2. «Amor é fogo que arde sem se ver; É cuidar que se ganha em se perder;
É ferida que dói e não se sente; É querer estar preso por vontade;
É um contentamento descontente; É servir a quem vence, o vencedor;
É dor que desatina sem doer; É ter com quem nos mata lealdade.
É um não querer mais que bem Mas como causar pode seu favor
querer;
Nos corações humanos amizade,
É solitário andar por entre a gente;
Se tão contrário a si é o mesmo
É nunca contentar-se de contente; Amor?»
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3. A poesia lírica é uma forma de poesia que
surgiu na Grécia Antiga, e originalmente, era
feita para ser cantada ou acompanhada de flauta
e lira.
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5. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma
família da pequena nobreza. Durante a sua
juventude terá recebido uma educação sólida,
dominando o latim e conhecendo a literatura e a
história.
Iniciou a sua carreira como poeta lírico e teve
inúmeras aventuras com damas da nobreza e
possivelmente plebeias, além de levar uma vida
boémia e turbulenta.
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6. Influência Tradicional:
Corrente tradicionalista (Medida Velha)
Corrente renascentista (Medida Nova)
As temáticas tradicionais e populares usadas por Camões
são, o amor, a natureza, o ambiente palaciano e a saudade.
Nas temáticas de influência Renascentista cultivou o amor
platónico, a saudade, o destino, a beleza suprema, a
mudança, o desconcerto do mundo, a mulher vista à luz do
Petrarquismo e do Destino.
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7. Técnica tradicional de versejar caracterizada
por estruturas como a esparsa, a
cantiga, vilancete, esparsas, endechas e trovas
em redondilha menor e redondilha maior .
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8. Da influência clássica Renascentista, Camões
cultivou a medida nova fazendo uso do verso
decassílabo, através da composição poética, o
soneto introduzido em Portugal por Sá de
Miranda.
Uso da canção, écloga, ode, entre outros…
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9. Na poesia de influência tradicional, é evidente o
aproveitamento da temática da poesia trovadoresca e
das formas palacianas. Assim, encontramos temas
tradicionais e populares (o amor, a saudade, a beleza
da mulher, o contacto com a natureza, a ida à
fonte...), o ambiente cortesão com as suas "cousas de
folgar" e as suas futilidades, o humor.
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10. Na poesia com influência clássica e renascentista, fruto das novas ideias
trazidas, de Itália, por Sá de Miranda e António Ferreira, verifica-se um
alargamento dos temas e a colocação do ser humano no centro de todas
as preocupações. merece destaque o tratamento de certos temas: o Amor
platónico, a saudade, o destino, a beleza suprema, a mudança, o
desconcerto do mundo, o elogio dos heróis, os ensinamentos morais,
sociais e filosóficos, a mulher vista à luz do petrarquismo e do dantismo,
a sensualidade, a experiência da vida.
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11. O amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de
contradições, entre a vida e a morte, a água e o fogo, a
esperança e o desengano;
A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica
camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e
com o tratamento dado à Natureza oscila igualmente entre
o pólo platónico, representado pelo modelo de Laura e o
modelo renascentista de Vénus.
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12. «Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.»
Luís de Camões
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13. «Sempre a Razão vencida foi de Amor;
Mas, porque assim o pedia o coração,
Quis Amor ser vencido da Razão.
Ora que caso pode haver maior!
Novo modo de morte e nova dor!
Estranheza de grande admiração,
Que perde suas forças a afeição,
Por que não perca a pena o seu rigor.
Pois nunca houve fraqueza no querer,
Mas antes muito mais se esforça assim
Um contrário com outro por vencer.
Mas a Razão, que a luta vence, enfim,
Não creio que é Razão; mas há-de ser
Inclinação que eu tenho contra mim.»
Luís de Camões
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