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República DemocráƟca de Timor-Leste
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  1. 1. See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/344545350 Cidadania e Desenvolvimento Social: Guia do Professor - 12.º ano de escolaridade Book · January 2014 CITATIONS 0 READS 549 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: As relações intergeracionais na família: Bisavós, avós, pais, netos e bisnetos View project Falar Português - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste View project Henrique Testa Vicente ISMT - Instituto Superior Miguel Torga 52 PUBLICATIONS 106 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Henrique Testa Vicente on 08 October 2020. The user has requested enhancement of the downloaded file.
  2. 2. República DemocráƟca de Timor-Leste Ministério da Educação Guia do Professor CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 12.ǡ ano de escolaridade
  3. 3. Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste Cooperação entre: Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Instituto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa Guia do Professor CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 12.o ano de escolaridade
  4. 4. Este guia de professor é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a sua utilização para fins comerciais. Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações. Caso tenha sido inadvertidamente esquecido o pedido de autorização de uso de algum material protegido por copyright, agradece-se que seja comunicado, a fim de serem tomadas as providências adequadas. Título Cidadania e Desenvolvimento Social - Guia do Professor Ano de escolaridade 12.o Ano Autores Henrique Testa Vicente Andreia Ruela Luísa Andias Maria João Cunha Marta Faria Patrão Sofia Rodrigues Coordenador de disciplina Henrique Testa Vicente Consultora científica Liliana Sousa Colaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina Este guia foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas timorenses da disciplina, sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste. Design e Paginação Esfera Crítica Unipessoal, Lda. Ana Petim 1ª Edição Conceção e elaboração Universidade de Aveiro Coordenação geral do Projeto Isabel P. Martins Ângelo Ferreira Ministério da Educação de Timor-Leste 2014 ISBN 978 - 989 - 753 - 123 - 1 Impressão e Acabamento Grasia Printing Unipessoal, Lda. Tiragem 400 exemplares
  5. 5. Índice 3 Enquadramento e Orientações Gerais Introdução Plano Curricular e Finalidades da Disciplina Recursos Didáticos Manual do Aluno Guia do Professor Estrutura e Organização do Programa Gestão do Programa Metodologias Pedagógicas Avaliação das Aprendizagens Princípios Orientadores do Processo de Avaliação Dimensões do Processo de Avaliação Avaliação Participativa Bibliografia 6 9 10 11 11 12 15 16 22 18 18 22 24 Literacia e Participação Política 1.1. Nota Introdutória 1.2. Desenvolvimento da Unidade Subtema 1.1. Participação Democrática Subtema 1.2. Soberania Nacional 1.3. Recursos Adicionais 28 28 28 37 38 Unidade Temática 1
  6. 6. 4 Educação para a Justiça 2.1. Nota Introdutória 2.2. Desenvolvimento da Unidade Subtema 2.1. Soberania e Justiça Internacional Subtema 2.2. Sistema Judicial Subtema 2.3. Justiça de Proximidade 2.3. Recursos Adicionais 42 42 42 45 49 52 Educação para a Paz 3.1. Nota Introdutória 3.2. Desenvolvimento da Unidade Subtema 3.1. Introdução ao Estudo da Paz Subtema 3.2. Estabelecimento e Manutenção da Paz 3.3. Recursos Adicionais 56 56 56 62 68 Unidade Temática Unidade Temática 2 3
  7. 7. 5 Igualdade de Género 4.1. Nota Introdutória 4.2. Desenvolvimento da Unidade Subtema 4.1. Igualdade de Género – Perspetiva Histórica Subtema 4.2. Igualdade de Género na Família Subtema 4.3. Igualdade de Género na Sociedade 4.3. Recursos Adicionais 72 72 72 74 76 78 Educação para o Empreendedorismo 5.1. Nota Introdutória 5.2. Desenvolvimento da Unidade Subtema 5.1. Introdução ao Empreendedorismo Subtema 5.2. Formas e Práticas de Empreendedorismo 5.3. Recursos Adicionais 82 82 82 89 91 Unidade Temática Unidade Temática 4 5
  8. 8. cívica, até ao desenvolvimento de capacidades interventivas na sociedade (Osler & Starkey, 2010; Pureza, 2001). “Esta diversidade traduz tanto a complexidade do universo conceptual da Educação para a Cidadania como resulta também de desafios e tensões positivas na formação de carácter humano” (Pureza, 2001: 21). Emergem assim duas questões basilares, a que procuraremos dar resposta nesta introdução. A primeira diz respeito à conceção de cidadania a adotar e, consequentemente, ao modelo de “bom cidadão” preconizado. A segunda questão, associada à precedente, refere-se à forma de pensar e trabalhar a cidadania em contexto escolar (incluindo conteúdos, metodologias e atividades). Comecemos por enquadrar a disciplina “Cidadania e Desenvolvimento Social” nos preceitos emanados da Lei de Bases da Educação (LBE) da República Democrática de Timor-Leste, de 29 de outubro de 2008. O artigo 2.º da LBE estabelece que o sistema de educação deve promover “o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros, das suas personalidades, ideias e projectos individuais de vida, aberto à livre troca de ideias e à concertação”; e também “a formação de cidadãos capazes de julgarem, com espírito crítico e criativo, a sociedade em que se integram e de se empenharem activamente no seu desenvolvimento, em termos mais justos e sustentáveis.” No artigo 5.º destacam- -se alguns objetivos da educação: “contribuir para a realização pessoal e comunitária do indivíduo, através do pleno desenvolvimento da sua personalidade e da formação do seu carácter, preparando-o para uma reflexão consciente sobre os valores éticos, cívicos, espirituais e estéticos”; e “assegurar a formação, em termos culturais, éticos, cívicos e vocacionais das crianças e dos jovens, preparando-os para a reflexão crítica e reforço da cidadania, bem como para a prática e a aprendizagem da sua utilização criativa dos seus tempos livres”. Cidadania e Desenvolvimento Social | Enquadramento e Orientações Gerais 6 O crescente interesse internacional pela educação para a cidadania pode ser atribuído a múltiplos desenvolvimentos sociais e políticos. Nos países com democracias estabelecidas, a educação para a cidadania é perspetivada como uma forma de ajudar a lidar com algum défice cívico e crise de confiança nos processos democráticos (incluindo eleições). Nos Estados recentemente democratizados, encaram-na como um mecanismo para promover a compreensão da democracia e os seus fundamentos nos direitos humanos (Osler & Starkey, 2010). Independentemente do contexto, a educação para a cidadania pode ser entendida como o processo educativo que visa contribuir para a formação de cidadãos ativos e responsáveis, autónomos e solidários, que conhecem e exercem os seus direitos e deveres, dotados de espírito crítico, pluralista, criativo e democrático, capazes de cooperar para o desenvolvimento e bem-estar da sua sociedade (Direção-Geral da Educação, 2012; Eurydice, 2005). Apesar de ser reconhecida em diversos sistemas educativos, nem sempre é claro para os professores o que significa ou como se processa a educação para a cidadania democrática (Afonso, 2007). No seguimento dos Guias do Professor para os dois primeiros anos deste ciclo de estudos, este livro constitui uma ferramenta de apoio ao professor, para o aprofundamento crítico da conceptualização e implementação do programa da disciplina. Introdução A “cidadania” é um conceito polissémico, que abrange conceções restritas (ligadas à pertença a um Estado ou nação soberana) e alargadas (associadas ao cosmopolitismo de um mundo global, onde os indivíduos congregam múltiplas identidades e pertenças). Também a “educação para a cidadania” é palco de debates conceptuais, recebendo múltiplas interpretações:desdeosimplesfacultardeinformação
  9. 9. Enquadramento e Orientações Gerais | 7 conhecimento cívico. Embora não haja uma forma única de promover as várias facetas da cidadania, a escola pode desempenhar um papel relevante, oferecendo aos alunos, para além de conhecimentos, a oportunidade de viver a democracia. A aquisição de conhecimentos não parece ser suficiente para formar cidadãos ativos, intervenientes aos vários níveis (individual, comunitário, social e global). Contudo, o propósito da participação ativa dos alunos, não reside apenas em desenvolver atividades práticas (apenas porque são estabelecidas nos instrumentos didáticos, manuais e guias), mas sobretudo em fomentar a sua criatividade e capacidade crítica nas atividades em que se envolvem (Leighton, 2010). As ações formativas mais efetivas parecem ser aquelas dotadas de significância afetiva e experiencial para os alunos, onde se integram conhecimentos e desenvolvem competências (Pureza, 2001). Por exemplo, se os acidentes rodoviários com motorizadas são uma realidade que preocupa os cidadãos, uma atividade possível será analisar conjuntamente estes comportamentos de risco, facultando informação e promovendo a reflexão e o debate, para que, posteriormente, esta análise se possa traduzir em alterações significativas ao nível das ações e dos comportamentos (Pureza, 2001). A LBE referencia explicitamente a promoção da criatividade e do espírito crítico dos alunos. Alguns autores têm proposto que no âmago da educação para a cidadania existe um conflito entre duas posições distintas. Uma contempla a educação para a cidadania como detendo os seguintes propósitos: conferir poder ao jovem cidadão; permitir-lhe analisar criticamente a sociedade e identificar os seus pontos frágeis; compreender e utilizar os mecanismos pelos quais é possível atingir mudanças sociais e políticas. Nesta perspetiva, um “bom cidadão” é aquele que se O desígnio formativo de desenvolver o “espírito democrático e pluralista” coloca a educação para a cidadania em Timor-Leste em termos do que tem sido designado como “educação para a cidadania democrática”. Assim, engloba “oportunidades de aquisição, aplicação e divulgação de conhecimentos, competências e valores ligados aos princípios e aos processos democráticos” (O’Shea, 2003: 11). Por outro lado, ao referenciar a “formação de cidadãos capazes”, a LBE enquadra a educação para a cidadania na sua dimensão pragmática, de promoção de competências práticas. Tal é consonante com as orientações de organismos internacionais, por exemplo, com a “Carta do Conselho da Europa sobre a Educação para a Cidadania Democrática e a Educação para os Direitos Humanos”, onde se estabelece que “um dos objectivos fundamentais de toda a educação para a cidadania democrática e para os direitos humanos não é apenas dotar os aprendentes de conhecimentos, competências e compreensão, mas também reforçar a sua capacidade de acção no seio da sociedade para defender e promover os direitos humanos, a democracia e o primado do Direito”. O IEA Civic Education Study (Amadeo, Torney-Purta, Lehmann, Husfeldt, & Nikolova, 2002) identificou três domínios que influenciam a preparação cívica dos jovens e que se encontram ligados à escola e professores: 1) o conteúdo do currículo (por exemplo, atéquepontotópicoscomoas“eleições”eo“exercício do direito de voto” recebem ênfase explícita); 2) a frequência com que os alunos são encorajados a debater temas na sala de aula; 3) a cultura da escola (por exemplo, se promove a participação dos alunos). Os resultados desse estudo evidenciam a importância de um clima de abertura ao debate em contexto de aula e reforçam a importância de práticas democráticas na escola, como meio de promoção do
  10. 10. desassossega com a intolerância, injustiça e iniqui- dade, estando predisposto a desafiar as autoridades quando julgar necessário. A outra perspetiva conceptualizaaeducaçãoparaacidadaniacomoforma de desenvolver um tipo diferente de “bom cidadão”, aquele que cumpre as leis, respeita os seus pares e as autoridades. Ou seja, neste caso a finalidade da educação para a cidadania é a socialização e o reforço das normas sociais vigentes (Brown & Fairbrass, 2009). Esta dicotomia é retomada por Santos (2007: 27), quando refere que “a Educação para a Cidadania, para além de variar quanto ao âmbito e quanto aos conteúdos, oscila também quanto às suas finalidades, dando mais ênfase: • à integração na sociedade tal como ela existe ou às capacidades críticas e transformadoras dessa sociedade; • à transmissão de regras, tradições, conhecimentos e submissão aos desígnios sociais ou ao papel emancipatório da educação; • ao conhecimento de instituições e processos, ao desenvolvimento de competências de intervenção ou ainda aos valores e atitudes que lhes subjazem.” Estas duas perspetivas são os extremos de um contínuo, sendo possível traçar pontos intermédios, que englobam elementos de ambas. A LBE, ao estabelecer como princípio a “formação de cidadãos capazes de julgarem, com espírito crítico e criativo, a sociedade em que se integram”, parece aproximar-se da perspetiva que confere um papel transformador e libertador à educação para a cidadania. O programa definido para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social procura conjugar as duas posições. A reflexão acerca do que significa ser um “bom cidadão” é apenas um dos múltiplos dilemas da educação para a cidadania. Outra questão centra-se num aparente paradoxo: ensinar as competências para a democracia naquela que tem sido (ou tende a ser) uma das instituições menos democráticas da humanidade – a escola (Brown & Fairbrass, 2009). “Espero que se tornem pensadores independentes, inovadores e críticos, que farão exactamente o que eu digo!” Segundo Brown e Fairbrass (2009), uma ilustração similar circulou entre os professores britânicos de educação para a cidadania, durante as suas ações de formação, ilustrando as mensagens contraditórias que podem emergir nas aulas; ou seja, como os docentes podem professar a inovação e a criatividade no seu discurso, mas simultaneamente arreigarem-se a modelos tradicionais de ensino que promovem a conformidade. Os professores de educação para a cidadania movem- -se numa tensão interna: por um lado, devem ser facilitadores do espírito democrático, crítico e criativo, apoiando os esforços dos alunos para fazerem ouvir as suas vozes (na escola, na família, na comunidade, no mundo); por outro, fazem parte de uma estrutura hierárquica, que impõe regras inerentes à escola e aos seus docentes. A este propósito, ao refletir sobre o sistema educativo norte-americano, Greenberg (1992) referia que os jovens não se comprometiam com os princípios democráticos do seu país porque não os experienciavam nas suas vidas quotidianas, particularmente nas escolas, onde não participavam ativamente nos processos de tomada de decisão que afetavam diretamente as suas vidas. 8 | Cidadania e Desenvolvimento Social
  11. 11. Enquadramento e Orientações Gerais | 9 Hayward (2010) sublinha a necessidade de considerar o “currículo oculto”, ou seja, a forma como as escolas e assalasdeaulas,deformanãointencional,contribuem para a socialização dos alunos. A título de exemplo, o professor poderá defender a liberdade de expressão, mas depois organizar a aula sem dar oportunidade aos alunos de expressarem as suas opiniões. Para o mesmo autor, é necessária congruência entre as competências de cidadania a desenvolver e o modelo de docência. Neste sentido, um dos objetivos da educação para a cidadania é fomentar o processo de democratização da educação e das escolas (Brown & Fairbrass, 2009). Os professores de Cidadania e Desenvolvimento Social enfrentam o desafio de serem agentes de mudança nas suas escolas, promovendo a sua organização democrática e a vivência cívica do quotidiano escolar (Afonso, 2005). Para tal, necessitam de advogar a inclusão dos alunos nos processos de tomada de decisão; encorajar a sua participação em organizações escolares e comunitárias, incluindo a negociação das políticas e regras escolares; criar oportunidades de debate e reflexão sobre problemas do quotidiano escolar. Como refere Afonso (2005: 16), “todos – dirigentes, professores, alunos, auxiliares de educação e pais – devem poder participar na vida da escola”. Assim, compete aos professores a adoção de metodologias ativas no contexto da sua prática pedagógica. O Guia do Professor para o 12º ano de escolaridade visa auxiliar o docente nessa tarefa, focando-se,talcomoosGuiasdosanosprecedentes,na operacionalização da componente prática do Manual do Aluno. Neste capítulo introdutório são abordados alguns aspetos inerentes ao plano curricular, os materiais didáticos disponíveis e as metodologias a implementar, com ênfase na “pedagogia ativa”. Plano Curricular e Finalidades da Disciplina O plano curricular do Ensino Secundário Geral de Timor-Leste está organizado segundo dois percursos, cada qual com disciplinas que lhe são específicas: 1) Ciências e Tecnologias; 2) Ciências Sociais e Humanidades. Esta estrutura é completada por uma componente de Formação Geral, onde se encontra a disciplina Cidadania e Desenvolvimento Social. A componente de Formação Geral visa contribuir para os seguintes objetivos: • A valorização consciente da tradição e da pluralidade, enquanto fatores de aprofundamento da identidade; • O desenvolvimento de atitudes e comportamentos de cidadania empenhada e participativa a nível local, nacional e global; • A promoção de interações da escola com a comunidade, como meio difusor e replicador de aprendizagens, adoção de estilos de vida saudáveis, consciencialização do direito à igualdade de oportunidades e desenvolvimento de confiança no futuro; • O desenvolvimento de competências de pesquisa, seleção e avaliação de informação e capacidades de participação na construção conjunta de conhecimento. A disciplina Cidadania e Desenvolvimento Social visa capacitar os alunos para o exercício de uma cidadania ativa, consciente e responsável na vida do país, da região e do mundo. Este objetivo geral foi subdividido num conjunto de finalidades que atravessam os três anos de escolaridade do ciclo de estudos: • Participar de forma crítica e responsável na vida política, económica, social e cultural. • Problematizar questões sociais e desenvolver o pensamento crítico na exploração de soluções inovadoras para a resolução pacífica de problemas.
  12. 12. • Aprofundar a literacia política como mecanismo fundamental para uma efetiva participação na vida política e nos processos de tomada de decisão. • Consolidar a identidade pessoal e social, promovendo uma consciência de si e do outro que alicerce a construção do bem-estar individual e coletivo. • Contribuir para a consolidação da identidade nacional democrática e para o reforço da coesão social através da valorização do sentimento de pertença e respeito pela diversidade étnica e cultural e pela igualdade de género. • Enquadrar a participação social no domínio da cidadania global e desenvolvimento sustentável. • Participar na construção de parcerias entre escola e comunidade com vista à resolução de problemas familiares, comunitários e globais, contribuindo para dinamizar a função inovadora e interventora do meio escolar. Recursos Didáticos Considerando que “os meios para atingir os objectivos sãotambémfundamentaisnaobtençãodosresultados pretendidos” (Pureza, 2001: 55), as finalidades da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social influenciaram o desenvolvimento de recursos didáticos apropriados. Fonseca (2002: 8) refere: “o desenvolvimento de uma consciência cívica implica, simultaneamente, a apropriação de conhecimentos e a aquisição de competências no domínio da cidadania”; esta tarefa apenas é realizável se “for concretizada num ambiente educativo caracterizado pela aproximação dos alunos às realidades cívicas que os rodeiam”. Sendo a educação para a cidadania um “processo catalisador de experiências e vivências”, e tendo em linha de conta que “tornar-se cidadão não pode, nem deve passar exclusivamente pelo conhecimento,masparticularmentepelaexperiência” 10 | Cidadania e Desenvolvimento Social (Soares, 2003: 10-11), torna-se necessário que os recursos didáticos permitam promover os saberes, atitudes, valores e comportamentos definidos no programa da disciplina. A literatura na área da educação para a cidadania é unânime ao sublinhar a importância de conjugar conhecimento e prática, saber e ação. É reconhecido o papel da participação ativa como processo transformativo,maséigualmentenecessárioassegurar que tal participação deriva de uma compreensão dos temas, instituições, processos e conceitos centrais na educação para a cidadania (West, 2010). Sem investir “em conhecimentos que permitem aos cidadãos uma consciência de si próprios e do mundo em que vivem, é grande o risco de formarem cidadãos pouco preparados para debater e tomar parte nas questões cívicasdoquotidianodoseupaísedomundo”(Pureza, 2001: 37). Assim, é importante ponderar as atividades propostas, conjugando transmissão de informação com ações concretas e reflexão (Pureza, 2001). O Manual do Aluno desenrola-se nesse pressuposto; em cada unidade temática existe uma componente teórica, que faculta as bases conceptuais dos temas de cidadania; e uma componente prática, com atividades que conferem uma dimensão experiencial à aprendizagem, acompanhadas de sugestões de projetos, alguns de caráter interdisciplinar, apelando ao trabalho conjunto de professores de várias disciplinas e/ou outros profissionais exteriores ao contexto escolar. No final de cada unidade temática, também para uso de professor e aluno, existe um glossário com a definição de alguns termos, palavras ou expressões, que figuram no texto didático. Quanto à informação veiculada, o Manual do Aluno procura responder aos conteúdos definidos no programa para o respetivo ano de escolaridade. Contudo, pela abrangência dos temas abordados,
  13. 13. Enquadramento e Orientações Gerais | 11 O Manual do Aluno O Manual do Aluno é um recurso didático-pedagógico, desenhado para uso conjunto e colaborativo de aluno e professor. Apresenta informação sobre conteúdos programáticos e propostas de atividades didáticas, em observância das metas de aprendizagem. O Manual do Aluno é concebido para um determinado ano de escolaridade e encontra-se dividido em capítulos que correspondem às unidades temáticas consagradas no programa da disciplina. Cada capítulo divide-se em duas componentes: Componente Teórica: cada unidade apresenta textos didáticos, documentos, imagens, pequenas atividades e sugestões de aprofundamento. Componente Prática: cada unidade temática faculta atividades e exercícios. São sugeridas tarefas a realizar com o acompanhamento do professor, para enriquecer e desenvolver competências de cidadania do aluno. O Guia do Professor O Guia do Professor é um instrumento de trabalho desenvolvido como recurso flexível para auxiliar o docente a preparar, gerir, desenvolver, operacionalizar e implementar o currículo delineado no programa de Cidadania e Desenvolvimento Social. Aborda orientações metodológicas gerais no capítulo introdutório, indispensáveis para orientar a ação do professor, mas o relevo é colocado na operacionalização do programa. Ou seja, na caracterização das unidades temáticas, metas de aprendizagem e, principalmente, na implementação da componente prática do Manual do Aluno. No Guia do Professor cada unidade é composta por: os conteúdos expostos não esgotam a totalidade de perspetivas existentes sobre determinado assunto. Assim, no final das unidades, são facultadas referências bibliográficas e sítios eletrónicos para auxiliar aprofundamentos suplementares. Para além da inclusão de sugestões bibliográficas, ao longo das unidades é fomentada a realização de trabalhos de pesquisa, que estimulam o recurso a outras fontes de conhecimento e materiais didáticos. Em complementaridade com o Manual do Aluno, o Guia do Professor faculta ao docente quatro elementos adicionais: 1) orientações metodológicas e estratégicas gerais que aclaram o modelo de educação para a cidadania a promover; 2) explicitação dos conteúdos e metas de aprendizagem para cada unidade temática, que permitem a planificação, monitorização e avaliação do processo de ensino e aprendizagem; 3) indicações para dinamizar as atividades práticas; 4) referências de recursos adicionais a selecionar pelo professor. Os dois instrumentos (Manual e Guia) foram orga- nizados para uso conjunto. O Manual do Aluno está dotado de alguma autonomia, pois expõe conteúdos nas componentes teóricas e glossários, permitindo a aquisição de competências cognitivas. Contudo, não abarca a totalidade das competências definidas para a disciplina (nomeadamente as ético-afetivas e sociais). O Guia do Professor é crucial para atingir o conjunto global de competências definido no programa. Assim, a componente prática do Manual do Aluno apenas poderá ser implementada se for complementada com os elementos constantes no Guia do Professor; e o desenvolvimento das atividades expressas no Guia do Professor apenas produzirá os efeitos desejados se ancorada nas bases teórico-conceptuais expostas na componente teórica do Manual do Aluno. Exploremos cada um destes instrumentos didáticos.
  14. 14. 12 | Cidadania e Desenvolvimento Social Título: Designação da unidade temática. Nota introdutória: Breve descrição dos conhecimentos a adquirir e das competências a desenvolver no âmbito da unidade temática. Desenvolvimento da unidade temática: Apresentação, por subtema, dos conteúdos a lecionar, metas de aprendizagem (indicam o conhecimento, competências e compreensão que os alunos devem desenvolver através das atividades de ensino e aprendizagem; facultam ao professor um indicador para avaliar o progresso dos alunos e rever o seu trabalho) e atividades práticas. Para cada atividade prática são indicados os seguintes elementos: • Identificação da atividade prática de acordo com a numeração constante no Manual do Aluno. • Objetivos a serem alcançados com a realização da atividade prática. • Metodologia a utilizar. • Tempo estimado para realizar a atividade. • Material necessário à realização da atividade. • Instruções para o professor concretizar cada atividade prática. • Reflexão onde são apresentadas possíveis soluções, algumas orientações e questões para conduzir a reflexão no final da atividade. Recursos adicionais: No final de cada unidade temática é facultado um conjunto de recursos adicionais para abordar os conteúdos lecionados. Esta lista de referências não é exaustiva, cabendo aos professores e alunos o seu enriquecimento. Os recursos estão organizados em quatro categorias: livros e artigos; documentos; filmes; sítios eletrónicos na Internet. Estrutura e Organização do Programa O ciclo de estudos da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social baseia-se na perspetiva desenvolvimental ecológica de Bronfenbrenner (1979) e contempla uma sequência de três níveis: individual (10.º ano), social (11.º ano) e político (12.º ano) (ver Figura 1). Esta sequência pretende refletir a noção de cidadania na sua complexidade e multidimensionalidade e retrata um dos objetivos centrais da disciplina: a descentração progressiva de si, das relações do indivíduo consigo e com os outros, para as relações com os sistemas sociais próximos, até abordar o lugar do indivíduo nos sistemas humanos globais. O Guia do Professor e Manual do Aluno para o 12.º ano de escolaridade da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social foram construídos a partir dos dados recentes da literatura e investigação (científica e pedagógica) na área da educação para a cidadania e estão organizados de acordo com a estrutura por unidades temáticas e subtemas apresentada no programa da disciplina (Quadro 1). Capa do Manual do Aluno para o 12.º ano de escolaridade da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social
  15. 15. Enquadramento e Orientações Gerais | 13 Figura 1. Esquema do programa de Cidadania e Desenvolvimento Social para o ciclo de estudos O programa da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social para o 12.º ano aborda a cidadania no contexto de inserção macroestrutural do indivíduo, o que inclui perspetivar formas de organização social/política e os sistemas de crenças e estilos de vida presentes em determinada cultura/sociedade. Procura-se desenvolver competências individuais e sociais que permitam ao aluno conhecer, participar e posicionar-se criticamente perante o sistema político e organizativo e perante instituições de natureza sociopolítica, comunitárias, nacionais e internacionais. Quadro 1. Estrutura e organização das unidades temáticas para o 12º ano de escolaridade 12.º Ano Nível Político: Liderar com Cidadania Relação com Timor, o mundo e o futuro Unidade Temática Subtema 1. Literacia e Participação Política Participação Democrática Soberania Nacional 2. Educação para a Justiça Soberania e Justiça Internacional Sistema Judicial Justiça de Proximidade 3. Educação para a Paz Introdução ao Estudo da Paz Estabelecimento e Manutenção da Paz 4. Igualdade de Género Igualdade de Género – Perspetiva Histórica Igualdade de Género na Família Igualdade de Género na Sociedade 5. Educação para o Empreendedorismo Introdução ao Empreendedorismo Formas e Práticas de Empreendedorismo Nação Mundo Futuro
  16. 16. 14 | Cidadania e Desenvolvimento Social O modelo octogonal do desenvolvimento da cidadania (Menezes, Afonso, Gião & Amaro, 2005), ancorado nos contributos do modelo ecológico de Bronfenbrenner (1979) e da teoria da cognição situada de Lave e Wenger (1990) apresenta uma matriz compreensiva fundamental para a educação dos jovens para a cidadania (Figura 2). Este modelo realça a importância dos contextos de vida (para além do escolar) nos processos de desenvolvimento e de aprendizagem do aluno. A abordagem aos temas da literacia e participação política, justiça, igualdade de género, educação para paz e para o empreendedorismo, inerentes ao nível político do 12.º ano, fortalecem a tomada de consciência do aluno sobre questões políticas nacionais e internacionais. O lema “Liderar com Cidadania” expressa o progressivo alargamento da noção de cidadania e culmina com a perceção de que todos fazemos parte do mesmo mundo, e que as nossas ações na nossa sociedade e país influenciam outras sociedades e países. Espera-se que os jovens adquiram uma compreensão das funções políticas, jurídicas e económicas da sociedade, e desenvolvam valores éticos, sociais e morais para prosperar nela com sentido de futuro. Figura 2. Modelo Octogonal do Desenvolvimento da Cidadania Fonte: Menezes, Afonso, Gião e Amaro (2005); Torney-Purta, Lehman, Oswald e Schultz (2001)
  17. 17. Enquadramento e Orientações Gerais | 15 No modelo octogonal do desenvolvimento da cidadania o aluno está no centro, sob a influência de diferentes ecossistemas ou “agentes de socialização”: as interações diretas (face-a-face) com a família, grupos de pares, relações com a escola e comunidade (no círculo interno); e as interações com a sociedade mais ampla através do contacto com as instituições, processos e valores políticos, económicos, educacionais, religiosos, sociais da cultura envolvente (no octógono exterior). O processo de aprendizagem surge como resultante do ambiente sociocultural interativoemqueoalunoestáinseridoeéindissociável da cultura em que decorre (Lave & Wenger, 1990). A construção de conhecimentos, competências, atitudes e ações dos jovens recebe o contributo da sua interação com todos os ecossistemas à sua volta (Bronfenbrenner, 1979). A vida quotidiana do aluno (em casa, na escola, nos grupos juvenis que integra) funciona como incubadora para o pensamento e ação no meio social e político. A compreensão de que os processos de aprendizagem sãoinfluenciadospeloscontextosdevidaespontâneos dos alunos, evidencia o papel dos agentes educativos para além da instrução escolar formal, principalmente através do estímulo à criação de oportunidades de participação dos jovens nas diversas esferas da vida em sociedade. Para construir novas aprendizagens e permitir o desenvolvimento de conceitos e formas de comportamento cada vez mais complexos é essencial criar ocasiões para que os alunos possam refletir criticamente, através da interação com outros, sobre assuntos de âmbito nacional e internacional e promover a sua participação em níveis progressivamente mais alargados de intervenção cívica (Torney-Purta, Lehman, Oswald & Schultz, 2001). Gestão do Programa O currículo escolar agrega um conjunto de aprendizagens (sociais, éticas, científicas, interpessoais, funcionais e operativas) consideradas fundamentais a desenvolver na escola. Apresenta- -se como um quadro de referência que esclarece as metas de aprendizagem desejáveis e propõe itinerários educativos para as alcançar (Zabalza, 1987). O programa curricular de Cidadania e Desenvolvimento Social, definido para o 12.º ano, é composto por cinco unidades temáticas com um conjunto de conteúdos, metas de aprendizagem e atividades práticas, consideradas relevantes no âmbito da educação para a cidadania democrática. Apesar das unidades se encontrarem numeradas, essa organização serve apenas para auxiliar a sua identificação, não constituindo uma indicação da ordem pela qual devem ser lecionadas. O professor possui algum grau de liberdade para gerir o currículo de forma flexível, de modo a conciliar os elementos que compõem o programa com o espaço e o tempo em que decorre o processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, o professor tem autonomia, por exemplo, para adequar a planificação das aulas ao contexto de vida dos alunos, aos seus interesses e ritmos de aprendizagem. A planificação é um processo dinâmico e contínuo ao longo do ano letivo que possibilita introduzir ajustamentos e melhorias no sentido de contribuir para um processo de ensino-aprendizagem mais eficaz. O processo de planeamento é cíclico e envolve: 1) a tomada de decisão sobre os meios efetivos para alcançar os objetivos definidos; 2) a monitorização das decisões para identificar os progressos alcançados; 3) a revisão e avaliação dos resultados para auxiliar o planeamento de atividades futuras (Llewellin, 2010). As opções educativas do professor devem ser norteadas pelas metas de aprendizagem que se pretendem alcançar. A planificação pode desenvolver- -se em três níveis (a longo, médio e curto prazo) e
  18. 18. 16 | Cidadania e Desenvolvimento Social qual se aconselha a utilização de metodologias pedagógicas que permitam e fomentem a autonomia e participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem, possibilitando que: • Tomem decisões conscientes e informadas, sustentadas nas aprendizagens adquiridas através do conhecimento e experiência; • Discutam diferentes valores e atitudes, reco- nhecendo a diversidade de formas de ser, pensar e agir; • Trabalhem em grupo, desempenhando diferentes papéis; • Explorem e discutam questões relevantes no âmbito da cidadania; • Contactem pessoas e organizações da comunidade, expandindo os contextos de aprendizagem e de exercício da cidadania; • Tenham tempo para refletir sobre as aprendizagens adquiridas, capacitando-os a aplicá-las a outras situações da sua vida. As propostas metodológicas que se seguem baseiam- -se nos pressupostos referidos e visam auxiliar o professor a dinamizar as aulas de Cidadania e Desenvolvimento Social (Pureza, 2001; Afonso, 2005; Jardim & Pereira, 2006; Brown & Fairbrass, 2009): • Clarificação de valores – consiste na exploração dos valores dos alunos, através de exercícios teóricos e práticos, e da discussão de dilemas morais, que permitem a tomada de consciência sobre os valores e opções individuais. • Diálogo/debate – envolve a discussão de temas pertinentes no âmbito da cidadania e permite desenvolver competências de expressão, comu- nicação e argumentação. • Discussão de dilemas – incide na discussão de dilemas morais, a partir da análise de histórias e problemas hipotéticos ou reais, que permitem a partilha de opiniões. Potencia o desenvolvimento sócio-moral dos alunos. assume-se como ferramenta essencial para auxiliar o professor a organizar o seu trabalho de modo a atingir as finalidades educativas definidas na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social. • Planificação a longo prazo: o professor analisa o calendário escolar e calcula o número de semanas e de aulas previstas para o ano letivo, para obter uma perspetiva global sobre os tempos letivos disponíveis para lecionar cada unidade temática. • Planificação a médio prazo: o professor planeia cada unidade temática, organizando os conteúdos, metas de aprendizagem, metodologias pedagógicas, recursos e instrumentos e avaliação. • Planificação a curto prazo: o professor planeia cada aula, definindo os conteúdos a lecionar, as metas de aprendizagem a alcançar, as metodologias e recursos a utilizar. Envolve também a definição do tempo necessário para cada momento da aula: início, desenvolvimento, reflexão e conclusão. Sempre que for pertinente, o professor pode articular conteúdos e aprendizagens com aulas anteriores ou posteriores. Metodologias Pedagógicas As metodologias pedagógicas utilizadas na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social combinam teoria e prática, proporcionando contextos de aprendizagem diversificados e colaborativos, onde se alia transmissão de conhecimentos a oportunidades de aprendizagem ativa e cooperativa. Na aprendizagem ativa (aprender fazendo) os alunos são incentivados a refletir, resolver problemas, praticar e desenvolver conhecimentos e competências. Na aprendizagem cooperativa (aprender com os outros) os alunos trabalham em grupo, numa relação de interdependência positiva, na qual todos colaboram para alcançar objetivos comuns e todos beneficiam dos esforços individuais (Freitas & Freitas, 2002; O’Shea, 2003). Desta forma, pretende-se promover simultaneamente a formação de competências cognitivas, éticas e sociais de cidadania, razão pela
  19. 19. Enquadramento e Orientações Gerais | 17 produção coletiva de novas ideias. A partilha de ideias e opiniões gerada, estimula o pensamento crítico e criativo dos alunos. • Trabalho criativo – compreende a realização de trabalhos artísticos e manuais que estimulam a capacidade de reflexão, imaginação e criatividade dos alunos. • Trabalho de pesquisa/metodologia de investiga- ção – consiste na recolha e análise de informação, discussão dos resultados e sistematização das principais conclusões. É uma metodologia que incentiva a autonomia dos alunos no processo de aprendizagem e o desenvolvimento de competências analíticas e reflexivas. Quando envolve trabalho de campo (por exemplo, visitas de estudo a instituições locais e/ou entrevistas a pessoas da comunidade) potencia também o conhecimento da comunidade e a participação social. As metodologias pedagógicas aplicadas na educação para a cidadania democrática não se esgotam nestes exemplos. O professor pode acrescentar as alterações que entender necessárias, mediante ponderação sobre a pertinência e adequação das metodologias, considerando o contexto local dos alunos e com vista à concretização das metas de aprendizagem definidas. Avaliação das Aprendizagens A avaliação é uma dimensão central do processo de ensino-aprendizagem. Define-se como um processo dinâmico de recolha e tratamento de informação destinado à elaboração de um juízo crítico e à tomada de decisões, ao serviço da melhoria das aprendizagens dos alunos. A identificação dos pontos fortes e das necessidades dos alunos, e a sua adequada comunicação, constituems fatores chave do processo (Departamento do Ensino Secundário, 2001). • Discussão em painel – a discussão é conduzida por especialistas na área, como ocorre, por exemplo, em colóquios e conferências. Esta metodologia envolve um trabalho de logística, de organização e gestão dos meios e materiais necessários ao evento, que deve ser realizado com antecedência. • Estudo de caso – consiste na análise crítica e reflexiva de uma situação ou problema ancorado no contexto real. Com esta metodologia pretende- -se que os alunos explorem vários significados e soluções, com base nos conhecimentos adquiridos em cidadania. • Narrativas – a análise de narrativas históricas, lendárias, tradicionais ou épicas auxiliam a difundir mensagens morais, pois incentivam a expressão de emoções e a adoção de um posicionamento perante a narrativa. • Elaboração de regulamentos comunitários – a elaboração de regulamentos comunitários deve ser um processo participado, onde todos os intervenientes estão implicados na discussão aprofundada dos pressupostos. • Simulaçãodepapéis–consistenumadramatização, baseada numa situação real ou hipotética, na qual os alunos representam/simulam papéis e situações sociais. Os alunos têm a possibilidade de compreender o comportamento social e explorar formas alternativas de resolução de problemas. Trata-se de uma metodologia que envolve três fases: 1) “preparação” (apresentação da situação, definição dos objetivos, atribuição dos papéis, esclarecimento de dúvidas); 2) “representação” (simulação de papéis); 3) “exploração” (discussão e avaliação sobre a experiência, síntese e reflexão sobre as principais conclusões). • “Tempestade de ideias” – trata-se de uma metodologiautilizadaparaauscultarconhecimentos sobre um determinado tema e para incentivar a
  20. 20. 18 | Cidadania e Desenvolvimento Social Nesta secção, dando continuidade aos conteúdos dos Guias do 10.º e 11.º anos, apresentamos uma perspetiva do processo de avaliação em educação para a cidadania, discutindo alguns desafios que se colocam ao professor para avaliar a dimensão ativa e participativa que caracteriza esta disciplina. Abordaremos,commaiorprofundidade,metodologias de caráter participativo, associadas à avaliação formativa, bem como o seu papel no processo de ensino-aprendizagem. Princípios Orientadores do Processo de Avaliação O processo de avaliação em Cidadania e Desenvolvimento Social apresenta particularidades inerentes à natureza da disciplina. A noção de avaliação detém um caráter controverso no âmbito da disciplina e implica uma abordagem inovadora, adaptada às suas finalidades (Kerr, Keating & Ireland, 2009): deve envolver procedimentos e metodologias consentâneos com os princípios de flexibilidade, promoção da igualdade entre os alunos, transversalidade e abertura do conhecimento à prática; os quais, ao mesmo tempo, devem conferir rigor, coerência e sistematicidade às práticas pedagógicas. A avaliação deve ser programada para avaliar a participação dos alunos e o seu desempenho nas metodologias de aprendizagem ativas (Eurydice, 2012; Kerr, Keating & Ireland, 2009). O Quadro 2 resume alguns princípios que orientam o processo de avaliação nesta disciplina. Quadro 2. Princípios da avaliação em educação para a cidadania • Ser flexível e adequada aos conteúdos e metodologias pedagógicas; • Proporcionar oportunidades para os alunos receberem e darem feedback acerca do seu progresso e resultados, ajudando-os a auto- regular o processo de ensino-aprendizagem; • Envolver ativamente os alunos na definição dos objetivos e metas de aprendizagem e no processo de avaliação (por exemplo, através de autoavaliação e avaliação pelos pares); • Utilizar metodologias e instrumentos sensíveis à avaliação dos conhecimentos adquiridos, mas também de competências sociais e de comunicação, atitudes, valores, disposições e comportamentos; • Aplicar instrumentos que respondam à diversidade de estilos de comportamento e aprendizagem dos alunos (ou seja, ser culturalmentesensívelepromotoradaequidade e igualdade dos alunos). Dimensões do Processo de Avaliação A avaliação deve contribuir para reforçar as finalidades da disciplina, em particular, promover o desenvolvimento psicossocial e de competências cívicas dos alunos e a sua capacidade de participação e envolvimento com a comunidade educativa. O Quadro 3 resume as dimensões essenciais do processo de avaliação: finalidades (“porquê ou para que se avalia?”); conteúdos/objeto (“o que se avalia?”); contextos de avaliação (“onde se avalia?”); intervenientes no processo de avaliação (“quem avalia?”); modalidades (“quando se avalia?”) e instrumentos de avaliação (“como se avalia?”) (Kerr, Keating & Ireland, 2009; Departamento de Avaliação Pedagógica, 1992).
  21. 21. Enquadramento e Orientações Gerais | 19 Finalidades A avaliação é uma componente do processo de ensino aprendizagem, nomeadamente um elemento regulador que permite melhorar a aprendizagem e as práticas pedagógicas. Deve contribuir para as finalidades da disciplina, oferecendo-se como um espaço de aprendizagem e prática de competências- -chave de cidadania. Conteúdos Além dos conhecimentos, são avaliadas competências sociais, ético-afetivas, atitudes e comportamentos. O programa de Cidadania e Desenvolvimento Social define competências transversais e específicas a desenvolver pelos alunos ao longo do ciclo de estudos (ver Quadro 4), bem como metas de aprendizagem para cada unidade temática e respetivos subtemas. Estes elementos constituem critérios de evidência (Instituto de Inovação Educacional, 1994) que orientam o professor no processo de avaliação: permitem clarificar junto dos alunos o que é esperado do seu desempenho e planificar atividades/ instrumentos de avaliação capazes de aferir as várias competências e ajuizar sobre a evolução dos alunos (e de cada aluno) nessas competências. A avaliação baseada em critérios permite observar o processo de aprendizagem e identificar medidas para alcançar as metas de aprendizagem, e não apenas classificar, como acontece com a avaliação normativa (centrada no desempenho comparativo dos alunos dum grupo) (Instituto de Inovação Educacional, 1994). Contextos de avaliação A avaliação pode realizar-se em âmbitos e meios muito diversificados: dentro ou fora da sala de aula (na escola e na comunidade); em contextos reais ou criados para se assemelharem a situações reais (por exemplo, simulação de papéis). Pode ainda direcionar- -se para uma unidade curricular ou centrar-se em várias unidades. Quadro 3. Dimensões do processo de avaliação da disciplina Contribuir para a autorregulação do processo de ensino-aprendizagem; Constituir-se como oportunidade formativa e de prática de competências cognitivas, ético- -afetivas e sociais; Apoiar adaptações curriculares e facilitar a seleção de instrumentos e recursos para responder a necessidades educativas especiais; Orientar a relação do professor com os restantes elementos do processo educativo; Introduzir as alterações necessárias à melhoria da qualidade do sistema educativo. Competências cognitivas, ético-afetivas e sociais: conhecimentos, valores, atitudes, comportamentos. Na sala de aula; Na escola (enquanto comunidade); Na comunidade em que a escola está inserida; Em várias disciplinas ou numa unidade curricular específica. Professores; Alunos; Encarregados de educação; Elementos da comunidade educativa; Representantes da comunidade. Avaliação Sumativa; Avaliação Formativa; Avaliação Diagnóstica. Observação; Autoavaliação; Avaliação interpares; Apresentações, debates e discussões na sala de aula; Trabalhos de casa; Trabalho de projeto; Portfolio; Trabalhos práticos; Testes escritos. Fonte: adaptado de Kerr, Keating e Ireland (2009) Finalidades da avaliação Conteúdos Contextos de avaliação Intervenientes do processo de avaliação Modalidades de avaliação Instrumentos/metodologias
  22. 22. 20 | Cidadania e Desenvolvimento Social Quadro 4. Competências específicas da disciplina Competências cognitivas Vertente jurídico-política • Conhecimento das regras da vida coletiva e do procedimento democrático que subjaz à sua elaboração, aplicação e sedimentação social. • Conhecimento das diferentes esferas de poder e instituições públicas e da sociedade civil presentes numa sociedade democrática. • Reconhecimento da importância de tais regras e instituições na articulação de direitos e deveres. • Conhecimento dos direitos individuais e coletivos e das responsabilidades individuais e sociais. Vertente do mundo atual ou histórico-cultural • Conhecimentodosproblemaseinterrogaçõesquesecolocamàssociedadescontemporâneas, numa dupla dimensão histórica e cultural. • Aquisição de saberes que fomentem intervenções devidamente fundamentadas em debates públicos. • Capacidade de dosear o conhecimento técnico e especializado com compreensões amplas e de enquadramento geral. • Capacidade de analisar criticamente a sociedade, antecipar problemas e formular soluções estruturais a longo prazo. Vertente processual • Conhecimento sobre como se pode refletir, argumentar, debater, criticar e intervir, à luz de princípios como o da primazia dos direitos humanos, das possibilidades efetivas e limites de concretização e da solução pacífica das controvérsias. • Saber inerente à conceção, planificação, organização e avaliação de ações ou projetos, assente na premissa de que é tão importante conhecer os direitos e deveres do cidadão como conhecer a forma de os assegurar, reivindicar ou exercer. Vertente dos princípios e valores dos direitos humanos e da cidadania democrática • Conceção do ser humano fundamentada na igualdade, liberdade e dignidade de todos os indivíduos. • Reconhecimento dos valores da pessoa (independentemente da raça, sexo, etnia, religião, língua, cultura, entre outros) perante qualquer tipo de discriminação. • Compromisso para com o desenvolvimento pleno das qualidades essenciais da pessoa, independentemente do contexto, situação ou lugar do mundo em que se encontra. Competências ético-afetivas • Adesão interior, e não apenas imposta exteriormente de modo racional, legal ou formal, aos valores da cidadania democrática de liberdade, igualdade e solidariedade. • Construção pessoal de um sistema de valores, de forma racional e crítica, que inclua uma dimensão afetiva e emocional. • Reconhecimento da existência do Outro e aceitação positiva da diferença e diversidade, do respeito e da confiança no Outro, da capacidade dialógica e de reciprocidade, e de aceitação da combinação entre não discriminação e discriminação positiva como forma de ultrapassar a indiferença inerente a atitudes de suposta tolerância.
  23. 23. Enquadramento e Orientações Gerais | 21 Competências sociais • Coexistência e cooperação: capacidade de viver com os outros, de construir e desenvolver projetos conjuntos, de assumir responsabilidades, e de se relacionar com a diferença económica, cultural ou política do outro. • Resolução de conflitos: capacidade de solucionar pacificamente e através do diálogo os conflitos em que o próprio está envolvido, ou que ocorrem exclusivamente entre outros, de acordo com os princípios democráticos. • Intervenção crítica: capacidade de tomar parte em debates públicos, de argumentar, ouvir, contra-argumentar e decidir. Fonte: Programa – Cidadania e Desenvolvimento Social – 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade (adaptado de Pureza, 2001) Intervenientes O processo de avaliação deve ser participado e pode incluir múltiplos intervenientes. Implica que cada professor deixe de ser o avaliador único do trabalho dos seus alunos e partilhe essa tarefa com os restantes intervenientes do processo educativo: alunos, encarregados de educação, funcionários da escola ou elementos de organizações e entidades que colaboram nos projetos/atividades desenvolvidas no âmbito da disciplina. Modalidades de avaliação A avaliação deve estar presente ao longo do ano letivo. As modalidades de avaliação apresentadas no Quadro 5 correspondem a tempos distintos do processo de aprendizagem e têm finalidades diferentes mas complementares. Quadro 5. Modalidades de avaliação Diagnóstica Momento de avaliação inicial (por exemplo, no início do ano letivo, de um período, ou de uma unidade temática). Pretende informar o professor acerca do nível de conhecimentos dos alunos face às aprendizagens que lhes vão ser propostas. Formativa Ocorre ao longo de todo o ano letivo. Pretende fornecer informações acerca do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem e regular a aprendizagem, assegurando que os processos de formação se vão adequando às características dos alunos e que permitem a adaptação às diferenças individuais. Considera os resultados da aprendizagem, mas incide mais nos processos desenvolvidos pelos alunos face às tarefas propostas. Sumativa Realiza-se em momentos-chave do ano letivo (por exemplo, no final do período ou do ano letivo). Visa fazer um balanço final das aprendizagens dos alunos, avaliadas anteriormente de forma parcial, e determinar o seu grau de domínio face às metas de aprendizagem estabelecidas. Fonte: Vicente, Ruela, Patrão e Rodrigues (2012); Instituto de Inovação Educacional (1994)
  24. 24. 22 | Cidadania e Desenvolvimento Social i) Ativo, que potencia a participação ativa na vida da comunidade ou da comunidade escolar; ii) Experiencial e formativo, que fomenta o desenvolvimento de competências cívicas e sociais numa situação real ou aproximada da vida real; iii) Reflexivo, que implica que os alunos aprendam a rever o seu trabalho de forma crítica e consciente, analisando o que foi feito e o que ainda falta fazer. Ou seja, permite que desenvolvam competências metacognitivas (refletir sobre os seus processos cognitivos), possibilitando-lhes rever e reformular o trabalho e autorregular a aprendizagem. Quadro 6. Metodologias participativas de avaliação Constitui um modo privilegiado de avaliação formativa. O aluno participa em aspetos tão diversificados como a classificação, registo e análise dos erros cometidos e sucessos alcançados; autocorreção dos erros, apreciação crítica do seu trabalho, identificação de dificuldades, construção de soluções. Implica: • Explicitar os objetivos de aprendizagem; • Clarificar os critérios de avaliação; • Planificardeformapartilhadaasatividades e tarefas de aprendizagem; • Avaliar em conjunto os processos desenvolvidos e os resultados obtidos. Os alunos colaboram na avaliação dos colegas. Facilita a análise de conhecimentos sobre determinado(s) conteúdo(s) e de competências sociais e ético-afectivas, como a responsabilidade e o espírito crítico. Oferece aos alunos a possibilidade de se colocarem no papel do professor/avaliador, e assim compreenderem melhor o processo de desenvolvimento do trabalho. Autoavaliação Avaliação interpares Metodologias e instrumentos As atividades de avaliação devem ser múltiplas e diversificadas e realizar-se, tanto quanto possível, em situações reais ou aproximadas à realidade (Eurydice, 2012). Desenvolvem-se num continuum entre a avaliação das aprendizagens, centrada nos resultados (porexemploatravésdarealizaçãodetestesescritos)e a avaliação formativa (avaliação para a aprendizagem) em que os alunos são implicados na conceção dos instrumentos de avaliação (como na autoavaliação, trabalhos práticos ou trabalho de projeto). Dada a sua pertinência no âmbito da educação para a cidadania, abordaremos com maior profundidade algumas metodologias de avaliação de caráter participativo. Avaliação Participativa O processo de avaliação deve constituir uma oportunidade formativa e de desenvolvimento de competências cognitivas, sociais e ético-afetivas. A participação e envolvimento no processo de avaliação deve permitir aos alunos: • Estabelecer objetivos e planear como alcançar as metas de aprendizagem predefinidas; • Reunir evidências de aprendizagem (e dos progressos alcançados); • Identificar os seus pontos fortes e fracos (reconhecer o que fizeram bem e em que aspetos precisam melhorar e como o podem fazer); • Sentirem-se confiantes e orgulhosos das suas capacidades de aprendizagem; • Reconhecerem e valorizarem os seus progressos; • Serem reconhecidos pela sua participação na comunidade escolar e na vida da sua comunidade. O Quadro 6 apresenta um conjunto de metodologias que colocam o aluno no centro do processo de avaliação. Estas metodologias têm um carácter:
  25. 25. Enquadramento e Orientações Gerais | 23 Organizar debates temáticos: possibilita a análise da capacidade argumentativa, nível de conhecimento/estudo sobre determinado(s) conteúdo(s) e de competências de comuni- cação. De um processo, experiência, ou tema que pode ter caráter documental. Facilita a análise dograudecompreensãodeumtema/assunto; a capacidade de síntese e planeamento da atividade; observar o posicionamento pessoal sobre determinado(s) conteúdo(s). Possibilita aos alunos refletirem sobre determinado tema, atividade ou experiência de trabalho e apresentarem a sua perspetiva. Planificar, organizar e conceber apresentações orais para os colegas, professores ou outros elementos da comunidade educativa. Possibilita a análise do grau de conhecimento sobre determinado(s) conteúdo(s), de competências de comunicação, da capacidade de síntese da informação e apropriação de conteúdos, criatividade e rigor conceptual do discurso. Sobre um tema, uma experiência, os resultados de um projeto. Facilita a análise da criatividade, capacidade de síntese e recriação de conteúdos aprendidos. Possibilita aos alunos refletirem sobre um tema, atividade ou experiência de trabalho, apresentando a sua perspetiva. Criar uma coleção organizada e planeada de trabalhos produzidos por um aluno ao longo de determinado período de tempo, para proporcionar uma visão alargada e pormenorizada das diversas facetas do seu desenvolvimento. Professor e aluno partilham responsabilidades na conceção, decidindo o que incluir, em que condições e com que objetivos. Os trabalhos a incluir devem ser diversificados e mostrar diferentes metodologias de trabalho. Pode incluir relatórios, composições, registos fotográficos, projetos realizados pelos alunos. Sobre um tema, uma experiência, os resultados de um projeto; dirigidos à comunidade escolar, aos pais ou a entidades/ instituições. Facilita a análise da criatividade, capacidade de síntese e recriação de conteúdos aprendidos, bem como do rigor do discurso e competências de comunicação escrita. Possibilita aos alunos refletirem sobre determinado tema, atividade ou experiência de trabalho e apresentarem a sua perspetiva. Apresentações orais Construção de um website ou um blog Diário ou portfolio Produção de artigos, crónicas, cartas Debates Registo fotográfico ou vídeo
  26. 26. 24 | Cidadania e Desenvolvimento Social Hayward, J. (2010). Beginning to teach citizenship. In L. Gearon (Ed.), Learning to teach citizenship in the secondary school (2nd Ed.) (pp. 53-63). London: Routledge. Instituto de Inovação Educacional (Eds.) (1994). Pensar a avaliação, melhorar a aprendizagem. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional. Jardim, J. & Pereira, A. (2006). Competências pessoais e sociais. Guia prático para a mudança positiva. Porto: Edições Asa. Kerr, D., Keating, A. & Ireland, E. (2009). Pupil assessment in citizenship education: purposes, practices and possibilities. Report of a CIDREE Collaborative Project. Slough: NFER/ CIDREE. Lave, J. & Wenger, E. (1990). Situated Learning: Legitimate Peripheral Participation. Cambridge: Cambridge University Press. Lei de Bases da Educação (Lei n.º 14/2008 de 29 de outubro), aprovada pelo Parlamento Nacional em 9 de outubro de 2008 e promulgada em 17 de outubro de 2008. Leighton, R. (2010). Developing active participation in citizenship. In L. Gearon (Ed.), Learning to teach citizenship in the secondary school (2nd Ed.) (pp. 135-143). London: Routledge. Llewellin, S. (2010). Planning lessons and schemes of work in citizenship. In L. Gearon (Ed.) Learning to teach citizenship in the secondary school: A companion to school experience. London: Routledge. Menezes, I., Afonso, M., Gião, J. & Amaro, G. (2005). Conhecimentos, concepções e práticas de cidadania dos jovens portugueses. Um estudo internacional. Lisboa: Ministério da Educação, Direcção Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. O’Shea, K. (2003). Glossário de termos de Educação para a Cidadania Democrática. GIV/EDU/CIT (2003) 29. Estrasburgo: Conselho da Europa. Bibliografia Afonso, M. R. (2005). Construir e viver a cidadania em contexto escolar. Lisboa: Plátano Editora. Afonso, M. R. (2007). Educação para a Cidadania: Guião de Educação para a Cidadania em contexto escolar… Boas Práticas. Lisboa: Ministério da Educação, Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. Amadeo, J., Torney-Purta, J., Lehmann, R., Husfeldt, V. &Nikolova, R. (2002). Civic Knowledge and Engagement: An IEA Study of Upper Secondary Students in Sixteen Countries. Amsterdam: The International Association for the Evaluation of Educational Achievement. Bronfenbrenner, U. (1979). The Ecology of Human Development. Cambridge: Harvard University Press. Brown, K &Fairbrass, S. (2009). The citizenship teacher’s handbook. London: Continuum. Departamento do Ensino Secundário (2001). Avaliação e desempenho. Texto de apoio. Lisboa: Departamento do Ensino Secundário do Ministério da Educação. Direção-Geral da Educação (2012). Educação para a Cidadania – linhas orientadoras. Lisboa: Direção-Geral da Educação do Ministério da Educação e Ciência. Eurydice (2005). Citizenship Education at School in Europe. Brussels: Eurydice. Eurydice (2012). Citizenship education in Europe. Brussels: Eurydice. Fonseca, A. M. (2002). Formação Cívica: Guia de Orientação para o Ensino Básico. Porto: Porto Editora. Freitas, L. & Freitas C. (2002). Aprendizagem cooperativa. Guias práticos. Porto: Edições Asa. Gearon, L. (Ed.) (2007). A practical guide to teaching citizenship in the secondary school. New York: Routledge. Greenberg, D. (1992). Education in America: A view from Sudbury Valley. Framingham, MA: Sudbury Valley School Press.
  27. 27. Enquadramento e Orientações Gerais | 25 Osler, A. & Starkey, H. (2010). Learning for cosmopolitan citizenship: Theoretical debates and young people’s experiences. In L. Gearon (Ed.) Learning to teach citizenship in the secondary school: A companion to school experience. London: Routledge. Pureza, J. M. (coord.). (2001). Educação para a cidadania: Cursos gerais e cursos tecnológicos – 2. Lisboa: Departamento do Ensino Secundário do Ministério da Educação. Santos, M. E. (2007). Cidadania, cidadanias. Noesis, 69, 26- 29. Soares, J. V. (2003). Como abordar… A cidadania na escola. Porto: Areal Editores. Torney-Purta, J., Lehmann, R., Oswald, H. & Schulz, W. (2001).Citizenship and Education in Twenty Eight Countries: Civic Knowledge and Engagement at Age Fourteen. Amsterdam: International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA). Vicente, H. T., Ruela, A., Patrão, M. F., & Rodrigues, S. (2012). Cidadania e Desenvolvimento Social: Guia do Professor – 10.º ano de escolaridade. Díli: Ministério da Educação de Timor-Leste. West, L. (2010). Developing subject knowledge in citizenship. In L. Gearon (Ed.), Learning to teach citizenship in the secondary school (2nd Ed.) (pp. 64-77). London: Routledge. Zabalza, M. (1987). Planificação e desenvolvimento curricular na escola. Porto: Edições ASA.
  28. 28. i n t r o d u ç ã o A literacia política pode ser concebida como o conjunto de competências necessárias para aumentar a consciência política dos cidadãos, a eficácia da sua participação e a influência que exercem nos processos de tomada de decisão que permeiam a sociedade. Inclui o conhecimento do modo de funcionamento das instituições nacionais e competências para analisar questões de interesse público. Nesta unidade são abordadas diferentes formas de participação política, as noções fundamentais de soberania nacional e separação de poderes, e a estrutura, organização e funcionamento dos órgãos de soberania timorenses.
  29. 29. 28 28 28 37 38 Unidade Temática 1. Literacia e Participação Política 1.1. Nota Introdutória 1.2. Desenvolvimento da Unidade Subtema 1.1. Participação Democrática Subtema 1.2. Soberania Nacional 1.3. Recursos Adicionais
  30. 30. 28 Unidade Temática 1 | Literacia e Participação Política 1.1. Nota Introdutória A unidade “Literacia e Participação Política” visa facultar conhecimentos sobre o espírito, organização e funcionamento das instituições nacionais, para aumentar os recursos políticos dos cidadãos e contribuir para uma participação política mais eficaz e satisfatória. Existem diversas formas de participação política nas sociedades democráticas modernas. As mais comuns são o exercício de funções nos órgãos de soberania ou nos aparelhos partidários e o exercício do direito de voto durante os atos eleitorais ou participação nas campanhas eleitorais. Mas existem outras, desenvolvidas noutros momentos e espaços da vida pública, concretizadas através da atividade na sociedade civil e na formação da opinião pública. No primeiro subtema serão abordadas: diferentes formas de participar nos processos políticos e/ ou controlar e responsabilizar os seus atores; a importância da opinião pública e os mecanismos que subjazem à sua formação; as funções dos partidos políticos nos regimes democráticos; os diferentes tipos de eleições e os organismos que as regulam. No segundo subtema, é dada a conhecer a estrutura, organização e funcionamento dos diferentes órgãos de soberania de Timor‐Leste, para além de serem explorados os conceitos de soberania nacional e separação de poderes. 1.2. Desenvolvimento da Unidade Subtema 1.1. Participação Democrática Conteúdos • Participação política • Opinião pública • Mecanismos de formação da opinião pública • Sociedade civil • Partidos e eleições • Partidos políticos • Eleições • Órgãos de administração eleitoral Metas de Aprendizagem • Define participação política, distinguindo formas convencionais de não convencionais, formas visíveis e não visíveis. • Define opinião pública como um conjunto de opiniões acerca de problemas do interesse público nacional e internacional partilhado por um número significativo de pessoas. • Descreve e exemplifica os mecanismos de formação e influência da opinião pública (publicidade, propaganda, comunicação social, entre outros). • Identifica o direito e acesso à informação como condição fundamental dos sistemas democráticos, e a importância de meios de comunicação social independentes do poder político na seleção, análise e divulgação de informação ao público em geral. • Descreve a sociedade civil como o conjunto de organizações, instituições e associações de origem privada e finalidade pública, que detém um papel fundamental no equilíbrio de poderes numa sociedade democrática. • Reconhece a importância dos atos eleitorais, a contribuição pessoal de cada cidadão para a democracia expressa no voto, e o papel dos partidospolíticosnosistemapolíticotimorense. • Reconhece a importância e o papel desempenhado pelos partidos políticos nos sistemas democráticos pluralistas. • Descreve os objetivos e princípios que norteiam as atividades partidárias, as condições necessárias para a criação e formalização de um partido, e identifica diferentes partidos timorenses. • Descreve o sistema eleitoral timorense, elencando os diferentes tipos de eleições e os organismos que as regulam.
  31. 31. Unidade Temática 1 | 29 Componente Prática • O papel dos media na sociedade (Atividade 1.1.) • Pensar a liberdade de imprensa (Atividade 1.2.) • Qual é a mensagem da campanha eleitoral? (Atividade 1.3.) • Conhecer os partidos políticos timorenses (Atividade 1.4.) • Que razões para votar? (Atividade 1.5.) Atividade 1.1. O papel dos media na sociedade Objetivos: Refletir sobre o trabalho dos meios de comunicação social e o seu papel na sociedade; conhecer a opinião dos cidadãos, na turma e na comunidade, acerca deste assunto. Metodologia: Diálogo/debate; reflexão pessoal. Tempo: 50 minutos. Material: Quadro, papel, caneta ou lápis. Instruções: Introduza a atividade propondo aos alunos que realizem uma atividade de reflexão acerca do papel dos media na sociedade. O debate centra-se em seis frases constantes no Manual do Aluno: 1. Os meios de comunicação social deveriam fazer a cobertura de todos os partidos políticos e assegurar que as diferentes visões e opiniões possuem tratamento igual. 2. Os meios de comunicação social deveriam ser autorizados a apoiar qualquer partido político, mesmo que isso significasse ignorar outras opiniões. 3. Osmeiosdecomunicaçãosocialdeveriamserlivres para publicar qualquer coisa que desejassem. 4. Os meios de comunicação social deveriam verificar os factos, serem exatos e publicar correções caso tenham cometido algum erro. 5. Os meios de comunicação social deveriam apoiar o Governo sem criticá-lo. 6. Os meios de comunicação social deveriam investigar alegações de corrupção e informar o público. Para cada frase, peça que todos assinalem numa folha a opção que melhor traduz a sua opinião (1 – “discordo totalmente”; 2 – “discordo”; 3 – “não concordo nem discordo”; 4 – “concordo”; 5 – “concordo totalmente”). Analise as respostas para cada tópico, calculando a frequência de resposta em cada opção e construa um gráfico no quadro com as opiniões da turma (se a dimensão da turma tornar demasiado morosa a recolha, passe para a instrução seguinte). De seguida, apresente os dados do “Estudo sobre os processos de Comunicação e os Meios de Comunicação Social em Timor-Leste” (desenvolvidos no ponto seguinte “reflexão”), elaborado pelo Departamento de Comunicação e Informação Pública da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor- -Leste (UNMIT, 2011) e compare com os resultados obtidos na turma (ou peça para os alunos compararem com as suas respostas). Reflexão: O “Estudo sobre os processos de Comuni- cação e os Meios de Comunicação Social em Timor- -Leste” (UNMIT, 2011) providencia os dados que contextualizam a reflexão sobre esta atividade, sendo a segunda investigação realizada em Timor-Leste sobre este tema. O estudo contempla duas partes: i) um inquérito a nível nacional, realizado durante maio de 2010, onde foram entrevistadas 2.500 pessoas escolhidas aleatoriamente nos 13 distritos do país; ii) uma série de debates em nove grupos focais de discussão em sete distritos, que visavam complementar os resultados do inquérito. O estudo é representativo da opinião dos adultos timorenses (com mais de 15 anos de idade), com uma margem de erro de aproximadamente 1,95%. No inquérito era solicitado aos participantes que lessem as seis
  32. 32. A quinta frase centra-se também sobre a liberdade de imprensa, particularmente na sua independência em relação ao poder político. As opiniões são diversas: 37% concorda/concorda fortemente que os media deveriam apoiar o Governo sem criticar; e 37% discorda/discorda fortemente. A este propósito podem colocar-se questões como: “Se os media apoiarem sem reserva o governo, estão a contribuir para o equilíbrio de poderes na sociedade? Se os media não tiverem uma posição de independência relativamente ao poder político, poderão realizar o seu trabalho de forma isenta? Poderão informar nos casos em que os membros do governo não assumiram as suas responsabilidades ou infringiram a lei?” A sexta frase faz menção ao papel dos media enquanto “vigilantes” da sociedade, alertando o público para os casos de corrupção. 68% dos inquiridos concordou ou concordou fortemente com o exercício de funções de fiscalizador dos poderes públicos e privados e garante da transparência das relações sociais, económicas e políticas em Timor-Leste. Este estudo também contemplou a realização de grupos focais para aprofundar os dados do inquérito. Os principais resultados dos grupos focais sobre o papel dos meios de comunicação social (MCS) em Timor-Leste são: • “Há uma noção mais tradicional sobre o papel dos MCS na sociedade: são vistos como um canal do governo para difundir informação. • Os consumidores dos distritos mostraram-se frustrados e consideram os MCS ‘preguiçosos’, apresentando apenas notícias sobre aconteci- mentos na capital do país e deslocando-se raramente ou nunca às áreas rurais remotas.” Apresente as conclusões dos grupos focais à turma e lance o debate: “O que nos dizem os resultados sobre o tema em estudo? Como podem os meios de comunicação social melhor servir as populações e contribuir para o desenvolvimento da democracia em Timor-Leste?” declarações, referenciadas nesta atividade, sobre os meios de comunicação social (no geral, e não apenas em Timor-Leste), e indicassem qual “pensam ser a opinião de um amigo sobre estas declarações” (esta técnica permite que os inquiridos expressem as suas opiniões mais livremente). As duas primeiras frases reportam-se ao princípio da informação equilibrada e ao pluralismo de opinião nos meios de comunicação social (MCS). As opiniões dos inquiridos a este respeito são algo ambíguas. Assim, 64% dos inquiridos concorda que todos os partidos políticos deveriam ter espaço mediático e que as diferentes opiniões e visões deveriam ser tratadas de forma equitativa pelos MCS (frase 1); mas 41% concordou que os media deveriam ser autorizados a apoiar o partido que quiserem e a ignorar outras opiniões (frase 2). A terceira frase diz respeito ao princípio de liberdade deimprensa.ComosepodeconstatarnoGráfico1.1.,a maioriadosentrevistados(56%)concordaouconcorda fortemente com a liberdade dos MCS para publicarem aquilo que desejarem. Contudo, esta frase pode assumir uma perspetiva diferente, por referência às responsabilidades dos MCS e deveres dos jornalistas. Por exemplo: “Será que os meios de comunicação podem transmitir mensagens que fomentem atitudes racistas ou violentas? Podem os jornalistas publicar notícias que difamem, caluniem ou injuriem pessoas? Podem os jornalistas tecer acusações a indivíduos ou organizações sem terem provas suficientes? Poderão os jornalistas publicar notícias que violem o direito à honra e privacidade consagrados na Constituição da RDTL? Será que podem noticiar um evento polémico sem ouvir todas as partes interessadas?” A quarta frase reporta-se ao princípio de exatidão jornalística, sendo que 68% dos entrevistados concordam com a necessidade de rigor e objetividade, indicando um forte apoio a este princípio. 30 | Literacia e Participação Política
  33. 33. Tempo: 50 minutos. Material: Papel e caneta ou lápis. Instruções: Introduza os alunos ao conceito de liberdade de imprensa e a sua importância nas sociedades democráticas. Seguidamente, aborde algumas das formas de influenciar os conteúdos dos media, constantes no Manual do Aluno. Depois desta breve exposição, peça aos alunos para formarem grupos de quatro ou cinco elementos e produzirem uma pequena reflexão escrita sobre as perguntas que se encontram no Manual do Aluno. Em todas as questões, os alunos podem procurar exemplos nacionais e/ou internacionais e também efetuar pesquisas nos meios de comunicação social e na Internet (num período entre aulas a combinar com o professor). Cada grupo deverá eleger um representante que irá, no final, comunicar à turma as conclusões. Como recursos adicionais para esta atividade, salientam-se: o “Estudo sobre os processos de Comunicação e os Meios de Comunicação Social em Timor-Leste” (UNMIT, 2011); a Constituição Anotada da RDTL, coordenada por Bacelar de Vasconcelos (2011); o documento “Jornalismo em Timor-Leste: Manual de Jornalismo”, da autoria de Chloe Adams (2011) e publicado pela Secretaria de Estado do Conselho de Ministros; a Resolução do Governo n.º 21/2010 de 31 de março, “Política Nacional para a comunicação Social”, publicada em Jornal da República. Estas referências podem igualmente ser utilizadas na Atividade 1.2. Atividade 1.2. Pensar a liberdade de imprensa Objetivos: Refletir sobre a importância da liberdade de imprensa; identificar formas de influenciar os conteúdos veiculados pelos media. Metodologia: Diálogo/debate; reflexão pessoal. Gráfico 1.1. Resultados do inquérito do “Estudo sobre os processos de Comunicação e os Meios de Comunicação Social em Timor-Leste”: O papel dos MCS em Timor-Leste. Fonte: UNMIT – Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste: Departamento de Comunicação e Informação Pública (2011) Unidade Temática 1 | 31
  34. 34. artigo 41.º, “Liberdade de imprensa e dos meios de comunicação social”), a Resolução do Governo n.º 21/2010, de 31 de março, apoia a criação de um órgão de supervisão, independente e plural – Comissão Nacional para a Comunicação Social – que exercerá a defesa dos direitos dos jornalistas, através dos direitos de queixa e recurso. As perguntas apelam igualmente ao pluralismo nos media, em particular a questão 2. Neste âmbito a Comissão Nacional para a Comunicação Social terá um papel relevante, já que lhe competirá assegurar o “pluralismo de opinião, impedindo a concentração dos meios de comunicação social ou interferências na liberdade editorial dos órgãos de comunicação social pelo poder político ou económico”. Com efeito, a Constituição da RDTL, no artigo 41.º, estabelece que “não é permitido o monopólio dos meios de comunicação social”, seja público ou privado. A proibição dos monopólios prende-se com a garantia de pluralismo de informação e opinião, indispensável num Estado de Direito democrático. A questão 3 reporta-se ao papel dos meios de comunicação social enquanto vigilantes dos poderes instituídos na sociedade; e a questão 4 às limitações à liberdade de imprensa (censura) e aos seus prejudiciais entraves ao funcionamento de uma sociedade democrática. Se a informação é ocultada, os cidadãos podem ter dificuldades em decidir se o Governo está a cumprir o programa que apresentou durante a campanha ou se está a infringir leis (o mesmo se aplica a outros poderes, como os grandes grupos económicos). Com efeito, quando os Governos pretendem a todo o custo manter o poder (como nos regimes antidemocráticos, totalitários ou autoritários), uma das formas de o fazer é controlando os meios de comunicação social e exercendo a censura para limitar a informação a que os cidadãos podem aceder. Neste ponto, pode colocar as seguintes questões e sugestões para reflexão: “Por Reflexão: As questões a abordar são: 1. Se fosses jornalista ou editor de um meio de comunicação… a) PublicavasumanotícianegativasobreoGoverno se soubesses que este colocava na prisão os jornalistas que expressavam visões contrárias à oficial? b) Publicavas uma notícia que mostrava o mais importante patrocinador do meio de comunicação para o qual trabalhavas envolvido em corrupção? c) Publicavas uma notícia contrária às visões do dono do meio de comunicação social para o qual trabalhavas? 2. Porque é importante que a propriedade dos meios de comunicação social esteja dispersa e não seja dominada por um indivíduo ou pequeno grupo de pessoas? 3. Observa o diagrama representado na atividade 1.2. e pensa num exemplo concreto; indica duas razões pelas quais é importante a expressão da verdade nos meios de comunicação social. 4. Faculta um exemplo, do presente ou do passado, em que a censura tenha sido utilizada para controlar o conhecimento e crenças dos cidadãos. Durante a reflexão poderá assinalar os deveres e direitos do jornalista, tal como são expressos na Resolução do Governo n.º 21/2010, de 31 de março (“Política Nacional para a Comunicação Social”). Neste documento pode ler-se que os jornalistas têm o dever de “reportar os eventos de forma objectiva, honesta e imparcial”, mas também o direito à “liberdade de expressão e criação”. A questão 1 refere-se a alguns dilemas que podem surgir no exercício da profissão de jornalista: “será possível relatar a verdade num ambiente de medo, de ameaça de prisão ou despedimento?” Neste âmbito, para além das garantias definidas na Constituição da RDTL (artigo 40.º, “Liberdade de expressão e informação”; 32 | Literacia e Participação Política
  35. 35. Peça aos alunos para lerem o texto sobre as campanhas eleitorais em Timor-Leste que se encontra na introdução da atividade. Seguidamente, solicite que, em pequenos grupos e baseando-se nas suas experiências pessoais (ou num trabalho de pesquisa a realizar entre duas aulas), analisem uma campanha política e identifiquem as formas pelas quais os partidos procuram influenciar o eleitorado. Conceda algum tempo para os grupos elaborarem as suas opiniões. Organize o debate entre grupos para identificar os meios e discursos que em Timor-Leste são mais eficazes para influenciar a opinião pública. Reflexão: O texto disponível no Manual do Aluno refere que o discurso político em altura de campanha eleitoral se centra numa caracterização do candidato, maisprecisamenteemquatrotópicosdoseucurrículo: 1. participação na resistência à ocupação indonésia; 2. formação escolar formal; 3. experiência política; 4. experiência profissional significativa. Nos atos de campanha, é igualmente comum identificar a casa de origem do candidato e fazer referência ao sofrimento e dificuldades, presentes e passadas, dos timorenses. Questione os alunos sobre se consideram estes elementos informativos suficientes ou se gostariam de ter outras informações e quais; que recursos são utilizados pelos partidos para influenciar a opinião pública (por exemplo, cartazes, arruadas) e quais são mais eficientes; quais são as propostas programáticas apresentadas pelos candidatos e como pensam implementá-las. que motivos um Governo que pretenda ser reeleito pode decidir controlar a imprensa? Por que é que a democracia não pode funcionar adequadamente se os media são controlados por poderes económicos ou políticos? Existirão razões para em algumas situações limitar a liberdade de imprensa (por exemplo, poderá fazer referência ao artigo 25.º da Constituição da RDTL, intitulado “Estado de exceção”; outro exemplo é o Reino Unido ter limitado a liberdade de imprensa em 1982, aquando da Guerra das Malvinas com a Argentina)?” Peça aos alunos que façam uma lista das informações que, na opinião deles, os media devem ter liberdade para noticiar e outra com as que pensam que a imprensa não deve publicar. No final, os alunos deverão usar essas listas para construir uma lei da liberdade de imprensa. Atividade 1.3. Qual é a mensagem da campanha eleitoral? Objetivos: Promover a análise crítica e reflexiva do discurso político; refletir sobre as formas como as campanhas eleitorais procuram influenciar a opinião pública. Metodologia: Diálogo/debate; reflexão pessoal; clarificação de valores; trabalho de pesquisa (facultativo). Tempo: 50 minutos. Material: Papel e caneta ou lápis. Instruções: Comece por referir que as campanhas eleitorais são momentos relevantes da vida política, em que os diferentes partidos políticos procuram recolher o apoio dos cidadãos e influenciar a opinião pública a seu favor. Para isso, podem recorrer a inúmeros meios, alguns dos quais abordados no Manual do Aluno (ver 1.1.2. Opinião Pública). Unidade Temática 1 | 33
  36. 36. 46.º), à sua participação nos órgãos de poder político e ao direito de constituírem oposição democrática (art. 70.º). Com efeito, a democracia não é possível em regimes de partido único, pois pressupõe o debate entre diferentes partidos e a escolha pelos cidadãos das ideias e programas em confronto. Os partidos políticos detêm várias funções, como formularem programas e facultarem um espaço de participação política, mas a maioria dos cidadãos apenas tem contacto com eles durante as campanhas eleitorais. Esta atividade visa promover o conhecimento dos diversos partidos timorenses e reconhecer o seu papel num sistema democrático pluralista. Os alunos podem ser encorajados a explicar como um cidadão se pode tornar membro de um partido; dar exemplos do trabalho desenvolvido pelo partido que estudaram; desenhar o organigrama do partido; analisar como é promovida a participação dos jovens cidadãos; pensar sobre as motivações para a filiação partidária; refletir sobre as razões que levaram os eleitores a votar num determinado partido (por exemplo, “o voto no partido analisado foi determinado pelo programa que apresentou ou pelas características pessoais dos seus candidatos?” ou “quais as propostas governativas apresentadas pelo partido estudado?”). Atividade 1.5. Que razões para votar? Objetivos: Analisar criticamente as razões para votar nas eleições; desenvolver competências de recolha e análise crítica de informações através de inquéritos; reconhecer a contribuição pessoal de cada cidadão numa democracia. Metodologia: Diálogo/debate; reflexão pessoal; trabalho de pesquisa/metodologia de investigação. Tempo: 50 minutos (realização do debate na turma e instruções aos alunos sobre como realizar o inquérito) + trabalho de campo extracurricular + 50 minutos (análise dos resultados do inquérito e reflexão sobre a atividade realizada). Atividade 1.4. Conhecer os partidos políticos timorenses Objetivos: Promover o conhecimento dos partidos políticos timorenses; refletir sobre as funções dos partidos, os seus direitos e deveres. Metodologia: Trabalho de pesquisa. Tempo: 10 minutos (+ trabalho extracurricular). Material: Papel, caneta ou lápis, acesso aos meios de comunicação social e/ou Internet. Instruções: Solicite aos alunos que, em grupos de dois ou três elementos, realizem um trabalho de pesquisa sobre um dos partidos políticos timorenses. Primeiro, devem selecionar o partido a estudar (o professor terá o cuidado de evitar repetições, encorajando os diferentes grupos a escolherem diferentes partidos). Com o trabalho de pesquisa pretende-se recolher informação sobre: 1) história do partido; 2) dirigentes/ líderes, militantes e organização atual; 3) objetivos e programa; 4) número de assentos parlamentares; 5) outras informações relevantes. Para além do trabalho de campo e do contacto direto (quando possível) com os partidos e com os seus militantes e/ou dirigentes, os alunos podem consultar o documento “Political parties and groupings of Timor-Leste” (disponível no sítio eletrónico oficial do Australian Labour Party, www.alp.org.au). Com os dados recolhidos, os grupos preparam uma pequena exposição de 5 minutos para a turma. Reflexão: A Constituição da República Democrática de Timor-Leste atribui um papel relevante aos partidos políticos, fazendo-lhes diversas referências. É valorizado o seu contributo “para a expressão organizada da vontade popular e para a participação democrática do cidadão na governação do país” (art. 7.º); é consagrado o direito à sua criação e filiação (art. 34 | Literacia e Participação Política
  37. 37. com o grupo de idade “25-40”; 2) na segunda pergunta colocar uma barra na coluna “C”. Depois de analisadas a folha de inquérito e as instruções, reflita com os alunos sobre as seguintes questões: • Quantas pessoas devem ser entrevistadas? • Quando e onde vão fazer o inquérito? • Como é que podem garantir a seleção aleatória dos entrevistados? • Quando é que pensam ter os resultados prontos para discussão? Nota: Quando colocar estas questões, tenha atenção aos obstáculos que podem surgir. Em primeiro lugar, certifique-se que no espaço público da comunidade existem condições de segurança para a realização desta atividade. Em segundo lugar, nalgumas comunidades, as pessoas podem não gostar de ser abordadas por desconhecidos na rua para serem interrogadas. Nestes casos é aconselhável que os alunos comecem a fazer o inquérito junto de pessoas que conheçam (amigos e familiares). Notas sobre como conduzir um inquérito Procurar entrevistados 1. Aborda possíveis entrevistados de forma aleatória. Ou seja, não deves selecionar as pessoas para serem incluídas ou excluídas do inquérito porque, por exemplo, são novas, idosas, bonitas, etc. 2. Pergunta ao possível entrevistado se seria possível fazer-lhe duas perguntas para um inquérito. Explica quem és (aluno do Ensino Secundário) e o porquê deste inquérito (trabalho de campo para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento Social). Assegura ao entrevistado que o inquérito é anónimo e que as suas respostas não vão ser tornadas públicas. Material: Papel e caneta ou lápis. Instruções: Esta atividade subdivide-se em várias partes: Introdução Sugira aos alunos que realizem um debate na turma sobre as razões para votar ou não votar nas eleições. Aqueles que consideram importante votar formam um grupo e os que não consideram formam outro. Os que não têm opinião ou estão indecisos podem ser distribuídos pelos dois grupos de forma equilibrada. Cada grupo deverá escrever uma lista com as razões para “votar” ou “não votar”. Após a elaboração das listas, os grupos elegem um representante para ler a lista. Podem acrescentar mais razões às listas se considerarem necessário. Saliente que devem guardar ambas as listas para refletir no final desta atividade. 1ª Parte. Realização de um inquérito Proponha aos alunos que realizem um inquérito nas suas comunidades acerca das razões que levam as pessoas a votar ou a não votar nas eleições. Apresente-lhes a folha de inquérito a utilizar (peça para copiarem para o caderno) e faculte algumas instruções sobre como conduzir um inquérito (ver o campo “Notas sobre como conduzir um inquérito”). Certifique-se que todos compreenderam o método de registo das respostas e, se necessário, faculte um ou dois exemplos. Por exemplo, se o entrevistado for uma mulher de 35 anos, afirmar ter votado nas últimas eleições e assinalar como principal razão para o ter feito concordar com algumas das propostas políticas dos partidos, o aluno entrevistador deve: 1) preencher o campo “II. Votantes”, pois a inquirida respondeu afirmativamente à questão “votou nas últimas eleições?”; 2) na primeira pergunta assinalar uma barra na quadrícula que cruza o sexo “feminino” Unidade Temática 1 | 35
  38. 38. • Percentagem de entrevistados do sexo feminino e masculino; • Percentagem de entrevistados em cada grupo de idades; • Grupo de idades com menos votantes; • Grupo de idades com mais votantes; • Razões mais comuns para não votar; • Razões mais comuns para votar. Reflexão: Converse com os alunos sobre a experiência de fazer um inquérito à comunidade e sobre o que aprenderam. Pode colocar questões como: “Tiveram dificuldades na realização do inquérito? Quais? Gostaram de realizar o inquérito? Se sim, o que vos agradou? Houve algum problema/dificuldade na análise dos resultados? As razões apresentadas estavam mais relacionadas com as pessoas ou com os partidos? As respostas dos entrevistados são mais ou menos correspondentes com os sentimentos da turma? Houve algum resultado inesperado? Depois da realização do inquérito, qual é a perceção dos grupos sobre a utilização do seu direito de voto? Nos dois grupos da turma alguém mudou de opinião (em ambas direções)? Em caso afirmativo, qual foi o argumento mais convincente?” É importante salientar que, tanto no debate inicial como na reflexão final, o objetivo principal é que o aluno pense criticamente sobre a sua participação para o processo democrático. Não se pretende convencer ou persuadir os alunos a votar, mas que cada um tome a sua decisão pessoal, ouvindo e refletindo sobre diferentes motivos para votar (e não votar) que as pessoas entrevistadas e os colegas na turma apresentam. Registar os dados 1. Se a pessoa concordar em responder ao inquérito, pergunta-lhe se votou nas últimas eleições. Se a resposta for “não”, preenche o campo I correspondente aos “não votantes”. Se a resposta for “sim”, preenche o campo II correspondente aos “votantes”. 2. Na “Pergunta 1” as pessoas só precisam de dizer a idade se quiserem. Caso contrário, anota uma barra na última coluna. 3. Na “Pergunta 2” mostra as várias opções ao entrevistado e pede-lhe para escolher uma delas. Se a razão for diferente das apresentadas, não te esqueças de a apontar na última coluna (nota: a diferença entre a resposta “B” e a “C” é que “B” envolve uma pessoa e “C” diz respeito a um partido). 4. Devem fazer uma marca por questão, por pessoa. As marcas apontadas devem ser claras para que possam ser contabilizadas mais tarde. Devem tentar registar o maior número de pessoas possível numa só folha. Fonte: adaptado de Gomes (s/d) 2.ª Parte. Análise dos resultados Depois do inquérito estar terminado, os alunos deverão reunir-se e analisar/debater os resultados. 1. Primeiro devem juntar os totais numa tabela, reunindo a informação que todos recolheram na realização do inquérito. 2. Quando tiverem reunido toda a informação, proponha que calculem as seguintes estatísticas: • Número total de entrevistados; • Percentagem de “votantes” e percentagem de “não votantes”; 36 | Literacia e Participação Política
  39. 39. Subtema 1.2. Soberania Nacional Conteúdos • Conceito de soberania nacional • Separação de poderes • Órgãos de soberania • Presidente da República • Parlamento Nacional • Governo • Tribunais Metas de Aprendizagem • Define o conceito de soberania nacional como o direito que uma nação possui de dispor livremente dos seus destinos e, por sua própria autoridade, instituir órgãos de poder (soberania), estabelecer normas jurídicas e impô-las coativamente. • Compreende a importância da separação de poderes como forma de garantir e proteger as liberdades públicas e privadas relativamente a eventuais abusos de poder por indivíduos ou partidos. • Identifica e caracteriza os órgãos de soberania nacional, quanto às suas competências e funcionamento, compreendendo as suas inter- relações. • Explica a relação dos órgãos de soberania nacional com os cidadãos e identifica os protagonistas de cada um desses poderes no momento atual. Componente Prática • A repartição do poder político (Atividade 1.6.) Atividade 1.6. A repartição do poder político Objetivos: Identificar os poderes soberanos (e os seus protagonistas no momento atual) e conhecer as competênciasdoPresidentedaRepública,Parlamento Nacional, Governo e Tribunais; compreender a importância da separação dos poderes e do controlo mútuo dos diferentes órgãos de soberania. Metodologia: Trabalho de pesquisa. Unidade Temática 1 | 37 Inquérito “Votou nas últimas eleições?” Não (preencher o campo “I. Não votantes”) Sim (preencher o campo “II. Votantes”) I. Não votantes 1.ª Pergunta: Qual o grupo de idade em que se insere? Abaixo dos 25 25-40 41-60 Acima dos 60 Não sabe/ não responde Masculino Feminino 2.ª Pergunta: Qual a principal razão para não ter votado nas últimas eleições? A.Pensei que não fizesse diferença no resultado. B.Não gostava de nenhum dos candidatos. C.Não concordava com nenhuma das políticas propostas pelos partidos. D.Não queria envolver-me. E.Outra razão (detalhes) A B C D E II. Votantes 1.ª Pergunta: Qual o grupo de idade em que se insere? Abaixo dos 25 25-40 41-60 Acima dos 60 Não sabe/ não responde Masculino Feminino 2.ª Pergunta: Qual a principal razão para ter votado nas últimas eleições? A.Pensei que não fizesse diferença no resultado. B.Não gostava de nenhum dos candidatos. C.Não concordava com nenhuma das políticas propostas pelos partidos. D.Não queria envolver-me. E.Outra razão (detalhes) A B C D E

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