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DIOCESE DE ESTÂNCIA/SE – FORANIA DE ESTÂNCIA
INSTITUTO DE TEOLOGIA SÃO JOÃO XXIII
BÍBLIA I (Introdução e História de Israel)
Pe. Fagner Santos de Oliveira
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DIOCESE DE ESTÂNCIA/SE – FORANIA DE ESTÂNCIA
INSTITUTO DE TEOLOGIA BEATO JOÃO XXIII
Curso: Bacharelado em Teologia
Disciplina: Bíblia I (Introdução e História de Israel)
Docente: Pe. Fagner Santos de Oliveira
Discente:
Período curricular: 2015/1
PLANO DE ESTUDO
Aulas de 1 a 5 (28 de março): Introdução geral (parte 1) (composição bíblica e gêneros
literários)
Aulas de 6 a 10 (09 de maio): Introdução geral (parte 2) (abreviaturas bíblicas, termos bíblicos
e introdução geral)
Aulas de 11 a 15 (13 de junho): História do povo de Deus (cenário internacional e história do
povo de Israel)
Aulas de 16 a 20 (11 de julho): História da escrita do Antigo Testamento (fase das tradições
quase só orais; Reino Unido ou Monarquia; Reino de Israel ou do Norte; Reino de Judá ou do Sul;
Exílio na Babilônia; depois do Exílio)

Pe. Fagner Santos de Oliveira, nascido aos 18 de Fevereiro de 1985, é natural de Lagarto/SE, e
pertence ao clero da Diocese de Estância, SE. É licenciado em Filosofia pelo Instituto de Filosofia e
Teologia Santo Alberto Magno, de União da Vitória/PR (2006), e também licenciado em Filosofia pela
Faculdade Católica de Anápolis/GO (2013); bacharel em Teologia pelo Instituto de Filosofia e
Teologia Santo Alberto Magno, de União da Vitória/PR (2009), e também bacharel em Teologia pela
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba/PR (2010); pós-graduado em Filosofia pelas
Faculdades Integradas de Jacarepaguá/RJ (2012); licenciado em Geografia pela Universidade Federal
de Sergipe (2013); e, possui pós-graduação em Sagrada Escritura pelas Faculdades Claretianas (2014).
Ordenado Sacerdote aos 23 de Abril de 2010, foi vigário da Paróquia de N. Sra. da Guia (em 2010).
Atualmente é o reitor do Seminário Propedêutico N. Sra. de Guadalupe (desde 2010), vigário da
Paróquia N. Sra. de Guadalupe, Catedral de Estância (desde 2011), promotor vocacional diocesano
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(desde 2012) e diretor do Instituto de Teologia São João XXIII, da Diocese de Estância/SE (desde
2012). Também é membro do Colégio de Consultores e do Conselho Presbiteral Diocesano (desde
2010). Lecionou a disciplina de Atos, Cartas Paulinas e Católicas, no Curso de Teologia de Leigos da
Diocese de União da Vitória/PR, em 2009; a disciplina de Introdução à Bíblia no Curso de Teologia
para Leigos da Paróquia de N. Sra. da Guia, em Umbaúba/SE, no ano de 2010; a disciplina de
Introdução à Bíblia nos Cursos de Escola da Fé da Paróquia de Senhora Sant’Ana, em Boquim/SE e
da Paróquia de Santa Luzia, em Santa Luzia do Itanhi, no ano de 2011; em 2012 lecionou as
disciplinas de Bíblia I (AT: Pentateuco e Livros Históricos) e Bíblia II (AT: Escritos Sapienciais e
Proféticos), em 2013, as disciplinas Bíblia I (AT: Pentateuco e Livros Históricos), Bíblia II (AT:
Escritos Sapienciais e Proféticos), Bíblia III (NT: Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos), Bíblia
VI (NT: Cartas Paulinas), em 2014, as disciplinas Bíblia I (AT: Pentateuco e Livros Históricos),
Bíblia II (AT: Escritos Sapienciais e Proféticos) e Bíblia III (NT: Evangelhos Sinóticos e Atos dos
Apóstolos), na Escola Teológica Beato João XXIII, da forania de Estância; atualmente leciona Bíblia I
(Introdução e História de Israel) e Teologia Sistemática III (Trindade), no Instituto de Teologia São
João XXIII, da Diocese de Estância; e a disciplina Introdução à Bíblia, no Seminário Propedêutico N.
Sra. de Guadalupe; e é titular da disciplina de Introdução à Bíblia no Seminário Propedêutico N. Sra.
de Guadalupe, em Estância/SE, desde 2010; e das disciplinas Bíblia I (Introdução e História de
Israel), Bíblia II (AT: Pentateuco e Livros Históricos), Bíblia III (AT: Escritos Sapienciais e
Proféticos), Bíblia IV (NT: Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos), Bíblia VI (NT: Cartas
Paulinas), Bíblia VII (Métodos de Leitura Bíblica), Bíblia VIII (Hermenêutica Bíblica
Contextualizada) e Bíblia IX (Livros Apócrifos e Pseudepígrafos) no Instituto de Teologia São João
XXIII, da Diocese de Estância, em Estância/SE, desde 2012. Por fim, é coordenador do Serviço de
Animação Vocacional Diocesano (desde 2014) e assessor eclesiástico da Pastoral Universitária da
Diocese de Estância (a partir de 2015). (Email: fagnerdeoliveira@hotmail.com)
Aulas de 1 a 5: INTRODUÇÃO GERAL (parte 1)
CONTEÚDO: COMPOSIÇÃO BÍBLICA E GÊNEROS LITERÁRIOS
I – COMPOSIÇÃO BÍBLICA E GÊNEROS LITERÁRIOS:
1) Antigo Testamento: ___________________________________________________ 46 livros:
1) Pentateuco ou Livros da Lei (Torá) (Leis) (Gn, Ex, Lv, Nm e Dt) ________ 5 livros
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2) Livros históricos ou Livros da Tradição Profética Oral (Js, Jz, Rt, 1 e 2 Sm, 1 e 2 Cr, 1 e
2 Re, Esd, Ne, Tb, Jd, Est, 1 e 2 Mac) _______________________________________ 16 livros
3) Livros Sapienciais ou poéticos (Jó, Sl, Prov, Ecle, Ct, Sb, Eclo) _________ 7 livros
4) Livros Proféticos ou Livros da Tradição Profética Escrita (Is, Jr, Lm, Br, Ez, Dn, Os, Jl,
Am, Ab, Jn, Mq, Na, Hab, Sf, Ag, Zc, Ml) _____________________________________ 18 livros
2) Novo Testamento: ____________________________________________________ 27 livros:
1) Evangelhos Sinóticos (Mt, Mc e Lc): ______________________________ 3 livros;
2) Evangelho Joanino _____________________________________________ 1 livro;
3) Atos dos Apóstolos (São Lucas) ___________________________________ 1 livro;
4) Cartas Paulinas ________________________________________________ 14 livros:
a) Divisão (de Harrington): critério do conteúdo teológico:
1) 1 (e 2)Ts ________________________________________________ 2 livros;
2) As grandes epístolas (Gl, 1Cor, 2Cor e Rm) ____________________ 4 livros;
3) As Epístolas do Cativeiro (Fl, Fm, Cl e Ef) _____________________ 4 livros;
 Porque falam de Paulo na prisão;
4) As Epístolas Pastorais (1Tm, Tt e 2Tm) ________________________ 3 livros;
 Porque são destinadas a chefes de Igrejas;
5) Hebreus _________________________________________________ 1 livro.
b) Outra divisão (de Fabris): critério das informações (destinatários, lugar, data, etc):
1) Epístolas Autênticas de Paulo (= Protopaulinas): escritas ou ditadas por Paulo (são
sete):
1) 1Ts _____________________ (50-51);
2) 1Cor ____________________ (53-54);
3) Fl ______________________ (54-55);
4) Fm _____________________ (54-55);
5) 2Cor ____________________ (55-56);
6) Gl ______________________ (56-57);
7) Rm _____________________ (57-58).
2) Hebreus ______________________ (67-75).
3) Epístolas da Tradição Paulina (= Deuteropaulinas): escritas após a morte de Paulo
(5-67 d.C.) por discípulos da sua tradição; são seis:
1) 2Ts _____________________ (75-82);
2) Cl ______________________ (82-84);
3) Ef ______________________ (84-85);
4) 1Tm ____________________ (85-87);
5) Tt ______________________ (87-90);
6) 2Tm ____________________ (90-92).
5) Epístolas Católicas (Tg, 1Pd, Jd, 2Pd, 1Jo e 2-3Jo) ___________________ 7 livros.
 Porque são destinadas a cristãos em geral (e não a comunidades em particular);
6) Apocalipse (Jo) ________________________________________________ 1 livro.
Aulas de 6 a 10 – INTRODUÇÃO GERAL (parte 2)
CONTEÚDO: ABREVIATURAS BÍLICAS, TERMOS BÍBLICOS E INTRODUÇÃO
GERAL
I – ABREVIATURAS BÍBLICAS:
a) A vírgula (,): separa capítulo de versículo;
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b) O ponto e vírgula (;): separa capítulos e livros;
c) O ponto (.): separa versículo de versículo, quando não seguidos;
d) O hífen (-): indica sequência de capítulos ou de versículos;
e) As letras (s) ou (ss): versículo seguinte ou versículos seguintes;
f) As letras (a), (b) ou (c): primeira, segunda ou terceira parte de um versículo.
II – TERMOS BÍBLICOS:
1) INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
1) Não é inspiração no sentido usual da palavra, pois não é ditado mecânico nem é comunicação de
idéias que o homem ignorava.
2) Inspiração bíblica é a iluminação da mente de um escritor para que, sob a luz de Deus, possa
escrever, com as noções religiosas e profanas que possui, um livro portador de autêntica mensagem
divina ou um livro que transmite fielmente o pensamento de Deus revestido de linguajar humano.
3) A finalidade da inspiração bíblica é religiosa, e não da ordem das ciências naturais.
4) Toda a Bíblia é inspirada de ponta a ponta, em qualquer de suas partes.
5) Certas passagens bíblicas, além de inspiradas, são também portadoras de revelação ou da
comunicação de doutrinas que o autor sagrado não conhecia através da sua cultura: Deus é Pai e Filho
e Espírito Santo; mandou-nos o Filho como Redentor; etc.
2) REVELAÇÃO:
1) A Bíblia nos dá a saber que Deus falou aos homens comunicando-lhes o mistério da sua vida
trinitária e o seu desígnio de salvação, centrado em Cristo Jesus. Nunca os homens chegariam por si a
conhecer tais verdades. Por isto o Cristianismo é religião revelada.
2) A Bíblia contém a revelação de Deus aos homens, mas nem todas as páginas da Bíblia, embora
inspiradas, são portadoras de revelação divina. Ex.: Is 7,14 profetiza que uma virgem conceberia e
daria à luz um filho (= por efeito de dois carismas: o da revelação e o da inspiração); Mt 1,20-23 e Lc
1,26-38 dizem que a virgem concebeu e deu á luz um filho (= por efeito unicamente da inspiração).
3) Toda profecia é efeito (fruto) da revelação divina.
3) CÂNON:
1) Do grego “kanná”, “caniço”. Significa: “medida”, “régua”.
2) Metaforicamente designa “regra” ou “norma de vida” (cf. Gl 6,16).
3) Os antigos falavam do cânon da fé ou da verdade, para designar a doutrina revelada por Deus, que
era critério para julgar qualquer doutrina humana e para nortear a vida dos cristãos.
4) “Cânon” significava também “catálogo”, “tabela”, “registro”. Aqui os cristãos passaram a falar
do cânon bíblico (= catálogo dos livros bíblicos).
5) Temos três tipos de cânones:
1) Cânon Judaico: o cânon da Bíblia hebraica foi fixado em Jâmnia, no final do primeiro
século de nossa era. Conta ao todo 22 livros divididos em Lei, Profetas e Escritos. Houve hesitações
sobre o Cântico e Ester;
2) Cânon Helenístico: os compiladores dos Setenta acrescentaram aos livros judaicos os
Deuterocanônicos, cuja lista autorizada só existe no meio cristão. Foram rejeitados pelas Igrejas da
Reforma;
3) Cânon Cristão (Cânon do NT):
1) A coleção dos livros do NT como livros sagrados teve sua origem com a conservação dos escritos
pelos apóstolos.
2) Desde o séc. I já temos o começo dessa coleção. Citações (implícitas) dos escritos do NT eram
encontradas nos escritos de Clemente de Roma (+ 100), Inácio de Antioquia (+ 107), Policarpo de
Esmirna (+ 156), no Pastor de Hermas (em Roma, entre os anos 140-155) e na anônima Didaché
Apostolorum (Doutrina dos Apóstolos), escrita entre 80-100 na Síria ou na Palestina.
3) Depois de 150, o NT é citado como “Escritura”, ou seja, como livro.
4) O mais antigo cânone do NT é devido a cristãos heréticos, não a cristãos ortodoxos.
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5) Marcião (por volta de 150) rejeitou todo o AT; do NT, aceitou apenas Lc, Rm, 1-2Cor, Gl, Ef, Cl, 1-
2Ts, Fl e Fm.
6) Isto apressou a definição de um cânone ortodoxo, que aparece pela primeira vez no Fragmento de
Muratori, escrito por volta de 200. Este omite Hb, Tg e 1-2Pd.
7) Nunca tivemos dúvidas consistentes sobre o cânone do NT.
8) Restaram dúvidas pessoais e locais sobre alguns livros, especialmente no Oriente, as quais
perduraram até os séculos V e VI. Tais livros eram Hb, Tg, 2Pd, 2-3Jo, Jd e Ap.
9) Motivos destas dúvidas: Hb e 2Pd, as diferenças de estilo entre essas obras e, respectivamente, as
obras de Paulo e 1Pd; Tg e Jd, algumas questões doutrinais que pareciam suspeitas; 2-3Jo, uma
temática que parecia muito comum; Ap, o seu estilo e sua obscuridade.
10) Depois disso o cânone tradicional foi aceito até o séc. XVI. Erasmo e Gaetano fizeram renascer
antigas dúvidas. Lutero e alguns outros reformadores alemães rejeitaram Jd, Hb, Tg e Ap: é conhecida
a objeção de Lutero a Tg, que ensina que a fé sem as obras é morta.
11) As outras Igrejas reformadas não colocaram em discussão o cânone e até mesmo os luteranos
retornaram ao cânone tradicional no séc. XVII.
12) Na sessão de 8 de abril de 1546, o Concílio de Trento definiu o seguinte cânone do NT: os quatro
evangelhos – Mt, Mc, Lc e Jo –, os At escritos por Lc, as catorze epístolas de Paulo – isto é, Rm, 1-
2Cor, Gl, Ef, Fl, Cl, 1-2Ts, 1-2Tm, Tt, Fm, Hb –, 1-2Pd, 1-2-3Jo, Tg, Jd e Ap de João Apóstolo.
4) CANONICIDADE:
1) É a qualidade de um livro inscrito no cânon.
5) PROTOCANÔNICO:
1) Do grego “próton” (= “primeiro”), “da primeira hora”.
2) Protocanônico é o livro que sempre pertenceu ao cânon ou catálogo.
3) Título atribuído por Sixto de Sena (1566) aos livros do AT, a cujo respeito nunca se duvidou da sua
canonicidade.
6) DEUTEROCANÔNICO:
1) Do grego “déuteron” (= “segundo”), “em segunda instância”.
2) Deuterocanônico é o escrito que primeiramente foi controvertido e só depois entrou definitivamente
no cânon sagrado.
3) É o título atribuído por Sixto de Sena (1566), às obras do AT cuja canonicidade foi objeto de
controvérsia e que foram “admitidos em último lugar no Cânon”.
4) São os livros de: Judite, Tobias, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e Carta de Jeremias
(Br 6), e algumas passagens de Ester e de Daniel.
5) A canonicidade desses livros foi oficialmente reconhecida pelo Concílio de Trento.
7) APÓCRIFO:
1) Em grego “apókryphos” quer dizer “oculto”.
2) Tal era o livro não lido em assembléia pública de culto, mas reservado à leitura particular.
3) Apócrifo opõe-se a canônico, pois este era o livro lido no culto público, porque considerado Palavra
de Deus inspirada aos homens.
8) PSEUDEPÍGRAFO:
1) Há dois tipos de obras que se podem designar como pseudepígrafas:
1) as obras encabeçadas pelo nome de algum autor fictício. Ex.: Tobit (Tobias), Tb 1,1-3;
Daniel, Dn 7,2; etc.
2) aqueles que trazem por um ato ficcional o nome de algum autor real. Ex.: os livros
sapienciais atribuídos a Salomão (Prov; Ct; Ecle; Sb); paulinos (pastorais); etc.
2) Os apócrifos são pseudepígrafos, mas a pseudepigrafia não constitui obstáculo para a canonicidade
de um livro.
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9) BÍBLIA:
1) Do grego “bíblos”, “livro”.
2) O diminutivo é “bíblion”, “livrinho”, que no plural faz “bíblia”, “livrinhos”.
3) Com o passar dos tempos o diminutivo perdeu sua força, de tal sorte que “bíblia” passou a ser o
mesmo que “livros”.
4) A Bíblia é, portanto, etimologicamente uma coleção de livros.
10) TESTAMENTO:
1) O AT e o NT são as divisões principais da Bíblia cristã.
2) A razão desta divisão é a seguinte:
1) Os judeus, movidos pelo próprio Deus, designavam as suas relações com Javé como sendo
um “Berith” (= “aliança”). Por isto falavam dos “livros da Aliança”.
2) Todavia nos séculos III/II a.C., quando se fez a versão da Bíblia hebraica para o grego em
Alexandria, os intérpretes traduziram “Berith” por “diatheke” (= “disposição”). Queriam desta
maneira ressalvar a unicidade e soberania de Deus. Na verdade, quem faz aliança com alguém, é par
ou igual a esse alguém, ao passo que quem faz uma disposição é soberano ou Senhor. Assim, os livros
sagrados de Israel foram chamados livros da “diatheke” ou da disposição (de Deus em favor dos
homens).
3) Quando a palavra “diatheke” foi traduzida para o latim entre os cristãos, estes usaram o
termo “testamentum” (= disposição que se torna válida em caso de morte do testador). Recorrem à
palavra “testamentum”, porque ficou comprovado que a disposição de Deus em favor dos homens se
tornou plenamente válida e eficiente mediante a morte de Cristo.
4) Assim, os livros sagrados, entre os cristãos, foram distribuídos em duas categorias: os da
Aliança (ou Testamento) antiga e os da nova Aliança ou do novo Testamento (cf. 2Cor 3,14s).
11) PERÍCOPA:
1) Do grego “cortar em volta”.
2) O termo designa um fragmento de texto tirado de seu contexto. É utilizado sobretudo na liturgia;
designa então um fragmento da Escritura, preparado para ser lido durante uma celebração.
12) HAGIÓGRAFO:
1) Autor sagrado ou autor de algum escrito bíblico.
2) Um só livro pode ter mais de um autor ou hagiógrafo.
13) AUTOR:
1) A pessoa que concebe idéias ou o conteúdo de determinado escrito.
2) É o responsável pelo conteúdo do livro.
14) VULGATA:
1) É a tradução latina da Bíblia que se deve a São Jerônimo (+ 421).
2) No século IV era grande o número de traduções latinas das Escrituras, todavia apresentavam
grandes deficiências de forma e de conteúdo.
3) Por isto o Papa São Damaso pediu a São Jerônimo que preparasse uma versão nova e fiel dos livros
sagrados.
4) São Jerônimo se dedicou a isto entre os anos de 384 e 406. Não chegou a traduzir de novo o texto
do Novo Testamento, mas fez a revisão dos textos já existentes cotejando-os como bons manuscritos
gregos.
5) Para traduzir o AT, Jerônimo estabeleceu-se na Terra Santa, onde aprendeu o hebraico com os
rabinos e traduziu em Belém todo o AT, menos Br, 1 e 2Mac, Eclo e Sb.
6) A tradução de São Jerônimo aos poucos substituiu as anteriores, de modo a chamar-se “Vulgata
editio” (ou edição divulgada). Tornou-se a tradução oficial da Igreja até o Concílio Vaticano II (1962-
65).
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7) Ora, mesmo assim a tradução de São Jerônimo não estava livre falhas, dado a limitação dos recursos
utilizados por ele na sua época.
8) Por isto, após o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI mandou refazer a tradução latina dos livros
sagrados, denominada de “Neo-Vulgata”.
15) EXEGESE:
1) Do grego “exégesis”, significa “explicação”, “explanação”.
2) É a arte de expor ou explicar o sentido de determinado texto, especialmente da Bíblia.
3) Para ser rigorosamente conduzida requer o estudo de línguas, história, arqueologia, etc, orientais.
4) Segundo São João (Jo 1,18), Jesus é o Grande exegeta do Pai, pois Ele nos revelou (exegésato) o
Pai.
16) HERMENÊUTICA:
1) “Arte de interpretar” (“hermeneuein”, em grego).
2) Interpretar é procurar compreender e explicar, o que precisa ser feito mediante critérios objetivos, e
não meramente subjetivos nem de opiniões.
3) Embora a Bíblia seja Palavra de Deus, que tem eficácia santificadora própria, ela é a Palavra de
Deus encarnada na palavra do homem.
4) Por isto precisa ser entendida primeiramente como instrumento das ciências históricas e lingüísticas
para se perceber o sentido da roupagem que a Palavra de Deus quis assumir.
5) Só depois de depreender o que o autor sagrado tinha em vista exprimir com sua linguagem, é
possível passar para o plano da fé e da teologia.
17) CIRCUNCISÃO:
1) Ablação ou retirada do prepúcio, feita no 8º dia após o nascimento (Lv 12,13; Gn 17,12),
inicialmente com facas de pedra (Ex 4,25; Js 5,3), depois com instrumentos de metal. É feita pelo pai
(Gn 21,4), excepcionalmente pela mãe (Ex 4,25) ou por um médico (1Mc 1,16).
2) Remonta a Abraão (Gn 17), é praticada pelos patriarcas (Gn 34,13-24) no Egito, esquecida no
deserto e retomada após o retorno a Canaã (Js 5,4-9).
3) Originalmente, fora de Israel, era um rito de integração do menino no clã e de iniciação ao
matrimônio (cf. Gn 34; Ex 4,24-26).
4) Os profetas insistiam na espiritualização da circuncisão, que deveria coincidir com a conversão do
coração (cf. Jr 4,4; 6,16; Dt 10,16; 30,6).
5) Após o exílio é afirmada sua importância religiosa, pois era um meio de distinguir-se da vizinhança
que não a praticava. Era, pois sinal de agregação à comunidade de Israel (Gn 34,14-16; Ex 12,47s),
sinal da aliança que Deus fez com Abraão e seus descendentes (Gn 17,9-14).
6) Jesus foi circuncidado (Lc 2,21). Paulo também (Fl 3,5). Timóteo foi circuncidado porque sua mãe
era judia (At 16,3), mas Tito, filho de pagãos, não foi (Gl 2,3).
7) Em At 15 os judeu-cristãos querem impor a circuncisão aos pagãos. A Assembléia decide em
sentido contrário (v. 28-29).
8) Paulo justifica a sua doutrina sobre isso em Rm 2,25-29; 4,9-12.
9) A redenção operada por Cristo tornou caduca e vã as exigências da Lei judaica. A circuncisão não é
mais necessária. A fé substitui a circuncisão (Gl 5,6), pois é pela fé e não pela circuncisão que Abraão
foi justificado. O mesmo vale para seus descendentes (Rm 4,1-17).
10) A verdadeira circuncisão é, nas palavras de Jeremias (Jr 9,24-25) – a do coração (Rm 2,26-29).
11) Portanto, a cada um, circunciso ou não, cabe “permanecer no estado em que foi chamado por
Deus” (1Cor 7,17-20), pois em Cristo o que conta não é a circuncisão ou não, mas somente a fé que
opera pela caridade (Gl 5,6).
18) CHEOL:
1) Um lugar subterrâneo, no entendimento dos judeus, onde estariam, inconsciente ou adormecidos,
todos os indivíduos humanos após a morte.
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2) A terra era tida como mesa plana, desta forma, logo abaixo estaria a “mansão dos mortos”, Hades
(em grego), inferni (do latim, infra = abaixo ; donde inferni = inferiores lugares)
3) Os antigos judeus não podiam admitir retribuição póstuma, nem para os homens bons nem para os
infiéis, pois todos se achavam inconsciente.
4) Desta forma, a justiça divina, devia exercer-se no decorrer mesmo da vida presente; Seriam
recompensados com saúde, vida longa e dinheiro. Ao passo que os pecadores sofreriam doenças, morte
prematura, miséria...
5) Já no Séc. II a.C os judeus admitiam a ressurreição dos mortos e a retribuição final para bons e maus
depois da morte.
6) No tempo de Jesus, os judeus já admitiam sorte póstuma diferente para os bons e maus.
19) GEENA:
1) Deriva do termo em aramaico: ge-hinnom. Nos arredores de Jerusalém havia um vale (ge’, em
hebraico) pertencente aos filhos de Hinnom (bem-hinnom). Donde ge’-bem-hinnom ou ge’hinnom,
em hebraico.
2) Nesse vale se sacrificavam crianças ao deus Moloc, da Babilônia. (cf. 2Rs 16, 3c; 21,6; Jr 32, 35).
3) Depois do exílio (587-538 a. C), os judeus lá queimavam seu lixo. Por isso, o ge’-hinnon ou a ge’-
hinnan era um lugar de fogo. Jesus se serviu do vocábulo para designar a sorte póstuma dos que
renegam a Deus (cf Mc 9, 43. 45.47).
20) INFERNO:
1) Adjetivo deriva do vocábulo latino infernus.
2) Região inferior, colocada debaixo da superfície da terra. Significa o CHEOL dos judeus antigos.
3) Na linguagem cristã, feita abstração de topografia ou de geografia do além, inferno significa o
estado póstumo dos que renegaram consciente e voluntariamente a Deus.
21) JAVÉ:
1) Nome com o qual Deus se revela a Moisés em Ex 3, 14s.
2) Para os judeus de Alexandria, levados por especulações filosóficas, Javé, do grego ho on, Aquele
que é, queriam indicar o absoluto ou o transcendente de Deus.
3) Para os judeus da Palestina, menos propensos a especulações filosóficas, Javé, do grego, Aquele
que é fiel, que acompanha o seu povo e lhe está sempre presente.
22) LEI:
1) Na linguagem paulina designa, frequentemente, a Torá ou a Lei de Moisés.
23) MIDRAXE:
1) Narração de fundo histórico.
2) Utilizada pelo autor sagrado para servir de instrução teológica e à edificação dos seus leitores.
24) SATÃ OU SATANÁS:
1) Termo hebraico que significa “adversário”.
2) A partido do Séc. V a. C, dói reservado ao anjo que Deus criou bom , mas que se perverteu pelo
pecado.
3) Satã, não é uma figura mitológica, nem é uma realidade neutra do mal, mas é uma criatura
inteligente , incorpórea.
25) SEMITAS:
1) Descendentes de Sem, filho de Noé. (cf. Gn 10, 22-30).
2) Correspondem a vários povos, entre eles: Hebraico ou israelita, o assírio, o babilônico, o etíope, o
fenício, o púnico, o moabítico, o aramaico.
26) TEOFANIA:
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1) Termo grego, etimologicamente, manifestação de Deus.
27) TEODOCIÃO:
1) Prosélito ou pagão convertido ao judaísmo.
2) Traduziu o antigo testamento para o grego no séc. II d. C afim de tentar extinguir o uso do texto dos
LXX.
3) Objetivava provar para muitos cristãos a messianidade de Jesus.
28) ÁQUILA:
1) Fez uma autentica tradução grega do antigo testamento no séc. II.
2) O seu texto se prende muito à letra do hebraico.
3) Caracteriza-se por guardar em grego as expressões tipicamente semitas.
29) SÍMACO:
1) Terceiro tradutor do antigo testamento para o grego.
2) Versão mais “livre”.
3) Procura levar em conta o espírito e as particularidades da língua grega.
III – INTRODUÇÃO GERAL:
3.1 – INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
O estudo da Bíblia deve começar pela prerrogativa que cristãos e judeus reconhecem a este
livro: é a Palavra de Deus inspirada. Por causa disto é que tanto a estimamos.
a) Mas, quando se fala de inspiração bíblica, talvez aflore à mente a noção de ditado mecânico,
semelhante ao que o chefe de escritório realiza junto à sua datilógrafa; esta possivelmente escreve
coisas que não entende e que são claras apenas ao chefe e à sua equipe.
Ora tal não é a inspiração bíblica. Ela não dispensa certa compreensão por parte do autor
bíblico (= hagiógrafo) nem a sua participação na redação do texto sagrado.
b) A inspiração bíblica também não é revelação de verdades que o autor humano não conheça.
Existe, sim, o carisma (= dom) da Revelação, que toca especialmente aos Profetas, mas é diverso da
inspiração bíblica; esta se exercia, por exemplo, quando o hagiógrafo descrevia uma batalha ou outros
fatos documentados em fontes históricas, sem receber revelação divina.
c) Positivamente, a inspiração bíblica é a iluminação da mente do autor humano, para que
possa, com os dados de sua cultura religiosa e profana, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento
de Deus. Além de iluminar a mente, o Espírito Santo fortalece a vontade e as potências executivas do
autor para que realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu; (2Pd 1,21 “Porque jamais uma
profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo
falaram da parte de Deus”). As páginas que assim se originam, são todas humanas (Deus em nada
dispensa a atividade redacional do homem) e divinas (pois Deus acompanha passo a passo o trabalho
do homem escritor). Assim diz-se que a Bíblia é um livro divino-humano, todo de Deus e todo do
homem; transmite o pensamento de Deus em roupagem humana; assemelha-se ao mistério da
Encarnação, pelo qual Deus se revestiu da carne humana, pois na Bíblia a palavra de Deus se revestiu
da palavra do homem (judeu, grego, com todas as suas particularidades de expressão).
d) Notemos agora que a finalidade da inspiração bíblica é estritamente religiosa. Os livros
sagrados não foram escritos para nos ensinar dados de ciências naturais (pois, estas, o homem as pode
30
e deve cultivar com seus talentos), mas, sim, para nos ensinar aquilo que ultrapassa a razão humana,
isto é, o plano de salvação divina, o sentido do mundo, do homem, do trabalho, da vida, da morte..,
diante de Deus. Não há, pois, contradição entre a mensagem bíblica e a das ciências naturais, nem se
devem pedir à Bíblia teorias de ordem física ou biológica... Mesmo no Gênesis 1--3 não pretende
ensinar como, nem quando o mundo foi feito.
Pergunta-se então: a Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos? Haveria páginas
da Bíblia não inspiradas?
Toda a Bíblia em qualquer de suas partes, é inspirada; ela é, por inteiro, Palavra de Deus; (2Tm
3,15-16 “E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te
proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada
por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça”). Mas há
passagens bíblicas que são inspiradas por si, diretamente, e há outras que só indiretamente são
inspiradas. Em outros termos: a mensagem religiosa que Deus quer comunicar diretamente aos
homens, tem que aludir a este mundo e às suas diversas criaturas (céu, terra, mar, aves, peixes...); ela o
faz, porém, em linguagem familiar pré-científica, que costuma ser bem entendida no trato quotidiano.
Também nós usamos de linguagem familiar, que, aos olhos da ciência, estaria errada, mas que não leva
ninguém ao erro porque todos entendem que essa linguagem familiar não pretende ensinar matéria
científica. Tenham-se em vista as expressões “nascer do sol”, “pôr do sol”, “Oriente e Ocidente”:
supõem o sistema geocêntrico, a terra fixa e o sol girando em torno da terra (ultrapassado), mas não
são censuradas como mentirosas, porque, quando as usamos, todos sabem que não intencionamos
definir assuntos de astronomia. Assim, quando a Bíblia diz que o mundo foi feito em seis dias de vinte
e quatro horas, com tarde e manhã..., quando diz que a luz foi feita antes do sol e das estrelas, ela não
ensina alguma teoria astronômica, mas alude ao mundo em linguagem dos hebreus antigos para dizer
que o mundo todo é criatura de Deus; Gn 1,1-2,4. A Bíblia não poderia transmitir esta mensagem de
ordem religiosa sem recorrer a algum linguajar humano, que, no caso, é mero veículo ou suporte da
mensagem religiosa.
Por conseguinte, todas as páginas da Bíblia são inspiradas, qualquer que seja a sua temática.
Acrescentemos que também as palavras da Escritura são inspiradas. A razão disto é que os
conceitos ou as idéias do homem estão sempre ligadas a palavras; não há conceitos, mesmo não
expressos pelos lábios, que não estejam, em nossa mente, ligados a palavras. Por isto, quando o
Espírito Santo iluminava a mente dos autores sagrados, para que vissem com clareza alguma
mensagem, iluminava também as palavras com as quais se revestia essa mensagem na mente do
hagiógrafo. É por isto que os próprios autores sagrados fazem questão de realçar vocábulos da Bíblia;
Hb 8,13 “Se Deus fala de uma aliança nova é que ele declara antiquada a precedente. Ora, o que é
antiquado e envelhecido está certamente fadado a desaparecer”; Mc 12,26-27 “Mas quanto à
ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés como Deus lhe falou da sarça, dizendo: Eu sou
o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3, 6)? Ele não é Deus de mortos, senão de
vivos. Portanto, estais muito errados”.
Observemos, porém, que somente as palavras das línguas originais (hebraico, aramaico, grego)
foram assim iluminadas. As traduções bíblicas não gozam do carisma da inspiração. Por isto, quando
desejamos estudar a Bíblia, devemos certificar-nos de que estamos usando uma tradução fiel e
equivalente aos originais. Além disto, é absolutamente necessário levarem em conta o gênero literário
do respectivo texto, como se verá abaixo.
3.1.1 – Gêneros literários:
Se a Bíblia é a Palavra de Deus revestida da linguagem humana, entende-se que ela utiliza os
gêneros literários ou os artifícios do linguajar dos homens.
30
Gênero literário é o conjunto de normas de vocabulário e sintaxe que se usam habitualmente
para abordar algum assunto. Assim o assunto “leis” tem seu gênero literário próprio (claro e conciso,
para que ninguém se possa desculpar por não haver entendido a lei); a poesia tem seu gênero literário
antitético ao das leis (é metafórica, reticente, subjetiva...); uma crônica tem seu gênero próprio, que é
diferente do de uma carta; uma carta comercial é diferente de uma carta de família, uma fábula é
diferente de uma peça histórica, etc,
Ora na Bíblia temos os gêneros literários dos antigos judeus e gregos.
Se cada gênero literário supõe regras próprias de vocabulário e redação, compreende-se que
cada qual tem também suas regras de interpretação próprias. Não me é lícito entender uma poesia
(cheia de imagens) como entendo uma lei (que deve ser clara e sem imagens). Uma das principais
causas de erros na interpretação da Bíblia está em que muitas pessoas querem tomar tudo ao pé da letra
ou tomar tudo em sentido figurado.
Antes da interpretação ou da utilização de algum livro sagrado, devo certificar-me do
respectivo gênero literário: estou diante de uma poesia?... diante de uma crônica? Crônica de guerra?
Crônica de família? Crônica de corte real? Por exemplo: Gn 1,1--2,4 é poesia ou hino litúrgico, e não
um relato científico. Estou obrigado a não tomar essa seção ao pé da letra para não trair o autor ou não
lhe atribuir o que ele não queria dizer. Mas Mt 26,17-29 “No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos
aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Onde queres que preparemos a ceia pascal?...” é relato
histórico, que tenho de entender ao pé da letra para não trair o autor.
Não é lícito, de antemão ou antes da abordagem criteriosa do texto, “definir” o respectivo
gênero literário, como quem diz: “Eu acho que isto é poesia”, ou “Para mim, isto é uma tradição
folclórica”. Mas é preciso que o leitor se informe objetivamente a respeito do gênero literário do livro
que está para ler, a fim de entender o livro segundo os critérios de redação adotados pelo autor. Tal
informação pode ser colhida nas introduções que as edições da Bíblia apresentam antes de cada livro
sagrado. Não é necessário que todo leitor da Escritura conheça as línguas originais e sua variedade de
expressionismos, mas basta que leia a Escritura com alguma iniciação, que pode ser facilmente
encontrada. Todos compreenderão que não se pode ler a Bíblia escrita do século XIII antes de Cristo
até o século I depois de Cristo como se leria um jornal de hoje.
3.1.2 – Veracidade da Bíblia:
Se a Bíblia é a Palavra de Deus feita palavra do homem, entende-se que ela deva ser inerrante
(sem erro de espécie alguma) ou veraz (portadora da verdade).
Mas como se pode sustentar isto, se a Escritura, à primeira vista, está cheia de “erros”? O sol
terá parado no seu curso em torno da terra, conforme Js 10,12-14; Is 38,7-8... Nabucodonosor era rei
de Nínive, segundo Jt 1,5; Dario terá sido filho de Assuero, conforme Dn 9,1...
Eis a resposta:
1) É isento de erro ou veraz tudo aquilo que o hagiógrafo como tal afirma;
2) No sentido em que o hagiógrafo o entendeu.
O autor sagrado pode afirmar algo em seu nome, como pode afirmar em nome de outrem. Por
exemplo, em Jo 1,18, o Evangelista afirma que Jesus nos revelou Deus Pai. Mas no salmo 52,1 se lê:
“Deus não existe”, Como explicar a contradição? Em Jo 1,18 é o autor sagrado como tal quem afirma;
a sua afirmação é absolutamente verídica; mas no SI 52,1, o salmista apenas afirma que o insensato diz
em seu coração: “Deus não existe”. Quem diz que Deus não existe, não é o autor sagrado; este apenas
30
afirma (e afirma com plena veracidade) que o insensato nega a existência de Deus (o insensato erra ao
negá-la; o salmista apenas verifica o fato).
“No sentido em que o hagiógrafo o entendeu”. Com outras palavras:...de acordo com o gênero
literário adotado pelo autor bíblico. Se este quis usar de metáfora, não deverei tomá-lo ao pé da letra;
se quis usar de gênero estritamente narrativo, não deverei entendê-lo metaforicamente.
Quando Js 10,12-14 diz que Josué mandou parar o sol, o gênero é de poesia lírica; há, pois,
uma imagem literária, segundo a qual o “estacionamento do sol” quer dizer “escurecimento da
atmosfera, clima de tempestade de granizo”. Quando os livros de Judite e Daniel parecem errar na
cronologia dos reis, estão recorrendo ao gênero do midraxe, que intencionalmente não pretende ser
crônica, mas apresenta a história como veículo de edificação religiosa, Quando Mateus 1,17 diz que de
Abraão até Cristo houve 42 gerações (na verdade houve mais do que isto), quer jogar com a
simbologia do número 42 — o que também pertence ao gênero midráxico.
Vê-se, pois, que a Bíblia é isenta de erro em todas as suas páginas, mesmo quando fala de
assuntos não religiosos. Qualquer erro atribuído à Bíblia, recairia sobre o próprio Deus. Todavia a
veracidade ou a mensagem de cada passagem da Bíblia deverá ser depreendida do respectivo gênero
literário: a poesia tem veracidade diversa da veracidade da lei, ou da veracidade do midraxe. Ademais,
notemos que a Bíblia só pretende afirmar categoricamente verdades de ordem religiosa. Em assuntos
não religiosos, ela não comete erros, mas adapta-se ao modo de falar familiar ou pré-científico dos
homens que, devidamente entendido, não é portador de erro, como atrás foi dito.
Diante das dúvidas no entendimento da Sagrada Escritura, o cristão rezará com Santo
Agostinho: “Faze-me ouvir e descobrir como no começo criaste o céu e a terra. Assim escreveu
Moisés, para depois ir embora, sair deste mundo, de Ti para Ti. Agora não posso interrogá-lo. Se
pudesse, eu o seguraria, implorá-lo-ia, esconjurá-lo-ia em teu nome para que me explicasse estas
palavras,... mas não posso interrogá-lo; por isto dirijo-me a Ti, Verdade, Deus meu, de que estava ele
possuído quando disse coisas verdadeiras; dirijo-me a Ti: Perdoa meus pecados. E Tu, que concedeste
a teu servo enunciar estas coisas verdadeiras, concede também a mim compreendê-las”
3.2 – O CÂNON BÍBLICO:
Vimos que Deus quis falar aos homens, dando origem à Sagrada Escritura. Perguntamos agora:
quantos e quais são os livros sagrados? Qual é o seu catálogo?
3.2.1 – Nomenclatura:
Notemos os termos habitualmente utilizados neste estudo:
1) Cânon, do grego kanón = regra, medida,catálogo.
2) Canônico = livro catalogado o que implica seja inspirado.
3) Protocanônico = livro catalogado próton, isto é, em primeiro lugar ou sempre catalogado.
4) Deuterocanônico = livro catalogado déuteron ou em segunda instância, posteriormente
(após ter sido controvertido).
5) Apócrifo, do grego apókryphon = livro oculto, isto é, não lido nas assembléias públicas de
culto, reservado à leitura particular. Em consequência, livro não canônico ou não catalogado, embora
tenha aparência de livro canônico (Evangelho segundo Tomé, Evangelho da Infância, Assunção de
Moisés...).
30
Os apócrifos, embora tenham sido, durante séculos, tidos como desprezíveis portadores de
lendas, são ultimamente reconhecidos como valiosos para a história do Cristianismo, porque 1) através
de suas afirmações referem o modo de pensar dos judeus e cristãos dos séculos pouco anteriores e
pouco posterioes a Cristo (século II a.C. até século V d.C); 2) podem conter proposições verdadeiras
que não foram consignadas pelos autores sagrados (os nomes dos genitores de Maria SS., a
Apresentação de Maria no Templo, a Assunção corporal de Maria após a morte...);
O Cânon católico compreende 46 livros do Antigo Testamento. No Novo Testamento há 27
livros — o que perfaz 73 livros sagrados ao todo.
3.2.2 – História do Cânon do Antigo Testamento:
As passagens bíblicas começaram a ser escritas esporadicamente desde os tempos anteriores a
Moisés; é de notar que a escrita era uma arte rara e cara na antiguidade. Moisés foi o primeiro
codificador das tradições orais e escritas de Israel, no século XIII a.C. — Essas tradições (leis,
narrativas, peças litúrgicas) foram sendo acrescidas aos poucos por outros escritos no decorrer dos
séculos, sem que os judeus se preocupassem com a catalogação das mesmas. Assim foi-se formando a
biblioteca sagrada de Israel.
Todavia, no século I da era cristã, deu-se um fato importante: começaram a aparecer os livros
cristãos (cartas de São Paulo, Evangelhos...), que se apresentavam como a continuação dos livros
sagrados dos judeus. Estes, porém, não tendo aceito o Cristo, trataram de impedir que se fizesse a
aglutinação de livros judeus e livros cristãos. Por isto, segundo bons autores modernos, vários rabinos
reuniram-se no sínodo de Jâmnia ou Jabnes ao Sul da Palestina, por volta do ano 100 d.C., a fim de
estabelecer as exigências que deveriam caracterizar os livros sagrados ou inspirados por Deus. Foram
estipulados os seguintes critérios:
1) o livro sagrado não pode ter sido escrito fora da terra de Israel;
2) não em língua aramaica ou grega, mas somente em hebraico;
3) não depois de Esdras (458-428 a.C);
4) não em contradição com a Torá ou Lei de Moisés.
Em consequência, os judeus da Palestina fecharam o seu cânon sagrado sem reconhecer livros e
escritos que não obedeciam a tais critérios. Acontece, porém, que em Alexandria (Egito) havia
próspera colônia judaica, que, vivendo em terra estrangeira e falando língua estrangeira (o grego), não
adotou os critérios nacionalistas estipulados pelos judeus de Jâmnia. Os judeus de Alexandria
chegaram a traduzir os livros sagrados hebraicos para o grego entre 250 e 100 a.C., dando assim
origem à versão grega dita “Alexandrina” ou “dos Setenta Intérpretes”. Essa edição grega bíblica
encerra livros que os judeus de Jâmnia não aceitaram, mas que os de Alexandria liam como Palavra de
Deus; assim os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruque, Eclesiástico (ou Siracides), 1 e 2
Macabeus, além de Ester 10,4-16,24; Daniel 3,24-90;13-14.
Podemos, pois, dizer que havia dois cânones entre os judeus no início da era cristã: o restrito da
Palestina, e o amplo de Alexandria.
Ora acontece que os Apóstolos e Evangelistas, ao escreverem o Novo Testamento em grego,
citavam o Antigo Testamento, usando a tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta diferia do
texto hebraico; tenham-se em vista Mt 1,23 (Is 7,14); Hb 10,5 (Sl 39,7); Hb 10,37-38 (Hab 2,3-4); At
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15,16-17 (Am 9,12-12). O texto grego tornou-se a forma comum entre os cristãos; em consequência, o
cânon amplo, incluindo os sete livros e os fragmentos citados, passou para o uso dos cristãos.
Verificamos também que nos escritos do Novo Testamento há citações implícitas dos livros
deuterocanônicos. Assim, por exemplo, Rm 1,19-32 ( Sb 13,1-9); Rm 13,1(Sb 6,3); Mt 27,43 (Sb
2,13.18).
Deve-se, por outro lado, notar que não são (nem implicitamente) citados no Novo Testamento
livros que, de resto, todos os cristãos têm como canônicos; assim Eclesiastes, Ester, Cântico dos
Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute, Provérbios.
Nos mais antigos escritos patrísticos são citados os deuterocanônicos como Escritura Sagrada:
Clemente Romano (em cerca de 95), na epístola aos Coríntios, recorre a Jt, Sb, fragmentos de Dn, Tb e
Eclo; o Pastor de Hermas, em 140, faz amplo uso do Eclo e do 2Mac; Hipólito (+235) comenta
o livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos; cita como Escritura Sagrada Sb, Br e utiliza
Tb, 1 e 2 Mac.
Nos séculos II/IV houve dúvidas entre os escritores cristãos com referência aos sete livros, pois
alguns se valiam da autoridade dos judeus de Jerusalém para hesitar; outros deixavam de lado os
deuterocanônicos, porque não serviam para o diálogo com os judeus. Finalmente, porém, prevaleceu
na Igreja a consciência de que o cânon do Antigo Testamento deveria ser o de Alexandria, adotado
pelos Apóstolos; sabemos que, das 350 citações do Antigo Testamento no Novo, 300 são tiradas da
versão dos Setenta. Em consequência, os Concílios regionais de Hipona (393), Cartago III (397),
Cartago IV (419), Trulos (692) definiram sucessivamente o Cânon amplo como sendo o da Igreja. Esta
definição foi repetida pelos Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546). Vaticano I
(1870).
Durante a Idade Média pode-se dizer que houve unanimidade entre os cristãos a respeito do
cânon.
No século XVI, porém, Martinho Lutero (1483-1546), querendo contestar a Igreja, resolveu
adotar o cânon dos judeus da Palestina, deixando de lado os sete livros e os fragmentos
deuterocanônicos que a Igreja recebera dos judeus de Alexandria. É esta a razão pela qual a Bíblia dos
protestantes não tem sete Iivros e os fragmentos que a Bíblia dos católicos inclui. Para dirimir as
dúvidas, observamos que
— os critérios adotados pelos judeus de Jâmnia para não reconhecer certos livros sagrados
eram critérios nacionalistas; tal nacionalismo decorria do fato de que desde 587 a.C. os judeus estavam
sob domínio estrangeiro, que muito os aborrecia;
— é o Espírito Santo quem guia a Igreja de Cristo e fez que, após o período de hesitação (séc.
I/IV), os cristãos reconhecessem como válido o cânon amplo.
Aliás, o próprio Lutero traduziu para o alemão os livros deuterocanônicos: na sua edição alemã
datada de 1534 o catálogo é o dos católicos — o que bem mostra que os deuterocanônicos eram usuais
entre os cristãos. Não foi o Concílio de Trento que os introduziu no cânon. De resto, as Sociedades
Bíblicas protestantes até o séc. XIX incluiam os deuterocanônicos em suas edições da Bíblia.
Para os católicos, os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento são tão valiosos como os
protocanônicos; são a Palavra de Deus inerrante, que, aliás, os próprios judeus da Palestina estimavam
e liam como textos edificantes. Por exemplo, os próprios rabinos serviam-se do Eclesiástico até o séc.
X como Escritura Sagrada; o 1Mac era lido na festa de Encênia, ou da Dedicação do Templo. Baruque
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era lido em alta voz nas sinagogas do séc. IV d.C., como atestam as Constituições Apostólicas. De
Tobias e Judite temos comentários em aramaico, que atestam como tais livros eram lidos na sinagoga.
3.2.3 – História do Cânon do Novo Testamento:
O catálogo dos livros do Novo Testamento também foi objeto de dúvidas na Igreja antiga, mas
hoje é unanimemente reconhecido por católicos e protestantes, Os livros controvertidos e, por isto,
chamados deuterocanônicos do Novo Testamento são os seguintes: Hb, Ap, Tg, 2Pd, Jd, 2 e 3 Jo.
Vejamos o porquê das hesitações:
Hebreus: a carta não indica nem autor nem destinatários. Os cristãos orientais a tinham como
paulina, ao passo que os ocidentais não. Entre os latinos, em meados do séc. III, os novacianos
rigoristas (que ensinavam haver pecados irremissíveis) valiam-se de Hb 6,4-8 para propor sua tese
errônea. Por isto, os autores ortodoxos relegaram Hebreus para o esquecimento até a segunda metade
do séc. IV, quando Santo Ambrósio e Santo Agostinho a reconsideraram. Hoje todos os cristãos a
reconhecem como carta canônica (= Palavra de Deus), embora reconheçam que não é diretamente da
autoria de São Paulo.
Apocalipse: nos primeiros séculos discutia-se a autoria joanina deste livro entre os orientais.
Também ocorria que uma facção dita “milenarista” apelava para Ap 20,1-15 a fim de afirmar um reino
milenar e pacífico de Cristo sobre a terra antes da consumação da história. Por isto o Apocalipse foi
objeto de suspeitas, que cederam ao reconhecimento unânime no séc. IV.
Tiago: também foi discutida a autoria deste escrito, que, além do mais, parecia contradizer a
São Paulo em Rm e GI: a fé sem as obras seria morta (Tg 2,14-24). Prevaleceu, porém, a consciência
de que é escrito canônico, perfeitamente conciliável com São Paulo: ao passo que este afirma que a fé
sem obras (sem méritos do indivíduo) basta para entrarmos na amizade com Deus (ninguém compra a
amizade). São Tiago quer dizer que ninguém persevera na graça se não pratica boas obras ou se não
vive de acordo com a fé.
Judas: também foi discutida a autoria desta carta. Ademais cita os apócrifos “Assunção de
Moisés” (v. 9) e Apocalipse de Henoque” (v. 14-15) — o que a tornou suspeita. Este fato, porém, nada
significa, porque São Paulo cita os escritores gregos Epimênides e Aratos, em Tt 1,12 e At 17,18
respectivamente, sem que Tt e At tenham sido excluidos do cânon por causa disto.
A 2Pd, as 2 e 3Jo também foram controvertidas nos três primeiros séculos por motivos de
pouca monta. — A 2Pd aparentemente é uma reedição ampliada de Jd; por isto, terá sofrido a sorte
deste escrito. As 2 e 3Jo, sendo bilhetes pequenos, de pouco conteúdo teológico, nem sempre foram
consideradas canônicas.
Como dito, porém, em 393 o Concilio de Hipona definiu o cânon completo da Bíblia, incluindo
os sete escritos controvertidos ou deuterocanônicos do Novo Testamento.
A própria Bíblia não define o seu catálogo. Portanto, este só pode ser depreendido mediante a
Tradição (= transmissão) oral, que de geração em geração foi entregando os livros sagrados ao povo de
Deus, indicando-os, ao mesmo tempo, como livros inspirados e, por conseguinte, canônicos. Essa
tradição oral viva fala até hoje pelo magistério da Igreja, que não é senão o eco autêntico da Tradição
oral.
São palavras do Concílio do Vaticano II: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o cânon
completo dos livros sagrados. As próprias Sagradas Escrituras são, mediante a Tradição, cada vez mais
profundamente compreendidas e se fazem, sem cessar, atuantes. Assim o Deus que outrora falou,
mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz
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viva do Evangelho ressoa na Igreja, leva os fiéis a toda verdade e faz habitar neles copiosamente a
Palavra de Cristo” (Dei Verbum nº 8).
3.3 – HISTÓRIA DO TEXTO SAGRADO:
3.3.1 – A Escrita Bíblica:
Três são as línguas bíblicas:
1) o hebraico, no qual foram escritos todos os livros protocanônicos do Antigo Testamento;
2) o aramaico, língua vizinha do hebraico, na qual foram redigidos trechos de livros
protocanônicos do Antigo Testamento, como Esdr 4,8-6,18; 7,12-26; Dn 2,4-7,28; uma frase em Jr
10,11; além disto, também o original de São Mateus (hoje perdido);
3) o grego, em que foram redigidos os livros do Novo Testamento (de Mt temos uma tradução
grega antiga), Sb, 2Mac. Além disto, os livros e fragmentos deuterocanônicos do Antigo Testamento
cujos originais se perderam, encontram-se em tradução grega.
O conhecimento destas línguas por parte dos estudiosos é de grande importância, pois cada
qual tem seu gênio e suas particularidades, que o bom tradutor deve saber reconhecer. Vejamos
algumas peculiaridades das línguas bíblicas:
1) o hebraico era escrito somente com consoantes, sem vogais, até o século VIII d.C. Isto quer
dizer que o leitor devia mentalmente colocar as vogais entre as consoantes das palavras hebraicas;
visto que podia enganar-se, compreende-se que no texto hebraico antigo haja oscilações, como as
haveria em português se quiséssemos completar com vogais o grupo l m poder-se-ia ler (lama, leme,
lume, lima...). Por exemplo, q r em hebraico pode ser lido como qaran (= brilhar) e qeren (= chifre);
por isto Moisés, que tinha o rosto a brilhar (qaran). Mais: o hebraico era pobre em vocabulário, de
modo que, por exemplo, a mesma palavra ah podia significar irmão e primo (Mc 6,3); bekor podia
significar primogênito e bem-amado (Lc 2,7). Além disto, note-se que o hebraico não tinha termos de
comparativo e de superlativo; escrevia os números usando consoantes; não separava as palavras entre
si — costumes estes que viriam a ser fontes de numerosos erros na transmissão do texto sagrado.
2) O aramaico, muito semelhante ao hebraico, tornou-se língua internacional, adotada pelo
povo judeu a partir do século V a.C. Foi a língua falada por Jesus Cristo.
3) O grego era língua de um povo inteligente. Na Bíblia aparece impregnado de semitismos
(vocábulos e construções hebraicas e aramaicas), pois foi utilizado por escritores hebreus.
Os manuscritos da Bíblia mais antigos apresentam muitas letras trocadas (eram semelhantes
umas às outras), muitas palavras escritas abreviadamente, falta de pontuação — o que dificultou a
transmissão do texto sagrado por meio dos copistas da antiguidade.
A atual divisão do texto em capítulos deve-se a Estêvão Langton (séc. XIII d.C.), os capítulos
do Novo Testamento foram divididos em versículos por Roberto Estêvão, tipógrafo francês, em 1551.
O material utilizado para escrever era papiro (junco cortado em tiras) ou pergaminho (couro de
animais). Este material era caro e raro, de modo que pouco se escrevia na antiguidade; o ensinamento
era feito por via oral mediante recursos mnemotécnicos, que procuravam dar cadência à frase, para que
se gravasse melhor na memória; nos livros bíblicos encontram-se ecos escritos desse cadenciamento.
Dada a fragilidade do papiro e do pergaminho, entende-se que não se tenha conservado nenhum dos
autógrafos (textos saídos das mãos dos autores sagrados) da Bíblia. Todavia, se os autógrafos se
30
perderam e só temos cópias dos mesmos, podemos crer que se tenha conservado o teor original da
Bíblia? — É o que veremos a seguir.
3.3.2 – História do texto hebraico do Antigo Testamento:
Sabe-se que nos séculos anteriores a Cristo o texto hebraico do Antigo Testamento oscilava
multo. Isto se compreende bem desde que se tenha em vista a maneira como se escrevia antigamente:
falta de vogais, ocasiões múltiplas de confundir letras e números...
Todavia a partir dos séculos I/IV d . C. a difusão dos escritos cristãos (Evangelhos, epistolas...)
obrigou os judeus a cuidar da forma do texto bíblico; os cristãos argumentavam a favor de Cristo
utilizando passagens do Antigo Testamento. Julga-se que no século II d . C. já havia quase um texto
oficial do Antigo Testamento entre Judeus.
Quanto aos manuscritos, notemos que até 1948 não possuiamos cópias do texto hebraico
anteriores aos séculos IX/X depois de Cristo. Naquela data, porém, foram descobertos os manuscritos
de Qumran (sítio arqueológico localizado na margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó, a
cerca de 22 quilômetros a leste de Jerusalém na costa do Mar Morto, em Israel), que datam dos
séculos I a.C. e I d.C. Foi possível assim recuar mil anos na história da tradição manuscrita; verificou-
se então que há identidade entre os manuscritos medievais e aqueles de Qumran — o que quer dizer
que o texto se foi transmitindo fielmente através dos séculos.
Hoje em dia existem edições críticas do texto hebraico do Antigo Testamento, que permitem ao
estudioso confrontar entre si as fontes do texto e certificar-se de que está lidando com a face autêntica
do texto do Antigo Testamento.
3.3.3 – A história do texto grego do Novo Testamento:
Existem hoje mais de cinco mil cópias manuscritas do Novo Testamento datadas dos dez
primeiros séculos. Algumas são papiros, que remontam aos séculos II/III. O mais antigo de todos é o
papiro de Rylands, conservado em Manchester (lnglaterra); data do ano120 aproximadamente e
contém os versículos de Jo 18,31-33.37.38; se consideramos que o Evangelho segundo João foi escrito
por volta do ano 100, verificamos que dele temos um manuscrito que é, por assim dizer, cópia do
autógrafo.
A multidão de cópias do Novo Testamento, apresenta, sem dúvida, numerosas variantes na
transmissão do texto: cerca do 200.000.
Os manuscritos do Novo (e também do Antigo) Testamento encontram-se atualmente em
diversas bibliotecas de Paris, Londres, Berlim, Moscou, Madri, Vaticano...; podem ser consultados por
qualquer pesquisador. Os manuscritos bíblicos são patrimônio da humanidade e não pertencem apenas
à Igreja Católica.
3.3.4 – As traduções dos LXX e da Vulgata:
Quem utiliza uma boa edição brasileira da Bíblia, encontra nela referências às traduções dos
LXX e da Vulgata. Daí a necessidade de abordarmos também estes termos.
3.3.5 – Os LXX:
Os judeus se estabeleceram na cidade de Alexandria (Egito) nos séculos IV/III a.C., lá
constituindo próspera colônia. Adotaram a língua grega, de modo que tiveram a necessidade de
traduzir a Bíblia do hebraico para o grego – o que foi feito devagar entre 250 e 100 a. C. Chama-se
esta “a tradução alexandrina da Bíblia”. Diz-se que esta tradução teve origem milagrosa, a saber: o rei
30
Ptolomeu II (285-247) a. C. querendo possuir na sua biblioteca um exemplar grego dos livros sagrados
dos judeus, terá pedido ao sumo sacerdote Eleázaro de Jerusalém os tradutores respectivos. Eleázaro
terá enviado seis sábios de cada uma das doze tribos de Israel (portanto 72 sábios) para Alexandria;
estes terão sido encerrados em 72 cubículos isolados e, não obstante, haverão produzido o mesmo
texto grego do Antigo Testamento – o que só podia ser milagre. Esta versão, hoje bem reconhecida
como tal, faz que a tradução alexandrina fosse também chamada “dos Setenta Intérpretes”. É
importante, porque nos refere o modo como os judeus liam a Bíblia nos séculos III/II a. C.
3.3.6 – A Vulgata:
Entre os cristãos do Ocidente, havia no século IV tantas traduções latinas da Bíblia que os
leitores se viam confusos a respeito. Foi por isto que o Papa São Dâmaso (366-384) pediu a São
Jerônimo fizesse uma revisão dessas traduções.
São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu o hebraico do Antigo
Testamento, dando à Igreja um texto latino que logo se propagou e foi chamado “Vulgata latina”
(forma di-vulgada latina). — A Vulgata de São Jerônimo gozou de grande autoridade até o Concílio do
Vaticano II hoje em dia existe a Neo-Vulgata, tradução latina dos originais realizada com mais
recursos linguísticos e arqueológicos do que a Vulgata de São Jerônimo.
3.4 – INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:
3.4.1 – Livro humano e divino:
Nas lições sobre a inspiração bíblica dizia-se que a Sagrada Escritura é, toda ela, Palavra de
Deus feita palavra do homem. Disto se segue uma verdade muito importante: para entender a
Escritura, duas etapas são necessárias: o reconhecimento da sua face humana, para que, depois, possa
haver a percepção da sua mensagem divina. É impossível penetrarmos no conteúdo salvífico da
Palavra bíblica se não nos aplicamos primeiramente à análise da roupagem humana de que ela se
reveste. Isto quer dizer: não se pode abordar a Sagrada Escritura somente em nome da “mística”,
procurando aí proposições religiosas pré-concebidas; é preciso um pouco de preparo ou de iniciação
humana para perceber o sentido religioso da Bíblia. Doutro lado, não se podem utilizar apenas os
critérios científcos (linguísticos, arqueológicos...) para entender a Bíblia; é necessário, depois do
exame científco do texto, que o leitor procure o significado teológico do mesmo.
Examinemos mais detidamente cada qual das duas etapas acima assinaladas.
3.4.2 – Livro humano:
1. A Bíblia não é um livro caído do céu, mas um livro que passou por mentes humanas de
judeus e gregos existentes numa faixa de tempo que vai do séc. XIV a.C.ao século I d.C.
Por conseguinte, o primeiro cuidado do bom intérprete é o de tomar conhecimento da face
humana da Bíblia mediante recursos científicos, a fim de poder averiguar o que os autores bíblicos
queriam dizer mediante as suas expressões.
Isto não quer dizer que todo leitor da Bíblia deva ser um intelectual, perito em línguas, história
e geografia do Oriente, mas significa que:
- é necessário usar uma tradução vernácula feita a partir dos originais segundo bons critérios
científicos;
30
- é preciso que o leitor procure uma iniciação no livro que está para ler, a fim de conhecer o
gênero literário, as expressões características, a finalidade, o fundo de cena de tal livro. Podem bastar-
as páginas introdutórias que as boas edições da Bíblia trazem; às vezes, porém, requer-se um livro ou
um curso de Introdução na Bíblia (há livros e cursos de diversos graus, para as diversas exigências
do público);
- é preciso ter certo senso crítico diante das múltiplas interpretações da Bíblia que circulam.
Com efeito; faz-se necessário perguntar sempre: têm fundamento no texto original da Sagrada
Escritura? Ou são a expressão de teses do intérprete que não são as teses do autor sagrado?
Demos alguns exemplos:
1) Em Ap 13,18 lê-se que o número da besta é 666. Isto quer dizer que o leitor tem que
procurar um nome de homem cujas letras (dotadas de valor numérico) perfaçam o total de 666. Tal
procura tem que ser efetuada no ambiente histórico e geográfico de São João e dos primeiros leitores
do Apocalipse; teremos que indagar na Ásia Menor e no século I da era cristã que personagem poderia
ser esse. A conclusão mais provável é que se trata do Imperador Nero (54-68), primeiro perseguidor da
Igreja, cujos feitos malvados os cristãos ainda estavam experimentando no fim do século I; São João
deve ter intencionado revelar discretamente esse nome aos seus leitores, a fim de lhes dizer que o
perseguidor pereceria. Por conseguinte, é despropositado dizer que o Papa é a besta do Apocalipse,
porque (assim afirmam sem fundamento) traz na cabeça a inscrição “VICARIUS FILII DEI”; São João
e os primeiros leitores do Apocalipse não sabiam latim, que ainda era uma língua ocidental quando tal
livro foi escrito; não adiantaria aos leitores propor-lhes um nome que eles não pudessem perceber
através da linguagem cifrada de Ap 13,18.
Outro exemplo: quando as traduções vernáculas falam de irmãos de Jesus, não usam esta
expressão no sentido moderno, mas no sentido semita de parente, familiar. A Bíblia está cheia de
exemplos do uso de irmão (ah) para designar tio e sobrinho (Gn 13,8; 29,15), primos (1Cr 23,21-22),
familiares (Lv 10,4; 2Sm 19,12-113).
Ainda mais: quando as traduções vernáculas da Bíblia falam de “sábado”, têm em vista não o
que nós entendemos em português por sábado, mas o que os hebreus entendiam por shabat e shebá =
sétimo (dia) e repouso. Em consequência, os cristãos, no seu serviço a Deus, não têm a obrigação de
ficar presos ao dia que o português chama sábado, e o inglês chama saturday (dia de saturno), mas
compreenda que observar o sábado é observar todo sétimo dia mediante repouso sagrado.
2) A partir de quanto foi dito, também se compreende que a interpretação de certos textos da
Bíblia tenha mudado nos últimos decênios. Neste período, sim, foram descobertos alfabetos, peças
literárias e monumentos arqueológicos de povos orientais vizinhos do povo judeu. Foi possível, então,
recolocar melhor a Bíblia no seu ambiente originário, de modo a compreender mais autenticamente as
suas expressões; a interpretação daí decorrente é, por vezes, diferente da clássica, mas é a interpretação
certa. Tenha-se em vista o caso de Gn 1,1-2,4a: hoje é entendido como hino da liturgia judaica que
tencionava incutir muito calorosamente o preceito do repouso no sétimo dia, dando-lhe por
fundamento imaginário o comportamento do próprio Deus, que teria criado tudo em seis dias e
descansado no sétimo; intencionava também relacionar todas as criaturas com Deus, sem entrar em
questões modernas de evolucionismo e fixismo. — As novas interpretações não alteram o Credo, mas
referem-se a pontos que nunca foram tidos como objeto de fé na Igreja e por isto são sujeitos a revisão
desde que haja motivos plausíveis para isto.
3.4.3 – Livro divino:
30
Uma vez entendido o texto bíblico com o instrumental das ciências humanas que permitem
compreender o que o autor sagrado queria significar, faz-se mister procurar a mensagem teológica do
respectivo texto. Como dito, a mensagem bíblica é, antes do mais, religiosa.
Para perceber essa mensagem teológica, deverá o intérprete levar em consideração a “analogia
da fé” (Rm 12,6 ”Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o
dom da profecia, exerça-o conforme a fé”), ou o conjunto das verdades da fé, de modo a nunca atribuir
ao texto sagrado uma interpretação destoante das verdades da fé, mas, ao contrário, entendê-lo
segundo as demais proposições da fé. Por exemplo, as palavras de Jesus “o Pai é maior do que eu” (Jo
14,28) não poderão ser entendidas como se Jesus fosse simplesmente inferior ao Pai, em desacordo
com a fé, que diz ser Jesus consubstancial ao Pai ou uma só substância com o Pai (Jo 14,10-11; Jo
10,30); será preciso reconhecer que Jesus, como Deus, é igual ao Pai, mas, como homem, é-lhe
inferior.
A “analogia da fé” leva-nos a pensar na Igreja e no seu magistério. A Palavra de Deus escrita
não pode ser entendida plenamente senão em consonância com a Palavra de Deus oral, que é anterior à
escrita e que continua a ressoar viva dentro da Igreja através do magistério desta. É a Igreja, em última
análise, quem nos entrega as Escrituras e nos orienta na interpretação autêntica das mesmas. Quem
assim pensa, evita o subjetivismo arbitrário (“eu acho que...“, “parece-me que...“), subjetivismo
ilusório, no qual incorre quem queira praticar a interpretação da Bíblia segundo critérios pessoais (por
mais bem intencionados que sejam).
O magistério da Igreja não está acima da Escritura, nem é um canal próprio pelo qual Deus
revelaria novas verdades aos homens, mas é simplesmente a expressão genuína da Tradição oral, que
berçou a Tradição escrita (Bíblia) e que jamais poderá ser separada desta.
3.4.4 – Tipo e acomodação:
Na Escritura, Deus nos fala não somente por palavras, mas também por pessoas, coisas e fatos,
que são imagens ou tipos de realidades futuras. Assim ele quis fazer do primeiro Adão um esboço ou
urna figura (tipo) do segundo Adão, Jesus Cristo, conforme Rm 5,14 “No entanto, desde Adão até
Moisés reinou a morte, mesmo sobre aqueles que não pecaram à imitação da transgressão de Adão (o
qual é figura do que havia de vir)”; o primeiro Adão, qual homem compendioso, recapitula toda a
humanidade, como Jesus Cristo a recapitula. Melquisedec (Gn 14,17-20) também é figura de Cristo,
conforme Hb 7,1-25; o cordeiro de Páscoa (Ex 12,1-14) é figura de Cristo, conforme 1Cor 5,7; a
serpente de bronze igualmente, segundo Jo 3,14-15; Nm 21,4-9. Quando as Escrituras do Novo
Testamento apontam trechos do Antigo Testamento como portadores de figuras, diz-se que tais textos
têm sentido típico.
Outra coisa é a acomodação de textos bíblicos, que ocorre frequentemente na prática dos
cristãos. Imaginemos que a Sagrada Escritura nos apresente determinado sujeito (S) com algum
predicado (P): “A sabedoria (S) é a rnãe do belo amor, do temor, do conhecimento e da esperança”
(Eclo 24,24). Ora o leitor vê, no seu mundo cristão, um sujeito (S1) semelhante ao sujeito bíblico (S),
ao qual podem convir os predicados atribuídos pela Bíblia a S; então faz a acomodação ou a adaptação
de tais predicados a S1. Se, por exemplo, me parece que Maria, por ser a sede da Sabedoria Divina,
pode ser dita também “Mãe do belo amor. . . e da esperança”, faço a acomodação do Eclo 24,24 a
Maria. Os próprios autores bíblicos fizeram tais acomodações; por exemplo, São Paulo em Rm
10,15.18 “E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés
daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7) Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim!
Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras (Sl 18,5)” faz a
acomodação, aos Apóstolos, de textos que não visavam diretamente aos Apóstolos (Is 52,7 e Sl 18,5).
30
Os cristãos costumam fazer acomodação ou adaptação de textos bíblicos aos fatos da sua vida
cotidiana. Tal procedimento pode ser válido, se de fato há semelhança entre o sujeito bíblico e o
sujeito não bíblico (entre Jeremias desolado, por exemplo, em Jr 15,18 “Por que não tem fim a minha
dor, e não cicatriza a minha chaga, rebelde ao tratamento? Ai! Sereis para mim qual riacho enganador,
fonte de água com que não se pode contar?”, e o cristão perseguido); mas será condenável, se servir
para brincadeiras ou aplicações irreverentes da Bíblia (como às vezes ocorrem nos cartazes de
publicidade, no rádio e na televisão).
Aulas de 11 a 15: HISTÓRIA DO POVO DE DEUS
30
CONTEÚDO: CENÁRIO INTERNACIONAL E HISTÓRIA DO POVO DE ISRAEL
I– FORMAÇÃO DO POVO DE DEUS
1.1 – CENÁRIO INTERNACIONAL:
– 3 regiões férteis se destacam:
i. EGITO:
– Imagem de relativa UNIDADE
– Ordem e desenvolvimento (paz?)
– Governo absolutista (faraó adorado como a um deus)
ii. MESOPOTÂMIA
– Imagem de MOVIMENTO
– Povos que chegam e saem, fundam cidades, criam, constroem, inventam
– Cidades Estados autônomas, centradas no templo (= zigurate)
– Alicerces da Bíblia;
iii. CANAÃ (Séc. 15 a. C.) ou TERRA DE ISRAEL ou PALESTINA (Séc. 6 a.
C.)
– Imagem de CONFUSÃO
– Pequenas cidades independentes
– Fraca e atraente, é constantemente explorada
– Geografia estratégica
1.2 – HISTÓRIA DO POVO DE ISRAEL:
i. OS PATRIARCAS (Séc. 18 a. C.):
– BABILÔNIA, HICSOS e HITITAS
– São pastores seminômades, vivem em clãs e acreditam no Deus dos
seus pais.
– Origem da história do povo de Deus
– ABRAÃO e SARA (Séc. 18 a. C.):
– Semitas liderados por Abraão
– Saem de Haran (ou Ur?), na MESOPOTÂMIA
– Chamados de HEBREUS (= grupos sem cidadania, de
diversos clãs ou povos; = hapiru ou habiru = biscateiros =
trabalhavam de tudo = conotação inicial de marginais)
– Em busca da terra de Canaã
– ISAAC e REBECA
– JACÓ (= ISRAEL) e RAQUEL
– Vão para o Egito
– Buscam melhores condições
ii. NO EGITO (Séc. 13 a. C.):
– JOSÉ: intérprete dos sonhos do faraó
30
– AARÃO, MOISÉS E MIRIAM
– MOISÉS (Séc. 13 a. C.): libertação do Egito (1250-1200 a. C.)
iii. NO DESERTO (Êxodo) (= 40 anos) (Séc. 13 a. C.):
– MOISÉS:
– Guia o povo no deserto
– 40 anos no deserto
– Celebram o Êxodo (= Páscoa = passagem = libertação da
escravidão do Egito)
– Povo “reclamão”: maná (saudades do Egito: alhos, cebolas,
pepinos, verduras...); codornizes, água
– Aliança: 2 tábuas da Lei (10 mandamentos), depositadas na
ARCA x bezerro de ouro (= idolatria)
– Vislumbra de longe a terra prometida, mas não entra nela
iv. ENTRADA EM CANAÃ (Séc. 12 a. C.):
– JOSUÉ E CALEB:
– Reconhecem a terra
– Conduzem o povo de Deus na entrada na terra prometida
v. OCUPAÇÃO NO SISTEMA DE 12 TRIBOS (= 12 filhos de Jacó ou Israel)
(Séc. 12-11 a. C.)
– POVOS DO MAR ou FILISTEUS
– Os clãs (= famílias) são organizados em tribos
CONFEDERADAS, MAS INDEPENDENTES.
– Se estabelecem nos “espaços vazios” (piores terras)
– Ficam dispersos, vulneráveis aos inimigos
vi. JUÍZES (Séc. 12 e 11 a. C.):
– Ou interventor = litígios entre as famílias das tribos
– DÉBORA, BARAQUE, GEDEÃO, JEFTÉ, SANSÃO e DALILA,
SAMUEL (unge SAUL como rei)
vii. MONARQUIA (de 1030 a 931 a. C.) (= Séc. 10 a. C.):
– FENÍCIOS
– 1) SAUL:
– Cidades, acumulação de poder e terras
– JÔNATAS (amigo de DAVI), GOLIAS (x DAVI)
– 2) DAVI:
– Tributos pesados dos estrangeiros
– 3) SALOMÃO:
– Organização do culto: construção do Templo, tributos
pesados, cultos estrangeiros, início dos Profetas
(NATÃ e AÍAS)
viii. DIVISÃO DO REINO (931 a. C.):
– EGITO, ASSÍRIA E BABILÔNIA
30
– Com a morte de Salomão o Norte do país se proclama independente e
forma o REINO DE ISRAEL
ix. REINO DE ISRAEL (ou do NORTE) (de 931 a 722 a. C.) (= duração de 2
séculos)
– Capital: Samaria
– 19 reis = 8 assassinados
– Jeroboão 1º
– Acumulação e idolatria
– Profetas enfrentam os reis: Elias, Eliseu, Amós, Oséias
Exílio na Assíria (em 722 a. C.)
x. 10) REINO DE JUDÁ (ou do SUL) (de 931 a 587 a. C.) (= duração de 350
anos)
– Capital: Jerusalém
– 20 reis
– Roboão
– Injustiças, duros impostos, muitas religiões
– Influência dos Profetas: 1Isaías (1-39), Miquéias, Sofonias, Jeremias,
Naum, Habacuc
– Destruição de Jerusalém (em 587 a. C.)
– Exílio na Babilônia (em 587 a. C.)
– GODOLIAS = “Reforma Agrária”
xi. EXÍLIO NA BABILÔNIA (de 587 a 537 a. C.) (duração de 50 anos)
– BABILÔNIA
– Boa parte da população de JUDÁ é exilada (os intelectuais e as
autoridades)
– os pobres ficaram em JUDÁ = tributos
– Nabucodonosor e sucessores
– Trabalhos forçados
– Sem terra, sem Templo, sem rei
– Nova Aliança
– Profetas: Jeremias, Ezequiel (21s = Luz das nações), 2Isaías (40-45)
xii. VOLTA DO EXÍLIO (538 a. C.)
– PÉRSIA
– Ciro: decreta que podem voltar e ajudar nos projetos de reconstrução.
– Dois projetos:
1) RESTAURAÇÃO:
– Reconstruir o Templo e Jerusalém
– Profetas: Zacarias e Ageu
2) RENOVAÇÃO:
– Rute: pão, terra, vida
– Convivem de 538 a 445 a. C. (= 7 anos)
– Prevalece a RESTAURAÇÃO (em 445 a. C.): Esdras e Neemias
30
– RENOVAÇÃO prevalece na oposição: 3Isaías (46-66), Rute, Eclesiastes,
Jó, Jonas, Cântico dos cânticos
xiii. HELENISMO (333 a. C.)
– MACEDÔNIA e EGITO
– Invasão e assimilação da cultura grega
– Provocações, perseguições: resistência, causas: latifúndio e escravização
– MATATIAS: foge para as montanhas
– MACABEUS: Judas, Jônatas, Simão
– PARTIDOS: Saduceus, Fariseus, Essênios, Zelotes em conflito
– Profeta: 2Zacarias
– Sinagogas (Escribas)
– Diáspora começa
xiv. OCUPAÇÃO ROMANA (63 a. C.)
– ROMA
– Ocupação por Roma
– Grandes dificuldades sociais
– Saduceus predominam: Legalismo
– Tributos e impostos
– Camponeses não podem ter terras
– Esperança do Messias
– Domínio da família dos Herodes
– Herodes, o Grande
30
Aulas de 16 a 20: HISTÓRIA DA ESCRITA DO ANTIGO TESTAMENTO
CONTEÚDO: HISTÓRIA DA ESCRITA DO ANTIGO TESTAMENTO, FORMAÇÃO DO ANTIGO
TESTAMENTO E FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO
I – HISTÓRIA DA ESCRITA DO ANTIGO TESTAMENTO:
O ANTIGO TESTAMENTO foi escrito em 6 períodos:
1. FASE DAS TRADIÇÕES QUASE SÓ ORAIS:
– Os hebreus nada escreveram;
– Vivem de tradições orais;
– Durou uns 8 séculos, de Abraão (SÉC. 18 a. C.) até a Monarquia (1030 a.
C.).
2. REINO UNIDO ou MONARQUIA (Saul, Davi e Salomão):
– Durou 1 século: de 1030 a 931 a. C.;
– No fim do período, surge com Salomão, os primeiros escritos
intencionais.
3. REINO DE ISRAEL (ou do Norte, capital: Samaria):
– Com a morte de Salomão o Norte do país proclama independência: Reino
de Israel;
– Durou 2 séculos (de 931 a 722 a. C.);
– Produção literária pequena, mas muito importante.
4. REINO DE JUDÁ (ou do Sul, capital: Jerusalém):
– Durou uns 350 anos (de 931 a 587 a. C.);
– Surge uma literatura notável mas pouco explorada do AT.
5. EXÍLIO NA BABILÔNIA:
– Grande parte da população do Reino de Judá sofreu o Exílio Babilônico;
– Durou uns 50 anos (de 587 a 538 a. C.).
– Alguns escritos
6. DEPOIS DO EXÍLIO:
– Grande número de escritos.
II – FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO:
30
Época histórica
Livros do
Pentateuco
Livros Históricos
Livros
Sapienciais
Livros Proféticos
Pais e Mães
Êxodo
Tribalismo
(até 1040 a. C.)
Tradições orais
sobre as famílias e
a história
Tradições sobre
os Juízes.
Tradições sobre a
Arca (1Sm 4-7)
Tradições das
famílias.
Sabedoria popular
Religiosidade
popular. Os
videntes (1Sm 9,
9)
Reino Unido sob
Davi e Salomão
(1040 a 931 a. C.)
1ª redação das
tradições dos
patriarcas, do
êxodo e das tribos
Anais da corte. 1ª
redação da
história: “História
da ascensão de
Davi” (1Sm 16, 1
até 2Sm 5).
História da
sucessão de Davi
(2Sm 9-20; 1Rs 1-
2)
Alguns Salmos
Alguns Provérbios
Pr 22,17-24,22
Confrarias
proféticas de
Samuel (1Sm 10,
5-6)
Reino de Israel
no Norte
(931 a 722 a. C.)
2ª redação das
antigas tradições
Dt 12-26
Anais da corte.
2ª redação: ciclo
de Elias e Eliseu
(1Sm 13-15; 1Rs
17-2Rs 12)
Alguns Salmos
Alguns Provérbios
Irmandade de
Elias e Eliseu
(2Rs 2, 1-18)
Am e Os
Reino de Judá no
Sul
(931 a 586 a. C.)
(últimas décadas
da monarquia)
Dt 4,44-11,32;
28,1ss
Anais da corte.
1ª redação da
Obra Histórica
Deuteronomista
sob a reforma de
Josias
Alguns Salmos.
Coleções de
Provérbios:
Pr 10,1-22,16; Pr
25-29
Is 1-39 e Mq
Sf, Jr, Na, Hab
Sob a dominação
Babilônica
(586 a 539 a. C.)
3ª redação das
antigas tradições
Lv 17-25
Dt 1,1-4,43; 29s
Redação final da
“Obra Histórica
Deuteronomista”
(Js, Jz, 1-2Sm; 1-
2Rs)
Alguns Salmos
Alguns Provérbios
Ez, Is 40-55, Ab
Lm
Releitura da
profecia
Sob os Persas
(539 a 332 a. C.)
Redação final do
Pentateuco (Gn,
Ex, Lv, Nm, Dt)
Obra Histórica
Cronista (1-2Cr,
Esd, Ne)
Rt
Jó, Ct
Compilação do
livro dos Salmos e
dos Provérbios.
Ag, Zc 1-8, Is 56-
66, Ml, Jl.
Releitura da
profecia. Jn, Is 32-
35
Sob os Gregos
(332 a 142 a. C.)
Est, Tb, Jt, 1-2Mc
Ecl, Eclo, Sb
Sb
Zc 9-14, Dn, Br
Apocalíptica: Dn,
Is 24-27
Ez 38-39
III – FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO:
30
Época
Cartas de
Paulo
Cartas
atribuídas a
Paulo
Evangelhos e
Atos
Cartas
Católicas (ou
Universais)
Apocalipse
06 a. C.
VIDA, ANÚNCIO E MOVIMENTO DE JESUS
30 d. C.
TRADIÇÕES ORAIS NAS PRIMEIRAS COMUNIDADES
SURGEM AS PRIMEIRAS COLEÇÕES ESCRITAS
(morte-ressurreição, parábolas, milagres, discussões de Jesus)
50     
1Ts – Fl
1-2Cor
Gl – Rm
Fm
60
Ap 4-11
70 Mc
80 2Ts
Mt – Lc/At
90
Cl – Ef Tg – Jd – 1Pd
100 Hb Jo Ap
1-3Jo
110
1-2Tm – Tt
120 2Pd
Obs.: As setas indicam que o processo de transmissão das tradições orais e das coleções escritas
tinham continuidade nos anos seguintes.
30
REFERÊNCIAS
BALLARRINI, T. Introdução à Bíblia, II/1. Ed. Vozes, Petrópolis, 1975.
BETTENCOURT, Dom Estêvão T. Curso Bíblico. Rio de Janeiro/RJ: Escola Mater Eclesiae, 2009.
BORN, A. Van Den. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. 6. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2004.
CHARPENTIER, E. Para uma primeira leitura da Bíblia. 5. ed. São Paulo: Paulus, 1986. (Cadernos Bíblicos 1)
DANIELOU, J. No principio... Ed. Vozes, Petrópolis.
DE TILLESSE, C. M. Hino da Criação, em “Revista Biblica Brasileira”, ano I/1, PP. 7-39.
DRANE, John (Org.). Atlas da Bíblia. 12. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
DRANE, John (Org.). Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Paulinas; Loyola, 2009.
GASS, Ildo Bohn (Org.). Uma introdução à Bíblia: porta de entrada. 9. ed. São Leopoldo/RS: CEBI; São Paulo: Paulus,
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GASS, Ildo Bohn (Org.). Uma introdução à Bíblia: formação do povo de Israel. 7. ed. São Leopoldo/RS: CEBI; São
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GASS, Ildo Bohn (Org.). Uma introdução à Bíblia: formação do império de Davi e Salomão. 4. ed. São Leopoldo/RS:
CEBI; São Paulo: Paulus, 2007. (Volume 3)
GRELOT, P. Introdução à Bíblia. Ed. Paulinas 1971.
GRELOT, P. Reflexões sobre o problema do pecado original. Ed. Paulinas, 1969.
GRUEN, W. O tempo se chama hoje. Ed. Paulinas 1977.
GRUEN, W. Uma introdução ao Antigo Testamento. 6. ed. São Paulo: Paulus, 1985.
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Introdução à Bíblia e História de Israel

  • 1. 30 DIOCESE DE ESTÂNCIA/SE – FORANIA DE ESTÂNCIA INSTITUTO DE TEOLOGIA SÃO JOÃO XXIII BÍBLIA I (Introdução e História de Israel) Pe. Fagner Santos de Oliveira
  • 2. 30 DIOCESE DE ESTÂNCIA/SE – FORANIA DE ESTÂNCIA INSTITUTO DE TEOLOGIA BEATO JOÃO XXIII Curso: Bacharelado em Teologia Disciplina: Bíblia I (Introdução e História de Israel) Docente: Pe. Fagner Santos de Oliveira Discente: Período curricular: 2015/1 PLANO DE ESTUDO Aulas de 1 a 5 (28 de março): Introdução geral (parte 1) (composição bíblica e gêneros literários) Aulas de 6 a 10 (09 de maio): Introdução geral (parte 2) (abreviaturas bíblicas, termos bíblicos e introdução geral) Aulas de 11 a 15 (13 de junho): História do povo de Deus (cenário internacional e história do povo de Israel) Aulas de 16 a 20 (11 de julho): História da escrita do Antigo Testamento (fase das tradições quase só orais; Reino Unido ou Monarquia; Reino de Israel ou do Norte; Reino de Judá ou do Sul; Exílio na Babilônia; depois do Exílio)  Pe. Fagner Santos de Oliveira, nascido aos 18 de Fevereiro de 1985, é natural de Lagarto/SE, e pertence ao clero da Diocese de Estância, SE. É licenciado em Filosofia pelo Instituto de Filosofia e Teologia Santo Alberto Magno, de União da Vitória/PR (2006), e também licenciado em Filosofia pela Faculdade Católica de Anápolis/GO (2013); bacharel em Teologia pelo Instituto de Filosofia e Teologia Santo Alberto Magno, de União da Vitória/PR (2009), e também bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba/PR (2010); pós-graduado em Filosofia pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá/RJ (2012); licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (2013); e, possui pós-graduação em Sagrada Escritura pelas Faculdades Claretianas (2014). Ordenado Sacerdote aos 23 de Abril de 2010, foi vigário da Paróquia de N. Sra. da Guia (em 2010). Atualmente é o reitor do Seminário Propedêutico N. Sra. de Guadalupe (desde 2010), vigário da Paróquia N. Sra. de Guadalupe, Catedral de Estância (desde 2011), promotor vocacional diocesano
  • 3. 30 (desde 2012) e diretor do Instituto de Teologia São João XXIII, da Diocese de Estância/SE (desde 2012). Também é membro do Colégio de Consultores e do Conselho Presbiteral Diocesano (desde 2010). Lecionou a disciplina de Atos, Cartas Paulinas e Católicas, no Curso de Teologia de Leigos da Diocese de União da Vitória/PR, em 2009; a disciplina de Introdução à Bíblia no Curso de Teologia para Leigos da Paróquia de N. Sra. da Guia, em Umbaúba/SE, no ano de 2010; a disciplina de Introdução à Bíblia nos Cursos de Escola da Fé da Paróquia de Senhora Sant’Ana, em Boquim/SE e da Paróquia de Santa Luzia, em Santa Luzia do Itanhi, no ano de 2011; em 2012 lecionou as disciplinas de Bíblia I (AT: Pentateuco e Livros Históricos) e Bíblia II (AT: Escritos Sapienciais e Proféticos), em 2013, as disciplinas Bíblia I (AT: Pentateuco e Livros Históricos), Bíblia II (AT: Escritos Sapienciais e Proféticos), Bíblia III (NT: Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos), Bíblia VI (NT: Cartas Paulinas), em 2014, as disciplinas Bíblia I (AT: Pentateuco e Livros Históricos), Bíblia II (AT: Escritos Sapienciais e Proféticos) e Bíblia III (NT: Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos), na Escola Teológica Beato João XXIII, da forania de Estância; atualmente leciona Bíblia I (Introdução e História de Israel) e Teologia Sistemática III (Trindade), no Instituto de Teologia São João XXIII, da Diocese de Estância; e a disciplina Introdução à Bíblia, no Seminário Propedêutico N. Sra. de Guadalupe; e é titular da disciplina de Introdução à Bíblia no Seminário Propedêutico N. Sra. de Guadalupe, em Estância/SE, desde 2010; e das disciplinas Bíblia I (Introdução e História de Israel), Bíblia II (AT: Pentateuco e Livros Históricos), Bíblia III (AT: Escritos Sapienciais e Proféticos), Bíblia IV (NT: Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos), Bíblia VI (NT: Cartas Paulinas), Bíblia VII (Métodos de Leitura Bíblica), Bíblia VIII (Hermenêutica Bíblica Contextualizada) e Bíblia IX (Livros Apócrifos e Pseudepígrafos) no Instituto de Teologia São João XXIII, da Diocese de Estância, em Estância/SE, desde 2012. Por fim, é coordenador do Serviço de Animação Vocacional Diocesano (desde 2014) e assessor eclesiástico da Pastoral Universitária da Diocese de Estância (a partir de 2015). (Email: fagnerdeoliveira@hotmail.com) Aulas de 1 a 5: INTRODUÇÃO GERAL (parte 1) CONTEÚDO: COMPOSIÇÃO BÍBLICA E GÊNEROS LITERÁRIOS I – COMPOSIÇÃO BÍBLICA E GÊNEROS LITERÁRIOS: 1) Antigo Testamento: ___________________________________________________ 46 livros: 1) Pentateuco ou Livros da Lei (Torá) (Leis) (Gn, Ex, Lv, Nm e Dt) ________ 5 livros
  • 4. 30 2) Livros históricos ou Livros da Tradição Profética Oral (Js, Jz, Rt, 1 e 2 Sm, 1 e 2 Cr, 1 e 2 Re, Esd, Ne, Tb, Jd, Est, 1 e 2 Mac) _______________________________________ 16 livros 3) Livros Sapienciais ou poéticos (Jó, Sl, Prov, Ecle, Ct, Sb, Eclo) _________ 7 livros 4) Livros Proféticos ou Livros da Tradição Profética Escrita (Is, Jr, Lm, Br, Ez, Dn, Os, Jl, Am, Ab, Jn, Mq, Na, Hab, Sf, Ag, Zc, Ml) _____________________________________ 18 livros 2) Novo Testamento: ____________________________________________________ 27 livros: 1) Evangelhos Sinóticos (Mt, Mc e Lc): ______________________________ 3 livros; 2) Evangelho Joanino _____________________________________________ 1 livro; 3) Atos dos Apóstolos (São Lucas) ___________________________________ 1 livro; 4) Cartas Paulinas ________________________________________________ 14 livros: a) Divisão (de Harrington): critério do conteúdo teológico: 1) 1 (e 2)Ts ________________________________________________ 2 livros; 2) As grandes epístolas (Gl, 1Cor, 2Cor e Rm) ____________________ 4 livros; 3) As Epístolas do Cativeiro (Fl, Fm, Cl e Ef) _____________________ 4 livros;  Porque falam de Paulo na prisão; 4) As Epístolas Pastorais (1Tm, Tt e 2Tm) ________________________ 3 livros;  Porque são destinadas a chefes de Igrejas; 5) Hebreus _________________________________________________ 1 livro. b) Outra divisão (de Fabris): critério das informações (destinatários, lugar, data, etc): 1) Epístolas Autênticas de Paulo (= Protopaulinas): escritas ou ditadas por Paulo (são sete): 1) 1Ts _____________________ (50-51); 2) 1Cor ____________________ (53-54); 3) Fl ______________________ (54-55); 4) Fm _____________________ (54-55); 5) 2Cor ____________________ (55-56); 6) Gl ______________________ (56-57); 7) Rm _____________________ (57-58). 2) Hebreus ______________________ (67-75). 3) Epístolas da Tradição Paulina (= Deuteropaulinas): escritas após a morte de Paulo (5-67 d.C.) por discípulos da sua tradição; são seis: 1) 2Ts _____________________ (75-82); 2) Cl ______________________ (82-84); 3) Ef ______________________ (84-85); 4) 1Tm ____________________ (85-87); 5) Tt ______________________ (87-90); 6) 2Tm ____________________ (90-92). 5) Epístolas Católicas (Tg, 1Pd, Jd, 2Pd, 1Jo e 2-3Jo) ___________________ 7 livros.  Porque são destinadas a cristãos em geral (e não a comunidades em particular); 6) Apocalipse (Jo) ________________________________________________ 1 livro. Aulas de 6 a 10 – INTRODUÇÃO GERAL (parte 2) CONTEÚDO: ABREVIATURAS BÍLICAS, TERMOS BÍBLICOS E INTRODUÇÃO GERAL I – ABREVIATURAS BÍBLICAS: a) A vírgula (,): separa capítulo de versículo;
  • 5. 30 b) O ponto e vírgula (;): separa capítulos e livros; c) O ponto (.): separa versículo de versículo, quando não seguidos; d) O hífen (-): indica sequência de capítulos ou de versículos; e) As letras (s) ou (ss): versículo seguinte ou versículos seguintes; f) As letras (a), (b) ou (c): primeira, segunda ou terceira parte de um versículo. II – TERMOS BÍBLICOS: 1) INSPIRAÇÃO BÍBLICA: 1) Não é inspiração no sentido usual da palavra, pois não é ditado mecânico nem é comunicação de idéias que o homem ignorava. 2) Inspiração bíblica é a iluminação da mente de um escritor para que, sob a luz de Deus, possa escrever, com as noções religiosas e profanas que possui, um livro portador de autêntica mensagem divina ou um livro que transmite fielmente o pensamento de Deus revestido de linguajar humano. 3) A finalidade da inspiração bíblica é religiosa, e não da ordem das ciências naturais. 4) Toda a Bíblia é inspirada de ponta a ponta, em qualquer de suas partes. 5) Certas passagens bíblicas, além de inspiradas, são também portadoras de revelação ou da comunicação de doutrinas que o autor sagrado não conhecia através da sua cultura: Deus é Pai e Filho e Espírito Santo; mandou-nos o Filho como Redentor; etc. 2) REVELAÇÃO: 1) A Bíblia nos dá a saber que Deus falou aos homens comunicando-lhes o mistério da sua vida trinitária e o seu desígnio de salvação, centrado em Cristo Jesus. Nunca os homens chegariam por si a conhecer tais verdades. Por isto o Cristianismo é religião revelada. 2) A Bíblia contém a revelação de Deus aos homens, mas nem todas as páginas da Bíblia, embora inspiradas, são portadoras de revelação divina. Ex.: Is 7,14 profetiza que uma virgem conceberia e daria à luz um filho (= por efeito de dois carismas: o da revelação e o da inspiração); Mt 1,20-23 e Lc 1,26-38 dizem que a virgem concebeu e deu á luz um filho (= por efeito unicamente da inspiração). 3) Toda profecia é efeito (fruto) da revelação divina. 3) CÂNON: 1) Do grego “kanná”, “caniço”. Significa: “medida”, “régua”. 2) Metaforicamente designa “regra” ou “norma de vida” (cf. Gl 6,16). 3) Os antigos falavam do cânon da fé ou da verdade, para designar a doutrina revelada por Deus, que era critério para julgar qualquer doutrina humana e para nortear a vida dos cristãos. 4) “Cânon” significava também “catálogo”, “tabela”, “registro”. Aqui os cristãos passaram a falar do cânon bíblico (= catálogo dos livros bíblicos). 5) Temos três tipos de cânones: 1) Cânon Judaico: o cânon da Bíblia hebraica foi fixado em Jâmnia, no final do primeiro século de nossa era. Conta ao todo 22 livros divididos em Lei, Profetas e Escritos. Houve hesitações sobre o Cântico e Ester; 2) Cânon Helenístico: os compiladores dos Setenta acrescentaram aos livros judaicos os Deuterocanônicos, cuja lista autorizada só existe no meio cristão. Foram rejeitados pelas Igrejas da Reforma; 3) Cânon Cristão (Cânon do NT): 1) A coleção dos livros do NT como livros sagrados teve sua origem com a conservação dos escritos pelos apóstolos. 2) Desde o séc. I já temos o começo dessa coleção. Citações (implícitas) dos escritos do NT eram encontradas nos escritos de Clemente de Roma (+ 100), Inácio de Antioquia (+ 107), Policarpo de Esmirna (+ 156), no Pastor de Hermas (em Roma, entre os anos 140-155) e na anônima Didaché Apostolorum (Doutrina dos Apóstolos), escrita entre 80-100 na Síria ou na Palestina. 3) Depois de 150, o NT é citado como “Escritura”, ou seja, como livro. 4) O mais antigo cânone do NT é devido a cristãos heréticos, não a cristãos ortodoxos.
  • 6. 30 5) Marcião (por volta de 150) rejeitou todo o AT; do NT, aceitou apenas Lc, Rm, 1-2Cor, Gl, Ef, Cl, 1- 2Ts, Fl e Fm. 6) Isto apressou a definição de um cânone ortodoxo, que aparece pela primeira vez no Fragmento de Muratori, escrito por volta de 200. Este omite Hb, Tg e 1-2Pd. 7) Nunca tivemos dúvidas consistentes sobre o cânone do NT. 8) Restaram dúvidas pessoais e locais sobre alguns livros, especialmente no Oriente, as quais perduraram até os séculos V e VI. Tais livros eram Hb, Tg, 2Pd, 2-3Jo, Jd e Ap. 9) Motivos destas dúvidas: Hb e 2Pd, as diferenças de estilo entre essas obras e, respectivamente, as obras de Paulo e 1Pd; Tg e Jd, algumas questões doutrinais que pareciam suspeitas; 2-3Jo, uma temática que parecia muito comum; Ap, o seu estilo e sua obscuridade. 10) Depois disso o cânone tradicional foi aceito até o séc. XVI. Erasmo e Gaetano fizeram renascer antigas dúvidas. Lutero e alguns outros reformadores alemães rejeitaram Jd, Hb, Tg e Ap: é conhecida a objeção de Lutero a Tg, que ensina que a fé sem as obras é morta. 11) As outras Igrejas reformadas não colocaram em discussão o cânone e até mesmo os luteranos retornaram ao cânone tradicional no séc. XVII. 12) Na sessão de 8 de abril de 1546, o Concílio de Trento definiu o seguinte cânone do NT: os quatro evangelhos – Mt, Mc, Lc e Jo –, os At escritos por Lc, as catorze epístolas de Paulo – isto é, Rm, 1- 2Cor, Gl, Ef, Fl, Cl, 1-2Ts, 1-2Tm, Tt, Fm, Hb –, 1-2Pd, 1-2-3Jo, Tg, Jd e Ap de João Apóstolo. 4) CANONICIDADE: 1) É a qualidade de um livro inscrito no cânon. 5) PROTOCANÔNICO: 1) Do grego “próton” (= “primeiro”), “da primeira hora”. 2) Protocanônico é o livro que sempre pertenceu ao cânon ou catálogo. 3) Título atribuído por Sixto de Sena (1566) aos livros do AT, a cujo respeito nunca se duvidou da sua canonicidade. 6) DEUTEROCANÔNICO: 1) Do grego “déuteron” (= “segundo”), “em segunda instância”. 2) Deuterocanônico é o escrito que primeiramente foi controvertido e só depois entrou definitivamente no cânon sagrado. 3) É o título atribuído por Sixto de Sena (1566), às obras do AT cuja canonicidade foi objeto de controvérsia e que foram “admitidos em último lugar no Cânon”. 4) São os livros de: Judite, Tobias, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e Carta de Jeremias (Br 6), e algumas passagens de Ester e de Daniel. 5) A canonicidade desses livros foi oficialmente reconhecida pelo Concílio de Trento. 7) APÓCRIFO: 1) Em grego “apókryphos” quer dizer “oculto”. 2) Tal era o livro não lido em assembléia pública de culto, mas reservado à leitura particular. 3) Apócrifo opõe-se a canônico, pois este era o livro lido no culto público, porque considerado Palavra de Deus inspirada aos homens. 8) PSEUDEPÍGRAFO: 1) Há dois tipos de obras que se podem designar como pseudepígrafas: 1) as obras encabeçadas pelo nome de algum autor fictício. Ex.: Tobit (Tobias), Tb 1,1-3; Daniel, Dn 7,2; etc. 2) aqueles que trazem por um ato ficcional o nome de algum autor real. Ex.: os livros sapienciais atribuídos a Salomão (Prov; Ct; Ecle; Sb); paulinos (pastorais); etc. 2) Os apócrifos são pseudepígrafos, mas a pseudepigrafia não constitui obstáculo para a canonicidade de um livro.
  • 7. 30 9) BÍBLIA: 1) Do grego “bíblos”, “livro”. 2) O diminutivo é “bíblion”, “livrinho”, que no plural faz “bíblia”, “livrinhos”. 3) Com o passar dos tempos o diminutivo perdeu sua força, de tal sorte que “bíblia” passou a ser o mesmo que “livros”. 4) A Bíblia é, portanto, etimologicamente uma coleção de livros. 10) TESTAMENTO: 1) O AT e o NT são as divisões principais da Bíblia cristã. 2) A razão desta divisão é a seguinte: 1) Os judeus, movidos pelo próprio Deus, designavam as suas relações com Javé como sendo um “Berith” (= “aliança”). Por isto falavam dos “livros da Aliança”. 2) Todavia nos séculos III/II a.C., quando se fez a versão da Bíblia hebraica para o grego em Alexandria, os intérpretes traduziram “Berith” por “diatheke” (= “disposição”). Queriam desta maneira ressalvar a unicidade e soberania de Deus. Na verdade, quem faz aliança com alguém, é par ou igual a esse alguém, ao passo que quem faz uma disposição é soberano ou Senhor. Assim, os livros sagrados de Israel foram chamados livros da “diatheke” ou da disposição (de Deus em favor dos homens). 3) Quando a palavra “diatheke” foi traduzida para o latim entre os cristãos, estes usaram o termo “testamentum” (= disposição que se torna válida em caso de morte do testador). Recorrem à palavra “testamentum”, porque ficou comprovado que a disposição de Deus em favor dos homens se tornou plenamente válida e eficiente mediante a morte de Cristo. 4) Assim, os livros sagrados, entre os cristãos, foram distribuídos em duas categorias: os da Aliança (ou Testamento) antiga e os da nova Aliança ou do novo Testamento (cf. 2Cor 3,14s). 11) PERÍCOPA: 1) Do grego “cortar em volta”. 2) O termo designa um fragmento de texto tirado de seu contexto. É utilizado sobretudo na liturgia; designa então um fragmento da Escritura, preparado para ser lido durante uma celebração. 12) HAGIÓGRAFO: 1) Autor sagrado ou autor de algum escrito bíblico. 2) Um só livro pode ter mais de um autor ou hagiógrafo. 13) AUTOR: 1) A pessoa que concebe idéias ou o conteúdo de determinado escrito. 2) É o responsável pelo conteúdo do livro. 14) VULGATA: 1) É a tradução latina da Bíblia que se deve a São Jerônimo (+ 421). 2) No século IV era grande o número de traduções latinas das Escrituras, todavia apresentavam grandes deficiências de forma e de conteúdo. 3) Por isto o Papa São Damaso pediu a São Jerônimo que preparasse uma versão nova e fiel dos livros sagrados. 4) São Jerônimo se dedicou a isto entre os anos de 384 e 406. Não chegou a traduzir de novo o texto do Novo Testamento, mas fez a revisão dos textos já existentes cotejando-os como bons manuscritos gregos. 5) Para traduzir o AT, Jerônimo estabeleceu-se na Terra Santa, onde aprendeu o hebraico com os rabinos e traduziu em Belém todo o AT, menos Br, 1 e 2Mac, Eclo e Sb. 6) A tradução de São Jerônimo aos poucos substituiu as anteriores, de modo a chamar-se “Vulgata editio” (ou edição divulgada). Tornou-se a tradução oficial da Igreja até o Concílio Vaticano II (1962- 65).
  • 8. 30 7) Ora, mesmo assim a tradução de São Jerônimo não estava livre falhas, dado a limitação dos recursos utilizados por ele na sua época. 8) Por isto, após o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI mandou refazer a tradução latina dos livros sagrados, denominada de “Neo-Vulgata”. 15) EXEGESE: 1) Do grego “exégesis”, significa “explicação”, “explanação”. 2) É a arte de expor ou explicar o sentido de determinado texto, especialmente da Bíblia. 3) Para ser rigorosamente conduzida requer o estudo de línguas, história, arqueologia, etc, orientais. 4) Segundo São João (Jo 1,18), Jesus é o Grande exegeta do Pai, pois Ele nos revelou (exegésato) o Pai. 16) HERMENÊUTICA: 1) “Arte de interpretar” (“hermeneuein”, em grego). 2) Interpretar é procurar compreender e explicar, o que precisa ser feito mediante critérios objetivos, e não meramente subjetivos nem de opiniões. 3) Embora a Bíblia seja Palavra de Deus, que tem eficácia santificadora própria, ela é a Palavra de Deus encarnada na palavra do homem. 4) Por isto precisa ser entendida primeiramente como instrumento das ciências históricas e lingüísticas para se perceber o sentido da roupagem que a Palavra de Deus quis assumir. 5) Só depois de depreender o que o autor sagrado tinha em vista exprimir com sua linguagem, é possível passar para o plano da fé e da teologia. 17) CIRCUNCISÃO: 1) Ablação ou retirada do prepúcio, feita no 8º dia após o nascimento (Lv 12,13; Gn 17,12), inicialmente com facas de pedra (Ex 4,25; Js 5,3), depois com instrumentos de metal. É feita pelo pai (Gn 21,4), excepcionalmente pela mãe (Ex 4,25) ou por um médico (1Mc 1,16). 2) Remonta a Abraão (Gn 17), é praticada pelos patriarcas (Gn 34,13-24) no Egito, esquecida no deserto e retomada após o retorno a Canaã (Js 5,4-9). 3) Originalmente, fora de Israel, era um rito de integração do menino no clã e de iniciação ao matrimônio (cf. Gn 34; Ex 4,24-26). 4) Os profetas insistiam na espiritualização da circuncisão, que deveria coincidir com a conversão do coração (cf. Jr 4,4; 6,16; Dt 10,16; 30,6). 5) Após o exílio é afirmada sua importância religiosa, pois era um meio de distinguir-se da vizinhança que não a praticava. Era, pois sinal de agregação à comunidade de Israel (Gn 34,14-16; Ex 12,47s), sinal da aliança que Deus fez com Abraão e seus descendentes (Gn 17,9-14). 6) Jesus foi circuncidado (Lc 2,21). Paulo também (Fl 3,5). Timóteo foi circuncidado porque sua mãe era judia (At 16,3), mas Tito, filho de pagãos, não foi (Gl 2,3). 7) Em At 15 os judeu-cristãos querem impor a circuncisão aos pagãos. A Assembléia decide em sentido contrário (v. 28-29). 8) Paulo justifica a sua doutrina sobre isso em Rm 2,25-29; 4,9-12. 9) A redenção operada por Cristo tornou caduca e vã as exigências da Lei judaica. A circuncisão não é mais necessária. A fé substitui a circuncisão (Gl 5,6), pois é pela fé e não pela circuncisão que Abraão foi justificado. O mesmo vale para seus descendentes (Rm 4,1-17). 10) A verdadeira circuncisão é, nas palavras de Jeremias (Jr 9,24-25) – a do coração (Rm 2,26-29). 11) Portanto, a cada um, circunciso ou não, cabe “permanecer no estado em que foi chamado por Deus” (1Cor 7,17-20), pois em Cristo o que conta não é a circuncisão ou não, mas somente a fé que opera pela caridade (Gl 5,6). 18) CHEOL: 1) Um lugar subterrâneo, no entendimento dos judeus, onde estariam, inconsciente ou adormecidos, todos os indivíduos humanos após a morte.
  • 9. 30 2) A terra era tida como mesa plana, desta forma, logo abaixo estaria a “mansão dos mortos”, Hades (em grego), inferni (do latim, infra = abaixo ; donde inferni = inferiores lugares) 3) Os antigos judeus não podiam admitir retribuição póstuma, nem para os homens bons nem para os infiéis, pois todos se achavam inconsciente. 4) Desta forma, a justiça divina, devia exercer-se no decorrer mesmo da vida presente; Seriam recompensados com saúde, vida longa e dinheiro. Ao passo que os pecadores sofreriam doenças, morte prematura, miséria... 5) Já no Séc. II a.C os judeus admitiam a ressurreição dos mortos e a retribuição final para bons e maus depois da morte. 6) No tempo de Jesus, os judeus já admitiam sorte póstuma diferente para os bons e maus. 19) GEENA: 1) Deriva do termo em aramaico: ge-hinnom. Nos arredores de Jerusalém havia um vale (ge’, em hebraico) pertencente aos filhos de Hinnom (bem-hinnom). Donde ge’-bem-hinnom ou ge’hinnom, em hebraico. 2) Nesse vale se sacrificavam crianças ao deus Moloc, da Babilônia. (cf. 2Rs 16, 3c; 21,6; Jr 32, 35). 3) Depois do exílio (587-538 a. C), os judeus lá queimavam seu lixo. Por isso, o ge’-hinnon ou a ge’- hinnan era um lugar de fogo. Jesus se serviu do vocábulo para designar a sorte póstuma dos que renegam a Deus (cf Mc 9, 43. 45.47). 20) INFERNO: 1) Adjetivo deriva do vocábulo latino infernus. 2) Região inferior, colocada debaixo da superfície da terra. Significa o CHEOL dos judeus antigos. 3) Na linguagem cristã, feita abstração de topografia ou de geografia do além, inferno significa o estado póstumo dos que renegaram consciente e voluntariamente a Deus. 21) JAVÉ: 1) Nome com o qual Deus se revela a Moisés em Ex 3, 14s. 2) Para os judeus de Alexandria, levados por especulações filosóficas, Javé, do grego ho on, Aquele que é, queriam indicar o absoluto ou o transcendente de Deus. 3) Para os judeus da Palestina, menos propensos a especulações filosóficas, Javé, do grego, Aquele que é fiel, que acompanha o seu povo e lhe está sempre presente. 22) LEI: 1) Na linguagem paulina designa, frequentemente, a Torá ou a Lei de Moisés. 23) MIDRAXE: 1) Narração de fundo histórico. 2) Utilizada pelo autor sagrado para servir de instrução teológica e à edificação dos seus leitores. 24) SATÃ OU SATANÁS: 1) Termo hebraico que significa “adversário”. 2) A partido do Séc. V a. C, dói reservado ao anjo que Deus criou bom , mas que se perverteu pelo pecado. 3) Satã, não é uma figura mitológica, nem é uma realidade neutra do mal, mas é uma criatura inteligente , incorpórea. 25) SEMITAS: 1) Descendentes de Sem, filho de Noé. (cf. Gn 10, 22-30). 2) Correspondem a vários povos, entre eles: Hebraico ou israelita, o assírio, o babilônico, o etíope, o fenício, o púnico, o moabítico, o aramaico. 26) TEOFANIA:
  • 10. 30 1) Termo grego, etimologicamente, manifestação de Deus. 27) TEODOCIÃO: 1) Prosélito ou pagão convertido ao judaísmo. 2) Traduziu o antigo testamento para o grego no séc. II d. C afim de tentar extinguir o uso do texto dos LXX. 3) Objetivava provar para muitos cristãos a messianidade de Jesus. 28) ÁQUILA: 1) Fez uma autentica tradução grega do antigo testamento no séc. II. 2) O seu texto se prende muito à letra do hebraico. 3) Caracteriza-se por guardar em grego as expressões tipicamente semitas. 29) SÍMACO: 1) Terceiro tradutor do antigo testamento para o grego. 2) Versão mais “livre”. 3) Procura levar em conta o espírito e as particularidades da língua grega. III – INTRODUÇÃO GERAL: 3.1 – INSPIRAÇÃO BÍBLICA: O estudo da Bíblia deve começar pela prerrogativa que cristãos e judeus reconhecem a este livro: é a Palavra de Deus inspirada. Por causa disto é que tanto a estimamos. a) Mas, quando se fala de inspiração bíblica, talvez aflore à mente a noção de ditado mecânico, semelhante ao que o chefe de escritório realiza junto à sua datilógrafa; esta possivelmente escreve coisas que não entende e que são claras apenas ao chefe e à sua equipe. Ora tal não é a inspiração bíblica. Ela não dispensa certa compreensão por parte do autor bíblico (= hagiógrafo) nem a sua participação na redação do texto sagrado. b) A inspiração bíblica também não é revelação de verdades que o autor humano não conheça. Existe, sim, o carisma (= dom) da Revelação, que toca especialmente aos Profetas, mas é diverso da inspiração bíblica; esta se exercia, por exemplo, quando o hagiógrafo descrevia uma batalha ou outros fatos documentados em fontes históricas, sem receber revelação divina. c) Positivamente, a inspiração bíblica é a iluminação da mente do autor humano, para que possa, com os dados de sua cultura religiosa e profana, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento de Deus. Além de iluminar a mente, o Espírito Santo fortalece a vontade e as potências executivas do autor para que realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu; (2Pd 1,21 “Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus”). As páginas que assim se originam, são todas humanas (Deus em nada dispensa a atividade redacional do homem) e divinas (pois Deus acompanha passo a passo o trabalho do homem escritor). Assim diz-se que a Bíblia é um livro divino-humano, todo de Deus e todo do homem; transmite o pensamento de Deus em roupagem humana; assemelha-se ao mistério da Encarnação, pelo qual Deus se revestiu da carne humana, pois na Bíblia a palavra de Deus se revestiu da palavra do homem (judeu, grego, com todas as suas particularidades de expressão). d) Notemos agora que a finalidade da inspiração bíblica é estritamente religiosa. Os livros sagrados não foram escritos para nos ensinar dados de ciências naturais (pois, estas, o homem as pode
  • 11. 30 e deve cultivar com seus talentos), mas, sim, para nos ensinar aquilo que ultrapassa a razão humana, isto é, o plano de salvação divina, o sentido do mundo, do homem, do trabalho, da vida, da morte.., diante de Deus. Não há, pois, contradição entre a mensagem bíblica e a das ciências naturais, nem se devem pedir à Bíblia teorias de ordem física ou biológica... Mesmo no Gênesis 1--3 não pretende ensinar como, nem quando o mundo foi feito. Pergunta-se então: a Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos? Haveria páginas da Bíblia não inspiradas? Toda a Bíblia em qualquer de suas partes, é inspirada; ela é, por inteiro, Palavra de Deus; (2Tm 3,15-16 “E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça”). Mas há passagens bíblicas que são inspiradas por si, diretamente, e há outras que só indiretamente são inspiradas. Em outros termos: a mensagem religiosa que Deus quer comunicar diretamente aos homens, tem que aludir a este mundo e às suas diversas criaturas (céu, terra, mar, aves, peixes...); ela o faz, porém, em linguagem familiar pré-científica, que costuma ser bem entendida no trato quotidiano. Também nós usamos de linguagem familiar, que, aos olhos da ciência, estaria errada, mas que não leva ninguém ao erro porque todos entendem que essa linguagem familiar não pretende ensinar matéria científica. Tenham-se em vista as expressões “nascer do sol”, “pôr do sol”, “Oriente e Ocidente”: supõem o sistema geocêntrico, a terra fixa e o sol girando em torno da terra (ultrapassado), mas não são censuradas como mentirosas, porque, quando as usamos, todos sabem que não intencionamos definir assuntos de astronomia. Assim, quando a Bíblia diz que o mundo foi feito em seis dias de vinte e quatro horas, com tarde e manhã..., quando diz que a luz foi feita antes do sol e das estrelas, ela não ensina alguma teoria astronômica, mas alude ao mundo em linguagem dos hebreus antigos para dizer que o mundo todo é criatura de Deus; Gn 1,1-2,4. A Bíblia não poderia transmitir esta mensagem de ordem religiosa sem recorrer a algum linguajar humano, que, no caso, é mero veículo ou suporte da mensagem religiosa. Por conseguinte, todas as páginas da Bíblia são inspiradas, qualquer que seja a sua temática. Acrescentemos que também as palavras da Escritura são inspiradas. A razão disto é que os conceitos ou as idéias do homem estão sempre ligadas a palavras; não há conceitos, mesmo não expressos pelos lábios, que não estejam, em nossa mente, ligados a palavras. Por isto, quando o Espírito Santo iluminava a mente dos autores sagrados, para que vissem com clareza alguma mensagem, iluminava também as palavras com as quais se revestia essa mensagem na mente do hagiógrafo. É por isto que os próprios autores sagrados fazem questão de realçar vocábulos da Bíblia; Hb 8,13 “Se Deus fala de uma aliança nova é que ele declara antiquada a precedente. Ora, o que é antiquado e envelhecido está certamente fadado a desaparecer”; Mc 12,26-27 “Mas quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés como Deus lhe falou da sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3, 6)? Ele não é Deus de mortos, senão de vivos. Portanto, estais muito errados”. Observemos, porém, que somente as palavras das línguas originais (hebraico, aramaico, grego) foram assim iluminadas. As traduções bíblicas não gozam do carisma da inspiração. Por isto, quando desejamos estudar a Bíblia, devemos certificar-nos de que estamos usando uma tradução fiel e equivalente aos originais. Além disto, é absolutamente necessário levarem em conta o gênero literário do respectivo texto, como se verá abaixo. 3.1.1 – Gêneros literários: Se a Bíblia é a Palavra de Deus revestida da linguagem humana, entende-se que ela utiliza os gêneros literários ou os artifícios do linguajar dos homens.
  • 12. 30 Gênero literário é o conjunto de normas de vocabulário e sintaxe que se usam habitualmente para abordar algum assunto. Assim o assunto “leis” tem seu gênero literário próprio (claro e conciso, para que ninguém se possa desculpar por não haver entendido a lei); a poesia tem seu gênero literário antitético ao das leis (é metafórica, reticente, subjetiva...); uma crônica tem seu gênero próprio, que é diferente do de uma carta; uma carta comercial é diferente de uma carta de família, uma fábula é diferente de uma peça histórica, etc, Ora na Bíblia temos os gêneros literários dos antigos judeus e gregos. Se cada gênero literário supõe regras próprias de vocabulário e redação, compreende-se que cada qual tem também suas regras de interpretação próprias. Não me é lícito entender uma poesia (cheia de imagens) como entendo uma lei (que deve ser clara e sem imagens). Uma das principais causas de erros na interpretação da Bíblia está em que muitas pessoas querem tomar tudo ao pé da letra ou tomar tudo em sentido figurado. Antes da interpretação ou da utilização de algum livro sagrado, devo certificar-me do respectivo gênero literário: estou diante de uma poesia?... diante de uma crônica? Crônica de guerra? Crônica de família? Crônica de corte real? Por exemplo: Gn 1,1--2,4 é poesia ou hino litúrgico, e não um relato científico. Estou obrigado a não tomar essa seção ao pé da letra para não trair o autor ou não lhe atribuir o que ele não queria dizer. Mas Mt 26,17-29 “No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Onde queres que preparemos a ceia pascal?...” é relato histórico, que tenho de entender ao pé da letra para não trair o autor. Não é lícito, de antemão ou antes da abordagem criteriosa do texto, “definir” o respectivo gênero literário, como quem diz: “Eu acho que isto é poesia”, ou “Para mim, isto é uma tradição folclórica”. Mas é preciso que o leitor se informe objetivamente a respeito do gênero literário do livro que está para ler, a fim de entender o livro segundo os critérios de redação adotados pelo autor. Tal informação pode ser colhida nas introduções que as edições da Bíblia apresentam antes de cada livro sagrado. Não é necessário que todo leitor da Escritura conheça as línguas originais e sua variedade de expressionismos, mas basta que leia a Escritura com alguma iniciação, que pode ser facilmente encontrada. Todos compreenderão que não se pode ler a Bíblia escrita do século XIII antes de Cristo até o século I depois de Cristo como se leria um jornal de hoje. 3.1.2 – Veracidade da Bíblia: Se a Bíblia é a Palavra de Deus feita palavra do homem, entende-se que ela deva ser inerrante (sem erro de espécie alguma) ou veraz (portadora da verdade). Mas como se pode sustentar isto, se a Escritura, à primeira vista, está cheia de “erros”? O sol terá parado no seu curso em torno da terra, conforme Js 10,12-14; Is 38,7-8... Nabucodonosor era rei de Nínive, segundo Jt 1,5; Dario terá sido filho de Assuero, conforme Dn 9,1... Eis a resposta: 1) É isento de erro ou veraz tudo aquilo que o hagiógrafo como tal afirma; 2) No sentido em que o hagiógrafo o entendeu. O autor sagrado pode afirmar algo em seu nome, como pode afirmar em nome de outrem. Por exemplo, em Jo 1,18, o Evangelista afirma que Jesus nos revelou Deus Pai. Mas no salmo 52,1 se lê: “Deus não existe”, Como explicar a contradição? Em Jo 1,18 é o autor sagrado como tal quem afirma; a sua afirmação é absolutamente verídica; mas no SI 52,1, o salmista apenas afirma que o insensato diz em seu coração: “Deus não existe”. Quem diz que Deus não existe, não é o autor sagrado; este apenas
  • 13. 30 afirma (e afirma com plena veracidade) que o insensato nega a existência de Deus (o insensato erra ao negá-la; o salmista apenas verifica o fato). “No sentido em que o hagiógrafo o entendeu”. Com outras palavras:...de acordo com o gênero literário adotado pelo autor bíblico. Se este quis usar de metáfora, não deverei tomá-lo ao pé da letra; se quis usar de gênero estritamente narrativo, não deverei entendê-lo metaforicamente. Quando Js 10,12-14 diz que Josué mandou parar o sol, o gênero é de poesia lírica; há, pois, uma imagem literária, segundo a qual o “estacionamento do sol” quer dizer “escurecimento da atmosfera, clima de tempestade de granizo”. Quando os livros de Judite e Daniel parecem errar na cronologia dos reis, estão recorrendo ao gênero do midraxe, que intencionalmente não pretende ser crônica, mas apresenta a história como veículo de edificação religiosa, Quando Mateus 1,17 diz que de Abraão até Cristo houve 42 gerações (na verdade houve mais do que isto), quer jogar com a simbologia do número 42 — o que também pertence ao gênero midráxico. Vê-se, pois, que a Bíblia é isenta de erro em todas as suas páginas, mesmo quando fala de assuntos não religiosos. Qualquer erro atribuído à Bíblia, recairia sobre o próprio Deus. Todavia a veracidade ou a mensagem de cada passagem da Bíblia deverá ser depreendida do respectivo gênero literário: a poesia tem veracidade diversa da veracidade da lei, ou da veracidade do midraxe. Ademais, notemos que a Bíblia só pretende afirmar categoricamente verdades de ordem religiosa. Em assuntos não religiosos, ela não comete erros, mas adapta-se ao modo de falar familiar ou pré-científico dos homens que, devidamente entendido, não é portador de erro, como atrás foi dito. Diante das dúvidas no entendimento da Sagrada Escritura, o cristão rezará com Santo Agostinho: “Faze-me ouvir e descobrir como no começo criaste o céu e a terra. Assim escreveu Moisés, para depois ir embora, sair deste mundo, de Ti para Ti. Agora não posso interrogá-lo. Se pudesse, eu o seguraria, implorá-lo-ia, esconjurá-lo-ia em teu nome para que me explicasse estas palavras,... mas não posso interrogá-lo; por isto dirijo-me a Ti, Verdade, Deus meu, de que estava ele possuído quando disse coisas verdadeiras; dirijo-me a Ti: Perdoa meus pecados. E Tu, que concedeste a teu servo enunciar estas coisas verdadeiras, concede também a mim compreendê-las” 3.2 – O CÂNON BÍBLICO: Vimos que Deus quis falar aos homens, dando origem à Sagrada Escritura. Perguntamos agora: quantos e quais são os livros sagrados? Qual é o seu catálogo? 3.2.1 – Nomenclatura: Notemos os termos habitualmente utilizados neste estudo: 1) Cânon, do grego kanón = regra, medida,catálogo. 2) Canônico = livro catalogado o que implica seja inspirado. 3) Protocanônico = livro catalogado próton, isto é, em primeiro lugar ou sempre catalogado. 4) Deuterocanônico = livro catalogado déuteron ou em segunda instância, posteriormente (após ter sido controvertido). 5) Apócrifo, do grego apókryphon = livro oculto, isto é, não lido nas assembléias públicas de culto, reservado à leitura particular. Em consequência, livro não canônico ou não catalogado, embora tenha aparência de livro canônico (Evangelho segundo Tomé, Evangelho da Infância, Assunção de Moisés...).
  • 14. 30 Os apócrifos, embora tenham sido, durante séculos, tidos como desprezíveis portadores de lendas, são ultimamente reconhecidos como valiosos para a história do Cristianismo, porque 1) através de suas afirmações referem o modo de pensar dos judeus e cristãos dos séculos pouco anteriores e pouco posterioes a Cristo (século II a.C. até século V d.C); 2) podem conter proposições verdadeiras que não foram consignadas pelos autores sagrados (os nomes dos genitores de Maria SS., a Apresentação de Maria no Templo, a Assunção corporal de Maria após a morte...); O Cânon católico compreende 46 livros do Antigo Testamento. No Novo Testamento há 27 livros — o que perfaz 73 livros sagrados ao todo. 3.2.2 – História do Cânon do Antigo Testamento: As passagens bíblicas começaram a ser escritas esporadicamente desde os tempos anteriores a Moisés; é de notar que a escrita era uma arte rara e cara na antiguidade. Moisés foi o primeiro codificador das tradições orais e escritas de Israel, no século XIII a.C. — Essas tradições (leis, narrativas, peças litúrgicas) foram sendo acrescidas aos poucos por outros escritos no decorrer dos séculos, sem que os judeus se preocupassem com a catalogação das mesmas. Assim foi-se formando a biblioteca sagrada de Israel. Todavia, no século I da era cristã, deu-se um fato importante: começaram a aparecer os livros cristãos (cartas de São Paulo, Evangelhos...), que se apresentavam como a continuação dos livros sagrados dos judeus. Estes, porém, não tendo aceito o Cristo, trataram de impedir que se fizesse a aglutinação de livros judeus e livros cristãos. Por isto, segundo bons autores modernos, vários rabinos reuniram-se no sínodo de Jâmnia ou Jabnes ao Sul da Palestina, por volta do ano 100 d.C., a fim de estabelecer as exigências que deveriam caracterizar os livros sagrados ou inspirados por Deus. Foram estipulados os seguintes critérios: 1) o livro sagrado não pode ter sido escrito fora da terra de Israel; 2) não em língua aramaica ou grega, mas somente em hebraico; 3) não depois de Esdras (458-428 a.C); 4) não em contradição com a Torá ou Lei de Moisés. Em consequência, os judeus da Palestina fecharam o seu cânon sagrado sem reconhecer livros e escritos que não obedeciam a tais critérios. Acontece, porém, que em Alexandria (Egito) havia próspera colônia judaica, que, vivendo em terra estrangeira e falando língua estrangeira (o grego), não adotou os critérios nacionalistas estipulados pelos judeus de Jâmnia. Os judeus de Alexandria chegaram a traduzir os livros sagrados hebraicos para o grego entre 250 e 100 a.C., dando assim origem à versão grega dita “Alexandrina” ou “dos Setenta Intérpretes”. Essa edição grega bíblica encerra livros que os judeus de Jâmnia não aceitaram, mas que os de Alexandria liam como Palavra de Deus; assim os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruque, Eclesiástico (ou Siracides), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16,24; Daniel 3,24-90;13-14. Podemos, pois, dizer que havia dois cânones entre os judeus no início da era cristã: o restrito da Palestina, e o amplo de Alexandria. Ora acontece que os Apóstolos e Evangelistas, ao escreverem o Novo Testamento em grego, citavam o Antigo Testamento, usando a tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta diferia do texto hebraico; tenham-se em vista Mt 1,23 (Is 7,14); Hb 10,5 (Sl 39,7); Hb 10,37-38 (Hab 2,3-4); At
  • 15. 30 15,16-17 (Am 9,12-12). O texto grego tornou-se a forma comum entre os cristãos; em consequência, o cânon amplo, incluindo os sete livros e os fragmentos citados, passou para o uso dos cristãos. Verificamos também que nos escritos do Novo Testamento há citações implícitas dos livros deuterocanônicos. Assim, por exemplo, Rm 1,19-32 ( Sb 13,1-9); Rm 13,1(Sb 6,3); Mt 27,43 (Sb 2,13.18). Deve-se, por outro lado, notar que não são (nem implicitamente) citados no Novo Testamento livros que, de resto, todos os cristãos têm como canônicos; assim Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute, Provérbios. Nos mais antigos escritos patrísticos são citados os deuterocanônicos como Escritura Sagrada: Clemente Romano (em cerca de 95), na epístola aos Coríntios, recorre a Jt, Sb, fragmentos de Dn, Tb e Eclo; o Pastor de Hermas, em 140, faz amplo uso do Eclo e do 2Mac; Hipólito (+235) comenta o livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos; cita como Escritura Sagrada Sb, Br e utiliza Tb, 1 e 2 Mac. Nos séculos II/IV houve dúvidas entre os escritores cristãos com referência aos sete livros, pois alguns se valiam da autoridade dos judeus de Jerusalém para hesitar; outros deixavam de lado os deuterocanônicos, porque não serviam para o diálogo com os judeus. Finalmente, porém, prevaleceu na Igreja a consciência de que o cânon do Antigo Testamento deveria ser o de Alexandria, adotado pelos Apóstolos; sabemos que, das 350 citações do Antigo Testamento no Novo, 300 são tiradas da versão dos Setenta. Em consequência, os Concílios regionais de Hipona (393), Cartago III (397), Cartago IV (419), Trulos (692) definiram sucessivamente o Cânon amplo como sendo o da Igreja. Esta definição foi repetida pelos Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546). Vaticano I (1870). Durante a Idade Média pode-se dizer que houve unanimidade entre os cristãos a respeito do cânon. No século XVI, porém, Martinho Lutero (1483-1546), querendo contestar a Igreja, resolveu adotar o cânon dos judeus da Palestina, deixando de lado os sete livros e os fragmentos deuterocanônicos que a Igreja recebera dos judeus de Alexandria. É esta a razão pela qual a Bíblia dos protestantes não tem sete Iivros e os fragmentos que a Bíblia dos católicos inclui. Para dirimir as dúvidas, observamos que — os critérios adotados pelos judeus de Jâmnia para não reconhecer certos livros sagrados eram critérios nacionalistas; tal nacionalismo decorria do fato de que desde 587 a.C. os judeus estavam sob domínio estrangeiro, que muito os aborrecia; — é o Espírito Santo quem guia a Igreja de Cristo e fez que, após o período de hesitação (séc. I/IV), os cristãos reconhecessem como válido o cânon amplo. Aliás, o próprio Lutero traduziu para o alemão os livros deuterocanônicos: na sua edição alemã datada de 1534 o catálogo é o dos católicos — o que bem mostra que os deuterocanônicos eram usuais entre os cristãos. Não foi o Concílio de Trento que os introduziu no cânon. De resto, as Sociedades Bíblicas protestantes até o séc. XIX incluiam os deuterocanônicos em suas edições da Bíblia. Para os católicos, os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento são tão valiosos como os protocanônicos; são a Palavra de Deus inerrante, que, aliás, os próprios judeus da Palestina estimavam e liam como textos edificantes. Por exemplo, os próprios rabinos serviam-se do Eclesiástico até o séc. X como Escritura Sagrada; o 1Mac era lido na festa de Encênia, ou da Dedicação do Templo. Baruque
  • 16. 30 era lido em alta voz nas sinagogas do séc. IV d.C., como atestam as Constituições Apostólicas. De Tobias e Judite temos comentários em aramaico, que atestam como tais livros eram lidos na sinagoga. 3.2.3 – História do Cânon do Novo Testamento: O catálogo dos livros do Novo Testamento também foi objeto de dúvidas na Igreja antiga, mas hoje é unanimemente reconhecido por católicos e protestantes, Os livros controvertidos e, por isto, chamados deuterocanônicos do Novo Testamento são os seguintes: Hb, Ap, Tg, 2Pd, Jd, 2 e 3 Jo. Vejamos o porquê das hesitações: Hebreus: a carta não indica nem autor nem destinatários. Os cristãos orientais a tinham como paulina, ao passo que os ocidentais não. Entre os latinos, em meados do séc. III, os novacianos rigoristas (que ensinavam haver pecados irremissíveis) valiam-se de Hb 6,4-8 para propor sua tese errônea. Por isto, os autores ortodoxos relegaram Hebreus para o esquecimento até a segunda metade do séc. IV, quando Santo Ambrósio e Santo Agostinho a reconsideraram. Hoje todos os cristãos a reconhecem como carta canônica (= Palavra de Deus), embora reconheçam que não é diretamente da autoria de São Paulo. Apocalipse: nos primeiros séculos discutia-se a autoria joanina deste livro entre os orientais. Também ocorria que uma facção dita “milenarista” apelava para Ap 20,1-15 a fim de afirmar um reino milenar e pacífico de Cristo sobre a terra antes da consumação da história. Por isto o Apocalipse foi objeto de suspeitas, que cederam ao reconhecimento unânime no séc. IV. Tiago: também foi discutida a autoria deste escrito, que, além do mais, parecia contradizer a São Paulo em Rm e GI: a fé sem as obras seria morta (Tg 2,14-24). Prevaleceu, porém, a consciência de que é escrito canônico, perfeitamente conciliável com São Paulo: ao passo que este afirma que a fé sem obras (sem méritos do indivíduo) basta para entrarmos na amizade com Deus (ninguém compra a amizade). São Tiago quer dizer que ninguém persevera na graça se não pratica boas obras ou se não vive de acordo com a fé. Judas: também foi discutida a autoria desta carta. Ademais cita os apócrifos “Assunção de Moisés” (v. 9) e Apocalipse de Henoque” (v. 14-15) — o que a tornou suspeita. Este fato, porém, nada significa, porque São Paulo cita os escritores gregos Epimênides e Aratos, em Tt 1,12 e At 17,18 respectivamente, sem que Tt e At tenham sido excluidos do cânon por causa disto. A 2Pd, as 2 e 3Jo também foram controvertidas nos três primeiros séculos por motivos de pouca monta. — A 2Pd aparentemente é uma reedição ampliada de Jd; por isto, terá sofrido a sorte deste escrito. As 2 e 3Jo, sendo bilhetes pequenos, de pouco conteúdo teológico, nem sempre foram consideradas canônicas. Como dito, porém, em 393 o Concilio de Hipona definiu o cânon completo da Bíblia, incluindo os sete escritos controvertidos ou deuterocanônicos do Novo Testamento. A própria Bíblia não define o seu catálogo. Portanto, este só pode ser depreendido mediante a Tradição (= transmissão) oral, que de geração em geração foi entregando os livros sagrados ao povo de Deus, indicando-os, ao mesmo tempo, como livros inspirados e, por conseguinte, canônicos. Essa tradição oral viva fala até hoje pelo magistério da Igreja, que não é senão o eco autêntico da Tradição oral. São palavras do Concílio do Vaticano II: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o cânon completo dos livros sagrados. As próprias Sagradas Escrituras são, mediante a Tradição, cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem, sem cessar, atuantes. Assim o Deus que outrora falou, mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz
  • 17. 30 viva do Evangelho ressoa na Igreja, leva os fiéis a toda verdade e faz habitar neles copiosamente a Palavra de Cristo” (Dei Verbum nº 8). 3.3 – HISTÓRIA DO TEXTO SAGRADO: 3.3.1 – A Escrita Bíblica: Três são as línguas bíblicas: 1) o hebraico, no qual foram escritos todos os livros protocanônicos do Antigo Testamento; 2) o aramaico, língua vizinha do hebraico, na qual foram redigidos trechos de livros protocanônicos do Antigo Testamento, como Esdr 4,8-6,18; 7,12-26; Dn 2,4-7,28; uma frase em Jr 10,11; além disto, também o original de São Mateus (hoje perdido); 3) o grego, em que foram redigidos os livros do Novo Testamento (de Mt temos uma tradução grega antiga), Sb, 2Mac. Além disto, os livros e fragmentos deuterocanônicos do Antigo Testamento cujos originais se perderam, encontram-se em tradução grega. O conhecimento destas línguas por parte dos estudiosos é de grande importância, pois cada qual tem seu gênio e suas particularidades, que o bom tradutor deve saber reconhecer. Vejamos algumas peculiaridades das línguas bíblicas: 1) o hebraico era escrito somente com consoantes, sem vogais, até o século VIII d.C. Isto quer dizer que o leitor devia mentalmente colocar as vogais entre as consoantes das palavras hebraicas; visto que podia enganar-se, compreende-se que no texto hebraico antigo haja oscilações, como as haveria em português se quiséssemos completar com vogais o grupo l m poder-se-ia ler (lama, leme, lume, lima...). Por exemplo, q r em hebraico pode ser lido como qaran (= brilhar) e qeren (= chifre); por isto Moisés, que tinha o rosto a brilhar (qaran). Mais: o hebraico era pobre em vocabulário, de modo que, por exemplo, a mesma palavra ah podia significar irmão e primo (Mc 6,3); bekor podia significar primogênito e bem-amado (Lc 2,7). Além disto, note-se que o hebraico não tinha termos de comparativo e de superlativo; escrevia os números usando consoantes; não separava as palavras entre si — costumes estes que viriam a ser fontes de numerosos erros na transmissão do texto sagrado. 2) O aramaico, muito semelhante ao hebraico, tornou-se língua internacional, adotada pelo povo judeu a partir do século V a.C. Foi a língua falada por Jesus Cristo. 3) O grego era língua de um povo inteligente. Na Bíblia aparece impregnado de semitismos (vocábulos e construções hebraicas e aramaicas), pois foi utilizado por escritores hebreus. Os manuscritos da Bíblia mais antigos apresentam muitas letras trocadas (eram semelhantes umas às outras), muitas palavras escritas abreviadamente, falta de pontuação — o que dificultou a transmissão do texto sagrado por meio dos copistas da antiguidade. A atual divisão do texto em capítulos deve-se a Estêvão Langton (séc. XIII d.C.), os capítulos do Novo Testamento foram divididos em versículos por Roberto Estêvão, tipógrafo francês, em 1551. O material utilizado para escrever era papiro (junco cortado em tiras) ou pergaminho (couro de animais). Este material era caro e raro, de modo que pouco se escrevia na antiguidade; o ensinamento era feito por via oral mediante recursos mnemotécnicos, que procuravam dar cadência à frase, para que se gravasse melhor na memória; nos livros bíblicos encontram-se ecos escritos desse cadenciamento. Dada a fragilidade do papiro e do pergaminho, entende-se que não se tenha conservado nenhum dos autógrafos (textos saídos das mãos dos autores sagrados) da Bíblia. Todavia, se os autógrafos se
  • 18. 30 perderam e só temos cópias dos mesmos, podemos crer que se tenha conservado o teor original da Bíblia? — É o que veremos a seguir. 3.3.2 – História do texto hebraico do Antigo Testamento: Sabe-se que nos séculos anteriores a Cristo o texto hebraico do Antigo Testamento oscilava multo. Isto se compreende bem desde que se tenha em vista a maneira como se escrevia antigamente: falta de vogais, ocasiões múltiplas de confundir letras e números... Todavia a partir dos séculos I/IV d . C. a difusão dos escritos cristãos (Evangelhos, epistolas...) obrigou os judeus a cuidar da forma do texto bíblico; os cristãos argumentavam a favor de Cristo utilizando passagens do Antigo Testamento. Julga-se que no século II d . C. já havia quase um texto oficial do Antigo Testamento entre Judeus. Quanto aos manuscritos, notemos que até 1948 não possuiamos cópias do texto hebraico anteriores aos séculos IX/X depois de Cristo. Naquela data, porém, foram descobertos os manuscritos de Qumran (sítio arqueológico localizado na margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó, a cerca de 22 quilômetros a leste de Jerusalém na costa do Mar Morto, em Israel), que datam dos séculos I a.C. e I d.C. Foi possível assim recuar mil anos na história da tradição manuscrita; verificou- se então que há identidade entre os manuscritos medievais e aqueles de Qumran — o que quer dizer que o texto se foi transmitindo fielmente através dos séculos. Hoje em dia existem edições críticas do texto hebraico do Antigo Testamento, que permitem ao estudioso confrontar entre si as fontes do texto e certificar-se de que está lidando com a face autêntica do texto do Antigo Testamento. 3.3.3 – A história do texto grego do Novo Testamento: Existem hoje mais de cinco mil cópias manuscritas do Novo Testamento datadas dos dez primeiros séculos. Algumas são papiros, que remontam aos séculos II/III. O mais antigo de todos é o papiro de Rylands, conservado em Manchester (lnglaterra); data do ano120 aproximadamente e contém os versículos de Jo 18,31-33.37.38; se consideramos que o Evangelho segundo João foi escrito por volta do ano 100, verificamos que dele temos um manuscrito que é, por assim dizer, cópia do autógrafo. A multidão de cópias do Novo Testamento, apresenta, sem dúvida, numerosas variantes na transmissão do texto: cerca do 200.000. Os manuscritos do Novo (e também do Antigo) Testamento encontram-se atualmente em diversas bibliotecas de Paris, Londres, Berlim, Moscou, Madri, Vaticano...; podem ser consultados por qualquer pesquisador. Os manuscritos bíblicos são patrimônio da humanidade e não pertencem apenas à Igreja Católica. 3.3.4 – As traduções dos LXX e da Vulgata: Quem utiliza uma boa edição brasileira da Bíblia, encontra nela referências às traduções dos LXX e da Vulgata. Daí a necessidade de abordarmos também estes termos. 3.3.5 – Os LXX: Os judeus se estabeleceram na cidade de Alexandria (Egito) nos séculos IV/III a.C., lá constituindo próspera colônia. Adotaram a língua grega, de modo que tiveram a necessidade de traduzir a Bíblia do hebraico para o grego – o que foi feito devagar entre 250 e 100 a. C. Chama-se esta “a tradução alexandrina da Bíblia”. Diz-se que esta tradução teve origem milagrosa, a saber: o rei
  • 19. 30 Ptolomeu II (285-247) a. C. querendo possuir na sua biblioteca um exemplar grego dos livros sagrados dos judeus, terá pedido ao sumo sacerdote Eleázaro de Jerusalém os tradutores respectivos. Eleázaro terá enviado seis sábios de cada uma das doze tribos de Israel (portanto 72 sábios) para Alexandria; estes terão sido encerrados em 72 cubículos isolados e, não obstante, haverão produzido o mesmo texto grego do Antigo Testamento – o que só podia ser milagre. Esta versão, hoje bem reconhecida como tal, faz que a tradução alexandrina fosse também chamada “dos Setenta Intérpretes”. É importante, porque nos refere o modo como os judeus liam a Bíblia nos séculos III/II a. C. 3.3.6 – A Vulgata: Entre os cristãos do Ocidente, havia no século IV tantas traduções latinas da Bíblia que os leitores se viam confusos a respeito. Foi por isto que o Papa São Dâmaso (366-384) pediu a São Jerônimo fizesse uma revisão dessas traduções. São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu o hebraico do Antigo Testamento, dando à Igreja um texto latino que logo se propagou e foi chamado “Vulgata latina” (forma di-vulgada latina). — A Vulgata de São Jerônimo gozou de grande autoridade até o Concílio do Vaticano II hoje em dia existe a Neo-Vulgata, tradução latina dos originais realizada com mais recursos linguísticos e arqueológicos do que a Vulgata de São Jerônimo. 3.4 – INTERPRETAÇÃO DO TEXTO: 3.4.1 – Livro humano e divino: Nas lições sobre a inspiração bíblica dizia-se que a Sagrada Escritura é, toda ela, Palavra de Deus feita palavra do homem. Disto se segue uma verdade muito importante: para entender a Escritura, duas etapas são necessárias: o reconhecimento da sua face humana, para que, depois, possa haver a percepção da sua mensagem divina. É impossível penetrarmos no conteúdo salvífico da Palavra bíblica se não nos aplicamos primeiramente à análise da roupagem humana de que ela se reveste. Isto quer dizer: não se pode abordar a Sagrada Escritura somente em nome da “mística”, procurando aí proposições religiosas pré-concebidas; é preciso um pouco de preparo ou de iniciação humana para perceber o sentido religioso da Bíblia. Doutro lado, não se podem utilizar apenas os critérios científcos (linguísticos, arqueológicos...) para entender a Bíblia; é necessário, depois do exame científco do texto, que o leitor procure o significado teológico do mesmo. Examinemos mais detidamente cada qual das duas etapas acima assinaladas. 3.4.2 – Livro humano: 1. A Bíblia não é um livro caído do céu, mas um livro que passou por mentes humanas de judeus e gregos existentes numa faixa de tempo que vai do séc. XIV a.C.ao século I d.C. Por conseguinte, o primeiro cuidado do bom intérprete é o de tomar conhecimento da face humana da Bíblia mediante recursos científicos, a fim de poder averiguar o que os autores bíblicos queriam dizer mediante as suas expressões. Isto não quer dizer que todo leitor da Bíblia deva ser um intelectual, perito em línguas, história e geografia do Oriente, mas significa que: - é necessário usar uma tradução vernácula feita a partir dos originais segundo bons critérios científicos;
  • 20. 30 - é preciso que o leitor procure uma iniciação no livro que está para ler, a fim de conhecer o gênero literário, as expressões características, a finalidade, o fundo de cena de tal livro. Podem bastar- as páginas introdutórias que as boas edições da Bíblia trazem; às vezes, porém, requer-se um livro ou um curso de Introdução na Bíblia (há livros e cursos de diversos graus, para as diversas exigências do público); - é preciso ter certo senso crítico diante das múltiplas interpretações da Bíblia que circulam. Com efeito; faz-se necessário perguntar sempre: têm fundamento no texto original da Sagrada Escritura? Ou são a expressão de teses do intérprete que não são as teses do autor sagrado? Demos alguns exemplos: 1) Em Ap 13,18 lê-se que o número da besta é 666. Isto quer dizer que o leitor tem que procurar um nome de homem cujas letras (dotadas de valor numérico) perfaçam o total de 666. Tal procura tem que ser efetuada no ambiente histórico e geográfico de São João e dos primeiros leitores do Apocalipse; teremos que indagar na Ásia Menor e no século I da era cristã que personagem poderia ser esse. A conclusão mais provável é que se trata do Imperador Nero (54-68), primeiro perseguidor da Igreja, cujos feitos malvados os cristãos ainda estavam experimentando no fim do século I; São João deve ter intencionado revelar discretamente esse nome aos seus leitores, a fim de lhes dizer que o perseguidor pereceria. Por conseguinte, é despropositado dizer que o Papa é a besta do Apocalipse, porque (assim afirmam sem fundamento) traz na cabeça a inscrição “VICARIUS FILII DEI”; São João e os primeiros leitores do Apocalipse não sabiam latim, que ainda era uma língua ocidental quando tal livro foi escrito; não adiantaria aos leitores propor-lhes um nome que eles não pudessem perceber através da linguagem cifrada de Ap 13,18. Outro exemplo: quando as traduções vernáculas falam de irmãos de Jesus, não usam esta expressão no sentido moderno, mas no sentido semita de parente, familiar. A Bíblia está cheia de exemplos do uso de irmão (ah) para designar tio e sobrinho (Gn 13,8; 29,15), primos (1Cr 23,21-22), familiares (Lv 10,4; 2Sm 19,12-113). Ainda mais: quando as traduções vernáculas da Bíblia falam de “sábado”, têm em vista não o que nós entendemos em português por sábado, mas o que os hebreus entendiam por shabat e shebá = sétimo (dia) e repouso. Em consequência, os cristãos, no seu serviço a Deus, não têm a obrigação de ficar presos ao dia que o português chama sábado, e o inglês chama saturday (dia de saturno), mas compreenda que observar o sábado é observar todo sétimo dia mediante repouso sagrado. 2) A partir de quanto foi dito, também se compreende que a interpretação de certos textos da Bíblia tenha mudado nos últimos decênios. Neste período, sim, foram descobertos alfabetos, peças literárias e monumentos arqueológicos de povos orientais vizinhos do povo judeu. Foi possível, então, recolocar melhor a Bíblia no seu ambiente originário, de modo a compreender mais autenticamente as suas expressões; a interpretação daí decorrente é, por vezes, diferente da clássica, mas é a interpretação certa. Tenha-se em vista o caso de Gn 1,1-2,4a: hoje é entendido como hino da liturgia judaica que tencionava incutir muito calorosamente o preceito do repouso no sétimo dia, dando-lhe por fundamento imaginário o comportamento do próprio Deus, que teria criado tudo em seis dias e descansado no sétimo; intencionava também relacionar todas as criaturas com Deus, sem entrar em questões modernas de evolucionismo e fixismo. — As novas interpretações não alteram o Credo, mas referem-se a pontos que nunca foram tidos como objeto de fé na Igreja e por isto são sujeitos a revisão desde que haja motivos plausíveis para isto. 3.4.3 – Livro divino:
  • 21. 30 Uma vez entendido o texto bíblico com o instrumental das ciências humanas que permitem compreender o que o autor sagrado queria significar, faz-se mister procurar a mensagem teológica do respectivo texto. Como dito, a mensagem bíblica é, antes do mais, religiosa. Para perceber essa mensagem teológica, deverá o intérprete levar em consideração a “analogia da fé” (Rm 12,6 ”Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé”), ou o conjunto das verdades da fé, de modo a nunca atribuir ao texto sagrado uma interpretação destoante das verdades da fé, mas, ao contrário, entendê-lo segundo as demais proposições da fé. Por exemplo, as palavras de Jesus “o Pai é maior do que eu” (Jo 14,28) não poderão ser entendidas como se Jesus fosse simplesmente inferior ao Pai, em desacordo com a fé, que diz ser Jesus consubstancial ao Pai ou uma só substância com o Pai (Jo 14,10-11; Jo 10,30); será preciso reconhecer que Jesus, como Deus, é igual ao Pai, mas, como homem, é-lhe inferior. A “analogia da fé” leva-nos a pensar na Igreja e no seu magistério. A Palavra de Deus escrita não pode ser entendida plenamente senão em consonância com a Palavra de Deus oral, que é anterior à escrita e que continua a ressoar viva dentro da Igreja através do magistério desta. É a Igreja, em última análise, quem nos entrega as Escrituras e nos orienta na interpretação autêntica das mesmas. Quem assim pensa, evita o subjetivismo arbitrário (“eu acho que...“, “parece-me que...“), subjetivismo ilusório, no qual incorre quem queira praticar a interpretação da Bíblia segundo critérios pessoais (por mais bem intencionados que sejam). O magistério da Igreja não está acima da Escritura, nem é um canal próprio pelo qual Deus revelaria novas verdades aos homens, mas é simplesmente a expressão genuína da Tradição oral, que berçou a Tradição escrita (Bíblia) e que jamais poderá ser separada desta. 3.4.4 – Tipo e acomodação: Na Escritura, Deus nos fala não somente por palavras, mas também por pessoas, coisas e fatos, que são imagens ou tipos de realidades futuras. Assim ele quis fazer do primeiro Adão um esboço ou urna figura (tipo) do segundo Adão, Jesus Cristo, conforme Rm 5,14 “No entanto, desde Adão até Moisés reinou a morte, mesmo sobre aqueles que não pecaram à imitação da transgressão de Adão (o qual é figura do que havia de vir)”; o primeiro Adão, qual homem compendioso, recapitula toda a humanidade, como Jesus Cristo a recapitula. Melquisedec (Gn 14,17-20) também é figura de Cristo, conforme Hb 7,1-25; o cordeiro de Páscoa (Ex 12,1-14) é figura de Cristo, conforme 1Cor 5,7; a serpente de bronze igualmente, segundo Jo 3,14-15; Nm 21,4-9. Quando as Escrituras do Novo Testamento apontam trechos do Antigo Testamento como portadores de figuras, diz-se que tais textos têm sentido típico. Outra coisa é a acomodação de textos bíblicos, que ocorre frequentemente na prática dos cristãos. Imaginemos que a Sagrada Escritura nos apresente determinado sujeito (S) com algum predicado (P): “A sabedoria (S) é a rnãe do belo amor, do temor, do conhecimento e da esperança” (Eclo 24,24). Ora o leitor vê, no seu mundo cristão, um sujeito (S1) semelhante ao sujeito bíblico (S), ao qual podem convir os predicados atribuídos pela Bíblia a S; então faz a acomodação ou a adaptação de tais predicados a S1. Se, por exemplo, me parece que Maria, por ser a sede da Sabedoria Divina, pode ser dita também “Mãe do belo amor. . . e da esperança”, faço a acomodação do Eclo 24,24 a Maria. Os próprios autores bíblicos fizeram tais acomodações; por exemplo, São Paulo em Rm 10,15.18 “E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7) Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras (Sl 18,5)” faz a acomodação, aos Apóstolos, de textos que não visavam diretamente aos Apóstolos (Is 52,7 e Sl 18,5).
  • 22. 30 Os cristãos costumam fazer acomodação ou adaptação de textos bíblicos aos fatos da sua vida cotidiana. Tal procedimento pode ser válido, se de fato há semelhança entre o sujeito bíblico e o sujeito não bíblico (entre Jeremias desolado, por exemplo, em Jr 15,18 “Por que não tem fim a minha dor, e não cicatriza a minha chaga, rebelde ao tratamento? Ai! Sereis para mim qual riacho enganador, fonte de água com que não se pode contar?”, e o cristão perseguido); mas será condenável, se servir para brincadeiras ou aplicações irreverentes da Bíblia (como às vezes ocorrem nos cartazes de publicidade, no rádio e na televisão). Aulas de 11 a 15: HISTÓRIA DO POVO DE DEUS
  • 23. 30 CONTEÚDO: CENÁRIO INTERNACIONAL E HISTÓRIA DO POVO DE ISRAEL I– FORMAÇÃO DO POVO DE DEUS 1.1 – CENÁRIO INTERNACIONAL: – 3 regiões férteis se destacam: i. EGITO: – Imagem de relativa UNIDADE – Ordem e desenvolvimento (paz?) – Governo absolutista (faraó adorado como a um deus) ii. MESOPOTÂMIA – Imagem de MOVIMENTO – Povos que chegam e saem, fundam cidades, criam, constroem, inventam – Cidades Estados autônomas, centradas no templo (= zigurate) – Alicerces da Bíblia; iii. CANAÃ (Séc. 15 a. C.) ou TERRA DE ISRAEL ou PALESTINA (Séc. 6 a. C.) – Imagem de CONFUSÃO – Pequenas cidades independentes – Fraca e atraente, é constantemente explorada – Geografia estratégica 1.2 – HISTÓRIA DO POVO DE ISRAEL: i. OS PATRIARCAS (Séc. 18 a. C.): – BABILÔNIA, HICSOS e HITITAS – São pastores seminômades, vivem em clãs e acreditam no Deus dos seus pais. – Origem da história do povo de Deus – ABRAÃO e SARA (Séc. 18 a. C.): – Semitas liderados por Abraão – Saem de Haran (ou Ur?), na MESOPOTÂMIA – Chamados de HEBREUS (= grupos sem cidadania, de diversos clãs ou povos; = hapiru ou habiru = biscateiros = trabalhavam de tudo = conotação inicial de marginais) – Em busca da terra de Canaã – ISAAC e REBECA – JACÓ (= ISRAEL) e RAQUEL – Vão para o Egito – Buscam melhores condições ii. NO EGITO (Séc. 13 a. C.): – JOSÉ: intérprete dos sonhos do faraó
  • 24. 30 – AARÃO, MOISÉS E MIRIAM – MOISÉS (Séc. 13 a. C.): libertação do Egito (1250-1200 a. C.) iii. NO DESERTO (Êxodo) (= 40 anos) (Séc. 13 a. C.): – MOISÉS: – Guia o povo no deserto – 40 anos no deserto – Celebram o Êxodo (= Páscoa = passagem = libertação da escravidão do Egito) – Povo “reclamão”: maná (saudades do Egito: alhos, cebolas, pepinos, verduras...); codornizes, água – Aliança: 2 tábuas da Lei (10 mandamentos), depositadas na ARCA x bezerro de ouro (= idolatria) – Vislumbra de longe a terra prometida, mas não entra nela iv. ENTRADA EM CANAÃ (Séc. 12 a. C.): – JOSUÉ E CALEB: – Reconhecem a terra – Conduzem o povo de Deus na entrada na terra prometida v. OCUPAÇÃO NO SISTEMA DE 12 TRIBOS (= 12 filhos de Jacó ou Israel) (Séc. 12-11 a. C.) – POVOS DO MAR ou FILISTEUS – Os clãs (= famílias) são organizados em tribos CONFEDERADAS, MAS INDEPENDENTES. – Se estabelecem nos “espaços vazios” (piores terras) – Ficam dispersos, vulneráveis aos inimigos vi. JUÍZES (Séc. 12 e 11 a. C.): – Ou interventor = litígios entre as famílias das tribos – DÉBORA, BARAQUE, GEDEÃO, JEFTÉ, SANSÃO e DALILA, SAMUEL (unge SAUL como rei) vii. MONARQUIA (de 1030 a 931 a. C.) (= Séc. 10 a. C.): – FENÍCIOS – 1) SAUL: – Cidades, acumulação de poder e terras – JÔNATAS (amigo de DAVI), GOLIAS (x DAVI) – 2) DAVI: – Tributos pesados dos estrangeiros – 3) SALOMÃO: – Organização do culto: construção do Templo, tributos pesados, cultos estrangeiros, início dos Profetas (NATÃ e AÍAS) viii. DIVISÃO DO REINO (931 a. C.): – EGITO, ASSÍRIA E BABILÔNIA
  • 25. 30 – Com a morte de Salomão o Norte do país se proclama independente e forma o REINO DE ISRAEL ix. REINO DE ISRAEL (ou do NORTE) (de 931 a 722 a. C.) (= duração de 2 séculos) – Capital: Samaria – 19 reis = 8 assassinados – Jeroboão 1º – Acumulação e idolatria – Profetas enfrentam os reis: Elias, Eliseu, Amós, Oséias Exílio na Assíria (em 722 a. C.) x. 10) REINO DE JUDÁ (ou do SUL) (de 931 a 587 a. C.) (= duração de 350 anos) – Capital: Jerusalém – 20 reis – Roboão – Injustiças, duros impostos, muitas religiões – Influência dos Profetas: 1Isaías (1-39), Miquéias, Sofonias, Jeremias, Naum, Habacuc – Destruição de Jerusalém (em 587 a. C.) – Exílio na Babilônia (em 587 a. C.) – GODOLIAS = “Reforma Agrária” xi. EXÍLIO NA BABILÔNIA (de 587 a 537 a. C.) (duração de 50 anos) – BABILÔNIA – Boa parte da população de JUDÁ é exilada (os intelectuais e as autoridades) – os pobres ficaram em JUDÁ = tributos – Nabucodonosor e sucessores – Trabalhos forçados – Sem terra, sem Templo, sem rei – Nova Aliança – Profetas: Jeremias, Ezequiel (21s = Luz das nações), 2Isaías (40-45) xii. VOLTA DO EXÍLIO (538 a. C.) – PÉRSIA – Ciro: decreta que podem voltar e ajudar nos projetos de reconstrução. – Dois projetos: 1) RESTAURAÇÃO: – Reconstruir o Templo e Jerusalém – Profetas: Zacarias e Ageu 2) RENOVAÇÃO: – Rute: pão, terra, vida – Convivem de 538 a 445 a. C. (= 7 anos) – Prevalece a RESTAURAÇÃO (em 445 a. C.): Esdras e Neemias
  • 26. 30 – RENOVAÇÃO prevalece na oposição: 3Isaías (46-66), Rute, Eclesiastes, Jó, Jonas, Cântico dos cânticos xiii. HELENISMO (333 a. C.) – MACEDÔNIA e EGITO – Invasão e assimilação da cultura grega – Provocações, perseguições: resistência, causas: latifúndio e escravização – MATATIAS: foge para as montanhas – MACABEUS: Judas, Jônatas, Simão – PARTIDOS: Saduceus, Fariseus, Essênios, Zelotes em conflito – Profeta: 2Zacarias – Sinagogas (Escribas) – Diáspora começa xiv. OCUPAÇÃO ROMANA (63 a. C.) – ROMA – Ocupação por Roma – Grandes dificuldades sociais – Saduceus predominam: Legalismo – Tributos e impostos – Camponeses não podem ter terras – Esperança do Messias – Domínio da família dos Herodes – Herodes, o Grande
  • 27. 30 Aulas de 16 a 20: HISTÓRIA DA ESCRITA DO ANTIGO TESTAMENTO CONTEÚDO: HISTÓRIA DA ESCRITA DO ANTIGO TESTAMENTO, FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO E FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO I – HISTÓRIA DA ESCRITA DO ANTIGO TESTAMENTO: O ANTIGO TESTAMENTO foi escrito em 6 períodos: 1. FASE DAS TRADIÇÕES QUASE SÓ ORAIS: – Os hebreus nada escreveram; – Vivem de tradições orais; – Durou uns 8 séculos, de Abraão (SÉC. 18 a. C.) até a Monarquia (1030 a. C.). 2. REINO UNIDO ou MONARQUIA (Saul, Davi e Salomão): – Durou 1 século: de 1030 a 931 a. C.; – No fim do período, surge com Salomão, os primeiros escritos intencionais. 3. REINO DE ISRAEL (ou do Norte, capital: Samaria): – Com a morte de Salomão o Norte do país proclama independência: Reino de Israel; – Durou 2 séculos (de 931 a 722 a. C.); – Produção literária pequena, mas muito importante. 4. REINO DE JUDÁ (ou do Sul, capital: Jerusalém): – Durou uns 350 anos (de 931 a 587 a. C.); – Surge uma literatura notável mas pouco explorada do AT. 5. EXÍLIO NA BABILÔNIA: – Grande parte da população do Reino de Judá sofreu o Exílio Babilônico; – Durou uns 50 anos (de 587 a 538 a. C.). – Alguns escritos 6. DEPOIS DO EXÍLIO: – Grande número de escritos. II – FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO:
  • 28. 30 Época histórica Livros do Pentateuco Livros Históricos Livros Sapienciais Livros Proféticos Pais e Mães Êxodo Tribalismo (até 1040 a. C.) Tradições orais sobre as famílias e a história Tradições sobre os Juízes. Tradições sobre a Arca (1Sm 4-7) Tradições das famílias. Sabedoria popular Religiosidade popular. Os videntes (1Sm 9, 9) Reino Unido sob Davi e Salomão (1040 a 931 a. C.) 1ª redação das tradições dos patriarcas, do êxodo e das tribos Anais da corte. 1ª redação da história: “História da ascensão de Davi” (1Sm 16, 1 até 2Sm 5). História da sucessão de Davi (2Sm 9-20; 1Rs 1- 2) Alguns Salmos Alguns Provérbios Pr 22,17-24,22 Confrarias proféticas de Samuel (1Sm 10, 5-6) Reino de Israel no Norte (931 a 722 a. C.) 2ª redação das antigas tradições Dt 12-26 Anais da corte. 2ª redação: ciclo de Elias e Eliseu (1Sm 13-15; 1Rs 17-2Rs 12) Alguns Salmos Alguns Provérbios Irmandade de Elias e Eliseu (2Rs 2, 1-18) Am e Os Reino de Judá no Sul (931 a 586 a. C.) (últimas décadas da monarquia) Dt 4,44-11,32; 28,1ss Anais da corte. 1ª redação da Obra Histórica Deuteronomista sob a reforma de Josias Alguns Salmos. Coleções de Provérbios: Pr 10,1-22,16; Pr 25-29 Is 1-39 e Mq Sf, Jr, Na, Hab Sob a dominação Babilônica (586 a 539 a. C.) 3ª redação das antigas tradições Lv 17-25 Dt 1,1-4,43; 29s Redação final da “Obra Histórica Deuteronomista” (Js, Jz, 1-2Sm; 1- 2Rs) Alguns Salmos Alguns Provérbios Ez, Is 40-55, Ab Lm Releitura da profecia Sob os Persas (539 a 332 a. C.) Redação final do Pentateuco (Gn, Ex, Lv, Nm, Dt) Obra Histórica Cronista (1-2Cr, Esd, Ne) Rt Jó, Ct Compilação do livro dos Salmos e dos Provérbios. Ag, Zc 1-8, Is 56- 66, Ml, Jl. Releitura da profecia. Jn, Is 32- 35 Sob os Gregos (332 a 142 a. C.) Est, Tb, Jt, 1-2Mc Ecl, Eclo, Sb Sb Zc 9-14, Dn, Br Apocalíptica: Dn, Is 24-27 Ez 38-39 III – FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO:
  • 29. 30 Época Cartas de Paulo Cartas atribuídas a Paulo Evangelhos e Atos Cartas Católicas (ou Universais) Apocalipse 06 a. C. VIDA, ANÚNCIO E MOVIMENTO DE JESUS 30 d. C. TRADIÇÕES ORAIS NAS PRIMEIRAS COMUNIDADES SURGEM AS PRIMEIRAS COLEÇÕES ESCRITAS (morte-ressurreição, parábolas, milagres, discussões de Jesus) 50      1Ts – Fl 1-2Cor Gl – Rm Fm 60 Ap 4-11 70 Mc 80 2Ts Mt – Lc/At 90 Cl – Ef Tg – Jd – 1Pd 100 Hb Jo Ap 1-3Jo 110 1-2Tm – Tt 120 2Pd Obs.: As setas indicam que o processo de transmissão das tradições orais e das coleções escritas tinham continuidade nos anos seguintes.
  • 30. 30 REFERÊNCIAS BALLARRINI, T. Introdução à Bíblia, II/1. Ed. Vozes, Petrópolis, 1975. BETTENCOURT, Dom Estêvão T. Curso Bíblico. Rio de Janeiro/RJ: Escola Mater Eclesiae, 2009. BORN, A. Van Den. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. 6. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2004. CHARPENTIER, E. Para uma primeira leitura da Bíblia. 5. ed. São Paulo: Paulus, 1986. (Cadernos Bíblicos 1) DANIELOU, J. No principio... Ed. Vozes, Petrópolis. DE TILLESSE, C. M. Hino da Criação, em “Revista Biblica Brasileira”, ano I/1, PP. 7-39. DRANE, John (Org.). Atlas da Bíblia. 12. ed. São Paulo: Paulus, 2003. DRANE, John (Org.). Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Paulinas; Loyola, 2009. GASS, Ildo Bohn (Org.). Uma introdução à Bíblia: porta de entrada. 9. ed. São Leopoldo/RS: CEBI; São Paulo: Paulus, 2007. (Volume 1) GASS, Ildo Bohn (Org.). Uma introdução à Bíblia: formação do povo de Israel. 7. ed. São Leopoldo/RS: CEBI; São Paulo: Paulus, 2005. (Volume 2) GASS, Ildo Bohn (Org.). Uma introdução à Bíblia: formação do império de Davi e Salomão. 4. ed. São Leopoldo/RS: CEBI; São Paulo: Paulus, 2007. (Volume 3) GRELOT, P. Introdução à Bíblia. Ed. Paulinas 1971. GRELOT, P. Reflexões sobre o problema do pecado original. Ed. Paulinas, 1969. GRUEN, W. O tempo se chama hoje. Ed. Paulinas 1977. GRUEN, W. Uma introdução ao Antigo Testamento. 6. ed. São Paulo: Paulus, 1985. LEON-DUFOR, X. Vocabulário de teologia bíblica, Ed. Vozes, Petrópolis, verbete Criação. MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1983. MONLOUBOU, L.; BUIT, F. M. Du. Dicionário Bíblico Universal. Petrópolis/RJ: Vozes; Aparecida/SP: Santuário, 1997. MOODY, PAUL AMOS. Introdução à Evolução, LTC/EDU. Rio de Janeiro, 1975. PAULO VI. Credo do povo de Deus, 1967.
  • 31. 30 PEREGO, Giacomo. Atlas Bíblico interdisciplinar: Escritura, História, Geografia, Arqueologia e Teologia. 2. ed. Aparecida/SP: Santuário; São Paulo: Paulus, 2001. STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides M. Como ler o livro do Gênesis: origem da vida e da história. 11. ed. São Paulo, 2008. VAN DEN BORN, A. Dicionário enciclopédico da Bíblia. Ed. Vozes 1971. VILLAC, Sylvia; SCARDELAI, Donizete. Introdução ao Primeiro Testamento: Deus e Israel constroem a história. São Paulo: Paulus, 2007.
  • 32. 30