13	
TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo? Ditado pelo eminentes das academias, encontram14	
XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo
tes quão importantes questões.
Espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói, RJ: Fráter. 1997.
Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971.
-se enormes contingentes de adormeCap.: O Mestre, p. 11-12.
Cap.: 60, p. 133-134.

Pedro
tu dormes?

22

23
nal é simples vestimenta a desgastar-se
cada dia; que os trabalhos e desgostos
do mundo são recursos educativos; que
a dor é o estímulo às mais altas realizações; que a nossa colheita futura se verificará, de acordo com a sementeira de
agora; que a luz do Senhor clarear-nos-á os caminhos, sempre que estivermos
a serviço do bem; que toda oportunidade de trabalho no presente é uma
bênção dos Poderes Divinos; que ninguém se acha na Crosta do Planeta em
excursão de prazeres fáceis, mas, sim,
em missão de aperfeiçoamento; que a
justiça não é uma ilusão e que a verdade surpreenderá toda a gente; que a
existência na esfera física é abençoada
oficina de trabalho, resgate e redenção
e que os atos, palavras e pensamentos
da criatura produzirão sempre os frutos
que lhes dizem respeito, no campo infinito da vida.

erro.
Quanta vez temos voltado aos círculos carnais em obrigações expiatórias,
sentindo, de novo, a sufocação dentro
dos veículos fisiológicos para tornar à
vida verdadeira?
Muitos aprendizes estimam as longas repetições, entretanto, pelo que
temos aprendido, somos obrigados a
considerar que vale mais um dia bem
vivido com o Senhor que cem anos de
rebeldia em nossas criações inferiores.
Infelizmente, porém, tantos laços
grosseiros inventamos para nossas almas que o nosso viver, na maioria das
ocasiões, na condição de encarnados
ou desencarnados, ainda é o cativeiro a
milenárias paixões.

Concedeu-nos o Senhor a Vida Eterna, mas não temos sabido vivê-la, transformando-a em enfermiça experimentaEfetivamente, sabemos tudo isto.
ção. Daí procede a nossa paisagem de
Em face, pois, de tantos conheci- sombra, em desencarnando na Terra ou
mentos e informações dos planos mais regressando aos seus umbrais.
altos, a beneficiarem nossos círculos
A provação complicada é consequfelizes de trabalho espiritual, é justo ou- ência do erro, a perturbação é o fruto
çamos a interrogação do Divino Mestre: do esquecimento do dever.
- Que fazeis mais que os outros?

Renovemo-nos, pois, no dia de Hoje,
onde estivermos. Olvidemos as linhas
curvas de nossas indecisões e façamos
de nosso esforço a linha reta para o
A nossa liberdade se ligitima como bem com a Vontade do Senhor.
tal, desde que acompanhada da corresOs pontos minúsculos formam as fipondente responsabilidade pelos atos. guras gigantescas.
Saibamos, pois, dela nos utilizarmos a
As coisas mínimas constroem as
partir de hoje, onde estivermos.
grandiosas edificações. Retiremo-nos
Para os que permanecem na carne, das regiões escuras da morte na prática
a morte significa o fim do corpo denso; do mal, para que nos tornemos dignos
para os que vivem na esfera espiritual, da vida eterna, que é dom gratuito de
representa o reinicio da experiência.
Deus.15
De qualquer modo, porém, o término
XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo
cheio de dor ou a recapitulação repleta 15	
de dificuldades constituem o salário do Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971.
Cap.: 122, p. 257-258.

24

Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra no umbral de todos os
templos religiosos do mundo, perguntando, com interesse, aos que entram: “Que
buscais?”

B

a quem

uscais?

Teólogos festejados, de várias correntes e escolas de pensamento, falaram sobre o Mestre; uns contra, outros
a favor; uns com a tranquilidade das
suas convicções, outros exacerbados e
violentos no visco do seu fanatismo como se o Cristo pudesse ser enquadrado nos limites da percepção humana.
Nada obstante, o que se percebe são
os carregados vapores da presunção,
os tóxicos de vaidades academicistas,
que se fazem responsáveis por muita
parvoíce que se espalha pelos arraiais
do mundo intelectual.

nunciaram a respeito da figura do Cristo. Homens da estatura intelectual de
Voltaire de Napoleão viram-se envolvidos nas reflexões sobre o Mestre.

Desde os trabalhos de Reimarus, na
Alemanha, aos escritos de Renan, na
França, multiplicaram-se os discutidores da trajetória terrena de Jesus Cristo. Entre eles estiveram Herder e Davi
Strauss, Bruno Bauer e Henrique Paulus, engolfados nessas notáveis discussões, sem que conseguissem deixar de
pensar Nele, estivessem em posições
contrárias ou favoráveis a esse Homem
Incontáveis foram os teólogos e ou- Excepcional.
tros pensadores da filosofia que se pro-

25
Notícias mais longínquas apontam
referências sobre o Cristo nos escritos
de Josefo e de Pápias, nos séculos I e
II, respectivamente, ao lado de incontáveis outros que O analisaram através
dos textos dos Seus Discípulos, desejosos de classificar e determinar a respeito Dele, imaginando-se senhores de
toda a capacidade, de toda a lucidez;
como se, em questões espirituais, o
macro coubesse no micro, ou como se
o homem tipicamente terreno pudesse
assimilar toda a realidade Daquele que
era, antes que Abraão o fosse. Coisas
da estultícia humana, bem se vê...

Essa pulsante Alma que faz movimentar todo o nosso sistema solar é o
Cristo, a quem devemos buscar.
No entanto, que fazemos do Mestre?
Em dado momento crucial da História, Pilatos perguntou: “Que farei então
de Jesus, chamado o Cristo?”, como
consta em Mateus 17:22.
Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de singular
importância.
Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?

Os ociosos tentam convertê-lo em
oráculo que lhes satisfaça as aspiraSem embargo, onde encontramos re- ções de menor esforço.
ferências mais abundantes acerca desOs vaidosos procuram transformá-lo
sa existência luminosa é nos textos dos
em galeria de exibição, através da qual
Evangelistas. Cada um deles em suas
façam mostruário permanente de perépocas, com sua sensibilidade e senso
sonalismo inferior.
crítico, legou-nos ricas evocações da
Os insensatos chamam-no indebitasua convivência com esse Ser de luz ou
das formosas narrativas que lhes foram mente à aprovação dos desvarios a que
feitas por quem com Ele conviveu ou se entregam, a distância do trabalho
digno.
que mais próximo a Ele esteve.
Grandes fileiras seguem-lhe os pasSão fascinantes os textos atribuídos a Mateus Levi e a João Marcos, a sos, qual a multidão que o acompanhaLucas e a João. Deles extraímos pre- va, no monte, apenas interessada na
ciosos elementos para melhor pensar multiplicação de pães para o estômago.
sobre o Cristo, mergulhando mais proOutros se acercam dEle, buscando
fundamente nessas cristalinas águas atormentá-lo, à maneira dos fariseus
do Evangelho do Reino.
arguciosos, rogando “sinais do céu”.
Cada um a seu modo, são os EvanNumerosas pessoas visitam-no, imigelistas os que melhor nos dão indica- tando o gesto de Jairo, suplicando bênções para o entendimento, ainda que çãos, crendo e descrendo ao mesmo
diminuto, desse fulgente Astro, que, tempo.
um dia, esteve na atmosfera do mundo
Diversos aprendizes ouvem-lhe os
terrestre, valorizando a nossa morada
ensinamentos, ao modo de Judas, exasideral com as pegadas da Sua celeste
minando o melhor caminho de estabeassistência, com o aroma do Seu sublilecerem a própria dominação.
mado amor.16
Vários corações observam-no, com
16	
TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo? Ditado pelo
Espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói, RJ: Fráter. 1997. simpatia, mas, na primeira oportunidade, indagam, como a esposa de ZebeCap.: O Mestre, p. 12-13.
(...)

26

deu, sobre a distribuição dos lugares nhores, porque ou odiará a um e amará
a outro, ou se prenderá a um e desprecelestes.
Outros muitos o acompanham, es- zará o outro. Não podeis servir simultrada a fora, iguais a inúmeros admira- taneamente a Deus e a Mamon. Como
dores de Galiléia, que lhe estimavam os consta em Lucas 14:13.

Sobre isso, um Espírito Protetor cobenefícios e as consolações, detestanmenta, em O Evangelho segundo o Esdo-lhe as verdades cristalinas.
Alguns imitam os beneficiários da piritismo, Cap. XVI, item 12:

Quando considero a brevidade da
Judéia, a levantarem mãos-postas no
instante das vantagens, e a fugirem, vida, dolorosamente me impressiona a
espavoridos, do sacrifício e do teste- incessante preocupação de que é para
vós objeto o bem-estar material, ao
munho.
Grande maioria procede à moda passo que tão pouca importância dais
de Pilatos que pergunta solenemente ao vosso aperfeiçoamento moral, a que
quanto ao que fará de Jesus e acaba pouco ou nenhum tempo consagrais e
crucificando-o, com despreocupação que, no entanto, é o que importa para a
eternidade. Dir-se-ia, diante da atividado dever e da responsabilidade.
de que desenvolveis, tratar-se de uma
Poucos imitam Simão Pedro que, questão do mais alto interesse para a
após a iluminação no Pentecostes, se- humanidade, quando não se trata, na
gue-o sem condições até à morte.
maioria dos casos, senão de vos porRaros copiam Paulo de Tarso que se des em condições de satisfazer a neergue, na estrada do erro, colocando- cessidades exageradas, à vaidade, ou
-se a caminho da redenção, através de de vos entregardes a excessos. Que de
impedimentos e pedradas, até ao fim penas, de amofinações, de tormentos
cada um se impõe; que de noites de
da luta.
insônia, para aumentar haveres muitas
Não basta fazer do Cristo Jesus o
vezes mais que suficientes! Por cúmulo
benfeitor que cura e protege. É indisde cegueira, frequentemente se enconpensável transformá-lo em padrão pertram pessoas, escravizadas a penosos
manente da vida, por exemplo e modetrabalhos pelo amor imoderado da rilo de cada dia.17
queza e dos gozos que ela proporciona,
Com muita constância nos dirigimos a se vangloriarem de viver uma existênà Ele rogando mil coisas. No entanto, cia dita de sacrifício e de mérito - como
quando Ele se nos dirige ao coração, pe- se trabalhassem para os outros e não
dindo-nos auxiliemos o próximo doando para si mesmas!
remédio a quem está doente, cobertor
Insensatos! Credes, então, realmenà quem padece de frio, pão à quem tem
te, que vos serão levados em conta os
fome, como o atendemos? Será que O
cuidados e os esforços que despendeis
atendemos? Permitimos que Ele adenmovidos pelo egoísmo, pela cupidez ou
tre nosso coração?
pelo orgulho, enquanto negligenciais
Se faz muito atual a firmativa evan- do vosso futuro, bem como dos devegélica: Ninguém pode servir a dois se- res que a solidariedade fraterna impõe
17	
XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo a todos os que gozam das vantagens
Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971.
da vida social? Unicamente no vosso
Cap.: 100, p. 213-214.

27
corpo haveis pensado; seu bem-estar, nós, uma luz inextinguível.
seus prazeres foram o objeto exclusivo
Permaneces no campo da experiênda vossa solicitude egoística.
cia humana, em plena atividade transPor ele, que morre, desprezastes o formadora.
vosso Espírito, que viverá sempre. Por
Todas as situações de que te envaiisso mesmo, esse senhor tão animado deces, comumente, são apenas ângulos
e acariciado se tornou o vosso tirano; necessários mas instáveis de tua luta.
ele manda sobre o vosso Espírito, que
A fortuna material, se não a fundase lhe constituiu escravo. Seria essa a
finalidade da existência que Deus vos mentas no trabalho edificante e continuo, é patrimônio inseguro.
outorgou?

A mocidade do corpo denso é floração passageira.
A fama e a popularidade costumam ser processos de tortura incessante.
A tranquilidade mentirosa é introdução a tormentos morais.
A festa desequilibrante é véspera de laborioso reparo.
O abuso de qualquer natureza compele ao reajustamento apressado.
Tudo, ao redor de teus passos, na vida exterior, é obscuro e problemático.
O amor, porém, é a luz inextinguível.
A caridade jamais se acaba.
O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.
Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora.
Ama, pois, em Cristo, e alcançarás a glória eterna.18
Acompanhemos Douglas Maloch em seu poema:
18	
XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971. Cap.:
162, p. 339-340.

A opção por Jesus é opção por viA família humana, sem laços de vervenciar o amor, a caridade.
dadeira afinidade espiritual, é ajuntaNão basta reconhecê-lO como o Ce- mento de almas, em experimentação
leste Amigo. Precisa ser vivenciado, de fraternidade, da qual te afastarás,
um dia, com extremas desilusões.
conforme seus ensinos.

A eminência diretiva, quando não
Foi Paulo de Tarso, apóstolo, que
criou a palavra: caridade, configurando solidificada em alicerces robustos de
neste termo a ideia de amor em ação, justiça e sabedoria, de trabalho e consagração ao bem, é antecâmara do deamor dinâmico, amor vivenciado.
sencanto.
E foi ele, o Apóstolo Paulo que tamA posição social é sempre um jogo
bém nos disse: “A caridade jamais se
acaba.”, como se lê em I Coríntios, transitório.
13:8.
As emoções da esfera física, em sua
Alcançar a capacidade amar é para maior parte, apagam-se como a chama
duma vela.

28

P
inheiro

se não puderes
ser um

Se não puderes ser um pinheiro no topo da colina
Sê um arbusto no vale – mas o melhor arbusto na encosta do monte.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.

29
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
e dá alegria a um caminho.
Se não puderes ser almíscar, sê então apenas uma tília,
Mas a tília mais viva do lago.
Não podemos ser todos capitães, temos de ser tripulação.
Há alguma coisa para todos nós aqui.
Há grandes obras e outras menores a realizar,
E é a próxima tarefa que devemos empreender.
Se não puderes ser uma estrada, sê apenas uma senda.

São palavras da Veneranda Benfeito- e de amar não obstante desaires e dera Espiritual Joanna de Ângelis:
sencantos, revela o cristão, o legítimo
A coragem é consequência natural e homem de valor.

legítima da fé. Abastecida pela resisE o Nazareno dizia a todos: “Se altência do amor, consubstancia os valo- guém quer vir após mim, negue-se a si
res do ideal e eleva o homem às culmi- mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e
nância do triunfo.
siga-me.”22
A coragem de vencer-se antes que
pretender vencer o próximo, de desculpar antes que esperar ser desculpado 22	

Lc. 9:23

Se não puderes ser o sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso.
Sê o melhor de o que quer que sejas!
É sabido que muitos de nós deixam
de assumir compromisso com valores
reais da vida, com a reforma moral íntima, por terem receio das mudanças decorrentes, que venham a ser impostas
pela própria consciência. Hábitos irão
mudar. Os interesses serão guindados
para outros rumos.

rigosas na taça do medo, encontram-se
narcotizados, sem força para reagirem
contra o mal, para seguirem intimoratos na direção da verdade”.
Jesus, profundo conhecedor dos
sentimentos humanos, sabendo dessa
faceta dos homens, recomendou: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais.”19

É evidente que todos sentimos medo
“Eu sou a luz que vim ao mundo,
em algum momento ou circunstância para que todo aquele que crê em mim
da existência física, o que é perfeita- não permaneça nas trevas.”20
mente natural.
“Vinde a mim, todos os que esNo caso em tela, existe um temor in- tais cansados e oprimidos, e eu vos
terno que procede, quase sempre, por aliviarei.”21
nos sentirmos incapazes de enfrentar
O que estamos esperando para tosituações inesperadas, novas, até então desconhecidas, por não terem sido marmos essa decisão feliz?
ainda vivenciadas por nós. Temor por
A quem buscamos?
ter que renunciar a algumas práticas,
- A Jesus, digamos nós.
tidas como comuns, mas que se irá
Sem titubear mais, com determinadescobrir não serem normais. E por aí
ção e coragem, atendamos o Seu suave
vamos.
convite: “Vinde a mim...”
Porém, cuidemos, pois o medo pode
Coragem é essa energia que sustenser comparado à sombra que altera e
ta, essa força moral que induz ao êxito.
dificulta a visão real.
Disse-nos Joanna de Ângelis, Espíri- 19	
to: “Todos os que fizeram libações pe- 20	

30

21	

Mt. 14:27
Jo. 12:46
Mt. 11:28

S

enhor

o aconchego do

A postura de Jesus primava pelo bom senso, em cada atitude, em cada
palavra, em cada recomendação marcada por extrema lucidez.
Por mais que a alma se decida por usar sua liberdade para o gozo das
fantasias dissolventes, um dia chega em que o cansaço a dobra.
Por mais que a criatura se dedique ao armazenamento das coisas perecíveis, que será compelida a deixar, junto com o casulo carnal esgotado,
vem o momento da reflexão que lhe permite a mudança.
Por mais que a pessoa se rebele contra a vida, crendo que a culpa dos
seus fracassos e torturas interiores está nas leis de Deus, advém o ins-

31
tante no qual eclode a claridade do Divindade,
assemelhando-se
à
bom senso, que a dor propicia, e criança que se afirma não amada
tudo começa a se refazer.
pelos genitores cada vez que esses
Em qualquer situação que esteja, não lhe atendem a vontade infantil.
guarde a certeza de que você perO formidável fato da sua presentence ao grande rebanho do Bom ça no mundo, tendo ensejo de viver
Pastor, mesmo quando se ache na
posição de ovelha desgarrada ou
travestido de lobo devorador, mais
carente, inseguro e amedrontado
do que propriamente lobo rapace.
Ao considerar isso, não dê mais
ouvido ao orgulho insensato, tampouco à acomodação paralisante.
Venha ao encontro Dele e deixe-se
aconchegar nos Seus braços de ternura, sempre abertos para os que O
buscam.

sustentá-lo continuadamente.

momento, em oração; comungue
Perante todo situação da vida em com as vibrações felizes do além,
que você esteja necessitando de registrando os murmúrios da paz.
um braço ou de um abraço que agaTão logo lhe seja possível, vai
salhe o seu coração, busque Jesus. você mesmo ao encontro de algum
É certo que Ele poderá chegar ao coração, seja uma criança ou um
idoso; seja um afeto sadio ou algum
enfermo; um familiar ou algum vizinho. Enfim, procure alguém com a
sua vibração de alegria e agradecimento a Deus, e porque você a ninguém despreza e a todos envolve
com o melhor que tem, já se acha
envolvido pelo Sublime Amigo, com
possibilidades de superar seus próprios dramas.
Sim, quando saímos ao encontro
dos irmãos da nossa via evolutiva,
dispostos a amá-los e a servi-los,
mais próximos ficamos de Jesus,
usufruindo da Sua aura de harmonia.

Não acredite em castigos do Céu
para os equívocos humanos. Para
o Pai que ama perfeitamente, você
será sempre um plano de amor a
desenvolver-se, passo a passo, em
plena vida cósmica. Erros e acertos, quedas e levantares fazem
parte desse importante movimento
evolutivo, em que todos nos encontramos, até superarmos as conjunturas inferiores.
Jamais creia que você é uma indefesa vítima de demônios cruéis.
Para quem procura o Senhor, disposto a transformar as próprias
sombras em estuante luminosidade, cada insinuação perturbadora
ou cada tentação no caminho representa importante desafio a sua
capacidade de lutar e lutar para
vencer.

como pode ou como gosta, de trabalhar onde pode ou quer, de viver
nos lugares e com as pessoas que
prefere ou precisa, num perfeito encaixe de causas e efeitos, próximos
ou distantes, é a demonstração palNunca se admita esquecido pela pável do amor divino a envolvê-lo e

32

Jesus Cristo, dessa forma, é
aquele Amigo que sempre espera
a nossa decisão de buscá-Lo, de ir
até Ele, abrindo mão de tudo o que
nos agrilhoa no mundo a fim de nos
aconchegarmos em Seus braços.
Ele nunca nos indagará por que demoramos tanto. Esse dia da busca
é também o dia da maturidade nossa e da aceitação do Senhor.
seu caminho através de um familiar
atencioso ou de um amigo compreensivo. No entanto, se essas almas
não surgirem na sua trilha, não se
entristeça, nem desanime. Abra a
janela e sorva o hálito do dia ou os
aromas da noite; recolha-se, por um

Francisco de Paula Vítor23

23	

TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo? Ditado pelo
Espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói, RJ: Fráter. 1997.
Cap.: O aconchego do Senhor, p. 91-94.

33
Sugestões bibliográficas
•	

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVI

•	
•	
167,
•	
144,

XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Emmanuel. Cap.: 121, 79
________. Vinha de luz. Emmanuel. Cap.: 60, 100, 110, 121, 122, 162,
169
________. Caminho, verdade e vida. Emmanuel. Cap.: Introdução, 22, 87,
159, 180

•	
1
•	
•	
•	
•	
•	
•	

FRANCO, Divaldo O. Momentos de consciência. Joanna de Ângelis. Cap.:
________.
________.
________.
________.
________.
________.

Jesus e atualidade. Joanna de Ângelis. Cap.: 10, 11
Momentos de saúde. Joanna de Ângelis. Cap.: 20
Legado Kardequiano. Marco Prisco. Cap.: 48, 49, 54
Otimismo. Joanna de Ângelis. Cap.: 20, 33, 56
Lições para a felicidade. Joanna de Ângelis. Cap.: 28
Reflexões espíritas. Vianna de Carvalho. Cap.: 17, 27

•	
TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo?. Francisco de Paula Vitor. Cap.: 8, 14,
22, 27, 29

Lembretes oportunos:
Busca o entusiasmo, e a alegria te vestirá novamente com
o alento.

Joanna de Ângelis
Em qualquer posição e em qualque tempo, estamos cercados de possibilidades de serviço com o Salvador. E, para
todos nós, que recebemos as dádivas divinas, de mil modos
diversos, foi pronunciado o sublime desafio: “E agora por
que te deténs?”

Emmanuel
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A Celeste Indagação

  • 1. especialmente ao principiante espírita E spíritas Resenha de Estudos Espiritismo estudado descortinando novos horizontes às criaturas humanas SÉRIE o celeste roteiro 6 janeiro de 2014 semeando conhecimento iluminativo; estimulando a prática incondicional do bem; enaltecendo Jesus 1
  • 2. Roteiro A CELESTE INDAGAÇÃO O CELESTE Resenha de Estudos Espíritas 7 de janeiro de 2014 Unidade em estudo: “Que buscais? (João 1 : 38) “A quem buscais?” (João 18 : 4) nº6 Eu Sou o Caminho tema: Jesus, nosso modelo e guia abordagem: A Celeste Indagação parte única A Celestre Indagação título desta edição: A Celeste Indagação objetivo do tema abordado: O objetivo do tema é enaltecer a figura de Jesus e sua presença em nossas vidas, como expressão de esperança e consolo, relacionando o Espiritismo com a Sua mensagem, por ser ela a essência da Doutrina Espírita. observação: Além das Notas de Referência para as citações contidas no texto de abordagem do assunto, ao final seguem referências bibliográficas, que recomendamos sejam lidas e estudadas, pois ali se encontra conhecimento que irá dar maior substância ao que ora nos dispomos aprender. B J uscais? QUE esus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? Afinal, o que estamos buscando em nosso dia a dia, que tem consumido nossas forças, nosso ânimo, nosso tempo? Somos nós os que seguimos Jesus desde há mais de dois mil anos e é chegado o momento de respondermos ao celeste questionamento. Naturalmente que essa resposta exige de nós, profunda e amadurecida reflexão sobre a vida, suas razões e nossos objetivos no curso dela. Sobre o que já sabemos e o que fazemos em nosso benefício espiritual e em prol do próximo. 2 3
  • 3. Sobre nossa relação conosco mesmo, com o próximo e com Deus. A Benfeitora Espiritual, Joanna de Ângelis, também nos fala a esse respeito, no livro Vida Feliz1: As circunstâncias de cada dia operam no sentido de despertar nosso entendimento sobre as razões do existir. Acontece que nem sempre nos fazemos suficientemente atentos para melhor aproveitarmos as lições da vida. E esse nosso despertar se faz tardio. Ninguém colhe em seara alheia, que não haja semeado, no que diz respeito aos valores morais. Cada um é herdeiro de si mesmo. Espírito imortal que é, evolui de etapa em etapa, como aluno em educandário de amor, repetindo a lição quando erra e sendo promovido quando acerta. No entanto, como o Criador estabeleceu como nosso fanal o Bem e a felicidade, pelo que, reconheçamos, pouco temos feito por perseguir, as Leis Divinas nos facultam sacudidelas (provas expiações) a fim de tirar-nos do entorpecimento e inação espiritual. Assim, numa existência dá prosseguimento ao que deixou interrompido na outra, corrige o que fez errado ou inicia uma experiência nova. O que, porém, não realiza por amor, a dor o convocará a executar. Aprendemos em O Livro dos Espíritos, conforme resposta das Vozes dos Céus à questão 259: É inadiável o momento de agora para trabalharmos pelo despertar do Espírito, pelo despertar da nossa consciência. Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e buscamos? “Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, consequências das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele êxito. Os acontecimentos se- 4 Esse “abrir dos olhos do Espírito” é que nos facultará saber, de antemão, qual caminho a seguir, sabendo distinguir o bem do mal. Como se pode distinguir o bem do mal?2 O bem é tudo o que é conforme a lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la. Lemos na Introdução de o livro Momentos de Consciência:3 Imagem de Joanna de Ângelis. Extraída de tela pintada por Cláudio Urpia. Foto de Jorge Moehlecke A criatura agoniada, todavia, busca outros rumos de afirmação. cundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são 1 FRANCO, Divaldo P. Vida Feliz. Ditado pelo Espíos fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos rito Joanna de Ângelis. 4ed. Salvador, BA: Leal. 1994. Cap.: profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de 70, p. 83. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 80ed. Rio caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores 2 de Janeiro, RJ: FEB. 1998. Perg. 630, p. 310. bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias 3 FRANCO, Divaldo P. Momentos de Consciência. que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.” Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal. 1992. Cap.: Momentos de consciência, p. 11. 5
  • 4. Está, porém, em a natureza humana, a necessidade da paz e o anelo pelo bem-estar. Essa busca surge nos momentos de consciência, quando descobre as necessidades legítimas e sabe distingui-las no meio dos despautérios, do supérfluo e da desilusão. (...) O amadurecimento intelecto-moral faculta a consciência e esta propele para a verdade e a vida. Ainda a Veneranda Benfeitora, Joanna de Ângelis, é quem nos traz importante texto a respeito do despertar da consciência, denominado: Aquisição da Consciência:4 4 FRANCO, Divaldo P. Momentos de Consciência. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Leal. 1992. Cap.: 1 p. 14-18. profundos como bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem. cidez para agir diante dos desafios da existência, elegendo o comportamento não agressivo e digno, mesmo que a contributo de sacrifício. Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascidas nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações. nentes à vida. A consciência pode ser treinada meTrabalhando dados não palpáveis, diante o exercício dos valores morais saberás selecionar os fenômenos exis- elevados, que objetivam o bem do prótenciais e as ocorrências, tornando ximo, por consequência, o próprio bem. tuas diretrizes de segurança aquelas O esforço para adquirir hábitos sauque proporcionam bem-estar, harmo- dáveis conduz à conscientização dos nia, progresso moral, tranquilidade. deveres e às responsabilidades perti- Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos. C aquisição da ONSCIÊNCIA No momento da conscientização, isto é, no instante a partir do qual consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano. Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores 6 Se analisarmos a conduta de um especialista em problemas respiratórios, que conhece intelectualmente os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas adictivas, e que, apesar disso, usa, ele próprio, qualquer um desses flagelos, eis que ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispõem de valor para fomentar uma conduta saudável. Por extensão, a pessoa que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de direitos que se faculta, assim como todos aqueles que o estimulam ou o executam, incidem na mesma ausência de consciência, comportando-se sob a ação do instinto e, às vezes, da astúcia, da acomodação, mascaradas de inteligência. Herdeiro de si mesmo, das experiências transatas, o ser evolui por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas. Jamais retrocede nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna dentro das paredes de enfermidades limitadoras, que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando tormentos. Os logros evolutivos permanecem adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos. A aquisição da consciência é desafio da vida, que merece exame, consideração e trabalho. * A tua existência terrena pode ser considerada uma empresa que deves dirigir de forma segura, a mais cuidadosa possível. Terás que trabalhar dados concretos e outros mais abstratos, na área da programação das atividades, a fim de conseguires êxito. Todo empenho e devotamento se transformarão em mecanismos de lucro, a que sempre poderás recorrer durante as situações difíceis. Algumas breves regras ajudar-te-ão no desempenho do empreendimento, Outros indivíduos, não obstante sem tais: conhecimento intelectual, possuem lu- administra os teus conflitos. O con- 7
  • 5. flito psicológico é inerente à natureza humana e todos o sofrem; – Onde está escrita a lei de Deus ? – Na consciência. - Responderam - evita eleger homens-modelos para com sabedoria. seguires. Eles também são vulneráA consciência é o estágio elevado veis às injunções que experimentas e, que deves adquirir, a fim de seguires às vezes, comprometem-se, o que, de no rumo da angelitude. maneira alguma deve constituir desestímulo; Se não conseguimos visualizar a vida - concede-te maior dose de confiança nos teus valores, honrando- te com em seu amplo conjunto existencial e o esforço para melhorar sempre e sem sua multiplicidade de manifestações, desânimo. Se erras, repete a ação, e se bem como nosso entrosamento ou não nesse contexto, de modo útil, produacertas, segue adiante; tivo, renovador, como responder com - não te evadas ao enfrentamento de seriedade, com compromisso, ao quesproblemas usando expedientes falsos, tionamento feito por Jesus, o Cristo? comprometedores, que te surpreendeQuem não tem objetivos a serem alrão mais tarde com dependências infecançados, não tem rumo a tomar, não lizes; tem estímulo para lutar e vencer a inér- reage à depressão, trabalhando sem cia. autopiedade nem acomodação preguiSe você se sente desmotivado para çosa; conquistar valores Espirituais, valores - tem em mente que os teus não são morais, valores comportamentais sauos piores problemas, eles pesam o vo- dáveis, é porque você ou está plenalume que lhes emprestas; mente satisfeito com você mesmo e a - libera-te da queixa pessimista e me- vida, mesmo que padecendo muito, ou dita mais nas fórmulas para perseverar não se deu conta de que a superação dos seus problemas e da mesmice que e produzir; - nunca cedas espaço à hora vazia, você sente e sofre, está pedindo exataque se preenche de tédio, mal-estar ou mente a busca desse reencontro com Deus. perturbação; Importante destacar que a motiva- o que faças, faze-o bem, com dedição nasce somente das necessidades cação; humanas identificadas e não daquelas - lembra-te que és humano e o pro- coisas que satisfazem estas necessidacesso de conscientização é lento, que des. adquirirás segurança e lucidez através Explico melhor. Quando dizemos: da ação contínua. “Eu tenho sede”, estamos identificanInteressado em decifrar os enigmas do uma necessidade. Essa necessidade do comportamento humano, Allan Kar- impulsiona-nos, motiva-nos a buscar dec indagou aos benfeitores e guias da aquilo que satisfaça essa necessidade. Humanidade, conforme se lê em “O Li- No caso, a água. Caso se colocassem vro dos Espíritos”, na questão número vários litros de água diante de uma pes621: soa que não está com sede, isto não a 8 motivaria a beber, simplesmente porque sua sede já está saciada. Logo, é a necessidade que está motivando e não aquilo que satisfaz a necessidade. Enquanto não sentirmos necessidade de Deus, de paz, de esperança, de ânimo, de coragem, de fé, de consolo, não nos moveremos para essas buscas. E quanto maior a necessidade, maior a satisfação correspondente que estaremos buscando. É o caso da mulher samaritana, que, diante de suas buscas espirituais e respostas para vida, rompe todos os preconceitos e acolhe a mensagem de Jesus que ali estava lhe oferecendo a água viva, que viria a lhe saciar essa “sede do coração” para sempre. Leiamos a narrativa dessa passagem, conforme vem escrita pelo Espírito Amélia Rodrigues5: 5 FRANCO, Divaldo P. Primícias do Reino. Ditado pelo Espírito Amélia Rodrigues. 3a ed. Salvador, BA: Leal. 1975. Cap.: A mulher da Samaria p. 100-107. A mulher da Samaria A Samaria já não desfrutava as glórias do passado, ao tempo do esplendor e da impiedade de Acabe e Jezabel. Destruída em 722 (a.C.) por Sargão II, irmão e sucessor de Salmanasar V, ali instalaram os assírios povos exilados de toda parte do Império que se estabeleceram numa amálgama de raças e crenças generalizadas.6 Ao tempo de Esdras, como perdurasse a profunda cisão que tivera desfecho 6 Jo. 4:1-42 9
  • 6. em 935 (a.C.) depois da morte de SaloDo cimo dos montes via-se o mar de mão, um sacerdote de Sião, desligado longe, àquela hora, por entre colinas do Templo, erigira sobre o monte Gari- esguias. zim m santuário opulento para rivalizar O solo anfractuoso coleia e se concom o de Jerusalém. torce entre as montanhas até aplainarArrasada pelos macabeus comanda- -se no vale viridente. dos por João Hircano, em 128 (a.C.) Nuvens brancas e esgarçadas deslifora, no entanto, reedificada por Hero- zavam pela amplidão do céu azul. des, que a denominou Sebaste ou AuA jornada do Mestre e seus discípugusta. los fora longa: cerca de cinquenta quiNum desfiladeiro de quase 600 me- lômetros. tros de altitude entre Hebal e Garizim, A garganta ressequida, o corpo canhavia velha aldeia denominada Siquém, sado e coberto de pó pedem linfa crismas conhecida, todavia, por Sicar. talina e refrescante. A cidadezinha histórica conhecera Ao chegarem às cercanias da cidade, Patriarcas e Juízes e vira Josué reunir “o povo eleito” para ali jurar fidelidade o Rabi assentou-se junto ao tradicional “poço de Jacó”, nos terrenos que perà Aliança... tenceram a esse venerando ancião e * foram legados ao seu filho José, onde Saindo de Jerusalém, no dia anterior, ficara sepultado. demandando à Galiléia, Jesus abandoOs discípulos subiram à cidade para nara a estrada real cujo traçado leva- aquisição de víveres e frutas, enquanto va de Jericó a Batanéia, seguindo o Jesus aquietou-se em profundo cismar tranquilo curso do suave Jordão, para perdido na paisagem colorida. galgar as montanhas de Efraim, pene* trando os limites da Samaria, evitados pelos nascidos em Judá. Cântaro ao ombro, mergulhada em A vereda áspera e cheia de pedregu- íntimas inquietações, uma mulher deslhos coloria-se de súbito com loendros ce ao poço sob o Sol queimante e a ondulantes que se alternavam com sicô- pino. moros desgalhados por entre os quais, Surpreende-se com o estranho olhar ao entardecer, ventos alísios refrescam que lhe dirige o forasteiro judeu, que ali o próprio Yahweh em seu jardim, como parece aguardá-la. nos mostra a linguagem bíblica. Atira, porém, o vaso sobre a água e As espigas douradas ondulavam ao recolhe o precioso liquido na bilha que vento morno da hora sexta (meio-dia), repousa sobre o paiol. no imenso trigal esparramado pelo vale Sente-se intranquila, como se algo de Macneh. estivesse para suceder-lhe. O pó, acumulado ao longo da estraEmoções desconhecidas tumultuamda serpenteante entre cortes abruptos, -lhe o espírito. macio como um dossel, levantava leves Quando se dispõe a tomar o vasilhanuvens ao sopro do ar que desce do esme e retornar ao lar, ouve: pigão de montanhas abrasadas. 10 - Dá-me de beber! tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva. Volta-se, surpresa, dominada por esVibrações incomparáveis estrugem tranhos e profundos ressentimentos. no coração da mulher. Como ousa aquele estrangeiro dirigir-lhe a palavra, atentando contra os costumes vigentes? – interroga mentalmente. Que homem é este que se atreve a dirigir a palavra a uma mulher, sabendo-se que ninguém ousava fazê-lo na rua, mesmo que fosse à esposa, filha ou irmã? Ignorará ele essa regra comezinha, parte integrante dos deveres sociais? E, solerte, retruca, com proposital ironia na voz, com que extravasa a própria amargura: Guardava ânsias de paz e não sabia como ou onde encontrá-la. Uma dúvida, porém, a inquieta. O espanto dá-lhe à voz uma tonalidade de respeito. - Senhor! – exclama – tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde pois tem a água viva? És tu maior que nosso pai Jacó que nos deu o poço, dele bebendo, ele próprio, seus filhos e o seu gado? - Como sendo tu judeu me pedes de Os olhos do estranho fulguram com beber a mim, que sou mulher samarita- fascínio desconhecido. na? A revelação não tarda; a mensagem No vale, maio cantava através de mil espraiar-se-á no ar, embalando o muncigarras no trigal; a estrada deserta e do, quando Ele a enunciar. silenciosa perde-se montanha a dentro. - Qualquer que beber desta água torJesus conhece as dimensões que se- nará a ter sede; - foi explícito – mas param os dois povos: judeus e samari- aquele que beber da água que eu lhe tanos. der, nunca terá sede, porque a água que Não seria esta a única vez que Ele eu lhe oferecer se fará nele uma fonte provocaria escândalo, afrontando cos- de água que salte para a vida eterna. tumes odientos e convencionais. - Dá-me dessa água – disse, pressuTem uma mensagem a dar – mensa- rosa, - para que não mais tenha sede, e aqui não venha tirá-la. gem de conciliação e consoladora. Penetrara a mulher o sentido das paPara isto deixara propositalmente a estrada do Jordão e subira as serras. lavras do Rabi? Desejava libertar-se da Programara aquele encontro, desde an- exaustiva tarefa ou buscava mais clareza no ensino? tes... Os meigos olhos d`Ele incendeiamAquela mulher, Ele a escolhera para ser a condutora do seu aviso a Siquém. -se e se fixam nos olhos dela, penetrando-lhe o recôndito do espírito. Responde-lhe, então, sem aspereza - Vai chamar o teu marido e vem cá – nem revide, por conhecê-la, talvez, inordena-lhe com brandura e segurança. timamente. Ela se perturba. Sua voz é cantante, compadecida: Era uma pecadora, e Ele o sabia, - Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é o que te diz: dá-me de beber, conjectura... 11
  • 7. Esse era o seu tormento íntimo. Quanto sentia ferida, humilhada no seu amor, receosa!... As lágrimas afloraram e escorrem abundantes; a palavra empalidece o vigor nos seus lábios e, quase sem fôlego, esclarece: - Não tenho marido... A vergonha estampa no seu rosto moreno a própria dor. - Disseste bem: não tenho marido; confirmou Jesus – pois que cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. Surpreendida, a samaritana não mais oculta a alegria, a felicidade. Grita, quase: - Senhor, vejo que és Profeta! A mente está em desalinho. Quantas dúvidas a atormentaram a vida toda!... Agora está diante de um Profeta de Deus. Deve aproveitar cada instante, reabilitar-se, encontrar a paz, Tão indigna se considera, e, no enpor fim. tanto, fora chamada à Verdade, ouvinComovida, interroga com docilidade. do o que nenhum ouvido jamais escutara antes. - Nossos pais adoraram neste monte, No vale, as espigas continuam oscie vós dizeis que é em Jerusalém o lugar lando e os loendros cantam ao sopro do onde se deve adorar. vento. - Mulher, acredita-me – elucida o EnO Desconhecido olha em derredor, e viado Divino – que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém continua com música harmoniosa nas adorareis o Pai. Vós adorais o que não palavras. sabeis; nós adoramos o que sabemos - Deus é o Espírito, e importa que os porque a salvação vem dos judeus. que O adoram, O adorem, em espírito e Mas a hora vem, e agora é em que os em verdade. verdadeiros adoradores adorarão o Pai A humilde “aguadeira” terá compreem espírito e em verdade, porque o Pai endido a grandeza universal do ensino? procura a tais que assim o adorem. Transfigurada pela revelação, deseja A mulher, perplexa, enche-se de veninformar-se com segurança e indaga: tura. - Eu sei que o Messias (que se chama 12 o Cristo) vem; quando ele vier – nos “desgarrados”... anunciará tudo... * A sinfonia imponente irrompe do coOs discípulos retornam e “maraviração do Mestre, e, ante a Natureza em lham-se de que estivesse falando com silêncio e expectação, Ele conclui: uma mulher”, mas nada disseram. - Eu o sou; eu que falo contigo! Por Tomando o cântaro, a samaritana isso digo que a salvação vem dos ju- demanda a cidade e, aos gritos, procladeus. ma: O suor escorre-lhe pelo rosto rubro e - Vinde, vede um homem que me dismásculo. se tudo quanto tenho feito; porventura Já não há segredo. não é este o Cristo? Despedaçam-se as comportas do Indagações explodem, espontâneas, mistério e a verdade esparze alegria e em todos, admirados ante a natural deconsolo. claração da informante. Não há mais silêncios. Em grupos compactos os moradores de Sicar descem à fonte, onde o Rabi A mulher está conquistada. se demora com os discípulos, que insO Reino amplia fronteiras entre os tam para que se alimente. 13
  • 8. Sem e perturbar com a multidão que de sementes germinadas, o artista na O fita aturdida, explica aos companhei- obra rica de contornos, os sábios nos ros, de modo a fazer-se ouvir por todos: poemas das estrelas, os rudes no trato - Uma comida tenho para comer, que com os deveres humílimos. vós não conheceis. A minha comida é A luz vem do alto e alarga-se pela fazer a vontade daquele que me enviou, planície... e realizar a sua obra... Todos os ódios se apagam ante a “Não dizeis vós que ainda há quatro Mensagem Nova. meses até que venha a ceifa? Eis que Rompem-se barreiras, aplainam-se eu vos digo: levantai os olhos, e vede abismos. as terras que já estão brancas para a Quebram-se os elos da escravidão e sega. O que ceifa recebe o galardão, e ajunta fruto, para a vida eterna, para a desídia não medra. que assim o que semeia como o que Irrompe a paz nos corações. ceifa, ambos se regozijem”. Onde o homem se levanta para a “Porque nisso é verdadeiro o ditado: vida, o Pai é adorado. que um é o que semeia, e outro o que Deus já não pertence a um povo, a ceifa”. uma casta. É imanente em tudo e to“Eu vos enviei a ceifar, onde não tra- dos, e transcendente. balhastes; outros trabalharam, e vós “Um só Deus é o Pai de todos, o qual entrastes no seu trabalho”. é sobre todos, por todos e em todos”7. A terra se vestia de escarlate e as Não importa o agora da vida, no que nuvens ficavam tintas com o ouro do diz respeito a fruir gozo. entardecer que se avizinha. A abominação ao crime, à leviandaA mensagem é um brado de desperde, à insensatez que a todos convida tamento aos aprendizes inseguros e larga e facilmente, em titânica batalha displicentes. íntima pelo equilíbrio; a perseverança Ele semeia, o futuro colherá. do bem; a renúncia ao “eu” enfermiço Ali está uma gleba humana referta de e ambicioso são as primícias de felicicorações para a semeação da Era Nova. dade... àquele que se doe à Causa. O galardão é a paz consigo mesmo Fazia-se necessário estender a todos os prelúdios da paz, numa antevisão do e a inefável ventura depois, além das sombras... Reino. * Aqueles eram pastores, agricultores e pescadores... Por dois dias Ele ficou na Samaria a Entendiam a linguagem, conheciam pregar, a curar, espalhando a certeza da Vida além da vida. o tempo e as circunstâncias. E todos diziam a Fotina: Os louvores a Deus não mais se entoarão neste ou naquele recinto. - Já não é pelo teu dito que nós creErigido um altar no coração, o agri- mos; porque nós mesmos o temos oucultor exalta-O na vérgea recamada 14 7 Efésios 4;6 vido, e sabemos que este é verdadeira- grande que ele desafiará suas capacimente o Cristo. O Salvador do mundo. dades para serem as melhores e poder O céu diáfano diluía-se com os sal- alcançá-lo. picos de flóculos de nuvens, quando, Entusiasme-se pelas coisas boas da depois, Ele e os discípulos seguiram à vida, pelos valores reais do Espírito, Galiléia. pela conquista das virtudes. * Pela afeição com que se ligou a Jesus, primitivos cristãos, que se alentaram na sua coragem de proclamar as imperfeições, denominaram a Samaritana, “A Iluminadora”, que a tradição oral acatou e conservou, até os nossos dias. O entusiasmo é o melhor salário. O entusiasmo, no entanto, é fruto de alguma outra coisa: a motivação. A motivação gera o que podemos chamar de força de vontade para satisfazer nossas necessidades essenciais. Vontade que nasce do desejo de vencer, vencendo-se, de resolver, resolvendo-se, de fazer bem-feito, melhorando-se. Göthe disse: a lei é poderosa, todavia mais poderosa é a necessidade. O Livro dos Espíritos nos ensina: Há duas formas de enfrentar dificul909. Poderia sempre o homem, pedades: alterá-las ou alterar a maneira de los seus esforços, vencer as suas más enfrentá-las, como diz Phyllis Bottome. inclinações? Diante de nossos problemas e a “Sim, e, frequentemente, fazendo necessidade de resolvê-los, vale a re- esforços muito insignificantes. O que comendação de buscarmos outros lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos caminhos e alternativas para poder so- dentre vós fazem esforços!” lucioná-los. No geral, deixamos para depois mesE não há melhor lembrança, do que mo as questões mais importantes para de Jesus: “Tenho-vos dito isto, para o dia. que em mim tenhais paz; no mundo teSegundo as narrativas de Marcos reis aflições, mas tende bom ânimo, eu (10:17-31), Lucas (18:18-30) e Mavenci o mundo.”8 teus 19:16-30, eis a história do manHoje estamos apresentando-lhes cebo rico conforme escrito por Amélia Jesus, como aquele Amigo Celeste, Rodrigues, Espírito, pela mediunidade único capaz de nos ofertar plenitude. de Divaldo Franco10: Tão comentado, tão conhecido através dos tempos, mas pouco vivido mesmo no presente. Ele é a vereda da verdadeira vida, e nos disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.”9 Encontre um propósito na vida tão 8 9 Jo. 16:33 Jo. 10:10 10 FRANCO, Divaldo P. Primícias do Reino. Ditado pelo Espírito Amélia Rodrigues. 3a ed. Salvador, BA: Leal. 1975. Cap.: O cebo Rico, p. 67-73. 15
  • 9. O momento era de profunda significação. Sabia, por estranha intuição, que um dia defrontaria a Realidade, e a encontrava agora. O apelo pairava vibrando em derredor: - “Vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me”. Aquela voz penetrava como um punhal afiado e impregnava qual perfume de nardo. Havia um magnetismo inconfundível naqueles olhos severos e profundos como duas estrelas engastadas na face pálida do amanhecer. Tinha sede de paz. Embora repousasse em leito de madeiras preciosas incrustados de ébano e lápis-lazúli, se banqueteasse em repastos opíparos, cuidasse do corpo com massagens de óleos e unguentos raros, envolvendo-o em tecidos de linho leve, e suas arcas estivessem abarrotadas de gemas e ouro, sabia-se infeliz, sentia-se infeliz. Faltava-lhe algo que não se Confragia-se e angustiava-se ignoconsegue facilmente. rando as nascentes da melancolia reHesitava, no entanto. nitente que lhe dissipava sonhos e esSua vivenda era luxuosa, seus per- peranças sob guante de inenarrável tences valiosos e vazio o seu coração. amargura. Buscava as competições em Cesaréia, todavia ignorava se essa Conquanto a juventude cantasse ale- busca representava uma realização ou grias e festas em convites constantes fuga. ao prazer no corpo ágil e vigoroso, acaAgora, pela primeira vez, sentia-se lentava melhores aspirações, se disputava a posse total da paz. Era mais do arrebatado. que tormento essa necessidade. Não A meiguice e a ordem daquela vez, que desejasse a tranquilidade aparato- enunciada por aquele Homem, ecoasa dos fariseus ou o repouso entorpe- vam como cascatas em desalinho nos cente dos mercadores opulentos, nem abismos do espírito. a serenidade enganosa dos cambistas Interiormente gritava: “Irei contigo, abastecidos ou a senectude vitoriosa Senhor, mas...” dos conquistadores em aposentadoria Hesitava, sim, e a hora não comporcompulsória. Buscava integração hartava dubiedades. moniosa, mas não sabia em quê. 16 O ico R mancebo Uma roseiras de flores rubras, que abraçava os ramos do arvoredo próximo, sacudida pelo vento, desgarrou-se e as pétalas da cor de sangue caíram-lhe aos pés, junto d’Ele, no alpendre, como sinais... ração em descontrole sob violenta pulsação. Emoções inusitadas vibravam no seu ser, como jamais acontecera anteriormente. Desejou arrojar-se ao solo, esmagado por indômita constrição no peito. Donde O conhecia? – indagava, a Percebeu que o Estranho sorriu, medo, procurando recordar-se, com in- como se o esperasse, como se o amasdivizível esforço mental. se, poderia afirmá-lo... Todo àquela hora era importante; O tempo corria célere galopante as mais do que isso: vital! horas fugidias. Ao vê-lO, de longe, era como se reSeus lábios se afiguravam selados, e encontrasse um amigo, um Celeste frio impertinente gelava-lhe as mãos. amigo. Lutava por quebrar aquele torpor que Quando os seus descansaram nos o imobilizava. olhos d’Ele, sentiu-se desnudado, o coRetalhos de luar tímido prateavam 17
  • 10. nuvens soltas no firmamento, bordan- cerei a ventura sem limite. do de luz oliveiras altivas e loendros em Que alto prêmio! Que pesado tributo! flor. – pensou desanimado. - Permite-me primeiro – conseguiu Era muito jovem e muitos confiavam articular, vencendo a emoção que o nele. Possivelmente Israel lucraria com transfigurava – competir em Cesaréia, os seus lauréis e triunfos. Príncipe tinha logo mais, disputando para Israel os pela frente as avenidas do poder a que triunfos dos jogos... se afervorava, poder que no momento -Não posso esperar. O Reino dos se destituída de qualquer valor. Céus começa hoje e agora para o teu Os bens, poderia ofertá-los, sim. espírito. Não há tempo a perder. Porém a fortuna da juventude, os te- Aguardei muito essa ocasião e ela souros vibrantes da vaidade atendida e se avizinha, com a chegada do período dos caprichos sustentados, as honras das competições... Exercitei-me, con- de família resguardadas pela tradição, tratei escravos que me adestraram... os corifeus agradáveis e bajuladores, aos partos comprei, por uma fortuna, oh! seria necessário renunciar-se a isso duas parelhas de fogosos cavalos... os tudo? – interrogava-se, inquieto. jogos estão próximos... - Sim! – respondeu-lhe, sem pala- Renuncia, e segue-me! Quem era Ele, que assim lhe falava? Que poder exercia sobre sua vontade? Por qual sortilégio o dominava?!... Gostaria de fugi ou deixar-se arrastar, estava perturbado; ignorada sofreguidão o aniquilava... vras, com os olhos fulgurantes. Sofria naqueles minutos a soma dos sofrimentos que experimentara a vida toda. O ar cantava leves murmúrios enquanto as tulipas do campo teciam um manto sutil, rescendendo aromas. A horizontalidade das aflições humaO Rabi, em silêncio, aguardava. E nas contemplava a verticalidade da su- ele, em perplexidade, lancinava-se. blimação divina: o cotidiano deparava O diálogo tornara-se realmente imcom o infinito; o vale fitava o abismo possível. das alturas e se perdia na imensidão. Subitamente, o príncipe de qualidaO homem e o Filho do Homem se dede, num átimo de minuto, lembrou-se frontavam. que amigos o aguardavam na cidade. O diálogo parecia impossível, redu- Compromissos esperavam-no. Deveria zindo-se a um monólogo atormentante debater os detalhes finais para a corripara o moço diante daquele Homem. da na grande festa da semana entrante. Vencendo irresistível temor, contiAcionado por estranho vigor, que nuou o príncipe afortunado: dele se apossou repentinamente, fitou E saiu quase a correr. valhada. * O Mestre sentou-se e se encheu de Sopravam os ventos frios que chega- profundo sofrimento. vam de longe, musicados pelo bulício Era assim, sempre assim que Ele fidas estrelas balouçantes. cava após a deserção dos convidados A terra estuava sob a gramínea or- ao Banquete da Luz. A expressão de Ruínas de Cesaréia - Não receio dar o que possuo: di- o Messias sereno e triste, balbuciando nheiro, ouro, gemas, títulos, se possí- com voz apagada: vel, pois sei que estes se gastam mui - Não posso. Não posso seguir-Te facilmente, mas... agora... Perdoa-me, se me amas! - ... Dá-me a ti próprio e eu te ofere- 18 19
  • 11. mansuetude e perdão que lhe brilha- ras começavam as festas públicas. va nos olhos mergulhava em lágrimas, As competições de bigas abrem as agasalhada em leves tons de amargura. corridas ante a aflição de judeus, romaAssim O encontraram os discípulos. nos e gentios que deixaram sobre as Interrogado, respondeu: mesas dos cambistas pesadas apostas - “Quão dificilmente entrarão no rei- nos seus ases. no de Deus os que têm riquezas”! Gladiadores em combates simulados, tocadores de pífanos e flautas, alaúdes * e címbalos, enchem os intervalos de Uma semana depois Cesaréia era a som e cor. capital do ócio, do prazer. As quadrigas estão na linha de partiSituada ao norte da planície de Sa- da. Os fogosos corcéis, adquiridos aos rom e a 30 quilômetros ao sul do Monte Carnelo, foi embelezada por Herodes que, no local, mandou erguer grande porto de mar, caracterizado por colossal quebra-mar enriquecendo-a com imponente Templo onde se levantava estátua do imperador. Esse porto valioso sobre o Mediterrâneo era importante escoadouro de Israel e porta de entrada marítima onde atracavam embarcações de toda parte. As vilas ajardinadas debruçavam-se sobre as encostas pardacentas da cidade, exibindo estilos arquitetônicos variados. Pelo seu clima agradável, tornara-se residência oficial dos procuradores romanos, em Israel. Tamareiras onduladas pelo vento adornavam as ruas e odores exóticos misturavam-se no ar varrido pela maresia. As anêmonas escarlates ou “lírios do vale” e o narciso branco ou “rosa do partos, oriundos da Dalmácia, de Tiro, Sidon e da Arábia, empinam, lustrosos, Sarom” misturavam-se na planície. ajaezados. Ao sinal disparam, sob esOs festins de Cesaréia pretendiam trondosa ovação. rivalizar com os de Roma, atraindo afiChicotes vibram no ar, mãos firmes cionados até mesmo da Metrópole lonnas rédeas, os guias e condutores dão gínqua. velocidade aos carros frágeis. A celeAo som alegre de trompas e fanfar- bridade prende a respiração em todos 20 os peitos. A expectativa fala sem voz na pulsação da tarde ardente e empoeirada. Numa manobra menos feliz, um carro vira e um corpo tomba na arena, despedaçado pelas patas velozes, em disparada. O moço rico sente as entranhas abertas, o suor e o sangue em pastas de lama, a respiração estertorada... Enquanto escravos precípites arras- - Amigo!... Dois braços o envolvem, veludosos e transparentes. Apesar da face deformada e lavada pelas lágrimas, o suor e o sangue, ele dá a impressão de sorrir. Por ser amanhã um dia ainda tão distante, vale a recomendação evangélica: “...Vai trabalhar hoje na minha vinha”11. Hoje é o dia. Não amanhã. Enquanto é hoje, no dizer de Emmanuel, Espírito12: Encarecer a oportunidade de regeneração espiritual na vida física nunca será argumento fastidioso nos círculos de educação religiosa. O corpo denso, de alguma forma, representa o molde utilizado pela compaixão divina, em nosso favor, em grande tam-no na pista, foge mentalmente a número de reencarnações, para reajuscena brutal que o esmaga, e entre as tar nossos hábitos e aprimora-los. névoas que lhe sombreiam os olhos paA carne, sob muitos aspectos, é barrece vê-Lo. ro vivo de sublime cerâmica, onde o Silenciando os gritos na concha acús- Oleiro Celeste nos conduz muitas vetica tem a impressão de escutá-Lo. 11 Mt. 21:28 XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo - Renuncia a ti mesmo, vem, e se- 12 Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971. gue-Me. Cap.: 169, p. 353-354. 21
  • 12. zes, à mesma forma, ao calor da luta, apresentação do livro Quem é o Cristo?, ditado pelo Espírito Francisco de Paula Vitor, O mundo carece de almas sérias, com a fim de aperfeiçoarnos o veículo sutil através da mediunidade de Raul Teixeira: posturas comprometidas com a melhode manifestação do espírito eterno; enria da qualidade de vida dos indivíduos, tretanto, quase sempre, estragamos a não somente no que se refere à qualioportunidade, encaminhando-nos para dade de vida material, mas, fundamena inutilidade ou para a ruína. talmente, no que diz respeito à qualidade de vida interior, espiritual, moral, Dentro do assunto, porém, a palavra do gênero humano. Atacado, contudo, de Paulo é valiosa e oportuna. pelos vírus de aturdente materialismo, Enquanto puderes escutar ou perceum grande número de grandiosas menber a palavra Hoje, com a audição ou tes perde-se nos cipoais das coisas rascom a reflexão, no campo fisiológico, teiras, sem conseguir servir à Causa da vale-te do tempo para registrar as suimortalidade, perdendo a grande ensangestões divinas e concretizá-las em tua cha que lhe foi oferecida pelo Governo marcha. Espiritual da Terra, por Jesus Cristo. Para o homem brutalizado a morte não traz grandes diferenças. A ignorânO sono do Apóstolo é um vigoroso cia passa o dia na impulsividade e a noite na inconsciência, até que o tempo e símbolo, imortalizado nos textos da O livre-arbítrio se desenvolve à mediBoa Nova, transmitindo importante e o esforço individual operem o desgaste da que o Espírito adquire a consciência despertadora mensagem a todos quandas sombras, clareando-lhe o caminho. de si mesmo. tos se afirmam estudiosos interessados Aqui, todavia, nos referimos à criatu- na personalidade de Jesus, o Cristo. E é essa crescente liberdade de penra medianamente esclarecida. sar e de agir que deve ser norteadora Pedro, na convivência mais do que de bons caminhos conducentes à verTodos os pequenos maus hábitos, próxima com Ele, uma vez instado a cidos, gastando o tempo abençoado para as dade e à vida. aparentemente inexpressivos, devem permanecer vígil, no momento demaingentes conquistas do espírito eterno em ser muito bem extirpados pelos seus siadamente especial da vida do seu Emmanuel, Espírito Benfeitor, nos despropositada anulação das horas, desper- propõe reflexões a esse respeito, em portadores que, desde a Terra, já dispo- Mestre, pareceu não estar atento à gradiçando felizes oportunidades, pelas quais la- mensagem denominada: Que fazeis de nham de algum conhecimento da vida vidade daquela hora, no Getsêmani, e, mentarão mais adiante. espiritual, porque um dos maiores tor- assaltado pelo sono, deixou-se por ele especial?14, baseada em idêntico quesmentos para a alma desencarnada, de embalar, despertando comovedor laQuando são almas de poucos recursos do tionamento feito por Jesus: “Que faalgum modo instruída sobre os cami- mento do Amigo em profunda solidão. intelecto, costumam queimar o tempo nos zeis de especial?”, conforme se lê em nhos que se desdobram além da morte, episódios de crença, aceitando tudo que Mateus 5:47. Pelo mundo afora, não são poucos é sentir, nos círculos de matéria sublilhes apareça, conquanto suponham obter Iniciados na luz da Revelação Nova, mada, flores e trevas, luz e lama dentro os que adormecem nas ocasiões mais vantagens materiais para a vida do espíri- os espiritistas cristãos possuem patrigraves, nos momentos mais sérios, de si mesma. to, deixando-se embair, aqui e ali, em razão mônios de entendimento muito acima quando se lhes solicita aguçada atendo próprio espírito interesseiro e imediatis- da compreensão normal dos homens Esse aturdimento que, de certo modo, ção. Seja por espírito de fuga, seja por ta. Quando são mentalidades buriladas pe- encarnados. se assenhoreia de nós, qual prolongada má vontade, seja por medo, qualquer los exercícios intelectuais das academias, é letargia, amolentamento, sono inimigo, que seja o motivo, o fato é que não é Em verdade, sabem que a vida proscomum encontrá-las em inacabáveis discuse que nos impede maior atenção e inte- pequeno o número dos que dormem pesegue vitoriosa, além da morte; que sões, muitas vezes ocas, muitas vezes ingêresse para com as graves questões da rante o chamado do Cristo. se encontram na escola temporária da nuas, outras vezes disparatadas, verdadeiras vida, vem assim tratada pelo Espírito Terra, em favor da iluminação espiritual Desde os indivíduos mais incapazes, nonadas, sem lograr a lucidez devida para o Benfeitor Camilo13, em mensagem de que lhes é necessária; que o corpo carintelectualmente, aos cérebros mais mergulho indispensável no cerne de palpitan13 TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo? Ditado pelo eminentes das academias, encontram14 XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo tes quão importantes questões. Espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói, RJ: Fráter. 1997. Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971. -se enormes contingentes de adormeCap.: O Mestre, p. 11-12. Cap.: 60, p. 133-134. Pedro tu dormes? 22 23
  • 13. nal é simples vestimenta a desgastar-se cada dia; que os trabalhos e desgostos do mundo são recursos educativos; que a dor é o estímulo às mais altas realizações; que a nossa colheita futura se verificará, de acordo com a sementeira de agora; que a luz do Senhor clarear-nos-á os caminhos, sempre que estivermos a serviço do bem; que toda oportunidade de trabalho no presente é uma bênção dos Poderes Divinos; que ninguém se acha na Crosta do Planeta em excursão de prazeres fáceis, mas, sim, em missão de aperfeiçoamento; que a justiça não é uma ilusão e que a verdade surpreenderá toda a gente; que a existência na esfera física é abençoada oficina de trabalho, resgate e redenção e que os atos, palavras e pensamentos da criatura produzirão sempre os frutos que lhes dizem respeito, no campo infinito da vida. erro. Quanta vez temos voltado aos círculos carnais em obrigações expiatórias, sentindo, de novo, a sufocação dentro dos veículos fisiológicos para tornar à vida verdadeira? Muitos aprendizes estimam as longas repetições, entretanto, pelo que temos aprendido, somos obrigados a considerar que vale mais um dia bem vivido com o Senhor que cem anos de rebeldia em nossas criações inferiores. Infelizmente, porém, tantos laços grosseiros inventamos para nossas almas que o nosso viver, na maioria das ocasiões, na condição de encarnados ou desencarnados, ainda é o cativeiro a milenárias paixões. Concedeu-nos o Senhor a Vida Eterna, mas não temos sabido vivê-la, transformando-a em enfermiça experimentaEfetivamente, sabemos tudo isto. ção. Daí procede a nossa paisagem de Em face, pois, de tantos conheci- sombra, em desencarnando na Terra ou mentos e informações dos planos mais regressando aos seus umbrais. altos, a beneficiarem nossos círculos A provação complicada é consequfelizes de trabalho espiritual, é justo ou- ência do erro, a perturbação é o fruto çamos a interrogação do Divino Mestre: do esquecimento do dever. - Que fazeis mais que os outros? Renovemo-nos, pois, no dia de Hoje, onde estivermos. Olvidemos as linhas curvas de nossas indecisões e façamos de nosso esforço a linha reta para o A nossa liberdade se ligitima como bem com a Vontade do Senhor. tal, desde que acompanhada da corresOs pontos minúsculos formam as fipondente responsabilidade pelos atos. guras gigantescas. Saibamos, pois, dela nos utilizarmos a As coisas mínimas constroem as partir de hoje, onde estivermos. grandiosas edificações. Retiremo-nos Para os que permanecem na carne, das regiões escuras da morte na prática a morte significa o fim do corpo denso; do mal, para que nos tornemos dignos para os que vivem na esfera espiritual, da vida eterna, que é dom gratuito de representa o reinicio da experiência. Deus.15 De qualquer modo, porém, o término XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo cheio de dor ou a recapitulação repleta 15 de dificuldades constituem o salário do Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971. Cap.: 122, p. 257-258. 24 Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra no umbral de todos os templos religiosos do mundo, perguntando, com interesse, aos que entram: “Que buscais?” B a quem uscais? Teólogos festejados, de várias correntes e escolas de pensamento, falaram sobre o Mestre; uns contra, outros a favor; uns com a tranquilidade das suas convicções, outros exacerbados e violentos no visco do seu fanatismo como se o Cristo pudesse ser enquadrado nos limites da percepção humana. Nada obstante, o que se percebe são os carregados vapores da presunção, os tóxicos de vaidades academicistas, que se fazem responsáveis por muita parvoíce que se espalha pelos arraiais do mundo intelectual. nunciaram a respeito da figura do Cristo. Homens da estatura intelectual de Voltaire de Napoleão viram-se envolvidos nas reflexões sobre o Mestre. Desde os trabalhos de Reimarus, na Alemanha, aos escritos de Renan, na França, multiplicaram-se os discutidores da trajetória terrena de Jesus Cristo. Entre eles estiveram Herder e Davi Strauss, Bruno Bauer e Henrique Paulus, engolfados nessas notáveis discussões, sem que conseguissem deixar de pensar Nele, estivessem em posições contrárias ou favoráveis a esse Homem Incontáveis foram os teólogos e ou- Excepcional. tros pensadores da filosofia que se pro- 25
  • 14. Notícias mais longínquas apontam referências sobre o Cristo nos escritos de Josefo e de Pápias, nos séculos I e II, respectivamente, ao lado de incontáveis outros que O analisaram através dos textos dos Seus Discípulos, desejosos de classificar e determinar a respeito Dele, imaginando-se senhores de toda a capacidade, de toda a lucidez; como se, em questões espirituais, o macro coubesse no micro, ou como se o homem tipicamente terreno pudesse assimilar toda a realidade Daquele que era, antes que Abraão o fosse. Coisas da estultícia humana, bem se vê... Essa pulsante Alma que faz movimentar todo o nosso sistema solar é o Cristo, a quem devemos buscar. No entanto, que fazemos do Mestre? Em dado momento crucial da História, Pilatos perguntou: “Que farei então de Jesus, chamado o Cristo?”, como consta em Mateus 17:22. Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de singular importância. Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias? Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as aspiraSem embargo, onde encontramos re- ções de menor esforço. ferências mais abundantes acerca desOs vaidosos procuram transformá-lo sa existência luminosa é nos textos dos em galeria de exibição, através da qual Evangelistas. Cada um deles em suas façam mostruário permanente de perépocas, com sua sensibilidade e senso sonalismo inferior. crítico, legou-nos ricas evocações da Os insensatos chamam-no indebitasua convivência com esse Ser de luz ou das formosas narrativas que lhes foram mente à aprovação dos desvarios a que feitas por quem com Ele conviveu ou se entregam, a distância do trabalho digno. que mais próximo a Ele esteve. Grandes fileiras seguem-lhe os pasSão fascinantes os textos atribuídos a Mateus Levi e a João Marcos, a sos, qual a multidão que o acompanhaLucas e a João. Deles extraímos pre- va, no monte, apenas interessada na ciosos elementos para melhor pensar multiplicação de pães para o estômago. sobre o Cristo, mergulhando mais proOutros se acercam dEle, buscando fundamente nessas cristalinas águas atormentá-lo, à maneira dos fariseus do Evangelho do Reino. arguciosos, rogando “sinais do céu”. Cada um a seu modo, são os EvanNumerosas pessoas visitam-no, imigelistas os que melhor nos dão indica- tando o gesto de Jairo, suplicando bênções para o entendimento, ainda que çãos, crendo e descrendo ao mesmo diminuto, desse fulgente Astro, que, tempo. um dia, esteve na atmosfera do mundo Diversos aprendizes ouvem-lhe os terrestre, valorizando a nossa morada ensinamentos, ao modo de Judas, exasideral com as pegadas da Sua celeste minando o melhor caminho de estabeassistência, com o aroma do Seu sublilecerem a própria dominação. mado amor.16 Vários corações observam-no, com 16 TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo? Ditado pelo Espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói, RJ: Fráter. 1997. simpatia, mas, na primeira oportunidade, indagam, como a esposa de ZebeCap.: O Mestre, p. 12-13. (...) 26 deu, sobre a distribuição dos lugares nhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se prenderá a um e desprecelestes. Outros muitos o acompanham, es- zará o outro. Não podeis servir simultrada a fora, iguais a inúmeros admira- taneamente a Deus e a Mamon. Como dores de Galiléia, que lhe estimavam os consta em Lucas 14:13. Sobre isso, um Espírito Protetor cobenefícios e as consolações, detestanmenta, em O Evangelho segundo o Esdo-lhe as verdades cristalinas. Alguns imitam os beneficiários da piritismo, Cap. XVI, item 12: Quando considero a brevidade da Judéia, a levantarem mãos-postas no instante das vantagens, e a fugirem, vida, dolorosamente me impressiona a espavoridos, do sacrifício e do teste- incessante preocupação de que é para vós objeto o bem-estar material, ao munho. Grande maioria procede à moda passo que tão pouca importância dais de Pilatos que pergunta solenemente ao vosso aperfeiçoamento moral, a que quanto ao que fará de Jesus e acaba pouco ou nenhum tempo consagrais e crucificando-o, com despreocupação que, no entanto, é o que importa para a eternidade. Dir-se-ia, diante da atividado dever e da responsabilidade. de que desenvolveis, tratar-se de uma Poucos imitam Simão Pedro que, questão do mais alto interesse para a após a iluminação no Pentecostes, se- humanidade, quando não se trata, na gue-o sem condições até à morte. maioria dos casos, senão de vos porRaros copiam Paulo de Tarso que se des em condições de satisfazer a neergue, na estrada do erro, colocando- cessidades exageradas, à vaidade, ou -se a caminho da redenção, através de de vos entregardes a excessos. Que de impedimentos e pedradas, até ao fim penas, de amofinações, de tormentos cada um se impõe; que de noites de da luta. insônia, para aumentar haveres muitas Não basta fazer do Cristo Jesus o vezes mais que suficientes! Por cúmulo benfeitor que cura e protege. É indisde cegueira, frequentemente se enconpensável transformá-lo em padrão pertram pessoas, escravizadas a penosos manente da vida, por exemplo e modetrabalhos pelo amor imoderado da rilo de cada dia.17 queza e dos gozos que ela proporciona, Com muita constância nos dirigimos a se vangloriarem de viver uma existênà Ele rogando mil coisas. No entanto, cia dita de sacrifício e de mérito - como quando Ele se nos dirige ao coração, pe- se trabalhassem para os outros e não dindo-nos auxiliemos o próximo doando para si mesmas! remédio a quem está doente, cobertor Insensatos! Credes, então, realmenà quem padece de frio, pão à quem tem te, que vos serão levados em conta os fome, como o atendemos? Será que O cuidados e os esforços que despendeis atendemos? Permitimos que Ele adenmovidos pelo egoísmo, pela cupidez ou tre nosso coração? pelo orgulho, enquanto negligenciais Se faz muito atual a firmativa evan- do vosso futuro, bem como dos devegélica: Ninguém pode servir a dois se- res que a solidariedade fraterna impõe 17 XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo a todos os que gozam das vantagens Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971. da vida social? Unicamente no vosso Cap.: 100, p. 213-214. 27
  • 15. corpo haveis pensado; seu bem-estar, nós, uma luz inextinguível. seus prazeres foram o objeto exclusivo Permaneces no campo da experiênda vossa solicitude egoística. cia humana, em plena atividade transPor ele, que morre, desprezastes o formadora. vosso Espírito, que viverá sempre. Por Todas as situações de que te envaiisso mesmo, esse senhor tão animado deces, comumente, são apenas ângulos e acariciado se tornou o vosso tirano; necessários mas instáveis de tua luta. ele manda sobre o vosso Espírito, que A fortuna material, se não a fundase lhe constituiu escravo. Seria essa a finalidade da existência que Deus vos mentas no trabalho edificante e continuo, é patrimônio inseguro. outorgou? A mocidade do corpo denso é floração passageira. A fama e a popularidade costumam ser processos de tortura incessante. A tranquilidade mentirosa é introdução a tormentos morais. A festa desequilibrante é véspera de laborioso reparo. O abuso de qualquer natureza compele ao reajustamento apressado. Tudo, ao redor de teus passos, na vida exterior, é obscuro e problemático. O amor, porém, é a luz inextinguível. A caridade jamais se acaba. O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte. Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora. Ama, pois, em Cristo, e alcançarás a glória eterna.18 Acompanhemos Douglas Maloch em seu poema: 18 XAVIER, Francisco C. Vinha de Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 4a ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1971. Cap.: 162, p. 339-340. A opção por Jesus é opção por viA família humana, sem laços de vervenciar o amor, a caridade. dadeira afinidade espiritual, é ajuntaNão basta reconhecê-lO como o Ce- mento de almas, em experimentação leste Amigo. Precisa ser vivenciado, de fraternidade, da qual te afastarás, um dia, com extremas desilusões. conforme seus ensinos. A eminência diretiva, quando não Foi Paulo de Tarso, apóstolo, que criou a palavra: caridade, configurando solidificada em alicerces robustos de neste termo a ideia de amor em ação, justiça e sabedoria, de trabalho e consagração ao bem, é antecâmara do deamor dinâmico, amor vivenciado. sencanto. E foi ele, o Apóstolo Paulo que tamA posição social é sempre um jogo bém nos disse: “A caridade jamais se acaba.”, como se lê em I Coríntios, transitório. 13:8. As emoções da esfera física, em sua Alcançar a capacidade amar é para maior parte, apagam-se como a chama duma vela. 28 P inheiro se não puderes ser um Se não puderes ser um pinheiro no topo da colina Sê um arbusto no vale – mas o melhor arbusto na encosta do monte. Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore. 29
  • 16. Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva e dá alegria a um caminho. Se não puderes ser almíscar, sê então apenas uma tília, Mas a tília mais viva do lago. Não podemos ser todos capitães, temos de ser tripulação. Há alguma coisa para todos nós aqui. Há grandes obras e outras menores a realizar, E é a próxima tarefa que devemos empreender. Se não puderes ser uma estrada, sê apenas uma senda. São palavras da Veneranda Benfeito- e de amar não obstante desaires e dera Espiritual Joanna de Ângelis: sencantos, revela o cristão, o legítimo A coragem é consequência natural e homem de valor. legítima da fé. Abastecida pela resisE o Nazareno dizia a todos: “Se altência do amor, consubstancia os valo- guém quer vir após mim, negue-se a si res do ideal e eleva o homem às culmi- mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e nância do triunfo. siga-me.”22 A coragem de vencer-se antes que pretender vencer o próximo, de desculpar antes que esperar ser desculpado 22 Lc. 9:23 Se não puderes ser o sol, sê uma estrela. Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso. Sê o melhor de o que quer que sejas! É sabido que muitos de nós deixam de assumir compromisso com valores reais da vida, com a reforma moral íntima, por terem receio das mudanças decorrentes, que venham a ser impostas pela própria consciência. Hábitos irão mudar. Os interesses serão guindados para outros rumos. rigosas na taça do medo, encontram-se narcotizados, sem força para reagirem contra o mal, para seguirem intimoratos na direção da verdade”. Jesus, profundo conhecedor dos sentimentos humanos, sabendo dessa faceta dos homens, recomendou: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais.”19 É evidente que todos sentimos medo “Eu sou a luz que vim ao mundo, em algum momento ou circunstância para que todo aquele que crê em mim da existência física, o que é perfeita- não permaneça nas trevas.”20 mente natural. “Vinde a mim, todos os que esNo caso em tela, existe um temor in- tais cansados e oprimidos, e eu vos terno que procede, quase sempre, por aliviarei.”21 nos sentirmos incapazes de enfrentar O que estamos esperando para tosituações inesperadas, novas, até então desconhecidas, por não terem sido marmos essa decisão feliz? ainda vivenciadas por nós. Temor por A quem buscamos? ter que renunciar a algumas práticas, - A Jesus, digamos nós. tidas como comuns, mas que se irá Sem titubear mais, com determinadescobrir não serem normais. E por aí ção e coragem, atendamos o Seu suave vamos. convite: “Vinde a mim...” Porém, cuidemos, pois o medo pode Coragem é essa energia que sustenser comparado à sombra que altera e ta, essa força moral que induz ao êxito. dificulta a visão real. Disse-nos Joanna de Ângelis, Espíri- 19 to: “Todos os que fizeram libações pe- 20 30 21 Mt. 14:27 Jo. 12:46 Mt. 11:28 S enhor o aconchego do A postura de Jesus primava pelo bom senso, em cada atitude, em cada palavra, em cada recomendação marcada por extrema lucidez. Por mais que a alma se decida por usar sua liberdade para o gozo das fantasias dissolventes, um dia chega em que o cansaço a dobra. Por mais que a criatura se dedique ao armazenamento das coisas perecíveis, que será compelida a deixar, junto com o casulo carnal esgotado, vem o momento da reflexão que lhe permite a mudança. Por mais que a pessoa se rebele contra a vida, crendo que a culpa dos seus fracassos e torturas interiores está nas leis de Deus, advém o ins- 31
  • 17. tante no qual eclode a claridade do Divindade, assemelhando-se à bom senso, que a dor propicia, e criança que se afirma não amada tudo começa a se refazer. pelos genitores cada vez que esses Em qualquer situação que esteja, não lhe atendem a vontade infantil. guarde a certeza de que você perO formidável fato da sua presentence ao grande rebanho do Bom ça no mundo, tendo ensejo de viver Pastor, mesmo quando se ache na posição de ovelha desgarrada ou travestido de lobo devorador, mais carente, inseguro e amedrontado do que propriamente lobo rapace. Ao considerar isso, não dê mais ouvido ao orgulho insensato, tampouco à acomodação paralisante. Venha ao encontro Dele e deixe-se aconchegar nos Seus braços de ternura, sempre abertos para os que O buscam. sustentá-lo continuadamente. momento, em oração; comungue Perante todo situação da vida em com as vibrações felizes do além, que você esteja necessitando de registrando os murmúrios da paz. um braço ou de um abraço que agaTão logo lhe seja possível, vai salhe o seu coração, busque Jesus. você mesmo ao encontro de algum É certo que Ele poderá chegar ao coração, seja uma criança ou um idoso; seja um afeto sadio ou algum enfermo; um familiar ou algum vizinho. Enfim, procure alguém com a sua vibração de alegria e agradecimento a Deus, e porque você a ninguém despreza e a todos envolve com o melhor que tem, já se acha envolvido pelo Sublime Amigo, com possibilidades de superar seus próprios dramas. Sim, quando saímos ao encontro dos irmãos da nossa via evolutiva, dispostos a amá-los e a servi-los, mais próximos ficamos de Jesus, usufruindo da Sua aura de harmonia. Não acredite em castigos do Céu para os equívocos humanos. Para o Pai que ama perfeitamente, você será sempre um plano de amor a desenvolver-se, passo a passo, em plena vida cósmica. Erros e acertos, quedas e levantares fazem parte desse importante movimento evolutivo, em que todos nos encontramos, até superarmos as conjunturas inferiores. Jamais creia que você é uma indefesa vítima de demônios cruéis. Para quem procura o Senhor, disposto a transformar as próprias sombras em estuante luminosidade, cada insinuação perturbadora ou cada tentação no caminho representa importante desafio a sua capacidade de lutar e lutar para vencer. como pode ou como gosta, de trabalhar onde pode ou quer, de viver nos lugares e com as pessoas que prefere ou precisa, num perfeito encaixe de causas e efeitos, próximos ou distantes, é a demonstração palNunca se admita esquecido pela pável do amor divino a envolvê-lo e 32 Jesus Cristo, dessa forma, é aquele Amigo que sempre espera a nossa decisão de buscá-Lo, de ir até Ele, abrindo mão de tudo o que nos agrilhoa no mundo a fim de nos aconchegarmos em Seus braços. Ele nunca nos indagará por que demoramos tanto. Esse dia da busca é também o dia da maturidade nossa e da aceitação do Senhor. seu caminho através de um familiar atencioso ou de um amigo compreensivo. No entanto, se essas almas não surgirem na sua trilha, não se entristeça, nem desanime. Abra a janela e sorva o hálito do dia ou os aromas da noite; recolha-se, por um Francisco de Paula Vítor23 23 TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo? Ditado pelo Espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói, RJ: Fráter. 1997. Cap.: O aconchego do Senhor, p. 91-94. 33
  • 18. Sugestões bibliográficas • KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVI • • 167, • 144, XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Emmanuel. Cap.: 121, 79 ________. Vinha de luz. Emmanuel. Cap.: 60, 100, 110, 121, 122, 162, 169 ________. Caminho, verdade e vida. Emmanuel. Cap.: Introdução, 22, 87, 159, 180 • 1 • • • • • • FRANCO, Divaldo O. Momentos de consciência. Joanna de Ângelis. Cap.: ________. ________. ________. ________. ________. ________. Jesus e atualidade. Joanna de Ângelis. Cap.: 10, 11 Momentos de saúde. Joanna de Ângelis. Cap.: 20 Legado Kardequiano. Marco Prisco. Cap.: 48, 49, 54 Otimismo. Joanna de Ângelis. Cap.: 20, 33, 56 Lições para a felicidade. Joanna de Ângelis. Cap.: 28 Reflexões espíritas. Vianna de Carvalho. Cap.: 17, 27 • TEIXEIRA, Raul. Quem é o Cristo?. Francisco de Paula Vitor. Cap.: 8, 14, 22, 27, 29 Lembretes oportunos: Busca o entusiasmo, e a alegria te vestirá novamente com o alento. Joanna de Ângelis Em qualquer posição e em qualque tempo, estamos cercados de possibilidades de serviço com o Salvador. E, para todos nós, que recebemos as dádivas divinas, de mil modos diversos, foi pronunciado o sublime desafio: “E agora por que te deténs?” Emmanuel 34