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A PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Santo Afonso Maria de Ligório
SANTOS E
FESTAS DO MÊS:
02– Purificação da Virgem
Maria e Nª Sª da Candelária;
03– São Brás;
05– Santa Águeda;
07– São Romualdo;
09– São Cirilo de Alexandria
Santa Apolônia;
10– Santa Escolástica;
11– Aparição de Nossa Senho-
ra em Lourdes;
14– São Valentim;
23– São Pedro Damião;
27– São Gabriel de Nossa
Senhora das Dores;
N E S T A
E D I Ç Ã O :
Paixão de Nosso Senhor 1,2
O modernismo 2
Pe. Júlio Maria : servo de
Deus?
3
Meditação 4
Fevereiro/ 2015Edição 21
A Família CatólicaC A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
força para sofrer os tormentos, o martírio e a
morte, senão dos tormentos de Jesus crucificado?
S. José de Leonissa, capuchinho, vendo que
queriam atá-lo com cordas para uma operação
dolorosa que o cirurgião devia fazer-lhe, tomou
nas mãos o seu crucifixo e disse: Cordas? Que
cordas! Eis aqui os meus laços. Este Senhor
pregado por meu amor com suas dores obriga-me
a suportar qualquer tormento por seu amor. E
dessa maneira suportou a operação sem se
queixar, olhando para Jesus, que “como um
cordeiro se calou diante do tosquiador e não abriu
a sua boca” (Is 53,7). Quem mais poderá dizer
que padece injustamente,
vendo Jesus que “foi
dilacerado por causa de
nossos crimes?” Quem
mais poderá recusar-se a
obedecer, sob pretexto de
qualquer incômodo,
contemplando Jesus “feito
obediente até à morte?”
Quem poderá rejeitar as
ignomínias, vendo Jesus
tratado como louco, como
rei de burla, como
malfeitor, esbofeteado,
cuspido no rosto e
suspenso num patíbulo
infame?
Quem, pois, poderá
amar um outro objeto
além de Jesus, vendo-o
morrer entre tantas dores
e desprezos, a fim de
conquistar o nosso amor?
Um pio solitário rogava ao Senhor que lhe
ensinasse o que deveria fazer para amá-lo
perfeitamente. O Senhor revelou-lhe que, para
chegar a seu perfeito amor, não havia exercício
mais próprio que meditar frequentemente na sua
paixão. Queixava-se S. Teresa amargamente de
alguns livros, que lhe haviam ensinado a deixar de
meditar na Paixão de Jesus Cristo, porque isto
poderia servir de impedimento à contemplação da
divindade. Pelo que a santa exclamava: “O’
Senhor de minha alma, ó meu bem, Jesus
Crucificado, não posso recordar-me dessa opinião
sem me julgar culpada de uma grande
infidelidade. Pois seria então possível que vós
Senhor, fosseis um impedimento para um bem
maior? E donde me vieram todos os bens senão
Frutos que se colhem da meditação da Paixão de
Jesus Cristo.
O amante das almas, nosso amantíssimo
Redentor, declarou que não teve outro fim, vindo
à terra e fazendo-se homem, que acender o fogo
do santo amor nos corações dos homens. “Eu vim
trazer fogo à terra e que mais desejo senão que
ele se acenda?” (Lc 12,49). E, de fato, que belas
chamas de caridade não acendeu ele em tantas
almas, particularmente com os sofrimentos que
teve de padecer na sua morte, a fim de patentear-
nos o amor imenso que nos dedica! Oh! Quantos
corações sentindo-se felizes nas chagas de Jesus,
como em fornalhas
ardentes de amor, se
deixaram inflamar de tal
modo por seu amor, que
não recusaram consagrar-
lhe os bens, a vida e a si
mesmos inteiramente,
vencendo corajosamente
todas as dificuldades que
se lhes deparavam na
observância da Divina lei,
por amor daquele Senhor
que, sendo Deus, quis
sofrer tanto por amor deles!
Foi justamente este o
conselho que nos deu o
Apóstolo, para não
desfalecermos mas até
corrermos expeditamente
no caminho do céu:
“ C o n s i d e r a i , p o i s ,
atentamente, aquele que
suportou tal contradição
dos pecadores contra a sua pessoa, para que vos
não fatigueis, desfalecendo em vossos
ânimos” (Heb 12,3).
Por isso, S. Agostinho, ao contemplar Jesus todo
chagado na cruz, orava afetuosamente: “Escrevei,
Senhor, vossas chagas em meu coração para que
nelas eu leia a dor e o amor: a dor, para suportar
por vós todas as dores; o amor, para desprezar
por vós todos os amores.” Porque, tendo diante
dos meus olhos a grande dor que vós, meu Deus,
sofrestes por mim, sofrerei pacientemente todas
as penas que tiver de suportar, e à vista do vosso
amor, de que me destes prova na cruz, eu não
amarei nem poderei amar senão a vós.
E de que fonte hauriram os santos o ânimo e a
de vós?” E em seguida ajuntava: “Eu vi que, para contentar a
Deus e para que nos conceda grandes graças, ele quer que tudo
passe pelas mãos dessa humanidade sacratíssima, na qual se
compraz a sua divina majestade”.
Por isso dizia o Padre Baltasar Álvarez que o desconhecimento
dos tesouros que possuímos em Jesus é a ruína dos cristãos,
sendo por essa razão a Paixão de Jesus Cristo sua meditação
preferida e mais usada, considerando em Jesus especialmente
três de seus tormentos: a pobreza, o desprezo e as dores, e
exortava os seus penitentes a meditar frequentemente na Paixão
do Redentor, afirmando que não julgassem ter feito progresso
algum, se não chegassem a ter sempre impresso no coração a
Jesus crucificado.
Ensina S. Boaventura que quem quiser crescer sempre de
virtude em virtude, de graça em graça, medite sempre Jesus na
sua Paixão. E ajunta que não há exercício mais útil para fazer
santa uma alma do que considerar assiduamente os sofrimentos
de Jesus Cristo.
Além disso afirmava S. Agostinho que vale mais uma só lágrima
derramada em recordação da Paixão de Jesus, que uma
peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água. E na
verdade, por que nosso amante Salvador padeceu tanto senão
para que nisso pensássemos e pensando nos inflamássemos no
amor para com ele? “A caridade de Cristo nos constrange”, diz S.
Paulo (2 Cor 5,14). Jesus é amado por poucos, porque poucos
são os que meditam nas penas que por nós sofreu; quem, porém,
as medita a miúdo, não poderá viver sem amar a Jesus: sentir-se-
á de tal maneira constrangido por seu amor que não lhe será
possível resistir e deixar de amar a um Deus tão amante e que
tanto sofreu para se fazer amar.
Essa é a razão por que dizia o Apóstolo que não queria saber
outra coisa senão a Jesus e Jesus Crucificado, isto é, o amor que
ele nos testemunhou na cruz. “Não julgueis que eu sabia alguma
coisa entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado (1 Cor
2,2). E na verdade, em que livros poderíamos aprender melhor a
ciência dos santos (que é a ciência de amar a Deus) do que em
Jesus Crucificado? O grande servo de Deus, Frei Bernardo de
Corleone, capuchinho, não sabendo ler, queriam seus confrades
ensinar-lhe. Ele, porém, foi primeiro aconselhar-se com seu
crucifixo e Jesus respondeu-lhe da cruz: “Que livro! Que ler! Eu
sou o teu livro, no qual poderás sempre ler o amor que eu te
consagro!” Oh! Que grande assunto de meditação para toda a
vida e para toda a eternidade: um Deus morto por meu amor!
Visitando uma vez S. Tomás d’Aquino a S. Boaventura,
perguntou-lhe de que livro se havia servido para escrever tão
belas coisas que havia publicado. S. Boaventura mostrou-lhe a
imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos muitos
beijos que lhe imprimira, dizendo-lhe: “Eis o meu livro, donde tiro
tudo o que escrevo; ele ensinou-me o pouco que eu sei”. Todos
os santos aprenderam a arte de amar a Deus no estudo do
crucifixo. Fr. João da Alvérnia, todas as vezes que contemplava
Jesus coberto de chagas, não podia conter as lágrimas. Fr. Tiago
de Todi, ouvindo ler a paixão do Redentor, não só derramava
abundantes lágrimas, mas prorrompia em soluços oprimido pelo
amor de que se sentia abrasado por seu amado Senhor.
S. Francisco fez-se aquele grande serafim pelo doce estudo do
crucifixo. Chorava tanto ao meditar os sofrimentos de Jesus
Cristo, que perdeu quase totalmente a vista. Uma vez
encontraram-no chorando em altas vozes e perguntaram-lhe a
razão. “O que eu tenho? respondeu o santo, eu choro por causa
dos sofrimentos e das afrontas ocasionadas ao meu Senhor e
minha pena cresce e aumenta vendo a ingratidão dos homens
que não o amam e dele se esquecem”. Todas as vezes que ouvia
balar um cordeiro, sentia grande compaixão, pensando na morte
de Jesus, Cordeiro imaculado, sacrificado na cruz pelos pecados
do mundo. Por isso, esse grande amante de Jesus nada
recomendava com tanta solicitude a seus irmãos como a
meditação constante da paixão de Jesus.
Eis, portanto, o livro, Jesus Crucificado, que, se for
constantemente lido por nós, também nós aprenderemos de um
lado a temer o pecado e doutro nos abrasaremos em amor por
um Deus tão amante, lendo em suas chagas a malícia do pecado
que reduziu um Deus a sofrer uma morte tão amarga para por
nós satisfazer a justiça divina e o amor que nos manifestou o
Salvador, querendo sofrer tanto para nos fazer compreender o
quanto nos amava.
Supliquemos à divina Mãe Maria, que nos obtenha de seu Filho
a graça de entrarmos nessa fornalha de amor onde ardem tantos
corações, para que aí sejam destruídos nossos afetos terrenos e
possamos nos abrasar naquelas chamas bem-aventuradas que
fazem as almas santas na terra e bem-aventuradas no céu.
“O modernismo não é um simples erro de doutrina, é um verdadeiro feixe de erros; é
a heresia-mãe contendo no seu seio todas as heresias do passado e renovando-as sob
uma forma nova, forma que se diria ser como um último esforço do inferno contra a
Igreja de Jesus Cristo (...).
Mas nós estamos aqui; nós, seus padres, estamos de pé e a exemplo de nosso Pai
Pio X, tão terno e enérgico, estamos prontos à luta, prontos a combater e a morrer.
Não somos nós a vanguarda da Virgem? (...)
Com o nosso chefe supremo, o infalível Pontífice romano, temos rejeitado, execrado
e amaldiçoado o modernismo no seu princípio e em todas as aplicações. Sob qualquer
forma que se manifeste, é um inimigo para se combater.
Ataquemo-lo, esmaguemo-lo!
E seja tal o seu aniquilamento que nunca mais se atreva a tornar a levantar-se.”
Padre Júlio Maria de Lombaerde
A F a m í l i a C a t ó l i c aE d i ç ã o 2 1
Padre Júlio Maria de Lombaerde, missi-
onário belga, que se dizia francês e no
fim da vida se naturalizou brasileiro, já é
servo de Deus pela nova igreja que nas-
ceu do Concilio Vaticano II e está às por-
tas de uma beatificação.
Muitos que se dizem católicos ficarão
felizes de ver este santo missionário ele-
vado às honras dos altares, mas infeliz-
mente, a maioria destes serão, muito
provavelmente, modernistas ou católicos
liberais. Explico-me.
Provavelmente padre Júlio Maria é san-
to, e realmente tenha alcançado virtudes
heróicas e por isso, deve ter a honra de
ser chamado de beato. O problema não
está no padre Júlio Maria, o problema
está em quem beatifica este grande pa-
dre. A igreja do Vaticano II beatifica um
padre que durante toda sua vida lutou
contra os erros que esta mesma igreja
defende hoje como sendo verdadeiros.
Erros como a liberdade religiosa ou o
ecumenismo, tão em voga hoje na igreja
conciliar, foram duramente combatidos
pelo missionário belga, e, podemos até
dizer, que este foi o centro de toda sua
vida de missionário. Padre Júlio amava a
Eucaristia e a Virgem Maria com o amor
dos santos, e por isso era conhecido, já
em vida, como o “martelo das heresias”.
Claro, pois pode alguém amar a Eucaris-
tia e conviver amigavelmente com quem
a rejeita ou despreza? Sabendo nós que
quem a rejeita ou despreza, despreza
Deus com seu Corpo, Sangue, Alma e
Divindade? Pode alguém amar a Santíssi-
ma Virgem Maria e conviver sem se im-
portar com quem a rejeita como Mãe dos
homens e nossa intercessora? Sabendo
nós que esta boa Mãe é também Rainha
dos homens e dos anjos? Um católico de
verdade pode agir assim? Os católicos
liberais e modernistas acham que po-
dem. Padre Júlio Maria não. Na verdade,
os católicos liberais ou modernistas não
amam Nosso Senhor.
Padre Júlio era chamado “martelo das
heresias” porque amava a Deus, e aman-
do-O, queria que todos O amassem tam-
bém. Logo, queria a conversão de todos
para a Sua Religião, a Religião de Deus,
que Ele fundou, Católica, Apostólica, Ro-
mana. Além de amar a Virgem Maria e a
Eucaristia, nosso missionário amava o
próximo verdadeiramente, inclusive os
protestantes e maçons, por isso lutava
pelas suas conversões. E Deus os conver-
tia, em recompensa aos grandes esfor-
ços e duros trabalhos do padre Júlio.
Ganhava almas para Deus e as tirava do
erro, trabalhava pela honra de Nosso
Senhor, acabava com o pecado, fazia
com que o Cristo Rei reinasse não só nas
Igrejas, mas nas escolas, nos asilos, nos
hospitais, enfim, em toda sociedade. O
trabalho do padre Júlio era esse, porque
esse é o trabalho da Igreja Católica, da
qual padre Júlio era um fiel servo. O tra-
balho dos católicos modernistas é outro,
a igreja conciliar faz o inverso, se preocu-
pa não com Cristo Rei, mas com a união
do gênero humano1, trabalha para a paz,
não a paz que vem de Deus, mas a paz
do mundo, com a igualdade de todas as
religiões. Monsenhor Lefebvre expressou
isso muito bem nas palavras dirigidas ao
Cardeal Ratzinger por ocasião de um de
seus encontros: “Eminência, (...) não
podemos colaborar, é impossível, impos-
sível, porque trabalhamos em duas dire-
ções diametralmente opostas: vocês,
trabalham pela descristianização da soci-
edade, da pessoa humana e da Igreja; e
nós, estamos trabalhando pela sua cristi-
anização. Não podemos nos entender”.
Dois santos, de duas épocas, pensando
da mesma maneira e lutando pelo Reina-
do Social de Nosso Senhor. Que belo
espetáculo para se admirar!
Padre Júlio era também conhecido por
sua pena2. Nos anos 40, ainda em vida,
seus livros chegaram a ser os mais lidos
e divulgados no Brasil, pois nosso país
era Católico. Hoje, seus livros sequer são
editados, e até mesmo no seminário
fundado por ele, não encontramos todas
as suas obras, por puro descaso e falta
de interesse dos seus atuais irmãos de
congregação. A Igreja Católica se orgulha-
va das obras do padre Júlio, aprovava-as
e as recomendava. Já a igreja conciliar,
se envergonha desses livros, proíbe-os e
os censura, porque não suporta nada
que seja integralmente Católico. Mas
tudo o que é Católico, intolerante na dou-
trina, é insuportável aos olhos dos libe-
rais, e deve ser apagado e esquecido.
E essa igreja conciliar vai beatificar o
padre Júlio Maria. A igreja conciliar que
destronou Nosso Senhor, tirou a sua
Soberania, pôs em igualdade a Verdade e
o erro, que acolhe os protestantes e os
maçons sem lutar pelas suas conver-
sões, vai beatificar um padre Católico,
um missionário que deu a vida para aca-
bar com a maçonaria e o protestantismo,
que amava apaixonadamente a Santa
Igreja. Típico dos liberais. Vão deformar
esse missionário, passar uma imagem
mais suave, esconder algumas partes de
sua vida, se envergonhar de outras e até
pedir desculpas para os hereges, se isso
for preciso. A igreja conciliar vai beatificar
o padre Júlio, mas o padre Júlio não per-
tence nem nunca vai pertencer a essa
igreja.
PE. JÚLIO MARIA DE LOMBAERDE
Por um seu devoto
P á g i n a 3
Notas:
1 - “A igreja conciliar é a sociedade de bati-
zados que seguem as diretivas dos papas e
dos bispos atuais, aceitando de maneira
mais ou menos consciente, a intenção de
realizar a unidade do gênero humano, e
que na prática aceitam as decisões do con-
cílio, aceitam a nova liturgia e se subme-
tem ao novo código de direito canônico.”
Mons. Tissier, conferir em http://
www.reflexioncatholique.info/index.php/8
-crise-fsspx/1-eglise-catholique-ou-eglise-
conciliaire
2- Escrevia Dom Carloto, Bispo de Caratin-
ga, ao pe Júlio em 1933, a respeito dos
seus escritos: “Percorri estas páginas com
um verdadeiro entusiasmo. Quantas coisas
belas, admiráveis, há nestas paginas que
parecem escritas com pena de fogo. Tudo
é luminoso e convincente sob sua pena
ardente meu caro padre. Quanto bem vai
fazer estes vossos livros meu padre! Con-
gratulo-me consigo pelos resultados, pois
sei que a sua única meta é fazer o bem às
almas, levando-as na senda da verdade –
da única verdade – que é o ensino da Santa
Igreja Católica. Peço Nosso Senhor abenço-
ar esta pena terrível, que faz tremer os
inimigos da religião, e dá uma imensa sa-
tisfação a todos os Católicos sinceros, e de
modo particular ao seu velho e dedicado
Bispo, Dom Carloto”.
Edição:
Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.
http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br
Entre em contato conosco pelo e-mail:
jornalafamiliacatolica@gmail.com
Maneira de conversar continuamente com deus
As mais belas orações de santo afonso de ligório,
Pe. Saint-Omer.
Nota do jornal: Na última edição de nosso jornal iniciamos este
artigo e seguimos agora com a continuação.
3. De que, quando e como devemos falar a Deus.
3. Nas alegrias
Quando receberdes alguma notícia satisfatória, não façais co-
mo costumam fazer certas almas infiéis e ingratas, que recorrem
a Deus no tempo da tribulação, mas na prosperidade o esque-
cem e abandonam. Procedei para com Deus com a mesma fideli-
dade que usais com um amigo sincero que estimaria como sua a
vossa felicidade; ide comunicar-lhe a vossa alegria; louvai-o e dai-
lhe graças, reconhecendo que deveis tudo à sua bondade; julgai-
vos feliz por lhe serdes devedora d’esta graça; ponde, enfim,
toda a vossa alegria e consolação no Senhor: Eu me regozijarei
em Deus meu Salvador. Cantarei os louvores do Senhor de quem
me vem estes bens. Dizei-lhe: Meu Jesus, eu vos bendigo e ben-
direi sempre por todas as graças que me prodigalizais, a mim
pecadora, que mereceria, não favores, mas castigos. (...)
4. Depois d’uma falta
Se após cada falta em que cairdes, não vos envergonhardes de
ir lançar-vos aos pés do vosso amantíssimo Deus e pedir-lhe
perdão, dar-lhe-eis um sinal de confiança que lhe é singularmen-
te agradável. Sabei-o, Deus é tão inclinado a perdoar, que geme
pela perdição das almas que se separam d’ele e vivem privadas
da vida da graça; ele as convida com ternura: Porque, exclama
ele, porque correr para a morte, filhos de Israel? Voltai-vos para
mim e vivereis. A alma que o abandonou promete ele acolher
logo que torne para os seus braços. Voltai-vos para mim e eu me
voltarei para vós. Oh! Se os pecadores soubessem com que bon-
dade o Senhor os espera, para lhes perdoar! (...)
Assim, depois duma queda erguei logo os olhos para o Senhor
com um ato de amor, reconhecei humildemente a vossa falta, e,
esperando com segurança o perdão, dizei-lhe: Senhor! Este cora-
ção que amais, está enfermo, coberto todo de chagas: curai-me
porque pequei contra vós. Ides atrás dos pecadores arrependi-
dos; eis um que vem a vós, ei-lo aos vossos pés: o mal está feito,
que partido tomarei? Não quereis que eu perca a confiança; ain-
da depois deste pecado, vós me quereis bem, e eu também vos
amo ainda; sim, Deus meu, amo-vos de todo o meu coração;
pesa-me de vos ter desagradado, resolvido estou a não fazê-lo
mais; sois o Deus cheio de doçura e misericórdia, perdoai-me,
pois, dizei como à Madalena: os teus pecados te são perdoados,
e concedei-me a força de vos ser fiel para o futuro. (...)
Prestai a mais séria atenção, ó alma devota, a este conselho
que dão comumente os mestres da vida espiritual, de recorrer a
Deus logo depois de cada infidelidade; ainda que vos aconteça a
infelicidade de cair cem vezes no dia, ponde-vos em paz cada vez
e sem demora, voltando-vos para o Senhor, como ele diz; porque
se ficais desanimada e perturbada pela falta cometida, ir-vos-eis
fugindo de tratar com Deus, a vossa confiança se diminuirá, o
vosso desejo de amá-lo se esfriará, e não podereis mais progre-
dir no caminho do Senhor. Ao contrário, se recorrerdes logo a
Deus para lhe pedir perdão e prometer corrigir-vos, as mesmas
quedas contribuirão para vos adiantar no amor divino. (...)
Procedei de modo que as vossas mesmas faltas sirvam para
apartar cada vez mais os laços de amor que vos unem a ele.
5. Nas dúvidas
Nas dúvidas, quer vos sejam pessoais, quer alheias, fazei como
os amigos fiéis, que consultam entre si todos os seus negócios;
nunca deixeis de dar a Deus esta prova de confiança: consultai-o,
pedi-lhe vos esclareça, a fim de tomardes a resolução que lhe
seja mais agradável. (...)
6. Para o próximo
Recomendai a Deus com confiança, não só as vossas próprias
necessidades, mas também as dos outros. Quanto agradaríeis a
Deus, se soubésseis vos esquecer algumas vezes dos vossos
interesses pessoais, para lhe falar dos interesses da sua glória,
das misérias do próximo e lhe recomendar em particular os infeli-
zes que gemem sob o peso das tribulações, as almas do purgató-
rio, as suas esposas queridas, que suspiram pela felicidade de o
ver, e os pobres pecadores que vivem na privação da sua graça.
Em favor d’estes últimos podereis pedir-lhe assim:
Senhor, todo amável sois, amor infinito mereceis; como pois
sofreis que haja no mundo tantas almas que, cumuladas dos
vossos benefícios, não vos querem conhecer nem amar, e até
vos ofendem e desprezam? (...)
7. Desejo do Céu
Há no purgatório, segundo se pensa, uma pena particular, cha-
mada languidez, à qual são condenadas as almas que, nesta
vida, pouco desejaram o paraíso. Esta opinião é fundada em
razão, porque, não desejar vivamente um bem tão grande, um
reino eterno que Nosso Redentor nos adquiriu a preço do seu
sangue, é fazer muito pouco caso dele. Lembrai-vos, pois, alma
devota, de suspirar frequentemente por essa morada celeste;
dizei ao vosso Deus que, por causa do desejo em que ardeis de ir
amá-lo contemplando-o sem véu, o vosso exilio parece de mil
anos. Ansiai por deixar esta terra de pecados onde correis conti-
nuamente o risco de perder a divina graça, a fim de entrar na
pátria de amor onde amareis o Senhor a todo o vosso poder.
Repeti-lhe muitas vezes: Senhor, enquanto eu aqui viver estarei
sempre em perigo de vos abandonar e renunciar o vosso amor;
quando então ser-me-á dado deixar esta terra em que vos ofendo
todos os dias, ir amar-vos de todo meu coração e unir-me a vos,
sem temor de vos perder mais nunca?(...)
4. Deus responde a alma que lhe fala
Em suma, se quereis agradar ao coração amantíssimo do vos-
so Deus, esforçai-vos por entreter-vos com ele o maior número
de vezes que puderdes, falhar-lhe até continuamente e com toda
a confiança possível; de seu lado, o Senhor não se desdenhará
de responder-vos e entreter-se também convosco. Ele não vos
fará ouvir a sua voz de maneira exterior e sensível, mas falar-vos-
á interiormente uma linguagem que o vosso coração compreen-
derá bem, se souberdes vos desapegar do comércio das criatu-
ras para tratardes a sós com o vosso Deus: Eu a conduzirei à
solidão, diz Ele, e aí falarei a seu coração. Então ele vos falará
pelas inspirações, luzes interiores testemunhos de sua bondade,
toques suaves que penetram o coração, seguranças de perdão,
penhores de paz, carícias da sua graça, abraços e apertos afetu-
osos. Numa palavra, o Senhor vos fará entender essa linguagem
do amor, perfeitamente inteligível às almas que ele ama e que
com ele se contentam.

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  • 1. A PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO Santo Afonso Maria de Ligório SANTOS E FESTAS DO MÊS: 02– Purificação da Virgem Maria e Nª Sª da Candelária; 03– São Brás; 05– Santa Águeda; 07– São Romualdo; 09– São Cirilo de Alexandria Santa Apolônia; 10– Santa Escolástica; 11– Aparição de Nossa Senho- ra em Lourdes; 14– São Valentim; 23– São Pedro Damião; 27– São Gabriel de Nossa Senhora das Dores; N E S T A E D I Ç Ã O : Paixão de Nosso Senhor 1,2 O modernismo 2 Pe. Júlio Maria : servo de Deus? 3 Meditação 4 Fevereiro/ 2015Edição 21 A Família CatólicaC A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S força para sofrer os tormentos, o martírio e a morte, senão dos tormentos de Jesus crucificado? S. José de Leonissa, capuchinho, vendo que queriam atá-lo com cordas para uma operação dolorosa que o cirurgião devia fazer-lhe, tomou nas mãos o seu crucifixo e disse: Cordas? Que cordas! Eis aqui os meus laços. Este Senhor pregado por meu amor com suas dores obriga-me a suportar qualquer tormento por seu amor. E dessa maneira suportou a operação sem se queixar, olhando para Jesus, que “como um cordeiro se calou diante do tosquiador e não abriu a sua boca” (Is 53,7). Quem mais poderá dizer que padece injustamente, vendo Jesus que “foi dilacerado por causa de nossos crimes?” Quem mais poderá recusar-se a obedecer, sob pretexto de qualquer incômodo, contemplando Jesus “feito obediente até à morte?” Quem poderá rejeitar as ignomínias, vendo Jesus tratado como louco, como rei de burla, como malfeitor, esbofeteado, cuspido no rosto e suspenso num patíbulo infame? Quem, pois, poderá amar um outro objeto além de Jesus, vendo-o morrer entre tantas dores e desprezos, a fim de conquistar o nosso amor? Um pio solitário rogava ao Senhor que lhe ensinasse o que deveria fazer para amá-lo perfeitamente. O Senhor revelou-lhe que, para chegar a seu perfeito amor, não havia exercício mais próprio que meditar frequentemente na sua paixão. Queixava-se S. Teresa amargamente de alguns livros, que lhe haviam ensinado a deixar de meditar na Paixão de Jesus Cristo, porque isto poderia servir de impedimento à contemplação da divindade. Pelo que a santa exclamava: “O’ Senhor de minha alma, ó meu bem, Jesus Crucificado, não posso recordar-me dessa opinião sem me julgar culpada de uma grande infidelidade. Pois seria então possível que vós Senhor, fosseis um impedimento para um bem maior? E donde me vieram todos os bens senão Frutos que se colhem da meditação da Paixão de Jesus Cristo. O amante das almas, nosso amantíssimo Redentor, declarou que não teve outro fim, vindo à terra e fazendo-se homem, que acender o fogo do santo amor nos corações dos homens. “Eu vim trazer fogo à terra e que mais desejo senão que ele se acenda?” (Lc 12,49). E, de fato, que belas chamas de caridade não acendeu ele em tantas almas, particularmente com os sofrimentos que teve de padecer na sua morte, a fim de patentear- nos o amor imenso que nos dedica! Oh! Quantos corações sentindo-se felizes nas chagas de Jesus, como em fornalhas ardentes de amor, se deixaram inflamar de tal modo por seu amor, que não recusaram consagrar- lhe os bens, a vida e a si mesmos inteiramente, vencendo corajosamente todas as dificuldades que se lhes deparavam na observância da Divina lei, por amor daquele Senhor que, sendo Deus, quis sofrer tanto por amor deles! Foi justamente este o conselho que nos deu o Apóstolo, para não desfalecermos mas até corrermos expeditamente no caminho do céu: “ C o n s i d e r a i , p o i s , atentamente, aquele que suportou tal contradição dos pecadores contra a sua pessoa, para que vos não fatigueis, desfalecendo em vossos ânimos” (Heb 12,3). Por isso, S. Agostinho, ao contemplar Jesus todo chagado na cruz, orava afetuosamente: “Escrevei, Senhor, vossas chagas em meu coração para que nelas eu leia a dor e o amor: a dor, para suportar por vós todas as dores; o amor, para desprezar por vós todos os amores.” Porque, tendo diante dos meus olhos a grande dor que vós, meu Deus, sofrestes por mim, sofrerei pacientemente todas as penas que tiver de suportar, e à vista do vosso amor, de que me destes prova na cruz, eu não amarei nem poderei amar senão a vós. E de que fonte hauriram os santos o ânimo e a
  • 2. de vós?” E em seguida ajuntava: “Eu vi que, para contentar a Deus e para que nos conceda grandes graças, ele quer que tudo passe pelas mãos dessa humanidade sacratíssima, na qual se compraz a sua divina majestade”. Por isso dizia o Padre Baltasar Álvarez que o desconhecimento dos tesouros que possuímos em Jesus é a ruína dos cristãos, sendo por essa razão a Paixão de Jesus Cristo sua meditação preferida e mais usada, considerando em Jesus especialmente três de seus tormentos: a pobreza, o desprezo e as dores, e exortava os seus penitentes a meditar frequentemente na Paixão do Redentor, afirmando que não julgassem ter feito progresso algum, se não chegassem a ter sempre impresso no coração a Jesus crucificado. Ensina S. Boaventura que quem quiser crescer sempre de virtude em virtude, de graça em graça, medite sempre Jesus na sua Paixão. E ajunta que não há exercício mais útil para fazer santa uma alma do que considerar assiduamente os sofrimentos de Jesus Cristo. Além disso afirmava S. Agostinho que vale mais uma só lágrima derramada em recordação da Paixão de Jesus, que uma peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e água. E na verdade, por que nosso amante Salvador padeceu tanto senão para que nisso pensássemos e pensando nos inflamássemos no amor para com ele? “A caridade de Cristo nos constrange”, diz S. Paulo (2 Cor 5,14). Jesus é amado por poucos, porque poucos são os que meditam nas penas que por nós sofreu; quem, porém, as medita a miúdo, não poderá viver sem amar a Jesus: sentir-se- á de tal maneira constrangido por seu amor que não lhe será possível resistir e deixar de amar a um Deus tão amante e que tanto sofreu para se fazer amar. Essa é a razão por que dizia o Apóstolo que não queria saber outra coisa senão a Jesus e Jesus Crucificado, isto é, o amor que ele nos testemunhou na cruz. “Não julgueis que eu sabia alguma coisa entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado (1 Cor 2,2). E na verdade, em que livros poderíamos aprender melhor a ciência dos santos (que é a ciência de amar a Deus) do que em Jesus Crucificado? O grande servo de Deus, Frei Bernardo de Corleone, capuchinho, não sabendo ler, queriam seus confrades ensinar-lhe. Ele, porém, foi primeiro aconselhar-se com seu crucifixo e Jesus respondeu-lhe da cruz: “Que livro! Que ler! Eu sou o teu livro, no qual poderás sempre ler o amor que eu te consagro!” Oh! Que grande assunto de meditação para toda a vida e para toda a eternidade: um Deus morto por meu amor! Visitando uma vez S. Tomás d’Aquino a S. Boaventura, perguntou-lhe de que livro se havia servido para escrever tão belas coisas que havia publicado. S. Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos muitos beijos que lhe imprimira, dizendo-lhe: “Eis o meu livro, donde tiro tudo o que escrevo; ele ensinou-me o pouco que eu sei”. Todos os santos aprenderam a arte de amar a Deus no estudo do crucifixo. Fr. João da Alvérnia, todas as vezes que contemplava Jesus coberto de chagas, não podia conter as lágrimas. Fr. Tiago de Todi, ouvindo ler a paixão do Redentor, não só derramava abundantes lágrimas, mas prorrompia em soluços oprimido pelo amor de que se sentia abrasado por seu amado Senhor. S. Francisco fez-se aquele grande serafim pelo doce estudo do crucifixo. Chorava tanto ao meditar os sofrimentos de Jesus Cristo, que perdeu quase totalmente a vista. Uma vez encontraram-no chorando em altas vozes e perguntaram-lhe a razão. “O que eu tenho? respondeu o santo, eu choro por causa dos sofrimentos e das afrontas ocasionadas ao meu Senhor e minha pena cresce e aumenta vendo a ingratidão dos homens que não o amam e dele se esquecem”. Todas as vezes que ouvia balar um cordeiro, sentia grande compaixão, pensando na morte de Jesus, Cordeiro imaculado, sacrificado na cruz pelos pecados do mundo. Por isso, esse grande amante de Jesus nada recomendava com tanta solicitude a seus irmãos como a meditação constante da paixão de Jesus. Eis, portanto, o livro, Jesus Crucificado, que, se for constantemente lido por nós, também nós aprenderemos de um lado a temer o pecado e doutro nos abrasaremos em amor por um Deus tão amante, lendo em suas chagas a malícia do pecado que reduziu um Deus a sofrer uma morte tão amarga para por nós satisfazer a justiça divina e o amor que nos manifestou o Salvador, querendo sofrer tanto para nos fazer compreender o quanto nos amava. Supliquemos à divina Mãe Maria, que nos obtenha de seu Filho a graça de entrarmos nessa fornalha de amor onde ardem tantos corações, para que aí sejam destruídos nossos afetos terrenos e possamos nos abrasar naquelas chamas bem-aventuradas que fazem as almas santas na terra e bem-aventuradas no céu. “O modernismo não é um simples erro de doutrina, é um verdadeiro feixe de erros; é a heresia-mãe contendo no seu seio todas as heresias do passado e renovando-as sob uma forma nova, forma que se diria ser como um último esforço do inferno contra a Igreja de Jesus Cristo (...). Mas nós estamos aqui; nós, seus padres, estamos de pé e a exemplo de nosso Pai Pio X, tão terno e enérgico, estamos prontos à luta, prontos a combater e a morrer. Não somos nós a vanguarda da Virgem? (...) Com o nosso chefe supremo, o infalível Pontífice romano, temos rejeitado, execrado e amaldiçoado o modernismo no seu princípio e em todas as aplicações. Sob qualquer forma que se manifeste, é um inimigo para se combater. Ataquemo-lo, esmaguemo-lo! E seja tal o seu aniquilamento que nunca mais se atreva a tornar a levantar-se.” Padre Júlio Maria de Lombaerde A F a m í l i a C a t ó l i c aE d i ç ã o 2 1
  • 3. Padre Júlio Maria de Lombaerde, missi- onário belga, que se dizia francês e no fim da vida se naturalizou brasileiro, já é servo de Deus pela nova igreja que nas- ceu do Concilio Vaticano II e está às por- tas de uma beatificação. Muitos que se dizem católicos ficarão felizes de ver este santo missionário ele- vado às honras dos altares, mas infeliz- mente, a maioria destes serão, muito provavelmente, modernistas ou católicos liberais. Explico-me. Provavelmente padre Júlio Maria é san- to, e realmente tenha alcançado virtudes heróicas e por isso, deve ter a honra de ser chamado de beato. O problema não está no padre Júlio Maria, o problema está em quem beatifica este grande pa- dre. A igreja do Vaticano II beatifica um padre que durante toda sua vida lutou contra os erros que esta mesma igreja defende hoje como sendo verdadeiros. Erros como a liberdade religiosa ou o ecumenismo, tão em voga hoje na igreja conciliar, foram duramente combatidos pelo missionário belga, e, podemos até dizer, que este foi o centro de toda sua vida de missionário. Padre Júlio amava a Eucaristia e a Virgem Maria com o amor dos santos, e por isso era conhecido, já em vida, como o “martelo das heresias”. Claro, pois pode alguém amar a Eucaris- tia e conviver amigavelmente com quem a rejeita ou despreza? Sabendo nós que quem a rejeita ou despreza, despreza Deus com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade? Pode alguém amar a Santíssi- ma Virgem Maria e conviver sem se im- portar com quem a rejeita como Mãe dos homens e nossa intercessora? Sabendo nós que esta boa Mãe é também Rainha dos homens e dos anjos? Um católico de verdade pode agir assim? Os católicos liberais e modernistas acham que po- dem. Padre Júlio Maria não. Na verdade, os católicos liberais ou modernistas não amam Nosso Senhor. Padre Júlio era chamado “martelo das heresias” porque amava a Deus, e aman- do-O, queria que todos O amassem tam- bém. Logo, queria a conversão de todos para a Sua Religião, a Religião de Deus, que Ele fundou, Católica, Apostólica, Ro- mana. Além de amar a Virgem Maria e a Eucaristia, nosso missionário amava o próximo verdadeiramente, inclusive os protestantes e maçons, por isso lutava pelas suas conversões. E Deus os conver- tia, em recompensa aos grandes esfor- ços e duros trabalhos do padre Júlio. Ganhava almas para Deus e as tirava do erro, trabalhava pela honra de Nosso Senhor, acabava com o pecado, fazia com que o Cristo Rei reinasse não só nas Igrejas, mas nas escolas, nos asilos, nos hospitais, enfim, em toda sociedade. O trabalho do padre Júlio era esse, porque esse é o trabalho da Igreja Católica, da qual padre Júlio era um fiel servo. O tra- balho dos católicos modernistas é outro, a igreja conciliar faz o inverso, se preocu- pa não com Cristo Rei, mas com a união do gênero humano1, trabalha para a paz, não a paz que vem de Deus, mas a paz do mundo, com a igualdade de todas as religiões. Monsenhor Lefebvre expressou isso muito bem nas palavras dirigidas ao Cardeal Ratzinger por ocasião de um de seus encontros: “Eminência, (...) não podemos colaborar, é impossível, impos- sível, porque trabalhamos em duas dire- ções diametralmente opostas: vocês, trabalham pela descristianização da soci- edade, da pessoa humana e da Igreja; e nós, estamos trabalhando pela sua cristi- anização. Não podemos nos entender”. Dois santos, de duas épocas, pensando da mesma maneira e lutando pelo Reina- do Social de Nosso Senhor. Que belo espetáculo para se admirar! Padre Júlio era também conhecido por sua pena2. Nos anos 40, ainda em vida, seus livros chegaram a ser os mais lidos e divulgados no Brasil, pois nosso país era Católico. Hoje, seus livros sequer são editados, e até mesmo no seminário fundado por ele, não encontramos todas as suas obras, por puro descaso e falta de interesse dos seus atuais irmãos de congregação. A Igreja Católica se orgulha- va das obras do padre Júlio, aprovava-as e as recomendava. Já a igreja conciliar, se envergonha desses livros, proíbe-os e os censura, porque não suporta nada que seja integralmente Católico. Mas tudo o que é Católico, intolerante na dou- trina, é insuportável aos olhos dos libe- rais, e deve ser apagado e esquecido. E essa igreja conciliar vai beatificar o padre Júlio Maria. A igreja conciliar que destronou Nosso Senhor, tirou a sua Soberania, pôs em igualdade a Verdade e o erro, que acolhe os protestantes e os maçons sem lutar pelas suas conver- sões, vai beatificar um padre Católico, um missionário que deu a vida para aca- bar com a maçonaria e o protestantismo, que amava apaixonadamente a Santa Igreja. Típico dos liberais. Vão deformar esse missionário, passar uma imagem mais suave, esconder algumas partes de sua vida, se envergonhar de outras e até pedir desculpas para os hereges, se isso for preciso. A igreja conciliar vai beatificar o padre Júlio, mas o padre Júlio não per- tence nem nunca vai pertencer a essa igreja. PE. JÚLIO MARIA DE LOMBAERDE Por um seu devoto P á g i n a 3 Notas: 1 - “A igreja conciliar é a sociedade de bati- zados que seguem as diretivas dos papas e dos bispos atuais, aceitando de maneira mais ou menos consciente, a intenção de realizar a unidade do gênero humano, e que na prática aceitam as decisões do con- cílio, aceitam a nova liturgia e se subme- tem ao novo código de direito canônico.” Mons. Tissier, conferir em http:// www.reflexioncatholique.info/index.php/8 -crise-fsspx/1-eglise-catholique-ou-eglise- conciliaire 2- Escrevia Dom Carloto, Bispo de Caratin- ga, ao pe Júlio em 1933, a respeito dos seus escritos: “Percorri estas páginas com um verdadeiro entusiasmo. Quantas coisas belas, admiráveis, há nestas paginas que parecem escritas com pena de fogo. Tudo é luminoso e convincente sob sua pena ardente meu caro padre. Quanto bem vai fazer estes vossos livros meu padre! Con- gratulo-me consigo pelos resultados, pois sei que a sua única meta é fazer o bem às almas, levando-as na senda da verdade – da única verdade – que é o ensino da Santa Igreja Católica. Peço Nosso Senhor abenço- ar esta pena terrível, que faz tremer os inimigos da religião, e dá uma imensa sa- tisfação a todos os Católicos sinceros, e de modo particular ao seu velho e dedicado Bispo, Dom Carloto”.
  • 4. Edição: Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES. http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br Entre em contato conosco pelo e-mail: jornalafamiliacatolica@gmail.com Maneira de conversar continuamente com deus As mais belas orações de santo afonso de ligório, Pe. Saint-Omer. Nota do jornal: Na última edição de nosso jornal iniciamos este artigo e seguimos agora com a continuação. 3. De que, quando e como devemos falar a Deus. 3. Nas alegrias Quando receberdes alguma notícia satisfatória, não façais co- mo costumam fazer certas almas infiéis e ingratas, que recorrem a Deus no tempo da tribulação, mas na prosperidade o esque- cem e abandonam. Procedei para com Deus com a mesma fideli- dade que usais com um amigo sincero que estimaria como sua a vossa felicidade; ide comunicar-lhe a vossa alegria; louvai-o e dai- lhe graças, reconhecendo que deveis tudo à sua bondade; julgai- vos feliz por lhe serdes devedora d’esta graça; ponde, enfim, toda a vossa alegria e consolação no Senhor: Eu me regozijarei em Deus meu Salvador. Cantarei os louvores do Senhor de quem me vem estes bens. Dizei-lhe: Meu Jesus, eu vos bendigo e ben- direi sempre por todas as graças que me prodigalizais, a mim pecadora, que mereceria, não favores, mas castigos. (...) 4. Depois d’uma falta Se após cada falta em que cairdes, não vos envergonhardes de ir lançar-vos aos pés do vosso amantíssimo Deus e pedir-lhe perdão, dar-lhe-eis um sinal de confiança que lhe é singularmen- te agradável. Sabei-o, Deus é tão inclinado a perdoar, que geme pela perdição das almas que se separam d’ele e vivem privadas da vida da graça; ele as convida com ternura: Porque, exclama ele, porque correr para a morte, filhos de Israel? Voltai-vos para mim e vivereis. A alma que o abandonou promete ele acolher logo que torne para os seus braços. Voltai-vos para mim e eu me voltarei para vós. Oh! Se os pecadores soubessem com que bon- dade o Senhor os espera, para lhes perdoar! (...) Assim, depois duma queda erguei logo os olhos para o Senhor com um ato de amor, reconhecei humildemente a vossa falta, e, esperando com segurança o perdão, dizei-lhe: Senhor! Este cora- ção que amais, está enfermo, coberto todo de chagas: curai-me porque pequei contra vós. Ides atrás dos pecadores arrependi- dos; eis um que vem a vós, ei-lo aos vossos pés: o mal está feito, que partido tomarei? Não quereis que eu perca a confiança; ain- da depois deste pecado, vós me quereis bem, e eu também vos amo ainda; sim, Deus meu, amo-vos de todo o meu coração; pesa-me de vos ter desagradado, resolvido estou a não fazê-lo mais; sois o Deus cheio de doçura e misericórdia, perdoai-me, pois, dizei como à Madalena: os teus pecados te são perdoados, e concedei-me a força de vos ser fiel para o futuro. (...) Prestai a mais séria atenção, ó alma devota, a este conselho que dão comumente os mestres da vida espiritual, de recorrer a Deus logo depois de cada infidelidade; ainda que vos aconteça a infelicidade de cair cem vezes no dia, ponde-vos em paz cada vez e sem demora, voltando-vos para o Senhor, como ele diz; porque se ficais desanimada e perturbada pela falta cometida, ir-vos-eis fugindo de tratar com Deus, a vossa confiança se diminuirá, o vosso desejo de amá-lo se esfriará, e não podereis mais progre- dir no caminho do Senhor. Ao contrário, se recorrerdes logo a Deus para lhe pedir perdão e prometer corrigir-vos, as mesmas quedas contribuirão para vos adiantar no amor divino. (...) Procedei de modo que as vossas mesmas faltas sirvam para apartar cada vez mais os laços de amor que vos unem a ele. 5. Nas dúvidas Nas dúvidas, quer vos sejam pessoais, quer alheias, fazei como os amigos fiéis, que consultam entre si todos os seus negócios; nunca deixeis de dar a Deus esta prova de confiança: consultai-o, pedi-lhe vos esclareça, a fim de tomardes a resolução que lhe seja mais agradável. (...) 6. Para o próximo Recomendai a Deus com confiança, não só as vossas próprias necessidades, mas também as dos outros. Quanto agradaríeis a Deus, se soubésseis vos esquecer algumas vezes dos vossos interesses pessoais, para lhe falar dos interesses da sua glória, das misérias do próximo e lhe recomendar em particular os infeli- zes que gemem sob o peso das tribulações, as almas do purgató- rio, as suas esposas queridas, que suspiram pela felicidade de o ver, e os pobres pecadores que vivem na privação da sua graça. Em favor d’estes últimos podereis pedir-lhe assim: Senhor, todo amável sois, amor infinito mereceis; como pois sofreis que haja no mundo tantas almas que, cumuladas dos vossos benefícios, não vos querem conhecer nem amar, e até vos ofendem e desprezam? (...) 7. Desejo do Céu Há no purgatório, segundo se pensa, uma pena particular, cha- mada languidez, à qual são condenadas as almas que, nesta vida, pouco desejaram o paraíso. Esta opinião é fundada em razão, porque, não desejar vivamente um bem tão grande, um reino eterno que Nosso Redentor nos adquiriu a preço do seu sangue, é fazer muito pouco caso dele. Lembrai-vos, pois, alma devota, de suspirar frequentemente por essa morada celeste; dizei ao vosso Deus que, por causa do desejo em que ardeis de ir amá-lo contemplando-o sem véu, o vosso exilio parece de mil anos. Ansiai por deixar esta terra de pecados onde correis conti- nuamente o risco de perder a divina graça, a fim de entrar na pátria de amor onde amareis o Senhor a todo o vosso poder. Repeti-lhe muitas vezes: Senhor, enquanto eu aqui viver estarei sempre em perigo de vos abandonar e renunciar o vosso amor; quando então ser-me-á dado deixar esta terra em que vos ofendo todos os dias, ir amar-vos de todo meu coração e unir-me a vos, sem temor de vos perder mais nunca?(...) 4. Deus responde a alma que lhe fala Em suma, se quereis agradar ao coração amantíssimo do vos- so Deus, esforçai-vos por entreter-vos com ele o maior número de vezes que puderdes, falhar-lhe até continuamente e com toda a confiança possível; de seu lado, o Senhor não se desdenhará de responder-vos e entreter-se também convosco. Ele não vos fará ouvir a sua voz de maneira exterior e sensível, mas falar-vos- á interiormente uma linguagem que o vosso coração compreen- derá bem, se souberdes vos desapegar do comércio das criatu- ras para tratardes a sós com o vosso Deus: Eu a conduzirei à solidão, diz Ele, e aí falarei a seu coração. Então ele vos falará pelas inspirações, luzes interiores testemunhos de sua bondade, toques suaves que penetram o coração, seguranças de perdão, penhores de paz, carícias da sua graça, abraços e apertos afetu- osos. Numa palavra, o Senhor vos fará entender essa linguagem do amor, perfeitamente inteligível às almas que ele ama e que com ele se contentam.