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Ao longo da história, os trabalhadores vêm travando inúmeras lutas contra as injustiças pratica -
das em seu ambiente profissional.A cada período, temos nos defrontado com mudanças significati -
vas nas relações de trabalho, tanto por determinação das empresas quanto por interferência dos
governos. Somente nas últimas décadas, os avanços tecnológicos e as alterações nos processos
produtivos e nas formas de organização do trabalho obrigaram a classe trabalhadora a repensar a
sua atuação sindical e buscar novas formas de ação para que esta luta tenha mais consistência e
traga resultados positivos.
Atingir estes objetivos passa necessariamente pelo acesso à informação. Sem isso, a classe tra -
balhadora jamais conseguirá lutar por um sistema democrático de relações de trabalho. É a partir da
informação que os trabalhadores poderão capacitar-se para lutar contra os abusos das empresas,
desde o descumprimento de leis e acordos coletivos até as condições inseguras de trabalho que
colocam em risco a sua saúde e a sua vida.
É fundamental nesta luta a nossa intervenção no processo produtivo, compreendendo a fundo as
novas formas de organização no trabalho e superando a precariedade dos nossos conhecimentos.
Com esta publicação – que faz parte de uma coleção de 14 volumes que apresentam subsídios
a vários ramos profissionais –, queremos contribuir com os nossos sindicatos e com os trabalhado -
res que representamos para que seja possível inverter a lógica que tem marcado as relações de tra -
balho até o momento. Neste caderno, procuramos identificar os principais riscos a que estão sujei -
tos os metalúrgicos no seu dia-a-dia e apontar o caminho que o movimento sindical deve trilhar para
garantir a dignidade no trabalho.
Dois passos são fundamentais para seguirmos neste caminho: o mapeamento constante dos
locais de trabalho, como forma de compreender a lógica dos processos de produção; e a luta pela
organização em cada local de trabalho, cujo embrião pode ser a transformação das atuais CIPAs em
Comissões de Trabalho, Saúde e Meio Ambiente e a construção de Comitês Sindicais por Empresa.
Somente com isso poderemos desenvolver uma ação efetiva de base, tendo domínio sobre o mundo
do trabalho, e nos habilitarmos para construir, de fato, relações de trabalho democráticas e justas. Mais
que isso, enraizados na base, os sindicatos poderão também ampliar a consciência dos trabalhadores
para a sua luta como cidadãos, em busca de uma sociedade solidária e sem desigualdades.
Apresentação
Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro
Presidente do Sindicato Nacional
dos Metalúrgicos da CUT e da
Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT
Remigio Todeschini
Executiva Nacional da CUT e
Coordenador do Coletivo Nacional de Saúde no
Trabalho e Meio Ambiente
Nilton Teixeira
Médico do Trabalho, Ergonomista, Pós-graduado em
Administração de Recursos Humanos.
Riscos à saúde
do trabalhador :
ramo metalúrgico
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
- 4 -
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .05
INTERVIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .06
MAPEANDO RISCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
PRODUTOS QUÍMICOS:
METAIS E OUTROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
OUTRAS SUBSTÂNICAS USADAS
NAINDÚSTRIAMETALÚRGICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
PERIGO DE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
HIGIENE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
CALOR E FRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
RITMO DE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
OS ACIDENTES E AS DOENÇAS
NO TRABALHO, COMO ANALISAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
CONHECER TRABALHO
E PRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
O MAPEAMENTO DO
PROCESSO PRODUTIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
A PORTA DE ENTRADA:
AS CIPAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
UM POUCO
DE HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
AS “LEIS” DACIPA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
A PROPOSTA DOS METALÚRGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
COMISSÃO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO,
SAÚDE E MEIO AMBIENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Índice
INTRODUÇÃO
A descoberta da máquina à vapor, por volta
de 1760, tem sido considerada um marco revo-
lucionário do desenvolvimento industrial. A
partir desta época, o mundo passou a assistir
profundas e ininterruptas transformações de
ordem científico-tecnológica e sociais.
A produção de bens de consumo, até então
realizada de modo artesanal, feita individual-
mente ou de modo familiar, se dava em
pequena escala. As ferramentas utilizadas
eram manuais e, geralmente, construídas pelos
próprios trabalhadores, e o trabalho era pen-
sado e executado pela mesma pessoa.
Com a introdução das máquinas e o surgi-
mento das fábricas, a produção passa, gradati-
vamente, a ser realizada em série visando aten-
der um mercado cada vez maior. O trabalho,
sua realização e forma de executá-lo sofrem
transformações necessárias para contemplar
os objetivos da nova classe em expansão: os
donos das fábricas (os empresários) que, prio-
ritariamente, concentram suas atenções e inte-
resses no como extrair o máximo de rendi-
mento do trabalho humano em troca de salário.
Em função disso, a forma de pensar, organi-
zar e gerenciar o trabalho – transferida ao longo
dos anos para os donos das fábricas - e o pro-
cesso capitalista de produção têm passado por
diversas modificações que, aliadas ao desen-
volvimento tecnológico e à informatização de
processos, apontam para uma tendência cada
vez maior de concentração das informações
sob domínio das empresas e exclusão de tra-
balhadores.
Estas modificações têm acontecido rapida-
mente e atingem vários países e setores de ati-
vidades, despertando no movimento sindical a
necessidade de um estudo mais aprofundado
sobre as estratégias de organização do traba-
lho e da produção e das consequências dessas
transformações para os trabalhadores, princi-
palmente nos aspectos relacionados às condi-
ções de trabalho e saúde, para o meio
ambiente e sociedade em geral.
Nesse sentido, entender para onde cami-
nha o trabalho, hoje, torna necessário que rea-
lizemos uma análise do mesmo e para enten-
dermos de que maneira o trabalho pode trazer
consequências desastrosas para os trabalha-
dores, meio ambiente e sociedade, é necessá-
rio fazermos uma reflexão sobre o papel
desempenhado pelo trabalho no processo capi-
talista.
Estabelece-se, desse modo, uma lógica de
acumulação de riquezas que, na maioria das
vezes, não comporta pensamentos românticos
como preservação da natureza ou trabalho
mais humano. Mesmo a introdução de robótica
e de sistemas automatizados, ainda que alguns
defendam que isso retira o homem do centro
das atividades perigosas e insalubres, iniciati-
vas que deveriam proporcionar aos trabalhado-
res redução de jornada de trabalho, saúde e
melhoria da qualidade de vida, com mais tempo
livre para o lazer, estudo e outras atividades-
são realizadas em função de expectativas de
ganhos significativos de produtividade, tão
somente.
No sistema capitalista, modo geral, tanto o
trabalhador como as matas e florestas, os rios
ou praias são tratados como mercadorias. Por-
tanto, uma vez empregado, o trabalhador passa
a executar trabalho dentro da lógica e interes-
ses das empresas, submetendo-se às condi-
ções de trabalho (ritmo, jornada, turnos, salá-
rios, ambiente insalubre e perigoso, entre
outros ), novas formas de organização da pro-
dução e do próprio trabalho por elas determina-
das.
Desse modo, e atendendo às necessidades
empresariais, surgiram e continuam surgindo
“escolas de pensamento” que buscam aprimo-
rar, cada vez mais, as formas de aumentar as
riquezas e o controle sobre elas, geradas pela
-5 -
exploração do trabalho humano ou do trabalho
realizado por máquinas. Foi assim que, a partir
de 1900, foram sendo desenvolvidas teorias e
práticas como o Taylorismo, o Fordismo, o
Toyotismo, os demais “métodos japoneses” e
os Grupos Semi-autônomos, estratégias de
produção, que sob controle das empresas,
visam, entre motivos diversos e várias expecta-
tivas, aumentar a produtividade, reduzir os
custos da produção, envolver o trabalhador e
minimizar a atuação do movimento sindical.
Enfim, o trabalho não pode ser visto como
atividade individual e desvinculada da socie-
dade. Acima de tudo, o trabalho é uma ativi-
dade humana e social. Apresenta, portanto,
características, construídas historicamente, que
se relacionam com a própria evolução da socie-
dade e com as formas de controle e distribuição
do poder.
Nesse contexto, decorrente na quase que
absoluta maioria das vezes do modo como
estão organizados trabalho e produção, a força
de trabalho físico e intelectual, enquanto mer-
cadoria adquirida pelas empresas, que buscam
extrair o máximo de produtividade possível do
trabalhador, tende a se deteriorar colocando o
ser humano como alvo dos impactos sobre a
saúde e vítima de acidentes.
INTERVIR
O movimento sindical tem procurado desen-
volver, em vários países, formas de analisar e
intervir na organização do trabalho e da produ-
ção, visando neutralizar suas consequências
sobre os trabalhadores e sobre a organização
sindical.
A primeira coisa a fazer é ter consciência
de como o trabalho se organiza na sociedade e,
a partir disto, tentarmos construir uma alterna-
tiva própria, enquanto classe trabalhadora, que
aponte para a interferência e posteriormente
para um mínimo possível e necessário controle
do trabalho e da produção. Ou seja, resgatando
a capacidade de pensar e organizar a produção
e o trabalho, determinando o conjunto de condi-
ções que queremos ter na sua realização.
Portanto, não podemos perder de vista que
o trabalho não se realiza de forma isolada, mas
que ele está inserido dentro de um processo
que, por sua vez, compõe uma cadeia produ-
tiva (ou cadeia de produção), ocupando um
lugar dentro das atividades econômicas e
sociais do país.
Assim, é possível dizer que a formação, a
capacitação, o conhecimento técnico e o
acesso à informação são nossas principais fer-
ramentas de luta. Necessitamos ampliar
nossos conhecimentos sobre os diferentes
modelos de organização produtiva e do traba-
lho, superando a superficialidade de nossos
conhecimentos e a precariedade das informa-
ções. É preciso mapear constantemente os
locais de trabalho. Estas informações são
essenciais nas mesas de negociações e podem
significar conquistas concretas das reivindica-
ções da categoria e do movimento sindical
como um todo.
Nesse sentido, nossa proposta sindical
deve apontar para uma perspectiva de classe,
horizontalizar o conhecimento, desverticalizar
as estruturas de poder. Entre muitas outras
coisas, o mapeamento pode significar a dife-
rença entre a sobrevivência de classe e a
sucumbência. Nessa perspectiva, inserem-se a
transformação das CIPAs em Comissões de
Condições de Trabalho, Saúde e Meio
Ambiente; a constituição dos Grupos de
Fábrica e a conquista de novas Comissões e
Delegados Sindicais. Em síntese:
Alterar as condições de trabalho pressupõe,
portanto, qualificação da nossa organização e
capacidade de intervir nas formas de organiza-
ção do trabalho e produção, visando, entre
outros, contratar as modificações desta organi-
zação a partir dos interesses dos trabalhadores.
- 6-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
Para isso, torna-se necessário desenvolver-
mos um método de investigação que possibilite
ampliar nosso leque de informações sobre o
trabalho e sua execução, sobre o processo pro-
dutivo e o conceito de cadeia produtiva.
Algumas iniciativas de mapeamento tem
sido objeto de trabalho por parte do movimento
sindical.
MAPEANDO
RISCOS
A análise parte da definição do ambiente de
trabalho, entendido como sendo o conjunto das
condições de produção, ou o local onde ocorre
o processo de produção e busca analisar os
“fatores de riscos” que possam existir neste
ambiente e, conseqüentemente, possam agre-
dir os trabalhadores e/ou o meio ambiente.
A investigação dos riscos é feita pelos tra-
balhadores, através de grupos
homogêneos (trabalhadores
expostos aos mesmos riscos) e
a indicação do problema
depende do consenso do pró-
prio grupo, ou seja, é consi-
derado um risco presente se
a maioria menciona a sua
existência.
Os fatores de risco são
agrupados em quatro
grupos diferentes: 1) luz,
barulho, temperatura, venti-
lação e umidade; 2) poei-
ras, gases, vapores e fuma-
ças; 3) fadiga derivada do
esforço físico e 4) inclui o
resto dos fatores que
causam fadiga: ritmo de tra-
balho, monotonia, repetitivi-
dade, posições incomodas,
tensão nervosa e a respon-
sabilidade inadequada.
Para facilitar a análise das condições de
trabalho, o modelo adota a representação
gráfica dos riscos, através da confecção do
“mapa de riscos”. Este mapa consiste na indi-
cação dos riscos identificados por círculos de
tamanhos e cores diferentes que possibilitem
aos trabalhadores visualizar a localização dos
riscos na fábrica e a gravidade dos mesmos.
Ametodologia do mapeamento de riscos está
detalhada na publicação do INST/CUT,
“Saúde, Meio Ambiente e Condições de Tra-
balho – Conteúdos Básicos para uma Ação
Sindical”.
Contudo, deve-se levar em conta que a
análise de riscos pode apenas superficializar a
questão central que é a discussão do trabalho,
priorizando, na quase que absoluta maioria das
vezes a observação dos efeitos já previstos
pelo conhecimento científico em poder dos
empresários, desde a fase de desenvolvimento
de projetos. Exemplos: Silicose
em empresas ceramistas;
intoxicação por benzeno em
indústrias químicas; surdez
em estamparias metalúr-
gicas; Lesões por Esfor-
ços Repetitivos em linhas
de montagem e digitação,
entre outros.
Assim, e após estas
considerações prévias,
algumas informações
sobre os principais mate-
riais, substâncias, movi-
mentos, máquinas, equi-
pamentos e ciclos de tra-
balho, bem como propostas
mais imediatas de solução
dos problemas, são neces-
sárias, a fim de não se correr
o ìrisco” de minimizar a poten-
cialidade agressiva destas
varáveis.
-7 -
Ruído
O ruído atinge nosso organismo através de
“ondas de energia” que não vemos mas perce-
bemos através da audição e, às vezes, através
de vibração no corpo. Além de afetar direta-
mente o ouvido, provocando perda irreversível
da audição, pode acarretar também outros pro-
blemas graves à nossa saúde.
O quê fazer ? Por se tratar de problema de
grandes dimensões, estar presente em todas
as áreas da empresa e apresentar diversas
causas de origem, o ideal é se estabelecer um
PROGRAMA DE COMBATE AO RUÍDO. Desse
modo, é necessário uma análise em cada posto
de trabalho, e, a partir disto, se implementar
medidas de controle como por exemplo: troca
de ferramentas (pneumáticas), uso de silencia-
dores, enclausuramento de máquinas, instala-
ção de barreiras absorventes, mudanças em
lay-out, mudanças em processos de trabalho,
entre outros.
Informações mais detalhadas podem ser
obtidas na publicação sobre “Riscos do Ruído à
Saúde”, da série Cadernos de Saúde do Traba-
lhador do INST/CUT.
Ergonomia
A ERGONOMIA trata da adaptação das
máquinas, equipamentos e ferramentas ao tra-
balhador, visando aumentar o conforto, e elimi-
nar movimentos repetitivos e esforços desne-
cessários à execução do trabalho.
Os problemas relacionados a Ergonomia
estão presentes em quase todos os setores das
empresas pois, na prática e salvo exceções, as
empresas não se dispõe a investir em métodos
e desenvolvimento de projetos ergonômicos no
Brasil, ao menos, até o presente momento.
O quê fazer ? Análise dos movimentos e
esforços nas tarefas, reorganização dos postos
de trabalho (lay-out), substituição de ferramen-
tas e equipamentos, diminuição do ritmo e
inclusão de pausas para descanso dentro da
jornada de trabalho são necessárias, além, fun-
damentalmente, da participação dos trabalha-
dores e técnicos dos sindicatos na concepção,
desenvolvimento e implantação de novas plan-
tas e novos projetos.
Espaço físico
Para aumentar a produção as empresas
aproveitam o espaço físico da fábrica agru-
pando o maior número possível de máquinas.
Este agrupamento é uma forma de acelerar o
ritmo de trabalho e evitar perda de tempo entre
as várias operações. Isso, além de desconforto
e poluição visual , aumenta o calor ambiente e
o nível de ruído causado pela concentração das
fontes geradoras. É também responsável pelo
aumento de cansaço e de acidentes no traba-
lho.
O quê fazer ? Devem ser feitas ampliações
dos locais de trabalho e mudanças no lay-out, a
partir de estudos e discussões com os trabalha-
dores.
Fumaça
A fumaça é a presença de partículas em
suspensão no ar decorrente da queima de
determinadas substâncias. Sua toxicidade varia
de acordo com o tipo de substância que a pro-
duziu . Pode afetar os trabalhadores de formas
diferentes , provocando desde uma simples
sensação de sufocamento, que desaparece
rapidamente quando levamos a pessoa afetada
para um ambiente ventilado, até intoxicações
graves quando as substâncias tóxicas presen-
tes na fumaça atingem os pulmões e caem na
corrente sanguínea.
A fumaça, em contato com a pele ,olhos,
boca e nariz , pode provocar alergias e irrita-
ções.
- 8-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
O quê fazer ? Este problema pode ser ame-
nizado, por exemplo, com a instalação e melho-
ria dos sistemas de exaustão nos postos de tra-
balho.
Iluminação
A iluminação inadequada nos postos de tra-
balho pode acarretar problemas aos trabalha-
dores. Quando a quantidade de luz é insufi-
ciente causa maior cansaço visual e mental,
fadiga , insônia, dores de cabeça. A luminosi-
dade excessiva também é prejudicial e além
dos sintomas já mencionados pode provocar
irritação nos olhos, lacrimejamento, e irritabili-
dade nervosa.
O quê fazer ? A avaliação dos níveis de ilu-
minância e adequação aos mesmos em cada
posto de trabalho se faz necessária.
PRODUTOS QUÍMICOS:
METAIS E OUTROS
Em geral, chamamos de “produtos quími-
cos” aquelas substâncias que não estão pre-
sentes na natureza, ou seja , são artificiais
(fabricadas), e se encontram na forma de
gases, líquidos, pastas, pós, graxas, óleos,
etc.
Estes produtos são utilizados largamente
nos processos industriais para limpeza, prote-
ção e lavagem de peças ou como solventes e
catalisadores em pintura. Além disso, podem se
originar como “restos”de processos de galva-
noplastia (gases, vapores e borras) ou de sol-
dagem ( gases, vapores) .
Estas substâncias de cheiro e gosto estra-
nhos, podem se apresentar frias ou quentes e
causar irritações na pele, nos olhos, nariz e gar-
ganta. Estes sinais e sintomas funcionam como
alerta para nosso organismo, da presença de
algum produto prejudicial a nossa saúde e, com
o passar do tempo, podem ocasionar doenças
graves nos pulmões, fígado, rins, olhos, sis-
tema nervoso.
Por se apresentarem como elementos
“mascarados”, pouco lembrados e, às vezes,
omitidos nos processos industriais metalúrgi-
cos, normalmente pouca atenção se tem dado
às substâncias e às consequências do seu uso.
Nesse sentido, apresentamos abaixo uma
lista dos principais produtos utilizados na meta-
lurgia e as consequências do seu uso.
Bário, do ponto de vista da saúde ocupacio-
nal, interessa-nos os compostos de bário, já
que o metal bário, em si mesmo, tem uso limi-
tado. Utilizado em ligas para manufatura de
graxeiras, principalmente, atinge o organismo
através da inalação e ingestão.
O pó fino dos compostos insolúveis de bário
(sulfato bárico ou baritina), se inalados, podem
provocar pneumoconiose. As pneumoconioses
são alterações produzidas nos pulmões pela
inalação de poeiras orgânicas ou inorgânicas.
Os compostos solúveis do bário podem
causar irritação dos olhos, nariz, garganta,
pele, irritação da pele e das mucosas. O enve-
nenamento com bário produz vômitos, cólicas
intestinais, diarréias, tremores, convulsões,
hemorragia e paralisia muscular.
Cádmio, metal semelhante ao zinco, extre-
mamente maleável, na natureza aparece
sempre combinado a outros metais.É utilizado
na galvanização de outros metais para evitar a
corrosão e facilitar o processo de soldadura de
peças de motores. Atualmente tem sido larga-
mente utilizado na fabricação de baterias de
cádmio-níquel de telefones celulares.
A inalação, seguida de ingestão, são os
caminhos de entrada no organismo. A exposi-
ção durante os processos de fundição e refino
de minerais de zinco, chumbo e cobre que
contêm cádmio e a pulverização de pigmentos
contendo cádmio, além de operações de solda-
duras, liberam fumaça e pó de cádmio, além de
compostos muito tóxicos que afetam, inicial-
- 9 -
mente, vias respiratórias e pulmões provo-
cando, principalmente, pneumonia, edemas
pulmonares, enfisema pulmonar, câncer e mal
formações fetais, dependendo do tempo de
exposição. Na intoxicação crônica é comum o
aparecimento de um anel amarelado nos
dentes, além da perda do olfato e dificuldade
respiraratória.
Chumbo, encontra-se presente em grande
variedade de ligas e compostos, sendo ampla-
mente utilizado em diversas indústrias. Usado
nas baterias automotivas e como base de
muitas pinturas e vernizes, tubulações, muni-
ções e em banhos de chumbo.
A principal via de entrada do chumbo no
organismo humano é a via respiratória. Dos pul-
mões o chumbo passa para o sangue. O grau de
absorção dependerá da proporção da quanti-
dade do pó respirável, do tempo de exposição e
do tipo de trabalho (pesado ou leve). Quanto
mais pesado o trabalho, maior a quantidade de
pó respirada e, portanto, maiores danos à saúde.
Os casos mais comuns de intoxicação pelo
chumbo, na indústria, sempre se acompanham
de efeitos precoces sobre os locais de forma-
ção de sangue no organismo (medula óssea).
O chumbo encurta a vida dos eritrócitos (glóbu-
los vermelhos do sangue) e dificultam a produ-
ção de hemoglobina (pigmento que transporta o
oxigênio para os tecidos causando anemia e
cianose. O chumbo pode causar, ainda, lesões
nervosas e renais, além de abortos e mal for-
mações fetais.
Os sintomas mais importantes são a dimi-
nuição da capacidade física, fadiga, alterações
do sono, dores de cabeça, dores articulares,
dores musculares, prisão de ventre e perda de
apetite. Sinais como palidez e o aparecimento
de uma linha azulada nas gengivas dos dentes
apontam para intoxicação por chumbo. Nos
estados mais graves de intoxicação, podem
aparecer cólicas abdominais intensas, vômitos,
paralisias, convulsões, seguidas de morte.
Cobre, o cobre é amplamente utilizado na
indústria elétrica ( aproximadamente 70% ) e
na fabricação de ligas metálicas como o latão
(cobre e zinco), bronze (cobre, zinco e esta-
nho), alumínio bronzeado (cobre e alumínio) e
cobre-níquel, entre outros, por ser excelente
condutor de calor e de eletricidade. Alguns
compostos de cobre (acetato, óxidos e sulfa-
tos), são também utilizados em vernizes de
óleo linhaça e como pigmentos ou corantes em
tintas para pinturas. A maioria destes compos-
tos apresentam coloração azul.
A inalação constante e prolongada da
fumaça, poeira ou neblina contendo sais de
cobre, pode causar irritação das vias respirató-
rias superiores, chegando até a perfurar o septo
nasal. Pode também promover alterações da
pigmentação da pele e do cabelo. Se ingerido
pode causar lesões no esôfago, estômago,
intestinos e nos rins provocando náuseas, vômi-
tos, diarréias, hemorragias e transtornos renais.
Cromo, o cromo é um metal que se apre-
senta na natureza sempre combinado ao Oxi-
gênio dando origem aos chamados “cromatos”,
entre outros.
O uso mais destacado do cromo puro
ocorre nos processos de galvanoplastia ou cro-
magem de peças de automóveis e equipamen-
tos elétricos. Também é muito utilizado em ligas
com ferro e níquel para a fabricação do aço ino-
xidável e, com níquel, titânio, nióbio, cobalto,
cobre e outros metais, para fabricar ligas com
fins específicos, pilhas elétricas e pigmentos.
A inalação de poeiras, fumaças e névoas
liberadas na utilização destes produtos e sub-
produtos do cromo durante, por exemplo, os
trabalhos de galvanoplastia e revestimentos de
metais, e o contato da pele e mucosas com os
compostos de cromo, sob a forma de cromatos,
são geralmente responsáveis pelo apareci-
mento de dermatites, ulcerações na pele, perfu-
ração do septo nasal e comprometimento do
aparelho respiratório. A inalação de poeiras ou
-10 -
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
névoas contendo cromatos produz tosse, falta
de ar, dores de cabeça e no peito. A exposição
prolongada ao cromo, bicromatos, pode causar
câncer no pulmão dos trabalhadores.
Estanho, o estanho é um metal que se
reveste de grande importância na metalurgia.
Maleável em condições normais de tempera-
tura, mistura-se facilmente com outros metais,
formando ligas. É responsável pelo branquea-
mento do ferro nos processos de formação da
chamada “prata de estanho”.
Estanho-metálico é largamente utilizado
na fabricação de ligas como, e principal-
mente, o bronze industrial, usado, entre
outras finalidades, na manufatura de alambi-
ques para destilação.
A inalação de pó de óxido de estanho pode
provocar pneumoconiose. As ligas de estanho,
processadas sob altas temperaturas, como por
exemplo, com o chumbo, zinco e manganês,
são prejudiciais à saúde em função das carac-
terísticas destes metais.
A absorção e/ou inalação de certos com-
postos orgânicos contendo estanho são alta-
mente tóxicos, produzindo lesões no fígado e
vias biliares, sistema nervoso central, pulmões,
olhos e pele promovendo o aparecimento de
dermatites, coceiras intensas e queimaduras na
pele, tosse e falta de ar e distúrbios digestivos
quando ingeridos.
Ferro, os compostos de ferro mais importan-
tes utilizados na indústria são os óxidos e o carbo-
nato dos quais são extraídos o ferro. As ligas
metálicas mais significativas e de maior valor
comercial são o aço ( composto de ferro e car-
bono ), o ferromanganês, ferrosilício e ferrocromo.
O ferro e o aço têm inúmeras utilidades nas
indústrias do complexo automotivo, nas indús-
trias dos setores naval e aeroespacial, nas
manufaturas metálicas, da construção civil,
entre outras.
A inalação da fumaça ou de pó de óxido de
ferro pode produzir uma pneumoconiose cha-
mada siderose. É sempre bom lembrar que
durante as operações de extração do metal do
minério nas indústrias de mineração, existe a
liberação de poeira de sílica no processo, que
dependendo da quantidade, pode ocasionar um
outro tipo de pneumoconiose chamada silicose.
Magnésio, o magnésio encontra-se geral-
mente sob a forma de depósitos minerais com a
dolomita e a magnesita, entre outros, não se
apresentando puro na natureza. Também pode-
mos encontrá-lo no talco e no amianto, sob a
forma de silicato.
Utilizado na fabricação de ligas com manga-
nês, zinco e alumínio com o objetivo de aumen-
tar a resistência aos esforços e o grau de
dureza dos materiais. As ligas de magnésio e
lítio, magnésio-cério e magnésio-fório, são utili-
zadas para componentes de aviões, barcos,
automóveis e ferramentas manuais, equipa-
mentos militares, fogos de artifício e de lâmpa-
das de flash. O produto da reação entre oxigê-
nio e magnésio, chamado óxido de magnésio,
tem sido utilizado na indústria cerâmica como
revestimento de produtos refratários.
As fumaças de óxido de magnésio podem
provocar a “febre das fumaças metálicas”, quei-
maduras de pele, irritação dos olhos, nariz, gar-
ganta, além de alterações musculares difusas.
Apresenta alta capacidade de se incendiar
podendo causar lesões profundas à pele, prin-
cipalmente nas operações de afiação de ferra-
mentas utilizando-se esmerís após polimento
de peças contendo ligas de magnésio.
Mercúrio, as aplicações mais importantes
do mercúrio e de seus compostos inorgânicos
podem ser encontradas na metalurgia, na fabri-
cação de termômetros, manômetros, na purifi-
cação dos minerais de ouro e prata, na manufa-
tura de amálgamas utilizadas na odontologia,
na fabricação e reparação de aparelhos de
medidas e de laboratórios, na fabricação de
lâmpadas incandescentes, em baterias e retifi-
cadores.
-11-
A principal porta de entrada do mercúrio no
organismo tem sido as vias respiratórias. Parte
do mercúrio introduzido no organismo fica
retido no sangue, fígado, intestinos, rins, teci-
dos nervosos, cabelos e unhas. Parte se eli-
mina principalmente pela urina, fezes e leite
materno, podendo comprometer a criança que
se amamenta no peito, além de aborto, mal for-
mação nos fetos de mães contaminadas.
O mercúrio e seus compostos inorgânicos
podem causar também dermatites, transtornos
da visão, gengivites e faringites. Muitos de seus
compostos podem provocar incêndio e explo-
sões, como por exemplo o oxicianeto de mercú-
rio.
A intoxicação por mercúrio ou a seus com-
postos inorgânicos, geralmente crônica, pode
manifestar-se de modo agudo por inalação de
vapores de mercúrio, ocasionando estomatites,
gengivites e inflamações da faringe.
Na intoxicação crônica predominam os sin-
tomas digestivos e nervosos. Os principais sin-
tomas iniciais e precoces são: leves alterações
digestivas, falta de apetite e alterações no sis-
tema nervoso, tais como: tremores, nervosismo
e histeria.
Manganês, metal muito abundante na natu-
reza, cinza, nunca se manifesta puro. O princi-
pal emprego do manganês se dá na indústria
siderúrgica, Na indústria metalúrgica o manga-
nês é usado na obtenção de gusa, ferro-ligas
(ferro-manganês, sílico-manganês, escória ou
sucata). Na indústria elétrica é empregado na
fabricação de pilhas secas, como agente des-
polarizante. Na indústria química é empregado
como corante ou descorante do vidro.
O manganês penetra no organismo humano
pelos pulmões, principalmente, mas também é
absorvido pelo sistema digestivo e pele.
Na mineração, o trabalho de perfuração de
rochas com o ar comprimido, expõe trabalhado-
res a altas concentrações de pós muito finos.
Na siderurgia as fumaças liberadas durante a
fusão do minério de manganês são extrema-
mente tóxicas.
O manganês ganha as vias circulatórias,
acumulando-se no sangue e, ao atingir uma
determinada concentração, passa a depositar-
se na maioria dos órgãos do corpo, particular-
mente nos pulmões, fígado, baço e cérebro.
Alterações de comportamento manifestas
por euforia ou depressões, da fala, do andar,
dos desejos, entre outros, são comuns no
período inicial da doença que, apesar do traba-
lhador ter consciência destas alterações em
seu comportamento, não consegue controlá-
las. Dores musculares, falta de apetite, dores
de cabeça, esquecimento, gosto metálico na
boca, alucinações, também podem estar pre-
sentes.
Níquel, utilizado principalmente em ligas
com o aço para maquinaria pesada, automó-
veis e componentes elétricos; com o cobre nas
indústrias elétricas. Como catalisador, em
banhos eletrolíticos de niquelagem e na fabrica-
ção de acumuladores, além de entrar na com-
posição de várias outras ligas metálicas e até
na fabricação de utensílios para cozinha.
As lesões cutâneas podem ocasionar der-
matite e é frequente entre os trabalhadores
expostos ao níquel. Na população em geral, o
contato com objetos niquelados, tais como biju-
terias, relógios de pulso, maçanetas de carros,
podem causar dermatites.
Um composto chamado níquel carbonila,
produto resultante da reação entre o monóxido
de carbono e o níquel metálico, ao contrário do
níquel metálico e dos outros compostos de
níquel, altamente tóxico e muito volátil, tem ina-
lação facilitada, expondo os trabalhadores à
contração de cânceres de pulmão e do nariz.
A intoxicação aguda por níquel carbonila,
apesar de discreta, pode causar dores de
cabeça, tonturas, náuseas, vômitos, falta de ar.
Zinco, metal maleável, mau condutor de
calor e eletricidade, essencial para os seres
-12-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
vivos. É utilizado nas indústrias de mineração,
metalurgia, principalmente nos processos de
galvanização e na fabricação de baterias,
pilhas e ligas de latão e bronze.
Sais de zinco podem penetrar no organismo
por inalação, ingestão ou através da pele,
devido à liberação de fumaça do metal, des-
prendida em operações de soldagens e cortes
de metais galvanizados ou revestidos de zinco,
ou ainda, em fundições e latão ou bronze.
As fumaças de cloreto de zinco em concen-
trações elevadas são extremamente tóxicas,
provocando lesões pulmonares em graus varia-
dos, além de queimaduras quando do contato
com a pele. O pó de óxido de zinco pode provo-
car uma irritação na pele conhecida como
“eczema do zinco”.
A “febre das fumaças metálicas”, ou “febre
dos fumos metálicos” , ou “febre dos metalúrgi-
cos”, ou “febre dos fundidores”, é a febre provo-
cada após a inalação de finas partículas de
óxidos metálicos. A causa mais fre-
quente é a exposição dos traba-
lhadores às fumaças de óxido
de zinco, formado e liberado
quando o metal é aquecido a
altas temperaturas. Os sinto-
mas gerais podem simular
um estado gripal. Manifesta-
ções discretas podem ocor-
rer durante o período de
exposição às fumaças:
gosto metálico ou adoci-
cado na boca e irritação na
garganta. Depois de algum
tempo, geralmente em
torno de 6 horas, surgem a
tosse, secura da boca,
ardor nos olhos, dores no
peito, dores musculares e
febre alta seguida de cala-
frios.
Podem aparecer outras
manifestações tais como fadiga, dores articula-
res, náuseas, vômitos, confusão mental, dores
de cabeça, alienação e convulsões.
Quadro semelhante pode manifestar-se nas
intoxicações pelo antimônio, arsênico, ferro,
cobalto, cobre, cádmio, chumbo, estanho, berí-
lio e magnésio.
OUTRAS SUBSTÂNCIAS USADAS
NA INDÚSTRIA METALÚRGICA
Acetileno, comumente empregado como
gás básico no processo de corte e solda de
metais. Narcótico quando misturado com o oxi-
gênio, causa sonolência e perda dos sentidos
por ser também asfixiante, força a saída de oxi-
gênio dos pulmões causando sensação de
sufocamento.
Os principais sintomas da intoxicação por
acetileno são as vertigens, dores de cabeça,
indisposições estomacais e dificuldades para
respirar.
Ácido Cianídrico (ácido
prússico), amplamente usado
como no tratamento do miné-
rio de prata e outros metais. É
sem dúvida um dos produtos
industriais mais tóxicos. Ação
eficaz e rápida, é utilizado
nas execuções nas câmaras
de gás de países que adotam
a pena de morte. Baixas con-
centrações causam debili-
dade, náuseas, vômitos,
dores de cabeça e colapso
respiratório.
Ácido Fluorídrico, com
grande poder de corrosão é
empregado industrialmente
como solvente ou amolece-
dor de minerais. Devido à
sua corrosividade, causa
lesões, que podem chegar a
-13-
ulcerações, quando em contato com a pele e
mucosas. Na mucosa dos olhos age como fator
fortemente irritante, podendo também provocar
ulcerações.
Ácido Nítrico, usado no tratamento de
vários metais, puro ou com outros ácidos é
extremamente irritante para os olhos, pele e
mucosas das vias respiratórias podendo, ainda,
ocasionar lesões renais, pulmonares e corro-
são dos dentes.
Ácido Sulfídrico, com cheiro de ovo podre,
utilizado no refino de minérios; é muito irritante
para o sistema respiratório. Em doses altas é
asfixiante e letal, talvez mais até que o ácido
cianídrico. A intoxicação provocada por ácido
sulfídrico provoca dores de cabeça, vertigens,
bronquites, transtornos digestivos, visão emba-
ralhada e, de efeito paralisante sobre o sistema
nervoso, provoca a morte. Em doses mais
baixas irrita os olhos e as vias respiratórias.
Ácido Sulfúrico, empregado como solvente
na degradação de certos minérios; forma-se
espontaneamente no tratamento do minério de
enxofre. Alto poder de corrosão o contato com
o ácido causa a dissolução e destruição dos
tecidos dos organismos vivos. Quando diluído,
se inalado ou em contato com a pele, pode
causar lesões pulmonares - entre elas pneu-
monia química - e dermatites, respectiva-
mente. É também responsável pelo apareci-
mento de processo erosivo dos dentes e pro-
blemas de estômago.
Argônio, gás muito utilizado nos processos
de solda de arco-voltaico. Compete com o oxi-
gênio ambiental e, sozinho, manifesta alto
poder asfixiante ( sufocamento ) podendo,
inclusive, dependendo da concentração, causar
parada cárdio-respiratória e morte. A intoxica-
ção pelo argônio demonstra dificuldades respi-
ratórias, vertigens, falta de coordenação dos
movimentos, cansaço, instabilidade emocional,
náuseas, vômitos e perda dos sentidos.
Benzeno, líquido inflamável, incolor, muito
volátil (forma vapores no ambiente) e com odor
específico, não deve ser confundido com a ben-
zina que é um outro solvente comercial.
Na indústria é utilizado na destilação do
alcatrão da hulha, destilação de petróleo, na
fabricação de borracha, como combustível, na
fabricação de sabão e como solvente. No ramo
metalúrgico é muito usado como desengra-
xante, como solvente de óleos, graxas e tintas,
o que agora é proibido. As principais formas de
penetração do benzeno no organismo são por
inalação, absorção pela pele e ingestão.
Aanemia causada pelo benzeno é irreversí-
vel e ocorre por destruição dos tecidos produto-
res de sangue, mesmo em pequenas concen-
trações. O benzeno altera o funcionamento do
sistema nervoso causando depressão. Além
disso, é irritante da pele e das mucosas e pode
causar lesões no fígado e leucemia.
O quadro clínico, decorrente da intoxicação
crônica por benzeno, manifesta-se com quei-
xas, geralmente, de cansaço, falta de apetite,
dores de cabeça e tonteira, além de apresentar
a pele e mucosas descoradas.
Cloreto de Amônia, utilizado nos proces-
sos de soldas é irritante da mucosa nasal e dos
olhos, causando, também, irritação da pele,
pela liberação de vapores amoniacais que além
de irritantes, são muito tóxicos.
Hidróxido de Sódio ( soda cáustica ), de
poder cáustico extremo e corrosividade idem,
em contato com a pele e olhos causa queima-
duras profundas e ulcerações. Dependendo do
grau da lesão pode levar à cegueira. Se inalado
pode acometer toda a árvore respiratória com
graves queimaduras, inclusive os pulmões.
Monóxido de Carbono, incolor ( sem cor ),
inodoro (sem cheiro ) e insípido ( sem gosto ),
inflamável ( pega fogo ), mais leve que o ar.
Por apresentar estas características, é de per-
cepção discreta e de fácil difusão pelo
ambiente de trabalho. É um gás formado pela
combustão incompleta de matérias orgânicas
- 14-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
tais como os derivados do petróleo, madeira,
gases combustíveis, explosivos e carvão. Está
presente na fumaça dos cigarros e dos esca-
pamentos dos carros.
É utilizado na indústria metalúrgica como
agente redutor do níquel em carboneto de
níquel. Na siderurgia, os gases resultantes da
fabricação de ferro e aço, utilizados como
fontes de combustíveis, apresentam grandes
quantidades de monóxido de carbono. O monó-
xido de carbono é formado em numerosos pro-
cessos nas indústrias químicas, cerâmicas,
automobilísticas (oficinas mecânicas, inclusive)
e minerações.
O monóxido de carbono, tóxico severo,
compete com a hemoglobina do sangue no
transporte de oxigênio, causando anóxia ( falta
de oxigênio ) e leva à asfixia grave. Inicial-
mente, aparecem dores de cabeça, fraqueza
muscular, náuseas e vômitos, desmaios que,
em não havendo pronta
intervenção e cuidados
intensivos, evolui para o
coma seguido de morte.
O quê fazer ? Modo
geral, todas as substâncias
apresentadas são muito
eficientes na sua capaci-
dade de produzir danos
passageiros ou irreparáveis
aos seres vivos. É necessá-
rio que se substituam os
produtos usados nestes
processos; que se utilizem
outros processos e produ-
tos que não sejam agressi-
vos a saúde do trabalha-
dor e, como paliativo, que
haja a instalação de siste-
mas coletivos de proteção
adequados e capazes de
minimizar os impactos
causados pelo emprego
destas substâncias. A título de exemplo, pode-
mos citar a substituição dos processos secos
por processos úmidos, a fim de se evitar o apa-
recimento de partículas em suspensão e a utili-
zação de serpentinas resfriadoras buscando
evitar a formação de vapores aquecidos.
PERIGO DE INCÊNDIOS
E EXPLOSÕES
Substâncias de uso industrial intenso como
gasolina, álcool, thiner, gases e óleos, tintas e
solventes e outras chamadas “inflamáveis” ou
“combustíveis”, pegam fogo facilmente e
podem provocar incêndios e explosões, depen-
dendo da quantidade e das condições de arma-
zenamento e as consequências são do conhe-
cimento de todos.
O quê fazer ? São necessários sistemas efi-
cazes de prevenção e combate a incêndios.
Estes sistemas devem ser com-
postos de hidrantes, manguei-
ras e extintores apropriados e
até mesmo de caminhões tan-
ques, dependendo do tama-
nho da fábrica. Todos os tra-
balhadores devem receber,
frequentemente, treinamento
para a prevenção e combate
a incêndios. Normalmente as
empresas, mesmo de posse
de seguros, cumprem as exi-
gências legais das normas
pois não querem correr o
risco de perder seu patrimô-
nio num incêndio.
HIGIENE
As reclamações, facil-
mente constatáveis, sobre a
higiene precária no ambiente
de trabalho geralmente refe-
-15 -
rem-se a banheiros e vestiários coletivos mal
conservados e com pouco espaço. Várias
“mazelas” são observadas todos os dias nas
empresas.
O quê fazer ? É necessário “reformar” este
ambiente, com cuidados especiais para abaste-
cimento e purificação da água, iluminação e
ventilação, organização e limpeza do espaço,
esgotos e outros detritos.
CALOR E FRIO
Trabalhar em locais com temperatura
ambiente elevada causa muitos problemas
para a saúde. Um deles, a DESIDRATAÇÃO,
ocorre pela perda excessiva de água pela
transpiração (suor ) e pela respiração. Junta-
mente com a perda de água o trabalhador
perde também sais minerais e eletrólitos, como
Sódio, Potássio, Cloro, etc. o que ocasiona
sensação de cansaço e fraqueza, cãibras e
dores musculares, baixa da pressão arterial,
etc. Em casos extremos pode levar a desmaios
e desidratação grave.
O frio provoca o consumo maior de energia
do próprio organismo, podendo alterar a pres-
são e o metabolismo e gerar estados de fra-
queza, contração muscular excessiva e treme-
deiras.
O frio e também o calor, surgem devido a
alguns fatores: falta de compartimentação e
isolamento entre as áreas; cobertura com
pouco isolamento térmico; lay-out inadequado
e concentração das fontes de calor ou de frio
(máquinas e equipamentos).
O quê fazer? O problema do calor é
também tratado considerando-se cada posto de
trabalho e modificações de caráter coletivo,
como por exemplo, a cobertura e a ventila-
ção/exaustão dos galpões, mudanças no lay-
out, instalação de barreiras isolantes, mudan-
ças nos processos de trabalho, devem ser colo-
cados em prática.
Soluções mais efetivas dependem e neces-
sitam de, além das medidas citadas acima, alte-
rar as características de construção dos edifí-
cios destinados a abrigar empresas e a disposi-
ção das máquinas e equipamentos, dentro de
uma visão de oferta de conforto térmico ade-
quado.
RITMO DE
TRABALHO
Os ciclos e o ritmo de trabalho, e conse-
quentemente a repetição de movimentos,
tende a aumentar toda vez que se introduz
trabalho polivalente ou multifuncional, ou
quando da organização e implantação de
células de manufatura ou da introdução de
máquinas e equipamentos de comando com-
putadorizado. O controle destes ritmos, dos
ciclos de trabalho, da disposição de máquinas
e equipamentos, devem fazer parte da
agenda sindical.
As doenças advindas destas transforma-
ções, tais como as LER-DORT, são decorrentes
da forma como o trabalho é pensado e organi-
zado e têm colocado um desafio para o movi-
mento sindical: é possível modificar este estado
das coisas ?
O quê fazer? Normalmente, as tentativas
dos trabalhadores e técnicos de confiança dos
sindicatos de resolução dos problemas deriva-
dos das péssimas condições de trabalho têm
se mostrado tímidas e pouco eficientes. Nesse
sentido e contexto, estas soluções requerem,
necessariamente, uma ampliação da interven-
ção do movimento sindical exatamente aí, nas
formas de organização do trabalho e da produ-
ção, mesmo sabendo que isso ainda seria só o
início de uma longa jornada em direção a uma
intervenção maior, qual seja, intervir na concep-
ção, desenvolvimento e implantação de méto-
dos de trabalho e produção, ainda que indireta-
mente.
- 16-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
OS ACIDENTES E
AS DOENÇAS
NO TRABALHO,
COMO ANALISAR
Contudo, este apanhado geral dos impac-
tos causados sobre trabalhadores e ambiente
não estaria completo se não considerarmos,
ainda, os acidentes e doenças que ocorrem
no trabalho.
Todos os dias, trabalhadores do campo e
cidade são vítimas de acidentes e são levados
a contrair doenças durante a execução de
suas atividades no trabalho. Estima-se que
mais de 50% dos trabalhadores brasileiros são
portadores de algum tipo de
doença, a maioria delas
incuráveis.
Justifica-se, assim, a
necessidade de analisar-
mos, a fundo, cada aci-
dente ou doença que
ocorra no ambiente de
trabalho. É uma questão
de cidadania.
Do ponto de vista das
empresas, ainda que
saibam que acidentes e
doenças são gerados por
inúmeras causas, estas
análises são realizadas
de modo reducionista.
Limitam-se a considerar
como Ato Inseguro, na
grande maioria das vezes,
ou Condição Insegura, a
ocorrência destes eventos,
desprezando os aspectos
que envolvem o modelo
organizacional da produ-
ção e do trabalho. Além
disso, querem fazer crer
que o trabalhador “não se
protegeu adequadamente dos riscos ambien-
tais mapeados”.
Na realidade, é preciso conhecer o trabalho,
seu conteúdo, a forma e as condições de exe-
cução do mesmo para sabermos por quê ocor-
rem acidentes ou porque trabalhadores adoe-
cem.
Necessitamos adotar um método de investi-
gação que nos possibilite enxergar além do que
é permitido. Isso, pode ser feito, por exemplo,
com a utilização da chamada “Árvore de
Causas” que, no decorrer do processo de for-
mação de cipeiros, esperamos estar apresen-
tando aos companheiros.
Nesse campo de atuação, também é neces-
sário que tenhamos como ponto de par-
tida para realização das análises o
conhecimento sobre as formas de
organização da produção e do
trabalho.
CONHECER
TRABALHO
E PRODUÇÃO
Conhecer as formas
de organização da produ-
ção e trabalho requer aná-
lises e comparações que
possibilitem, através do
desenvolvimento de pro-
postas alternativas de
organização e, em decor-
rência desta nova organi-
zação, melhoria das con-
dições de trabalho e, con-
sequentemente, a execu-
ção de trabalho que não
traga impactos sobre o ser
humano e meio ambiente.
Requer, enfim, um redirecio-
namento do modelo em vigor.
Nesse sentido, devemos
- 17-
estar alertas para “olhar” o trabalho como um
processo integrado e complexo; que não deve
ser natural trabalhar apenas se importando em
identificar e controlar riscos, é preciso acabar
com eles; não devemos reforçar a idéia de que
apenas a experiência prática é capaz de produ-
zir conhecimento e , principalmente, a análise
sobre o trabalho que executamos e estamos
dispostos a executar deve se articular com
outros trabalhos, desenvolvidos em outras
empresas, ou como parte de uma cadeia pro-
dutiva.
Finalmente, a análise deve ser feita de
modo a permitir conhecer cada tarefa e o con-
teúdo que compõe cada uma, no processo pro-
dutivo.
O MAPEAMENTO DO
PROCESSO PRODUTIVO
Através da coleta do maior número possível
de informações sobre o processo produtivo
que, sistematizadas e analisadas, consigam
reconstruir a realidade do trabalho, podemos
estabelecer estratégias e ações consequentes,
planejadas, que de fato possibilitem negocia-
ções, contratações e o surgimento de condi-
ções objetivas, capazes de oferecer bases para
ações mais efetivas de modificação da nossa
realidade.
“Será que os trabalhadores podem pensar
formas diferentes de organizar trabalho e pro-
dução, e interferir nas relações de poder dentro
e fora das empresas” ?
O Mapeamento do Processo Produtivo
pode ser realizado pelos representantes dos
trabalhadores; pelos grupos de apoio (Grupos
de Fábrica) e militância em geral. Nos locais
onde tem sido utilizado, tem orientado as nego-
ciações, principalmente no que diz respeito às
mudanças tecnológicas e organizacionais,
além de servir de subsídio para ações políticas
mais gerais.
O Mapeamento do Processo Produtivo
deve priorizar a análise das condições de traba-
lho levando em consideração que estamos dis-
cutindo um trabalho pensado e organizado sob
uma óptica capitalista.
Assim, o Mapeamento do Processo Produ-
tivo deve possibilitar:
 abertura de perspectivas de colocar para a
classe trabalhadora uma forma de controle da
produção, de construção da liberdade e auto-
nomia sindical e, fundamentalmente, um modo
de repensar e organizar o trabalho, a produção
e a própria sociedade, a partir dos interesses
dos trabalhadores.
 montagem de um sistema contínuo de coleta
de informações qualificadas, de interesse dos
trabalhadores, capazes de servirem de subsí-
dios para negociações e contratações amplas.
 a prática de reflexões que possibilitem a qua-
lificação e capacitação dos trabalhadores, do
ponto de vista da formação sindical e do apri-
moramento profissional.
 a troca de informações com outros trabalha-
dores e com outras categorias, possibilitando
maior entrosamento e superação do corporati-
vismo não construtivo, além da identidade de
classe,
 a evolução da ação sindical de um estágio
de mobilização para um estágio organizativo.
 o incentivo às práticas sindicais combativas
que priorizam as discussões e a organização
no local de trabalho.
 entender a evolução histórica de determina-
dos processos de trabalho, como surgiram e se
modificaram ao longo do tempo.
 compreender a estratégia que a empresa
estabeleceu ou pode estabelecer para determi-
nado setor ou área de produção,
 observar a introdução de inovações ou modi-
ficações no processo de trabalho, perspectiva
de terceirização, formação de células, etc..
 estabelecer o fluxograma da fábrica ou de
um determinado setor e entender o papel que
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Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
representa no processo de produção.
 analisar as várias tarefas que são realizadas
em um determinado setor, no que se refere ao
seu conteúdo e à qualificação profissional
necessária para executá-la,
 constatar as alternâncias de ritmo de traba-
lho e saber quando ou em que períodos isto
ocorre ou ocorrerá, além de permitir formular
propostas de prevenção no tocante aos impac-
tos ambientais ( saúde do trabalhador e meio
ambiente ).
 qualificar nossas discussões sobre participa-
ção nos lucros e resultados das empresas.
 aos trabalhadores o entendimento que a
atual forma de organização do trabalho não é
imutável, isto é, pode ser mudada.
A PORTA DE ENTRADA:
AS CIPAs
Apesar dos problemas impostos pela lei e
pelos patrões, e enquanto não conquistamos
organizações livres e autônomas nos locais de
trabalho, devemos continuar buscando trans-
formá-las em instrumento de organização dos
trabalhadores e conquista de melhores condi-
ções de trabalho e saúde . Para isso, não pode-
mos nos prender aos aspectos meramente
legais do que os cipeiros podem ou não fazer.
Na prática, os metalúrgicos vêm mostrando que
as CIPAs podem ser um valioso instrumento de
modificação das condições de trabalho.
Para isso é fundamental:
 Que os cipeiros eleitos trabalhem em con-
junto e de forma organizada em torno dos prin-
cipais objetivos. Nunca devemos trabalhar
“rachados”, pois a desunião enfraquece a
nossa luta.
 Fazer um Planejamento de Trabalho, para
cada mandato. É fundamental para organizar o
trabalho dos cipeiros. Os cipeiros podem levan-
tar os problemas dos setores que representam,
mas devem discuti-los depois com a CIPA toda.
Não podemos esquecer que o mandato é muito
curto e sem organizar o trabalho, não obtemos
conquistas.
 Precisamos ir para as reuniões oficiais pre-
parados, com clareza dos problemas que que-
remos discutir. É interessante organizar bem a
pauta de reivindicações, e saber discutir os pro-
blemas por ordem de prioridade.
 Tomar cuidado para não ser envolvido por
falsos argumentos de solução dos problemas,
utilizados por representantes da empresa. Não
podemos esquecer que os cipeiros indicados
representam as posições da empresa.
 O cipeiro deve sempre acompanhar a inves-
tigação dos acidentes e levantar as possíveis
causas dos mesmos. Isto também é válido
quando houver suspeita ou diagnóstico de
doenças.
 Ainda que as empresas tentem “amarrar” o
trabalho dos cipeiros, devemos conquistar, na
prática, a liberdade para exercer nosso man-
dato. O mesmo é válido para o “tempo livre”,
que deve ser de acordo com a necessidade.
 Os cipeiros não podem perder de vista que
foram eleitos pelos trabalhadores para repre-
sentá-los. Por isso, é fundamental discutir com
os companheiros e encaminhar suas reivindica-
ções. Sem o respaldo dos trabalhadores os
cipeiros não têm força para negociar com a
empresa.
 Buscar informação e assessoria no sindicato
também é fundamental.
UM POUCO
DE HISTÓRIA
A CIPA ou Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes, é bastante antiga na história dos
trabalhadores brasileiros. Foi criada oficial-
mente em novembro de 1944, por ato do Presi-
dente da República, à época, Getúlio Vargas.
Ao longo destes mais de cinquenta anos, muita
coisa mudou na história do Brasil.
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Entretanto, a estrutura de funcionamento
das CIPAs pouco evoluiu e, no dia-a-dia, os
cipeiros eleitos encontram muitas barreiras
para o desenvolvimento do seu trabalho.
Para entendermos melhor estes entraves,
vamos recordar o momento histórico em que
as CIPAs foram criadas e acompanhar sua
evolução.
O Brasil de Getúlio
A CIPA teve origem em recomendação da
OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Fundada em 1919, a OIT organizou em 1921,
um Comitê para estudos de assuntos de segu-
rança e de higiene do trabalho e para divulga-
ção de recomendações de medidas preventivas
de acidentes e de doenças do trabalho, que
passariam a ser adotadas pelos países, de
acordo com o interesse de cada um em melho-
rar as condições de trabalho do seu povo.
A OIT, recomendava as “CIPAs” em empre-
sas com 25 trabalhadores.
Em 10/11/1944 o Brasil, por ato da Presi-
dência da República (Getúlio - Estado Novo),
criou a CIPA (por decreto conhecido como
Nova Lei de Prevenção de Acidentes).
No Brasil foi adotada, inicialmente, em
empresas com um mínimo de 100 trabalhado-
res.
AS “LEIS” DA CIPA
Desde sua criação, a CIPA teve 5 regula-
mentações, ou seja, passou por 5 modificações
em suas “normas de funcionamento”. Estas
modificações foram em grande parte, resultado
de lutas dos próprios trabalhadores que exi-
giam ampliação do papel e direito dos cipeiros.
Entretanto, poucas conquistas foram colo-
cadas no papel, e se houve realmente algum
avanço, foi fruto de lutas específicas dentro de
cada fábrica.
A seguir resumimos as principais modifica-
ções ocorridas oficialmente nas CIPAs.
Primeira regulamentação:
junho de 1945
(vigorou por 8 anos):
 o trabalhador podia dirigir-se à comissão
“para avisá-la sobre a execução de serviços
perigosos em sua secção ou em outra qualquer;
para sugerir medidas de proteção individual ou
coletiva e para salientar a transgressão de
ordens, regras e regulamentos que visam à
defesa do próprio trabalhador” omite os deveres
específicos do empregador para com a CIPA.
Segunda regulamentação:
novembro de 1953
( pelo ministro do trabalho
João Goulart,
vigorou por 15 anos):
 manteve a obrigatoriedade para empresas a
partir de 100 trabalhadores, porém, recomen-
dava que empresas com menos trabalhadores
“adotassem espontaneamente uma organiza-
ção semelhante à CIPA”.
 instituiu a CIPA central (nos moldes da OIT),
cujos membros pertenciam às CIPAs departa-
mentais.
 a incumbência de apontar riscos de aciden-
tes ficou limitada à secção de trabalho do
empregado.
 determinou que o empregador desse apoio
integral à CIPAe concedesse facilidades para o
desempenho de seus membros; também deter-
minou que os patrões consultassem a comis-
são sobre questões de segurança e higiene da
fábrica.
 o empregador deveria tomar medidas que
estivessem ao seu alcance ou caso contrário
explicar porque não podia atender as recomen-
dações da CIPA.
- 20-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
Terceira regulamentação:
novembro de 1968
(vigorou por 9 anos):
 além de conservar para os empregados o
direito de apresentarem sugestões para a
melhoria das condições de trabalho, com o
objetivo de prevenir acidentes, impôs-lhes o
dever de obedecer às normas, ordens, regula-
mentos, etc., de segurança, e de usar obrigato-
riamente os EPIs.
 mantém a determinação dos patrões darem
apoio, agora “integral”, às CIPAs; deveriam “dar
imediato cumprimento às recomendações da
CIPA”, o que na prática nada mudou.
 revogou a CIPA Central.
 revogou também a recomendação de insta-
lar CIPAs em empresas com menos de 100 tra-
balhadores.
 em linhas gerais, promoveu um afrouxa-
mento na obrigatoriedade de instalação de
CIPAs nas empresas.
 em junho de 1972, durante a vigência desta
regulamentação, foi decretado a criação dos
SESHMT (Serviços Especializados em Segu-
rança, Higiene e Medicina do Trabalho) nas
empresas. Deu aos Serviços Especializados a
incumbência de organizar e supervisionar as
CIPAs, subordinando-as aos mesmos.
Quarta regulamentação:
ag osto de 1977
(durou apenas 11 meses):
 cabia ao empregador “prestigiar a CIPA e
conceder os meios necessários ao bom desem-
penho dos seus componentes”; também cabia
“estudar” as recomendações da CIPA, determi-
nar a adoção das medidas viáveis e manter a
comissão informada quanto ao andamento das
reivindicações.
 o SESHMT deveria dar o parecer em cada
recomendação da CIPA, para posterior estudo
e decisão de viabilidade. Ficaria a cargo do
setor financeiro ou da própria direção da
empresa a decisão sobre o aspecto econômico,
no que se refere à dotação de verbas para exe-
cutar o sugerido.
 passou a ser do empregador a atribuição de
encaminhar à DRT os relatórios sobre as ativi-
dades de segurança de trabalho na empresa.
Os relatórios passaram a ser trimestrais e
anuais, em substituição aos mensais que
tinham de ser encaminhados pela CIPA.
 só nesta regulamentação passou a constar
do texto legal: “compete aos empregados
eleger os seus representantes na CIPA”.
 segundo o Ministério do Trabalho, visava
“atualizar os critérios e as condições mínimas
para a organização e funcionamento das
CIPAs, com uma melhor adequação ao exercí-
cio das suas atribuições, em face do desenvol-
vimento da prevenção de acidentes e do
aumento dos riscos de trabalho”. Estávamos
atravessando um estágio artificialmente criado
por dispositivos legais, e portanto instável. Era
preciso criar a impressão de que as coisas fun-
cionavam.
 reduziu para 50 o número de empregados a
partir do qual a empresa se obrigava a organi-
zar a CIPA.
 omitiu-se completamente quanto às atribui-
ções ou competência dos componentes da
CIPA individualmente, bem como de setores de
atividades da empresa.
Quinta regulamentação:
junho de 1978, revog ou
todas as demais portarias
regulamentadoras de
assuntos de segurança
em vigor na ocasião .
 é a famosa Portaria 3214, que aprovou e
expediu 28 Normas Regulamentadoras, dentre
elas a NR-5, sobre as CIPAs.
- 21-
os deveres dos empregados não foram
alterados.
 deixou de ser necessário o envio do relatório
anual (Anexo II), pois foi suprimido. O relatório
trimestral pode ser enviado pelo correio.
 com relação aos cursos para cipeiros o texto
passou a ser mais enérgico, a carga mínima
passou de 10 para 18 horas, podendo ser
ministrado pelo SESHMT ou entidades exter-
nas credenciadas.
Conforme podemos observar, as modifica-
ções ocorridas nas CIPAs não resolveram o
principal problema que era atribuir direitos aos
cipeiros eleitos para que pudessem analisar e
discutir com outros trabalhadores os proble-
mas existentes no chão da fábrica. Ao invés
disto, até hoje existem empresas que punem
com advertências e demissões os “cipeiros
mais atuantes” e, quando
os trabalhadores questio-
nam, amparados por essas
normas e regulamentações,
os patrões tentam demons-
trar que os representantes
não cumpriram suas atribui-
ções.
Mas, afinal, como definir
o papel e atribuições dos
cipeiros, quando a própria
legislação é vaga e permite
interpretações diferentes ?
O resultado disto pode
ser notado na vida dos tra-
balhadores. O Brasil ainda é
recordista em acidentes e
doenças no trabalho e o
meio ambiente é diaria-
mente agredido pela polui-
ção causada pelas empre-
sas.
Em realidade, as CIPAs
são comissões formais,
eleitas apenas para cumprir
uma legislação atrasada e inadequada para a
realidade dos trabalhadores brasileiros e é pre-
ciso mudar.
A PROPOSTA DOS
METALÚRGICOS
A legislação sobre a estrutura e a organiza-
ção das CIPAs não tem sido suficiente para
acompanhar as mudanças nas relações de tra-
balho. Para que o trabalhador realmente possa
discutir e encaminhar os problemas relacio-
nados às condições de trabalho, saúde e meio
ambiente, é necessário que exista autonomia e
liberdade dentro das empresas. Isso, só será
possível quando conquistarmos comissões
livres e autônomas, compostas apenas por tra-
balhadores eleitos, que possam negociar as
“leis” (estatutos) de funcio-
namento destas Comissões,
como já ocorre com as
Comissões de Fábrica.
Estas comissões, já nego-
ciadas em algumas empre-
sas, seriam as Comissões
de Condições de Trabalho,
Saúde e Meio Ambiente.
COMISSÃO DE
CONDIÇÕES
DE TRABALHO,
SAÚDE E MEIO
AMBIENTE
Apresentamos, a seguir,
a título de ilustração e orien-
tação, comentários gerais
sobre o que achamos impor-
tante para as negociações e
confecções de estatutos de
uma Comissão de Condi-
ções de Trabalho, Saúde e
Meio Ambiente:
-22-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
Os representantes a serem eleitos para
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes -
C.I.P.A, mandato ano/ano, serão considerados
membros natos da Comissão de Condições de
Trabalho, Saúde e Meio Ambiente, e a eles
serão conferidas, além das atribuições legais
da C.I.P.A, as atribuições abaixo relacionadas:
 Zelar pelo efetivo cumprimento das normas
sobre Medicina e Engenharia de Segurança no
Trabalho previstas na legislação.
 Acompanhar e analisar a multicausalidade
dos acidentes no trabalho conforme o método
de Árvore de Causas;
 Receber informações antecipadas, acompa-
nhar e promover o estudo dos impactos provo-
cados por qualquer alteração no processo de
produção que venha a ser sugerido pela
Empresa;
 Identificar e/ou monitorar os impactos decor-
rentes da organização da produção e do traba-
lho, bem como aqueles decorrentes de inova-
ções tecnológicas e organizacionais;
 Participar e ter acesso prévio às propostas
de conteúdo dos cursos e/ou seminários sobre
Medicina e Engenharia de Segurança no Traba-
lho, que forem ministrados aos empregados na
Empresa.
 Apresentar propostas, acompanhar a implan-
tação e monitorar medidas que eliminem ou
reduzam os impactos ambientais internos e
externos decorrentes das atividades desenvol-
vidas pela Empresa;
- Ser informada periodicamente, e por escrito,
das avaliações sobre o ambiente de trabalho,
bem como ter acesso às estatísticas de Aciden-
tes no Trabalho e Doenças Profissionais, reali-
zadas pela empresa;
 Acompanhar, inclusive com apoio dos técni-
cos do Sindicato, quando julgar necessário, as
avaliações sobre o ambiente de trabalho, pre-
vistas no item 1.7 acima discriminado;
 Garantir o acesso dos trabalhadores aos
resultados dos exames médicos admissionais,
periódicos, de mudança de função e demissio-
nais, bem como garantir aos técnicos do Sindi-
cato acesso ao resultado destes exames e
demais exames complementares;
 Acompanhar a implantação de medidas con-
tratadas entre a Empresa e terceiros que
tenham reflexos sobre o ambiente e condições
de trabalho, inclusive no tocante a prestação de
serviços através de mão-de-obra temporária
e/ou de terceiros;
 Representar todos os trabalhadores que labo-
rem no ambiente de trabalho da Empresa inde-
pendentemente da sua forma de contratação;
 Convocar, sempre que julgar necessário,
assembléia junto aos trabalhadores repre-
sentados;
 Apresentar propostas e reivindicar medidas
que viabilizem a melhoria do ambiente de traba-
lho;
 A Presidência e demais cargos da Comis-
são Interna de Prevenção de Acidentes e da
Comissão Instituída, serão escolhidos inter-
namente entre os representantes eleitos e
formalizados à Direção da Empresa na pri-
meira reunião ordinária realizada após à
posse da comissão;
 A fim de dar cumprimento à legislação refe-
rente à C.I.P.A, Empresa e Sindicato convalida-
rão, 12 (doze) meses após o pleito eleitoral, o
resultado da eleição, de modo que o mandato
da C.C.T.S.M.Aseja de 2 (dois) anos ININTER-
RUPTOS;
 Fica assegurada aos representantes eleitos
estabilidade no emprego, desde a aceitação de
suas candidaturas pela Comissão Eleitoral, até
12 (doze) meses após o término do mandato.
 A estabilidade dos candidatos não eleitos
cessará 6(seis) meses após a publicação dos
resultados eleitorais.
Afim de darem pleno cumprimento a todas
as tarefas decorrentes do mandato, os repre-
sentantes ficarão integralmente liberados do
cumprimento da jornada de trabalho e gozarão
-23 -
da garantia de livre circulação pelo local de tra-
balho/empresa.
É sob a óptica de melhor conhecer o mundo
do trabalho, e ter sobre ele domínio, visando
cidadania e determinação dos caminhos que
queremos seguir e do tipo de sociedade que
almejamos construir, que se inserem as lutas
por organização nas empresas.
É sob essa mesma perspectiva que uma
nova organização sindical, que privilegie o tra-
balho de base e a luta por melhores condições
de trabalho, saúde e meio ambiente, deve se
erguer. Nessa direção e sentido, no contexto
apresentado, o leque de transformações pro-
postas passa, também, pelo fortalecimento das
já existentes organizações de base e pela
implantação de representações sindicais nas
empresas, os chamados “Comitês Sindicais de
Base”.
“Acima de todas coisas,a espe -
rança e a vontade de ver , fazer e
viver um mundo melhor”.
- 24-
Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
- 25-
- 26-
EXECUTIVA NACIONAL DACUT - 1997/2000
Presidente: Vicente Paulo da Silva. Vice-presidente: João Vaccari Neto.
Secretário Geral: João Antonio Felicio. 1º Secretário: José Jairo Cabral.
Tesoureiro: Remigio Todeschini. 1º Tesoureiro: Antonio Carlos Spis.
Secretário de Relações Internacionais: Kjeld Jakobsen. Secretário de
Política Sindica: Jorge Luiz Martins. Secretário de Formação: Altemir
Tortelli. Secretária de Comunicação: Sandra Cabral. Secretário de
Políticas Sociais:Pascoal Carneiro. Secretário de organização:
Marcelo Sereno.Diretoria Executiva: Gilda Almeida, José Maria de
Almeida, Júlio Turra, Júnia Gouvea, Lujan Miranda, Luzia Fati, Mônica
Valente, Paulo Coutinho, Pedro Ivo Batista, Rafael Freire Neto, Rita de
Cássia Evaristo, Silvana Klein, Wagner Gomes. Suplentes: David Zaia,
Maria Ednalva B. de Lima, Francisco Alano, Zenóbio José da Silva,
Sebastião Gazito, Sebastião Lopes Neto, Aloísio Sérgio Barroso.
CENTRALÚNICADOS TRABALHADORES
Rua Caetano Pinto, 575 - Brás - CEP03041-000 - São Paulo - SP- BRASIL
Tel.: (0XX11) 3272 9411 - Fax: 3272 9610
Homepage: www.cut.org.br - E-mail: executiva@cut.org.br
Rua Caetano Pinto, 575 - Brás
São Paulo - CEP 03041-000
Tel.: (0XX11) 3272 9411
ramais: 153 e 291
Fax: (0XX11) 3272 9610
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Diretor responsável
Remigio Todeschini
EQUIPE TÉCNICA
Coordenador executivo
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Consultor técnico
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Assessores técnicos
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Luiz Humberto Sivieri
EQUIPE DE FORMAÇÃO
Escola São Paulo
São Paulo/SP
Escola Sul
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Escola Sete de Outubro
Belo Horizonte/MG
Escola Centro Oeste
Goiânia/GO
Escola Marise Paiva de Moraes
Recife/PE
Escola Amazonas
Belém/PA
Escola Chico Mendes
Porto Velho/RO
Capa
Marco Godoy
Projeto gráfico e diagramação
PIXEL Comunicação e Design
Fotolito
Kingpress
Impressão
Kingraf - gráfica e editora
JUNHO 2000

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Riscos à saúde do trabalhador metalúrgico

  • 1. Ao longo da história, os trabalhadores vêm travando inúmeras lutas contra as injustiças pratica - das em seu ambiente profissional.A cada período, temos nos defrontado com mudanças significati - vas nas relações de trabalho, tanto por determinação das empresas quanto por interferência dos governos. Somente nas últimas décadas, os avanços tecnológicos e as alterações nos processos produtivos e nas formas de organização do trabalho obrigaram a classe trabalhadora a repensar a sua atuação sindical e buscar novas formas de ação para que esta luta tenha mais consistência e traga resultados positivos. Atingir estes objetivos passa necessariamente pelo acesso à informação. Sem isso, a classe tra - balhadora jamais conseguirá lutar por um sistema democrático de relações de trabalho. É a partir da informação que os trabalhadores poderão capacitar-se para lutar contra os abusos das empresas, desde o descumprimento de leis e acordos coletivos até as condições inseguras de trabalho que colocam em risco a sua saúde e a sua vida. É fundamental nesta luta a nossa intervenção no processo produtivo, compreendendo a fundo as novas formas de organização no trabalho e superando a precariedade dos nossos conhecimentos. Com esta publicação – que faz parte de uma coleção de 14 volumes que apresentam subsídios a vários ramos profissionais –, queremos contribuir com os nossos sindicatos e com os trabalhado - res que representamos para que seja possível inverter a lógica que tem marcado as relações de tra - balho até o momento. Neste caderno, procuramos identificar os principais riscos a que estão sujei - tos os metalúrgicos no seu dia-a-dia e apontar o caminho que o movimento sindical deve trilhar para garantir a dignidade no trabalho. Dois passos são fundamentais para seguirmos neste caminho: o mapeamento constante dos locais de trabalho, como forma de compreender a lógica dos processos de produção; e a luta pela organização em cada local de trabalho, cujo embrião pode ser a transformação das atuais CIPAs em Comissões de Trabalho, Saúde e Meio Ambiente e a construção de Comitês Sindicais por Empresa. Somente com isso poderemos desenvolver uma ação efetiva de base, tendo domínio sobre o mundo do trabalho, e nos habilitarmos para construir, de fato, relações de trabalho democráticas e justas. Mais que isso, enraizados na base, os sindicatos poderão também ampliar a consciência dos trabalhadores para a sua luta como cidadãos, em busca de uma sociedade solidária e sem desigualdades. Apresentação Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro Presidente do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos da CUT e da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT Remigio Todeschini Executiva Nacional da CUT e Coordenador do Coletivo Nacional de Saúde no Trabalho e Meio Ambiente
  • 2. Nilton Teixeira Médico do Trabalho, Ergonomista, Pós-graduado em Administração de Recursos Humanos. Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 3. Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico - 4 - INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .05 INTERVIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .06 MAPEANDO RISCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 PRODUTOS QUÍMICOS: METAIS E OUTROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 OUTRAS SUBSTÂNICAS USADAS NAINDÚSTRIAMETALÚRGICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 PERIGO DE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 HIGIENE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 CALOR E FRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 RITMO DE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 OS ACIDENTES E AS DOENÇAS NO TRABALHO, COMO ANALISAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 CONHECER TRABALHO E PRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 O MAPEAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 A PORTA DE ENTRADA: AS CIPAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 UM POUCO DE HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 AS “LEIS” DACIPA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 A PROPOSTA DOS METALÚRGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 COMISSÃO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 Índice
  • 4. INTRODUÇÃO A descoberta da máquina à vapor, por volta de 1760, tem sido considerada um marco revo- lucionário do desenvolvimento industrial. A partir desta época, o mundo passou a assistir profundas e ininterruptas transformações de ordem científico-tecnológica e sociais. A produção de bens de consumo, até então realizada de modo artesanal, feita individual- mente ou de modo familiar, se dava em pequena escala. As ferramentas utilizadas eram manuais e, geralmente, construídas pelos próprios trabalhadores, e o trabalho era pen- sado e executado pela mesma pessoa. Com a introdução das máquinas e o surgi- mento das fábricas, a produção passa, gradati- vamente, a ser realizada em série visando aten- der um mercado cada vez maior. O trabalho, sua realização e forma de executá-lo sofrem transformações necessárias para contemplar os objetivos da nova classe em expansão: os donos das fábricas (os empresários) que, prio- ritariamente, concentram suas atenções e inte- resses no como extrair o máximo de rendi- mento do trabalho humano em troca de salário. Em função disso, a forma de pensar, organi- zar e gerenciar o trabalho – transferida ao longo dos anos para os donos das fábricas - e o pro- cesso capitalista de produção têm passado por diversas modificações que, aliadas ao desen- volvimento tecnológico e à informatização de processos, apontam para uma tendência cada vez maior de concentração das informações sob domínio das empresas e exclusão de tra- balhadores. Estas modificações têm acontecido rapida- mente e atingem vários países e setores de ati- vidades, despertando no movimento sindical a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre as estratégias de organização do traba- lho e da produção e das consequências dessas transformações para os trabalhadores, princi- palmente nos aspectos relacionados às condi- ções de trabalho e saúde, para o meio ambiente e sociedade em geral. Nesse sentido, entender para onde cami- nha o trabalho, hoje, torna necessário que rea- lizemos uma análise do mesmo e para enten- dermos de que maneira o trabalho pode trazer consequências desastrosas para os trabalha- dores, meio ambiente e sociedade, é necessá- rio fazermos uma reflexão sobre o papel desempenhado pelo trabalho no processo capi- talista. Estabelece-se, desse modo, uma lógica de acumulação de riquezas que, na maioria das vezes, não comporta pensamentos românticos como preservação da natureza ou trabalho mais humano. Mesmo a introdução de robótica e de sistemas automatizados, ainda que alguns defendam que isso retira o homem do centro das atividades perigosas e insalubres, iniciati- vas que deveriam proporcionar aos trabalhado- res redução de jornada de trabalho, saúde e melhoria da qualidade de vida, com mais tempo livre para o lazer, estudo e outras atividades- são realizadas em função de expectativas de ganhos significativos de produtividade, tão somente. No sistema capitalista, modo geral, tanto o trabalhador como as matas e florestas, os rios ou praias são tratados como mercadorias. Por- tanto, uma vez empregado, o trabalhador passa a executar trabalho dentro da lógica e interes- ses das empresas, submetendo-se às condi- ções de trabalho (ritmo, jornada, turnos, salá- rios, ambiente insalubre e perigoso, entre outros ), novas formas de organização da pro- dução e do próprio trabalho por elas determina- das. Desse modo, e atendendo às necessidades empresariais, surgiram e continuam surgindo “escolas de pensamento” que buscam aprimo- rar, cada vez mais, as formas de aumentar as riquezas e o controle sobre elas, geradas pela -5 -
  • 5. exploração do trabalho humano ou do trabalho realizado por máquinas. Foi assim que, a partir de 1900, foram sendo desenvolvidas teorias e práticas como o Taylorismo, o Fordismo, o Toyotismo, os demais “métodos japoneses” e os Grupos Semi-autônomos, estratégias de produção, que sob controle das empresas, visam, entre motivos diversos e várias expecta- tivas, aumentar a produtividade, reduzir os custos da produção, envolver o trabalhador e minimizar a atuação do movimento sindical. Enfim, o trabalho não pode ser visto como atividade individual e desvinculada da socie- dade. Acima de tudo, o trabalho é uma ativi- dade humana e social. Apresenta, portanto, características, construídas historicamente, que se relacionam com a própria evolução da socie- dade e com as formas de controle e distribuição do poder. Nesse contexto, decorrente na quase que absoluta maioria das vezes do modo como estão organizados trabalho e produção, a força de trabalho físico e intelectual, enquanto mer- cadoria adquirida pelas empresas, que buscam extrair o máximo de produtividade possível do trabalhador, tende a se deteriorar colocando o ser humano como alvo dos impactos sobre a saúde e vítima de acidentes. INTERVIR O movimento sindical tem procurado desen- volver, em vários países, formas de analisar e intervir na organização do trabalho e da produ- ção, visando neutralizar suas consequências sobre os trabalhadores e sobre a organização sindical. A primeira coisa a fazer é ter consciência de como o trabalho se organiza na sociedade e, a partir disto, tentarmos construir uma alterna- tiva própria, enquanto classe trabalhadora, que aponte para a interferência e posteriormente para um mínimo possível e necessário controle do trabalho e da produção. Ou seja, resgatando a capacidade de pensar e organizar a produção e o trabalho, determinando o conjunto de condi- ções que queremos ter na sua realização. Portanto, não podemos perder de vista que o trabalho não se realiza de forma isolada, mas que ele está inserido dentro de um processo que, por sua vez, compõe uma cadeia produ- tiva (ou cadeia de produção), ocupando um lugar dentro das atividades econômicas e sociais do país. Assim, é possível dizer que a formação, a capacitação, o conhecimento técnico e o acesso à informação são nossas principais fer- ramentas de luta. Necessitamos ampliar nossos conhecimentos sobre os diferentes modelos de organização produtiva e do traba- lho, superando a superficialidade de nossos conhecimentos e a precariedade das informa- ções. É preciso mapear constantemente os locais de trabalho. Estas informações são essenciais nas mesas de negociações e podem significar conquistas concretas das reivindica- ções da categoria e do movimento sindical como um todo. Nesse sentido, nossa proposta sindical deve apontar para uma perspectiva de classe, horizontalizar o conhecimento, desverticalizar as estruturas de poder. Entre muitas outras coisas, o mapeamento pode significar a dife- rença entre a sobrevivência de classe e a sucumbência. Nessa perspectiva, inserem-se a transformação das CIPAs em Comissões de Condições de Trabalho, Saúde e Meio Ambiente; a constituição dos Grupos de Fábrica e a conquista de novas Comissões e Delegados Sindicais. Em síntese: Alterar as condições de trabalho pressupõe, portanto, qualificação da nossa organização e capacidade de intervir nas formas de organiza- ção do trabalho e produção, visando, entre outros, contratar as modificações desta organi- zação a partir dos interesses dos trabalhadores. - 6- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 6. Para isso, torna-se necessário desenvolver- mos um método de investigação que possibilite ampliar nosso leque de informações sobre o trabalho e sua execução, sobre o processo pro- dutivo e o conceito de cadeia produtiva. Algumas iniciativas de mapeamento tem sido objeto de trabalho por parte do movimento sindical. MAPEANDO RISCOS A análise parte da definição do ambiente de trabalho, entendido como sendo o conjunto das condições de produção, ou o local onde ocorre o processo de produção e busca analisar os “fatores de riscos” que possam existir neste ambiente e, conseqüentemente, possam agre- dir os trabalhadores e/ou o meio ambiente. A investigação dos riscos é feita pelos tra- balhadores, através de grupos homogêneos (trabalhadores expostos aos mesmos riscos) e a indicação do problema depende do consenso do pró- prio grupo, ou seja, é consi- derado um risco presente se a maioria menciona a sua existência. Os fatores de risco são agrupados em quatro grupos diferentes: 1) luz, barulho, temperatura, venti- lação e umidade; 2) poei- ras, gases, vapores e fuma- ças; 3) fadiga derivada do esforço físico e 4) inclui o resto dos fatores que causam fadiga: ritmo de tra- balho, monotonia, repetitivi- dade, posições incomodas, tensão nervosa e a respon- sabilidade inadequada. Para facilitar a análise das condições de trabalho, o modelo adota a representação gráfica dos riscos, através da confecção do “mapa de riscos”. Este mapa consiste na indi- cação dos riscos identificados por círculos de tamanhos e cores diferentes que possibilitem aos trabalhadores visualizar a localização dos riscos na fábrica e a gravidade dos mesmos. Ametodologia do mapeamento de riscos está detalhada na publicação do INST/CUT, “Saúde, Meio Ambiente e Condições de Tra- balho – Conteúdos Básicos para uma Ação Sindical”. Contudo, deve-se levar em conta que a análise de riscos pode apenas superficializar a questão central que é a discussão do trabalho, priorizando, na quase que absoluta maioria das vezes a observação dos efeitos já previstos pelo conhecimento científico em poder dos empresários, desde a fase de desenvolvimento de projetos. Exemplos: Silicose em empresas ceramistas; intoxicação por benzeno em indústrias químicas; surdez em estamparias metalúr- gicas; Lesões por Esfor- ços Repetitivos em linhas de montagem e digitação, entre outros. Assim, e após estas considerações prévias, algumas informações sobre os principais mate- riais, substâncias, movi- mentos, máquinas, equi- pamentos e ciclos de tra- balho, bem como propostas mais imediatas de solução dos problemas, são neces- sárias, a fim de não se correr o ìrisco” de minimizar a poten- cialidade agressiva destas varáveis. -7 -
  • 7. Ruído O ruído atinge nosso organismo através de “ondas de energia” que não vemos mas perce- bemos através da audição e, às vezes, através de vibração no corpo. Além de afetar direta- mente o ouvido, provocando perda irreversível da audição, pode acarretar também outros pro- blemas graves à nossa saúde. O quê fazer ? Por se tratar de problema de grandes dimensões, estar presente em todas as áreas da empresa e apresentar diversas causas de origem, o ideal é se estabelecer um PROGRAMA DE COMBATE AO RUÍDO. Desse modo, é necessário uma análise em cada posto de trabalho, e, a partir disto, se implementar medidas de controle como por exemplo: troca de ferramentas (pneumáticas), uso de silencia- dores, enclausuramento de máquinas, instala- ção de barreiras absorventes, mudanças em lay-out, mudanças em processos de trabalho, entre outros. Informações mais detalhadas podem ser obtidas na publicação sobre “Riscos do Ruído à Saúde”, da série Cadernos de Saúde do Traba- lhador do INST/CUT. Ergonomia A ERGONOMIA trata da adaptação das máquinas, equipamentos e ferramentas ao tra- balhador, visando aumentar o conforto, e elimi- nar movimentos repetitivos e esforços desne- cessários à execução do trabalho. Os problemas relacionados a Ergonomia estão presentes em quase todos os setores das empresas pois, na prática e salvo exceções, as empresas não se dispõe a investir em métodos e desenvolvimento de projetos ergonômicos no Brasil, ao menos, até o presente momento. O quê fazer ? Análise dos movimentos e esforços nas tarefas, reorganização dos postos de trabalho (lay-out), substituição de ferramen- tas e equipamentos, diminuição do ritmo e inclusão de pausas para descanso dentro da jornada de trabalho são necessárias, além, fun- damentalmente, da participação dos trabalha- dores e técnicos dos sindicatos na concepção, desenvolvimento e implantação de novas plan- tas e novos projetos. Espaço físico Para aumentar a produção as empresas aproveitam o espaço físico da fábrica agru- pando o maior número possível de máquinas. Este agrupamento é uma forma de acelerar o ritmo de trabalho e evitar perda de tempo entre as várias operações. Isso, além de desconforto e poluição visual , aumenta o calor ambiente e o nível de ruído causado pela concentração das fontes geradoras. É também responsável pelo aumento de cansaço e de acidentes no traba- lho. O quê fazer ? Devem ser feitas ampliações dos locais de trabalho e mudanças no lay-out, a partir de estudos e discussões com os trabalha- dores. Fumaça A fumaça é a presença de partículas em suspensão no ar decorrente da queima de determinadas substâncias. Sua toxicidade varia de acordo com o tipo de substância que a pro- duziu . Pode afetar os trabalhadores de formas diferentes , provocando desde uma simples sensação de sufocamento, que desaparece rapidamente quando levamos a pessoa afetada para um ambiente ventilado, até intoxicações graves quando as substâncias tóxicas presen- tes na fumaça atingem os pulmões e caem na corrente sanguínea. A fumaça, em contato com a pele ,olhos, boca e nariz , pode provocar alergias e irrita- ções. - 8- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 8. O quê fazer ? Este problema pode ser ame- nizado, por exemplo, com a instalação e melho- ria dos sistemas de exaustão nos postos de tra- balho. Iluminação A iluminação inadequada nos postos de tra- balho pode acarretar problemas aos trabalha- dores. Quando a quantidade de luz é insufi- ciente causa maior cansaço visual e mental, fadiga , insônia, dores de cabeça. A luminosi- dade excessiva também é prejudicial e além dos sintomas já mencionados pode provocar irritação nos olhos, lacrimejamento, e irritabili- dade nervosa. O quê fazer ? A avaliação dos níveis de ilu- minância e adequação aos mesmos em cada posto de trabalho se faz necessária. PRODUTOS QUÍMICOS: METAIS E OUTROS Em geral, chamamos de “produtos quími- cos” aquelas substâncias que não estão pre- sentes na natureza, ou seja , são artificiais (fabricadas), e se encontram na forma de gases, líquidos, pastas, pós, graxas, óleos, etc. Estes produtos são utilizados largamente nos processos industriais para limpeza, prote- ção e lavagem de peças ou como solventes e catalisadores em pintura. Além disso, podem se originar como “restos”de processos de galva- noplastia (gases, vapores e borras) ou de sol- dagem ( gases, vapores) . Estas substâncias de cheiro e gosto estra- nhos, podem se apresentar frias ou quentes e causar irritações na pele, nos olhos, nariz e gar- ganta. Estes sinais e sintomas funcionam como alerta para nosso organismo, da presença de algum produto prejudicial a nossa saúde e, com o passar do tempo, podem ocasionar doenças graves nos pulmões, fígado, rins, olhos, sis- tema nervoso. Por se apresentarem como elementos “mascarados”, pouco lembrados e, às vezes, omitidos nos processos industriais metalúrgi- cos, normalmente pouca atenção se tem dado às substâncias e às consequências do seu uso. Nesse sentido, apresentamos abaixo uma lista dos principais produtos utilizados na meta- lurgia e as consequências do seu uso. Bário, do ponto de vista da saúde ocupacio- nal, interessa-nos os compostos de bário, já que o metal bário, em si mesmo, tem uso limi- tado. Utilizado em ligas para manufatura de graxeiras, principalmente, atinge o organismo através da inalação e ingestão. O pó fino dos compostos insolúveis de bário (sulfato bárico ou baritina), se inalados, podem provocar pneumoconiose. As pneumoconioses são alterações produzidas nos pulmões pela inalação de poeiras orgânicas ou inorgânicas. Os compostos solúveis do bário podem causar irritação dos olhos, nariz, garganta, pele, irritação da pele e das mucosas. O enve- nenamento com bário produz vômitos, cólicas intestinais, diarréias, tremores, convulsões, hemorragia e paralisia muscular. Cádmio, metal semelhante ao zinco, extre- mamente maleável, na natureza aparece sempre combinado a outros metais.É utilizado na galvanização de outros metais para evitar a corrosão e facilitar o processo de soldadura de peças de motores. Atualmente tem sido larga- mente utilizado na fabricação de baterias de cádmio-níquel de telefones celulares. A inalação, seguida de ingestão, são os caminhos de entrada no organismo. A exposi- ção durante os processos de fundição e refino de minerais de zinco, chumbo e cobre que contêm cádmio e a pulverização de pigmentos contendo cádmio, além de operações de solda- duras, liberam fumaça e pó de cádmio, além de compostos muito tóxicos que afetam, inicial- - 9 -
  • 9. mente, vias respiratórias e pulmões provo- cando, principalmente, pneumonia, edemas pulmonares, enfisema pulmonar, câncer e mal formações fetais, dependendo do tempo de exposição. Na intoxicação crônica é comum o aparecimento de um anel amarelado nos dentes, além da perda do olfato e dificuldade respiraratória. Chumbo, encontra-se presente em grande variedade de ligas e compostos, sendo ampla- mente utilizado em diversas indústrias. Usado nas baterias automotivas e como base de muitas pinturas e vernizes, tubulações, muni- ções e em banhos de chumbo. A principal via de entrada do chumbo no organismo humano é a via respiratória. Dos pul- mões o chumbo passa para o sangue. O grau de absorção dependerá da proporção da quanti- dade do pó respirável, do tempo de exposição e do tipo de trabalho (pesado ou leve). Quanto mais pesado o trabalho, maior a quantidade de pó respirada e, portanto, maiores danos à saúde. Os casos mais comuns de intoxicação pelo chumbo, na indústria, sempre se acompanham de efeitos precoces sobre os locais de forma- ção de sangue no organismo (medula óssea). O chumbo encurta a vida dos eritrócitos (glóbu- los vermelhos do sangue) e dificultam a produ- ção de hemoglobina (pigmento que transporta o oxigênio para os tecidos causando anemia e cianose. O chumbo pode causar, ainda, lesões nervosas e renais, além de abortos e mal for- mações fetais. Os sintomas mais importantes são a dimi- nuição da capacidade física, fadiga, alterações do sono, dores de cabeça, dores articulares, dores musculares, prisão de ventre e perda de apetite. Sinais como palidez e o aparecimento de uma linha azulada nas gengivas dos dentes apontam para intoxicação por chumbo. Nos estados mais graves de intoxicação, podem aparecer cólicas abdominais intensas, vômitos, paralisias, convulsões, seguidas de morte. Cobre, o cobre é amplamente utilizado na indústria elétrica ( aproximadamente 70% ) e na fabricação de ligas metálicas como o latão (cobre e zinco), bronze (cobre, zinco e esta- nho), alumínio bronzeado (cobre e alumínio) e cobre-níquel, entre outros, por ser excelente condutor de calor e de eletricidade. Alguns compostos de cobre (acetato, óxidos e sulfa- tos), são também utilizados em vernizes de óleo linhaça e como pigmentos ou corantes em tintas para pinturas. A maioria destes compos- tos apresentam coloração azul. A inalação constante e prolongada da fumaça, poeira ou neblina contendo sais de cobre, pode causar irritação das vias respirató- rias superiores, chegando até a perfurar o septo nasal. Pode também promover alterações da pigmentação da pele e do cabelo. Se ingerido pode causar lesões no esôfago, estômago, intestinos e nos rins provocando náuseas, vômi- tos, diarréias, hemorragias e transtornos renais. Cromo, o cromo é um metal que se apre- senta na natureza sempre combinado ao Oxi- gênio dando origem aos chamados “cromatos”, entre outros. O uso mais destacado do cromo puro ocorre nos processos de galvanoplastia ou cro- magem de peças de automóveis e equipamen- tos elétricos. Também é muito utilizado em ligas com ferro e níquel para a fabricação do aço ino- xidável e, com níquel, titânio, nióbio, cobalto, cobre e outros metais, para fabricar ligas com fins específicos, pilhas elétricas e pigmentos. A inalação de poeiras, fumaças e névoas liberadas na utilização destes produtos e sub- produtos do cromo durante, por exemplo, os trabalhos de galvanoplastia e revestimentos de metais, e o contato da pele e mucosas com os compostos de cromo, sob a forma de cromatos, são geralmente responsáveis pelo apareci- mento de dermatites, ulcerações na pele, perfu- ração do septo nasal e comprometimento do aparelho respiratório. A inalação de poeiras ou -10 - Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 10. névoas contendo cromatos produz tosse, falta de ar, dores de cabeça e no peito. A exposição prolongada ao cromo, bicromatos, pode causar câncer no pulmão dos trabalhadores. Estanho, o estanho é um metal que se reveste de grande importância na metalurgia. Maleável em condições normais de tempera- tura, mistura-se facilmente com outros metais, formando ligas. É responsável pelo branquea- mento do ferro nos processos de formação da chamada “prata de estanho”. Estanho-metálico é largamente utilizado na fabricação de ligas como, e principal- mente, o bronze industrial, usado, entre outras finalidades, na manufatura de alambi- ques para destilação. A inalação de pó de óxido de estanho pode provocar pneumoconiose. As ligas de estanho, processadas sob altas temperaturas, como por exemplo, com o chumbo, zinco e manganês, são prejudiciais à saúde em função das carac- terísticas destes metais. A absorção e/ou inalação de certos com- postos orgânicos contendo estanho são alta- mente tóxicos, produzindo lesões no fígado e vias biliares, sistema nervoso central, pulmões, olhos e pele promovendo o aparecimento de dermatites, coceiras intensas e queimaduras na pele, tosse e falta de ar e distúrbios digestivos quando ingeridos. Ferro, os compostos de ferro mais importan- tes utilizados na indústria são os óxidos e o carbo- nato dos quais são extraídos o ferro. As ligas metálicas mais significativas e de maior valor comercial são o aço ( composto de ferro e car- bono ), o ferromanganês, ferrosilício e ferrocromo. O ferro e o aço têm inúmeras utilidades nas indústrias do complexo automotivo, nas indús- trias dos setores naval e aeroespacial, nas manufaturas metálicas, da construção civil, entre outras. A inalação da fumaça ou de pó de óxido de ferro pode produzir uma pneumoconiose cha- mada siderose. É sempre bom lembrar que durante as operações de extração do metal do minério nas indústrias de mineração, existe a liberação de poeira de sílica no processo, que dependendo da quantidade, pode ocasionar um outro tipo de pneumoconiose chamada silicose. Magnésio, o magnésio encontra-se geral- mente sob a forma de depósitos minerais com a dolomita e a magnesita, entre outros, não se apresentando puro na natureza. Também pode- mos encontrá-lo no talco e no amianto, sob a forma de silicato. Utilizado na fabricação de ligas com manga- nês, zinco e alumínio com o objetivo de aumen- tar a resistência aos esforços e o grau de dureza dos materiais. As ligas de magnésio e lítio, magnésio-cério e magnésio-fório, são utili- zadas para componentes de aviões, barcos, automóveis e ferramentas manuais, equipa- mentos militares, fogos de artifício e de lâmpa- das de flash. O produto da reação entre oxigê- nio e magnésio, chamado óxido de magnésio, tem sido utilizado na indústria cerâmica como revestimento de produtos refratários. As fumaças de óxido de magnésio podem provocar a “febre das fumaças metálicas”, quei- maduras de pele, irritação dos olhos, nariz, gar- ganta, além de alterações musculares difusas. Apresenta alta capacidade de se incendiar podendo causar lesões profundas à pele, prin- cipalmente nas operações de afiação de ferra- mentas utilizando-se esmerís após polimento de peças contendo ligas de magnésio. Mercúrio, as aplicações mais importantes do mercúrio e de seus compostos inorgânicos podem ser encontradas na metalurgia, na fabri- cação de termômetros, manômetros, na purifi- cação dos minerais de ouro e prata, na manufa- tura de amálgamas utilizadas na odontologia, na fabricação e reparação de aparelhos de medidas e de laboratórios, na fabricação de lâmpadas incandescentes, em baterias e retifi- cadores. -11-
  • 11. A principal porta de entrada do mercúrio no organismo tem sido as vias respiratórias. Parte do mercúrio introduzido no organismo fica retido no sangue, fígado, intestinos, rins, teci- dos nervosos, cabelos e unhas. Parte se eli- mina principalmente pela urina, fezes e leite materno, podendo comprometer a criança que se amamenta no peito, além de aborto, mal for- mação nos fetos de mães contaminadas. O mercúrio e seus compostos inorgânicos podem causar também dermatites, transtornos da visão, gengivites e faringites. Muitos de seus compostos podem provocar incêndio e explo- sões, como por exemplo o oxicianeto de mercú- rio. A intoxicação por mercúrio ou a seus com- postos inorgânicos, geralmente crônica, pode manifestar-se de modo agudo por inalação de vapores de mercúrio, ocasionando estomatites, gengivites e inflamações da faringe. Na intoxicação crônica predominam os sin- tomas digestivos e nervosos. Os principais sin- tomas iniciais e precoces são: leves alterações digestivas, falta de apetite e alterações no sis- tema nervoso, tais como: tremores, nervosismo e histeria. Manganês, metal muito abundante na natu- reza, cinza, nunca se manifesta puro. O princi- pal emprego do manganês se dá na indústria siderúrgica, Na indústria metalúrgica o manga- nês é usado na obtenção de gusa, ferro-ligas (ferro-manganês, sílico-manganês, escória ou sucata). Na indústria elétrica é empregado na fabricação de pilhas secas, como agente des- polarizante. Na indústria química é empregado como corante ou descorante do vidro. O manganês penetra no organismo humano pelos pulmões, principalmente, mas também é absorvido pelo sistema digestivo e pele. Na mineração, o trabalho de perfuração de rochas com o ar comprimido, expõe trabalhado- res a altas concentrações de pós muito finos. Na siderurgia as fumaças liberadas durante a fusão do minério de manganês são extrema- mente tóxicas. O manganês ganha as vias circulatórias, acumulando-se no sangue e, ao atingir uma determinada concentração, passa a depositar- se na maioria dos órgãos do corpo, particular- mente nos pulmões, fígado, baço e cérebro. Alterações de comportamento manifestas por euforia ou depressões, da fala, do andar, dos desejos, entre outros, são comuns no período inicial da doença que, apesar do traba- lhador ter consciência destas alterações em seu comportamento, não consegue controlá- las. Dores musculares, falta de apetite, dores de cabeça, esquecimento, gosto metálico na boca, alucinações, também podem estar pre- sentes. Níquel, utilizado principalmente em ligas com o aço para maquinaria pesada, automó- veis e componentes elétricos; com o cobre nas indústrias elétricas. Como catalisador, em banhos eletrolíticos de niquelagem e na fabrica- ção de acumuladores, além de entrar na com- posição de várias outras ligas metálicas e até na fabricação de utensílios para cozinha. As lesões cutâneas podem ocasionar der- matite e é frequente entre os trabalhadores expostos ao níquel. Na população em geral, o contato com objetos niquelados, tais como biju- terias, relógios de pulso, maçanetas de carros, podem causar dermatites. Um composto chamado níquel carbonila, produto resultante da reação entre o monóxido de carbono e o níquel metálico, ao contrário do níquel metálico e dos outros compostos de níquel, altamente tóxico e muito volátil, tem ina- lação facilitada, expondo os trabalhadores à contração de cânceres de pulmão e do nariz. A intoxicação aguda por níquel carbonila, apesar de discreta, pode causar dores de cabeça, tonturas, náuseas, vômitos, falta de ar. Zinco, metal maleável, mau condutor de calor e eletricidade, essencial para os seres -12- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 12. vivos. É utilizado nas indústrias de mineração, metalurgia, principalmente nos processos de galvanização e na fabricação de baterias, pilhas e ligas de latão e bronze. Sais de zinco podem penetrar no organismo por inalação, ingestão ou através da pele, devido à liberação de fumaça do metal, des- prendida em operações de soldagens e cortes de metais galvanizados ou revestidos de zinco, ou ainda, em fundições e latão ou bronze. As fumaças de cloreto de zinco em concen- trações elevadas são extremamente tóxicas, provocando lesões pulmonares em graus varia- dos, além de queimaduras quando do contato com a pele. O pó de óxido de zinco pode provo- car uma irritação na pele conhecida como “eczema do zinco”. A “febre das fumaças metálicas”, ou “febre dos fumos metálicos” , ou “febre dos metalúrgi- cos”, ou “febre dos fundidores”, é a febre provo- cada após a inalação de finas partículas de óxidos metálicos. A causa mais fre- quente é a exposição dos traba- lhadores às fumaças de óxido de zinco, formado e liberado quando o metal é aquecido a altas temperaturas. Os sinto- mas gerais podem simular um estado gripal. Manifesta- ções discretas podem ocor- rer durante o período de exposição às fumaças: gosto metálico ou adoci- cado na boca e irritação na garganta. Depois de algum tempo, geralmente em torno de 6 horas, surgem a tosse, secura da boca, ardor nos olhos, dores no peito, dores musculares e febre alta seguida de cala- frios. Podem aparecer outras manifestações tais como fadiga, dores articula- res, náuseas, vômitos, confusão mental, dores de cabeça, alienação e convulsões. Quadro semelhante pode manifestar-se nas intoxicações pelo antimônio, arsênico, ferro, cobalto, cobre, cádmio, chumbo, estanho, berí- lio e magnésio. OUTRAS SUBSTÂNCIAS USADAS NA INDÚSTRIA METALÚRGICA Acetileno, comumente empregado como gás básico no processo de corte e solda de metais. Narcótico quando misturado com o oxi- gênio, causa sonolência e perda dos sentidos por ser também asfixiante, força a saída de oxi- gênio dos pulmões causando sensação de sufocamento. Os principais sintomas da intoxicação por acetileno são as vertigens, dores de cabeça, indisposições estomacais e dificuldades para respirar. Ácido Cianídrico (ácido prússico), amplamente usado como no tratamento do miné- rio de prata e outros metais. É sem dúvida um dos produtos industriais mais tóxicos. Ação eficaz e rápida, é utilizado nas execuções nas câmaras de gás de países que adotam a pena de morte. Baixas con- centrações causam debili- dade, náuseas, vômitos, dores de cabeça e colapso respiratório. Ácido Fluorídrico, com grande poder de corrosão é empregado industrialmente como solvente ou amolece- dor de minerais. Devido à sua corrosividade, causa lesões, que podem chegar a -13-
  • 13. ulcerações, quando em contato com a pele e mucosas. Na mucosa dos olhos age como fator fortemente irritante, podendo também provocar ulcerações. Ácido Nítrico, usado no tratamento de vários metais, puro ou com outros ácidos é extremamente irritante para os olhos, pele e mucosas das vias respiratórias podendo, ainda, ocasionar lesões renais, pulmonares e corro- são dos dentes. Ácido Sulfídrico, com cheiro de ovo podre, utilizado no refino de minérios; é muito irritante para o sistema respiratório. Em doses altas é asfixiante e letal, talvez mais até que o ácido cianídrico. A intoxicação provocada por ácido sulfídrico provoca dores de cabeça, vertigens, bronquites, transtornos digestivos, visão emba- ralhada e, de efeito paralisante sobre o sistema nervoso, provoca a morte. Em doses mais baixas irrita os olhos e as vias respiratórias. Ácido Sulfúrico, empregado como solvente na degradação de certos minérios; forma-se espontaneamente no tratamento do minério de enxofre. Alto poder de corrosão o contato com o ácido causa a dissolução e destruição dos tecidos dos organismos vivos. Quando diluído, se inalado ou em contato com a pele, pode causar lesões pulmonares - entre elas pneu- monia química - e dermatites, respectiva- mente. É também responsável pelo apareci- mento de processo erosivo dos dentes e pro- blemas de estômago. Argônio, gás muito utilizado nos processos de solda de arco-voltaico. Compete com o oxi- gênio ambiental e, sozinho, manifesta alto poder asfixiante ( sufocamento ) podendo, inclusive, dependendo da concentração, causar parada cárdio-respiratória e morte. A intoxica- ção pelo argônio demonstra dificuldades respi- ratórias, vertigens, falta de coordenação dos movimentos, cansaço, instabilidade emocional, náuseas, vômitos e perda dos sentidos. Benzeno, líquido inflamável, incolor, muito volátil (forma vapores no ambiente) e com odor específico, não deve ser confundido com a ben- zina que é um outro solvente comercial. Na indústria é utilizado na destilação do alcatrão da hulha, destilação de petróleo, na fabricação de borracha, como combustível, na fabricação de sabão e como solvente. No ramo metalúrgico é muito usado como desengra- xante, como solvente de óleos, graxas e tintas, o que agora é proibido. As principais formas de penetração do benzeno no organismo são por inalação, absorção pela pele e ingestão. Aanemia causada pelo benzeno é irreversí- vel e ocorre por destruição dos tecidos produto- res de sangue, mesmo em pequenas concen- trações. O benzeno altera o funcionamento do sistema nervoso causando depressão. Além disso, é irritante da pele e das mucosas e pode causar lesões no fígado e leucemia. O quadro clínico, decorrente da intoxicação crônica por benzeno, manifesta-se com quei- xas, geralmente, de cansaço, falta de apetite, dores de cabeça e tonteira, além de apresentar a pele e mucosas descoradas. Cloreto de Amônia, utilizado nos proces- sos de soldas é irritante da mucosa nasal e dos olhos, causando, também, irritação da pele, pela liberação de vapores amoniacais que além de irritantes, são muito tóxicos. Hidróxido de Sódio ( soda cáustica ), de poder cáustico extremo e corrosividade idem, em contato com a pele e olhos causa queima- duras profundas e ulcerações. Dependendo do grau da lesão pode levar à cegueira. Se inalado pode acometer toda a árvore respiratória com graves queimaduras, inclusive os pulmões. Monóxido de Carbono, incolor ( sem cor ), inodoro (sem cheiro ) e insípido ( sem gosto ), inflamável ( pega fogo ), mais leve que o ar. Por apresentar estas características, é de per- cepção discreta e de fácil difusão pelo ambiente de trabalho. É um gás formado pela combustão incompleta de matérias orgânicas - 14- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 14. tais como os derivados do petróleo, madeira, gases combustíveis, explosivos e carvão. Está presente na fumaça dos cigarros e dos esca- pamentos dos carros. É utilizado na indústria metalúrgica como agente redutor do níquel em carboneto de níquel. Na siderurgia, os gases resultantes da fabricação de ferro e aço, utilizados como fontes de combustíveis, apresentam grandes quantidades de monóxido de carbono. O monó- xido de carbono é formado em numerosos pro- cessos nas indústrias químicas, cerâmicas, automobilísticas (oficinas mecânicas, inclusive) e minerações. O monóxido de carbono, tóxico severo, compete com a hemoglobina do sangue no transporte de oxigênio, causando anóxia ( falta de oxigênio ) e leva à asfixia grave. Inicial- mente, aparecem dores de cabeça, fraqueza muscular, náuseas e vômitos, desmaios que, em não havendo pronta intervenção e cuidados intensivos, evolui para o coma seguido de morte. O quê fazer ? Modo geral, todas as substâncias apresentadas são muito eficientes na sua capaci- dade de produzir danos passageiros ou irreparáveis aos seres vivos. É necessá- rio que se substituam os produtos usados nestes processos; que se utilizem outros processos e produ- tos que não sejam agressi- vos a saúde do trabalha- dor e, como paliativo, que haja a instalação de siste- mas coletivos de proteção adequados e capazes de minimizar os impactos causados pelo emprego destas substâncias. A título de exemplo, pode- mos citar a substituição dos processos secos por processos úmidos, a fim de se evitar o apa- recimento de partículas em suspensão e a utili- zação de serpentinas resfriadoras buscando evitar a formação de vapores aquecidos. PERIGO DE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES Substâncias de uso industrial intenso como gasolina, álcool, thiner, gases e óleos, tintas e solventes e outras chamadas “inflamáveis” ou “combustíveis”, pegam fogo facilmente e podem provocar incêndios e explosões, depen- dendo da quantidade e das condições de arma- zenamento e as consequências são do conhe- cimento de todos. O quê fazer ? São necessários sistemas efi- cazes de prevenção e combate a incêndios. Estes sistemas devem ser com- postos de hidrantes, manguei- ras e extintores apropriados e até mesmo de caminhões tan- ques, dependendo do tama- nho da fábrica. Todos os tra- balhadores devem receber, frequentemente, treinamento para a prevenção e combate a incêndios. Normalmente as empresas, mesmo de posse de seguros, cumprem as exi- gências legais das normas pois não querem correr o risco de perder seu patrimô- nio num incêndio. HIGIENE As reclamações, facil- mente constatáveis, sobre a higiene precária no ambiente de trabalho geralmente refe- -15 -
  • 15. rem-se a banheiros e vestiários coletivos mal conservados e com pouco espaço. Várias “mazelas” são observadas todos os dias nas empresas. O quê fazer ? É necessário “reformar” este ambiente, com cuidados especiais para abaste- cimento e purificação da água, iluminação e ventilação, organização e limpeza do espaço, esgotos e outros detritos. CALOR E FRIO Trabalhar em locais com temperatura ambiente elevada causa muitos problemas para a saúde. Um deles, a DESIDRATAÇÃO, ocorre pela perda excessiva de água pela transpiração (suor ) e pela respiração. Junta- mente com a perda de água o trabalhador perde também sais minerais e eletrólitos, como Sódio, Potássio, Cloro, etc. o que ocasiona sensação de cansaço e fraqueza, cãibras e dores musculares, baixa da pressão arterial, etc. Em casos extremos pode levar a desmaios e desidratação grave. O frio provoca o consumo maior de energia do próprio organismo, podendo alterar a pres- são e o metabolismo e gerar estados de fra- queza, contração muscular excessiva e treme- deiras. O frio e também o calor, surgem devido a alguns fatores: falta de compartimentação e isolamento entre as áreas; cobertura com pouco isolamento térmico; lay-out inadequado e concentração das fontes de calor ou de frio (máquinas e equipamentos). O quê fazer? O problema do calor é também tratado considerando-se cada posto de trabalho e modificações de caráter coletivo, como por exemplo, a cobertura e a ventila- ção/exaustão dos galpões, mudanças no lay- out, instalação de barreiras isolantes, mudan- ças nos processos de trabalho, devem ser colo- cados em prática. Soluções mais efetivas dependem e neces- sitam de, além das medidas citadas acima, alte- rar as características de construção dos edifí- cios destinados a abrigar empresas e a disposi- ção das máquinas e equipamentos, dentro de uma visão de oferta de conforto térmico ade- quado. RITMO DE TRABALHO Os ciclos e o ritmo de trabalho, e conse- quentemente a repetição de movimentos, tende a aumentar toda vez que se introduz trabalho polivalente ou multifuncional, ou quando da organização e implantação de células de manufatura ou da introdução de máquinas e equipamentos de comando com- putadorizado. O controle destes ritmos, dos ciclos de trabalho, da disposição de máquinas e equipamentos, devem fazer parte da agenda sindical. As doenças advindas destas transforma- ções, tais como as LER-DORT, são decorrentes da forma como o trabalho é pensado e organi- zado e têm colocado um desafio para o movi- mento sindical: é possível modificar este estado das coisas ? O quê fazer? Normalmente, as tentativas dos trabalhadores e técnicos de confiança dos sindicatos de resolução dos problemas deriva- dos das péssimas condições de trabalho têm se mostrado tímidas e pouco eficientes. Nesse sentido e contexto, estas soluções requerem, necessariamente, uma ampliação da interven- ção do movimento sindical exatamente aí, nas formas de organização do trabalho e da produ- ção, mesmo sabendo que isso ainda seria só o início de uma longa jornada em direção a uma intervenção maior, qual seja, intervir na concep- ção, desenvolvimento e implantação de méto- dos de trabalho e produção, ainda que indireta- mente. - 16- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 16. OS ACIDENTES E AS DOENÇAS NO TRABALHO, COMO ANALISAR Contudo, este apanhado geral dos impac- tos causados sobre trabalhadores e ambiente não estaria completo se não considerarmos, ainda, os acidentes e doenças que ocorrem no trabalho. Todos os dias, trabalhadores do campo e cidade são vítimas de acidentes e são levados a contrair doenças durante a execução de suas atividades no trabalho. Estima-se que mais de 50% dos trabalhadores brasileiros são portadores de algum tipo de doença, a maioria delas incuráveis. Justifica-se, assim, a necessidade de analisar- mos, a fundo, cada aci- dente ou doença que ocorra no ambiente de trabalho. É uma questão de cidadania. Do ponto de vista das empresas, ainda que saibam que acidentes e doenças são gerados por inúmeras causas, estas análises são realizadas de modo reducionista. Limitam-se a considerar como Ato Inseguro, na grande maioria das vezes, ou Condição Insegura, a ocorrência destes eventos, desprezando os aspectos que envolvem o modelo organizacional da produ- ção e do trabalho. Além disso, querem fazer crer que o trabalhador “não se protegeu adequadamente dos riscos ambien- tais mapeados”. Na realidade, é preciso conhecer o trabalho, seu conteúdo, a forma e as condições de exe- cução do mesmo para sabermos por quê ocor- rem acidentes ou porque trabalhadores adoe- cem. Necessitamos adotar um método de investi- gação que nos possibilite enxergar além do que é permitido. Isso, pode ser feito, por exemplo, com a utilização da chamada “Árvore de Causas” que, no decorrer do processo de for- mação de cipeiros, esperamos estar apresen- tando aos companheiros. Nesse campo de atuação, também é neces- sário que tenhamos como ponto de par- tida para realização das análises o conhecimento sobre as formas de organização da produção e do trabalho. CONHECER TRABALHO E PRODUÇÃO Conhecer as formas de organização da produ- ção e trabalho requer aná- lises e comparações que possibilitem, através do desenvolvimento de pro- postas alternativas de organização e, em decor- rência desta nova organi- zação, melhoria das con- dições de trabalho e, con- sequentemente, a execu- ção de trabalho que não traga impactos sobre o ser humano e meio ambiente. Requer, enfim, um redirecio- namento do modelo em vigor. Nesse sentido, devemos - 17-
  • 17. estar alertas para “olhar” o trabalho como um processo integrado e complexo; que não deve ser natural trabalhar apenas se importando em identificar e controlar riscos, é preciso acabar com eles; não devemos reforçar a idéia de que apenas a experiência prática é capaz de produ- zir conhecimento e , principalmente, a análise sobre o trabalho que executamos e estamos dispostos a executar deve se articular com outros trabalhos, desenvolvidos em outras empresas, ou como parte de uma cadeia pro- dutiva. Finalmente, a análise deve ser feita de modo a permitir conhecer cada tarefa e o con- teúdo que compõe cada uma, no processo pro- dutivo. O MAPEAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO Através da coleta do maior número possível de informações sobre o processo produtivo que, sistematizadas e analisadas, consigam reconstruir a realidade do trabalho, podemos estabelecer estratégias e ações consequentes, planejadas, que de fato possibilitem negocia- ções, contratações e o surgimento de condi- ções objetivas, capazes de oferecer bases para ações mais efetivas de modificação da nossa realidade. “Será que os trabalhadores podem pensar formas diferentes de organizar trabalho e pro- dução, e interferir nas relações de poder dentro e fora das empresas” ? O Mapeamento do Processo Produtivo pode ser realizado pelos representantes dos trabalhadores; pelos grupos de apoio (Grupos de Fábrica) e militância em geral. Nos locais onde tem sido utilizado, tem orientado as nego- ciações, principalmente no que diz respeito às mudanças tecnológicas e organizacionais, além de servir de subsídio para ações políticas mais gerais. O Mapeamento do Processo Produtivo deve priorizar a análise das condições de traba- lho levando em consideração que estamos dis- cutindo um trabalho pensado e organizado sob uma óptica capitalista. Assim, o Mapeamento do Processo Produ- tivo deve possibilitar: abertura de perspectivas de colocar para a classe trabalhadora uma forma de controle da produção, de construção da liberdade e auto- nomia sindical e, fundamentalmente, um modo de repensar e organizar o trabalho, a produção e a própria sociedade, a partir dos interesses dos trabalhadores. montagem de um sistema contínuo de coleta de informações qualificadas, de interesse dos trabalhadores, capazes de servirem de subsí- dios para negociações e contratações amplas. a prática de reflexões que possibilitem a qua- lificação e capacitação dos trabalhadores, do ponto de vista da formação sindical e do apri- moramento profissional. a troca de informações com outros trabalha- dores e com outras categorias, possibilitando maior entrosamento e superação do corporati- vismo não construtivo, além da identidade de classe, a evolução da ação sindical de um estágio de mobilização para um estágio organizativo. o incentivo às práticas sindicais combativas que priorizam as discussões e a organização no local de trabalho. entender a evolução histórica de determina- dos processos de trabalho, como surgiram e se modificaram ao longo do tempo. compreender a estratégia que a empresa estabeleceu ou pode estabelecer para determi- nado setor ou área de produção, observar a introdução de inovações ou modi- ficações no processo de trabalho, perspectiva de terceirização, formação de células, etc.. estabelecer o fluxograma da fábrica ou de um determinado setor e entender o papel que - 18- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 18. representa no processo de produção. analisar as várias tarefas que são realizadas em um determinado setor, no que se refere ao seu conteúdo e à qualificação profissional necessária para executá-la, constatar as alternâncias de ritmo de traba- lho e saber quando ou em que períodos isto ocorre ou ocorrerá, além de permitir formular propostas de prevenção no tocante aos impac- tos ambientais ( saúde do trabalhador e meio ambiente ). qualificar nossas discussões sobre participa- ção nos lucros e resultados das empresas. aos trabalhadores o entendimento que a atual forma de organização do trabalho não é imutável, isto é, pode ser mudada. A PORTA DE ENTRADA: AS CIPAs Apesar dos problemas impostos pela lei e pelos patrões, e enquanto não conquistamos organizações livres e autônomas nos locais de trabalho, devemos continuar buscando trans- formá-las em instrumento de organização dos trabalhadores e conquista de melhores condi- ções de trabalho e saúde . Para isso, não pode- mos nos prender aos aspectos meramente legais do que os cipeiros podem ou não fazer. Na prática, os metalúrgicos vêm mostrando que as CIPAs podem ser um valioso instrumento de modificação das condições de trabalho. Para isso é fundamental: Que os cipeiros eleitos trabalhem em con- junto e de forma organizada em torno dos prin- cipais objetivos. Nunca devemos trabalhar “rachados”, pois a desunião enfraquece a nossa luta. Fazer um Planejamento de Trabalho, para cada mandato. É fundamental para organizar o trabalho dos cipeiros. Os cipeiros podem levan- tar os problemas dos setores que representam, mas devem discuti-los depois com a CIPA toda. Não podemos esquecer que o mandato é muito curto e sem organizar o trabalho, não obtemos conquistas. Precisamos ir para as reuniões oficiais pre- parados, com clareza dos problemas que que- remos discutir. É interessante organizar bem a pauta de reivindicações, e saber discutir os pro- blemas por ordem de prioridade. Tomar cuidado para não ser envolvido por falsos argumentos de solução dos problemas, utilizados por representantes da empresa. Não podemos esquecer que os cipeiros indicados representam as posições da empresa. O cipeiro deve sempre acompanhar a inves- tigação dos acidentes e levantar as possíveis causas dos mesmos. Isto também é válido quando houver suspeita ou diagnóstico de doenças. Ainda que as empresas tentem “amarrar” o trabalho dos cipeiros, devemos conquistar, na prática, a liberdade para exercer nosso man- dato. O mesmo é válido para o “tempo livre”, que deve ser de acordo com a necessidade. Os cipeiros não podem perder de vista que foram eleitos pelos trabalhadores para repre- sentá-los. Por isso, é fundamental discutir com os companheiros e encaminhar suas reivindica- ções. Sem o respaldo dos trabalhadores os cipeiros não têm força para negociar com a empresa. Buscar informação e assessoria no sindicato também é fundamental. UM POUCO DE HISTÓRIA A CIPA ou Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, é bastante antiga na história dos trabalhadores brasileiros. Foi criada oficial- mente em novembro de 1944, por ato do Presi- dente da República, à época, Getúlio Vargas. Ao longo destes mais de cinquenta anos, muita coisa mudou na história do Brasil. - 19-
  • 19. Entretanto, a estrutura de funcionamento das CIPAs pouco evoluiu e, no dia-a-dia, os cipeiros eleitos encontram muitas barreiras para o desenvolvimento do seu trabalho. Para entendermos melhor estes entraves, vamos recordar o momento histórico em que as CIPAs foram criadas e acompanhar sua evolução. O Brasil de Getúlio A CIPA teve origem em recomendação da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Fundada em 1919, a OIT organizou em 1921, um Comitê para estudos de assuntos de segu- rança e de higiene do trabalho e para divulga- ção de recomendações de medidas preventivas de acidentes e de doenças do trabalho, que passariam a ser adotadas pelos países, de acordo com o interesse de cada um em melho- rar as condições de trabalho do seu povo. A OIT, recomendava as “CIPAs” em empre- sas com 25 trabalhadores. Em 10/11/1944 o Brasil, por ato da Presi- dência da República (Getúlio - Estado Novo), criou a CIPA (por decreto conhecido como Nova Lei de Prevenção de Acidentes). No Brasil foi adotada, inicialmente, em empresas com um mínimo de 100 trabalhado- res. AS “LEIS” DA CIPA Desde sua criação, a CIPA teve 5 regula- mentações, ou seja, passou por 5 modificações em suas “normas de funcionamento”. Estas modificações foram em grande parte, resultado de lutas dos próprios trabalhadores que exi- giam ampliação do papel e direito dos cipeiros. Entretanto, poucas conquistas foram colo- cadas no papel, e se houve realmente algum avanço, foi fruto de lutas específicas dentro de cada fábrica. A seguir resumimos as principais modifica- ções ocorridas oficialmente nas CIPAs. Primeira regulamentação: junho de 1945 (vigorou por 8 anos): o trabalhador podia dirigir-se à comissão “para avisá-la sobre a execução de serviços perigosos em sua secção ou em outra qualquer; para sugerir medidas de proteção individual ou coletiva e para salientar a transgressão de ordens, regras e regulamentos que visam à defesa do próprio trabalhador” omite os deveres específicos do empregador para com a CIPA. Segunda regulamentação: novembro de 1953 ( pelo ministro do trabalho João Goulart, vigorou por 15 anos): manteve a obrigatoriedade para empresas a partir de 100 trabalhadores, porém, recomen- dava que empresas com menos trabalhadores “adotassem espontaneamente uma organiza- ção semelhante à CIPA”. instituiu a CIPA central (nos moldes da OIT), cujos membros pertenciam às CIPAs departa- mentais. a incumbência de apontar riscos de aciden- tes ficou limitada à secção de trabalho do empregado. determinou que o empregador desse apoio integral à CIPAe concedesse facilidades para o desempenho de seus membros; também deter- minou que os patrões consultassem a comis- são sobre questões de segurança e higiene da fábrica. o empregador deveria tomar medidas que estivessem ao seu alcance ou caso contrário explicar porque não podia atender as recomen- dações da CIPA. - 20- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 20. Terceira regulamentação: novembro de 1968 (vigorou por 9 anos): além de conservar para os empregados o direito de apresentarem sugestões para a melhoria das condições de trabalho, com o objetivo de prevenir acidentes, impôs-lhes o dever de obedecer às normas, ordens, regula- mentos, etc., de segurança, e de usar obrigato- riamente os EPIs. mantém a determinação dos patrões darem apoio, agora “integral”, às CIPAs; deveriam “dar imediato cumprimento às recomendações da CIPA”, o que na prática nada mudou. revogou a CIPA Central. revogou também a recomendação de insta- lar CIPAs em empresas com menos de 100 tra- balhadores. em linhas gerais, promoveu um afrouxa- mento na obrigatoriedade de instalação de CIPAs nas empresas. em junho de 1972, durante a vigência desta regulamentação, foi decretado a criação dos SESHMT (Serviços Especializados em Segu- rança, Higiene e Medicina do Trabalho) nas empresas. Deu aos Serviços Especializados a incumbência de organizar e supervisionar as CIPAs, subordinando-as aos mesmos. Quarta regulamentação: ag osto de 1977 (durou apenas 11 meses): cabia ao empregador “prestigiar a CIPA e conceder os meios necessários ao bom desem- penho dos seus componentes”; também cabia “estudar” as recomendações da CIPA, determi- nar a adoção das medidas viáveis e manter a comissão informada quanto ao andamento das reivindicações. o SESHMT deveria dar o parecer em cada recomendação da CIPA, para posterior estudo e decisão de viabilidade. Ficaria a cargo do setor financeiro ou da própria direção da empresa a decisão sobre o aspecto econômico, no que se refere à dotação de verbas para exe- cutar o sugerido. passou a ser do empregador a atribuição de encaminhar à DRT os relatórios sobre as ativi- dades de segurança de trabalho na empresa. Os relatórios passaram a ser trimestrais e anuais, em substituição aos mensais que tinham de ser encaminhados pela CIPA. só nesta regulamentação passou a constar do texto legal: “compete aos empregados eleger os seus representantes na CIPA”. segundo o Ministério do Trabalho, visava “atualizar os critérios e as condições mínimas para a organização e funcionamento das CIPAs, com uma melhor adequação ao exercí- cio das suas atribuições, em face do desenvol- vimento da prevenção de acidentes e do aumento dos riscos de trabalho”. Estávamos atravessando um estágio artificialmente criado por dispositivos legais, e portanto instável. Era preciso criar a impressão de que as coisas fun- cionavam. reduziu para 50 o número de empregados a partir do qual a empresa se obrigava a organi- zar a CIPA. omitiu-se completamente quanto às atribui- ções ou competência dos componentes da CIPA individualmente, bem como de setores de atividades da empresa. Quinta regulamentação: junho de 1978, revog ou todas as demais portarias regulamentadoras de assuntos de segurança em vigor na ocasião . é a famosa Portaria 3214, que aprovou e expediu 28 Normas Regulamentadoras, dentre elas a NR-5, sobre as CIPAs. - 21-
  • 21. os deveres dos empregados não foram alterados. deixou de ser necessário o envio do relatório anual (Anexo II), pois foi suprimido. O relatório trimestral pode ser enviado pelo correio. com relação aos cursos para cipeiros o texto passou a ser mais enérgico, a carga mínima passou de 10 para 18 horas, podendo ser ministrado pelo SESHMT ou entidades exter- nas credenciadas. Conforme podemos observar, as modifica- ções ocorridas nas CIPAs não resolveram o principal problema que era atribuir direitos aos cipeiros eleitos para que pudessem analisar e discutir com outros trabalhadores os proble- mas existentes no chão da fábrica. Ao invés disto, até hoje existem empresas que punem com advertências e demissões os “cipeiros mais atuantes” e, quando os trabalhadores questio- nam, amparados por essas normas e regulamentações, os patrões tentam demons- trar que os representantes não cumpriram suas atribui- ções. Mas, afinal, como definir o papel e atribuições dos cipeiros, quando a própria legislação é vaga e permite interpretações diferentes ? O resultado disto pode ser notado na vida dos tra- balhadores. O Brasil ainda é recordista em acidentes e doenças no trabalho e o meio ambiente é diaria- mente agredido pela polui- ção causada pelas empre- sas. Em realidade, as CIPAs são comissões formais, eleitas apenas para cumprir uma legislação atrasada e inadequada para a realidade dos trabalhadores brasileiros e é pre- ciso mudar. A PROPOSTA DOS METALÚRGICOS A legislação sobre a estrutura e a organiza- ção das CIPAs não tem sido suficiente para acompanhar as mudanças nas relações de tra- balho. Para que o trabalhador realmente possa discutir e encaminhar os problemas relacio- nados às condições de trabalho, saúde e meio ambiente, é necessário que exista autonomia e liberdade dentro das empresas. Isso, só será possível quando conquistarmos comissões livres e autônomas, compostas apenas por tra- balhadores eleitos, que possam negociar as “leis” (estatutos) de funcio- namento destas Comissões, como já ocorre com as Comissões de Fábrica. Estas comissões, já nego- ciadas em algumas empre- sas, seriam as Comissões de Condições de Trabalho, Saúde e Meio Ambiente. COMISSÃO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE Apresentamos, a seguir, a título de ilustração e orien- tação, comentários gerais sobre o que achamos impor- tante para as negociações e confecções de estatutos de uma Comissão de Condi- ções de Trabalho, Saúde e Meio Ambiente: -22- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 22. Os representantes a serem eleitos para Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - C.I.P.A, mandato ano/ano, serão considerados membros natos da Comissão de Condições de Trabalho, Saúde e Meio Ambiente, e a eles serão conferidas, além das atribuições legais da C.I.P.A, as atribuições abaixo relacionadas: Zelar pelo efetivo cumprimento das normas sobre Medicina e Engenharia de Segurança no Trabalho previstas na legislação. Acompanhar e analisar a multicausalidade dos acidentes no trabalho conforme o método de Árvore de Causas; Receber informações antecipadas, acompa- nhar e promover o estudo dos impactos provo- cados por qualquer alteração no processo de produção que venha a ser sugerido pela Empresa; Identificar e/ou monitorar os impactos decor- rentes da organização da produção e do traba- lho, bem como aqueles decorrentes de inova- ções tecnológicas e organizacionais; Participar e ter acesso prévio às propostas de conteúdo dos cursos e/ou seminários sobre Medicina e Engenharia de Segurança no Traba- lho, que forem ministrados aos empregados na Empresa. Apresentar propostas, acompanhar a implan- tação e monitorar medidas que eliminem ou reduzam os impactos ambientais internos e externos decorrentes das atividades desenvol- vidas pela Empresa; - Ser informada periodicamente, e por escrito, das avaliações sobre o ambiente de trabalho, bem como ter acesso às estatísticas de Aciden- tes no Trabalho e Doenças Profissionais, reali- zadas pela empresa; Acompanhar, inclusive com apoio dos técni- cos do Sindicato, quando julgar necessário, as avaliações sobre o ambiente de trabalho, pre- vistas no item 1.7 acima discriminado; Garantir o acesso dos trabalhadores aos resultados dos exames médicos admissionais, periódicos, de mudança de função e demissio- nais, bem como garantir aos técnicos do Sindi- cato acesso ao resultado destes exames e demais exames complementares; Acompanhar a implantação de medidas con- tratadas entre a Empresa e terceiros que tenham reflexos sobre o ambiente e condições de trabalho, inclusive no tocante a prestação de serviços através de mão-de-obra temporária e/ou de terceiros; Representar todos os trabalhadores que labo- rem no ambiente de trabalho da Empresa inde- pendentemente da sua forma de contratação; Convocar, sempre que julgar necessário, assembléia junto aos trabalhadores repre- sentados; Apresentar propostas e reivindicar medidas que viabilizem a melhoria do ambiente de traba- lho; A Presidência e demais cargos da Comis- são Interna de Prevenção de Acidentes e da Comissão Instituída, serão escolhidos inter- namente entre os representantes eleitos e formalizados à Direção da Empresa na pri- meira reunião ordinária realizada após à posse da comissão; A fim de dar cumprimento à legislação refe- rente à C.I.P.A, Empresa e Sindicato convalida- rão, 12 (doze) meses após o pleito eleitoral, o resultado da eleição, de modo que o mandato da C.C.T.S.M.Aseja de 2 (dois) anos ININTER- RUPTOS; Fica assegurada aos representantes eleitos estabilidade no emprego, desde a aceitação de suas candidaturas pela Comissão Eleitoral, até 12 (doze) meses após o término do mandato. A estabilidade dos candidatos não eleitos cessará 6(seis) meses após a publicação dos resultados eleitorais. Afim de darem pleno cumprimento a todas as tarefas decorrentes do mandato, os repre- sentantes ficarão integralmente liberados do cumprimento da jornada de trabalho e gozarão -23 -
  • 23. da garantia de livre circulação pelo local de tra- balho/empresa. É sob a óptica de melhor conhecer o mundo do trabalho, e ter sobre ele domínio, visando cidadania e determinação dos caminhos que queremos seguir e do tipo de sociedade que almejamos construir, que se inserem as lutas por organização nas empresas. É sob essa mesma perspectiva que uma nova organização sindical, que privilegie o tra- balho de base e a luta por melhores condições de trabalho, saúde e meio ambiente, deve se erguer. Nessa direção e sentido, no contexto apresentado, o leque de transformações pro- postas passa, também, pelo fortalecimento das já existentes organizações de base e pela implantação de representações sindicais nas empresas, os chamados “Comitês Sindicais de Base”. “Acima de todas coisas,a espe - rança e a vontade de ver , fazer e viver um mundo melhor”. - 24- Riscos à saúde do trabalhador : ramo metalúrgico
  • 24. - 25-
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  • 26. EXECUTIVA NACIONAL DACUT - 1997/2000 Presidente: Vicente Paulo da Silva. Vice-presidente: João Vaccari Neto. Secretário Geral: João Antonio Felicio. 1º Secretário: José Jairo Cabral. Tesoureiro: Remigio Todeschini. 1º Tesoureiro: Antonio Carlos Spis. Secretário de Relações Internacionais: Kjeld Jakobsen. Secretário de Política Sindica: Jorge Luiz Martins. Secretário de Formação: Altemir Tortelli. Secretária de Comunicação: Sandra Cabral. Secretário de Políticas Sociais:Pascoal Carneiro. Secretário de organização: Marcelo Sereno.Diretoria Executiva: Gilda Almeida, José Maria de Almeida, Júlio Turra, Júnia Gouvea, Lujan Miranda, Luzia Fati, Mônica Valente, Paulo Coutinho, Pedro Ivo Batista, Rafael Freire Neto, Rita de Cássia Evaristo, Silvana Klein, Wagner Gomes. Suplentes: David Zaia, Maria Ednalva B. de Lima, Francisco Alano, Zenóbio José da Silva, Sebastião Gazito, Sebastião Lopes Neto, Aloísio Sérgio Barroso. CENTRALÚNICADOS TRABALHADORES Rua Caetano Pinto, 575 - Brás - CEP03041-000 - São Paulo - SP- BRASIL Tel.: (0XX11) 3272 9411 - Fax: 3272 9610 Homepage: www.cut.org.br - E-mail: executiva@cut.org.br Rua Caetano Pinto, 575 - Brás São Paulo - CEP 03041-000 Tel.: (0XX11) 3272 9411 ramais: 153 e 291 Fax: (0XX11) 3272 9610 Homepage: www.instcut.org.br E-mail: inst@instcut.org.br Diretor responsável Remigio Todeschini EQUIPE TÉCNICA Coordenador executivo Domingos Lino Consultor técnico Nilton Freitas Assessores técnicos Fátima Pianta Luiz Humberto Sivieri EQUIPE DE FORMAÇÃO Escola São Paulo São Paulo/SP Escola Sul Florianópolis/SC Escola Sete de Outubro Belo Horizonte/MG Escola Centro Oeste Goiânia/GO Escola Marise Paiva de Moraes Recife/PE Escola Amazonas Belém/PA Escola Chico Mendes Porto Velho/RO Capa Marco Godoy Projeto gráfico e diagramação PIXEL Comunicação e Design Fotolito Kingpress Impressão Kingraf - gráfica e editora JUNHO 2000