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EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | PARAÍBA




                      Tereza Cristina Medeiros de Araújo
                            DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA
                            UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


                      Rochana Campos de Andrade Lima Santos
                            DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E MEIO AMBIENTE
                            UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


                      José Carlos Sícoli Seoane
                            DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
                            UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


                      Valdir do Amaral Vaz Manso
                            LGGM - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO




                      ALAGOAS                                           197
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      Resumo
      O litoral do estado de Alagoas vem sofrendo com os problemas ambientais decor-
      rentes da grande expansão em seu uso, devido o mesmo deter uma grande beleza
      cênica. Considerando que o litoral é pouco desenvolvido, devido principalmente a
      pequena disponibilidade de sedimentos, torna-se este um problema mais preocupante.
      As características da costa permitiu dividi-la em três setores: a) Setor norte, entre a
      divisa com os estado de Pernambuco e o rio Barra de Santo Antônio, onde predo-
      minam afloramentos de arenitos de praia e recifes de coral e/ou algálicos, e alguns
      trechos com falésias vivas de rochas mesozóicas. As praias apresentam erosão
      marinha, sendo um dos trechos mais ocupados do litoral. b) Setor central, indo do
      rio Barra de Santo Antônio ao rio Barra de São Miguel, englobando a cidade de
      Maceió. É o trecho mais urbanizado do litoral, e consequentemente as praias apre-
      sentam grandes evidências de erosão marinha, pela grande pressão antrópica. c)
      Setor Sul, entre o rio Barra de São Miguel e o limite sul do Estado de Alagoas. Na
      parte sul apresenta extensa planície quaternária, sendo o trecho menos urbanizado.
      Indícios de erosão marinha são encontrados em pontos isolados, como por exem-
      plo em locais onde são encontradas falésias vivas da Formação Barreiras. No geral,
      a costa apresenta uma tendência erosiva, sendo esta mais evidente nos setores
      central e norte.


      Abstract
      The coast of Alagoas, due to his beautiful landscape suffers from increased use of his resources.
      The general lack of sediments makes the coastline highly vulnerable to any interference.
      The coast can be divided into three compartments: a) the North Sector extending from the
198   border with Pernambuco to Barra de Santo Antonio outlet, is characterized by outcrops of
      beach-rocks and coralliferous and algal reefs as also stretches of active bluffs of Mesozoic
      rocks. The beaches present marine erosion and urbanization is high; b) the Central Sector
      extending from Barra de Santo Antonio to Barra de São Miguel outlet is the most occupied
      and shows strong evidences of beach erosion; c) the South Sector, extends from Barra de
      São Miguel to the South border of the State where a wide low occupied Quaternary coastal
      plain characterize the landscape. Coastal erosion occurs in isolated spots as for example the
      active bluffs of the Barreiras Formation. In general the coast is dominated by an erosive
      trend, most evident in the North and Central sectors.
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS



                      INTRODUÇÃO

                      A planície quaternária costeira do Estado de Alagoas tem limite norte traçado pelo
                      rio Persinunga, com o Estado de Pernambuco, e limite sul pelo rio São Francisco,
                      com o Estado de Sergipe. Compreende uma faixa estreita alongada no sentido NE-
                      SW, estendendo-se por cerca de 220 km. As principais bacias hidrográficas são as
                      seguintes: a) Camaragibe, com 4.087 km2; b) Mundaú, com 8.021 km2; c) São Miguel,
                      com 4.132 km2 e d) parte do rio São Francisco, com 149.046 km2 (Projeto RADAM,
                      1983).

                      Ao longo do litoral do Estado de Alagoas são identificados vários ambientes de
                      sedimentação, incluindo terras úmidas (pântanos de água doce e mangues), depósi-
                      tos fluviais, terraços marinhos holocênicos e pleistocênicos, dunas costeiras
                      holocênicas (ativas e inativas), bancos recifais e praias atuais, cuja origem e evolu-
                      ção estão relacionadas com as variações do nível do mar, o clima e a deriva litorânea.

                      Suas praias, dunas, falésias, recifes, mangues e lagoas compõem um conjunto
                      arquitetônico natural de grande beleza , representando assim, um patrimônio para
                      o estado. Entretanto, devido ao seu grande potencial de beleza cênica, o litoral do
                      Estado de Alagoas vem sofrendo, nos últimos tempos, com a crescente demanda
                      nas atividades de lazer e turismo, acarretando em graves problemas ambientais
                      para a região. Um fator agravante é o crescimento das atividades turísticas, como
                      por exemplo, o Projeto Costa Dourada no litoral norte do estado.




                      CARACTERIZAÇÃO                                                                           199




                      Geologia

                      A Bacia Sedimentar Sergipe-Alagoas foi individualizada por Feijó (1994, apud Lima,
                      1998), à partir de diferenças importantes em seu caráter estrutural e estratigráfico
                      nas bacias Sergipe e Alagoas

                      A Bacia Alagoas ocupa uma faixa costeira alongada de cerca de 220 km de exten-
                      são, e com 40 km de largura média, tendo como limite norte, com a Bacia
                      Pernambuco-Paraíba, o alto de Maragogi, e ao sul o Alto de Japoatã-Penedo com a
                      Bacia Sergipe.

                      A Bacia Alagoas assenta sobre rochas do embasamento, e sua história deposicional
                      tem início no Paleozóico Superior. No final do Terciário e início do Quaternário
                      foram depositados os clásticos da Formação Barreiras, que serviram de cobertura
                      para o registro sedimentar. Culminando o processo de deposição, a variação do
TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO




      nível do mar e os agentes de erosão propiciaram e propiciam até hoje, o acúmulo
      dos sedimentos marinhos, fluviais, eólicos e flúvio-lagunares que compõem a pla-
      nície costeira Quaternária.

      A planície costeira apresenta-se pouco desenvolvida no litoral alagoano, estando
      sua evolução geológica associada à flutuações do nível do mar e à disponibilidade
      de sedimentos fluviais (Barbosa, 1985). O maior desenvolvimento é encontrado na
      porção sul, nas proximidades da desembocadura do rio São Francisco. Nas outras
      áreas, as planícies costeiras são estreitas ou até inexistentes, sendo as praias, nestes
      casos, limitadas pelos tabuleiros da Formação Barreiras ou pelas formações
      mesozóicas da Bacia Alagoas.


      Geomorfologia

      A geomorfologia é bem definida por duas unidades: os tabuleiros e a planície
      costeira. A planície costeira é caracterizada pelo acúmulo de sedimentos praiais e
      flúvio-lagunares, onde há o desenvolvimento de feições acumulativas, tais como
      campos de dunas e restingas, feições estas que, associadas às rias, favorecem a
      proliferação de manguesais. Feições erosivas, como falésias vivas e subatuais tam-
      bém são observadas. Ao longo de toda a costa aparecem recifes de arenito e recifes
      de corais e algas. A porção norte da zona de progradação do rio São Francisco
      constitui a faixa deposicional mais expressiva desta planície, onde as formas
      acumulativas têm suas características mais bem preservadas (Barbosa, 1985).

      Os tabuleiros formam um corpo alongado, acompanhando o litoral, com altitudes
      máximas de 150m e largura variando de 40 a 80 km (Projeto RADAM, 1983). Estas
200   feições, que são constituídas por sedimentos da Formação Barreiras, apresentam
      topografia ligeiramente ondulada. Normalmente, formam extensos corpos sub-ho-
      rizontais, com ângulos de declive para SE e voltados para o oceano, terminando
      abruptamente na forma de falésias mortas ou vivas, ao longo da costa.. Por vezes,
      a dissecação dos sedimentos da Formação Barreiras faz aflorarem rochas mesozóicas
      da Bacia Alagoas ou do embasamento precambriano, impondo relevo de formas
      mais acidentadas (Barbosa, 1985).

      Os vales fluviais recortando os tabuleiros são inicialmente estreitos, alargando-se
      na medida em que se aproximam do litoral, onde apresentam fundos achatados.
      Nos cursos fluviais e nos corpos lagunares são identificados indícios, tais como
      inflexões ou cursos retilíneos no padrão de drenagem, direcionamento das lagoas,
      e paredões retilíneos que refletem influências de caráter estrutural (Projeto RADAM,
      1983). O padrão de drenagem é paralelo a subparalelo, dentrítico em pontos loca-
      lizados. Na região ao norte de Maceió, a densidade de drenagem é bem maior do
      que na região ao sul, sendo neste último trecho o padrão paralelo mais marcante.
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS




                      Os cursos dágua parecem serem controlados pela declividade dos tabuleiros (Barbo-
                      sa, 1985).

                      A margem continental defronte à região costeira de Alagoas apresenta relevo irre-
                      gular e acidentado (França, 1979). A plataforma continental é estreita, variando em
                      largura de 40 km (trecho ao norte de Maceió) a 20 km (trecho ao sul de Maceió),
                      com quebra nas profundidades de 60 a 80 m, com declividade de 1:700 a 1:300. O
                      canal de Maceió, constituindo a feição mais marcante da plataforma, é verificado a
                      partir de 20 m de profundidade (Zembruscki et al., 1972). Estes autores apontam
                      uma bifurcação ortogonal deste canal como sendo a continuidade do rio São Miguel
                      e das lagoas Mundaú e Manguaba, testemunhos do afogamento de antigos rios pela
                      ascenção do nível do mar. Outras feições apontadas são as inflexões das linhas
                      isobatimétricas coincidentes com os rios Manguaba (80 km ao norte de Maceió) e
                      Coruripe (50 km ao norte do rio São Francisco).

                      Asmus e Carvalho (1978) descreveram as seguintes províncias sedimentares como
                      coberturas da plataforma continental do Estado de Alagoas:
                         a) areias calcárias e cascalhosas, quase que exclusivamente constituídas de frag-
                             mentos orgânicos recentes;
                         b) areias terrígenas com menos de 5% de lama e 15% de cascalho;
                         c) lama terrígena e areia lamosa, com mais de 75% de argila e silte, na foz do rio
                             São Francisco.




                      PROCESSOS COSTEIROS
                                                                                                              201

                      Clima

                      O clima, segundo a classificação de Köppen, é identificado pelos tipos AMS´ e AS´.
                      O tipo AMS´, caracteriza-se por ser tropical chuvoso, com período seco no verão e
                      com temperaturas variando de 23° a 28°C, encontrado entre o limite norte da área
                      e as imediações ao sul da cidade de Maceió. O segundo tipo, AS´, é tropical com
                      poucas chuvas, verão seco e com temperaturas de 20°C a 25°C, tendo temperaturas
                      mais frias inferiores a 18°C, e encontrado na área entre o sul da cidade de Maceió e
                      o extremo sul da área.

                      No geral, as precipitações são elevadas na planície costeira, aproximando-se de
                      1.800 mm (Projeto RADAM, 1983). Na região costeira, as chuvas ocorrem mais
                      freqüente nos meses de abril a junho, com ventos soprando de sudeste. No restante
                      do ano, os ventos sopram de leste-nordeste.
Ondas

      As ondas, segundo Marques (1987), na maior parte do ano, são do quadrante SE,
      porém de dezembro a fevereiro se propagam na direção E/SE com altura média de
      1,0 m. No inverno, de junho a agosto, elas apresentam uma altura média variando
      de 1,15 a 0,65 m. Durante o verão, a convergência das ortogonais de ondas de 5 a
      6,5 s sofrem influência do canyon de Maceió, direcionando o transporte de sedi-
      mentos de NE para SW, e as ortogonais de onda de 8 a 10,5 segundos, de menor
      ocorrência que as anteriores, mostram uma relação de divergência com o canyon
      de Maceió.

      Oliveira & Kjerfve (1993) citam os estudos de registro de ondas realizados pelo
      Danish Hydraulic Institut (1972-73), numa área defronte a Salgema, na cidade de
      Maceió, onde se conclui que as ondas mais freqüentes são as que chegam normais
      à praia, com período de 5 a 9 segundos, e menos de 1 metro de altura. Nos meses de
      janeiro a abril as ondas são características de tempo bom, podendo apresentar
      condições de tempestade nos meses de junho a outubro, alcançando alturas de 2,0
      m e período acima de 9 segundos.

      Araújo & Lima (2000), estudando as praias do município de Paripueira registraram,
      através de observações visuais, altura significativa das ondas na zona de arreben-
      tação variando de 0,30 a 0,52 m, com período de 6 segundos.


      Circulação costeira

      Com base nos relatórios da PORTOBRAS-INPH (1984/1985), a circulação costeira é
      condicionada pelos ventos e marés. Os ventos no período chuvoso (junho/ julho)
202
      são mais freqüentes e intensos os do quadrante SE, enquanto que no período seco
      (janeiro/ fevereiro), os mais intensos e freqüentes são do quadrante NE.

      As marés da área se enquadram no regime de micro e mesomaré semidiurna, o que
      ocasiona a ruptura dos cordões litorâneas no período chuvoso, devido a grande
      descarga fluvial.

      O transporte longitudinal residual, segundo Silvester (1968, apud Muehe, 1998) é
      bastante reduzido. No litoral norte do estado de Alagoas o transporte seria orienta-
      do para norte. O ponto de mudança de direção do transporte litorâneo, segundo
      França (1979) é Porto de Pedras, o que se confirma pela orientação, para sul, dos
      pontais nas desembocaduras fluviais.
COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA E CLASSIFICAÇÃO DO
LITORAL

No Estado de Alagoas, o estudo geológico das formações quaternárias sempre ocor-
reu de forma bastante modesta. Trabalhos pioneiros de Ottman (1960) e Laborel
(1969), reportaram sobre as construções recifais. Bittencourt et al. (1982 e 1983)
mapearam a zona de progradação associada à desembocadura do rio São Francisco.
Barbosa (1985) concluiu o mapeamento geológico do quaternário Costeiro do Esta-
do de Alagoas, na escala de 1:250.000, sendo este até o momento, o mapeamento
que existe para este importante segmento da costa nordestina. Lima (1998) realizou
estudo sedimentológico e geoambiental detalhado do sistema lagunar Mundaú.

A distribuição e o contato entre os depósitos da Formação Barreiras, as planícies
costeiras e as principais bacias hidrográficas, aliados a distribuição geográfica, per-
mitiu dividir a costa de Alagoas em três setores:

   Setor Norte: compreende o litoral entre a divisa do Estado de Alagoas com o
   Estado de Pernambuco e o rio Barra de Santo Antônio, caracterizado pela gran-
   de ocorrência de afloramentos de arenitos de praia e recifes de coral e/ou algálicos
   nas desembocaduras fluviais (recifes tipo barreira) ou ligados a praia (recifes
   tipo franja). Em alguns trechos, a planície quaternária é estreita, limitada por
   falésias vivas de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas.

   Setor Central: estende-se do rio Barra de Santo Antônio ao rio Barra de São
   Miguel, englobando a cidade de Maceió. A planície costeira é mais desenvolvi-
   da neste trecho, e os recifes de coral e/ou algálicos mais escassos, com exceção
   da região da cidade de Maceió (Pajuçara), onde correm os recifes tipo franja.
                                                                                          203
  Setor Sul: compreende o litoral entre o rio Barra de São Miguel e o limite sul do
  Estado de Alagoas, delimitado pela desembocadura do rio São Francisco. É ca-
  racterizado na sua porção norte pelas falésias vivas da Formação Barreiras em
  contato direto com a praia, e ao sul pela extensa planície quaternária, associada
  a desembocadura do rio São Francisco com o desenvolvimento de extensos campos
  de dunas.

A costa do Estado de Alagoas apresenta um caráter transgressivo jovem, com pre-
dominância de estuários, devido principalmente ao pequeno aporte de sedimentos
fluviais. A presença de mangues nos estuários é marcante, sendo reflexo de uma
costa com influência de marés. O desenvolvimento de dunas é observado apenas no
extremo sul do litoral, o que reflete a falta de condições favoráveis á acumulação
desses depósitos.
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204




      Figura 1. Mapa síntese da erosão e progradação do litoral do estado de Alagoas
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS



                      TIPOLOGIA DAS PRAIAS

                      Estudos referentes às praias e à erosão no litoral do Estado de Alagoas são ainda
                      bastante escassos. Entretanto, nos três últimos anos começaram trabalhos sistemá-
                      ticos no litoral norte do estado, além da intensificação dos estudos na região de
                      Maceió. Destacam-se os trabalhos de Araújo e Lima (2000), Lima et al. (2000) e
                      Araújo e Lima (2001) para a região de Paripueira, englobando análise de
                      vulnerabilidade do litoral e classificação morfodinâmica. Araújo e Michelli (2001)
                      realizaram uma caracterização ambiental de um trecho do litoral norte do estado,
                      identificando áreas com indícios de erosão e/ou deposição.
                      A interação entre os elementos geológicos e climáticos no litoral resulta na grande
                      diversidade das praias observadas ao longo da costa alagoana, apresentando dife-
                      rentes comportamentos erosivos e/ou construtivos. A seguir serão analisados e
                      discutidos os três setores individualizados para a costa do Estado de Alagoas, cuja
                      síntese encontra-se na figura 1. Os setores serão analisados e discutidos de sul para
                      norte.


                      Setor sul

                      Limitado ao sul pela desembocadura do rio São Francisco, estende-se até a desem-
                      bocadura do rio Barra de São Miguel, perfazendo ao todo 90 km de extensão, sendo
                      o trecho menos urbanizado do litoral alagoano. Do extremo sul até o Pontal do
                      Peba é caracterizado por uma extensa planície costeira, com desenvolvimento de
                      campos de dunas tipo barcana. A praia arenosa é ampla, exposta, com tipologia
                      dissipativa. Esta área pertence à Área de Proteção Ambiental Piaçabuçu. Do Pontal
                                                                                                              205
                      do Peba até a foz do rio Coruripe há uma longa área de praia arenosa exposta, com
                      desenvolvimento de extensos cordões arenosos, caracterizando assim uma área de
                      progradação, como pode ser visto na Figura 2, na localidade de Feliz Deserto. É um
                      trecho do litoral ocupado apenas por comunidades locais.




                      Figura 2. Praia arenosa
                      exposta com desenvolvimento
                      de cordões arenosos, na
                      localidade de Feliz Deserto.
                      Vista para norte, em outubro
                      de 2000.
TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO




      O trecho do litoral entre Coruripe e Poxim é caracterizado por indícios de erosão,
      como pode ser observado nas figuras 3 e 4. No Pontal do Coruripe a praia é classi-
      ficada como intermediária, semi-exposta, devido a presença de corpos de arenito de
      praia. A figura 3 ilustra a ocupação antrópica no pontal, avançando sobre o cordão
      arenoso, enquanto na figura 4 podem ser vistas as obras de contenção na praia do
      Pontal de Coruripe.
      O extremo norte deste trecho é caracterizado pela presença de falésias da Formação
      Barreiras em contato direto com a praia, como pode ser observado na Figura 5. É
      um trecho com tendência erosiva, devido a presença das falésias e o conseqüente
      alto grau de exposição às ondas, desencandeando o processo erosivo sobre os depó-
      sitos terciários.




                                                                      Figura 3. Ocupação antrópica
                                                                      no Pontal de Coruripe,
                                                                      avançando sobre o cordão
                                                                      arenoso. Vista para sul, em
                                                                      outubro de 2000.




206




                                                                      Figura 4. Obras de contenção
                                                                      marinha na praia de Coruripe.
                                                                      Vista para norte, em outubro de
                                                                      2000.




                                                                      Figura 5. Falésias da Formação
                                                                      Barreiras em contato direto com
                                                                      a praia, em Lagoa Doce, sul da
                                                                      Barra de São Miguel. Vista para
                                                                      norte, em outubro de 2000.
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS



                      Setor central

                      É o trecho mais urbanizado do litoral alagoano, perfazendo ao todo 64 km, limita-
                      do pelos rios Barra de São Miguel e Barra de Santo Antônio. Em Barra de São
                      Miguel as praias apresentam caráter refletivo, com declividade em torno de 9° e
                      areias médias. Neste trecho é comum a presença de arenitos de praia, caracterizan-
                      do uma praia semi-abrigada. Os cordões arenosos estão ocupados, principalmente
                      por loteamentos, casas de veraneios e hotéis, como pode ser visto na Figura 6. Ao
                      norte encontra-se a praia do Francês, um conhecido balneário do litoral alagoano,
                      com praias dissipativas, associadas a dunas frontais, geralmente alteradas pela
                      ocupação humana, como visto na figura 7, o que indisponibiliza os sedimentos
                      costeiros ao transporte, causando erosão.

                      Na região de Maceió, as praias localizadas entre o porto e o inlet estão livres de
                      processos erosivos, apresentando uma largura relativamente regular, estando em
                      processo de engordamento em alguns trechos (Lima, 1998). A construção do porto
                      de Maceió acarretou acumulação de sedimentos na praia adjacente e erosão na
                      enseada da Pajuçara. Atualmente, esta praia está sujeita a processo de erosão, re-
                      sultante do barramento do transporte de sedimentos após as diversas ampliações
                      do porto de Maceió, agravando-se ainda mais com a crescente urbanização, onde o
                      calçadão e bares passaram a ocupar a berma, o que tem levado a constantes obras
                      de contenção.

                      O trecho norte deste setor é caracterizado por indícios de erosão, apresentando
                      praias dissipativas, semi-protegidas da ação direta das ondas pela presença de ex-
                      tensas áreas de recifes na plataforma interna. A praia de Paripueira apresentou
                      caráter intermediário para o período de março de 1999 a setembro de 2000, com
                      balanço sedimentar negativo de 14,01 m3 para o período (Araújo e Lima, 2001). No     207

                      centro da cidade, encontra-se instalado um processo erosivo há mais de 10 anos, o
                      que tem acarretado a construção de obras de contenção, e desencadeado mais
                      erosão a norte (Figura 8). No extremo norte deste setor, mesmo livre de ocupação
                      humana, os indícios de erosão são evidenciados pela grande quantidade de coquei-
                      ros caídos e/ou com raízes expostas (Figura 9).




                      Figura 6. Ocupação antrópica dos
                      cordões arenosos na praia de Barra
                      de São Miguel. Vista para sul, em
                      outubro de 2000.
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      Figura 7. Ocupação
      antrópica dos cordões
      arenosos e dunas frontais
      na praia do Francês. Vista
      para sul, em outubro de
      2000.

                                                                                                        Figura 8. Processo erosivo
                                                                                                        instalado na praia de
                                                                                                        Paripueira. Vista para norte,
                                                                                                        em março de 1999.




                                                                                   Figura 9. Indícios
                                                                                   de erosão na praia
                                                                                   a sul de Barra de
                                                                                   Santo Antônio.
                                                                                   Vista para sul, em
                                                                                   março de 1999.



      Setor norte

      Compreende 70 km de extensão, englobando o litoral extremo norte do Estado. É
      um trecho com grande incremento de atividades turísticas, devido ao Projeto Costa
      Dourada. Entre a barra do rio Santo Antônio e o rio Camaragibe as praias apresen-
      tam tipologia dissipativa, com pequena declividade. Em curtos trechos deste litoral,
208
      falésias vivas de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas estão em contato direto com
      a praia, como na localidade de Carro Quebrado (Figura 10).

      O trecho entre São Miguel dos Milagres e Tatuamunha apresenta praias dissipativas,
      com pequena declividade e semi-protegidas devido a presença de extensas áreas de
      recifes na plataforma interna. A ocupação humana é pequena, com longos trechos
      desertos, porém apresentando uma grande quantidade de coqueiros caídos e/ou
      com raízes expostas (Figura 11), indicando indícios de erosão. Entre as localidades
      de Tatuamunha e Porto de Pedras, é comum a presença de longos trechos apresen-
      tando praias amplas e bem desenvolvidas, com tipologia dissipativas e
      semi-protegidas, com presença de cordões arenosos amplos e extenso coqueiral
      (Figura 12).

      O litoral entre os rios Manguaba e Maragogi apresenta uma grande diversidade. As
      praias encontradas são protegidas por extensas áreas de recifes de coral e/ou algálicos,
      o que lhes confere uma tipologia dissipativa. Foram encontradas várias áreas apre-
      sentando indícios de erosão, principalmente nos centros urbanos. Em alguns trechos
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS




Figura 10. Falésia viva
de rochas mesozóicas da
Bacia Alagoas em
contato direto com a
praia, na localidade de
Carro Quebrado, norte
de Barra de Santo
Antônio. Vista para sul,
em outubro de 2000.




Figura 11. Indícios de
erosão na praia do
Marceneiro, norte de
São Miguel dos
Milagres. Vista para sul,
em outubro de 2000.




Figura 12. Praia
arenosa com presença
de cordões arenosos, a
norte de Tatuamunha.
Vista para sul, em
outubro de 2000.
                                                                                                                 209




Figura 13. Falésia viva
de rochas mesozóicas da
Bacia Alagoas em
contato direto com a
praia, a sul de
Japaratinga. Vista para
sul, em outubro de
2000.


                            podem ser observadas, também, a presença de falésias vivas de rochas mesozóicas
                            da Bacia Alagoas, em contato direto com a praia, como a sul de Japaratinga (Figura
                            13). A erosão dos cordões arenosos é bem evidenciada na localidade de Bitingui,
                            aonde pode ser observado um cemitério (Figura 14) sendo ameaçado pela erosão. A
                            sul da desembocadura do rio Maragogi, o processo erosivo instalado já ameaça a
                            rodovia Al-101 (Figura 15).
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      O extremo norte deste trecho é caracterizado pela presença de praias dissipativas,
      com baixo grau de inclinação e semi-protegidas pela presença de extensas áreas
      recifais na plataforma interna. Não obstante, indícios de erosão são encontrados ao
      longo de todo o trecho, agravados no centro da cidade de Maragogi, pela ocupação
      desordenada da orla (Figura 16).




                                                                                                         Figura 15. Processo
                                                                                                         erosivo a sul da
                                                                                                         desembocadura do rio
                                                                                                         Maragogi, ameaçando a
                                                                                                         AL-1001. Vista para
                                                                                                         norte, em março de
                                                                                                         1999.




210
                                                                                                         Figura 16. Ocupação
                                                                                                         antrópica na praia de
                                                                                                         Maragogi. Vista para
                                                                                                         sul, em outubro de
                                                                                                         2000.




                                                                                                         Figura 14. Indícios de
                                                                                                         erosão na praia de
                                                                                                         Bitingui, destruindo um
                                                                                                         cemitério. Outubro de
                                                                                                         2000.
EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS



                      SÍNTESE E TENDÊNCIAS ATUAIS

                      A costa do Estado de Alagoas caracteriza-se por um caráter transgressivo jovem,
                      com grande desenvolvimento de estuários e manguezais, plataforma continental
                      estreita coberta por sedimentos carbonáticos e com grande desenvolvimento de
                      recifes, além do desenvolvimento de campos de dunas restritos ao extremo sul do
                      litoral. Tal configuração, aliada ao fraco fornecimento de sedimentos pelos rios,
                      confere a esta costa uma alta vulnerabilidade.

                      Segundo Dominguez (1995), a tendência erosiva do litoral do Estado de Alagoas é
                      comprovada pela presença de falésias vivas da Formação Barreiras e de rochas
                      mesozóicas da Bacia Alagoas, pela quase ausência de planícies e terraços
                      plesitocênicos, pela presença freqüente de alinhamentos de arenitos de praia, ca-
                      racterizando a retrogradação do litoral, ocorrência de campos de dunas, cujos
                      sedimentos oriundos da plataforma continental interna deixam de está disponíveis
                      para a progradação costeira.

                      Estas condições, mais agravadas, ainda, por intervenções antrópicas e o alto nível
                      de ocupação do litoral, são responsáveis pelos graves problemas ambientais relaci-
                      onados à erosão marinha que atinge as praias do estado. A erosão marinha é mais
                      evidenciada nos setores norte e central, sendo estes os mais ocupados e urbanizados
                      do litoral alagoano.




                      Referências bibliográficas
                                                                                                                                         211
                      ARAÚJO, T.C.M., LIMA, R.C.A. – 2000 – Caracterização morfodinâmica das praias do município de Paripueira –
                         AL. Anais do Simpósio Brasileiro sobre Praias Arenosas, Itajaí-SC, 158-159.
                      ARAÚJO, T.C.M., LIMA, R.C.A. – 2001 – Variação volumétrica nas praias do município de Paripueira, Estado de
                         Alagoas. VIII Congresso da ABEQUA, Mariluz-Imbé/RS, Anais, 190-192.
                      ARAÚJO, T.C.M., MICHELLI, M. – 2001 – Caracterização do litoral localizado entre os rios Manguaba e Maragogi,
                         Norte do Estado de Alagoas. XIX Simpósio de Geologia do Nordeste, SBG, Natal-RN, Resumos, Boletim 17,
                         107-108.
                      ASMUS, H.E., CARVALHO, J.C. – 1978 – Condicionamento tectônico da sedimentação nas bacias marginais do
                         nordeste brasileiro (Sergipe/Alagoas e Pernambuco/Paraíba). IN: Projeto REMAC – Aspectos estruturais da
                         margem continental leste brasileira e sudeste do Brasil, Rio de Janeiro, RJ, no. 4, 7-24.
                      BARBOSA, L.M. – 1985 – Quaternário costeiro do estado de Alagoas: Influências das variações do nível do mar.
                         Dissertação de mestrado em geologia, UFBA, 58p.
                      BITTENCOURT, A.C.S.P., DOMINGUEZ, J.M.L., MARTIN, L., FERREIRA, Y.A. – 1982 – Dados preliminares sobre a
                          evolução do delta do rio São Francisco (SE/AL) durante o Quaternário: influências das variações do nível do
                          mar. IN: Suguio, K. et al. (eds.), Anais do IV Simpósio do Quaternário do Brasil (CTCQ/SBG), Rio de Janeiro,
                          RJ. 49-58.
                      BITTENCOURT, A.C.S.P., MARTIN, L., DOMINGUEZ, J.M.L., FERREIRA, Y.A. – 1983 – Evolução paleogeográfica
                          quaternária da costa do Estado de Sergipe e da costa sul do Estado de Alagoas. Rev. Bras. Geoc., 13(2), 93-
                          97.
                      DOMINGUEZ, J.M.L. – 1995 – Regional assesment of short and long term trends of coastal erosion in northeastern
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TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO



      FEIJÓ, F. – 1994 – Bacias de Sergipe e Alagoas. Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1), 146-
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      LABOREL, J. – 1969 – Lês periplements de madreporaites dês cotes tropicales de Brésil. Annales de l´Univeristé D´
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      LIMA, R.C.A., ARAÚJO, T.C.M., FARIAS, F.S. – 2000 – Vulnerabilidade das praias dos municípios de Paripueira e
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      MARQUES, R.C. – 1987 – Geomorfologia e evolução da região costeira do complexo estuarino lagunar Mundaú-
        Manguaba. Dissertação de mestrado, UFRJ, 150p.
      MUEHE, D. – 1998 – O litoral brasileiro e sua compartimentação. IN: Geomorfologia do Brasil (orgs.) Cunha, S.B.,
        Guerra, A.J.T., Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 273-349.
      OLIVEIRA, A.M., KJERFVE, B. – 1993 – Environmental responses of a tropical coastal lagoon system to hydrological
          variability: Mundau-Manguaba, Brasil. Estuarine, Coastal and Science, 37, 575-591.
      OTTMAN, F. – 1960 – Une Hipothése sur l´origine des “ arrecifes” du nordeste brésilien – Extrait du C.R. Sommaire
         des Seánces de la Societé Géologique de France, no. 7, 175-176.
      PORTOBRAS/INPH – 1984 – Relatório da primeira campanha de medições hidráulicas-sedimentológicas do
         complexo lagunar Mundaú-Manguaba. INPH – 24/8, Relatório Interno, 41p.
      PORTOBRAS/INPH – 1985 – Relatório da segunda campanha de medições hidráulicas-sedimentológicas do
         complexo lagunar Mundaú-Manguaba. INPH – 73/85, Relatório Interno, 48p.
      PROJETO RADAM – 1983 - Folhas SC 24/25 Aracaju/Recife: Geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e
         uso potencial da terra. Ministério das Minas e Energia, Rio de janeiro, RJ, 856p.
      SILVESTER, R. – 1968 – Sediment transport – long term net movement. IN: The Enciclopedia of Geomorphology
          (ed.) R.W. Fairbridge, Reinhold Book Coorp. , 985-989.
      ZEMBRUSCKI, S.G., BARRETO, H.T., PALMA, J.J.C., MILLIMAN, J.D. – 1972 – Estudo preliminar das províncias
         geomorfológicas da margem continental brasileira. Anais do XXVI Congr. Bras. Geol., SBG, Belém, PA, vol 2,
         187-210.




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Erosão e progradação do litoral alagoano

  • 1. EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | PARAÍBA Tereza Cristina Medeiros de Araújo DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Rochana Campos de Andrade Lima Santos DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E MEIO AMBIENTE UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS José Carlos Sícoli Seoane DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Valdir do Amaral Vaz Manso LGGM - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO ALAGOAS 197
  • 2. TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO Resumo O litoral do estado de Alagoas vem sofrendo com os problemas ambientais decor- rentes da grande expansão em seu uso, devido o mesmo deter uma grande beleza cênica. Considerando que o litoral é pouco desenvolvido, devido principalmente a pequena disponibilidade de sedimentos, torna-se este um problema mais preocupante. As características da costa permitiu dividi-la em três setores: a) Setor norte, entre a divisa com os estado de Pernambuco e o rio Barra de Santo Antônio, onde predo- minam afloramentos de arenitos de praia e recifes de coral e/ou algálicos, e alguns trechos com falésias vivas de rochas mesozóicas. As praias apresentam erosão marinha, sendo um dos trechos mais ocupados do litoral. b) Setor central, indo do rio Barra de Santo Antônio ao rio Barra de São Miguel, englobando a cidade de Maceió. É o trecho mais urbanizado do litoral, e consequentemente as praias apre- sentam grandes evidências de erosão marinha, pela grande pressão antrópica. c) Setor Sul, entre o rio Barra de São Miguel e o limite sul do Estado de Alagoas. Na parte sul apresenta extensa planície quaternária, sendo o trecho menos urbanizado. Indícios de erosão marinha são encontrados em pontos isolados, como por exem- plo em locais onde são encontradas falésias vivas da Formação Barreiras. No geral, a costa apresenta uma tendência erosiva, sendo esta mais evidente nos setores central e norte. Abstract The coast of Alagoas, due to his beautiful landscape suffers from increased use of his resources. The general lack of sediments makes the coastline highly vulnerable to any interference. The coast can be divided into three compartments: a) the North Sector extending from the 198 border with Pernambuco to Barra de Santo Antonio outlet, is characterized by outcrops of beach-rocks and coralliferous and algal reefs as also stretches of active bluffs of Mesozoic rocks. The beaches present marine erosion and urbanization is high; b) the Central Sector extending from Barra de Santo Antonio to Barra de São Miguel outlet is the most occupied and shows strong evidences of beach erosion; c) the South Sector, extends from Barra de São Miguel to the South border of the State where a wide low occupied Quaternary coastal plain characterize the landscape. Coastal erosion occurs in isolated spots as for example the active bluffs of the Barreiras Formation. In general the coast is dominated by an erosive trend, most evident in the North and Central sectors.
  • 3. EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS INTRODUÇÃO A planície quaternária costeira do Estado de Alagoas tem limite norte traçado pelo rio Persinunga, com o Estado de Pernambuco, e limite sul pelo rio São Francisco, com o Estado de Sergipe. Compreende uma faixa estreita alongada no sentido NE- SW, estendendo-se por cerca de 220 km. As principais bacias hidrográficas são as seguintes: a) Camaragibe, com 4.087 km2; b) Mundaú, com 8.021 km2; c) São Miguel, com 4.132 km2 e d) parte do rio São Francisco, com 149.046 km2 (Projeto RADAM, 1983). Ao longo do litoral do Estado de Alagoas são identificados vários ambientes de sedimentação, incluindo terras úmidas (pântanos de água doce e mangues), depósi- tos fluviais, terraços marinhos holocênicos e pleistocênicos, dunas costeiras holocênicas (ativas e inativas), bancos recifais e praias atuais, cuja origem e evolu- ção estão relacionadas com as variações do nível do mar, o clima e a deriva litorânea. Suas praias, dunas, falésias, recifes, mangues e lagoas compõem um conjunto arquitetônico natural de grande beleza , representando assim, um patrimônio para o estado. Entretanto, devido ao seu grande potencial de beleza cênica, o litoral do Estado de Alagoas vem sofrendo, nos últimos tempos, com a crescente demanda nas atividades de lazer e turismo, acarretando em graves problemas ambientais para a região. Um fator agravante é o crescimento das atividades turísticas, como por exemplo, o Projeto Costa Dourada no litoral norte do estado. CARACTERIZAÇÃO 199 Geologia A Bacia Sedimentar Sergipe-Alagoas foi individualizada por Feijó (1994, apud Lima, 1998), à partir de diferenças importantes em seu caráter estrutural e estratigráfico nas bacias Sergipe e Alagoas A Bacia Alagoas ocupa uma faixa costeira alongada de cerca de 220 km de exten- são, e com 40 km de largura média, tendo como limite norte, com a Bacia Pernambuco-Paraíba, o alto de Maragogi, e ao sul o Alto de Japoatã-Penedo com a Bacia Sergipe. A Bacia Alagoas assenta sobre rochas do embasamento, e sua história deposicional tem início no Paleozóico Superior. No final do Terciário e início do Quaternário foram depositados os clásticos da Formação Barreiras, que serviram de cobertura para o registro sedimentar. Culminando o processo de deposição, a variação do
  • 4. TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO nível do mar e os agentes de erosão propiciaram e propiciam até hoje, o acúmulo dos sedimentos marinhos, fluviais, eólicos e flúvio-lagunares que compõem a pla- nície costeira Quaternária. A planície costeira apresenta-se pouco desenvolvida no litoral alagoano, estando sua evolução geológica associada à flutuações do nível do mar e à disponibilidade de sedimentos fluviais (Barbosa, 1985). O maior desenvolvimento é encontrado na porção sul, nas proximidades da desembocadura do rio São Francisco. Nas outras áreas, as planícies costeiras são estreitas ou até inexistentes, sendo as praias, nestes casos, limitadas pelos tabuleiros da Formação Barreiras ou pelas formações mesozóicas da Bacia Alagoas. Geomorfologia A geomorfologia é bem definida por duas unidades: os tabuleiros e a planície costeira. A planície costeira é caracterizada pelo acúmulo de sedimentos praiais e flúvio-lagunares, onde há o desenvolvimento de feições acumulativas, tais como campos de dunas e restingas, feições estas que, associadas às rias, favorecem a proliferação de manguesais. Feições erosivas, como falésias vivas e subatuais tam- bém são observadas. Ao longo de toda a costa aparecem recifes de arenito e recifes de corais e algas. A porção norte da zona de progradação do rio São Francisco constitui a faixa deposicional mais expressiva desta planície, onde as formas acumulativas têm suas características mais bem preservadas (Barbosa, 1985). Os tabuleiros formam um corpo alongado, acompanhando o litoral, com altitudes máximas de 150m e largura variando de 40 a 80 km (Projeto RADAM, 1983). Estas 200 feições, que são constituídas por sedimentos da Formação Barreiras, apresentam topografia ligeiramente ondulada. Normalmente, formam extensos corpos sub-ho- rizontais, com ângulos de declive para SE e voltados para o oceano, terminando abruptamente na forma de falésias mortas ou vivas, ao longo da costa.. Por vezes, a dissecação dos sedimentos da Formação Barreiras faz aflorarem rochas mesozóicas da Bacia Alagoas ou do embasamento precambriano, impondo relevo de formas mais acidentadas (Barbosa, 1985). Os vales fluviais recortando os tabuleiros são inicialmente estreitos, alargando-se na medida em que se aproximam do litoral, onde apresentam fundos achatados. Nos cursos fluviais e nos corpos lagunares são identificados indícios, tais como inflexões ou cursos retilíneos no padrão de drenagem, direcionamento das lagoas, e paredões retilíneos que refletem influências de caráter estrutural (Projeto RADAM, 1983). O padrão de drenagem é paralelo a subparalelo, dentrítico em pontos loca- lizados. Na região ao norte de Maceió, a densidade de drenagem é bem maior do que na região ao sul, sendo neste último trecho o padrão paralelo mais marcante.
  • 5. EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS Os cursos dágua parecem serem controlados pela declividade dos tabuleiros (Barbo- sa, 1985). A margem continental defronte à região costeira de Alagoas apresenta relevo irre- gular e acidentado (França, 1979). A plataforma continental é estreita, variando em largura de 40 km (trecho ao norte de Maceió) a 20 km (trecho ao sul de Maceió), com quebra nas profundidades de 60 a 80 m, com declividade de 1:700 a 1:300. O canal de Maceió, constituindo a feição mais marcante da plataforma, é verificado a partir de 20 m de profundidade (Zembruscki et al., 1972). Estes autores apontam uma bifurcação ortogonal deste canal como sendo a continuidade do rio São Miguel e das lagoas Mundaú e Manguaba, testemunhos do afogamento de antigos rios pela ascenção do nível do mar. Outras feições apontadas são as inflexões das linhas isobatimétricas coincidentes com os rios Manguaba (80 km ao norte de Maceió) e Coruripe (50 km ao norte do rio São Francisco). Asmus e Carvalho (1978) descreveram as seguintes províncias sedimentares como coberturas da plataforma continental do Estado de Alagoas: a) areias calcárias e cascalhosas, quase que exclusivamente constituídas de frag- mentos orgânicos recentes; b) areias terrígenas com menos de 5% de lama e 15% de cascalho; c) lama terrígena e areia lamosa, com mais de 75% de argila e silte, na foz do rio São Francisco. PROCESSOS COSTEIROS 201 Clima O clima, segundo a classificação de Köppen, é identificado pelos tipos AMS´ e AS´. O tipo AMS´, caracteriza-se por ser tropical chuvoso, com período seco no verão e com temperaturas variando de 23° a 28°C, encontrado entre o limite norte da área e as imediações ao sul da cidade de Maceió. O segundo tipo, AS´, é tropical com poucas chuvas, verão seco e com temperaturas de 20°C a 25°C, tendo temperaturas mais frias inferiores a 18°C, e encontrado na área entre o sul da cidade de Maceió e o extremo sul da área. No geral, as precipitações são elevadas na planície costeira, aproximando-se de 1.800 mm (Projeto RADAM, 1983). Na região costeira, as chuvas ocorrem mais freqüente nos meses de abril a junho, com ventos soprando de sudeste. No restante do ano, os ventos sopram de leste-nordeste.
  • 6. Ondas As ondas, segundo Marques (1987), na maior parte do ano, são do quadrante SE, porém de dezembro a fevereiro se propagam na direção E/SE com altura média de 1,0 m. No inverno, de junho a agosto, elas apresentam uma altura média variando de 1,15 a 0,65 m. Durante o verão, a convergência das ortogonais de ondas de 5 a 6,5 s sofrem influência do canyon de Maceió, direcionando o transporte de sedi- mentos de NE para SW, e as ortogonais de onda de 8 a 10,5 segundos, de menor ocorrência que as anteriores, mostram uma relação de divergência com o canyon de Maceió. Oliveira & Kjerfve (1993) citam os estudos de registro de ondas realizados pelo Danish Hydraulic Institut (1972-73), numa área defronte a Salgema, na cidade de Maceió, onde se conclui que as ondas mais freqüentes são as que chegam normais à praia, com período de 5 a 9 segundos, e menos de 1 metro de altura. Nos meses de janeiro a abril as ondas são características de tempo bom, podendo apresentar condições de tempestade nos meses de junho a outubro, alcançando alturas de 2,0 m e período acima de 9 segundos. Araújo & Lima (2000), estudando as praias do município de Paripueira registraram, através de observações visuais, altura significativa das ondas na zona de arreben- tação variando de 0,30 a 0,52 m, com período de 6 segundos. Circulação costeira Com base nos relatórios da PORTOBRAS-INPH (1984/1985), a circulação costeira é condicionada pelos ventos e marés. Os ventos no período chuvoso (junho/ julho) 202 são mais freqüentes e intensos os do quadrante SE, enquanto que no período seco (janeiro/ fevereiro), os mais intensos e freqüentes são do quadrante NE. As marés da área se enquadram no regime de micro e mesomaré semidiurna, o que ocasiona a ruptura dos cordões litorâneas no período chuvoso, devido a grande descarga fluvial. O transporte longitudinal residual, segundo Silvester (1968, apud Muehe, 1998) é bastante reduzido. No litoral norte do estado de Alagoas o transporte seria orienta- do para norte. O ponto de mudança de direção do transporte litorâneo, segundo França (1979) é Porto de Pedras, o que se confirma pela orientação, para sul, dos pontais nas desembocaduras fluviais.
  • 7. COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA E CLASSIFICAÇÃO DO LITORAL No Estado de Alagoas, o estudo geológico das formações quaternárias sempre ocor- reu de forma bastante modesta. Trabalhos pioneiros de Ottman (1960) e Laborel (1969), reportaram sobre as construções recifais. Bittencourt et al. (1982 e 1983) mapearam a zona de progradação associada à desembocadura do rio São Francisco. Barbosa (1985) concluiu o mapeamento geológico do quaternário Costeiro do Esta- do de Alagoas, na escala de 1:250.000, sendo este até o momento, o mapeamento que existe para este importante segmento da costa nordestina. Lima (1998) realizou estudo sedimentológico e geoambiental detalhado do sistema lagunar Mundaú. A distribuição e o contato entre os depósitos da Formação Barreiras, as planícies costeiras e as principais bacias hidrográficas, aliados a distribuição geográfica, per- mitiu dividir a costa de Alagoas em três setores: Setor Norte: compreende o litoral entre a divisa do Estado de Alagoas com o Estado de Pernambuco e o rio Barra de Santo Antônio, caracterizado pela gran- de ocorrência de afloramentos de arenitos de praia e recifes de coral e/ou algálicos nas desembocaduras fluviais (recifes tipo barreira) ou ligados a praia (recifes tipo franja). Em alguns trechos, a planície quaternária é estreita, limitada por falésias vivas de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas. Setor Central: estende-se do rio Barra de Santo Antônio ao rio Barra de São Miguel, englobando a cidade de Maceió. A planície costeira é mais desenvolvi- da neste trecho, e os recifes de coral e/ou algálicos mais escassos, com exceção da região da cidade de Maceió (Pajuçara), onde correm os recifes tipo franja. 203 Setor Sul: compreende o litoral entre o rio Barra de São Miguel e o limite sul do Estado de Alagoas, delimitado pela desembocadura do rio São Francisco. É ca- racterizado na sua porção norte pelas falésias vivas da Formação Barreiras em contato direto com a praia, e ao sul pela extensa planície quaternária, associada a desembocadura do rio São Francisco com o desenvolvimento de extensos campos de dunas. A costa do Estado de Alagoas apresenta um caráter transgressivo jovem, com pre- dominância de estuários, devido principalmente ao pequeno aporte de sedimentos fluviais. A presença de mangues nos estuários é marcante, sendo reflexo de uma costa com influência de marés. O desenvolvimento de dunas é observado apenas no extremo sul do litoral, o que reflete a falta de condições favoráveis á acumulação desses depósitos.
  • 8. TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO 204 Figura 1. Mapa síntese da erosão e progradação do litoral do estado de Alagoas
  • 9. EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS TIPOLOGIA DAS PRAIAS Estudos referentes às praias e à erosão no litoral do Estado de Alagoas são ainda bastante escassos. Entretanto, nos três últimos anos começaram trabalhos sistemá- ticos no litoral norte do estado, além da intensificação dos estudos na região de Maceió. Destacam-se os trabalhos de Araújo e Lima (2000), Lima et al. (2000) e Araújo e Lima (2001) para a região de Paripueira, englobando análise de vulnerabilidade do litoral e classificação morfodinâmica. Araújo e Michelli (2001) realizaram uma caracterização ambiental de um trecho do litoral norte do estado, identificando áreas com indícios de erosão e/ou deposição. A interação entre os elementos geológicos e climáticos no litoral resulta na grande diversidade das praias observadas ao longo da costa alagoana, apresentando dife- rentes comportamentos erosivos e/ou construtivos. A seguir serão analisados e discutidos os três setores individualizados para a costa do Estado de Alagoas, cuja síntese encontra-se na figura 1. Os setores serão analisados e discutidos de sul para norte. Setor sul Limitado ao sul pela desembocadura do rio São Francisco, estende-se até a desem- bocadura do rio Barra de São Miguel, perfazendo ao todo 90 km de extensão, sendo o trecho menos urbanizado do litoral alagoano. Do extremo sul até o Pontal do Peba é caracterizado por uma extensa planície costeira, com desenvolvimento de campos de dunas tipo barcana. A praia arenosa é ampla, exposta, com tipologia dissipativa. Esta área pertence à Área de Proteção Ambiental Piaçabuçu. Do Pontal 205 do Peba até a foz do rio Coruripe há uma longa área de praia arenosa exposta, com desenvolvimento de extensos cordões arenosos, caracterizando assim uma área de progradação, como pode ser visto na Figura 2, na localidade de Feliz Deserto. É um trecho do litoral ocupado apenas por comunidades locais. Figura 2. Praia arenosa exposta com desenvolvimento de cordões arenosos, na localidade de Feliz Deserto. Vista para norte, em outubro de 2000.
  • 10. TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO O trecho do litoral entre Coruripe e Poxim é caracterizado por indícios de erosão, como pode ser observado nas figuras 3 e 4. No Pontal do Coruripe a praia é classi- ficada como intermediária, semi-exposta, devido a presença de corpos de arenito de praia. A figura 3 ilustra a ocupação antrópica no pontal, avançando sobre o cordão arenoso, enquanto na figura 4 podem ser vistas as obras de contenção na praia do Pontal de Coruripe. O extremo norte deste trecho é caracterizado pela presença de falésias da Formação Barreiras em contato direto com a praia, como pode ser observado na Figura 5. É um trecho com tendência erosiva, devido a presença das falésias e o conseqüente alto grau de exposição às ondas, desencandeando o processo erosivo sobre os depó- sitos terciários. Figura 3. Ocupação antrópica no Pontal de Coruripe, avançando sobre o cordão arenoso. Vista para sul, em outubro de 2000. 206 Figura 4. Obras de contenção marinha na praia de Coruripe. Vista para norte, em outubro de 2000. Figura 5. Falésias da Formação Barreiras em contato direto com a praia, em Lagoa Doce, sul da Barra de São Miguel. Vista para norte, em outubro de 2000.
  • 11. EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS Setor central É o trecho mais urbanizado do litoral alagoano, perfazendo ao todo 64 km, limita- do pelos rios Barra de São Miguel e Barra de Santo Antônio. Em Barra de São Miguel as praias apresentam caráter refletivo, com declividade em torno de 9° e areias médias. Neste trecho é comum a presença de arenitos de praia, caracterizan- do uma praia semi-abrigada. Os cordões arenosos estão ocupados, principalmente por loteamentos, casas de veraneios e hotéis, como pode ser visto na Figura 6. Ao norte encontra-se a praia do Francês, um conhecido balneário do litoral alagoano, com praias dissipativas, associadas a dunas frontais, geralmente alteradas pela ocupação humana, como visto na figura 7, o que indisponibiliza os sedimentos costeiros ao transporte, causando erosão. Na região de Maceió, as praias localizadas entre o porto e o inlet estão livres de processos erosivos, apresentando uma largura relativamente regular, estando em processo de engordamento em alguns trechos (Lima, 1998). A construção do porto de Maceió acarretou acumulação de sedimentos na praia adjacente e erosão na enseada da Pajuçara. Atualmente, esta praia está sujeita a processo de erosão, re- sultante do barramento do transporte de sedimentos após as diversas ampliações do porto de Maceió, agravando-se ainda mais com a crescente urbanização, onde o calçadão e bares passaram a ocupar a berma, o que tem levado a constantes obras de contenção. O trecho norte deste setor é caracterizado por indícios de erosão, apresentando praias dissipativas, semi-protegidas da ação direta das ondas pela presença de ex- tensas áreas de recifes na plataforma interna. A praia de Paripueira apresentou caráter intermediário para o período de março de 1999 a setembro de 2000, com balanço sedimentar negativo de 14,01 m3 para o período (Araújo e Lima, 2001). No 207 centro da cidade, encontra-se instalado um processo erosivo há mais de 10 anos, o que tem acarretado a construção de obras de contenção, e desencadeado mais erosão a norte (Figura 8). No extremo norte deste setor, mesmo livre de ocupação humana, os indícios de erosão são evidenciados pela grande quantidade de coquei- ros caídos e/ou com raízes expostas (Figura 9). Figura 6. Ocupação antrópica dos cordões arenosos na praia de Barra de São Miguel. Vista para sul, em outubro de 2000.
  • 12. TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO Figura 7. Ocupação antrópica dos cordões arenosos e dunas frontais na praia do Francês. Vista para sul, em outubro de 2000. Figura 8. Processo erosivo instalado na praia de Paripueira. Vista para norte, em março de 1999. Figura 9. Indícios de erosão na praia a sul de Barra de Santo Antônio. Vista para sul, em março de 1999. Setor norte Compreende 70 km de extensão, englobando o litoral extremo norte do Estado. É um trecho com grande incremento de atividades turísticas, devido ao Projeto Costa Dourada. Entre a barra do rio Santo Antônio e o rio Camaragibe as praias apresen- tam tipologia dissipativa, com pequena declividade. Em curtos trechos deste litoral, 208 falésias vivas de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas estão em contato direto com a praia, como na localidade de Carro Quebrado (Figura 10). O trecho entre São Miguel dos Milagres e Tatuamunha apresenta praias dissipativas, com pequena declividade e semi-protegidas devido a presença de extensas áreas de recifes na plataforma interna. A ocupação humana é pequena, com longos trechos desertos, porém apresentando uma grande quantidade de coqueiros caídos e/ou com raízes expostas (Figura 11), indicando indícios de erosão. Entre as localidades de Tatuamunha e Porto de Pedras, é comum a presença de longos trechos apresen- tando praias amplas e bem desenvolvidas, com tipologia dissipativas e semi-protegidas, com presença de cordões arenosos amplos e extenso coqueiral (Figura 12). O litoral entre os rios Manguaba e Maragogi apresenta uma grande diversidade. As praias encontradas são protegidas por extensas áreas de recifes de coral e/ou algálicos, o que lhes confere uma tipologia dissipativa. Foram encontradas várias áreas apre- sentando indícios de erosão, principalmente nos centros urbanos. Em alguns trechos
  • 13. EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS Figura 10. Falésia viva de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas em contato direto com a praia, na localidade de Carro Quebrado, norte de Barra de Santo Antônio. Vista para sul, em outubro de 2000. Figura 11. Indícios de erosão na praia do Marceneiro, norte de São Miguel dos Milagres. Vista para sul, em outubro de 2000. Figura 12. Praia arenosa com presença de cordões arenosos, a norte de Tatuamunha. Vista para sul, em outubro de 2000. 209 Figura 13. Falésia viva de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas em contato direto com a praia, a sul de Japaratinga. Vista para sul, em outubro de 2000. podem ser observadas, também, a presença de falésias vivas de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas, em contato direto com a praia, como a sul de Japaratinga (Figura 13). A erosão dos cordões arenosos é bem evidenciada na localidade de Bitingui, aonde pode ser observado um cemitério (Figura 14) sendo ameaçado pela erosão. A sul da desembocadura do rio Maragogi, o processo erosivo instalado já ameaça a rodovia Al-101 (Figura 15).
  • 14. TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO O extremo norte deste trecho é caracterizado pela presença de praias dissipativas, com baixo grau de inclinação e semi-protegidas pela presença de extensas áreas recifais na plataforma interna. Não obstante, indícios de erosão são encontrados ao longo de todo o trecho, agravados no centro da cidade de Maragogi, pela ocupação desordenada da orla (Figura 16). Figura 15. Processo erosivo a sul da desembocadura do rio Maragogi, ameaçando a AL-1001. Vista para norte, em março de 1999. 210 Figura 16. Ocupação antrópica na praia de Maragogi. Vista para sul, em outubro de 2000. Figura 14. Indícios de erosão na praia de Bitingui, destruindo um cemitério. Outubro de 2000.
  • 15. EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | ALAGOAS SÍNTESE E TENDÊNCIAS ATUAIS A costa do Estado de Alagoas caracteriza-se por um caráter transgressivo jovem, com grande desenvolvimento de estuários e manguezais, plataforma continental estreita coberta por sedimentos carbonáticos e com grande desenvolvimento de recifes, além do desenvolvimento de campos de dunas restritos ao extremo sul do litoral. Tal configuração, aliada ao fraco fornecimento de sedimentos pelos rios, confere a esta costa uma alta vulnerabilidade. Segundo Dominguez (1995), a tendência erosiva do litoral do Estado de Alagoas é comprovada pela presença de falésias vivas da Formação Barreiras e de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas, pela quase ausência de planícies e terraços plesitocênicos, pela presença freqüente de alinhamentos de arenitos de praia, ca- racterizando a retrogradação do litoral, ocorrência de campos de dunas, cujos sedimentos oriundos da plataforma continental interna deixam de está disponíveis para a progradação costeira. Estas condições, mais agravadas, ainda, por intervenções antrópicas e o alto nível de ocupação do litoral, são responsáveis pelos graves problemas ambientais relaci- onados à erosão marinha que atinge as praias do estado. A erosão marinha é mais evidenciada nos setores norte e central, sendo estes os mais ocupados e urbanizados do litoral alagoano. Referências bibliográficas 211 ARAÚJO, T.C.M., LIMA, R.C.A. – 2000 – Caracterização morfodinâmica das praias do município de Paripueira – AL. Anais do Simpósio Brasileiro sobre Praias Arenosas, Itajaí-SC, 158-159. ARAÚJO, T.C.M., LIMA, R.C.A. – 2001 – Variação volumétrica nas praias do município de Paripueira, Estado de Alagoas. VIII Congresso da ABEQUA, Mariluz-Imbé/RS, Anais, 190-192. ARAÚJO, T.C.M., MICHELLI, M. – 2001 – Caracterização do litoral localizado entre os rios Manguaba e Maragogi, Norte do Estado de Alagoas. XIX Simpósio de Geologia do Nordeste, SBG, Natal-RN, Resumos, Boletim 17, 107-108. ASMUS, H.E., CARVALHO, J.C. – 1978 – Condicionamento tectônico da sedimentação nas bacias marginais do nordeste brasileiro (Sergipe/Alagoas e Pernambuco/Paraíba). IN: Projeto REMAC – Aspectos estruturais da margem continental leste brasileira e sudeste do Brasil, Rio de Janeiro, RJ, no. 4, 7-24. BARBOSA, L.M. – 1985 – Quaternário costeiro do estado de Alagoas: Influências das variações do nível do mar. Dissertação de mestrado em geologia, UFBA, 58p. BITTENCOURT, A.C.S.P., DOMINGUEZ, J.M.L., MARTIN, L., FERREIRA, Y.A. – 1982 – Dados preliminares sobre a evolução do delta do rio São Francisco (SE/AL) durante o Quaternário: influências das variações do nível do mar. IN: Suguio, K. et al. (eds.), Anais do IV Simpósio do Quaternário do Brasil (CTCQ/SBG), Rio de Janeiro, RJ. 49-58. BITTENCOURT, A.C.S.P., MARTIN, L., DOMINGUEZ, J.M.L., FERREIRA, Y.A. – 1983 – Evolução paleogeográfica quaternária da costa do Estado de Sergipe e da costa sul do Estado de Alagoas. Rev. Bras. Geoc., 13(2), 93- 97. DOMINGUEZ, J.M.L. – 1995 – Regional assesment of short and long term trends of coastal erosion in northeastern Brazil. IN: 1995 LOICZ (Land Ocean Interactions in the Coastal Zone). São Paulo, 8-10.
  • 16. TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO FEIJÓ, F. – 1994 – Bacias de Sergipe e Alagoas. Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8(1), 146- 161. FRANÇA, A.M.C. – 1979 – Geomorfologia da margem continental leste brasileira e da bacia oceânica adjacente. IN: Projeto REMAC – Geomorfologia da margem continental brasileira e das áreas oceânicas adjacentes, Rio de Janeiro, RJ, no. 7, 89-127. LABOREL, J. – 1969 – Lês periplements de madreporaites dês cotes tropicales de Brésil. Annales de l´Univeristé D´ Abidjan, 112-115. LIMA, R.C.A. – 1998 – Estudo sedimentológico e geoambiental no sistema lagunar Mundaú – Alagoas. Dissertação de mestrado em geociências, UFPE, 127p. LIMA, R.C.A., ARAÚJO, T.C.M., FARIAS, F.S. – 2000 – Vulnerabilidade das praias dos municípios de Paripueira e Barra de Santo Antônio – AL. Anais do Simpósio Brasileiro sobre Praias Arenosas, Itajaí-SC, 371-372. MARQUES, R.C. – 1987 – Geomorfologia e evolução da região costeira do complexo estuarino lagunar Mundaú- Manguaba. Dissertação de mestrado, UFRJ, 150p. MUEHE, D. – 1998 – O litoral brasileiro e sua compartimentação. IN: Geomorfologia do Brasil (orgs.) Cunha, S.B., Guerra, A.J.T., Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 273-349. OLIVEIRA, A.M., KJERFVE, B. – 1993 – Environmental responses of a tropical coastal lagoon system to hydrological variability: Mundau-Manguaba, Brasil. Estuarine, Coastal and Science, 37, 575-591. OTTMAN, F. – 1960 – Une Hipothése sur l´origine des “ arrecifes” du nordeste brésilien – Extrait du C.R. Sommaire des Seánces de la Societé Géologique de France, no. 7, 175-176. PORTOBRAS/INPH – 1984 – Relatório da primeira campanha de medições hidráulicas-sedimentológicas do complexo lagunar Mundaú-Manguaba. INPH – 24/8, Relatório Interno, 41p. PORTOBRAS/INPH – 1985 – Relatório da segunda campanha de medições hidráulicas-sedimentológicas do complexo lagunar Mundaú-Manguaba. INPH – 73/85, Relatório Interno, 48p. PROJETO RADAM – 1983 - Folhas SC 24/25 Aracaju/Recife: Geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Ministério das Minas e Energia, Rio de janeiro, RJ, 856p. SILVESTER, R. – 1968 – Sediment transport – long term net movement. IN: The Enciclopedia of Geomorphology (ed.) R.W. Fairbridge, Reinhold Book Coorp. , 985-989. ZEMBRUSCKI, S.G., BARRETO, H.T., PALMA, J.J.C., MILLIMAN, J.D. – 1972 – Estudo preliminar das províncias geomorfológicas da margem continental brasileira. Anais do XXVI Congr. Bras. Geol., SBG, Belém, PA, vol 2, 187-210. 212