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Construtivismo



         Abordagem e Considerações

Uma abordagem muito antiga
   A     abordagem    de     transferência   de
conhecimento preconizada pelo Construtivismo
vem sendo usada desde a Grécia antiga. Em seus
diálogos, Sócrates visava aprimorar o
pensamento crítico através de uma série de
questões colocadas em função das respostas que
iam sendo dadas. Sócrates usou o termo
maiêutica, no sentido da arte de “parir” idéias,
para rotular seus famosos diálogos. Nestes
diálogos pode-se perceber a preocupação de
Sócrates em dar ao aprendiz a oportunidade de
contextualizar cada pergunta formulada. Veja
como isso acontece no trecho de diálogo que se
segue:
              (...)Prosseguiu Sócrates: - Não é evidente que se queres
              honras deves servir a República?
              Glauco: — Claro.
              Sócrates: - Em nome dos deuses, nada me escondas,
              dize-me qual o primeiro serviço que esperas prestar-lhe.
              Glauco guardava silêncio, procurando por onde começar.
              Não te esforçarás de enriquecer a cidade - disse Sócrates
              - como se tratasse de enriquecer a casa de um amigo?
              Glauco: — Sim.
              Sócrates: — Excogitar maiores rendas não será o meio
              de torná-la mais rica?
              Glauco: — Evidentemente.
              Sócrates: — Diga-me, pois, de onde se retiram hoje as
              rendas do Estado e qual o seu montante. Certamente
              fizeste teus estudos, a fim de suprir com os produtos que
              escassearem e prover aos que vierem a faltar.
              — Por Júpiter! - respondeu Glauco - nunca pensei nisso.
                                         1
Colaboração Sinergística

                   Sócrates: — De vez que não pensaste neste ponto, dize-
                   me, ao menos, quais são as despesas da cidade: porque
                   não resta dúvida que tens intenção de abater as
                   supérfluas.
                   Glauco: — Palavra! tampouco pensei nisso.
                   Sócrates: — Pois bem, deixemos para depois o projeto
                   de enriquecer o Estado. Como, com efeito, pensar em tal
                   antes de conhecer as despesas e as rendas?
                   ...
                   Xenofonte (430A.C.)

   Analisando o diálogo acima, podemos inferir que Sócrates só prosseguia
depois que Glauco conseguisse refletir sobre o significado de cada questão
colocada. Apesar de Sócrates não ser mencionado como um filósofo
Construtivista (Murphy, E., 1997), a sua preocupação em construir o sentido
para cada proposição usando experiência anterior e os últimos conhecimentos
ganhos está muito clara. Isto é típico da Aprendizagem Significativa1
(Ausubel, D., 1968) que é uma das características da abordagem
Construtivista .

Considerações essenciais
   Existe sempre uma possibilidade de representarmos nossas experiências e
idéias de algum modo: modelos científicos explicativos, fórmulas ma-
temáticas, símbolos, música, mito, narração de histórias, arte, linguagem,
filmes, etc. Por si só o exercício dessa representação já é um processo
construtivo, pois temos em nosso diálogo interior espaço para expandir e
negociar significados. Cada pessoa tem suas próprias experiências sujeitas
aos seus valores, hábitos, crenças, preconceitos e paradigmas. Mesmo que
não possamos ter um entendimento igual ao daquela pessoa, através da
narrativa de histórias ou com o uso de metáforas, podemos analisar e trocar
entendimentos uns com os outros, e assim negociar significados que podem
vir a ser parcialmente compartilhados.
   A descentralização das experiências através das representações nos leva
além das barreiras culturais e nos ajuda a encontrar novas possibilidades e

1
  Aprendizagem Significativa é uma teoria de aprendizagem defendida por David Ausubel que apresenta o
conhecimento sendo adquirido gradativamente e construído à medida que o aprendiz atribui significado ao
conhecimento anterior que lhe foi apresentado (Ausubel, 1968)
                                                        2
Construtivismo

múltiplas perspectivas. As representações nos conduzem além do pensamento
concreto e quando refletimos sobre as representações que fazemos
adquirimos uma consciência mais ampla das possíveis formas de adquirir
novos conhecimentos.
   A partir das bases epistemológicas de Piaget, surgiram vários tipos de
Construtivismo. Podemos distinguir, dentre estes tipos, o Construtivismo
radical, o social, o físico, o evolucionário, o pós-moderno, o cibernético.
Segundo Glasersfeld, que é tipicamente um Construtivista radical, pode
existir uma variedade de subdivisões da teoria Construtivista igual ao número
de pesquisadores (Fosnot, C., 1996).

Construtivismo versus Objetivismo
   Todos os tipos de Construtivismo consideram a representação da realidade
de forma bem diferente do Objetivismo, em cuja visão, o conhecimento é
considerado como a consciência de objetos que existem independentemente
de qualquer sujeito. De acordo com esta abordagem, existe um significado
intrínseco para o objeto, e conhecimento é um reflexo dessa realidade
significativa. Para o objetivista, conhecimento representaria o mundo real que
é pensado como existente, separado e independente do conhecedor, sendo
considerado verdade se refletisse corretamente a realidade independente.
Como as propriedades essenciais dos objetos conhecidos é relativamente
imutável, o conhecimento é imutável. O Objetivismo parte da premissa de
uma realidade estruturada que pode ser remodelada para o aprendiz. Sendo
assim, o propósito da mente é espelhar a realidade e sua estrutura através do
processo de pensamento que é analisável e passível de decomposição. O que
se consegue em termos de significado neste processo de pensamento é
externo ao entendedor e é função da estrutura do mundo real.
   Para o Construtivismo o ser humano tem um potencial cognitivo de pensar
o mundo, de reconstruir no pensamento, e nos conceitos, o mundo da
natureza e, com o auxílio de critérios racionais, ordenar o mundo
considerando aspectos sociais, políticos, econômicos, religiosos, geográficos
e cronológicos. Freitag denominou esta proposição de Postulado do
Universalismo Cognitivo. (Freitag, 1992). Pode-se dizer então que o
conhecimento é construído pelo indivíduo através de uma interação com seu
meio. (Fosnot, 1996). Nessa construção o conhecedor interage com o
ambiente para interpretar e construir uma realidade. De acordo com Piaget o
conhecimento surge de ações e da reflexão sobre as mesmas e não é uma
                                      3
Colaboração Sinergística

simples representação de coisas, situações e eventos externos. A partir da
reflexão fazemos um mapeamento das ações e operações conceituais que se
comprovam. Surge assim a noção de viabilidade: “Para o Construtivista ,
conceitos, modelos, teorias, etc. são viáveis se eles se mostram adequados no
contexto em que são criados.” (von Glasersfeld, E., 1995)
   Para o Construtivista, diante do meio em que vivemos, não devemos nos
comportar como simples espectadores passivos, nem ter uma atuação que se
resuma a um simples esquema estímulo-resposta. Esta idéia pode ser
reforçada com a citação abaixo que enfatiza que apesar de individuais, as
construções podem e devem ser compartilhadas.

     “Estabelecemos nesse meio uma atividade cognitiva, mediadora e constante que
     implica construção, previsão antecipatória e avaliação prática, já que as cons-
     truções são provadas na realidade, da mesma maneira que as hipóteses
     científicas. Por outro lado, o fato das construções serem individuais e próprias
     das pessoas não é incompatível com que possam ser compartilhadas com os
     outros.” (Gargallo&Cánovas, 1992:157)


                    Trecho do Livro “Transferindo Conhecimento Tácito” uma
                     abordagem construtivista” Editado pela E-papers em 2001




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Construtivismo 02

  • 1. Construtivismo Abordagem e Considerações Uma abordagem muito antiga A abordagem de transferência de conhecimento preconizada pelo Construtivismo vem sendo usada desde a Grécia antiga. Em seus diálogos, Sócrates visava aprimorar o pensamento crítico através de uma série de questões colocadas em função das respostas que iam sendo dadas. Sócrates usou o termo maiêutica, no sentido da arte de “parir” idéias, para rotular seus famosos diálogos. Nestes diálogos pode-se perceber a preocupação de Sócrates em dar ao aprendiz a oportunidade de contextualizar cada pergunta formulada. Veja como isso acontece no trecho de diálogo que se segue: (...)Prosseguiu Sócrates: - Não é evidente que se queres honras deves servir a República? Glauco: — Claro. Sócrates: - Em nome dos deuses, nada me escondas, dize-me qual o primeiro serviço que esperas prestar-lhe. Glauco guardava silêncio, procurando por onde começar. Não te esforçarás de enriquecer a cidade - disse Sócrates - como se tratasse de enriquecer a casa de um amigo? Glauco: — Sim. Sócrates: — Excogitar maiores rendas não será o meio de torná-la mais rica? Glauco: — Evidentemente. Sócrates: — Diga-me, pois, de onde se retiram hoje as rendas do Estado e qual o seu montante. Certamente fizeste teus estudos, a fim de suprir com os produtos que escassearem e prover aos que vierem a faltar. — Por Júpiter! - respondeu Glauco - nunca pensei nisso. 1
  • 2. Colaboração Sinergística Sócrates: — De vez que não pensaste neste ponto, dize- me, ao menos, quais são as despesas da cidade: porque não resta dúvida que tens intenção de abater as supérfluas. Glauco: — Palavra! tampouco pensei nisso. Sócrates: — Pois bem, deixemos para depois o projeto de enriquecer o Estado. Como, com efeito, pensar em tal antes de conhecer as despesas e as rendas? ... Xenofonte (430A.C.) Analisando o diálogo acima, podemos inferir que Sócrates só prosseguia depois que Glauco conseguisse refletir sobre o significado de cada questão colocada. Apesar de Sócrates não ser mencionado como um filósofo Construtivista (Murphy, E., 1997), a sua preocupação em construir o sentido para cada proposição usando experiência anterior e os últimos conhecimentos ganhos está muito clara. Isto é típico da Aprendizagem Significativa1 (Ausubel, D., 1968) que é uma das características da abordagem Construtivista . Considerações essenciais Existe sempre uma possibilidade de representarmos nossas experiências e idéias de algum modo: modelos científicos explicativos, fórmulas ma- temáticas, símbolos, música, mito, narração de histórias, arte, linguagem, filmes, etc. Por si só o exercício dessa representação já é um processo construtivo, pois temos em nosso diálogo interior espaço para expandir e negociar significados. Cada pessoa tem suas próprias experiências sujeitas aos seus valores, hábitos, crenças, preconceitos e paradigmas. Mesmo que não possamos ter um entendimento igual ao daquela pessoa, através da narrativa de histórias ou com o uso de metáforas, podemos analisar e trocar entendimentos uns com os outros, e assim negociar significados que podem vir a ser parcialmente compartilhados. A descentralização das experiências através das representações nos leva além das barreiras culturais e nos ajuda a encontrar novas possibilidades e 1 Aprendizagem Significativa é uma teoria de aprendizagem defendida por David Ausubel que apresenta o conhecimento sendo adquirido gradativamente e construído à medida que o aprendiz atribui significado ao conhecimento anterior que lhe foi apresentado (Ausubel, 1968) 2
  • 3. Construtivismo múltiplas perspectivas. As representações nos conduzem além do pensamento concreto e quando refletimos sobre as representações que fazemos adquirimos uma consciência mais ampla das possíveis formas de adquirir novos conhecimentos. A partir das bases epistemológicas de Piaget, surgiram vários tipos de Construtivismo. Podemos distinguir, dentre estes tipos, o Construtivismo radical, o social, o físico, o evolucionário, o pós-moderno, o cibernético. Segundo Glasersfeld, que é tipicamente um Construtivista radical, pode existir uma variedade de subdivisões da teoria Construtivista igual ao número de pesquisadores (Fosnot, C., 1996). Construtivismo versus Objetivismo Todos os tipos de Construtivismo consideram a representação da realidade de forma bem diferente do Objetivismo, em cuja visão, o conhecimento é considerado como a consciência de objetos que existem independentemente de qualquer sujeito. De acordo com esta abordagem, existe um significado intrínseco para o objeto, e conhecimento é um reflexo dessa realidade significativa. Para o objetivista, conhecimento representaria o mundo real que é pensado como existente, separado e independente do conhecedor, sendo considerado verdade se refletisse corretamente a realidade independente. Como as propriedades essenciais dos objetos conhecidos é relativamente imutável, o conhecimento é imutável. O Objetivismo parte da premissa de uma realidade estruturada que pode ser remodelada para o aprendiz. Sendo assim, o propósito da mente é espelhar a realidade e sua estrutura através do processo de pensamento que é analisável e passível de decomposição. O que se consegue em termos de significado neste processo de pensamento é externo ao entendedor e é função da estrutura do mundo real. Para o Construtivismo o ser humano tem um potencial cognitivo de pensar o mundo, de reconstruir no pensamento, e nos conceitos, o mundo da natureza e, com o auxílio de critérios racionais, ordenar o mundo considerando aspectos sociais, políticos, econômicos, religiosos, geográficos e cronológicos. Freitag denominou esta proposição de Postulado do Universalismo Cognitivo. (Freitag, 1992). Pode-se dizer então que o conhecimento é construído pelo indivíduo através de uma interação com seu meio. (Fosnot, 1996). Nessa construção o conhecedor interage com o ambiente para interpretar e construir uma realidade. De acordo com Piaget o conhecimento surge de ações e da reflexão sobre as mesmas e não é uma 3
  • 4. Colaboração Sinergística simples representação de coisas, situações e eventos externos. A partir da reflexão fazemos um mapeamento das ações e operações conceituais que se comprovam. Surge assim a noção de viabilidade: “Para o Construtivista , conceitos, modelos, teorias, etc. são viáveis se eles se mostram adequados no contexto em que são criados.” (von Glasersfeld, E., 1995) Para o Construtivista, diante do meio em que vivemos, não devemos nos comportar como simples espectadores passivos, nem ter uma atuação que se resuma a um simples esquema estímulo-resposta. Esta idéia pode ser reforçada com a citação abaixo que enfatiza que apesar de individuais, as construções podem e devem ser compartilhadas. “Estabelecemos nesse meio uma atividade cognitiva, mediadora e constante que implica construção, previsão antecipatória e avaliação prática, já que as cons- truções são provadas na realidade, da mesma maneira que as hipóteses científicas. Por outro lado, o fato das construções serem individuais e próprias das pessoas não é incompatível com que possam ser compartilhadas com os outros.” (Gargallo&Cánovas, 1992:157) Trecho do Livro “Transferindo Conhecimento Tácito” uma abordagem construtivista” Editado pela E-papers em 2001 4