2. •A história da Taxonomia (ramo da Biologia que se ocupa da
classificação dos seres vivos) ao nível dos reinos é um bom
exemplo dos processos de avanço da Ciência.
•Desde os tempos de Aristóteles até meados do século XIX, os
biólogos dividiam os seres vivos em dois reinos: Plantae e
Animalia.
• Depois do desenvolvimento do microscópio, tornou-se cada vez
mais óbvio que esta classificação era insuficiente, pois alguns
organismos não poderiam ser facilmente incluídos nem nas
plantas nem nos animais.
• Assim, à medida que as várias áreas de Biologia vão avançando,
novos critérios vão sendo considerados e novos sistemas vão
aparecendo, por forma a melhor poder abarcar a grande
diversidade de seres vivos da Biosfera.
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3. Há mais de 24 séculos, os seres vivos foram classificados por Aristóteles
e Teofrasto, um discípulo seu, em dois Reinos – o Reino Animal e o
Reino Vegetal. No século XVIII, os trabalhos de Lineu reforçaram esta
mesma ideia.
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4. No reino Plantae incluíam-se organismos
fotossintéticos, sem locomoção e sem ingestão.
As bactérias e os fungos, como apresentavam
parede celular, eram também incluídas neste
reino.
No reino Animalia eram inseridos os seres
não fotossintéticos, com locomoção e que
obtêm alimentos por ingestão. Incluía também
alguns seres vivos unicelulares (Protozoários),
com locomoção e alimentação por ingestão.
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5. Problemas:
•Em ambos os reinos teriam de ser incluídos
seres unicelulares. A diferença era demasiado
grande para poder ser aceite.
•Além disso, alguns seres não cumpriam todas
as condições necessárias para fazer parte de um
ou outro reino. É o caso de alguns seres vivos
flagelados (com locomoção) e que são
fotossintéticos
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6. No século XIX, Ernest Haeckel propôs um terceiro reino –
o Reino Protista, onde incluía todos os seres vivos
unicelulares, separando-os dos animais e das plantas.
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7. Contudo, continuava ainda a existir
problemas:
• Não fazia a separação entre seres
eucariontes e procariontes.
• O reino Protista incluía alguns seres vivos
que apenas seriam lá inseridos porque as
suas características não eram claramente de
animais nem de plantas.
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8. Mais tarde, Herbert Copeland introduziu um novo
reino – o Reino Monera, surgindo assim o sistema de
classificação em quatro reinos:
Reino Monera – seres procariontes
Reino Protista – seres eucariontes unicelulares
Reino Plantae
Reino Animalia.
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9. Classificação de Copeland
Contudo, continuava a existir o problema dos fungos, que possuem
características simultaneamente de plantas e de animais, nomeadamente:
- são heterotróficos como os animais, mas apresentam parede celular
(embora de natureza diferente) como as plantas.
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10. Em 1969, Whittaker propôs um sistema de
classificação em cinco reinos, passando os fungos a
constituir um reino independente. Deste modo,
passam a existir os cinco reinos que actualmente são
considerados: Monera, Protista, Fungi, Plantae e
Animalia.
Foi um sistema de classificação que continha algumas
limitações, mas o próprio Whittaker apresentou mais
tarde, em 1979, uma versão modificada do seu sistema
de cinco reinos.
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11. • Um dos problemas era relativo à separação de alguns
seres. Era o caso das algas, que são autotróficas e
apresentam espécies unicelulares, coloniais e
pluricelulares.
• Segundo o sistema apresentado em 1969, as algas
teriam de ser incluídas no Reino Protista (que incluía
apenas seres unicelulares) e no reino Plantae.
• Na sua versão corrigida o grupo das algas foi
definitivamente incluído, na sua totalidade, no reino
Protista .
•O Reino Protista passou a incluir algumas excepções à
unicelularidade.
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13. Este sistema de classificação tem a vantagem
de se basear em vários critérios, tornando-se por
isso mais próximo da realidade complexa dos
seres vivos.
Os critérios de classificação mais significativos
são:
- nível de organização celular
- modo de nutrição
- tipo de interacção nos ecossistemas.
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14. A tabela resumo das características mais significativas de cada reino.
Reino
Critério Reino Protista Reino Fungi Reino Plantae Reino Animalia
Monera
Tipo de Unicelulares na sua Pluricelulares
organização Unicelulares maioria (solitários (com reduzida Pluricelulares
Pluricelulares
celular ou coloniais) diferenciação)
Tipo de Eucariótica Eucariótica
células Procariótica Eucariótica Parede celular Parede celular Eucariótica
(organitos) de quitina de celulose
Autotróficos
Autotróficos
(fotossíntese e
Modo de (fotossíntese) Heterotróficos Autotróficos
quimiossíntese) Heterotróficos
nutrição Heterotróficos (por absorção) (fotossíntese)
Heterotróficos (por ingestão)
(absorção e ingestão)
(por absorção)
Interacções Produtores Produtores
nos Macroconsumidores Microconsumidores Produtores Macroconsumidores
ecossistemas Microconsumidores Microconsumidores
Musgos,
Amiba, Paramécia, fetos, Esponjas, insectos,
Exemplos Bactérias Bolores, cogumelos
Euglena, Algas plantas com répteis, mamíferos
flor
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15. Critério Monera Protista Fungi Plantae Animalia
Eucariótica. Eucariótica.
Eucariótica. Eucariótica.
Procariótica.
Tipo de Célula Núcleo, Núcleo,
Núcleo, mitocôndrias. Núcleo,
e Organelos Sem organelos mitocôndrias; sem mitocôndrias; sem
mitocôndrias, cloroplastos.
membranares. Alguns com cloroplastos. cloroplastos. Parede cloroplastos nem
Parede celular celulósica.
celular quitinosa. parede celular.
Multicelulares
Tipo de Unicelulares, solitários (a (grande parte). Multicelulares, com
Unicelulares, solitários ou Multicelulares, com
Organização maioria). Alguns coloniais, Alguns cenocíticos. diferenciação
coloniais. diferenciação celular.
Celular outros multicelulares. Reduzida celular.
diferenciação.
Autotróficos (fotossíntese e Autotróficos (fotossíntese).
Modo de quimiossíntese). Heterotróficos Heterotróficos
Autotróficos (fotossíntese).
Nutrição Heterotróficos (absorção e (absorção). (ingestão)
Heterotróficos (absorção). ingestão).
Produtores.
Interacções Produtores.
Microconsumidores. Macroconsumidores
nos Microconsumidores ou Microconsumidores. Produtores.
.
Ecossistemas decompositores.
Macroconsumidores.
Musgos, fetos, plantas com Esponjas, insectos,
Exemplos bactérias Amiba, paramécia, algas. Bolores, cogumelos.
flor. baleias.
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16. 1 – Níveis de organização celular
•Estrutura celular procariótica – Reino Monera
•Estrutura celular eucariótica – os restantes Reinos
2 – Tipos de nutrição
•Reino Monera: inclui espécies fotoautotróficas, quimioautotróficas e
heterotróficas por absorção . Não existe ingestão nas espécies deste reino. É o
único onde existe quimiossíntese.
•Reino Protista: espécies que obtêm o alimentos por absorção, ingestão e
fotossíntese (todos os tipos de nutrição, excepto quimiossíntese).
•Reino Plantae: fotossintéticos
•Reino Fungi: obtêm o alimento por absorção
•Reino Animalia: obtêm o alimento por ingestão
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17. 3 – Interacções nos ecossistemas
•Produtores – São os seres autotróficos, que
produzem a sua própria fonte de matéria orgânica e
podem ser vistos como o início das cadeias alimentares.
É o caso das plantas, algas e algumas bactérias.
•Macroconsumidores – São os seres
heterotróficos, que ocupam as posições intermédias e
de topo nas cadeias alimentares.
•Microconsumidores – São seres heterotróficos
que decompõem a matéria orgânica, absorvem alguns
produtos resultantes da decomposição e libertam
substâncias inorgânicas para o meio. São também
chamados decompositores ou saprófitos. 17
19. 1. Monera
1.1. Existem em todos os tipos de habitat (mesmo aqueles
em que não existem outras formas de vida ou dentro de
outros seres vivos)
1.2. Possuem células muito simples, com umas única
molécula de DNA circular e sem organelos membranares
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20. 1.3. Trazem várias vantagens:
1.3.1. Intervêm no ciclo de elementos químicos essenciais à vida (ex.
azoto)
1.3.2. Fermentações bacterianas utilizadas na produção de alimentos
(queijo, iogurte, vinagre, cerveja, etc.)
1.3.3. Produção de antibióticos
1.3.4. Simbiose com ruminantes – degradação da celulose
1.3.5. O Homem possui bactérias no intestino produtoras de várias
vitaminas (flora e fauna intestinal)
1.3.6. Reciclagem de nutrientes nos ecossistemas naturais
1.4. Mas também algumas desvantagens:
1.4.1. Bactérias patogénicas – causam doenças (pneumonia,
tuberculose, tétano, lepra)
1.4.2. Acção das bactérias decompositoras sobre os alimentos ou na
contaminação das águas
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21. 2. Protista
2.1. Reúne menos consenso no que diz
respeito aos organismos nele incluídos (desde
as formas mais simples unicelulares até às
algas multicelulares gigantes)
2.2. Existem: protistas semelhantes a
animais (protozoários), semelhantes a plantas
(algas) e semelhantes a fungos (mixomicetos)
2.3. Os mixomicetos distinguem-se dos fungos
porque: são heterotróficos por ingestão e não
apresentam parede celular quitinosa
2.4. Existem em ambientes húmidos
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22. 3. Fungi
3.1. São maioritariamente multicelulares
(apesar de existirem alguns unicelulares – ex.
leveduras)
3.2. São heterotróficos por absorção
3.3. Têm grande importância ecológica e
económica (ex. produção de alimentos,
antibióticos, têm um papel fundamental nos
ecossistemas)
3.4. Podem estabelecer relações simbióticas (ex.
líquenes e micorrizos)
3.5. Podem ser parasitas, causado várias
doenças 22
23. 4. Plantae
4.1. São multicelulares e fotossintéticas
4.2. Máximo de especialização morfológica
e funcional
4.3. As primeiras plantas devem ter
evoluído a partir de um ancestral aquático
(provavelmente uma alga verde); a
evolução deveu-se a uma maior adaptação
ao meio terrestre, surgindo as plantas com
tecidos vasculares
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24. 5. Animalia
5.1. Estão distribuídos por todo o tipo de
habitats
5.2. Organismos eucariontes,
multicelulares e heterotróficos
5.3. A distribuição dos animais por filos
obedece, essencialmente, a características
estruturais e a critérios relacionados com a
embriologia
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25. O sistema de classificação de Whittaker é uma
tentativa para classificar a vida de uma forma que é útil
e reflecte a história evolutiva, e por isso mesmo
continua a assumir uma importância muito grande nos
dias de hoje.
Contudo, novos estudos têm levado os cientistas a
propor novos sistemas de classificação.
25
26. Carl Woese, em 1970, com base em critérios de análise
molecular, propusera que há fundamentalmente dois
grupos distintos de procariontes:
arqueobactérias e eubactérias, muito mais
diferentes entre si (em termos metabólicos) que todos
os eucariontes.
Assim sendo, surge um novo sistema de classificação
que propõe a existência de seis reinos.
Este sistema usa um nível de classificação ainda
superior ao reino, chamado domínio.
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27. Sistema de Classificação de Carl Woese
– Propõe a divisão do Reino Monera.
Passam a existir três domínios:
dois que incluem seres procariontes
outro que inclui todos os eucariontes.
Whittaker inclui todos os procariontes num só reino
A classificação em três domínios reconhece dois reinos dentro dos seres
procariontes, tão diferentes entre si que se incluem em dois domínios diferentes.
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28. O sistema de classificação de Carl Woese não é o
único sistema considerado actualmente.
O debate continua aceso, e há propostas de
classificação que vão dos 6 aos 12 reinos, dependendo
dos critérios considerados.
Todas estas evidências levam a afirmar que a
Taxonomia é uma ciência em constante evolução.
Mas apesar de todas as propostas
apresentadas posteriormente, o sistema de
classificação de Whittaker em cinco reinos
ainda se pode considerar como um dos mais
consensuais.
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