O documento resume principais distúrbios do sistema urinário, incluindo infecções do trato urinário superior como pielonefrite, glomerulonefrite e insuficiência renal aguda e crônica. Também discute objetivos da aula, métodos de coleta, terminologias e tratamentos para as condições discutidas.
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V25_...
Principais diisturbios do sistema urinario 2015
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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DISCIPLINA DE CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS
PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DO
SISTEMA URINÁRIO
Profª Regina P. Reiniger
OBJETIVOS DA AULA:
-REVISAR A FISIOLOGIA RENAL
-REVISAR MÉTODOS DE COLETA
-PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DO SISTEMA URINÁRIO
-Infecções do trato urinário superior
-Infecções do trato urinário inferior
Infecções do trato urinário superior
-PIELONEFRITE
-GLOMERULONEFROPATIA
-INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E CRÔNICA
-LEPTOSPIROSE
Infecções do trato urinário inferior
-CISTITE
-UROLITÍASE
-SÍNDROME UROLÓGICA FELINA
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
-CHEW, D.J.; DiBARTOLA, S.P.; SCHENCK, P.S. Urologia e
nefrologia do cão e do gato. Rio de Janeiro: Elsevier. 2011.
-CRIVELLENTI, L.Z.; BORIN-CRIVELLENTI, S. Casos de rotina
em medicina veterinária de pequenos animais. MedVet.
2012.
-DUNN, J.K. Tratado de medicina de pequenos animais.
Roca, 2001.
-REECE, W.O. Dukes -Tratado de fisiologia dos animais
domésticos. Guanabara Koogan, 2006.
-TAYLOR, S.M. Semiotécnica de pequenos animais. Rio de
Janeiro:Elsevier. 2011.
Cão - rim direito fixo e
localizado craniodorsalmente,
e o rim esquerdo é mais
caudal e móvel – podendo
adotar posições variadas.
Gato – localização igual,
porém ambos são mais
móveis.
RIM
Fonte: Junqueira e Carneiro, 2004
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FUNÇÕES DO RIM
São órgãos regulatórios, que ajudam a manter a
constância do ambiente interno em relação tanto ao volume
quanto a composição.
Produção de hormônios e outras substâncias:
eritropoietina, renina, prostaglandinas, metabolismo da
vitamina D para sua forma ativa (1,25 dihidroxicolecalciferal)
Cão /20Kg – filtram 110 L de água todos os dias e
reabsorvem mais de 99% da carga filtrada;
FUNÇÕES DO RIM
Eliminação de substâncias produzidas pela catabolismo
corporal.
Ex. ureia, creatinina, pigmentos biliares e os uratos.
Eliminar excesso de substâncias – íons Na, K, Cl, H
Eliminação de medicamentos e drogas ingeridas
Perda de metabólitos orgânicos
Manutenção da homeostasia normal do plasma
Histofisiologia renal
Filtração, formação urina primária
Densidade- 1008-1012
Absorção 65% água, vitaminas, Glicose
Excreção de creatinina, antibióticos...
Mecanismo de contra corrente
Absorção 15% água, e NaCl
Ação HAD e Aldosterona
Absorção 10% água e NaCl, excreção de K
Ação HAD a absorção + 9% água
Glomérulo
Alça de Henle
Fonte: Junqueira e Carneiro, 2004±1025
http://www.youtube.com/watch?v=EL3_OqqggDs&feature=related
RESUMO
Fisiologia renal
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-Fluxo sanguíneo renal – aproximadamente 20% do
débito cardíaco.
-Filtrado glomerular – isento de proteínas
(<30mg/Kg/dia)
-Cerca de 60 a 70% da água e sódio são reabsorvidos
no TCP.
-25% de Na – reabsorvido no ramo ascendente
espesso.
-4 a 7% Na reabsorvidos no TCD e ducto coletor.
O mal funcionamento dos rins altera o que está
sendo excretado e o que está circulando no sangue,
desequilibrando a concentração de solutos e de água,
alterando o equilíbrio osmótico, podendo provocar
toxemia e outros problemas...
-As vias urinárias não concentram ou diluem a urina Fç do
néfron;
- Bexiga
-Vazia – situa-se dentro da pelve ou logo à frente do púbis;
-Distendida – assume uma posição mais cranial e ventral
dentro da cavidade abdominal. Fonte: Taylor, 2011
Uretra – Felino macho
Fonte: Taylor, 2011
Uretra – canino fêmea
Uretra – canino fêmea
Fonte: Taylor, 2011
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Terminologias a serem consideradas:
Anúria
Oligúria
Poliúria
Polaciúria
Disúria
Estrangúria
Hematúria
Noctúria
Incontinência Urinária
Infecções do trato urinário superior
- PIELONEFRITE
-INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E CRÔNICA
-GLOMERULONEFROPATIA
-LEPTOSPIROSE
Infecções do trato urinário superior
- PIELONEFRITE
. É uma inflamação (muito comum) do parênquima e da
pelve renal.
Agentes causadores: Escherichia coli, Staphilococcus
aureus, Streptococcus spp, Kebsiella pneumoniae,
Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter.
Causa refluxo vesículo-uretral (+comum em cães
mais velhos); reações medicamentosas, toxinas.
Pielonefrite
. Classificada:
Aguda
-Febre
-Dor lombar
-Letargia
-Vômitos
-Desidratação
-Poliúria
-Polidipsia (compensatório)
-Diagnóstico
-Palpação
-RX – rins hipertrofiados
Crônica
-Recorrente da aguda
-Sinais inespecíficos:
-Perda de peso
-Redução no apetite
-Poliúria
-Polidipsia (compensatório)
-Diagnóstico
-RX – rins hipertrofiados
-Hemograma sem alteração (?)
-Urinálise – tríade inflamatória
-Bioquímica: ureia e creatinina
aumentadas.
Pielonefrite
TRATAMENTO
-Fluidoterapia soro fisiológico ou Ringer com Lactato;
-Anti-séptico urinário
Mandelato de hexametilenotetramina (Apyron)
(não utilizar em IR ou IH, gestantes, desidratados)
-Cães – 0,5-1,25 g/animal - BID – IM profundo por 3 a 5 dias.
-Felinos – 10-20 mg/kg BID – VO
-Antiinflamatório não esteroidal – máximo 3 dias
Meloxican; Flunixina meglumina
Pielonefrite
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TRATAMENTO
-Fluidoterapia
-Anti-séptico urinário
-Antiinflamatório não esteroidais
-Antibioticoterapia (cultura + antibiograma)
-Ampicilina/amoxicilina – 25mg/Kg - TID
-Cefalexina – 18 mg/Kg – TID
-Tetraciclina – 25mg/Kg – TID
-Trimetroprim-sulfa – 13mg/Kg – BID
-Amoxicilina com ácido clavulânico – 16,5 mg/Kg – TID
-Enrofloxacina – 2,5mg/Kg - BID
Pielonefrite
DURAÇÃO DO TRATAMENTO
OBS: infecções não complicadas – 2 semanas de tratamento;
infecções crônicas – 4 a 8 semanas (casos citados de até 1 ano
de tratamento).
* O uso de ATB deve se prolongar até a cultura ser negativa, e após o
término do tratamento deve-se repetir a cultura de 3 a 5 vezes.
Pielonefrite
Infecções do trato urinário superior
- GLOMERULONEFRITE
São alterações glomerulares devido:
-Inflamações – LES, pancreatite crônica, poliartrite;
-Infecções – endocardite bacteriana, hepatite
infecciosa canina, brucelose, dirofilariose, erlichiose,
micoses sistêmicas;
-Resposta imunomediada – depósito de complexos
Ag-Ac-C’
Glomerulonefrite
Pode ser assintomática:
Achados laboratoriais – proteinúria (hipoalbuminemia)
Mais frequente em cães idosos ou que estejam convalescendo
de uma doença infecciosa.
Sintomática:
Vômitos, poliúria transitória, polidipsia;
Desidratação e perda de peso;
Ascite, edema das partes baixas;
Perda de função de membros posteriores por trombose da
art.femural;
Azotemia, creatinina alta, hiperfosfatemia (TFG comprometida)
Ulceração oral
Glomerulonefrite
Diagnóstico
Sinais clínicos + achados laboratoriais;
Proteinúria, cilindros granulosos, isostenúria e
hipoalbuminemia;
Anemia arregenerativa
Hiperfosfatemia, ureia e creatinina altas.
Glomerulonefrite
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Tratamento
-Eliminar outras causas associadas;
-Drogas imunossupressivas – predinisolona;
-Terapia antiplaquetária – aspirina 0,5 a 5 mg/Kg BID em cães, e a
cada 48 a 72 horas em gatos**;
-Tratar a IR;
-Tratamento sintomático: Diurético (furosemida 2-4mg/Kg – 8 a 12 h
VO, SC ou IV) até diminuir o edema – reduzir gradualmente a dose.
-Hidratação; ATB; Transfusão sanguínea quando necessário, ácidos
graxos poli-insaturados ômega-3.
Glomerulonefrite
Infecções do trato urinário superior
- INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA
-IRA é uma síndrome caracterizada por repentina alteração do
funcionamento dos rins e pela súbita diminuição da taxa de filtração
glomerular (TFG) onde as funções de regulação estão ausentes ou
diminuidas.
-Aparecimento rápido de anormalidades na composição e volume dos
líquidos corporais acúmulo de K, ácidos, ureia e creatinina, água
podendo levar o animal ao óbito em poucos dias.
-Observa-se alterações na função renal quando 2/3 dos néfrons –
afuncionais.
IRA
Achados:
-Azotemia, oligúria;
-Elevados níveis de Na na urina;
-Concentração de K na urina baixo;
-Osmolaridade da urina semelhante a do plasma.
IRA
A queda abrupta da FG acúmulo de catabólitos levando:
-Febre ou não, dor lombar, anorexia, prostração, vômitos;
-Oligúria ou não;
-Desidratação, anemia;
-Azotemia;
- NA PRESENÇA DE CRISE URÊMICA
-Glossite, necrose da corda da língua, hematemêse, halitose;
-Melena, bradicardia e arritmias (hiperfosfatemia)
-Taquipneia compensatória (acidose metabólica)
-Desidratação e convulsões.
IRA
Diagnóstico:
Histórico e anamnese + sinais cínicos + achados laboratoriais
Tratamento:
-Tratar a causa primária, restabelecer a diurese, hidratar e medicar:
-Diurético - furosemida ou manitol - se menor que 20mL urina/dia;
-Vasodilatadores renais – Dopamina (não usar em gatos) se houver
oligúria ou anúria;
-Bicarbonato de sódio (azotemia) – usar apenas se o pH sanguíneo for
menor que 7,15 ou CO2 total for menor que 12 mEq/L - VO ou IV – 0,5-2
mEq/Kg (risco de edema cerebral)
IRA
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Tratamento:
-Gluconato de Ca a 10% - 1 mL/kg
-Diálise peritoneal ou hemodiálise;
-Evitar dieta proteica (ração terapêutica).
- Dor – Cloridrato de Tramadol – 0,5 – 1mg/Kg VO/IV/SC – BID/TID
-Lesões orais – manipular: lidocaína 2% + clorexidina 0,12-2% - uso local
IRA
Infecções do trato urinário superior
- INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
IRC é uma síndrome caracterizada pela incapacidade
dos rins funcionarem adequadamente, devido a perda de
função progressiva por um período de meses a anos.
IRC
CAUSAS:
-Pielonefrites recidivantes
-Geralmente assintomática;
-Secundariamente a doença renal policística;
-Doença periodontal;
-Hipertensão arterial;
-Diabetes e outras endocrinopatias;
-Infecções;
-Hematozoários;
-Filariose.
IRC
Afeta cães de qualquer raça, sexo e idade;
Idade mais acometida – 7 anos.
Estima-se que a IRC afete de 0,5 a 1% dos cães
geriátricos e de 1 a 3% dos gatos geriátricos;
Gatos persas – doença renal policística de origem
familiar.
IRC
Incapacidade de realizar funções reguladoras leva as alterações nos
equilíbrios eletrolíticos, ácido-base e hídrico;
Falha na síntese de eritropoietina anemia arregenerativa;
Redução da conversão da vitamina D – prejuízo na absorção de
cálcio e hiperparatiroidismo secundário renal;
Evolução longa – meses a anos.
Clinicamente – aumento do consumo de água, micção frequente,
prostração, diminuição do apetite, desidratação e vômito.
IRC
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IRC
Desenvolvimento do super néfron: aumento da filtração glomerular por vasodilatação
da arteríola aferente. CHEW, D.J.; DiBARTOLA, S.P.; SCHENCK, P.S. Urologia e
nefrologia do cão e do gato. 2011. (pg 149).
Diagnostico laboratorial:
-DU baixa – diminuição da função tubular;
-Isostenúria – incapacidade de concentração urinária;
-Proteinúria leve a moderada;
-Anemia arregenerativa e disfunção plaquetária,
-Neutrofilia madura e linfopenia (estresse da doença crônica);
-Ureia e creatinina elevadas
-Hiperfosfatemia e hipocalcemia (+85% néfrons afuncionais);
-Hipofosfatemia e hiponatremia (pela poliúria);
-Rx e US – rins pequenos e irregulares;
-Biópsia renal.
IRC
Tratamento – raramente melhora as funções renais, porém alivia os
sintomas e proporciona maior conforto ao paciente.
Manter o fluxo urinário e equilíbrio ácido-básico;
Tratar a anemia – Transfusão sanguínea,
Eritropoietina sintética – 50-100UI/Kg IV ou SC/ semanal até o
Ht chegar a 35% no cão e 30% no gato.
Dieta proteica hidrolisada de bx peso molecular e bx teor de P,
administrar vitaminas B e C;
Controlar o Na, bicarbonato e P.
Anorexia – Gato – oraxepan 0,2-0,4mg/Kg/ VO TID
Cão – ciproheptadina – 4mg/Kg/ VO TID
IRC
Tratamento
Tratar vômito
Tratar a hiperacidez gástrica (omeprazol)
Controlar a hipertensão – Enalapril 0,25mg/Kg/VO TID
ou Benazepril 0,125mg/Kg/VO TID
OBS: a enfermidade é progressiva e irreversível, sendo o prognóstico
desfavorável dos animais afetados. A expectativa de vida pode variar
de meses a alguns anos, dependendo dos fatores causais e da
terapêutica empregada.
IRC
Infecções do trato urinário superior
- LEPTOSPIROSE
É uma zoonose grave, cosmopolita, causada por bactérias do
gênero Leptospira.
Enfermidade causada por sorovares da Leptospira interrogans, uma
espiroqueta móvel e filamentosa.
Vários sorovares infectam os cães e gatos, mas a doença clínica
só ocorre em cães;
Os cães caracterizam-se como importantes reservatórios do agente,
com capacidade infectante para outros animais e para o homem;
Os sorovares replicam-se nos rins dos hospedeiros e são
eliminados na urina.
Leptosirose
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Fisiopatologia
Replicação das Leptospiras em órgãos parenquimatosos, sangue,
linfa, líquor quadro agudo da doença leptospiremia.
-Multiplicação no endotélio vascular vasculite generalizada, e após
esta fase, o agente pode permanecer nos TC renais leptospirúria
intermitente.
-Leptospirúria inicia após 72 horas da infecção e se prolonga por
semanas e meses nos animais domésticos e por toda vida nos
roedores.
Leptosirose
Fisiopatologia
Colonização renal lesões nas células epitélio-tubulares;
edema do parênquima
Diminuição da Perfusão Renal
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA
Leptosirose
Fisiopatologia
Toxinas (microorganismos) disfunção hepática
HEPATITE ATIVA CRÔNICA
GRAU DE ICTERÍCIA DEPENDE necrose hepática
sorovar infectante
Leptosirose
Fonte: Patogênese da leptospirose em cães – CHEW, et al. 2012 (pg 108).
Fisiopatologia
Cão sorovares icterohaemorrhagiae (2º) e pomona (3º)
hepatócitos
acometem principalmente
células renais
sorovares canicola (1º) e grippotyphosa (4º)
Leptosirose
Há relatos de acometimento hepático severo pelo sorovar grippotyphosa,
sugerindo a sua inclusão na triagem sorológica de casos de hepatite crônica.
Leptosirose
74
70
54
36
18
9
6
3 2 1 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
%
1 -apatia
2 -vômito
3 -anorexia
4 -diarreia
5 -emagrecimento
6 -poliuria/polidipsia
7 -ataxia
8 -icterícia
9 -estomatite
10- necrose da ponta da língua
11 -mialgia
Principais manifestações clínicas observadas em 120 cães reagentes à soroaglutinação
microscópica, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina (PR),
em 2001.
Fonte: Boletin Técnico, Fort Dodge.
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Sinais Clínicos
Variados, mas normalmente ligados a nefrite como IRA, geralmente
com oligúria ou anúria.
- Febre, vômito, diarreia, mialgia, petéquias e sufusões em mucosas,
icterícia e dor abdominal e/ou lombar, halitose e úlceras bucais.
Urinálise
-Proteinúria, piúria, cilindrúria, bilirrubinúria, hemoglobinúria (urina
com cor de “coca-cola”) e isostenúria;
-Bioquímica clínica – ureia e creatinina aumentada; aumento FA, ALT,
AST, Bilirrubina.
-Desequilíbrios eletrolíticos;
Leptosirose
Diagnóstico – Anamnese + Sinais Clínicos + Achados Laboratoriais
-Sorologia – ELISA; TESTE DE AGLUTINAÇÃO MICROSCÓPICA,
PCR.
- Sorologia – títulos elevados para diferenciar infecção ativa de
reação vacinal ≥ 1:300 – sugestível
≥ 1:1.000 – altamente indicativo
Leptosirose
Diagnóstico
informações clínico-epidemiológicas + exames laboratoriais
Leptosirose
71,9
62,5 62,5
50
46,9
37,4
18,7
15,6
12,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1 2 3 4 5 6 7 8 9
%
1 leucocitose
2 creatinina
3 isostenúria
4 ureia
5 piúria
6 proteinúria
7 células renais
8 cilindrúria
9 bilirrubinúria
Resultados de exames laboratoriais de 49 cães soro-reagentes para leptospirose.
Hospital Veterinário de Londrina, PR, 2001.
TRATAMENTO
-Reposição do equilíbrio hidroeletrolítico, energético e antibióticos;
-Se necessário transfusão sanguínea;
-Administração IV de DILTIAZEM, em adição a terapia padrão, pode
melhorar a recuperação renal pela rápida diminuição da concentração
de creatinina sérica.
- dose – 0,125 – 0,35 mg/kg/IV – emergências
- 0,5 – 1,5 mg/kg TID - VO
Leptosirose
TRATAMENTO
-Ampicilina e amoxicilina – mais indicados na fase de leptospiremia;
(por 2 semanas); não são eficazes no controle da fase de
leptospirúria.
-Após a fase de leptospiremia – recomenda-se o uso de ATB para
eliminar o estado de animais portadores renais;
- Doxicilina – em virtude da elevada concentração terapêutica renal,
usar por 2 semanas.
OBS: muitos cães com IRA devido a leptospirose se recuperam se
tratados prontamente com penicilinas e fluidoterapia de suporte.
Leptosirose
TRATAMENTO
Principais antibióticos recomendados na terapia da leptospirose em cães.
.
Leptosirose
Droga Dose Via Intervalo
(horas)
Duração
(semanas)
Penicilina G 25.000 -
40.000 U/Kg
IM, SC, IV 12 2
Ampicilina 22 mg/Kg VO, SC, IV 6 a 8 2
Amoxicilina 22 mg/Kg VO 8 a 12 2
Doxicilina 5 mg/Kg VO, IV 12 2
Tetraciclina 22 mg/Kg VO 8 2
Eritromicina 15-20 mg/Kg VO, IV 8 a 12 2
Fonte: adaptado de GREENE, C.E. Infectious diseases of the dog and cat. 1998.
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Infecções do trato urinário inferior
- CISTITE
A infecção do trato urinário (ITU) é definida como a colonização
bacteriana de porções do trato urinário que normalmente são estéreis
(rins, ureteres, bexiga e uretra proximal).
A ITU pode ocorrer superficialmente na superfície luminal,
profundamente no parênquima ou em ambas localizações.
É rara infecção por fungos, e as infecções virais não foram
conclusivamente identificadas.
A ITU é mais comumente descoberta quando os animais
apresentam sinais clínicos como hematúria, polaciúria e aumento da
frequência urinária.
Cistite
Pode existir sem sinais – diagnóstico ao acaso.
Pode ser de origem bacteriana, traumática ou neoplásica.
Bacteriana:
Via ascendente – piometrite,
prostatite;
Via descendente – infecção renal;
Retenção urinária;
Paralisia;
Hiperplasia prostática ou tumor
(obstrução);
Urolitíase;
Hérnia perineal.
Traumática:
Sondagem;
Urolitíases;
Atropelamento.
Cistite
As cistites são mais frequentes em animais idosos e nas fêmeas e
se caracterizam clinicamente:
Incotintência urinária;
Anorexia;
Disúria;
Dor a palpação vesical;
Tenesmo;
Cálculo vesical palpável;
Hematúria.
Cistite
DIAGNÓSTICO HISTÓRICO + ANAMNESE + SINAIS CLÍNICOS
Exames laboratoriais:
- Urocultura - identificar o agente e proceder o antibiograma;
-Urinálise – pH alcalino (Proteus e Staphilococcus – produtoras de
amônia), leucocitúria, bacteriúria, sangue oculto (+++), ausência de
cilindros.
-A Escherichia coli é o uropatógeno mais comum em cães e gatos.
-O hemograma e a bioquímica sérica de rotina são normais se a ITU
estiver limitada ao trato urinário inferior.
- Rx e US
Cistite
TRATAMENTO:
-Tratar a causa primária,
-ATB: Amoxiciclina, Ampicilina, Cefalexina, Doxiciclina,
Enrofloxacina, Penicilina G, Trimetropim sulfanomida.
-ITU não complicada – tratamento de 14 a 21 dias
-ITU superior – 30 a 60 dias.
- Escolher o ATB com base nos resultados da cultura
urinária.
Cistite
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Infecções do trato urinário inferior
- UROLITÍASE
São concreções policristalinas compostas
predominantemente de cristalóides orgânicos ou
inorgânicos (90 a 95%) e uma quantidade pequena de
matriz orgânica (5-10%), encontrados em sua grande
maioria na bexiga e uretra.
UROLITÍASE
Classificam-se de acordo com a composição mineral:
-Fosfato amoníaco magnesiano Ca+2, Mg+2, NH4+ (ou
fostato triplo ou estruvita – Mg4NH4PO46H2O) – urina
alcalina;
-Oxalatos de cálcio e uratos – urina ácida.
UROLITÍASE UROLITÍASE
A urolitíase não é uma doença primária, mas consequência de
outras desordens:
Fatores predisponentes:
. Alto consumo de minerais e proteínas, ou metabolismo endógeno
anormal gerando aumento da excreção urinária dos constituintes
cristalinos de cálcio, oxalato, urato.
. Diminuição da diurese que aumenta a concentração dos
cristalóides, ou por modificação do pH urinário (alcalinização
aumenta a supersaturação em fosfatos, a acidificação aumenta a
cistina e uratos);
UROLITÍASE
Fatores predisponentes:
. Infecção do trato urinário que favorece a aparição de uma matriz
orgânica ou a alcalinização do pH, aumentando assim a
supersaturação em fosfato-amoníaco-magnesiano (bacterias urease
positivas, ex. Proteus).
. Estase urinária, permitindo período de tempo adequado no interior
do trato urinário;
UROLITÍASE
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Diagnóstico:
Anamnese + sintomas + urianálise + Rx ou US.
Tratamento:
. Princípio – desobstrução uretral – aliviar o paciente
. Descompressão da bexiga,
. Corrigir os desequilíbrios hidroeletrolíticos;
UROLITÍASE
Infecções do trato urinário inferior
DOENÇAS DO TRATO URINÁRIO
INFERIOR DOS FELINOS
= Síndrome Urológica Felina
= FLUTD (Feline Lower Urinary Tract Disease)
Síndrome urológica felina
É uma inflamação geralmente acompanhada por uma obstrução
uretral no macho e uma cistite e uretrite nas fêmeas.
Acometem principalmente animais de 1 a 6 anos, particularmente os
que não recebem rações com propriedades preventivas de FLUTD
(Feline lower urinary tract disease), ou seja alimentos sem controle dos
minerais, e de baixo grau de digestibilidade.
Geralmente de origem desconhecida ou idiopática, e uma menor
parte causadas pela presença de urólitos e outras causas.
Síndrome urológica felina
Fatores pré-disponentes:
. Redução da atividade física (diminuição do consumo de água e da
micção);
. Castração, confinamento, obesidade, enfermidades;
. Dietas ricas em Mg (cálculos de fosfatos ou duplos amoníacos
magnesianos);
. Ração seca – baixa caloria e fibra aumentada – aumenta o volume
fecal, aumenta a excreção de água, diminuindo a quantidade de urina;
. pH urinário maior que 6,8.
Síndrome urológica felina Sinais clínicos:
Variáveis, pois dependem do problema ser resultado de uma
inflamação ou irritação do trato urinário ou do seu completo bloqueio.
. Disúria – tenta urinar sem conseguir, chora ao se esforçar para urinar,
urina fora da caixa.
. Hematúria;
. Polaciúria – urina com maior frequência (não é aumento de volume).
. Anúria – obstrução do fluxo urinário – aumento da bexiga gerando dor,
lambedura do períneo e pênis.
Síndrome urológica felina
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Diagnóstico:
-Histórico, anamnese e exame clínico;
-Urinálise;
-Urocultura;
-Rx e US;
-Diferenciar – pólipos inflamatórios, neoplasias e defeitos
anatômicos.
Síndrome urológica felina
Tratamento
. É normalmente emergencial;
. Contenção e proceder um MPA para ocasionar relaxamento da
musculatura uretral (cetamina);
. Estimular a micção – massagear a ponta do pênis, e comprimir
levemente a bexiga. Caso não ocorra a micção – cistocentese e
lavagem vesical com soro fisiológico morno na tentativa de retirar as
areias e cristais presentes na bexiga.
. Cálculos maiores – tratamento cirúrgico.
Síndrome urológica felina
Prognóstico: depende do tempo de evolução e do sucesso do
tratamento.
Prevenção:
. Aumento da ingestão de água;
. Rações de boa qualidade;
. Aumento da atividade física;
. Cuidados com a bandeja sanitária;
. Evitar estresse e sedentarismo.
Síndrome urológica felina