19. Entre as ofensas endereçadas a mim na internet me chamavam de sodomizada, sodomita número 1 de Belford Roxo em relação ao fato de eu ser transexual. Em 2007, 2008 em meio a essas vivências intensificadoras de adoecimento psicológico, eu também sofria com insultos na internet. O funcionário Marcelino da Prefeitura Municipal de Belford Roxo que era conhecido do diretor Neto da escola em que eu trabalhava, Escola Municipal Jorge Ayres de Lima, dizia na comunidade dos funcionários públicos da Prefeitura de Belford Roxo que ele ía me machucar de todas as formas de forma que as suas palavras transpassariam a minha alma. Entre outras palavras usadas para me causar sofrimento ele dizia para todos que eu era uma sodomita, uma sodomizada. Que eu era um ser condenado a arder eternamente no fogo do inferno. As mensagens diziam que esse lugar infernal estava reservado para mim por ser pecadora. Tudo se relacionava ao fato de eu ser transexual e ter feito a cirurgia de transgenitalização. O preconceito, misturado a maldade, as zombarias me classificavam nas mensagens desde um cidadão modificado cirurgicamente, um senhor homem a um traveco ridículo. O manejo preconceituoso nas palavras nas referências a mim por meio deste funcionário público me constrangia ao falar de mim. Ele dizia que eu era uma galinha, que passei por toda a minha vida dando o cu, dando o rabo. As ofensas do funcionário municipal de Belford Roxo se tornaram tão insuportáveis para mim que eu fui até a delegacia de crimes virtuais no centro do Rio de Janeiro dar queixa da situação. Eu estive lá mais de uma vez porque havia outras situações que me constrangiam na internet. Em outra situação a pessoa condenava o fato de ter um funcionário traveco na Prefeitura de Belford Roxo, mas nessa situação essa pessoa, de perfil anônimo, foi advertido pela funcionária da Escola Municipal Julio Cesar de Andrade Gonçalves Teresa pedindo para me respeitar porque eu era uma funcionária pública e não era um traveco. Com a intensificação dos sintomas eu ficava mais apática perante as situações, tanto que eu não conseguia mais dar conta de acompanhar o caso na Justiça, na delegacia, contactar advogado, pedir reparação do preconceito porque a minha sensação do preconceito não vinha apenas da internet. Na Prefeitura Municipal de Duque de Caxias onde o partido político era o mesmo, o subsecretário Paulo Allevato (RG 3473270 IFP, a matrícula dele era 20528-4), me retirou do banheiro feminino em uma situação de grande humilhação e impacto emocional. Foram oito guardas-municipais enviados pelo subsecretário Paulo Allevato que me tiraram de dentro do banheiro e me jogaram no chão das escadas da Prefeitura. Tudo porque eu era transexual. Eu estava de vestido, maquiagem, salto alto, bolsa feminina como vivia há anos. Me largaram com a calsinha à mostra e jogaram minha bolsa com dinheiro e pertences espalhados pelo chão.