O documento discute a deficiência intelectual, definindo-a como uma limitação no funcionamento intelectual e comportamental adaptativo que se inicia antes dos 18 anos. Apresenta as especificidades da deficiência intelectual segundo a Associação Americana de Retardo Mental e discute a importância da mediação, da linguagem e do pensamento para o desenvolvimento desses alunos. Também aborda a inclusão na escola regular e formas de trabalhar com comunicação aumentativa e alternativa.
3. Leis, resoluções e notas técnicas
Decreto 7611 de 17 de novembro de 2011:
Dispõe sobre a educação especial e o atendimento
educacional especializado.
Resolução CNE/CEB 04/2009 define quem
são os alunos do AEE
4. Alunos do AEE
1.Autismo clássico, Síndrome de Asperger,
Síndrome de Rett,
Transtorno desistegrativo da infância,
e transtornos invasivos.
2. Altas habilidades e superdotação.
5. Portanto...
TDAH, Dislexia, Atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor,
dificuldades de aprendizagem, entre outros,
não são alunos de AEE...
Por quê?
6. Porque...
Alunos de AEE têm matrícula dupla, isto é,
contam duas vezes nas verbas do governo.
Portanto, precisam ser muito bem classificados
no CENSO escolar.
7. Organização Ideal...
Que as escolas tenham um AEE
(Nota técnica SEESP/GAB 11/2010) com
um profissional
adequado - licenciado e com
especialização em educação especial e
também
auxiliares de sala
(Nota técnica SEESP/GAB 19/2010)
8. A mesma nota técnica...
Define que esta organização
DEVE SER FUNDAMENTADA
no PPP da instituição.
9. Deficiência Intelectual
Até 1992 a Deficiência Intelectual era caracterizada
pela Quantidade de Inteligência (Q.I.)
Leve – Q.I. entre 50 – 70
Moderada – Q.I. entre 35 – 49
Severa – Q.I. entre 20 – 30
Profunda – Q.I. menor que 20
10. AAMR – American Association on Intellectual and
Developmental Disabilities
Após 1992 – Novo Sistema Baseado na Intensidade
dos Apoios Necessários.
É a incapacidade caracterizada por importantes
limitações, tanto no funcionamento intelectual
quanto no comportamento adaptativo e está
expresso nas habilidades adaptativas conceituais,
sociais e práticas. Tem início antes dos 18 anos.
11. NORMALIDADE
•
É a capacidade de se adequar ao
•
objeto ou ao seu universo.
•
A deficiência intelectual se enquadra
•
numa síndrome anormal.
12. FATORES
Com exceção do aspecto cognitivo, esta deficiência
não atinge outras funções cerebrais.
Pode surgir: complicações da gestação, genética,
complicações do parto ou pós-natal, desnutrição
severa e envenenamento por metais pesados na
infância
13. Def. Mental X Doença Mental
Deficiência Intelectual (mental): Mantém
percepção
de si mesmo
e da realidade
que o cerca,
sendo capaz de tomar decisões importantes.
Doença metal: Discernimento comprometido
devido a lesão
de outras áreas cerebrais.
14. Especificidades da Deficiência Intelectual
Associação Americana de Retardo Mental (Carvalho e Maciel, 2003; Fontes, Braun,
Pletsch e Glat, 2007) definem cinco dimensões:
1. Habilidades Intelectuais: Capacidade em planejar, raciocinar, solucionar proble-
Mas, exercer pensamento abstrato, compreender ideias complexas, rapidez de
Aprendizagem.
2. Comportamento adaptativo: Habilidades pŕaticas – autonomia de vida diária,
Sociais – responsabilidade, auto-estima, observância de regras e leis, relação
Interpessoal e conceituais – aspectos acadêmicos, cognitivos e de comunicação.
3. Participação na vida comunitária – interações sociais
4. Condições da saúde física e mental
5. Contextos – ambiente sociocultural e o funcionamento dos sujeitos nos ambientes
Social imediato(micro), a comunidade, as organizações educacionais (meso)
e os grupos populacionais distintos (macro)
15. Ampliação do Universo da Análise Conceitual
“ Independente das características inatas do indivíduo pode ser mais ou menos
Acentuada conforme os apoios ou suportes recebidos em seu ambiente.”
Isso significa que a deficiência mental tem por base
o desenvolvimento da pessoa,
As relações que estabelece e os apoios que recebe
nas cinco dimensões descritas
E não mais apenas critérios quantitativos pautados
no Q.I.
16. Para Feuerstein...
Algumas funções cognitivas ficam deficientes quando
não há provimento
de mediação social em crianças que são
consideradas normais, da mesma forma
que em algumas crianças com deficiência
Intelectual.
17. Fase de assimilação
* Exploração impulsiva e desordenada de
um dado problema.
* Pouca necessidade de exatidão na consideração
dos dados do problema.
*Dificuldade para a consideração simultânea de duas
ou mais fontes de informação.
18. Fase de análise
* Dificuldade para distinguir entre informações
relevantes e irrelevantes.
* Compreensão episódica ou desconexa das
dimensões espaço-temporais.
* Precariedade de trabalho lógico (conexões de
pensamento numa linha indutiva “se – então”.
* Reflexão deficitária dos próprios processos de
pensamento.
19. Fase da resposta
* Forma egocêntrica de se comunicar.
* Conduta do tipo “ensaio e erro”.
* Impulsividade.
20. Na escola regular
Importância da metodologia de ensino:
alternativas pedagógicas
através
das quais os deficientes intelectuais
sejam membros participativos
e atuantes no processo educacional.
21. Na escola regular
Definição de documentação das necessidades
específicas
do aluno relacionadas com:
conteúdos e objetivos, procedimentos de
ensino,
avaliação e níveis de apoio pedagógicos.
22. Na escola regular...
Não aprendemos porque repetimos
exaustivamente
uma ação, mas aprendemos porque nos
apropriamos do significado
social de algo.
A escola deve aproximar o deficiente intelectual
dos demais e não afastá-lo.
23. Vygotsky, 1997 em Fundamentos de
Defectologia...
(…) as crianças mentalmente atrasadas
devem estudar o mesmo que as
demais crianças, receber a mesma
preparação para a vida futura, para que
depois participem dela em certa medida,
junto com as demais....”
24. Memória
Não deve ser exercitada mecanicamente
nos deficientes
intelectuais.
São importantes
intervenções que envolvam a retenção e
demais capacidades
para a lembrança e a reconstituição
de fatos e objetos.
25. Em sala de aula
“o desenvolvimento de habilidades
intelectuais
alternativas e a mediação para estimular o
subfuncionamento
mental no meio escolar acontecem quando
os alunos estão
inseridos em um meio escolar livre de imposições
e de tensões
sociais, afetivas e intelectuais.” (Mantoan)
26. Algumas formas de trabalhar....
Comunicação Aumentativa Alternativa (CAA) – utilizam
símbolos para a
comunicação.
27. Pranchas de letras, Alfabeto móvel, Lista de Palavras, texto acessível com
símbolos representativos...
Tipos:
28. No entanto...
[…] a criança atrasada domina com enorme dificuldade o
pensamento
abstrato, por isso a escola
exclui de seu material tudo que exige esforço
de pensamento abstrato e fundamenta o ensino no caráter
concreto e na visualização […] (Vigotsky, 1997)
29. A mediação...
Para Almeida, Arnoni e Oliveira (2007) o professor mediador
deve
ter propriedade teórica do
conhecimento que ensina – ciência lógica – bem como
organização do processo
de ensino.
30. Linguagem e pensamento
São funções primordiais para o
desenvolvimento do pensamento
abstrato da criança com deficiência intelectual
e para a compensação da sua deficiência.
31. Incluir é...
Levar à inserção cultural, significar suas atitudes,
sua fala,
seu desenho, suas produções e sua
aprendizagem.
Não é ler e escrever
como no mundo letrado,
mas o sentido que isso pode ter para
o deficiente intelectual.
32. A inclusão...
“...causa uma mudança
de perspectiva educacional, pois não
se limita
a ajudar somente os
alunos que apresentam dificuldades na escola,
mas apóia a todos:
professores, alunos, pessoal administrativo, para que
obtenham
sucesso na corrente educativa
geral.” (Mantoan)
33. Experiência....
`` Aprendi que nunca é tarde e que
não devemos desistir...''
`` Aprendi a melhorar meu aprendizado devido
a importância da organização na hora de estudar...''
`` Compreendi que as disciplinas escolares são
todas importantes para um bom profissional...''
`` Eu deixei de ficar nervosa quando eu não sabia
e passei a lembrar o que realmente aprendi...''
`` Achei que um estímulo para o estudo ajuda muito,
independente da situação escolar...''
36. AÇÕES
• Estimulem o desenvolvimento dos processos mentais: atenção,
percepção, memória, raciocínio, imaginação, criatividade, linguagem,
entre outros.
• Fortaleçam a autonomia dos alunos para decidir, opinar, escolher e tomar
iniciativas, a partir de suas necessidades e motivações.
• Promova a saída de uma posição passiva e automatizada diante da
aprendizagem para o acesso e apropriação ativa do próprio saber.
• Tenham como objetivo o engajamento do aluno em um processo particular
de descoberta e o desenvolvimento de relacionamento recíproco entre a sua
resposta e o desafio apresentado pelo professor.
• Priorizem o desenvolvimento dos processos mentais dos alunos, oportunizando
atividades que permitam a descoberta, inventividade e criatividade.
• Compreendam que a criança sem deficiência mental consegue
espontaneamente retirar informações do objeto e construir conceitos,
progressivamente. Já a criança com deficiência mental precisa exercitar sua
atividade cognitiva, de modo que consiga o mesmo, ou uma aproximação
do mesmo.
37. Referências
Beyer, H.O – O fazer psicopedagógico: a abordagem de Reuven
Feurstein a partir de Piaget e Vygotski. Ed. Mediação, Porto Alegre, 3 ed.
Beyer, H.O – Inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades
educacionais especiais. Ed. Mediação, Porto Alegre. 2005.
Beyer, H.O. - O método Reuven Feurstein: uma abordagem para o atendimento
psicipedagógico de indivíduos com dificuldades de aprendizagem, portadoras
ou não de necessidades educacionais especiais. Revista Brasileira de
Educação Especial. Vol 4, 1996.
Vygotsky L. – Fundamentos da Defectologia, Ed. Visor, 1997.
Mantoan, M.T.E. - Educação escolar de deficentes mentais: Problemas
para a pesquisa e o desenvolvimento. CEDES – UNICAMP.
Baptista, C.R e Beyer, H.O – Inclusão e escolarização: múltiplas
Perspectivas. Ed. Mediação, Porto Alegre, 2006.
38. Referências
____.A solicitação do meio escolar e a construção das estruturas da inteligência
no deficiente mental: Uma interpretação fundamentada na teoria de conhecimento
de Jean Piaget. Campinas: Unicamp/Faculdade de Educação, 1991, tese de
doutoramento.
____. Construtivismo psicológico e integração escolar de deficientes.
Trabalho apresentado na XXV Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira
de Psicologia. Ribeirão Preto, 1995.
Renger, C.L – Deficiências silenciosas. Entrevista em curso de educação inclusiva.
Kirk, G. - Educação de crianças excepcionais. Ed. Associados, Campinas, 1991.
Gonçalves, C.E.S e Vagula, E. - Modificabilidade cognitiva estrutural de Reuven
Feurstein: Uma perspectiva educacional voltada para o desenvolvimento
cognitivo autônomo. IX ANPED SUL. Seminário de Pesquisa em Educação da Região
Sul, 2012.
39. Dambŕos, A.R.T; Sierra, D.B; Neto D.G. e Mori, N.N.R. Atendimento
Educacional Especializado à Pessoa com Deficiência Intelectual:
Constribuições da Pscologia Histórico Cultural. Revista Teoria e Prática da
Educação. v. 14. n.1, jan/abril, 2011.
FACCI, Marilda Gonçalves Dias. Vigotskii e o processo ensino
-aprendizagem: a formação de conceitos. In: MENDONÇA, S. G. de L,
MILLER, S. (orgs). Vigotski e a escola atual: fundamentos teóricos e
Implicações pedagógicas. Araraquara: Junqueira & Marin, 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Atendimento educacional especializado:
deficiência mental. Brasília: MEC, SEESP, SEED, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação
especial na educação básica. Brasília: MEC, SEESP, 2001
BRASIL. Ministério da Educação. Educação inclusiva: atendimento
educacional especializado para a deficiência mental. Brasília: MEC,
SEESP, 2006.
ALMEIDA, José Luis Vieira de; ARNONI, Maria ElizaBrefere; OLIVEIRA,
Edilson Moreira. Mediação dialética na educação escolar: teoria e prática.
São Paulo: Loyola,2007.