1. Neuroses Traumáticas
CONCEITO DE TRAUMA: É função básica do aparelho psíquico restabelecer a
estabilidade após transtorno produzido por estímulos externos, sempre que falhar a
manutenção de um equilíbrio, ocorrerá estado de emergência.
Fatores de economia mental, relacionadoscom a constituição e também com as
experiênciasanteriores e com as condições atuais antes e durante o trauma, vão
determinar qual é o grau de excitação que sobrecarrega a capacidade do indivíduo.
- Exceder a capacidade de controle: Esta capacidade depende de fatores constitucionais,
bem como de todas as experiênciasanterioresdo indivíduo.
Há estímulos tão esmagadoramente intensos que exercem efeito traumático sobre quem
quer que seja; outros parecem inócuos para a maior parte das pessoas, traumáticos
porém para certos tipos predispostos a serem traumaticamente esmagados.
- Para uma criança, o desaparecimento de um ente querido pode ser traumatizante pelo
fato de que desejos libidinais dirigidos para este ente, ficando sem objetivo, esmagam a
criança; os adultos são mais sujeitos a experiênciastraumáticas quando estão exaustos,
doentes.
OS SINTOMAS DAS NEUROSES TRAUMÁTICAS: Bloqueio ou decréscimo de várias
funções do ego; Ataques de emoções incontroláveis (ansiedade e cólera; as vezes até
ataques convulsivos); Insônia ou transtornos severos do sono, com sonhos típicos nos
quais se experimenta repetidamente o trauma; e também repetiçõesmentais, durante o
dia, da situação traumática, total ou parcialmente sob a forma de fantasias, pensamentos
ou sentimentos;
BLOQUEIOS OU DIMINUIÇÃO DAS FUNÇÕES DO EGO: Pode-se explicar o bloqueio das
funções do ego como sendo a concentração em certa tarefa de toda a energia mental
disponível, ocorrendo então, a edificação de contra-energias que controlem a excitação
esmagadora inoportuna. A urgência da tarefa diminui relativamente a importância de
todas as demais funções do ego, as quais são obrigadas a renunciar às suas energias
em favor da tarefa de emergência, esta dominando inteiramente a pessoa.
- Uma das funções que enfraquece ou bloqueia-se, é a sexualidade. Em geral nos
neuróticos traumáticos masculinos é frequente a ocorrência de impotência temporária. A
energia sexual, tal qual outras energias mentais, é mobilizada para controlar a excitação
invasora, deixando de estar à disposição da sexualidade. Do mesmo modo que o
interesse sexual costuma diminuir nos doentes, pelo fato de se tornarem narcisistas,
assim também a energia sexual perde seu caráter específico após um trauma.
- Há vezes em que os neuróticos traumáticos desenvolvem uma espécie de atitude que
demonstra desamparo e dependência passiva. As pessoas desamparadas costumam
tender a regredir aos tempos da infância, porque enquanto crianças eram socorridas por
adultos "onipotentes".
2. - O bloqueio do ego que se representa no desmaio como resposta a um trauma é o
"mecanismo de defesa" mais arcaico e primitivo. Neste caso, o organismo, esmagado
por estímulos excessivamente intensos, barra o influxo de estímulos adicionais; Trata -se
de desmaios parciais, já que no desmaio propriamente dito, toda percepção é bloqueada.
ATAQUES EMOCIONAIS: Também os diversos ataques emocionais representam
descargas de emergência maisarcaicas e involuntárias. São de todo inespecíficas: quem
sofre um trauma pode ficar inquieto, hipercinético, chorar ou gritar...
A qualidade emocional destes ataques é quase sempre sentida como ansiedade ou raiva.
Assim é que a ansiedade e a raiva dos neuróticos traumáticos representam descargas de
excitações que foram suscitadas na situação traumática, mas que não puderam ser
suficientemente descarregadas.
- Há muitos casos, em que se lhes pode explicar a índole específica pelas emoções
sentidas (ou suscitadas e não sentidas) durante o trauma. Neste contexto, os ataques
emocionais entram na categoria dos "sintomas de repetição" presentes nos neuróticos
traumáticos. É provável que a Síndrome Epiléptica Arcaica funcione como descarga de
emergência em certos indivíduos constitucionalmente predispostos.
OS LUCROS SECUNDÁRIOS NAS NEUROSES TRAUMÁTICAS - Os lucros secundários
desempenham nas neuroses traumáticas, papel ainda maisimportante do que nas
neuroses em geral; e consistem em certas utilizações da sua doença que o paciente é
capaz de tentar e que nada tem a ver com a origem da neurose, chegando, porém, a
obter a máxima importância prática.
- Pode acontecer que o paciente está demonstrando o seu desamparo a fim de conseguir
ajuda externa, tal qual desfrutava quando criança. Quando a neurose foi precipitada por
incidente relativamente de pouca monta, ele próprio é muitas vezes trazido ao primeiro
plano pelo doente o qual assim consegue outra vez, reprimir o conflito mental
mobilizado por este incidente.
- O desejo de ganhar compensação, além de vantagens racionais, adquire o significado
inconsciente de amor, segurança, proteção.
- Todavia, QUEM TIVER COMPREENSÃO PSICANALÍTICA DOS PROCESSOS
NEURÓTICOS JAMAIS EQUIPARARÁ NEUROSE A SIMULAÇÃO, NEM RECUSARÁ
INTEIRAMENTE A COMPREENSÃO.
CID-10/ DSM - F43.1 - ESTADO DE "STRESS" PÓS-TRAUMÁTICO: Este transtorno
constitui uma resposta retardada a uma situação ou evento estressante (de curta ou
longa duração), de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, e que
provocaria sintomas evidentes de perturbação na maioria dos indivíduos.
- Fatores predisponentes, tais como certos traços de personalidade (por exemplo
compulsiva, astênica) ou antecedentes do tipo neurótico, podem diminuir o limiar para a
ocorrência da síndrome ou agravar sua evolução; tais fatores, contudo, não sã o
necessários ou suficientes para explicar a ocorrência da síndrome.
- Os sintomas típicos incluem a revivescência repetida do evento traumático sob a forma
de lembranças invasivas ("flash back"), de sonhos ou de pesadelos; ocorrem num
contexto durável de "anestesia psíquica" e de embotamento emocional, de retraimento
com relação aos outros, insensibilidade ao ambiente, anedonia, e de evitação de
atividades ou de situações que possam despertar a lembrança do traumatismo.
- Os sintomas precedentes se acompanham habitualmente de uma hiperatividade
neurovegetativa, com hipervigilância, estado de alerta e insônia, associadas
frequentemente a uma ansiedade, depressão ou ideação suicida.
3. O período que separa a ocorrência do traumatismo do transtorno pode varia r de
algumas semanas a alguns meses. Em uma pequena proporção de casos, o transtorno
pode apresentar uma evolução crônica durante numerosos anos e levar a uma alteração
duradoura da personalidade (F60.0).Referência Bibliográfica:
FENICHEL, Otto - Teoria Psicanalítica das Neuroses - Livraria Atheneu - Rio de Janeiro/
São Paulo 1981.
BALLONE, G. J - Transtorno por Estresse Pós-Traumático - in. PsiqWeb, Internet
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)