2. Uma aproximação conceitual: o autor inicia sua reflexão
propondo algumas questões:
O que é exatamente a comunicação para a mudança social?
A que nos referimos quando vinculamos essas noções?
Qual é o papel da comunicação nos processos de desenvolvimento?
Existe mudança social sempre que nos comunicamos?
Como articular o educativo na esfera das transformações sociais?
Pela experiência histórica, os deslocamentos semânticos nos fazem
entender que se trata de um problema complexo, cuja problemática
tem se desenvolvido como uma ideia motriz e transversal dos mais
diversos âmbitos da filosofia e das ciências sociais.
Derivada do avanço da ilustração, essa proposta e adquire força após
a 2ª. Guerra Mundial (1945) juntamente com o conceito de
reconstrução do Ocidente.
3. Surgem então uma diversidade de programas de desenvolvimento que
buscam compensar as desigualdades dos países subdesenvolvidos do
Terceiro Mundo, tendo como base o crescimento econômico e a
construção nacional. Poucos anos depois, o projeto:
Denuncia a disfuncionalidade social
seu caráter etnocêntrico e essencialista
limitação e utilitarismo
Nos anos 60 e 70: críticas pelas teorias de dependência (Prebish, Cardoso, Faletto,
etc.)
Situam a origem do subdesenvolvimento a uma relação de desigualdade econômica
entre países mais ou menos poderosos (centrais e periféricos respectivamente)
Evolução da ideia a partir da perspectiva economicista inicial até a concepção
holística, sobretudo social.
HOJE, desenvolvimento se entende:
Como um processo de mudanças qualitativas e quantitativas experimentados por um
grupo humano;
Deverá se relacionar a seu bem estar pessoal e social nas diferentes ordens:
Política
Econômica
Cultural
Etc.
O desenvolvimento está focado somente no caráter natural do ser humano e precisa
ser definido de forma autônoma pelos próprios sujeitos (endógeno) da mudança, sem
comprometer o bem estar das gerações futuras: SUSTENTABILIDADE.
4. O lado desgastado do conceito:
Seu surgimento no período entre guerras com a intenção de ser um instrumento
bélico-propagandístico
Caráter persuasivo, unilateral e autoritário do ato de informar
Abertura de margem para réplica ou retroalimentação do receptor (TEORIA
MATEMÁTICA DA COMUNICAÇÃO)
Modelos funcionalistas e conducistas (métodos de indução?), etc.
O ressurgimento das novas correntes de pensamento que colocaram foco nas práticas
de resistência e resignificação das mensagens por parte do receptor:
Usos e ganhos pós estruturalismo
Estudos culturais, etc.
Principais autores que refletiram sobre comunicação/educação nos anos finais da
década de 50 com vistas ao desenvolvimento da nação através da mudança social:
Everett Rogers
Daniel Lerner
Wilbur Schramm
Eles buscavam através de modernas técnicas de persuasão, incorporar a modernidade
às nações e grupos sociais mais desfavorecidos, enfatizando a favor do progresso e da
técnica:
bases econômicas
Mudança de atitudes individuais
A CONTRAPARTIDA e INSUFICIÊNCIAS
Este modelo como sendo aplicável somente na América Latina e no contexto histórico
dos anos 70, solo fértil da função democretizadora para as ideias de dependência e
liberação
5. UMA NOVA RECONDUÇÃO DA PERSPECTIVA DOMINANTE INICIAL
através dos estudos de:
Paulo Freire, Luis Ramiro Beltrán, Orlando Fals Borda, Juan Dias Bordenave, etc.
Trouxeram pressupostos mais complexos, privilegiando o caráter participativo, o dialógico e endógeno
da mudança social
FOCO: a mudança social e a função democratizadora da comunicação
Surge a expressão EDU-COMUNICAÇÃO:
Alerta para a distinção entre informação e comunicação
Informação é um ato unidirecional, orienta a transmissão de dados, ideias, emoções, habilidades, etc.
A comunicação –em constante transformação- é uma via de mão dupla, possível entre os polos da
estrutura relacional, propondo uma lei de bivalência:
Todo transmissor pode ser um receptor, e todo receptor pode ser um transmissor (Pasquali, 1963)
Segundo Freire:
A comunicação vem a ser sinônimo de diálogo (recuperando-se o sentido etimológico da palavra)
É um processo de compartilhar, de se por em comum com o outro
Intersubjetividade como larga tradição de pensamento dialógico
Barranquero identifica esta como sendo a autêntica comunicação, pois segundo este modelo,
a DIALÉTICA é a resolução para as contradições entre conhecimento / reflexão / teoria e
acontecer / ação / práxis. Ele diz que é assim que se gera conscientização no duplo sentido
político-pedagógico freireano:
Como conhecimento ( o descobrimento e a razão das coisas)
Como consciência (de si mesmo, do outro e da realidade)
Tudo isso sempre acompanhado de ações transformadoras políticas, e é por isso que o diálogo e a
comunicação HORIZONTAL são processos privilegiados para promover a capacidade crítica e o progresso
do indivíduo. Com isso, e consequentemente, a existência de uma sociedade mais digna e mais
humana.
6. NOS ANOS 80: Latouche (1986)
NOS ANOS 80: Latouche (1986), disse que a atualidade se privilegia da noção de
comunicação para a mudança social, como um diálogo público e privado a partir do
qual as pessoas decidem quem são, quais suas aspirações e do que necessitam, e
como podem administrar coletivamente para alcançar suas metas e melhorar suas
vidas. Portanto, são os próprios grupos humanos que devem decidir de forma
autônoma sobre seus destinos através de um processo dialógico e participativo que
gere conhecimento e ação.
Questões em aberto:
Qual o papel da Edu-comunicação para a mudança social em um contexto altamente
industrializado?
Nesse contexto se pode planejar processos participativos de diálogo e transformação?
O que implica ser um comunicador para a mudança social nas regiões mais carentes?
Desde os anos 40 os estudos tem se empenhado em responder essas questões, em
diferentes países do mundo. São investigações que têm proporcionado EVIDÊNCIAS
de que existem sim vínculos comprovados entre o desenvolvimento de um
determinado grupo humano e a comunicação.
Assim, toda ação de desenvolvimento implica entender a comunicação como qualquer
processo comunicativo e está, por sua vez, conectado a algum tipo de transformação.
Para isso, é preciso o planejamento e direção das ações , decisões e estratégias com
objetivos prévios.
7. Os modos de proceder são múltiplos e dependerão de
premissas básicas como:
A comunicação e educação para mudança social coletiva;
Acesso, participação e apropriação do mesmo por parte dos atores
implicados;
Consideração das particularidades de cada cultura e cada língua
Saber comunitário e representatividade dos membros evitando-se
monopólio;
Evitar o localismo
Utilização das tecnologias
Objetivos a médio e longo prazo – sustentabilidade
Flexibilidade metodológica
8. Enfim, para uma sustentabilidade cultural adequada e para abordar os
problemas de desenvolvimento, o NOVO COMUNICADOR deverá
apresentar:
Conhecimentos especializados nas diversas disciplinas que abordem a mudança social:
Antropologia
Pedagogia
Política
Economia
Sociologia
Psicologia, etc.
Experiências em metodologias de investigação, planejamento e execução de projetos
Conhecimento as tecnologias da comunicação
O intuito de todo esse esforço deverá ter como meta:
Avançar na definição da educação/comunicação para a mudança social, e como disciplina
acadêmica;
Inovar a comunicação educativa;
Propiciar outras formas de comunicação e organização das tecnologias de baixo custo como internet,
softwares livres e o vídeo.