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.




                                                                                                                 O GLOBO
                                                                                                                          OPINIÃO


                                             A hora de mudar os aeroportos
        N
                   o dia 6 de fevereiro de 2012, três                    todo o mundo, com marcos regulatórios         leiros se acostumaram ao desconforto e à es-                                Com enorme atraso, o governo Dilma tenta
                   grandes aeroportos brasileiros                        mais adequados aos novos tempos, fez com      cassez de serviços quando passam pelos ae-                               agora corrigir o erro do seu antecessor. Nes-
                   (Guarulhos e Viracopos, em São                        que as tarifas barateassem e mais pessoas ti- roportos nacionais, mas se envergonham ao                                sa corrida contra o tempo, espera-se que o
                   Paulo, e o de Brasília) começarão a                   vessem acesso a essa modalida-                             receber visitantes estrangeiros,                            cronograma dos leilões, da assinatura dos
        se livrar de uma longa trajetória de adminis-                    de de transporte.                                          pois eles geralmente se surpre-                             contratos de concessão e da transferência da
        tração incompatível com os desafios atuais e                        A multiplicação do número de                            endem quando vêm ao país pela                               administração seja cumprido à risca. Para is-
        futuros do setor aeroportuário. Enquanto                         passageiros e de cargas abriu        É fundamental         primeira vez: o impacto negati-                             so, o governo não pode ser complacente com
        terminais marítimos e rodoviários em todo o                      oportunidades para os mais                                 vo na recepção contrasta com                                o corporativismo, com resistências ideológi-
        país há muito tempo passaram para as mãos                        competitivos, e, em tal quadro, conter a Infraero as notícias e os depoimentos a                                       cas e não deve ceder às pressões para que a
        de concessionários privados, nos aeroportos                      foram ficando para trás as anti-                           respeito dos avanços ocorridos                              Infraero tenha um papel que vá além do que
        prevaleceu a mentalidade retrógrada da es-                       gas empresas estatais, inclusive e resistir a novas no Brasil nas últimas décadas.                                     lhe cabe no novo modelo.
        tatização.                                                       no segmento de administração                                  Infelizmente, a infraestrutura                              O cumprimento do cronograma é impor-
           Com o crescimento vertiginoso do tráfego                      de terminais (Infraero).              pressões de          aeroportuária se transformou                                tante para que se consiga promover ainda
        aéreo, e um visível esforço de companhias                           Diversos países perceberam                              em um dos derradeiros baluar-                               em 2012 o leilão dos aeroportos internacio-
        para atender a uma demanda que chegou a                          que era hora de mudar e rapida- fundo ideológico tes do saudosismo estatizante.                                        nais do Rio de Janeiro (Antonio Carlos Jo-
        se expandir a quase 20% em um ano, os ae-                        mente puseram seus aeroportos                              O governo Lula fraquejou o tem-                             bim) e de Confins (Tancredo Neves).
        roportos viraram um gargalo. Quem busca o                        sob concessão privada. E os re-                            po todo diante dos interesses                                  A concessão desses cinco grandes aero-
        transporte aéreo como opção geralmente                           sultados não demoraram a apa-                              corporativos e não fez o que era                            portos não resolve totalmente os problemas
        tem pressa para chegar a seu destino ou an-                      recer. Quando se compara a qualidade dos      óbvio, principalmente depois de o Brasil ter                             do setor, mas já representará um grande sal-
        seia por conforto. No passado, pagava-se                         serviços nesses aeroportos, até mesmo de al-  se comprometido a abrigar grandes eventos                                to. Uma esperança, enfim, mesmo que, devi-
        muito caro para isso. Porém, o estímulo à                        gumas nações da América do Sul, o quadro      internacionais, cujo sucesso dependerá em                                do aos atrasos enervantes, seja difícil prestar
        competição entre as companhias aéreas em                         chega a ser vexaminoso para nós. Os brasi-    parte de bons serviços aeroportuários.                                   serviços amplos de boa qualidade na Copa.



              Jogo do bicho se conecta a outros crimes
        A
                  imagem clássica de apontadores                         últimos anos. A aliança dos grandes contra-    tas, grave por si só. Em seu rastro, contabili-                         incluídos na folha salarial da contravenção.
                  sentados em bancos e caixotes nas                      ventores do Rio com grupos mafiosos da Rús-    zam-se também homicídios, tráfico de influên-                           Não à toa, a grande (e necessária, desconta-
                  esquinas, anotando apostas em blo-                     sia e de Israel, descoberta recentemente em    cia, lavagem de dinheiro e outros crimes con-                           dos alguns aspectos tão espalhafatosos quan-
                  cos toscos, ainda não é um anacro-                     operações da Polícia Federal, co-                            tra a vida humana e a economia                            to ineficazes) operação desfechada esta sema-
        nismo absoluto no jogo do bicho fluminense.                      mo revelou O GLOBO, comprova                                 do país. A versão globalizada dos                         na pela polícia fluminense para prender acu-
        Mas eles perdem terreno gradativamente, e                        que também do ponto de vista                                 bicheiros apenas potencializa o                           sados de ligação com a máfia do bicho acabou
        num ritmo a cada dia mais intenso, para a tec-                   “gerencial” os bicheiros flumi- Contravenção se perigo que eles representam pa-                                        não alcançando três dos grandes “banquei-
        nologia: a alta cúpula da contravenção do Rio                    nenses diversificam os negócios                              ra a sociedade — e cuja gravida-                          ros” com mandados de prisão decretados pela
        de Janeiro investe pesadamente em máquinas                       ilegais. Disso também é evidência     alia a máfias          de nem sempre é devidamente                               Justiça. É cristalina a evidência de que, mais
        de anotação eletrônica, bem como em apare-                       a ligação dos chefões fluminen-                              avaliada pelo poder público, não                          uma vez, a ação vazou por canais que levam
        lhos caça-níqueis e outros dispositivos, aper-                   ses com cassinos em países sul-     internacionais e poucas vezes leniente com a pro-                                  aos chefões contraventores.
        feiçoando esquemas que são a razão de ser                        americanos, parceria que ajuda a                             liferação de bancas de apostas,                              Desses movimentos da contravenção, que
        dos jogos de azar: abastecer o caixa dos “ban-                   lastrear suas atividades interna-   corrompe maus tíbio na repressão a máquinas                                        passam por assassinatos, manipulação de
        queiros” com somas bilionárias à base de                         mente, em razão do aumento dos                               caça-níqueis e cego diante do de-                         apostas e graves ameaças contra a paz social,
        fraudes e manipulações que tiram do aposta-                      ganhos providos por esses novos          policiais           sembaraço com que “banquei-                               sobressai a constatação de que é insustentá-
        dor qualquer chance contra a “banca”.                            mercados. De comum entre os                                  ros” ostentam seu poder em ins-                           vel a tese da legalização da jogatina. Seja pelo
           Métodos conhecidos de ganhar dinheiro à                       dois tempos — o dos métodos                                  tâncias da vida legal.                                    aspecto criminal, pelo viés legal ou do ponto
        custa da boa-fé alheia e personagens que ain-                    artesanais de burla e o da infor-                                Um poder que também avan-                             de vista social, o jogo é uma atividade ligada a
        da remetem ao passado misturando-se a no-                        matização — permanece a inescapável reali-     ça sobre a vida institucional, e, de forma ainda                        uma estrutura viciada, violenta e — compro-
        vas tecnologias a serviço do engodo não são a                    dade de que a contravenção é uma atividade     mais profunda, sobre os organismos de segu-                             va-se agora — dominada por máfias. Logo,
        única coisa que mudou no jogo do bicho nos                       que não se restringe a manipulação de apos-    rança, com a cooptação de agentes públicos                              longe dos interesses da sociedade.




Hoje é a idade de ouro
                                                                                                                                                                                                    Marcelo
CACÁ DIEGUES                                como nós mesmos, sem precisar um                                                                                                                                      Porter, George Gershwin e Irving Ber-
                                            dia desaparecer da face da terra.                                                                                                                                     lin (até roqueiros os gravam!), mas



H
          á algumas décadas, muito            O formato da ópera nasceu no sé-                                                                                                                                    conscientes da intuição de Chico
          antes de Woody Allen ter culo 18, com “Orfeu e Eurídice” de                                                                                                                                             Buarque de que a canção se esgotou,
          t o c a d o n o a s s u n t o e m Gluck, até hoje encenada e gravada.                                                                                                                                   que novos formatos como o rap ga-
          “Meia-noite em Paris”, o an- Mas dificilmente surgirão no futuro                                                                                                                                        nham o espaço desse esgotamento,
tropólogo Lévi-Strauss já nos tinha novos Verdi e Puccini, as grandes es-                                                                                                                                         como Caetano Veloso anda a experi-
advertido sobre a ilusão das idades trelas da ópera no século 19, o apo-                                                                                                                                          mentar há algum tempo, acho que
de ouro. Talvez por culpa dos sofri- geu desse formato cultural. Da mes-                                                                                                                                          desde o disco “Noites do Norte”.
mentos inevitáveis ao longo de nos- ma forma, a humanidade vai sempre                                                                                                                                                Como diz o poeta e filósofo Antonio
sas vidas, imaginamos sempre que, cultivar a ideia de moda, mas a alta-                                                                                                                                           Cícero, as vanguardas do século 20
em algum outro tempo, houve ou ha- costura de gênios como Channel ou                                                                                                                                              serviram sobretudo para nos mostrar
verá dias melhores sem as frustra- Dior nunca mais terá o mesmo valor                                                                                                                                             que as artes não têm limites, não há
ções e as dores do presente.                nesse mundo de prêt-à-porter. E não                                                                                                                                   fronteiras que impeçam o artista de ir
   Para os conservadores, essa idade há nada de errado nisso.                                                                                                                                                     adiante. Nas galerias do Chelsea ou em
de ouro está sempre no                                     Pergunte a qualquer                                                                                                                                    parques como o Dia Beacon de Nova
passado que não volta                                   melômano contemporâ-                                                                                                                                      York e o Inhotim de Belo Horizonte, to-
mais, só nos resta lamen-                               neo sobre suas esperan-                                                                                                                                   das as formas se dissolvem sem rumo
tá-lo e indispor-nos com O desejo de que ças em achar um novo                                                                                                                                                     certo, como se isso fosse necessário
a decadência do presen-                                 Beethoven por aí. De Ba-                                                                                                                                  para se reencontrar o reinício de algu-
te. Para os progressistas, as coisas deem               ch e Vivaldi a Mozart e                                                                                                                                   ma coisa, nessa aurora do século 21.
ela está no futuro e, para                              Wagner, o formato do                                                                                                                                         No mundo pós-industrial, à porta do
merecê-la, é preciso que            eternamente         que chamamos música                                                                                                                                       qual nos encontramos, novos forma-
sacrifiquemos a insufi-                                 erudita alcançou sua                                                                                                                                      tos culturais estão surgindo, novas ar-
ciência do presente. E, no        certo perturba perfeição com Beetho-                                                                                                                                            tes e novos jogos que a humanidade
entanto, a idade de ouro                                ven usando todos os                                                                                                                                       não vai parar nunca de inventar. Assim
é o tempo que nos foi da-          a observação         equipamentos e alterna-                                                                                                                                   como o teatro não acabou com a in-
do viver.                                               tivas possíveis à sua ma-                                                                                                                                 venção do cinema, nem o cinema com
   Na cultura, esse mito                                nifestação. De tal modo                                                                                                                                   a da televisão, nem a televisão com a
da idade de ouro é sem-                                 que os gênios posterio-                                                                                                                                   da internet, as economias criativas da
pre objeto de polêmica. O poeta Ezra res de Debussy e Ravel ou de Stra-                                                                                                                                           era industrial continuarão vivas como
Pound foi quem melhor conseguiu ar- vinski e Boulez acabam expressando                                                                                                                                            fornecedoras de ideias à criação pós-
ticular essas ideias controversas, a melancolia inventiva desse esgota-                                                                                                                                           industrial. Assim como o WikiLeaks
quando dividiu os artistas em mes- mento, do que não se repete nunca                                                                                                                                              precisou da imprensa de papel para vi-
tres, inventores e diluidores. A obra mais. Um pouco como foram as artes                                                                                                                                          rar escândalo produtor de progresso,
dos mestres é clássica, os inventores plásticas do século 20, do “Olympia”                                                                                                                                        os fascinantes games eletrônicos não
criam a produção de seu tempo e os de Manet à tela em branco de Mon-                                                                                                                                              acabarão com o futebol.
diluidores usam os resultados de am- drian, uma reinvenção, em novo for-                                nosso time. Nada nos fará desprezar                 vas em campo são nossas conheci-                         A cada instante, seremos surpre-
bos para consolidar uma tendência.          mato, da pintura esgotada pelo re-                          o futebol. Mas o apogeu do jogo ficou               das, o Barça de Messi nos encanta                     endidos e encantados por novos for-
   O desejo de que as coisas deem nascimento e diluída pelo neoclássi-                                  para trás, com o esgotamento de                     mas já vimos aquele jeito de jogar, do                matos de novas eras, que nos reve-
eternamente certo perturba a obser- co do século 19. Ninguém melhor do                                  suas estratégias, das seleções húnga-               Ajax de Cruyff ao Flamengo de Zico.                   larão mais do espírito humano e do
vação delas. Mas sendo a cultura que Marcel Duchamp compreendeu e                                       ra de 1954 à holandesa de 1974-78,                     Nada disso significa que a música, a               estado do mundo. E nem por isso dei-
uma criação humana, ela é necessa- deu um basta nisso.                                                  com dois picos sublimes: as seleções                pintura, o futebol e todos os formatos                xaremos de ouvir Beethoven.
riamente dinâmica, em crise perma-            Também jogaremos bola pelo res-                           brasileiras de 1958 e de 1970. Ama-                 culturais do passado tenham morrido
nente, condenada a um processo de to da vida e voltaremos ao Maracanã,                                  nhã torceremos por Neymar como já                   e vão desaparecer para sempre. Con-                   CACÁ DIEGUES é cineasta.
surgimento, apogeu e decadência, sempre que houver uma partida de                                       torcemos por Pelé, mas as alternati-                tinuaremos a ouvir encantados Cole                    E-mail: carlosdiegues@uol.com.br.


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         Editores Executivos: Luiz Antônio Novaes, Pedro Doria,                                                                                                                                                                        As reclamações devem
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                     Helena Celestino e Paulo Motta                                                                                                                                             EXEMPLARES                             ser enviadas através da
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Opinião 17 dez 1

  • 1. 6 Sábado, 17 de dezembro de 2011 . O GLOBO OPINIÃO A hora de mudar os aeroportos N o dia 6 de fevereiro de 2012, três todo o mundo, com marcos regulatórios leiros se acostumaram ao desconforto e à es- Com enorme atraso, o governo Dilma tenta grandes aeroportos brasileiros mais adequados aos novos tempos, fez com cassez de serviços quando passam pelos ae- agora corrigir o erro do seu antecessor. Nes- (Guarulhos e Viracopos, em São que as tarifas barateassem e mais pessoas ti- roportos nacionais, mas se envergonham ao sa corrida contra o tempo, espera-se que o Paulo, e o de Brasília) começarão a vessem acesso a essa modalida- receber visitantes estrangeiros, cronograma dos leilões, da assinatura dos se livrar de uma longa trajetória de adminis- de de transporte. pois eles geralmente se surpre- contratos de concessão e da transferência da tração incompatível com os desafios atuais e A multiplicação do número de endem quando vêm ao país pela administração seja cumprido à risca. Para is- futuros do setor aeroportuário. Enquanto passageiros e de cargas abriu É fundamental primeira vez: o impacto negati- so, o governo não pode ser complacente com terminais marítimos e rodoviários em todo o oportunidades para os mais vo na recepção contrasta com o corporativismo, com resistências ideológi- país há muito tempo passaram para as mãos competitivos, e, em tal quadro, conter a Infraero as notícias e os depoimentos a cas e não deve ceder às pressões para que a de concessionários privados, nos aeroportos foram ficando para trás as anti- respeito dos avanços ocorridos Infraero tenha um papel que vá além do que prevaleceu a mentalidade retrógrada da es- gas empresas estatais, inclusive e resistir a novas no Brasil nas últimas décadas. lhe cabe no novo modelo. tatização. no segmento de administração Infelizmente, a infraestrutura O cumprimento do cronograma é impor- Com o crescimento vertiginoso do tráfego de terminais (Infraero). pressões de aeroportuária se transformou tante para que se consiga promover ainda aéreo, e um visível esforço de companhias Diversos países perceberam em um dos derradeiros baluar- em 2012 o leilão dos aeroportos internacio- para atender a uma demanda que chegou a que era hora de mudar e rapida- fundo ideológico tes do saudosismo estatizante. nais do Rio de Janeiro (Antonio Carlos Jo- se expandir a quase 20% em um ano, os ae- mente puseram seus aeroportos O governo Lula fraquejou o tem- bim) e de Confins (Tancredo Neves). roportos viraram um gargalo. Quem busca o sob concessão privada. E os re- po todo diante dos interesses A concessão desses cinco grandes aero- transporte aéreo como opção geralmente sultados não demoraram a apa- corporativos e não fez o que era portos não resolve totalmente os problemas tem pressa para chegar a seu destino ou an- recer. Quando se compara a qualidade dos óbvio, principalmente depois de o Brasil ter do setor, mas já representará um grande sal- seia por conforto. No passado, pagava-se serviços nesses aeroportos, até mesmo de al- se comprometido a abrigar grandes eventos to. Uma esperança, enfim, mesmo que, devi- muito caro para isso. Porém, o estímulo à gumas nações da América do Sul, o quadro internacionais, cujo sucesso dependerá em do aos atrasos enervantes, seja difícil prestar competição entre as companhias aéreas em chega a ser vexaminoso para nós. Os brasi- parte de bons serviços aeroportuários. serviços amplos de boa qualidade na Copa. Jogo do bicho se conecta a outros crimes A imagem clássica de apontadores últimos anos. A aliança dos grandes contra- tas, grave por si só. Em seu rastro, contabili- incluídos na folha salarial da contravenção. sentados em bancos e caixotes nas ventores do Rio com grupos mafiosos da Rús- zam-se também homicídios, tráfico de influên- Não à toa, a grande (e necessária, desconta- esquinas, anotando apostas em blo- sia e de Israel, descoberta recentemente em cia, lavagem de dinheiro e outros crimes con- dos alguns aspectos tão espalhafatosos quan- cos toscos, ainda não é um anacro- operações da Polícia Federal, co- tra a vida humana e a economia to ineficazes) operação desfechada esta sema- nismo absoluto no jogo do bicho fluminense. mo revelou O GLOBO, comprova do país. A versão globalizada dos na pela polícia fluminense para prender acu- Mas eles perdem terreno gradativamente, e que também do ponto de vista bicheiros apenas potencializa o sados de ligação com a máfia do bicho acabou num ritmo a cada dia mais intenso, para a tec- “gerencial” os bicheiros flumi- Contravenção se perigo que eles representam pa- não alcançando três dos grandes “banquei- nologia: a alta cúpula da contravenção do Rio nenses diversificam os negócios ra a sociedade — e cuja gravida- ros” com mandados de prisão decretados pela de Janeiro investe pesadamente em máquinas ilegais. Disso também é evidência alia a máfias de nem sempre é devidamente Justiça. É cristalina a evidência de que, mais de anotação eletrônica, bem como em apare- a ligação dos chefões fluminen- avaliada pelo poder público, não uma vez, a ação vazou por canais que levam lhos caça-níqueis e outros dispositivos, aper- ses com cassinos em países sul- internacionais e poucas vezes leniente com a pro- aos chefões contraventores. feiçoando esquemas que são a razão de ser americanos, parceria que ajuda a liferação de bancas de apostas, Desses movimentos da contravenção, que dos jogos de azar: abastecer o caixa dos “ban- lastrear suas atividades interna- corrompe maus tíbio na repressão a máquinas passam por assassinatos, manipulação de queiros” com somas bilionárias à base de mente, em razão do aumento dos caça-níqueis e cego diante do de- apostas e graves ameaças contra a paz social, fraudes e manipulações que tiram do aposta- ganhos providos por esses novos policiais sembaraço com que “banquei- sobressai a constatação de que é insustentá- dor qualquer chance contra a “banca”. mercados. De comum entre os ros” ostentam seu poder em ins- vel a tese da legalização da jogatina. Seja pelo Métodos conhecidos de ganhar dinheiro à dois tempos — o dos métodos tâncias da vida legal. aspecto criminal, pelo viés legal ou do ponto custa da boa-fé alheia e personagens que ain- artesanais de burla e o da infor- Um poder que também avan- de vista social, o jogo é uma atividade ligada a da remetem ao passado misturando-se a no- matização — permanece a inescapável reali- ça sobre a vida institucional, e, de forma ainda uma estrutura viciada, violenta e — compro- vas tecnologias a serviço do engodo não são a dade de que a contravenção é uma atividade mais profunda, sobre os organismos de segu- va-se agora — dominada por máfias. Logo, única coisa que mudou no jogo do bicho nos que não se restringe a manipulação de apos- rança, com a cooptação de agentes públicos longe dos interesses da sociedade. Hoje é a idade de ouro Marcelo CACÁ DIEGUES como nós mesmos, sem precisar um Porter, George Gershwin e Irving Ber- dia desaparecer da face da terra. lin (até roqueiros os gravam!), mas H á algumas décadas, muito O formato da ópera nasceu no sé- conscientes da intuição de Chico antes de Woody Allen ter culo 18, com “Orfeu e Eurídice” de Buarque de que a canção se esgotou, t o c a d o n o a s s u n t o e m Gluck, até hoje encenada e gravada. que novos formatos como o rap ga- “Meia-noite em Paris”, o an- Mas dificilmente surgirão no futuro nham o espaço desse esgotamento, tropólogo Lévi-Strauss já nos tinha novos Verdi e Puccini, as grandes es- como Caetano Veloso anda a experi- advertido sobre a ilusão das idades trelas da ópera no século 19, o apo- mentar há algum tempo, acho que de ouro. Talvez por culpa dos sofri- geu desse formato cultural. Da mes- desde o disco “Noites do Norte”. mentos inevitáveis ao longo de nos- ma forma, a humanidade vai sempre Como diz o poeta e filósofo Antonio sas vidas, imaginamos sempre que, cultivar a ideia de moda, mas a alta- Cícero, as vanguardas do século 20 em algum outro tempo, houve ou ha- costura de gênios como Channel ou serviram sobretudo para nos mostrar verá dias melhores sem as frustra- Dior nunca mais terá o mesmo valor que as artes não têm limites, não há ções e as dores do presente. nesse mundo de prêt-à-porter. E não fronteiras que impeçam o artista de ir Para os conservadores, essa idade há nada de errado nisso. adiante. Nas galerias do Chelsea ou em de ouro está sempre no Pergunte a qualquer parques como o Dia Beacon de Nova passado que não volta melômano contemporâ- York e o Inhotim de Belo Horizonte, to- mais, só nos resta lamen- neo sobre suas esperan- das as formas se dissolvem sem rumo tá-lo e indispor-nos com O desejo de que ças em achar um novo certo, como se isso fosse necessário a decadência do presen- Beethoven por aí. De Ba- para se reencontrar o reinício de algu- te. Para os progressistas, as coisas deem ch e Vivaldi a Mozart e ma coisa, nessa aurora do século 21. ela está no futuro e, para Wagner, o formato do No mundo pós-industrial, à porta do merecê-la, é preciso que eternamente que chamamos música qual nos encontramos, novos forma- sacrifiquemos a insufi- erudita alcançou sua tos culturais estão surgindo, novas ar- ciência do presente. E, no certo perturba perfeição com Beetho- tes e novos jogos que a humanidade entanto, a idade de ouro ven usando todos os não vai parar nunca de inventar. Assim é o tempo que nos foi da- a observação equipamentos e alterna- como o teatro não acabou com a in- do viver. tivas possíveis à sua ma- venção do cinema, nem o cinema com Na cultura, esse mito nifestação. De tal modo a da televisão, nem a televisão com a da idade de ouro é sem- que os gênios posterio- da internet, as economias criativas da pre objeto de polêmica. O poeta Ezra res de Debussy e Ravel ou de Stra- era industrial continuarão vivas como Pound foi quem melhor conseguiu ar- vinski e Boulez acabam expressando fornecedoras de ideias à criação pós- ticular essas ideias controversas, a melancolia inventiva desse esgota- industrial. Assim como o WikiLeaks quando dividiu os artistas em mes- mento, do que não se repete nunca precisou da imprensa de papel para vi- tres, inventores e diluidores. A obra mais. Um pouco como foram as artes rar escândalo produtor de progresso, dos mestres é clássica, os inventores plásticas do século 20, do “Olympia” os fascinantes games eletrônicos não criam a produção de seu tempo e os de Manet à tela em branco de Mon- acabarão com o futebol. diluidores usam os resultados de am- drian, uma reinvenção, em novo for- nosso time. Nada nos fará desprezar vas em campo são nossas conheci- A cada instante, seremos surpre- bos para consolidar uma tendência. mato, da pintura esgotada pelo re- o futebol. Mas o apogeu do jogo ficou das, o Barça de Messi nos encanta endidos e encantados por novos for- O desejo de que as coisas deem nascimento e diluída pelo neoclássi- para trás, com o esgotamento de mas já vimos aquele jeito de jogar, do matos de novas eras, que nos reve- eternamente certo perturba a obser- co do século 19. Ninguém melhor do suas estratégias, das seleções húnga- Ajax de Cruyff ao Flamengo de Zico. larão mais do espírito humano e do vação delas. Mas sendo a cultura que Marcel Duchamp compreendeu e ra de 1954 à holandesa de 1974-78, Nada disso significa que a música, a estado do mundo. E nem por isso dei- uma criação humana, ela é necessa- deu um basta nisso. com dois picos sublimes: as seleções pintura, o futebol e todos os formatos xaremos de ouvir Beethoven. riamente dinâmica, em crise perma- Também jogaremos bola pelo res- brasileiras de 1958 e de 1970. Ama- culturais do passado tenham morrido nente, condenada a um processo de to da vida e voltaremos ao Maracanã, nhã torceremos por Neymar como já e vão desaparecer para sempre. Con- CACÁ DIEGUES é cineasta. surgimento, apogeu e decadência, sempre que houver uma partida de torcemos por Pelé, mas as alternati- tinuaremos a ouvir encantados Cole E-mail: carlosdiegues@uol.com.br. ORGANIZAÇÕES GLOBO FA L E C O M O G LO B O Presidente: Roberto Irineu Marinho Classifone: (21) 2534-4333 Para assinar: (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine Geral e Redação: (21) 2534-5000 Vice-Presidentes: João Roberto Marinho • José Roberto Marinho AGÊNCIA O GLOBO PUBLICIDADE SUCURSAIS A S S I N AT U R A V E N D A AV U L S A AT E N D I M E N T O OGLOBO DE NOTÍCIAS Noticiário: (21) 2534-4310 Belo Horizonte: Atendimento ao assinante ESTADOS DIAS ÚTEIS DOMINGOS AO LEITOR é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A. 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