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PREVENÇÃO DE ÚLCERA POR PRESSÃO EM PACIENTES ACAMADOS:
UMA REVISÃO DA LITERATURA
Fernanda Maria Goulart1
Juliana Assis Ferreira1
Katiúscia Aparecida de Almeida Santos1
Valéria Mourão Morais1
Getúlio Antonio de Freitas Filho2
RESUMO
As úlceras por pressão são definidas como lesões de pele ou partes moles originadas
basicamente de isquemia tecidual prolongada. São causadas por fatores intrínsecos e
extrínsecos ao paciente, e dependendo da profundidade da lesão, podem levar a complicações
como a osteomielite e a septicemia podendo levar o paciente a óbito. Sua incidência e
prevalência são altas, mobilizando paciente, familiares e instituições de saúde. Os principais
fatores para o seu desenvolvimento são a pressão e a fricção, sendo sua prevenção mais eficaz
e economicamente viável que seu tratamento. O profissional de enfermagem é um dos
principais cuidadores do paciente acamado com úlcera por pressão, já que este profissional
está presente ao lado do paciente durante grande parte do tempo de hospitalização. Porém,
sabe-se que a atuação deve ser multiprofissional, pois a predisposição para o desenvolvimento
das úlceras por pressão é multifatorial. O presente trabalho busca reunir informações sobre o
desenvolvimento e prevenção das úlceras por pressão, oferecendo subsídios para uma melhor
assistência aos pacientes e servindo também como fonte de informações para futuras
pesquisas.
Palavras-chave: Úlcera por pressão, prevenção, pacientes acamados
ABSTRACT
The ulcers by pressure are defined as skin lesions or soft parts originated basically from
ischemia tissue prolonged. They are caused by intrinsic and extrinsic factors to the patient and
depending on the depth of the lesion, they can take to complications as the osteomyelitis and
the septicaemia, They can take the patient to death. Their incidence and prevalence are high,
mobilizing patient, relatives and institutions of health. The major factors for their
development are the pressure and friction, being their prevention more effective and
economically viable that their treatment. The nursing professional is one of the patient's
principal caretakers fallen ill with ulcer by pressure, since this professional is present beside
the patient during great part of the time of hospitalization. However, it is known that the
performance should be multiprofessional, because the predisposition for the development of
the ulcers for pressure is multifactorial. The present work search to gather information about
the development and prevention of the ulcers for pressure, offering subsidies for a better
assistance to the patients and also serving as source of information for future researches.
Key-words: Ulcer by pressure, prevention, fallen ill patients
1
Enfermeiras graduadas pelo Instituto de Ensino Superior de Rio Verde
2
Fisioterapeuta, Mestre em Engenharia Biomédica (Bioengenharia), Docente do Instituto de Ensino Superior de
Rio Verde - Faculdade Objetivo.
1 INTRODUÇÃO
As úlceras por pressão são definidas como lesões de pele ou parte moles originadas
basicamente de isquemia tecidual prolongada. Qualquer posição mantida por um paciente
durante um longo período de tempo pode provocar lesão tecidual, principalmente em tecidos
que sobrepõe uma proeminência óssea, devido a presença de pouco tecido subcutâneo nessas
regiões. A compressão dessas áreas diminui o fluxo sanguíneo local facilitando o surgimento
de lesão por isquemia tecidual e necrose (IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005).
A importância dada ao tema úlcera por pressão revela-se como marco a partir de 1987,
quando o governo norte-americano criou um órgão para avaliação e credenciamento dos
serviços de saúde – The Joint Commission for the Acreditation of Health Care Organization
(JCAHO) – o qual estabeleceu que a úlcera por pressão passaria a constituir um indicador de
qualidade do cuidado, tornando-se, assim, um parâmetro para avaliação dos serviços de saúde
(IRION, 2005; SOUZA, 2005).
As úlceras por pressão por muito tempo foram descritas como sendo um problema
estritamente de enfermagem, decorrente de cuidados inadequados por parte desses
profissionais. Várias evidências científicas têm mostrado que a úlcera por pressão é
decorrente de fatores múltiplos, não sendo, portanto, de responsabilidade exclusiva da equipe
de enfermagem.
Habitualmente uma úlcera resulta de cuidados domiciliares inadequados ou
desenvolvem-se no próprio hospital, em pacientes acamados, causando grande problema na
rotina das instituições e dos familiares, pois são lesões de difícil cicatrização, alto custo e dor
(POTTER; PERRY, 1999; SMELTZER; BARE, 2005; SOUZA, 2005; FERNANDES, 2006).
A prevenção da úlcera por pressão é mais importante que as propostas de tratamento,
visto que o custo é menor e o risco para o paciente é praticamente inexistente. Porém, este
processo deve envolver uma equipe multidisciplinar integrada para a obtenção dos melhores
resultados. O conhecimento e entendimento da definição, causas e fatores de risco por parte
dos profissionais da saúde se faz necessário, a fim de se implantar medidas de prevenção e
tratamento mais eficazes.
No Brasil, são poucos os estudos sobre a incidência das úlceras por pressão, porém
sabe-se que a prevalência no ambiente hospitalar é muito alta. Pacientes tetraplégicos (60%) e
idosos com fraturas de colo de fêmur (66%) atingem as mais altas taxas de complicações,
seguido por pacientes criticamente doentes (33%). De uma forma geral, aproximadamente
40% dos pacientes com lesões medulares que completam o seu tratamento desenvolveram
uma úlcera por pressão (COSTA, 2005).
O presente trabalho busca reunir informações sobre o desenvolvimento e prevenção
das úlceras por pressão, oferecendo subsídios para uma melhor assistência aos pacientes e
servindo também como fonte de informações para futuras pesquisas. Para tal, a revisão da
literatura foi baseada em livros, dissertações, teses e artigos científicos, publicados no período
de 1987 até 2007. As palavras-chave correlacionadas aos aspectos fisiopatológicos e
preventivos foram combinadas de diversas formas para que a busca fosse feita de forma
ampla.
2 EPIDEMIOLOGIA DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO
As úlceras por pressão têm prevalência e incidência elevadas nos tratamentos agudo e
de longo prazo de clientes hospitalizados e/ou acamados, podem se desenvolver em 24 horas
ou espaçar 5 dias para sua manifestação (COSTA, 2003).
Em 2001, nos Estados Unidos, estimava-se que 1,5 a 3 milhões de pessoas
desenvolveriam úlcera por pressão no ano. Dados da população norte-americana mostram que
a incidência de úlcera por pressão varia entre a população e os locais de atendimento. Nos
locais de tratamento agudo, por exemplo, podem variar de 3% a 14%, em um grupo geriátrico
a incidência aumenta para 24% e em pacientes com lesão medular pode chegar até 59% o
total de pessoas acamadas que desenvolvem uma ou mais feridas (DELISA; GANS, 2002;
SMELTZER; BARE, 2005).
Mesmo sendo elevado o número de pessoas que desenvolvem úlceras por pressão, o
Brasil não tem dados científicos e pesquisas nacionais que comprovem essa incidência e
prevalência, o que apresenta são estudos e teses específicas de unidades de saúde as quais
comprovam parcialmente a afirmação. Um estudo realizado por Costa (2003), por três meses
consecutivos, no interior paulista, com 53 pacientes acamados, concluiu que 20 deles
desenvolveram úlceras por pressão, ou seja, 37,7%. Outro exemplo é a tese de Rogenski e
Santos (2005), que também por três meses, observaram 211 pacientes em risco de
desenvolverem úlcera por pressão em um hospital universitário e concluíram que 39,8%
desses pacientes apresentaram a enfermidade.
Declair (2002, p. 6) afirma que “nos Estados Unidos em média, 2,1 milhões de pessoas
apresentam úlcera por pressão no ano, equivalendo a um custo hospitalar mensal de 4 a 7 mil
dólares por paciente. Ainda, segundo a autora, aqui no Brasil não existem estatísticas do
número de pacientes que desenvolvem úlcera por pressão, pois os casos não são registrados
ou notificados a um órgão responsável.
2.1 ÁREAS SUSCETÍVEIS E FATORES PREDISPONENTES AO
DESENVOLVIMENTO DA ÚLCERA POR PRESSÃO
A úlcera por pressão pode originar-se em todas as posições que sejam mantidas
prolongadamente um paciente. Essas áreas incluem as regiões sacrais, coccígenas,
tuberosidades isquiáticas, trocânter maior, calcâneo, maléolos, côndilo medial da tíbia, cabeça
da fíbula, escápula, cotovelo, processos acromiais e cristas ilíacas (DELISA; GANS, 2002;
IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005)).
Estudos apontam que 95% das úlceras por pressão se desenvolvem sobre
proeminências ósseas na metade inferior do corpo, em regiões sacrais, tuberosidades
isquiáticas, calcâneo e trocânter maior do fêmur, pois nessas áreas concentram o maior peso
corporal, consequentemente há um aumento da pressão em relação à superfície (DELISA;
GANS, 2002; IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005). Um estudo realizado por Costa
(2005) no Hospital das Clínicas de São Paulo mostra que em 45 pacientes com 77 úlceras por
pressão, 32,42% eram úlceras na região sacral, 32,47% na região trocantérica (trocânter) e
15,58% das úlceras eram nas regiões isquiáticas (ísquio).
Os pacientes confinados no leito por um período longo e com dificuldades sensoriais
ou motoras, cognitivas prejudicadas, imobilidade, os que apresentam atrofia muscular e
redução do acolchoamento entre a pele sobreposta e o osso subjacente, estão em risco para
desenvolverem úlcera por pressão. Mesmo sendo a pressão exercida no tecido, o fator mais
importante para o seu desenvolvimento, outros fatores contribuem para ocorrência de úlcera
por pressão (SMELTZER; BARE, 2005).
Segundo Delisa e Gans (2002), os fatores que auxiliam no desenvolvimento das
úlceras por pressão podem ser considerados primários e secundários. A pressão, o atrito por
cisalhamento e fricção são os três fatores primários.
Em 1989, a conferência para desenvolvimento de consenso do Conselho Nacional
Consultivo Sobre Úlcera por Pressão propôs fatores de risco secundários no desenvolvimento
das úlceras por pressão. Estes são definidos como características intrínsecas e extrínsecas
identificáveis, que aumentam a suscetibilidade de uma pessoa às forças que induzem as
feridas. Os fatores intrínsecos são aqueles inerentes ao indivíduo que predispõe os pacientes
acamados às úlceras por pressão e estão relacionados às variáveis do estado físico do paciente.
E os fatores extrínsecos são aqueles independentes do indivíduo e estão relacionados ao
mecanismo da lesão. Nos fatores intrínsecos e extrínsecos estão incluídos mobilidade,
nutrição, idade, umidade/incontinência, fumo, temperatura elevada, educação, psicossociais,
estado cognitivo, lesão medular (DELISA; GANS, 2002; SMELTZER; BARE, 2005).
A seguir são descritos fatores primários e secundários para o desenvolvimento das
úlceras por pressão:
A - Pressão
A pressão capilar normal é de 32 mmHg, assim quando há uma pressão sobre as
proeminências ósseas em indivíduos acamados e/ou sentados, que excede esse limite, o
paciente desenvolve uma isquemia no local, sendo que o primeiro sinal é o eritema devido à
hiperemia reativa, pois aparece um rubor vermelho vivo à medida que o corpo tenta suprir o
tecido carente de oxigênio (DELISA; GANS, 2002; SMELTZER; BARE, 2005).
Segundo Delisa e Gans (2002, p. 1116), “os tecidos podem tolerar pressões cíclicas
muito mais altas que pressões constantes. Se a pressão for aliviada intermitentemente a cada 3
a 5 minutos, pressões mais altas podem ser toleradas”.
Fica evidente que uma das metas mais importante que deve ser alcançada para que se
obtenha uma boa recuperação do paciente é aliviar a pressão através de mudanças de decúbito
freqüentes (SMELTZER; BARE, 2005).
B - Cisalhamento
Outro fator de risco é o cisalhamento que é uma pressão exercida quando o paciente é
movido ou reposicionado na cama e/ou cadeira. Esses pacientes são recolocados na posição
inicial repetidas vezes e nesse movimento a pele permanece aderida ao lençol enquanto que o
restante do corpo é empurrado para cima. Devido a essa tração há a torção dos vasos
sanguíneos e a interrupção da micro-circulação da pele do tecido subcutâneo. A força de
cisalhamento é criada pela interação entre as forças gravitacionais e de atrito, que é a
resistência que existe ao movimento entre duas superfícies (SMELTZER; BARE, 2005).
C - Fricção
A fricção acontece quando a pele se move contra uma superfície de apoio, ou seja, é a
força de duas superfícies movendo-se uma sobre a outra. A fricção pode causar danos ao
tecido quando o paciente é arrastado na cama, em vez de ser levantado. Isso faz com que a
camada superficial de células epiteliais seja retirada. A fricção está sempre presente quando o
cisalhamento acontece (DELISA; GANS, 2002; CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO,
2006).
D - Mobilidade
A mobilidade tem capacidade de mudar e controlar a posição do corpo. Está
relacionado ao nível de consciência e competência neurológica. É a capacidade do paciente de
aliviar a pressão através do movimento e contribuir para seu bem estar físico e psíquico. As
principais condições que contribuem para a imobilidade são: o acidente vascular cerebral,
artrite, esclerose múltipla, lesão medular, traumatismo craniano, sedação excessiva,
depressão, fraqueza e confusão (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003;
MORTON et al., 2007).
E - Nutrição
Dois estudos prospectivos mostraram evidências de uma má dieta como fator causador
na formação de úlceras por pressão. Alguns pacientes já entram no hospital desnutridos,
enquanto outros, mesmo internados em bom estado nutricional para procedimentos eletivos,
podem ter seu estado nutricional comprometido durante a sua hospitalização (DELISA;
GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003).
A má nutrição é considerada um dos fatores secundários relatados para o
desenvolvimento da úlcera por pressão, porque contribui para diminuir a tolerância do tecido
á pressão. São recomendadas dietas calóricas, ricas em proteínas e carboidratos, para
promover um balanço positivo de nitrogênio e suprir as necessidades metabólicas e
nutricionais cruciais para a prevenção das lesões (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS,
2003; SOUZA, 2007).
F - Idade
O envelhecimento ocasiona alterações que comprometem a habilidade da pele para
distribuir efetivamente a pressão como, mudanças na síntese de colágeno que resultam em
tecidos com diminuição na força mecânica e aumento na rigidez. Essas mudanças acarretam
ainda a redução da capacidade do tecido de distribuir a pressão mantida sobre ele, levando a
um comprometimento do fluxo sangüíneo e consequentemente ao aumento do risco para as
úlceras por pressão (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003).
A idade avançada também é causadora de aumento de internações hospitalares, de
acamações e de condições crônicas de saúde que logo aumenta o risco de pressão, fricção,
cisalhamento e diminuição da circulação sangüínea na pele (DELISA; GANS, 2002; JORGE;
DANTAS, 2003).
G - Umidade/Incontinência
A umidade é um fator contribuinte importante no desenvolvimento de lesões cutâneas,
pois quando não é controlada causa maceração (amolecimento) da pele. Com a maceração do
tecido da epiderme, há uma redução na força tensiva, tornando-se fácil a compressão, a
fricção e o cisalhamento, posteriormente formam-se erosões deixando um ambiente propício
para crescimento de microorganismo (DELISA; GANS, 2002; MORTON et al., 2007).
A incontinência é o previsor de formação de úlceras por pressão, onde a incontinência
fecal pode ser um fator de risco mais importante que a incontinência urinária para a formação
da lesão, pois a pele está mais exposta a bactérias e toxinas presentes nas fezes (DELISA;
GANS, 2002; MORTON et al., 2007).
H - Fumo
O tabagismo é outro fator que expõe o paciente ao risco já que, a nicotina reduz a
hemoglobina funcional e causa disfunção pulmonar, privando os tecidos de oxigenação, ou
seja, produz efeitos no organismo que interferem no fluxo sanguíneo provocando
vasoconstrição, favorecendo a diminuição do aporte de oxigênio e nutrientes para as células e
o aumento da adesão de plaquetas (BRASIL, 2002; COSTA, 2003).
I - Temperatura Elevada
A temperatura corporal é um fator etiológico, que representa um risco maior de
necrose nas úlceras por pressão. Na elevação da temperatura (hipertermia), a cada 1ºC , temos
um auumento de 10% no metabolismo tecidual e na demanda de oxigênio, ocorrendo
desvitalização do tecido e provocando sudorese que leva a maceração da pele (SMELTZER;
BARE, 2005).
Deve ser ressaltada a atenção dos profissionais quanto ao uso, nos pacientes, de roupas
inadequadas, hiperemias, atritos em superfície de suporte, como colchões com capa que
provoquem aquecimento, isolem e/ou conduzam calor para pele dos pacientes (DECLAIR,
2002).
J - Estado Cognitivo
A alteração no nível de consciência acarreta na perda da habilidade do paciente para
detectar sensações que indiquem uma necessidade de mudança na posição através do
movimento, com o objetivo de aliviar a pressão em regiões dotadas de proeminências ósseas.
Isso aumenta a propensão de isquemia na pele que está em contato com uma superfície
(DELISA; GANS, 2002).
L - Lesão Medular
Pacientes com lesão medular apresentam certo grau de alteração na sensibilidade
térmica e tátil, o que leva à predisposição para o desenvolvimento das feridas. Geralmente,
esse tipo de paciente permanece por longos períodos em uma mesma posição, exercendo
compressão contínua em diferentes áreas do corpo. Além dos pacientes portadores de lesão
medular, outros indivíduos acometidos por traumatismos graves podem desenvolver úlceras
de pressão, também em decorrência do posicionamento (DELISA; GANS, 2002).
2.2 ESTÁGIOS DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO
As úlceras por pressão são as únicas feridas que são estagiadas. O estagiamento é
realizado quando se examinam e registram as condições da ferida e são classificadas segundo
critérios estabelecidos pela National Pressure Ulcer Advisory Panel em 1989, entidade norte
americana, que discrimina quatro estágios observados visualmente na evolução de uma úlcera
por pressão. Os estágios são divididos em I, II, III, IV, que serão descritos a seguir:
a) Estágio I: a lesão envolve somente as camadas superficiais da pele, como a
epiderme e a derme. Este estágio se caracteriza por temperatura cutânea elevada devido à
vasodilatação aumentada, eritema que permanece por 15 minutos ou mais após o alívio da
pressão no local, dor e discreto edema, posteriormente evolui para o aspecto mosqueado,
cianótico, azul-acinzentado que é o resultado da oclusão dos capilares cutâneos e o
enfraquecimento subcutâneo. Em geral, esses sinais de inflamação podem ser revertidos com
a remoção da pressão no local.
b) Estágio II: envolve o tecido subcutâneo exibindo uma ruptura na pele através da
epiderme e derme. Caracteriza-se por abrasão, bolha ou cratera superficial, necrose
juntamente com o represamento venoso e trombose, edema visível, dor, extravasamento de
pouco exsudato e pele adjacente vermelha ou escurecida.
c) Estágio III: derme e epiderme estão destruídas e a hipoderme é atingida, este estágio
caracteriza-se por presença de drenagem de exsudato amarelado ou esverdeado com odor
fétido, vesícula ou cratera não muito profunda, pontos de tecidos desvitalizados, ficando o
paciente susceptível as infecções.
d) Estágio IV: representa destruição profunda dos tecidos, podendo atingir fáscia,
envolver músculos, tendões e possivelmente osso e articulação. Caracteriza-se por tecido
necrótico ou esfacelos, tunelização na ferida e drenagem de secreção com odor fétido. O risco
de complicação nos portadores de úlcera por pressão como osteomielite, piartrose (formação
de secreção purulenta dentro da cavidade articular) e sepsemia, é muito alto nesse estágio
(PIANUCCI, 2004; SMELTZER; BARE, 2005; SILVA; FIGUEREDO; MEIRELES, 2007).
2.3 PREVENÇÃO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO
A grande incidência e prevalência da úlcera por pressão sugerem uma atuação
insuficiente dos profissionais da saúde, junto aos pacientes hospitalizados/acamados por
razões diversas. Alguns autores como Lianza (1995), Candido (2001) e Benedet (2001)
concordam que a equipe multidisciplinar deve estar integrada para prestar os cuidados aos
pacientes acamados, que por ventura poderão apresentar riscos para integridade da pele e
ainda ressaltam a importância do enfermeiro como cuidador integral do paciente.
O senso comum entre os autores também diz que a prevenção da úlcera por pressão é
mais importante que as propostas de tratamento, visto que, na prevenção o custo é reduzido, o
risco para o paciente é nulo e sua permanência no hospital é abreviada, já que uma úlcera por
pressão aumenta o risco de o paciente adquirir uma infecção concomitante aumentando assim,
seu tempo de hospitalização (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; SILVA;
FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007).
A prevenção da úlcera por pressão é relevante, tanto para o paciente quanto para o
hospital, no que se refere a custos. Várias pesquisas foram realizadas para comparar o valor de
sua prevenção e da cura. Dealey (2001) comprovou que um paciente acometido por úlcera de
pressão permanece em média 180 dias no hospital. Delisa e Gans (2002, p. 1116) afirmaram
que pacientes com diagnóstico primário de úlcera por pressão consumiram 836 milhões de
dólares em 1992 nos Estados Unidos. Sabe-se também que outros pacientes deixam de ser
internados devido à ocupação dos leitos, concluindo-se então, que a prevenção exige um
investimento econômico menor do que a cura.
A observação e o controle rigoroso dos fatores externos e internos são indicadores de
riscos essenciais no cuidado preventivo das úlceras por pressão (CANDIDO, 2001).
A prevenção deve iniciar-se com orientações adequadas e estímulo ao paciente e seus
familiares, salientando a importância da autodisciplina e da participação e colaboração
durante o tratamento clínico (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; CANDIDO, 2001;
SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007).
Segundo Faro (1990, p. 279) “é necessário ensinar os familiares como cuidar da pele
evitando as úlceras por pressão, pois a cada ferida aberta, o tratamento clínico fica
praticamente interrompido retardando o processo de reabilitação”.
Devido às conseqüências da úlcera por pressão nos Estados Unidos, os organizadores
da National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) criaram, em 1992, um painel Agency
for Health Care Policy and Research (AHCPR), para as diretrizes de previsão, prevenção e
tratamento das úlceras por pressão, que são baseadas nas pesquisas existentes e nas opiniões
dos especialistas e têm sido bastante utilizadas em vários países para nortear a criação de
padrões de qualidade para a prática. Essas diretrizes são discriminadas em quatro tópicos:
avaliação do risco para desenvolvimento de úlcera por pressão; cuidados com a pele e
tratamento precoce (medidas preventivas); redução da carga mecânica e utilização de
superfícies de suporte e educação (TIMBY, 2001; GONÇALVES, 2002; FERNANDES,
2006).
As ações preventivas dos cuidados referem-se à atenção constante às alterações da
pele; identificação dos pacientes de alto risco; manutenção da higiene do paciente e leito;
atenção a mudança de decúbito, aliviando a pressão e massagem de conforto, além de outras
medidas como a movimentação passiva dos membros, deambulação precoce, recreação,
secagem e aquecimento da comadre antes do uso no paciente, dieta e controle de ingestão
líquida e orientação ao paciente e família quanto às possibilidades de úlceras por pressão
(CAMPEDELLI; GAIDZINSKI, 1987; POTTER; PERRY, 1996).
Os indivíduos restritos ao leito ou cadeira, ou aqueles que são incapazes de se
posicionar são os mais propensos para a formação de úlceras por pressão, portanto devem
receber atenção sistematizada para evitar fatores adicionais que resultem na lesão do tecido
(CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997).
Para melhor visualização dos resultados quanto à mudança de decúbito, a equipe
cuidadora pode fazer uma escala de horário, em que os pacientes em risco de prejuízo da
integridade da pele, estejam no mesmo horário, posicionados em decúbito iguais (CALIRI;
RUSTICI; MARCHRY, 1997). Porém, na visão de Campedelli e Gaidzinski (1987), os
horários não devem ser padronizados, mas sim as mudanças de decúbito devem ser realizadas
de acordo com as necessidades individuais dos pacientes.
A equipe deve ser preparada para avaliar as condições da pele pelo menos duas vezes
ao dia e identificar se há fatores de risco, essa avaliação pode ser feita no primeiro banho do
dia, porém o paciente não deve ficar exposto ao frio ou ambientes com baixa umidade, pois
ambos promovem o ressecamento da pele (BACKES; GUEDES; RODRIGUES, 1999).
A pele é avaliada a cada mudança de decúbito quanto à temperatura, presença de
eritema e bolhas que são indicadores de provável rompimento do tecido. Os sinais de lesão na
pele são mais difíceis de serem observados entre pacientes de cor parda e negra, diferente dos
pacientes brancos ou amarelos, exigindo assim maior atenção da equipe de enfermagem
(CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; BACKES; GUEDES; RODRIGUES, 1999;
TIMBY, 2001; SMELTZER; BARE, 2005).
A higiene corporal deve ser realizada evitando o uso de sabão comum, soluções
irritantes e água quente para evitar ressecamento. Deve-se usar sabão neutro ou sabonete
líquido específico. A pele deve ser limpa e removidos todos os resíduos de soluções e
completamente seca (DUARTE; DIOGO, 2000; DECLAIR, 2002).
A cama deve ser limpa e seca, com roupas de tecido não irritantes, lisos, não
engomados e sempre esticados evitando dobras. Coberturas plásticas ou protetores de cama
não devem ter seu uso aceito, protegem a cama, porém podem causar sudorese, levando a
maceração da pele do paciente (CAMPEDELLI; GAIDZINSKI, 1987; DUARTE; DIOGO,
2000; DECLAIR, 2002).
O travesseiro ou almofadas são equipamentos usados no reposicionamento e
proporcionam alinhamento corporal correto, aliviando a pressão em diversos pontos do corpo
principalmente sobre proeminências ósseas. É utilizado na técnica de ponte, que consiste no
posicionamento de travesseiro apoiado em dois ou mais pontos do corpo, permitindo que haja
espaço entre as proeminências ósseas e o colchão (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997;
DUARTE; DIOGO, 2000; DECLAIR, 2002).
O uso do colchão próprio, como colchão de espuma, ar estático, ar dinâmico, gel ou
água, redistribui o peso corporal, reduzindo a pressão à medida que o paciente afunda no
fluído, propiciando uma superfície adicional que auxilia na sustentação do corpo, além de
reduzir o peso corporal por unidade de área (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997;
SMELTZER; BARE, 2005).
A mudança de decúbito deve ser indispensável e realizada a cada 2 horas, reduzindo a
força de cisalhamento e a pressão no local. O reposicionamento recupera as isquemias pela
interrupção da pressão. Caso existam áreas hiperemiadas (hiperpigmentadas, avermelhadas) o
paciente deve ser mudado de posição com mais freqüência e a área mais protegida
(GONÇALVES, 2002).
Vários autores concordam que o paciente deve ser posicionado corretamente, evitando
que os mesmos sejam “arrastados” durante a movimentação, e sim que sejam erguidos
utilizando-se o lençol móvel, a fim de evitar lesões causadas por fricção e força de
cisalhamento. Para pacientes que podem auxiliar na movimentação usar equipamentos
auxiliares como o trapézio. Algumas posições devem ser evitadas, como exemplo a posição
de fowler, que é a colocação do paciente em decúbito dorsal em um ângulo de 45º no leito,
pois esta aumenta o apoio da área corporal (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997;
SMELTZER; BARE, 2005).
Ao colocar o paciente na posição de decúbito lateral deve-se colocá-lo inclinado 30
graus em relação à cama, nesta posição a maior pressão corporal estará sob a região glútea
que poderá suportar melhor o excesso de pressão (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997;
TIMBY, 2001; SMELTZER; BARE, 2005).
Outros cuidados preventivos são os exercícios ativos e passivos, que são essenciais,
pois aumentam o tônus muscular da pele, ativa a circulação, aumenta a demanda de oxigênio,
reduz a isquemia tissular e a elevação dos membros inferiores promove o retorno venoso,
diminui a congestão e melhora a perfusão tissular. Além disso, a equipe e os familiares devem
estar atentos a presença de pregas no lençol, pressão causadas pelos tubos de soro e de sonda,
que podem contribuir para o aumento da pressão e consequentemente reduzir a circulação
(SMELTZER; BARE, 2005).
As massagens de conforto através de manipulação manual sistêmica dos tecidos
corporais com propósitos terapêuticos, devem ser efetuadas na pele íntegra limpa e em todas
as zonas de pressão após o posicionamento do paciente, por um período de no mínimo dez
minutos. Devem ser utilizados ácidos graxos essenciais que promovem a hidratação ou amido
de milho que reduz a fricção, promovendo mais conforto e estimulando a circulação local.
Essa medida também produz relaxamento, porém deve ser evitada nas áreas de saliência óssea
ou em hiperemia (CAMPEDELLI; GAIDZINSKI, 1987; GONCALVES, 1996; DECLAIR,
2002; DUARTE; DIOGO, 2002).
Os programas educativos são importantes por ajudar na previsão e prevenção das
lesões, sendo que a instalação ou desenvolvimento das úlceras por pressão, são menores em
pacientes mais informados. Devem-se organizar programas educativos para todos os níveis de
profissionais de saúde, familiares e cuidadores com o intuito de prever o aparecimento das
feridas em indivíduos acamados. O baixo nível educacional não seria importante na
reabilitação aguda, mas sim na prevenção e no período de acompanhamento (DELISA;
GANS, 2002; IRION, 2005).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da falta de estatística no Brasil sobre úlcera por pressão, o problema é
constante nas pessoas acamadas, sugerindo um cuidado inadequado prestado pelos
profissionais de saúde. A equipe de enfermagem é a mais atuante junto aos pacientes
acamados, uma vez que permanecem ao lado do paciente e de sua família tempo integral
durante a hospitalização. Por esta razão, os profissionais de enfermagem são os principais
responsáveis na prevenção do aparecimento dessas feridas. Porém, sabe-se que a atuação deve
ser multiprofissional, pois a predisposição para o desenvolvimento das úlceras por pressão é
multifatorial.
Percebe-se a importância do conhecimento de toda a equipe envolvida no cuidado e
também do bom senso das unidades de saúde para o controle do problema que pode ser
evitado. No mercado já existem inúmeros produtos e dispositivos para a prevenção e
tratamentos das úlceras por pressão, cada qual com sua especificidade, individualidade e
custo, exigindo apenas conhecimento dos profissionais para a escolha adequada.
Diante do exposto, concluímos sobre a importância da informação e a atualização para
os profissionais de enfermagem sobre úlcera por pressão, sua prevenção e tratamento em
pacientes acamados, pois somente assim se consegue a excelência no cuidado.
REFERÊNCIAS
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  • 1. PREVENÇÃO DE ÚLCERA POR PRESSÃO EM PACIENTES ACAMADOS: UMA REVISÃO DA LITERATURA Fernanda Maria Goulart1 Juliana Assis Ferreira1 Katiúscia Aparecida de Almeida Santos1 Valéria Mourão Morais1 Getúlio Antonio de Freitas Filho2 RESUMO As úlceras por pressão são definidas como lesões de pele ou partes moles originadas basicamente de isquemia tecidual prolongada. São causadas por fatores intrínsecos e extrínsecos ao paciente, e dependendo da profundidade da lesão, podem levar a complicações como a osteomielite e a septicemia podendo levar o paciente a óbito. Sua incidência e prevalência são altas, mobilizando paciente, familiares e instituições de saúde. Os principais fatores para o seu desenvolvimento são a pressão e a fricção, sendo sua prevenção mais eficaz e economicamente viável que seu tratamento. O profissional de enfermagem é um dos principais cuidadores do paciente acamado com úlcera por pressão, já que este profissional está presente ao lado do paciente durante grande parte do tempo de hospitalização. Porém, sabe-se que a atuação deve ser multiprofissional, pois a predisposição para o desenvolvimento das úlceras por pressão é multifatorial. O presente trabalho busca reunir informações sobre o desenvolvimento e prevenção das úlceras por pressão, oferecendo subsídios para uma melhor assistência aos pacientes e servindo também como fonte de informações para futuras pesquisas. Palavras-chave: Úlcera por pressão, prevenção, pacientes acamados ABSTRACT The ulcers by pressure are defined as skin lesions or soft parts originated basically from ischemia tissue prolonged. They are caused by intrinsic and extrinsic factors to the patient and depending on the depth of the lesion, they can take to complications as the osteomyelitis and the septicaemia, They can take the patient to death. Their incidence and prevalence are high, mobilizing patient, relatives and institutions of health. The major factors for their development are the pressure and friction, being their prevention more effective and economically viable that their treatment. The nursing professional is one of the patient's principal caretakers fallen ill with ulcer by pressure, since this professional is present beside the patient during great part of the time of hospitalization. However, it is known that the performance should be multiprofessional, because the predisposition for the development of the ulcers for pressure is multifactorial. The present work search to gather information about the development and prevention of the ulcers for pressure, offering subsidies for a better assistance to the patients and also serving as source of information for future researches. Key-words: Ulcer by pressure, prevention, fallen ill patients 1 Enfermeiras graduadas pelo Instituto de Ensino Superior de Rio Verde 2 Fisioterapeuta, Mestre em Engenharia Biomédica (Bioengenharia), Docente do Instituto de Ensino Superior de Rio Verde - Faculdade Objetivo.
  • 2. 1 INTRODUÇÃO As úlceras por pressão são definidas como lesões de pele ou parte moles originadas basicamente de isquemia tecidual prolongada. Qualquer posição mantida por um paciente durante um longo período de tempo pode provocar lesão tecidual, principalmente em tecidos que sobrepõe uma proeminência óssea, devido a presença de pouco tecido subcutâneo nessas regiões. A compressão dessas áreas diminui o fluxo sanguíneo local facilitando o surgimento de lesão por isquemia tecidual e necrose (IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005). A importância dada ao tema úlcera por pressão revela-se como marco a partir de 1987, quando o governo norte-americano criou um órgão para avaliação e credenciamento dos serviços de saúde – The Joint Commission for the Acreditation of Health Care Organization (JCAHO) – o qual estabeleceu que a úlcera por pressão passaria a constituir um indicador de qualidade do cuidado, tornando-se, assim, um parâmetro para avaliação dos serviços de saúde (IRION, 2005; SOUZA, 2005). As úlceras por pressão por muito tempo foram descritas como sendo um problema estritamente de enfermagem, decorrente de cuidados inadequados por parte desses profissionais. Várias evidências científicas têm mostrado que a úlcera por pressão é decorrente de fatores múltiplos, não sendo, portanto, de responsabilidade exclusiva da equipe de enfermagem. Habitualmente uma úlcera resulta de cuidados domiciliares inadequados ou desenvolvem-se no próprio hospital, em pacientes acamados, causando grande problema na rotina das instituições e dos familiares, pois são lesões de difícil cicatrização, alto custo e dor (POTTER; PERRY, 1999; SMELTZER; BARE, 2005; SOUZA, 2005; FERNANDES, 2006). A prevenção da úlcera por pressão é mais importante que as propostas de tratamento, visto que o custo é menor e o risco para o paciente é praticamente inexistente. Porém, este processo deve envolver uma equipe multidisciplinar integrada para a obtenção dos melhores resultados. O conhecimento e entendimento da definição, causas e fatores de risco por parte dos profissionais da saúde se faz necessário, a fim de se implantar medidas de prevenção e tratamento mais eficazes. No Brasil, são poucos os estudos sobre a incidência das úlceras por pressão, porém sabe-se que a prevalência no ambiente hospitalar é muito alta. Pacientes tetraplégicos (60%) e idosos com fraturas de colo de fêmur (66%) atingem as mais altas taxas de complicações, seguido por pacientes criticamente doentes (33%). De uma forma geral, aproximadamente
  • 3. 40% dos pacientes com lesões medulares que completam o seu tratamento desenvolveram uma úlcera por pressão (COSTA, 2005). O presente trabalho busca reunir informações sobre o desenvolvimento e prevenção das úlceras por pressão, oferecendo subsídios para uma melhor assistência aos pacientes e servindo também como fonte de informações para futuras pesquisas. Para tal, a revisão da literatura foi baseada em livros, dissertações, teses e artigos científicos, publicados no período de 1987 até 2007. As palavras-chave correlacionadas aos aspectos fisiopatológicos e preventivos foram combinadas de diversas formas para que a busca fosse feita de forma ampla. 2 EPIDEMIOLOGIA DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO As úlceras por pressão têm prevalência e incidência elevadas nos tratamentos agudo e de longo prazo de clientes hospitalizados e/ou acamados, podem se desenvolver em 24 horas ou espaçar 5 dias para sua manifestação (COSTA, 2003). Em 2001, nos Estados Unidos, estimava-se que 1,5 a 3 milhões de pessoas desenvolveriam úlcera por pressão no ano. Dados da população norte-americana mostram que a incidência de úlcera por pressão varia entre a população e os locais de atendimento. Nos locais de tratamento agudo, por exemplo, podem variar de 3% a 14%, em um grupo geriátrico a incidência aumenta para 24% e em pacientes com lesão medular pode chegar até 59% o total de pessoas acamadas que desenvolvem uma ou mais feridas (DELISA; GANS, 2002; SMELTZER; BARE, 2005). Mesmo sendo elevado o número de pessoas que desenvolvem úlceras por pressão, o Brasil não tem dados científicos e pesquisas nacionais que comprovem essa incidência e prevalência, o que apresenta são estudos e teses específicas de unidades de saúde as quais comprovam parcialmente a afirmação. Um estudo realizado por Costa (2003), por três meses consecutivos, no interior paulista, com 53 pacientes acamados, concluiu que 20 deles desenvolveram úlceras por pressão, ou seja, 37,7%. Outro exemplo é a tese de Rogenski e Santos (2005), que também por três meses, observaram 211 pacientes em risco de desenvolverem úlcera por pressão em um hospital universitário e concluíram que 39,8% desses pacientes apresentaram a enfermidade.
  • 4. Declair (2002, p. 6) afirma que “nos Estados Unidos em média, 2,1 milhões de pessoas apresentam úlcera por pressão no ano, equivalendo a um custo hospitalar mensal de 4 a 7 mil dólares por paciente. Ainda, segundo a autora, aqui no Brasil não existem estatísticas do número de pacientes que desenvolvem úlcera por pressão, pois os casos não são registrados ou notificados a um órgão responsável. 2.1 ÁREAS SUSCETÍVEIS E FATORES PREDISPONENTES AO DESENVOLVIMENTO DA ÚLCERA POR PRESSÃO A úlcera por pressão pode originar-se em todas as posições que sejam mantidas prolongadamente um paciente. Essas áreas incluem as regiões sacrais, coccígenas, tuberosidades isquiáticas, trocânter maior, calcâneo, maléolos, côndilo medial da tíbia, cabeça da fíbula, escápula, cotovelo, processos acromiais e cristas ilíacas (DELISA; GANS, 2002; IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005)). Estudos apontam que 95% das úlceras por pressão se desenvolvem sobre proeminências ósseas na metade inferior do corpo, em regiões sacrais, tuberosidades isquiáticas, calcâneo e trocânter maior do fêmur, pois nessas áreas concentram o maior peso corporal, consequentemente há um aumento da pressão em relação à superfície (DELISA; GANS, 2002; IRION, 2005; SMELTZER; BARE, 2005). Um estudo realizado por Costa (2005) no Hospital das Clínicas de São Paulo mostra que em 45 pacientes com 77 úlceras por pressão, 32,42% eram úlceras na região sacral, 32,47% na região trocantérica (trocânter) e 15,58% das úlceras eram nas regiões isquiáticas (ísquio). Os pacientes confinados no leito por um período longo e com dificuldades sensoriais ou motoras, cognitivas prejudicadas, imobilidade, os que apresentam atrofia muscular e redução do acolchoamento entre a pele sobreposta e o osso subjacente, estão em risco para desenvolverem úlcera por pressão. Mesmo sendo a pressão exercida no tecido, o fator mais importante para o seu desenvolvimento, outros fatores contribuem para ocorrência de úlcera por pressão (SMELTZER; BARE, 2005). Segundo Delisa e Gans (2002), os fatores que auxiliam no desenvolvimento das úlceras por pressão podem ser considerados primários e secundários. A pressão, o atrito por cisalhamento e fricção são os três fatores primários.
  • 5. Em 1989, a conferência para desenvolvimento de consenso do Conselho Nacional Consultivo Sobre Úlcera por Pressão propôs fatores de risco secundários no desenvolvimento das úlceras por pressão. Estes são definidos como características intrínsecas e extrínsecas identificáveis, que aumentam a suscetibilidade de uma pessoa às forças que induzem as feridas. Os fatores intrínsecos são aqueles inerentes ao indivíduo que predispõe os pacientes acamados às úlceras por pressão e estão relacionados às variáveis do estado físico do paciente. E os fatores extrínsecos são aqueles independentes do indivíduo e estão relacionados ao mecanismo da lesão. Nos fatores intrínsecos e extrínsecos estão incluídos mobilidade, nutrição, idade, umidade/incontinência, fumo, temperatura elevada, educação, psicossociais, estado cognitivo, lesão medular (DELISA; GANS, 2002; SMELTZER; BARE, 2005). A seguir são descritos fatores primários e secundários para o desenvolvimento das úlceras por pressão: A - Pressão A pressão capilar normal é de 32 mmHg, assim quando há uma pressão sobre as proeminências ósseas em indivíduos acamados e/ou sentados, que excede esse limite, o paciente desenvolve uma isquemia no local, sendo que o primeiro sinal é o eritema devido à hiperemia reativa, pois aparece um rubor vermelho vivo à medida que o corpo tenta suprir o tecido carente de oxigênio (DELISA; GANS, 2002; SMELTZER; BARE, 2005). Segundo Delisa e Gans (2002, p. 1116), “os tecidos podem tolerar pressões cíclicas muito mais altas que pressões constantes. Se a pressão for aliviada intermitentemente a cada 3 a 5 minutos, pressões mais altas podem ser toleradas”. Fica evidente que uma das metas mais importante que deve ser alcançada para que se obtenha uma boa recuperação do paciente é aliviar a pressão através de mudanças de decúbito freqüentes (SMELTZER; BARE, 2005). B - Cisalhamento Outro fator de risco é o cisalhamento que é uma pressão exercida quando o paciente é movido ou reposicionado na cama e/ou cadeira. Esses pacientes são recolocados na posição inicial repetidas vezes e nesse movimento a pele permanece aderida ao lençol enquanto que o restante do corpo é empurrado para cima. Devido a essa tração há a torção dos vasos sanguíneos e a interrupção da micro-circulação da pele do tecido subcutâneo. A força de
  • 6. cisalhamento é criada pela interação entre as forças gravitacionais e de atrito, que é a resistência que existe ao movimento entre duas superfícies (SMELTZER; BARE, 2005). C - Fricção A fricção acontece quando a pele se move contra uma superfície de apoio, ou seja, é a força de duas superfícies movendo-se uma sobre a outra. A fricção pode causar danos ao tecido quando o paciente é arrastado na cama, em vez de ser levantado. Isso faz com que a camada superficial de células epiteliais seja retirada. A fricção está sempre presente quando o cisalhamento acontece (DELISA; GANS, 2002; CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2006). D - Mobilidade A mobilidade tem capacidade de mudar e controlar a posição do corpo. Está relacionado ao nível de consciência e competência neurológica. É a capacidade do paciente de aliviar a pressão através do movimento e contribuir para seu bem estar físico e psíquico. As principais condições que contribuem para a imobilidade são: o acidente vascular cerebral, artrite, esclerose múltipla, lesão medular, traumatismo craniano, sedação excessiva, depressão, fraqueza e confusão (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003; MORTON et al., 2007). E - Nutrição Dois estudos prospectivos mostraram evidências de uma má dieta como fator causador na formação de úlceras por pressão. Alguns pacientes já entram no hospital desnutridos, enquanto outros, mesmo internados em bom estado nutricional para procedimentos eletivos, podem ter seu estado nutricional comprometido durante a sua hospitalização (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003). A má nutrição é considerada um dos fatores secundários relatados para o desenvolvimento da úlcera por pressão, porque contribui para diminuir a tolerância do tecido á pressão. São recomendadas dietas calóricas, ricas em proteínas e carboidratos, para promover um balanço positivo de nitrogênio e suprir as necessidades metabólicas e
  • 7. nutricionais cruciais para a prevenção das lesões (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003; SOUZA, 2007). F - Idade O envelhecimento ocasiona alterações que comprometem a habilidade da pele para distribuir efetivamente a pressão como, mudanças na síntese de colágeno que resultam em tecidos com diminuição na força mecânica e aumento na rigidez. Essas mudanças acarretam ainda a redução da capacidade do tecido de distribuir a pressão mantida sobre ele, levando a um comprometimento do fluxo sangüíneo e consequentemente ao aumento do risco para as úlceras por pressão (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003). A idade avançada também é causadora de aumento de internações hospitalares, de acamações e de condições crônicas de saúde que logo aumenta o risco de pressão, fricção, cisalhamento e diminuição da circulação sangüínea na pele (DELISA; GANS, 2002; JORGE; DANTAS, 2003). G - Umidade/Incontinência A umidade é um fator contribuinte importante no desenvolvimento de lesões cutâneas, pois quando não é controlada causa maceração (amolecimento) da pele. Com a maceração do tecido da epiderme, há uma redução na força tensiva, tornando-se fácil a compressão, a fricção e o cisalhamento, posteriormente formam-se erosões deixando um ambiente propício para crescimento de microorganismo (DELISA; GANS, 2002; MORTON et al., 2007). A incontinência é o previsor de formação de úlceras por pressão, onde a incontinência fecal pode ser um fator de risco mais importante que a incontinência urinária para a formação da lesão, pois a pele está mais exposta a bactérias e toxinas presentes nas fezes (DELISA; GANS, 2002; MORTON et al., 2007). H - Fumo O tabagismo é outro fator que expõe o paciente ao risco já que, a nicotina reduz a hemoglobina funcional e causa disfunção pulmonar, privando os tecidos de oxigenação, ou seja, produz efeitos no organismo que interferem no fluxo sanguíneo provocando
  • 8. vasoconstrição, favorecendo a diminuição do aporte de oxigênio e nutrientes para as células e o aumento da adesão de plaquetas (BRASIL, 2002; COSTA, 2003). I - Temperatura Elevada A temperatura corporal é um fator etiológico, que representa um risco maior de necrose nas úlceras por pressão. Na elevação da temperatura (hipertermia), a cada 1ºC , temos um auumento de 10% no metabolismo tecidual e na demanda de oxigênio, ocorrendo desvitalização do tecido e provocando sudorese que leva a maceração da pele (SMELTZER; BARE, 2005). Deve ser ressaltada a atenção dos profissionais quanto ao uso, nos pacientes, de roupas inadequadas, hiperemias, atritos em superfície de suporte, como colchões com capa que provoquem aquecimento, isolem e/ou conduzam calor para pele dos pacientes (DECLAIR, 2002). J - Estado Cognitivo A alteração no nível de consciência acarreta na perda da habilidade do paciente para detectar sensações que indiquem uma necessidade de mudança na posição através do movimento, com o objetivo de aliviar a pressão em regiões dotadas de proeminências ósseas. Isso aumenta a propensão de isquemia na pele que está em contato com uma superfície (DELISA; GANS, 2002). L - Lesão Medular Pacientes com lesão medular apresentam certo grau de alteração na sensibilidade térmica e tátil, o que leva à predisposição para o desenvolvimento das feridas. Geralmente, esse tipo de paciente permanece por longos períodos em uma mesma posição, exercendo compressão contínua em diferentes áreas do corpo. Além dos pacientes portadores de lesão medular, outros indivíduos acometidos por traumatismos graves podem desenvolver úlceras de pressão, também em decorrência do posicionamento (DELISA; GANS, 2002).
  • 9. 2.2 ESTÁGIOS DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO As úlceras por pressão são as únicas feridas que são estagiadas. O estagiamento é realizado quando se examinam e registram as condições da ferida e são classificadas segundo critérios estabelecidos pela National Pressure Ulcer Advisory Panel em 1989, entidade norte americana, que discrimina quatro estágios observados visualmente na evolução de uma úlcera por pressão. Os estágios são divididos em I, II, III, IV, que serão descritos a seguir: a) Estágio I: a lesão envolve somente as camadas superficiais da pele, como a epiderme e a derme. Este estágio se caracteriza por temperatura cutânea elevada devido à vasodilatação aumentada, eritema que permanece por 15 minutos ou mais após o alívio da pressão no local, dor e discreto edema, posteriormente evolui para o aspecto mosqueado, cianótico, azul-acinzentado que é o resultado da oclusão dos capilares cutâneos e o enfraquecimento subcutâneo. Em geral, esses sinais de inflamação podem ser revertidos com a remoção da pressão no local. b) Estágio II: envolve o tecido subcutâneo exibindo uma ruptura na pele através da epiderme e derme. Caracteriza-se por abrasão, bolha ou cratera superficial, necrose juntamente com o represamento venoso e trombose, edema visível, dor, extravasamento de pouco exsudato e pele adjacente vermelha ou escurecida. c) Estágio III: derme e epiderme estão destruídas e a hipoderme é atingida, este estágio caracteriza-se por presença de drenagem de exsudato amarelado ou esverdeado com odor fétido, vesícula ou cratera não muito profunda, pontos de tecidos desvitalizados, ficando o paciente susceptível as infecções. d) Estágio IV: representa destruição profunda dos tecidos, podendo atingir fáscia, envolver músculos, tendões e possivelmente osso e articulação. Caracteriza-se por tecido necrótico ou esfacelos, tunelização na ferida e drenagem de secreção com odor fétido. O risco de complicação nos portadores de úlcera por pressão como osteomielite, piartrose (formação de secreção purulenta dentro da cavidade articular) e sepsemia, é muito alto nesse estágio (PIANUCCI, 2004; SMELTZER; BARE, 2005; SILVA; FIGUEREDO; MEIRELES, 2007).
  • 10. 2.3 PREVENÇÃO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO A grande incidência e prevalência da úlcera por pressão sugerem uma atuação insuficiente dos profissionais da saúde, junto aos pacientes hospitalizados/acamados por razões diversas. Alguns autores como Lianza (1995), Candido (2001) e Benedet (2001) concordam que a equipe multidisciplinar deve estar integrada para prestar os cuidados aos pacientes acamados, que por ventura poderão apresentar riscos para integridade da pele e ainda ressaltam a importância do enfermeiro como cuidador integral do paciente. O senso comum entre os autores também diz que a prevenção da úlcera por pressão é mais importante que as propostas de tratamento, visto que, na prevenção o custo é reduzido, o risco para o paciente é nulo e sua permanência no hospital é abreviada, já que uma úlcera por pressão aumenta o risco de o paciente adquirir uma infecção concomitante aumentando assim, seu tempo de hospitalização (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007). A prevenção da úlcera por pressão é relevante, tanto para o paciente quanto para o hospital, no que se refere a custos. Várias pesquisas foram realizadas para comparar o valor de sua prevenção e da cura. Dealey (2001) comprovou que um paciente acometido por úlcera de pressão permanece em média 180 dias no hospital. Delisa e Gans (2002, p. 1116) afirmaram que pacientes com diagnóstico primário de úlcera por pressão consumiram 836 milhões de dólares em 1992 nos Estados Unidos. Sabe-se também que outros pacientes deixam de ser internados devido à ocupação dos leitos, concluindo-se então, que a prevenção exige um investimento econômico menor do que a cura. A observação e o controle rigoroso dos fatores externos e internos são indicadores de riscos essenciais no cuidado preventivo das úlceras por pressão (CANDIDO, 2001). A prevenção deve iniciar-se com orientações adequadas e estímulo ao paciente e seus familiares, salientando a importância da autodisciplina e da participação e colaboração durante o tratamento clínico (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; CANDIDO, 2001; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007). Segundo Faro (1990, p. 279) “é necessário ensinar os familiares como cuidar da pele evitando as úlceras por pressão, pois a cada ferida aberta, o tratamento clínico fica praticamente interrompido retardando o processo de reabilitação”. Devido às conseqüências da úlcera por pressão nos Estados Unidos, os organizadores da National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) criaram, em 1992, um painel Agency
  • 11. for Health Care Policy and Research (AHCPR), para as diretrizes de previsão, prevenção e tratamento das úlceras por pressão, que são baseadas nas pesquisas existentes e nas opiniões dos especialistas e têm sido bastante utilizadas em vários países para nortear a criação de padrões de qualidade para a prática. Essas diretrizes são discriminadas em quatro tópicos: avaliação do risco para desenvolvimento de úlcera por pressão; cuidados com a pele e tratamento precoce (medidas preventivas); redução da carga mecânica e utilização de superfícies de suporte e educação (TIMBY, 2001; GONÇALVES, 2002; FERNANDES, 2006). As ações preventivas dos cuidados referem-se à atenção constante às alterações da pele; identificação dos pacientes de alto risco; manutenção da higiene do paciente e leito; atenção a mudança de decúbito, aliviando a pressão e massagem de conforto, além de outras medidas como a movimentação passiva dos membros, deambulação precoce, recreação, secagem e aquecimento da comadre antes do uso no paciente, dieta e controle de ingestão líquida e orientação ao paciente e família quanto às possibilidades de úlceras por pressão (CAMPEDELLI; GAIDZINSKI, 1987; POTTER; PERRY, 1996). Os indivíduos restritos ao leito ou cadeira, ou aqueles que são incapazes de se posicionar são os mais propensos para a formação de úlceras por pressão, portanto devem receber atenção sistematizada para evitar fatores adicionais que resultem na lesão do tecido (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997). Para melhor visualização dos resultados quanto à mudança de decúbito, a equipe cuidadora pode fazer uma escala de horário, em que os pacientes em risco de prejuízo da integridade da pele, estejam no mesmo horário, posicionados em decúbito iguais (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997). Porém, na visão de Campedelli e Gaidzinski (1987), os horários não devem ser padronizados, mas sim as mudanças de decúbito devem ser realizadas de acordo com as necessidades individuais dos pacientes. A equipe deve ser preparada para avaliar as condições da pele pelo menos duas vezes ao dia e identificar se há fatores de risco, essa avaliação pode ser feita no primeiro banho do dia, porém o paciente não deve ficar exposto ao frio ou ambientes com baixa umidade, pois ambos promovem o ressecamento da pele (BACKES; GUEDES; RODRIGUES, 1999). A pele é avaliada a cada mudança de decúbito quanto à temperatura, presença de eritema e bolhas que são indicadores de provável rompimento do tecido. Os sinais de lesão na pele são mais difíceis de serem observados entre pacientes de cor parda e negra, diferente dos pacientes brancos ou amarelos, exigindo assim maior atenção da equipe de enfermagem
  • 12. (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; BACKES; GUEDES; RODRIGUES, 1999; TIMBY, 2001; SMELTZER; BARE, 2005). A higiene corporal deve ser realizada evitando o uso de sabão comum, soluções irritantes e água quente para evitar ressecamento. Deve-se usar sabão neutro ou sabonete líquido específico. A pele deve ser limpa e removidos todos os resíduos de soluções e completamente seca (DUARTE; DIOGO, 2000; DECLAIR, 2002). A cama deve ser limpa e seca, com roupas de tecido não irritantes, lisos, não engomados e sempre esticados evitando dobras. Coberturas plásticas ou protetores de cama não devem ter seu uso aceito, protegem a cama, porém podem causar sudorese, levando a maceração da pele do paciente (CAMPEDELLI; GAIDZINSKI, 1987; DUARTE; DIOGO, 2000; DECLAIR, 2002). O travesseiro ou almofadas são equipamentos usados no reposicionamento e proporcionam alinhamento corporal correto, aliviando a pressão em diversos pontos do corpo principalmente sobre proeminências ósseas. É utilizado na técnica de ponte, que consiste no posicionamento de travesseiro apoiado em dois ou mais pontos do corpo, permitindo que haja espaço entre as proeminências ósseas e o colchão (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; DUARTE; DIOGO, 2000; DECLAIR, 2002). O uso do colchão próprio, como colchão de espuma, ar estático, ar dinâmico, gel ou água, redistribui o peso corporal, reduzindo a pressão à medida que o paciente afunda no fluído, propiciando uma superfície adicional que auxilia na sustentação do corpo, além de reduzir o peso corporal por unidade de área (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; SMELTZER; BARE, 2005). A mudança de decúbito deve ser indispensável e realizada a cada 2 horas, reduzindo a força de cisalhamento e a pressão no local. O reposicionamento recupera as isquemias pela interrupção da pressão. Caso existam áreas hiperemiadas (hiperpigmentadas, avermelhadas) o paciente deve ser mudado de posição com mais freqüência e a área mais protegida (GONÇALVES, 2002). Vários autores concordam que o paciente deve ser posicionado corretamente, evitando que os mesmos sejam “arrastados” durante a movimentação, e sim que sejam erguidos utilizando-se o lençol móvel, a fim de evitar lesões causadas por fricção e força de cisalhamento. Para pacientes que podem auxiliar na movimentação usar equipamentos auxiliares como o trapézio. Algumas posições devem ser evitadas, como exemplo a posição de fowler, que é a colocação do paciente em decúbito dorsal em um ângulo de 45º no leito,
  • 13. pois esta aumenta o apoio da área corporal (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; SMELTZER; BARE, 2005). Ao colocar o paciente na posição de decúbito lateral deve-se colocá-lo inclinado 30 graus em relação à cama, nesta posição a maior pressão corporal estará sob a região glútea que poderá suportar melhor o excesso de pressão (CALIRI; RUSTICI; MARCHRY, 1997; TIMBY, 2001; SMELTZER; BARE, 2005). Outros cuidados preventivos são os exercícios ativos e passivos, que são essenciais, pois aumentam o tônus muscular da pele, ativa a circulação, aumenta a demanda de oxigênio, reduz a isquemia tissular e a elevação dos membros inferiores promove o retorno venoso, diminui a congestão e melhora a perfusão tissular. Além disso, a equipe e os familiares devem estar atentos a presença de pregas no lençol, pressão causadas pelos tubos de soro e de sonda, que podem contribuir para o aumento da pressão e consequentemente reduzir a circulação (SMELTZER; BARE, 2005). As massagens de conforto através de manipulação manual sistêmica dos tecidos corporais com propósitos terapêuticos, devem ser efetuadas na pele íntegra limpa e em todas as zonas de pressão após o posicionamento do paciente, por um período de no mínimo dez minutos. Devem ser utilizados ácidos graxos essenciais que promovem a hidratação ou amido de milho que reduz a fricção, promovendo mais conforto e estimulando a circulação local. Essa medida também produz relaxamento, porém deve ser evitada nas áreas de saliência óssea ou em hiperemia (CAMPEDELLI; GAIDZINSKI, 1987; GONCALVES, 1996; DECLAIR, 2002; DUARTE; DIOGO, 2002). Os programas educativos são importantes por ajudar na previsão e prevenção das lesões, sendo que a instalação ou desenvolvimento das úlceras por pressão, são menores em pacientes mais informados. Devem-se organizar programas educativos para todos os níveis de profissionais de saúde, familiares e cuidadores com o intuito de prever o aparecimento das feridas em indivíduos acamados. O baixo nível educacional não seria importante na reabilitação aguda, mas sim na prevenção e no período de acompanhamento (DELISA; GANS, 2002; IRION, 2005).
  • 14. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da falta de estatística no Brasil sobre úlcera por pressão, o problema é constante nas pessoas acamadas, sugerindo um cuidado inadequado prestado pelos profissionais de saúde. A equipe de enfermagem é a mais atuante junto aos pacientes acamados, uma vez que permanecem ao lado do paciente e de sua família tempo integral durante a hospitalização. Por esta razão, os profissionais de enfermagem são os principais responsáveis na prevenção do aparecimento dessas feridas. Porém, sabe-se que a atuação deve ser multiprofissional, pois a predisposição para o desenvolvimento das úlceras por pressão é multifatorial. Percebe-se a importância do conhecimento de toda a equipe envolvida no cuidado e também do bom senso das unidades de saúde para o controle do problema que pode ser evitado. No mercado já existem inúmeros produtos e dispositivos para a prevenção e tratamentos das úlceras por pressão, cada qual com sua especificidade, individualidade e custo, exigindo apenas conhecimento dos profissionais para a escolha adequada. Diante do exposto, concluímos sobre a importância da informação e a atualização para os profissionais de enfermagem sobre úlcera por pressão, sua prevenção e tratamento em pacientes acamados, pois somente assim se consegue a excelência no cuidado. REFERÊNCIAS BACKES, Dirce Stain; GUEDES, Sandra Maria Barbosa; RODRIGUES, Zeli Coelho. Prevenção de úlceras de pressão: uma maneira barata e eficiente de cuidar. Nursing. Rev. Técnica de enfermagem; Edição brasileira, São Paulo, ano 2, n.9, p.22-27, fev. 1999. BENEDET, S.A. Manual de diagnóstico de enfermagem: Uma abordagem baseada na teoria das necessidades humanas básicas e na classificação diagnóstica da NANDA; 2ª ed Florianópolis: Bernúncia, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de Condutas para Úlcera Neurotróficas e Traumáticas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
  • 15. BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo Patologia Geral. 3ª ed. Belo Horizonte: Guanabara, 2003. CALIRI, Maria Helena L.; RUSTICI, Andréia Carla F.; MACHRY, A. L. Prevenção de úlcera de pressão em pacientes com lesão medular: só o conhecimento é suficiente?. II Congresso Latino Americano de Estomaterapia. (Resumo) São Paulo, setembro de 1997. CAMPEDELLI, Maria Coeli; GAIDZINSKI, Raquel Rapone. Escara: Problema na hospitalização. São Paulo: Ática, 1987. CANDIDO, Luiz Cláudio. Nova abordagem no tratamento de feridas. São Paulo: Senac, 2001. CARVALHO FILHO, Eurico Thomaz de; PAPALÉO NETTO, Matheus. Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutica. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2006. COSTA, Idevânia Geraldina. Incidência de úlcera de pressão e fatores de risco relacionados em pacientes de um centro de terapia intensiva. 125 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2003. COSTA, Márcio Paulino et al. Epidemiologia e tratamento das úlceras de pressão: experiência de 77 casos. Acta Ortop. Bras., Santa Cecília, v. 13, n. 3, p. 124-133, 2005. DEALEY, Carol. Cuidando de feridas: um guia para enfermeiras. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2001. DECLAIR, Vânia. Escara de decúbito: prevenção e tratamento. Nursing, São Paulo, v.53, p. 5-6, out. 2002. DELISA, Joel A.; GANS, Bruce M. Tratado de Medicina de Reabilitação: princípios e práticas. 3ª ed. Barueri, Manole, 2002. DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira; DIOGO, Maria José D'elboux. Atendimento Domiciliar: Um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000.
  • 16. FARO, Ana Cristina Mancussi E. Fatores de risco para úlcera por pressão: subsídios para prevenção. Ver. Esc. Enfermagem USP; v.33 (3): p.279-283, set.1999. FERNANDES, Luciana Magnani. Efeitos de intervenções educativas no conhecimento e práticas de profissionais de enfermagem e na incidência de úlcera de pressão em centro de Terapia Intensiva. 215 f. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006. GONÇALVES, M.T.F. A úlcera de pressão e o idoso. Nursing, São Paulo, v. 5 n. 44, p. 29- 34, jan. 2002. IRION, Glenn. Feridas: novas abordagens, manejo clínico e atlas em cores. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. JORGE, Sílvia Angélica Jorge; DANTAS, Sônia Regina Pérez Evangelista. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2003. LIANZA, Sérgio. Medicina de Reabilitação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. MORTON, Patrícia Gonce et al. Cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. PIANUCCI, Ana. Saber cuidar: procedimentos básicos em enfermagem. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2004. POTTER, Patrícia A.; PERRY, Anne Griffin. Fundamentos de Enfermagem. 4ª ed. v. 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. PRITCHARD, Van. Calculating the risk. Nursing Times, London, v.19, p. 59-61, Feb. 1998. ROGENSKI, Noemi Marisa Brunet; SANTOS, Vera Lúcia Conceição de Gouveia. Estudo sobre a incidência de úlcera por pressão em um hospital universitário. Rev Latino-am Enfermagem, Ribeirão Preto, v.13, n. 3, p. 474-480, julho-agosto, 2005.
  • 17. SILVA, Roberto Carlos Lyra; FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; MEIRELES, Isabella Barbosa (Org). Feridas, fundamentos e atualizações em enfermagem. São Caetano do Sul: Yendis, 2007. SMELTZER, Suzanne C; BARE, Brenda G. Tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 10ª ed. v.1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. SOUZA, Telma Theodoro. Importância da terapia nutricional especializada na cicatrização de úlceras de decúbito. Nutrição em Pauta. Revista online, mar./abr. 2003. Disponível em <htpp://www.nutricaoempauta.com.Br/novo/47/entparent.html>. Acesso em: 09 out. 2007. SOUZA. Diba Maria S T. Incidência de Úlcera de pressão e fatores de risco em idosos institucionalizados. 119 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005. TIMBY, Bárbara K. Conceitos e habilidades fundamentais no atendimento de enfermagem. Trad. Regina Garcez. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.