Artigo qualificação, formação e capacitação da nação
Artigo a juventude consciente e organizada modifica a essencia de uma nc
1. A juventude consciente e organizada modifica a essência de uma Nação
Tendo em conta a importância da juventude no processo de desenvolvimento e
maturidade política e democrática de um país, interessa a sua auscultação com intuito
de entender melhor o que pensa sobre o seu futuro para que se possa construir um
novo referencial de sociedade guineense. Para isso, é importante a identificação do
jovem como sujeito participativo do processo político tendo em conta o seu papel na
transformação de uma sociedade, pois é na diversidade da juventude que reside a
enorme riqueza de um País.
Quem gere os destinos de um País compete criar um ambiente favorável para o
desenvolvimento pleno dos jovens. Isto para dizer que é importante uma abordagem
marcadamente diferente do passado que se colocava a grande maioria dos jovens no
mesmo plano. Hoje existem jovens com problemas específicos e sensibilidades
particulares e não é possível, e ainda bem, tratá-los de forma tão abrangente e
massificada.
O facto de existirem jovens com problemas, sensibilidades, vontades e tendências
distintas enriquece e muito um país. É por isso que o trabalho de quem tem
responsabilidades governamentais é muito mais exigente, interpretando essa
necessidade não como uma dificuldade ou adversidade, mas um enorme desafio para
que se possa criar condições para que no futuro os jovens tenham uma prestação que
seja adequada às exigências da atualidade.
Em boa verdade, não tenho intenções de “formatar convicções”, nem “persuadir
consciências”, mas criar um ambiente necessário para que possam ser eles próprios,
porque na verdade não se pode impor um conteúdo, paradigma ou filosofia de vida,
mas, criar condições para que cada jovem seja o que pretende no contexto em que se
encontra o País, e em que vivem, pelo que é importante que os mesmos se envolvam
diretamente nas discussões de políticas públicas, cidadania, associativismo e na
partilha de experiências com outras congéneres africanas, europeias, asiáticas, etc.
Não tenho dúvidas de que os jovens guineenses devem experimentar novas vivências
e realizações, porque a participação e envolvimento no tecido associativo é uma
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2. interessante forma de cumprir a educação não formal e um contributo importante para
a realização do quotidiano. O associativismo é fundamental na formação do Estado,
na construção da democracia e na resolução dos problemas sociais, tal como nos diz
Alexis Tocqueville (1977) na sua obra: “A Democracia na América”.
É dessa forma que pretendo partilhar alguns aspetos que devem ser tidas em conta na
definição de uma política pública para a juventude e, também, no campo do
associativismo, como ferramenta de participação dos jovens em termos do exercício
da cidadania ativa, responsável e organizada.
No entanto, e antes de mais, convém salientar que as políticas públicas são vistas
como forma de políticas implementadas pelo Estado que pretendem proporcionar o
consenso social, através de iniciativas que contribuam para a redução de
desigualdades e controlo das esferas da vida pública e garantir os direitos dos
cidadãos.
É preciso compreender que as políticas públicas, enquanto um conjunto de ações, são
coordenadas com o objetivo público. Entendê-la enquanto a expressão das relações
entre o Estado e a Sociedade é compreendê-la como algo em construção e em
permanente disputa entre os atores sociais que os fazem e consequentemente os
constroem. Compreender esta mutabilidade é fundamental para entrar no mundo das
Políticas Públicas para a juventude.
Esta é uma política em construção, nomeadamente no caso da Guiné-Bissau e,
portanto, temos que superar este consenso superficial que a tem pautado. Estamos a
falar de um projeto de nação, da construção do futuro e, desta forma, da necessidade
de estar articulado com um conceito de desenvolvimento que aprofunda a democracia
e encara os jovens enquanto cidadãos capazes e detentores de direitos, logo,
protagonistas dos seus próprios sonhos.
Na verdade, uma política pública deve discutir as questões da raça, etnias, crenças,
géneros, classe social, etc…, e não se restringir a discutir apenas a forma mas ir muito
mais além, construindo socialmente o seu conteúdo e conceito estratégico de
sociedade. Aqui reside o papel fundamental do associativismo.
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3. Como é sabido, o associativismo assenta em dois pilares: o pilar das redes e
cooperação social e o pilar da confiança social. Estes dois pilares têm implicações em
áreas muito multifacetadas como a integração social, a consciência cívica, a
economia, entre outras.
A nível micro as associações desenvolvem um conjunto de redes sociais que
possibilitam, aos indivíduos, atingir os seus objetivos. A nível macro estas entidades
da sociedade civil dispõem de um conjunto de valências e de iniciativas que têm como
finalidade o combate à exclusão social das populações pertencentes a meios
socioeconómicos mais desfavorecidos.
Nos últimos tempos, temos observado o aumento do número de iniciativas que são
resultados de uma cooperação entre a sociedade e os jovens, que permitiu
demonstrar o forte impacto que o trabalho desenvolvido pelas associações de jovens
representam no plano social e económico da comunidade guineense no País e na
Diáspora. É verdade que nas melhores iniciativas, muitas vezes há experiências de
sucessos, tanto no território nacional, como na diáspora. A título de exemplo, refiro
alguns projetos, nomeadamente “Projeto Tchintchor – Promover a Guiné-Bissau
Positiva”; “Projeto Musqueba - Agriculture School For Women”; “Movimento Ação
Cidadã”, entre outros, pelo que devem ser absorvidas como Políticas Públicas com
impactos na transformação da sociedade guineense.
No entanto, estas políticas públicas só surtem efeitos esperados quando é tida em
conta a opinião do seu público-alvo, ou seja, os sujeitos para os quais o benefício será
propiciado, neste caso a juventude guineense. Mas, é preciso que sejam políticas
públicas proactivas e não reativas, pois na maioria dos casos, a juventude só se torna
objeto de uma quando associada a modelos negativos, como a delinquência, a
violência, o roubo, etc…No caso da Guiné-Bissau é latente e urge ter em conta no
sentido de alterar a essência que carateriza este conceito.
Assim, a forma mais viável de garantir isso é através da participação dos jovens na
gestão destes processos, discutindo as problemáticas para o alcance das
potencialidades que tal mecanismo pode gerar ao corpo da categoria social, pois,
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4. neste sentido, o que o jovem precisa é de políticas que lhe assegure uma escola
acessível e de qualidade, formação profissional adequada, oportunidades dignas de
trabalho, etc…, ou seja, necessita de apoio, atenção e perspetivas de auto realização,
mais ainda, precisa automaticamente da atenção do Estado.
Por isso, a ausência de políticas públicas específicas para esta faixa da população é
um grave problema, pois mais do que nunca, os jovens guineenses mostram-se
vulneráveis a questões atrás referidas, que vêm somar-se às mazelas resultantes da
falta de investimentos na educação e em programas específicos de capacitação
profissional.
Não alterar os pressupostos de atuação de uma política pública séria e responsável
para os jovens, teremos resultados como as que assistimos, presentemente, através
de manifestações de descontentamentos e de revolta, pois a legitimidade acaba por
ser garantida pela dificuldade em se fazerem ouvir.
É possível sim uma mudança desta realidade através de políticas públicas para a
juventude no âmbito da educação e formação profissional, pois acredito que poderão
garantir um futuro promissor para esta juventude que ambiciona resultados positivos
no campo socioeconómico, o que também vem contribuir para o desenvolvimento do
país, diminui a taxa de analfabetismo e incentiva, cada vez mais, a inclusão dos jovens
no ensino superior, o que leva a garantir saltos positivos no IDS - Índice de
Desenvolvimento Humano - entre outros que elevam e qualificam a estrutura de uma
Nação.
Concluo salientando que as políticas públicas para a juventude, no nosso país, ainda
precisam ser trabalhadas num campo mais profundo, no sentido de garantir os direitos
relativos a esta camada da sociedade que precisa de investimento na sua educação e
segurança para o futuro promissor, pois encontra-se na juventude o futuro da Guiné-
Bissau. É hora de entendermos que somos apenas os capitães do nosso próprio
sucesso e engenheiros responsáveis pela construção da nova estrutura nacional dos
nossos sonhos.
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5. O país que não cuida dos seus jovens não encontra o seu sucesso, pois a juventude é
mudança, energia e criação! LV
Nota: O presente artigo integra um ensaio geral sobre as políticas públicas Guiné-Bissau 2020.
Luís Vicente
Lisboa, 01/10/2013
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6. O país que não cuida dos seus jovens não encontra o seu sucesso, pois a juventude é
mudança, energia e criação! LV
Nota: O presente artigo integra um ensaio geral sobre as políticas públicas Guiné-Bissau 2020.
Luís Vicente
Lisboa, 01/10/2013
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