SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  15
Télécharger pour lire hors ligne
IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIA E
    CONCEITOS SOB A ÓTICA DA
         ENFERMAGEM
                           LILIAN GRAZIELE
                          MÔNICA CASSIANO
                         VALDECI FERREIRA




           FORTALEZA
              2010
APRESENTAÇÃO

            Apesar das políticas públicas de saúde atuais não funcionarem tão bem quanto no papel,
podemos dizer que, certamente, elas já melhoraram muito pelo simples fato de existirem e por tratarem
do assunto com vistas à realidade do coletivo, pois se norteiam e deliberam suas decisões a partir de
princípios que veem o ser de cuidado em sua totalidade, visando suas necessidades como
biopsicossociais e não mais só pela necessidade da cura da patologia como prezava a medicina
curativa até meados dos anos 80.

           O assunto apresentado com maior ênfase nesse livro é a Imunização, peça integrante na
melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e das políticas de saúde pública do Brasil. O surgimento
do Programa Nacional de Imunização (PNI) foi um importante marco na história da saúde do país.

            Por isso, no primeiro capítulo, nos propusemos a fazer um breve apanhado histórico da
saúde coletiva no Brasil, partindo do “descobrimento” do país até a criação do PNI. Relevamos fatos
que tiveram maior importância para o surgimento deste programa, contudo, não fizemos esse
retrospecto partindo da visão de historiadores e sim de promovedores de saúde, pois nos detemos a
repassar ao leitor informações e conceitos do ponto de vista do enfermeiro.

           Depois do retrospecto histórico, definimos os conceitos e a importância da imunização e do
programa relacionado a tal fim, o PNI, pois nesse segundo capítulo apresentamos como se dá o
funcionamento deste programa e apontamos quais os tipos de medicamentos que são utilizados para
cada indivíduo em cada faixa etária. Nesse mesmo capítulo expomos as tabelas que funcionam como
paradigmas a serem seguidos e que indicam quando cada medicamento deve ser administrado em cada
período da vida.

            No terceiro e último capítulo, falamos do papel do enfermeiro no PNI, definimos as
atribuições pertinentes, não só ao enfermeiro, mas, à equipe de enfermagem. Dessa forma nos vimos
na obrigação de não apresentar tais atribuições apenas de maneira subjetiva e sim de detalhá-las, para
que assim se possa perceber o real valor da equipe de enfermagem dentro do Programa Nacional de
Imunização.

            Esperamos que o leitor tire bom proveito das informações aqui destacadas e que essas
poucas palavras consigam instigar cada um deles à uma leitura mais aprofundada sobre o assunto que é
de extrema importância não só para os profissionais da saúde, mas, também, para todos os outros
membros da sociedade que utilizaram, utilizam ou utilizarão os serviços de imunização. Já que o
conhecimento do usuário, em relação ao PNI, o levará a fazer melhor uso desse programa e assim
ajudar a si mesmo e o país.
SUMÁRIO

1. RETROSPECÇÃO HISTÓRICA: DA DOENÇA À IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA
NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI) NO BRASIL .........................................................................4
2. IMUNIZAÇÃO E PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE: CONCEITOS E
FUNCIONALIDADE..............................................................................................................................7
     2.1       Tipos de Imunidade ..................................................................................................................7
     2.2       Programa Nacional de Imunização.........................................................................................7
     2.2.1  Calendário Básico Nacional de Vacinação da Criança (Fonte: Ministério da saúde –
     Adaptado) ............................................................................................................................................8
     2.2.2  Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente (Fonte: Ministério da saúde –
     Adaptado) ............................................................................................................................................9
     2.2.3   Calendário Básico Nacional de Vacinação do Adulto e Idoso (Fonte: Ministério da
     saúde – Adaptado)...............................................................................................................................9
3. O PAPEL DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA NACIONAL DE
IMUNIZAÇÃO......................................................................................................................................10
     3.1       Avaliação de Processo ............................................................................................................10
     3.2       Avaliação de Resultados ........................................................................................................10
     3.3       Atendimento ao Usuário ........................................................................................................11
4.      REFERÊNCIAS .............................................................................................................................12
1. RETROSPECÇÃO HISTÓRICA: DA                                   Muitos foram os anos, e porque não
      DOENÇA À IMPLANTAÇÃO DO                        dizer, séculos, de descontrole sobre as doenças
        PROGRAMA NACIONAL DE                         e de sofrimento da população durante este
      IMUNIZAÇÃO (PNI) NO BRASIL                     período de descaso com a saúde, fator que
                                                     aumentou demasiadamente o número de mortes


            J    á no início de sua existência até
                 muito tempo depois da
                 famigerada independência, o
nosso país foi utilizado como ponto de
                                                     causadas por epidemias em nosso país.
                                                                  É aceitável que na época da
                                                     “Descoberta do Brasil” e nos primeiros
                                                     períodos que a sucederam (como o período da
embarque e desembarque dos grandes navios            Colonização, da Monarquia e do início da
mercantilistas que ora viajavam para negociar        República) houvessem mortes ocasionadas por
nas índias e ora vinham apenas para buscar o         doenças hoje vistas como de prevenção ou cura
que lhes interessavam, aqui mesmo, em nossas         simples, já que nestes períodos ainda não havia
terras.                                              políticas ou até mesmo tecnologias ou
            Devido à chegada e saída de              descobertas medicinais que pudessem evitar
pessoas dos mais diversos lugares do mundo e,        tamanha problemática.
também, à precariedade que havia na qualidade                     No entanto, esse problema ainda
de vida da época, eis que surgem os primeiros        perdurou por muitos séculos até ser implantada
problemas relacionados à proliferação de             a primeira campanha de vacinação no Brasil.
doenças que atingiam, principalmente, os             Demora esta que já não era mais motivada pela
índios que morriam às centenas, fazendo com          falta de tecnologias e descobertas medicinais,
que hoje percebamos isto como um verdadeiro          mas sim pela omissão daqueles que deveriam
genocídio     ocasionado       pela    falta    de   promover políticas públicas de saúde que
responsabilidade      dos     indivíduos     ditos   beneficiassem, mesmo que minimamente, o
civilizados e pela sua voraz ganância.               povo.
                                                                  Deixando para trás os fatos
                                                     desumanos dos primórdios da nossa história e a
                                                     falta de recursos da época, nos voltamos para
                                                     um período mais recente em que os fatos
                                                     também não se diferenciavam tanto da nossa
                                                     história regressa, já que a imensa desigualdade
                                                     social relacionada ao direito à saúde ainda se
                                                     fazia presente em nossa sociedade nos séculos
                                                     XIX e XX. Mesmo durante o início do
                                                     “presidencialismo democrático”, ainda houve
                                                     total descaso e omissão do governo no que diz
                                                     respeito à impetração de políticas públicas de
                                                     saúde.
                                                                  A Proclamação da República, por
            Contudo, este problema, que de           exemplo, funcionara apenas no papel, pois
início teve como causadores: a falta de              continuava a colaborar apenas com a burguesia
princípios éticos e morais daqueles que se           da época, sendo esta bem representada pelo
diziam colonizadores e; os atos inescrupulosos,      coronelismo e seus votos de cabresto.
atribuídos aos mesmos, sempre movidos pelo                        Diante desses acontecimentos, Não
sofrimento de muitos desfavorecidos e a favor        fica difícil entender o porquê das cidades
do deleite de poucos poderosos no decorrer da        brasileiras terem ficado tanto tempo entregue às
existência do nosso país, não foi fácil conter os    epidemias.
surtos e epidemias de doenças até então                           No início do século XX, cidades,
desconhecidas.                                       como a do Rio de Janeiro, tinham sua
                                                     população atingida por doenças graves devido a
                                                     falta de compromisso do governo com a
                                                     situação sanitária do país, o que comprometia
IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM


desde a saúde coletiva até mesmo ao comércio                            Medidas de saneamento, como
exterior, pois os empresários não permitiam                assistência hospitalar e a criação de órgãos
mais que seus navios atracassem nos portos das             especializados no combate à tuberculose, à
cidades brasileiras.                                       lepra e às doenças venéreas, foram expandidas
             As      epidemias      aumentaram             para alguns estados do Brasil, o que melhorou
substancialmente, ao ponto de diminuir os                  consideravelmente a situação caótica em que o
ganhos do país com o afastamento desses                    país se encontrava.
navios. Por conta dessas percas, surge uma                              Todavia, esse movimento visava
medida desesperada do então presidente do                  apenas os estados e as cidades que faziam parte
Brasil, Rodrigues Alves, que nomeia Oswaldo                da economia agro-exportadora da época,
Cruz ao cargo de Diretor do Departamento                   erradicando ou controlando as doenças que
Federal de Saúde Pública, este último promete              poderiam prejudicar os lucros advindos da
erradicar a febre-amarela.                                 exportação. Assim fica explícito que desde o
             A partir de ações autoritárias dos            final do século passado até o início dos anos 60
“guardas sanitários” (figuras marcantes do                 o modelo campanhista ainda predominou,
movimento intitulado Campanhista), Oswaldo                 tendo sido este apenas melhorado por ações que
Cruz, mesmo sob críticas e revoltas do povo,               não visaram o bem-estar geral do povo e sim os
consegue manter o controle do mosquito vetor               ganhos econômicos.
da febre amarela. Devido ao sancionamento da                            Depois desse importante marco na
lei Federal nº 1261, de 31 de outubro de 1904,             história do sanitarismo brasileiro outro grande
que obrigava a vacina antivaríola em todo o                acontecimento, que marcou o surgimento da
território nacional, surgiu a Revolta da Vacina,           previdência social no Brasil, adveio de
um grande movimento popular contra a                       movimentos         de     trabalhadores      que
obrigatoriedade da vacinação.                              reivindicavam melhores condições de trabalho
             Apesar de toda a arbitrariedade que           e de qualidade de vida, principalmente os
o movimento campanhista atribui aos seus                   trabalhadores imigrantes europeus, como os
serviços, suas ações serviram como modelo                  “anarquistas” italianos.
para o atual sistema de imunização, graças à                            Devido a esses movimentos
diminuição dos casos das doenças que se                    trabalhistas, no ano de 1923, surgiram as
propôs tratar.                                             CAP’s (Caixas de Aposentadoria e Pensão) que
                                                           traziam também outros benefícios como a
                                                           assistência médica. Esse tipo de previdência
                                                           não arrolava os trabalhadores rurais, pois de
                                                           acordo com a lei que criavam as CAP’s (Lei
                                                           Eloy Chaves) os beneficiados seriam apenas
                                                           aqueles trabalhadores dos centros urbanos.
                                                                        A assistência médica aplicada na
                                                           época seguia uma visão cartesiana de
                                                           intervenção direta, pois só havia ação da
                                                           assistência médica voltada à cura da doença e
                                                           não à promoção da saúde coletiva.
                                                                        Depois     do     nascimento     da
                                                           previdência     social    no     Brasil,   outro
          Em 1920, Carlos Chagas, sucessor                 acontecimento importante que modificou a
de Oswaldo Cruz no cargo de Diretor do                     prestação de saúde no país foi a crise dos anos
Departamento Nacional de Saúde, houve uma                  30, que foi comandado por Getúlio Vargas.
grande melhora da saúde pública brasileira,                             Logo após essa vitória, o então
pois o mesmo introduziu a propaganda e a                   presidente Getúlio Vargas, cria os Ministérios
educação sanitária como integrantes de um                  do Trabalho, da Educação e Saúde e da
novo modelo de saúde.                                      Indústria e Comércio.
                                                                        Durante o período em que Getúlio
                                                           esteve no governo, foram promulgadas duas
                                                      5
constituições, a de 1934 que implantou o           e institucionalizado pelo decreto nº 78.231 de
Estado Novo e a de 1937, que centralizou o         12 de agosto de 1976.
poder presidencialista o que caracterizou o                    No entendimento de Temporão
início da ditadura.                                (2003, p. 602),
             Neste período de crescimento                     Os anos 1970, década de contrastes e
industrial, houve grande aumento da massa                     de enfrentamento de múltiplos
assalariada e uma tendência a imigração de                    modelos e projetos no campo da saúde,
indivíduos de outros estados e cidades para os                foram      determinantes   na     atual
locais chamados pólos, onde foi crescente o                   configuração do sistema de saúde
                                                              brasileiro. Foi um tempo de introdução
surgimento de favelas. Mesmo estas favelas
                                                              de propostas racionalizadoras, do
tendo como moradores um grande número de                      planejamento como instrumento do
assalariados, a aglomeração nesses locais não                 desenvolvimento de políticas públicas,
contemplados por serviços do governo como,                    do surgimento de iniciativas que
por exemplo, os serviços de saneamento                        propugnavam a universalização dos
básicos, fez com que o número de doenças                      cuidados em saúde e da estruturação de
aumentasse nestes aglomerados.                                um novo campo de saber e práticas, o
             Houveram algumas mudanças na                     denominado movimento sanitário
Previdência do Estado Novo, como por                          brasileiro.
exemplo, a substituição das antigas CAP’s                      Com o surgimento do PNI, o
pelos Institutos de Aposentadoria e Pensão         processo de imunização por imunobiológicos
(IAP’s). Contudo, os trabalhadores rurais ainda    que antes era prestado somente para doenças
continuavam sem direito a participarem das         específicas como a varíola e a febre amarela, a
mesmas, pois os IAP’s representavam classes        vacinação foi incorporada na rotina dos
de trabalhadores urbanos.                          serviços de saúde.
             Com o início do regime militar, foi               Esse programa, apesar de ser
implementado a unificação dos IAP’s, que após      nacional, visou a descentralização dos serviços
a fusão foi denominado de Instituto Nacional       por meio de normas e parâmetros técnicos para:
de Previdência Social, que por influência dos      a utilização de imunobiológicos, fornecimento
muitos IAP’s que já contavam com serviços e        destes para estados e municípios; coordenação
hospitais próprios, o que findou mantendo a        e supervisão do uso desses imunobiológicos;
visão privatizante de criação de complexos         participação na produção de imunobiológicos
médicos-industriais.                               fabricados no país.
                                                               Atualmente o rol de doenças que
                                                   são contempladas com essa medida de
                                                   prevenção foi ampliado, sendo que hoje os
                                                   calendários básicos contam com 12 vacinas.
                                                   Esses números nos mostram que aquilo que
                                                   antes foi chamado de modelo campanhista e
                                                   que até gerou a revolta da vacina incentivou
                                                   positivamente à criação do PNI brasileiro,
                                                   reconhecido pela Organização Mundial de
                                                   Saúde por alguns feitos marcantes como a
                                                   erradicação da poliomielite e da varíola,
                                                   fazendo do nosso programa de imunização algo
                                                   de sumo importância e necessidade para a
                                                   manutenção da saúde do povo brasileiro.




            Foi neste contexto em que a
assistência médica curativa predominava que o
Ministério da Saúde fundou o Programa
Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973
IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM


                                                                       Existem dois tipos de anticorpos,
    2. IMUNIZAÇÃO E PROGRAMA                               aqueles colhidos dos humanos, chamados
   NACIONAL DE SAÚDE: CONCEITOS                            imunoglobulina e aqueles que são oriundos
          E FUNCIONALIDADE                                 dos animais, denominados soros. Aqueles são
                                                           abstraídos de humanos previamente imunizados
                                                           e estes de animais hiperimunizados.


           I
                 munização é o ato ou efeito de
                 imunizar que se define pela
                 aquisição      de      proteção
imunológica contra doenças de caráter
infeccioso. Esta prática tem objetiva aumentar a
resistência de um indivíduo contra tais
infecções a partir do uso de imunobiológicos.

           A imunização é feita por intermédio
de      vacinas       (Imunização       Ativa),
imunoglobulinas (Imunização Passiva) ou até
mesmo por soro contendo anticorpos                              2.2 Programa Nacional de Imunização
(Imunização Passiva).
                                                                          O  Programa      Nacional      de
   2.1 Tipos de Imunidade                                  Imunização (PNI) surgiu na tentativa de
                                                           erradicar doenças que assolavam a população
           As vacinas são usadas para induzir              brasileira. Atravessou várias barreiras desde o
a imunidade ativa e por isso são chamadas de               seu processo de estruturação até a sua
imunizantes ativos, pois a administração da                consolidação, as vezes por divergências
mesma em um indivíduo sadio resultará numa                 políticas, outras pelas dificuldades de se
resposta intrínseca, biológica, que ativará a              implantar intervenções a nível nacional.
produção de anticorpos específicos e estes, por                        No entanto, como já vimos no
sua vez, serão responsáveis por criar uma                  primeiro capítulo, foi criado com base no
resposta contra o corpo estranho, criando assim            movimento campanhista de Oswaldo Cruz, que
uma defesa duradoura do organismo por meio                 empregava imunobiológicos na tentativa de
de células de memória que estarão aptas a                  imunizar os indivíduos contra determinadas
combater uma provável infecção daquele                     doenças, no caso em questão a varíola e a febre
microorganismo que fora apresentado durante a              amarela.
vacinação. Assim, a imunidade é induzida                               A princípio o PNI foi instituído, de
contra futuras infecções pelo mesmo                        acordo com seu documento conceitual, com o
microorganismo e se manterá ativa durante                  intuito programático que relacionava as
muitos anos.                                               seguintes exigências
                                                                          seria preciso estender as vacinações às
            A imunização passiva consiste na                              áreas rurais, aperfeiçoar a vigilância
indução de anticorpos administrados no                                    epidemiológica em todo o território
indivíduo, estes anticorpos agirão contra uma                             nacional, capacitar laboratórios oficiais
infecção particular. A imunidade passiva é                                para a respaldarem com diagnóstico,
temporária, tem curta duração e mantém o                                  instituir pelo menos um laboratório
indivíduo imunizado por apenas poucas                                     nacional de referência para o controle
                                                                          de qualidade das vacinas, racionalizar
semanas ou meses. Por outro lado sua resposta
                                                                          sua aquisição e distribuição e
é mais rápida que a da vacina, já que no caso da                          uniformizar      as     técnicas      de
imunidade passiva os anticorpos já estão                                  administração ... além de promover a
prontos para agir contra a infecção.                                      educação em saúde para aumentar a
                                                                          receptividade da população aos


                                                      7
programas    de         vacinação          para ampliar o nível de proteção da população
              (BENCHIMOL, 2001, p. 320).                 contra     as    doenças     infecto-contagiosas
            As melhoras na cobertura das                 preveníveis por imunização enquanto que este
vacinações só aumentaram a cada ano. Nos                 aderiu as campanhas proporcionadas pelo PNI.
seus 27 anos de existência, o PNI ampliou a                          Atualmente o PNI é estruturado,
cobertura vacinal média da população, em                 além das campanhas nacionais, por calendários
menores de um ano, para 90% (Brasil, 1998).              que preconizam requisitos básicos para a
            Todo esse esforço rendeu ao Brasil,          vacinação a qualquer período do ano.
em 1994, o certificado internacional de                              O Ministério da Saúde adota,
erradicação da poliomielite. Tudo graças à               atualmente, três calendários, são eles:
estratégias bem elaboradas, como por exemplo,                    da criança;
o estabelecimento dos dias nacionais de                          do adolescente;
vacinação (estratégia que teve início em 1980 e                  do adulto e idoso.
que até hoje é mantida), que permitiu                                Estes        calendários       serão
ampliação significativa da cobertura vacinal.            apresentados aqui de maneira simplista para
             Desta forma, os resultados são              que o leitor possa entender e utilizar de forma
facilmente evidenciados e todos esses                    correta os serviços do PNI.
resultados são frutos do esforço do país em
consonância com seu povo, pois aquele lutou
   Idade               Vacinas               Doses                         Doenças evitadas
 Ao Nascer               BCG               Dose Única                Formas Graves de Tuberculose
                      Hepatite B            1ª Dose                       Hepatite pelo vírus B
   1 mês              Hepatite B            2ª Dose                       Hepatite pelo vírus B
                   VOP (Vacina Oral         1ª Dose                   Poliomielite (Paralisia Infantil)
                     contra Pólio)
                Tetravalente (DTP+HIB)       1ª Dose             Difteria, tétano, coqueluche, meningite e
  2 meses                                                             outras infecções causadas pelo
                                                                       Haemophilus influenzae tipo b
                VORH (vacinal Oral de        1ª Dose                        Diarréia por Rotavírus
                  Rotavírus Humano)
                   VOP (Vacina Oral          2ª Dose                  Poliomielite (Paralisia Infantil)
                     contra Pólio)
                Tetravalente (DTP+HIB)       2ª Dose             Difteria, tétano, coqueluche, meningite e
  4 meses                                                             outras infecções causadas pelo
                                                                       Haemophilus influenzae tipo b
                VORH (vacinal Oral de        2ª Dose                        Diarréia por Rotavírus
                  Rotavírus Humano)
  6 meses          VOP (Vacina Oral          3ª Dose                  Poliomielite (Paralisia Infantil)
                     contra Pólio)
                Tetravalente (DTP+HIB)       3ª Dose             Difteria, tétano, coqueluche, meningite e
                                                                      outras infecções causadas pelo
                                                                       Haemophilus influenzae tipo b
                      Hepatite B            3ª Dose                          Hepatite pelo vírus B
  9 meses           Febre Amarela          Dose Única                          Febre Amarela
  12 meses          SCR (Sarampo,          Dose Única                  Sarampo, caxumba e rubéola
                  caxumba e rubéola)
  15 meses         VOP (Vacina Oral          Reforço                  Poliomielite (Paralisia Infantil)
                     contra Pólio)
                     DTP (Tríplice          1º Reforço                Difteria, tétano e coqueluche
                      Bacteriana)
 4 a 6 anos          DTP (Tríplice          2º Reforço                Difteria, tétano e coqueluche
                      Bacteriana)
                    SCR (Sarampo,            Reforço                  Sarampo, caxumba e rubéola
                  caxumba e rubéola)

   2.2.1 Calendário Básico Nacional de Vacinação da Criança (Fonte: Ministério da saúde –
         Adaptado)
IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM




       Idade                 Vacinas                      Doses                      Doenças Evitadas
De 11 a 19 anos (na         Hepatite B                   1ª Dose                    Hepatite pelo vírus B
 primeira visita ao    dT (Dupla tipo adulta)            1ª Dose                      Difteria e tétano
 serviço de saúde)        Febre Amarela                 Dose Única                    Febra Amarela
                        SCR (Tríplice viral)            Dose Única              Sarampo, caxumba e rubéola
1 mês após a 1ª dose        Hepatite B                   2ª Dose                    Hepatite pelo vírus B
    de hepatite b
  6 meses após a 1ª         Hepatite B                    3ª Dose                    Hepatite pelo vírus B
  dose de hepatite b
  2 meses após a 1ª    dT (Dupla tipo adulta)             2ª Dose                       Difteria e tétano
     dose de dT
  2 meses após a 2ª    dT (Dupla tipo adulta)             3ª Dose                       Difteria e tétano
     dose de dT
 A cada 10 anos por    dT (Dupla tipo adulta)             Reforço                       Difteria e tétano
     toda a vida          Febre Amarela                   Reforço                       Febre Amarela

   2.2.2 Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente (Fonte: Ministério da saúde –
         Adaptado)


       Idade                 Vacinas                      Doses                     Doenças Evitadas
                         dT (Dupla adulto)               1ª Dose                     Difteria e Tétano
 A partir de 20 anos      Febre Amarela                 Dose Única                    Febre Amarela
                        SCR (Tríplice viral)            Dose Única              Sarampo, caxumba e rubéola
 2 meses após a 1ª       dT (Dupla adulto)               2ª Dose                     Difteria e Tétano
     dose de dT
 2 meses após a 2ª       dT (Dupla adulto)                3ª Dose                       Difteria e Tétano
     dose de dT
 A cada 10 anos por    dT (Dupla tipo adulta)            Reforço                      Difteria e tétano
     toda a vida          Febre Amarela                  Reforço                       Febre Amarela
                            Influenza                   Dose anual                    Influenza (gripe)
  60 anos ou mais          Pneumococo                   Dose Única                 Pneumonia causada por
                                                                                        pneumococo

    2.2.3 Calendário Básico Nacional de Vacinação do Adulto e Idoso (Fonte: Ministério da
           saúde – Adaptado)
                                                            Em alguns casos especiais, como de
            Cada um desses calendários         pessoas que trabalham em instituições fechadas
representa um esquema a ser seguido, sempre    ou profissionais de saúde, algumas vacinas
respeitando os critérios de idade, tipo de     estão liberadas mesmo que fora do período de
vacina, doses e, explicita também, quais       vacinação ou que estes não correspondam aos
doenças evitadas por cada vacina.              critérios pré-estabelecidos pelos calendários.
            No caso do calendário de                        Algumas vacinas, como a febre
adolescente, será utilizado somente nos casos  amarela, serão utilizadas para áreas de risco,
de adolescente sem comprovação de vacina       não sendo obrigatória nas outras regiões.
anterior.




                                                   9
que contribuam para esse bom funcionamento
         3. O PAPEL DA EQUIPE DE                   são:
        ENFERMAGEM NO PROGRAMA
          NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO                      Manter a sala de vacinas sempre viável e
                                                      aberta para prestação de serviços ao público;


           A
                      enfermagem é a profissão        Operacionalizar o controle sobre as
                     que preza pelo bem-estar         condições de higiene e limpeza das
                     físico e mental dos              geladeiras de estoque, assim como da
indivíduos que necessitam de cuidados. Ela não        disposição do lixo final produzido na sala de
se relaciona apenas com a cura de doenças, mas        vacina;
sim com a promoção e a prevenção das mesmas           Supervisionar       a       qualidade      do
junto às comunidades.                                 acondicionamento dos imunobiológicos,
             A enfermagem tem demonstrado             acompanhando o registro e o Controle de
solidez em todos os âmbitos em que presta seus        Temperatura;
serviços. No PNI não poderia ser diferente,           Atentar para as normas técnicas corretas na
conhecimentos      baseados    em    pesquisas        administração dos imunobiológicos pelo
científicas    desviam     os   conhecimentos         pessoal responsável pela administração;
empíricos oriundos de hábitos ou de tradições,        Verificar a obediência ao esquema de
assim facilitam as tomadas de decisões.               vacinação proposto pelo Ministério da
             Sendo assim, fica claro a                Saúde;
importância dos profissionais de enfermagem           Estar disponível para tirar dúvidas quanto ao
para a manutenção dos serviços do PNI, seja           tipo de vacina a ser utilizada em casos não
fazendo o papel de gestores, de educadores ou         rotineiros;
de agentes ativos da promoção da saúde                Viabilizar treinamentos e reciclagens em
durante campanhas.                                    caso de mudança de técnicas;
           Cabe à enfermagem o planejamento,
                                                      Solicitar manutenção de equipamentos,
           organização, supervisão e execução
           das atividades de enfermagem em            assim como solucionar a manutenção
           unidade de saúde, bem como fazer           adequada da rede de frios;
           parte na elaboração multiprofissional      Organizar as campanhas de vacina nacionais
           de programas de saúde direcionados à       ou     outra   qualquer      em    área    de
           coletividade de responsabilidade da        responsabilidade da unidade de saúde;
           unidade de saúde (ALEXANDRE;               Verificar dados das campanhas e assim
           DAVID, 2008, p 107).                       propor projetos que aumentem a cobertura
            As atribuições supracitadas dizem         vacinal.
respeito à organização geral dos locais de
vacinação. No entanto, quanto à vacinação em
si, cabe a enfermagem: avaliação do processo
através do desenvolvimento de formas de
monitoramento, e avaliação de resultados pela
averiguação de estados de mudança ou
metamorfose ocorrida na realidade.

   3.1 Avaliação de Processo

            O enfermeiro é responsável pela
manutenção da sala de vacina e de seus
acessórios, pois a sala de vacina é o local
destinado à administração de imunobiológicos       Modelo de Sala de Vacinação (Fonte: Ministério da
                                                   saúde – Adaptado)
e por isso deve garantir a máxima segurança
dos procedimentos. Algumas das atribuições do         3.2 Avaliação de Resultados
enfermeiro em relação ao bom funcionamento
das salas de vacina e à avaliação de processos
IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM


            Em relação a este tópico, o                        Solicitar a apresentação da carteira de
enfermeiro age como pesquisador/cientista,                     vacinação para verificar se as doses foram
pois a partir de estudos embasados no                          seguidas corretamente e verificando a
cientificismo faz levantamentos sobre a                        necessidade    de     complementação      do
funcionalidade dos serviços prestados. Com                     calendário vacinal, segundo o ciclo de vida;
isso ele consegue avaliar os erros e acertos e                 Orientar sobre possíveis reações, esperadas
assim melhorar a cobertura dos serviços                        ou adversas, sem causar apreensões ao
vacinais. Para isso é necessário que o                         usuário;
enfermeiro siga os seguintes parâmetros:                       Preparar o imunobiológico para a
                                                               administração, sempre atentando para os
  Avalia e busca soluções que visem diminuir                   cuidados com a profilaxia.
  oportunidades perdidas de vacina;
  Avalia se o serviço vem melhorando no
  acolhimento e nas orientações após a
  realização das reciclagens;
  Acompanha as temperaturas das geladeiras
  que acondicionam as vacinas sempre após a
  ocorrência de manutenção dos equipamentos
  ou da rede elétrica;
  Realizar estudos estatísticos sobre a
  cobertura vacinal e o controle das doenças
  transmissíveis para a abrangência da
  unidade de saúde;
  Oferecer o retorno estatístico à comunidade
  que recebe o serviço e à equipe de saúde da
  unidade.
                                                           Técnica de lavagem das mãos antes de iniciar a
                                                           vacinação.
   3.3 Atendimento ao Usuário
                                                                       A enfermagem, portanto, assume
            Além de todas as técnicas e rotinas            papel de suma importância no Programa
citadas anteriormente, o enfermeiro deve ser               Nacional de Imunização, pois une todos os
capaz de entender a subjetividade de cada                  critérios que regem este programa, fazendo dele
indivíduo que necessita da unidade de saúde, já            um dos programas mais bem sucedidos no
que      deverá       realizar     atendimento             Brasil.
individualizado, tratando com equidade e
empatia cada usuário.
            A equipe de enfermagem colabora
em todos os âmbitos do PNI, mas é ela a
responsável pelo atendimento do usuário, por
isso deve tomar alguns cuidados para que este
atendimento seja satisfatório e livre de riscos
como infecções cruzadas, são eles:

  Realizar       atendimento     individualizado
  seguindo a ordem de chegada e observando
  a critérios éticos e humanitários;
  Indagar ao responsável pela criança ou a
  usuário (quando adulto), quanto: às
  condições de saúde atual ou à ocorrência de
  reações adversas quando da tomada de doses
  anteriores;
                                                     11
4. REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, Lourdes Bernadete S. P.;
DAVID, Rosana. Vacinas: orientações
práticas. Ed. Martinari, São Paulo, 2008.

BENCHIMOL, J. L.. Febre amarela: a doença
e a vacina, uma história inacabada. Editora
Fiocruz, Rio de Janeiro, 2001.

BRASIL, Ministério da Saúde. Programa
Nacional de Imunizações. PNI 25 anos. 1998
Brasília, Fundação Nacional de Saúde.

TEMPORÃO, José Gomes. O Programa
Nacional   de    Imunização:      origens  e
desenvolvimento. História, Ciências, Saúde-
Manguinhos, v. 10, n. 2, p. 601-617, 2003.

Contenu connexe

Tendances

Perguntas e Respostas - Saúde Indígena
Perguntas e Respostas - Saúde IndígenaPerguntas e Respostas - Saúde Indígena
Perguntas e Respostas - Saúde IndígenaMinistério da Saúde
 
Estratégia saúde da família
Estratégia saúde da famíliaEstratégia saúde da família
Estratégia saúde da famíliaRuth Milhomem
 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)Sanny Pereira
 
A Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na Humanização
A Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na HumanizaçãoA Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na Humanização
A Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na HumanizaçãoAssociação Viva e Deixe Viver
 
Estrutura Organizacional e os Serviços de Enfermagem
Estrutura Organizacional e os Serviços de EnfermagemEstrutura Organizacional e os Serviços de Enfermagem
Estrutura Organizacional e os Serviços de EnfermagemCentro Universitário Ages
 
Saúde pública no Brasil
Saúde pública no BrasilSaúde pública no Brasil
Saúde pública no BrasilAndreia Morais
 
Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)
Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)
Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)Fernanda Clara
 
Trichomonas 30 10 (1)
Trichomonas 30 10 (1)Trichomonas 30 10 (1)
Trichomonas 30 10 (1)Igor Vinicius
 
HIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e Prevencao
HIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e PrevencaoHIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e Prevencao
HIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e PrevencaoAlexandre Naime Barbosa
 
Dengue Casos Clínicos - Professor Robson
Dengue Casos Clínicos - Professor RobsonDengue Casos Clínicos - Professor Robson
Dengue Casos Clínicos - Professor RobsonProfessor Robson
 
Programa nacional de imunizacao pni-aula-nadja
Programa nacional de imunizacao pni-aula-nadjaPrograma nacional de imunizacao pni-aula-nadja
Programa nacional de imunizacao pni-aula-nadjaNadja Salgueiro
 

Tendances (20)

Pnh
PnhPnh
Pnh
 
Aula vacina esus
Aula vacina esusAula vacina esus
Aula vacina esus
 
Perguntas e Respostas - Saúde Indígena
Perguntas e Respostas - Saúde IndígenaPerguntas e Respostas - Saúde Indígena
Perguntas e Respostas - Saúde Indígena
 
Slides vacinção
Slides vacinçãoSlides vacinção
Slides vacinção
 
Imunização vacinas.pptx
Imunização vacinas.pptxImunização vacinas.pptx
Imunização vacinas.pptx
 
Aula Introdutória de Saúde Coletiva
Aula Introdutória de Saúde ColetivaAula Introdutória de Saúde Coletiva
Aula Introdutória de Saúde Coletiva
 
Estratégia saúde da família
Estratégia saúde da famíliaEstratégia saúde da família
Estratégia saúde da família
 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)
 
A Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na Humanização
A Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na HumanizaçãoA Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na Humanização
A Política Nacional de Humanização e a Mudança de Paradigma na Humanização
 
Estrutura Organizacional e os Serviços de Enfermagem
Estrutura Organizacional e os Serviços de EnfermagemEstrutura Organizacional e os Serviços de Enfermagem
Estrutura Organizacional e os Serviços de Enfermagem
 
Vacinas
VacinasVacinas
Vacinas
 
Saúde pública no Brasil
Saúde pública no BrasilSaúde pública no Brasil
Saúde pública no Brasil
 
Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)
Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)
Regionalização e Hierarquização (Vigilância Epidemiológica e Saúde Pública)
 
Trichomonas 30 10 (1)
Trichomonas 30 10 (1)Trichomonas 30 10 (1)
Trichomonas 30 10 (1)
 
SUS - Aula
SUS - AulaSUS - Aula
SUS - Aula
 
HIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e Prevencao
HIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e PrevencaoHIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e Prevencao
HIV/Aids em 2019 Epidemiologia, Fisiopatologia, Tratamento e Prevencao
 
História das Vacinas
História das VacinasHistória das Vacinas
História das Vacinas
 
Dengue Casos Clínicos - Professor Robson
Dengue Casos Clínicos - Professor RobsonDengue Casos Clínicos - Professor Robson
Dengue Casos Clínicos - Professor Robson
 
Programa nacional de imunizacao pni-aula-nadja
Programa nacional de imunizacao pni-aula-nadjaPrograma nacional de imunizacao pni-aula-nadja
Programa nacional de imunizacao pni-aula-nadja
 
Programa psf
Programa psfPrograma psf
Programa psf
 

Similaire à História da imunização no Brasil desde o descobrimento até a criação do PNI

Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]Camila Viana
 
História das políticas de saúde no brasil
História das políticas de saúde no brasilHistória das políticas de saúde no brasil
História das políticas de saúde no brasilFlavia Navarro de Sousa
 
A Origem da Enfermagem Profissional no Brasil
 A Origem da Enfermagem Profissional no Brasil A Origem da Enfermagem Profissional no Brasil
A Origem da Enfermagem Profissional no BrasilJean Pierre Claudino
 
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasilAula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasilGuilherme Araújo
 
Saúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de ruaSaúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de ruaRosane Domingues
 
Saúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de ruaSaúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de ruaRosane Domingues
 
A Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democrático
A Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democráticoA Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democrático
A Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democráticoJesus Rios
 
O BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMO
O BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMOO BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMO
O BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMOFernando Alcoforado
 
Pré projeto final - 12.06.2013
Pré projeto final - 12.06.2013Pré projeto final - 12.06.2013
Pré projeto final - 12.06.2013Nathália Colt
 
Síntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde PúblicaSíntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde PúblicaSebástian Freire
 
SOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE
SOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDESOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE
SOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDEJonathan Coelho
 
O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...
O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...
O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...Eduarda Pereira
 
Legislação do SUS para Concursos
Legislação do SUS para ConcursosLegislação do SUS para Concursos
Legislação do SUS para ConcursosSergio Cabral
 
Violência e meios de comunicação na sociedade contemporânea
Violência e meios de comunicação na sociedade contemporâneaViolência e meios de comunicação na sociedade contemporânea
Violência e meios de comunicação na sociedade contemporâneaguestc0a037
 

Similaire à História da imunização no Brasil desde o descobrimento até a criação do PNI (20)

Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
Historia das-politicas-de-saude-no-brasil-[16-030112-ses-mt]
 
História das políticas de saúde no brasil
História das políticas de saúde no brasilHistória das políticas de saúde no brasil
História das políticas de saúde no brasil
 
Texto e exercícios
Texto e exercíciosTexto e exercícios
Texto e exercícios
 
Os condenados da lepra
Os condenados da lepraOs condenados da lepra
Os condenados da lepra
 
A Origem da Enfermagem Profissional no Brasil
 A Origem da Enfermagem Profissional no Brasil A Origem da Enfermagem Profissional no Brasil
A Origem da Enfermagem Profissional no Brasil
 
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasilAula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
Aula 2 -_histria_da_sade_pblica_no_brasil
 
Os condenados da lepra
Os condenados da lepraOs condenados da lepra
Os condenados da lepra
 
Trabalho sus
Trabalho susTrabalho sus
Trabalho sus
 
Dossiê do genocídio negro
Dossiê do genocídio negroDossiê do genocídio negro
Dossiê do genocídio negro
 
Saúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de ruaSaúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de rua
 
Saúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de ruaSaúde da população em situação de rua
Saúde da população em situação de rua
 
A sociedade ocupa a tv
A sociedade ocupa a tvA sociedade ocupa a tv
A sociedade ocupa a tv
 
A Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democrático
A Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democráticoA Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democrático
A Voz do Brasil e sua obrigatoreidade em um país democrático
 
O BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMO
O BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMOO BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMO
O BRASIL NA IDADE DAS TREVAS BOLSONARISTA E O RESGATE DO ILUMINISMO
 
Pré projeto final - 12.06.2013
Pré projeto final - 12.06.2013Pré projeto final - 12.06.2013
Pré projeto final - 12.06.2013
 
Síntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde PúblicaSíntese Politica de Saúde Pública
Síntese Politica de Saúde Pública
 
SOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE
SOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDESOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE
SOCIOLOGIA POLITICAS PUBLICAS DE SAÚDE
 
O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...
O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...
O discurso de que a mídia tem capacidade de influenciar o cotidiano da socied...
 
Legislação do SUS para Concursos
Legislação do SUS para ConcursosLegislação do SUS para Concursos
Legislação do SUS para Concursos
 
Violência e meios de comunicação na sociedade contemporânea
Violência e meios de comunicação na sociedade contemporâneaViolência e meios de comunicação na sociedade contemporânea
Violência e meios de comunicação na sociedade contemporânea
 

Plus de Neto Pontes

Mod suporte basico_v5
Mod suporte basico_v5Mod suporte basico_v5
Mod suporte basico_v5Neto Pontes
 
Mudanças na gravidez: Postura e deambulação
Mudanças na gravidez: Postura e deambulaçãoMudanças na gravidez: Postura e deambulação
Mudanças na gravidez: Postura e deambulaçãoNeto Pontes
 
Mini Banner - Aleitamento Materno
Mini Banner - Aleitamento MaternoMini Banner - Aleitamento Materno
Mini Banner - Aleitamento MaternoNeto Pontes
 
Mini Banner - Consulta Pré-natal
Mini Banner - Consulta Pré-natalMini Banner - Consulta Pré-natal
Mini Banner - Consulta Pré-natalNeto Pontes
 
Saúde da Mulher
Saúde da MulherSaúde da Mulher
Saúde da MulherNeto Pontes
 
Encefalite herpética estudo de caso
Encefalite herpética   estudo de casoEncefalite herpética   estudo de caso
Encefalite herpética estudo de casoNeto Pontes
 
Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)
Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)
Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)Neto Pontes
 

Plus de Neto Pontes (7)

Mod suporte basico_v5
Mod suporte basico_v5Mod suporte basico_v5
Mod suporte basico_v5
 
Mudanças na gravidez: Postura e deambulação
Mudanças na gravidez: Postura e deambulaçãoMudanças na gravidez: Postura e deambulação
Mudanças na gravidez: Postura e deambulação
 
Mini Banner - Aleitamento Materno
Mini Banner - Aleitamento MaternoMini Banner - Aleitamento Materno
Mini Banner - Aleitamento Materno
 
Mini Banner - Consulta Pré-natal
Mini Banner - Consulta Pré-natalMini Banner - Consulta Pré-natal
Mini Banner - Consulta Pré-natal
 
Saúde da Mulher
Saúde da MulherSaúde da Mulher
Saúde da Mulher
 
Encefalite herpética estudo de caso
Encefalite herpética   estudo de casoEncefalite herpética   estudo de caso
Encefalite herpética estudo de caso
 
Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)
Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)
Informações Básicas (Cuidados com o RN e Amamentação)
 

História da imunização no Brasil desde o descobrimento até a criação do PNI

  • 1. IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIA E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM LILIAN GRAZIELE MÔNICA CASSIANO VALDECI FERREIRA FORTALEZA 2010
  • 2.
  • 3. APRESENTAÇÃO Apesar das políticas públicas de saúde atuais não funcionarem tão bem quanto no papel, podemos dizer que, certamente, elas já melhoraram muito pelo simples fato de existirem e por tratarem do assunto com vistas à realidade do coletivo, pois se norteiam e deliberam suas decisões a partir de princípios que veem o ser de cuidado em sua totalidade, visando suas necessidades como biopsicossociais e não mais só pela necessidade da cura da patologia como prezava a medicina curativa até meados dos anos 80. O assunto apresentado com maior ênfase nesse livro é a Imunização, peça integrante na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e das políticas de saúde pública do Brasil. O surgimento do Programa Nacional de Imunização (PNI) foi um importante marco na história da saúde do país. Por isso, no primeiro capítulo, nos propusemos a fazer um breve apanhado histórico da saúde coletiva no Brasil, partindo do “descobrimento” do país até a criação do PNI. Relevamos fatos que tiveram maior importância para o surgimento deste programa, contudo, não fizemos esse retrospecto partindo da visão de historiadores e sim de promovedores de saúde, pois nos detemos a repassar ao leitor informações e conceitos do ponto de vista do enfermeiro. Depois do retrospecto histórico, definimos os conceitos e a importância da imunização e do programa relacionado a tal fim, o PNI, pois nesse segundo capítulo apresentamos como se dá o funcionamento deste programa e apontamos quais os tipos de medicamentos que são utilizados para cada indivíduo em cada faixa etária. Nesse mesmo capítulo expomos as tabelas que funcionam como paradigmas a serem seguidos e que indicam quando cada medicamento deve ser administrado em cada período da vida. No terceiro e último capítulo, falamos do papel do enfermeiro no PNI, definimos as atribuições pertinentes, não só ao enfermeiro, mas, à equipe de enfermagem. Dessa forma nos vimos na obrigação de não apresentar tais atribuições apenas de maneira subjetiva e sim de detalhá-las, para que assim se possa perceber o real valor da equipe de enfermagem dentro do Programa Nacional de Imunização. Esperamos que o leitor tire bom proveito das informações aqui destacadas e que essas poucas palavras consigam instigar cada um deles à uma leitura mais aprofundada sobre o assunto que é de extrema importância não só para os profissionais da saúde, mas, também, para todos os outros membros da sociedade que utilizaram, utilizam ou utilizarão os serviços de imunização. Já que o conhecimento do usuário, em relação ao PNI, o levará a fazer melhor uso desse programa e assim ajudar a si mesmo e o país.
  • 4.
  • 5. SUMÁRIO 1. RETROSPECÇÃO HISTÓRICA: DA DOENÇA À IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI) NO BRASIL .........................................................................4 2. IMUNIZAÇÃO E PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE: CONCEITOS E FUNCIONALIDADE..............................................................................................................................7 2.1 Tipos de Imunidade ..................................................................................................................7 2.2 Programa Nacional de Imunização.........................................................................................7 2.2.1 Calendário Básico Nacional de Vacinação da Criança (Fonte: Ministério da saúde – Adaptado) ............................................................................................................................................8 2.2.2 Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente (Fonte: Ministério da saúde – Adaptado) ............................................................................................................................................9 2.2.3 Calendário Básico Nacional de Vacinação do Adulto e Idoso (Fonte: Ministério da saúde – Adaptado)...............................................................................................................................9 3. O PAPEL DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO......................................................................................................................................10 3.1 Avaliação de Processo ............................................................................................................10 3.2 Avaliação de Resultados ........................................................................................................10 3.3 Atendimento ao Usuário ........................................................................................................11 4. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................12
  • 6.
  • 7. 1. RETROSPECÇÃO HISTÓRICA: DA Muitos foram os anos, e porque não DOENÇA À IMPLANTAÇÃO DO dizer, séculos, de descontrole sobre as doenças PROGRAMA NACIONAL DE e de sofrimento da população durante este IMUNIZAÇÃO (PNI) NO BRASIL período de descaso com a saúde, fator que aumentou demasiadamente o número de mortes J á no início de sua existência até muito tempo depois da famigerada independência, o nosso país foi utilizado como ponto de causadas por epidemias em nosso país. É aceitável que na época da “Descoberta do Brasil” e nos primeiros períodos que a sucederam (como o período da embarque e desembarque dos grandes navios Colonização, da Monarquia e do início da mercantilistas que ora viajavam para negociar República) houvessem mortes ocasionadas por nas índias e ora vinham apenas para buscar o doenças hoje vistas como de prevenção ou cura que lhes interessavam, aqui mesmo, em nossas simples, já que nestes períodos ainda não havia terras. políticas ou até mesmo tecnologias ou Devido à chegada e saída de descobertas medicinais que pudessem evitar pessoas dos mais diversos lugares do mundo e, tamanha problemática. também, à precariedade que havia na qualidade No entanto, esse problema ainda de vida da época, eis que surgem os primeiros perdurou por muitos séculos até ser implantada problemas relacionados à proliferação de a primeira campanha de vacinação no Brasil. doenças que atingiam, principalmente, os Demora esta que já não era mais motivada pela índios que morriam às centenas, fazendo com falta de tecnologias e descobertas medicinais, que hoje percebamos isto como um verdadeiro mas sim pela omissão daqueles que deveriam genocídio ocasionado pela falta de promover políticas públicas de saúde que responsabilidade dos indivíduos ditos beneficiassem, mesmo que minimamente, o civilizados e pela sua voraz ganância. povo. Deixando para trás os fatos desumanos dos primórdios da nossa história e a falta de recursos da época, nos voltamos para um período mais recente em que os fatos também não se diferenciavam tanto da nossa história regressa, já que a imensa desigualdade social relacionada ao direito à saúde ainda se fazia presente em nossa sociedade nos séculos XIX e XX. Mesmo durante o início do “presidencialismo democrático”, ainda houve total descaso e omissão do governo no que diz respeito à impetração de políticas públicas de saúde. A Proclamação da República, por Contudo, este problema, que de exemplo, funcionara apenas no papel, pois início teve como causadores: a falta de continuava a colaborar apenas com a burguesia princípios éticos e morais daqueles que se da época, sendo esta bem representada pelo diziam colonizadores e; os atos inescrupulosos, coronelismo e seus votos de cabresto. atribuídos aos mesmos, sempre movidos pelo Diante desses acontecimentos, Não sofrimento de muitos desfavorecidos e a favor fica difícil entender o porquê das cidades do deleite de poucos poderosos no decorrer da brasileiras terem ficado tanto tempo entregue às existência do nosso país, não foi fácil conter os epidemias. surtos e epidemias de doenças até então No início do século XX, cidades, desconhecidas. como a do Rio de Janeiro, tinham sua população atingida por doenças graves devido a falta de compromisso do governo com a situação sanitária do país, o que comprometia
  • 8. IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM desde a saúde coletiva até mesmo ao comércio Medidas de saneamento, como exterior, pois os empresários não permitiam assistência hospitalar e a criação de órgãos mais que seus navios atracassem nos portos das especializados no combate à tuberculose, à cidades brasileiras. lepra e às doenças venéreas, foram expandidas As epidemias aumentaram para alguns estados do Brasil, o que melhorou substancialmente, ao ponto de diminuir os consideravelmente a situação caótica em que o ganhos do país com o afastamento desses país se encontrava. navios. Por conta dessas percas, surge uma Todavia, esse movimento visava medida desesperada do então presidente do apenas os estados e as cidades que faziam parte Brasil, Rodrigues Alves, que nomeia Oswaldo da economia agro-exportadora da época, Cruz ao cargo de Diretor do Departamento erradicando ou controlando as doenças que Federal de Saúde Pública, este último promete poderiam prejudicar os lucros advindos da erradicar a febre-amarela. exportação. Assim fica explícito que desde o A partir de ações autoritárias dos final do século passado até o início dos anos 60 “guardas sanitários” (figuras marcantes do o modelo campanhista ainda predominou, movimento intitulado Campanhista), Oswaldo tendo sido este apenas melhorado por ações que Cruz, mesmo sob críticas e revoltas do povo, não visaram o bem-estar geral do povo e sim os consegue manter o controle do mosquito vetor ganhos econômicos. da febre amarela. Devido ao sancionamento da Depois desse importante marco na lei Federal nº 1261, de 31 de outubro de 1904, história do sanitarismo brasileiro outro grande que obrigava a vacina antivaríola em todo o acontecimento, que marcou o surgimento da território nacional, surgiu a Revolta da Vacina, previdência social no Brasil, adveio de um grande movimento popular contra a movimentos de trabalhadores que obrigatoriedade da vacinação. reivindicavam melhores condições de trabalho Apesar de toda a arbitrariedade que e de qualidade de vida, principalmente os o movimento campanhista atribui aos seus trabalhadores imigrantes europeus, como os serviços, suas ações serviram como modelo “anarquistas” italianos. para o atual sistema de imunização, graças à Devido a esses movimentos diminuição dos casos das doenças que se trabalhistas, no ano de 1923, surgiram as propôs tratar. CAP’s (Caixas de Aposentadoria e Pensão) que traziam também outros benefícios como a assistência médica. Esse tipo de previdência não arrolava os trabalhadores rurais, pois de acordo com a lei que criavam as CAP’s (Lei Eloy Chaves) os beneficiados seriam apenas aqueles trabalhadores dos centros urbanos. A assistência médica aplicada na época seguia uma visão cartesiana de intervenção direta, pois só havia ação da assistência médica voltada à cura da doença e não à promoção da saúde coletiva. Depois do nascimento da previdência social no Brasil, outro Em 1920, Carlos Chagas, sucessor acontecimento importante que modificou a de Oswaldo Cruz no cargo de Diretor do prestação de saúde no país foi a crise dos anos Departamento Nacional de Saúde, houve uma 30, que foi comandado por Getúlio Vargas. grande melhora da saúde pública brasileira, Logo após essa vitória, o então pois o mesmo introduziu a propaganda e a presidente Getúlio Vargas, cria os Ministérios educação sanitária como integrantes de um do Trabalho, da Educação e Saúde e da novo modelo de saúde. Indústria e Comércio. Durante o período em que Getúlio esteve no governo, foram promulgadas duas 5
  • 9. constituições, a de 1934 que implantou o e institucionalizado pelo decreto nº 78.231 de Estado Novo e a de 1937, que centralizou o 12 de agosto de 1976. poder presidencialista o que caracterizou o No entendimento de Temporão início da ditadura. (2003, p. 602), Neste período de crescimento Os anos 1970, década de contrastes e industrial, houve grande aumento da massa de enfrentamento de múltiplos assalariada e uma tendência a imigração de modelos e projetos no campo da saúde, indivíduos de outros estados e cidades para os foram determinantes na atual locais chamados pólos, onde foi crescente o configuração do sistema de saúde brasileiro. Foi um tempo de introdução surgimento de favelas. Mesmo estas favelas de propostas racionalizadoras, do tendo como moradores um grande número de planejamento como instrumento do assalariados, a aglomeração nesses locais não desenvolvimento de políticas públicas, contemplados por serviços do governo como, do surgimento de iniciativas que por exemplo, os serviços de saneamento propugnavam a universalização dos básicos, fez com que o número de doenças cuidados em saúde e da estruturação de aumentasse nestes aglomerados. um novo campo de saber e práticas, o Houveram algumas mudanças na denominado movimento sanitário Previdência do Estado Novo, como por brasileiro. exemplo, a substituição das antigas CAP’s Com o surgimento do PNI, o pelos Institutos de Aposentadoria e Pensão processo de imunização por imunobiológicos (IAP’s). Contudo, os trabalhadores rurais ainda que antes era prestado somente para doenças continuavam sem direito a participarem das específicas como a varíola e a febre amarela, a mesmas, pois os IAP’s representavam classes vacinação foi incorporada na rotina dos de trabalhadores urbanos. serviços de saúde. Com o início do regime militar, foi Esse programa, apesar de ser implementado a unificação dos IAP’s, que após nacional, visou a descentralização dos serviços a fusão foi denominado de Instituto Nacional por meio de normas e parâmetros técnicos para: de Previdência Social, que por influência dos a utilização de imunobiológicos, fornecimento muitos IAP’s que já contavam com serviços e destes para estados e municípios; coordenação hospitais próprios, o que findou mantendo a e supervisão do uso desses imunobiológicos; visão privatizante de criação de complexos participação na produção de imunobiológicos médicos-industriais. fabricados no país. Atualmente o rol de doenças que são contempladas com essa medida de prevenção foi ampliado, sendo que hoje os calendários básicos contam com 12 vacinas. Esses números nos mostram que aquilo que antes foi chamado de modelo campanhista e que até gerou a revolta da vacina incentivou positivamente à criação do PNI brasileiro, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde por alguns feitos marcantes como a erradicação da poliomielite e da varíola, fazendo do nosso programa de imunização algo de sumo importância e necessidade para a manutenção da saúde do povo brasileiro. Foi neste contexto em que a assistência médica curativa predominava que o Ministério da Saúde fundou o Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973
  • 10. IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM Existem dois tipos de anticorpos, 2. IMUNIZAÇÃO E PROGRAMA aqueles colhidos dos humanos, chamados NACIONAL DE SAÚDE: CONCEITOS imunoglobulina e aqueles que são oriundos E FUNCIONALIDADE dos animais, denominados soros. Aqueles são abstraídos de humanos previamente imunizados e estes de animais hiperimunizados. I munização é o ato ou efeito de imunizar que se define pela aquisição de proteção imunológica contra doenças de caráter infeccioso. Esta prática tem objetiva aumentar a resistência de um indivíduo contra tais infecções a partir do uso de imunobiológicos. A imunização é feita por intermédio de vacinas (Imunização Ativa), imunoglobulinas (Imunização Passiva) ou até mesmo por soro contendo anticorpos 2.2 Programa Nacional de Imunização (Imunização Passiva). O Programa Nacional de 2.1 Tipos de Imunidade Imunização (PNI) surgiu na tentativa de erradicar doenças que assolavam a população As vacinas são usadas para induzir brasileira. Atravessou várias barreiras desde o a imunidade ativa e por isso são chamadas de seu processo de estruturação até a sua imunizantes ativos, pois a administração da consolidação, as vezes por divergências mesma em um indivíduo sadio resultará numa políticas, outras pelas dificuldades de se resposta intrínseca, biológica, que ativará a implantar intervenções a nível nacional. produção de anticorpos específicos e estes, por No entanto, como já vimos no sua vez, serão responsáveis por criar uma primeiro capítulo, foi criado com base no resposta contra o corpo estranho, criando assim movimento campanhista de Oswaldo Cruz, que uma defesa duradoura do organismo por meio empregava imunobiológicos na tentativa de de células de memória que estarão aptas a imunizar os indivíduos contra determinadas combater uma provável infecção daquele doenças, no caso em questão a varíola e a febre microorganismo que fora apresentado durante a amarela. vacinação. Assim, a imunidade é induzida A princípio o PNI foi instituído, de contra futuras infecções pelo mesmo acordo com seu documento conceitual, com o microorganismo e se manterá ativa durante intuito programático que relacionava as muitos anos. seguintes exigências seria preciso estender as vacinações às A imunização passiva consiste na áreas rurais, aperfeiçoar a vigilância indução de anticorpos administrados no epidemiológica em todo o território indivíduo, estes anticorpos agirão contra uma nacional, capacitar laboratórios oficiais infecção particular. A imunidade passiva é para a respaldarem com diagnóstico, temporária, tem curta duração e mantém o instituir pelo menos um laboratório indivíduo imunizado por apenas poucas nacional de referência para o controle de qualidade das vacinas, racionalizar semanas ou meses. Por outro lado sua resposta sua aquisição e distribuição e é mais rápida que a da vacina, já que no caso da uniformizar as técnicas de imunidade passiva os anticorpos já estão administração ... além de promover a prontos para agir contra a infecção. educação em saúde para aumentar a receptividade da população aos 7
  • 11. programas de vacinação para ampliar o nível de proteção da população (BENCHIMOL, 2001, p. 320). contra as doenças infecto-contagiosas As melhoras na cobertura das preveníveis por imunização enquanto que este vacinações só aumentaram a cada ano. Nos aderiu as campanhas proporcionadas pelo PNI. seus 27 anos de existência, o PNI ampliou a Atualmente o PNI é estruturado, cobertura vacinal média da população, em além das campanhas nacionais, por calendários menores de um ano, para 90% (Brasil, 1998). que preconizam requisitos básicos para a Todo esse esforço rendeu ao Brasil, vacinação a qualquer período do ano. em 1994, o certificado internacional de O Ministério da Saúde adota, erradicação da poliomielite. Tudo graças à atualmente, três calendários, são eles: estratégias bem elaboradas, como por exemplo, da criança; o estabelecimento dos dias nacionais de do adolescente; vacinação (estratégia que teve início em 1980 e do adulto e idoso. que até hoje é mantida), que permitiu Estes calendários serão ampliação significativa da cobertura vacinal. apresentados aqui de maneira simplista para Desta forma, os resultados são que o leitor possa entender e utilizar de forma facilmente evidenciados e todos esses correta os serviços do PNI. resultados são frutos do esforço do país em consonância com seu povo, pois aquele lutou Idade Vacinas Doses Doenças evitadas Ao Nascer BCG Dose Única Formas Graves de Tuberculose Hepatite B 1ª Dose Hepatite pelo vírus B 1 mês Hepatite B 2ª Dose Hepatite pelo vírus B VOP (Vacina Oral 1ª Dose Poliomielite (Paralisia Infantil) contra Pólio) Tetravalente (DTP+HIB) 1ª Dose Difteria, tétano, coqueluche, meningite e 2 meses outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b VORH (vacinal Oral de 1ª Dose Diarréia por Rotavírus Rotavírus Humano) VOP (Vacina Oral 2ª Dose Poliomielite (Paralisia Infantil) contra Pólio) Tetravalente (DTP+HIB) 2ª Dose Difteria, tétano, coqueluche, meningite e 4 meses outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b VORH (vacinal Oral de 2ª Dose Diarréia por Rotavírus Rotavírus Humano) 6 meses VOP (Vacina Oral 3ª Dose Poliomielite (Paralisia Infantil) contra Pólio) Tetravalente (DTP+HIB) 3ª Dose Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b Hepatite B 3ª Dose Hepatite pelo vírus B 9 meses Febre Amarela Dose Única Febre Amarela 12 meses SCR (Sarampo, Dose Única Sarampo, caxumba e rubéola caxumba e rubéola) 15 meses VOP (Vacina Oral Reforço Poliomielite (Paralisia Infantil) contra Pólio) DTP (Tríplice 1º Reforço Difteria, tétano e coqueluche Bacteriana) 4 a 6 anos DTP (Tríplice 2º Reforço Difteria, tétano e coqueluche Bacteriana) SCR (Sarampo, Reforço Sarampo, caxumba e rubéola caxumba e rubéola) 2.2.1 Calendário Básico Nacional de Vacinação da Criança (Fonte: Ministério da saúde – Adaptado)
  • 12. IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM Idade Vacinas Doses Doenças Evitadas De 11 a 19 anos (na Hepatite B 1ª Dose Hepatite pelo vírus B primeira visita ao dT (Dupla tipo adulta) 1ª Dose Difteria e tétano serviço de saúde) Febre Amarela Dose Única Febra Amarela SCR (Tríplice viral) Dose Única Sarampo, caxumba e rubéola 1 mês após a 1ª dose Hepatite B 2ª Dose Hepatite pelo vírus B de hepatite b 6 meses após a 1ª Hepatite B 3ª Dose Hepatite pelo vírus B dose de hepatite b 2 meses após a 1ª dT (Dupla tipo adulta) 2ª Dose Difteria e tétano dose de dT 2 meses após a 2ª dT (Dupla tipo adulta) 3ª Dose Difteria e tétano dose de dT A cada 10 anos por dT (Dupla tipo adulta) Reforço Difteria e tétano toda a vida Febre Amarela Reforço Febre Amarela 2.2.2 Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente (Fonte: Ministério da saúde – Adaptado) Idade Vacinas Doses Doenças Evitadas dT (Dupla adulto) 1ª Dose Difteria e Tétano A partir de 20 anos Febre Amarela Dose Única Febre Amarela SCR (Tríplice viral) Dose Única Sarampo, caxumba e rubéola 2 meses após a 1ª dT (Dupla adulto) 2ª Dose Difteria e Tétano dose de dT 2 meses após a 2ª dT (Dupla adulto) 3ª Dose Difteria e Tétano dose de dT A cada 10 anos por dT (Dupla tipo adulta) Reforço Difteria e tétano toda a vida Febre Amarela Reforço Febre Amarela Influenza Dose anual Influenza (gripe) 60 anos ou mais Pneumococo Dose Única Pneumonia causada por pneumococo 2.2.3 Calendário Básico Nacional de Vacinação do Adulto e Idoso (Fonte: Ministério da saúde – Adaptado) Em alguns casos especiais, como de Cada um desses calendários pessoas que trabalham em instituições fechadas representa um esquema a ser seguido, sempre ou profissionais de saúde, algumas vacinas respeitando os critérios de idade, tipo de estão liberadas mesmo que fora do período de vacina, doses e, explicita também, quais vacinação ou que estes não correspondam aos doenças evitadas por cada vacina. critérios pré-estabelecidos pelos calendários. No caso do calendário de Algumas vacinas, como a febre adolescente, será utilizado somente nos casos amarela, serão utilizadas para áreas de risco, de adolescente sem comprovação de vacina não sendo obrigatória nas outras regiões. anterior. 9
  • 13. que contribuam para esse bom funcionamento 3. O PAPEL DA EQUIPE DE são: ENFERMAGEM NO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO Manter a sala de vacinas sempre viável e aberta para prestação de serviços ao público; A enfermagem é a profissão Operacionalizar o controle sobre as que preza pelo bem-estar condições de higiene e limpeza das físico e mental dos geladeiras de estoque, assim como da indivíduos que necessitam de cuidados. Ela não disposição do lixo final produzido na sala de se relaciona apenas com a cura de doenças, mas vacina; sim com a promoção e a prevenção das mesmas Supervisionar a qualidade do junto às comunidades. acondicionamento dos imunobiológicos, A enfermagem tem demonstrado acompanhando o registro e o Controle de solidez em todos os âmbitos em que presta seus Temperatura; serviços. No PNI não poderia ser diferente, Atentar para as normas técnicas corretas na conhecimentos baseados em pesquisas administração dos imunobiológicos pelo científicas desviam os conhecimentos pessoal responsável pela administração; empíricos oriundos de hábitos ou de tradições, Verificar a obediência ao esquema de assim facilitam as tomadas de decisões. vacinação proposto pelo Ministério da Sendo assim, fica claro a Saúde; importância dos profissionais de enfermagem Estar disponível para tirar dúvidas quanto ao para a manutenção dos serviços do PNI, seja tipo de vacina a ser utilizada em casos não fazendo o papel de gestores, de educadores ou rotineiros; de agentes ativos da promoção da saúde Viabilizar treinamentos e reciclagens em durante campanhas. caso de mudança de técnicas; Cabe à enfermagem o planejamento, Solicitar manutenção de equipamentos, organização, supervisão e execução das atividades de enfermagem em assim como solucionar a manutenção unidade de saúde, bem como fazer adequada da rede de frios; parte na elaboração multiprofissional Organizar as campanhas de vacina nacionais de programas de saúde direcionados à ou outra qualquer em área de coletividade de responsabilidade da responsabilidade da unidade de saúde; unidade de saúde (ALEXANDRE; Verificar dados das campanhas e assim DAVID, 2008, p 107). propor projetos que aumentem a cobertura As atribuições supracitadas dizem vacinal. respeito à organização geral dos locais de vacinação. No entanto, quanto à vacinação em si, cabe a enfermagem: avaliação do processo através do desenvolvimento de formas de monitoramento, e avaliação de resultados pela averiguação de estados de mudança ou metamorfose ocorrida na realidade. 3.1 Avaliação de Processo O enfermeiro é responsável pela manutenção da sala de vacina e de seus acessórios, pois a sala de vacina é o local destinado à administração de imunobiológicos Modelo de Sala de Vacinação (Fonte: Ministério da saúde – Adaptado) e por isso deve garantir a máxima segurança dos procedimentos. Algumas das atribuições do 3.2 Avaliação de Resultados enfermeiro em relação ao bom funcionamento das salas de vacina e à avaliação de processos
  • 14. IMUNIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIAS E CONCEITOS SOB A ÓTICA DA ENFERMAGEM Em relação a este tópico, o Solicitar a apresentação da carteira de enfermeiro age como pesquisador/cientista, vacinação para verificar se as doses foram pois a partir de estudos embasados no seguidas corretamente e verificando a cientificismo faz levantamentos sobre a necessidade de complementação do funcionalidade dos serviços prestados. Com calendário vacinal, segundo o ciclo de vida; isso ele consegue avaliar os erros e acertos e Orientar sobre possíveis reações, esperadas assim melhorar a cobertura dos serviços ou adversas, sem causar apreensões ao vacinais. Para isso é necessário que o usuário; enfermeiro siga os seguintes parâmetros: Preparar o imunobiológico para a administração, sempre atentando para os Avalia e busca soluções que visem diminuir cuidados com a profilaxia. oportunidades perdidas de vacina; Avalia se o serviço vem melhorando no acolhimento e nas orientações após a realização das reciclagens; Acompanha as temperaturas das geladeiras que acondicionam as vacinas sempre após a ocorrência de manutenção dos equipamentos ou da rede elétrica; Realizar estudos estatísticos sobre a cobertura vacinal e o controle das doenças transmissíveis para a abrangência da unidade de saúde; Oferecer o retorno estatístico à comunidade que recebe o serviço e à equipe de saúde da unidade. Técnica de lavagem das mãos antes de iniciar a vacinação. 3.3 Atendimento ao Usuário A enfermagem, portanto, assume Além de todas as técnicas e rotinas papel de suma importância no Programa citadas anteriormente, o enfermeiro deve ser Nacional de Imunização, pois une todos os capaz de entender a subjetividade de cada critérios que regem este programa, fazendo dele indivíduo que necessita da unidade de saúde, já um dos programas mais bem sucedidos no que deverá realizar atendimento Brasil. individualizado, tratando com equidade e empatia cada usuário. A equipe de enfermagem colabora em todos os âmbitos do PNI, mas é ela a responsável pelo atendimento do usuário, por isso deve tomar alguns cuidados para que este atendimento seja satisfatório e livre de riscos como infecções cruzadas, são eles: Realizar atendimento individualizado seguindo a ordem de chegada e observando a critérios éticos e humanitários; Indagar ao responsável pela criança ou a usuário (quando adulto), quanto: às condições de saúde atual ou à ocorrência de reações adversas quando da tomada de doses anteriores; 11
  • 15. 4. REFERÊNCIAS ALEXANDRE, Lourdes Bernadete S. P.; DAVID, Rosana. Vacinas: orientações práticas. Ed. Martinari, São Paulo, 2008. BENCHIMOL, J. L.. Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 2001. BRASIL, Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações. PNI 25 anos. 1998 Brasília, Fundação Nacional de Saúde. TEMPORÃO, José Gomes. O Programa Nacional de Imunização: origens e desenvolvimento. História, Ciências, Saúde- Manguinhos, v. 10, n. 2, p. 601-617, 2003.