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Índice
___________________________________________________________________________
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PESSOAL DA BÍBLIA.......................................................................03
1 . A Bíblia pode e deve ser estudada...................................................................................................O3
2. Resultados do estudo bíblico.............................................................................................................08
3. Manuseie com cuidado!......................................................................................................................11
4. A necessidade de métodos para estudar a Bíblia..............................................................................13
PASSOS PARA O ESTUDO DA BÍBLIA..............................................................................................15
I. OBSERVAÇÃO...................................................................................................................................15
A. O valor da observação....................................................................................................................15
B. Aprenda a ler o texto bíblico...........................................................................................................16
1. Estratégias para uma leitura do texto bíblico..............................................................................16
a. Ler com atenção, repetidas vezes, pacientemente e aquisitivamente.....................................17
b. Ler com oração e meditativamente..........................................................................................17
c. Ler seletivamente: seis perguntas básicas...............................................................................18
d. Ler descobrindo o propósito através da estrutura gramatical e literária..................................18
2. Elementos a procurar (desvendar) no texto bíblico em estudo..........................................................23
a. Elementos que são enfatizados.....................................................................................................24
b. Elementos que se repetem.............................................................................................................24
c. Elementos que são relacionados....................................................................................................25
d. Elementos semelhantes e diferentes.............................................................................................26
e. Elementos que são da vida real.....................................................................................................27
II. INTERPRETAÇÃO.............................................................................................................................34
A. O valor da interpretação.................................................................................................................34
B. Chaves para a interpretação do texto bíblico em estudo...............................................................39
1. Conteúdo...................................................................................................................................39
2. Contexto....................................................................................................................................40
3. Antecedentes históricos e culturais...........................................................................................42
4. Consulta a fontes secundárias..................................................................................................43
III. CORRELAÇÃO.................................................................................................................................48
A. Definição e objetivos da correlação...................................................................................................48
B. Meios para fazer a correlação bíblica do texto em estudo.................................................................48
1. Referências bíblicas.......................................................................................................................48
2. Versões bíblicas.............................................................................................................................49
3. Esboço minucioso..........................................................................................................................49
4. Gráficos..........................................................................................................................................50
C. Juntando as partes............................................................................................................................51
IV. APLICAÇÃO.....................................................................................................................................58
A. O valor da aplicação..........................................................................................................................58
B. Passos para fazer uma boa aplicação do texto bíblico estudado......................................................60
1. Conheça o texto e conheça a si mesmo........................................................................................60
2. Relacione a verdade à própria experiência....................................................................................62
3. Medite.............................................................................................................................................63
4. Pratique: a. A importância de princípios; b. O processo de mudança............................................65
V. MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA................................................................................................75
1. MÉTODO DEVOCIONAL...............................................................................................................75
2. MÉTODO BIOGRÁFICO................................................................................................................81
3. MÉTODO ANALÍTICO...................................................................................................................83
4. MÉTODO TÓPICO.........................................................................................................................86
5. MÉTODO LIVRO POR LIVRO.......................................................................................................88
ANEXO: Programas de leitura e de estudo da Bíblia.............................................................................91
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................96
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UNIDADE I
___________________________________________________________________________
A importância do estudo pessoal da Bíblia
1. A Bíblia pode e deve ser estudada
Os cristãos são o povo do livro — isto é, da biblioteca de 66 livros conhecida como a Bíblia. A
inspiração divina desta obra múltipla a eleva para sua posição central e fundamento
inabalável da fé cristã.
Durante séculos seguidos a Bíblia ficou na situação ambígua de ser a narração dos fatos em
que a Igreja colocava sua fé salvadora e ao mesmo tempo o livro virtualmente desconhecido.
Desde os séculos V e VI depois de Cristo, quando Jerônimo traduziu a Bíblia do hebraico e
grego para o latim, até o trabalho pioneiro de Wycliffe e Lutero, a Bíblia foi destinada a ser
cada vez menos lida e entendida. O latim, que há 1500 anos atrás foi a língua do povo d
Europa ocidental, transformou-se num véu cada vez mais espesso para os povos que
falavam as línguas românicas, italiano, espanhol, francês, português e outras. A vantagem do
latim se baseava na possibilidade de manter comunicação entre povos que falavam línguas
distintas. Por outro lado, os analfabetos, que constituíam a maioria da população européia,
não entendiam o latim.
A Vulgata, traduzida por Jerônimo, era a versão aceita oficialmente pela igreja Católica
Romana, mas o conteúdo das suas páginas ficou desconhecido pela maioria. Assim se deu a
oportunidade de criar e aumentar as tradições dogmáticas sem interferência séria da Bíblia.
A própria Igreja Romana achou por bem seqüestrar a Bíblia do povão. Dessa maneira os
ensinamentos do magisterium (órgão oficial para a determinação do ensino bíblico aceitável à
Igreja) se transformaram “no que a Bíblia disse”, segundo os mestres autorizados pela
hierarquia em Roma.
Paulatinamente, na era das trevas, ou período medieval, a Bíblia ficou cada vez mais distante
do povo – era vista apenas na biblioteca dos mosteiros e das universidades ou entre as
pessoas de recursos. Quem teria coragem de colocar em dúvida as interpretações
eclesiásticas oficiais? Quem quer que fosse e publicamente desafiasse as tradições era
tachado de “herege” e morto ou banido juntamente com suas obras.
Assim, duas barreiras ofuscavam a mente do “cristão” típico antes da Reforma do sáculo XV:
1) A língua latina que não se entendia. 2) Uma ameaça física e espiritual, efetivamente
obscureceu as mentes dos católicos. Torturas e martírio pela fogueira intimidavam qualquer
interessado no restabelecimento da religião bíblica como aconteceu com Jan Hus e
Savanarola. Muitos certamente discerniam os interesses humanos que os principais líderes
da Igreja tinham para manter os membros dependentes e obedientes às ordens eclesiásticas.
Além destas formidáveis barreiras que mantiveram os católicos na ignorância das Escrituras,
houve mais uma: a produção de livros dependia de papel rude e caro, chamado papiro. Aos
poucos foi sendo substituído por pergaminho, feito de peles de ovelhas e cabras, por volta do
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século X. Mais ainda, a reprodução realizou-se por escrito com pena e tinta. Quantas
centenas de horas se gastaram para copiar um exemplar da Bíblia?
Como seria possível buscar nela o amor de Deus e a Sua perfeita vontade? A Reforma é que
fez dela um livro popular. Foi a convicção de que a Bíblia traz ao coração fiel a legítima
Palavra de Deus que tornou os reformadores ousados na insistência em que o Livro fosse
aberto todos os homens.
“É uma espécie de impiedade não ler aquilo que por nós e para nós escreveu a mão do
próprio Deus. Que ninguém incorra nesta falta, tendo ao seu alcance a leitura da Bíblia.”,
afirmou Santo Agostinho.
“Quero saber de uma só coisa – o caminho para o Céu; como desembarcar em segurança
nessa praia feliz. O próprio Deus dignou-se em ensinar-nos o caminho: foi com essa
finalidade que Ele desceu do Céu. Escreveu as instruções em um livro. Ó, dê-me esse livro! A
qualquer preço, dê-me o livro de Deus! Eu o tenho: tem conhecimento suficiente para mim.
Quero ser um homem de um só livro.”, expressou John Wesley.
“A grande necessidade da hora presente entre as pessoas espiritualmente famintas é dupla:
Primeiro, conhecer as Escrituras, sem as quais nenhuma verdade salvadora será concedida
por nosso Senhor; segundo, ser iluminado pelo Espírito, sem Quem as Escrituras não serão
compreendidas.”, era a convicção de A. W. Tozer.
O Cristianismo é peculiarmente religião de um só livro. A Bíblia é o meio pelo qual Deus
decidiu apresentar Sua revelação ao homem através de sucessivas eras. A Bíblia é a Palavra
de Deus. Isto quer dizer muita coisa. Significa que ela encerra a auto-revelação de Deus e
expressa a vontade toda de Deus em matéria de fé e conduta. É a informação segura quanto
a Deus, quanto à vida e quanto à eternidade.
Você tem em sua própria língua um livro de texto e de devoção que encerra o programa todo
de Deus, uma espécie de enciclopédia que fornece toda sorte de informação teológica
necessária, um manual de avaliação que mostra a diferença entre o certo e o errado.
A prática da leitura e do estudo da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas
páginas das Sagradas Escrituras até achar, a arte de enxergar a riqueza toda que está atrás
da mera letra, de ouvir a voz de Deus, de relacionar texto com texto e de sugar todo o leite
contido na Palavra revelada e escrita, tanto nas passagens mais claras como nas passagens
aparentemente menos atraentes, através de uma leitura responsável e do auxílio do Espírito
Santo.
A Bíblia foi escrita para pessoas comuns. Se desejarmos ser crentes felizes, vitoriosos e
frutíferos, teremos que nos alimentar regularmente da Palavra de Deus.1
Depois que nos
convencemos de que podemos estudar a Palavra de Deus por nós mesmos, a nossa vida
espiritual toma uma nova dimensão.
Deus quer encontrar você pessoalmente na Sua Palavra. Você tem o direito de estudar pó si
mesmo. O pastor Gordon MacDonald avaliou: “Os pastores gastam muito tempo estudando a
Bíblia para o seu povo... Francamente, uma das minhas maiores tristezas em 25 anos de
pregação é que acho que não ensinei os membros da minha congregação a estudarem a
Bíblia sozinhos, seja individualmente ou em grupo. Penso que fui um pregador relativamente
1
Uma pesquisa Gallup nos EUA, na década de 1990, mostrou que embora 82% dos americanos acreditem que a Bíblia é a
palavra “literal” ou “inspirada” de Deus, só 21% estão envolvidos no estudo bíblico. (Citado por James C. Denison. 7
Questões Cruciais sobre a Bíblia. Bom Pastor Editora, 1995, p. 239.
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bom. As pessoas faziam anotações e aceitavam bem o que eu pregava. Julgo então que a
minha pregação estava definitivamente satisfazendo uma necessidade. Mas agora, quando
olho para trás, sinto que eu estava estudando a Bíblia pelas pessoas. Estamos avançando
para um ponto onde existem apenas alguns comunicadores fortes estudando a Bíblia por nós
todos. O que deveria ter feito é ajudá-los a compreender como eu estudei e como eles
podiam aprender a estudá-la por si mesmos.”2
Iluminação e Convicção.3
O conhecimento dos cristãos a respeito das coisas divinas é mais
do que um conhecimento das palavras e das idéias teológicas da Bíblia. É uma compreensão
da realidade e da relevância das obras de Deus testemunhadas pelas Escrituras. O “homem
natural” (I Co 2:14), que não tem o Espírito, mesmo que esteja familiarizado com idéias
cristãs, ainda padece da falta dessa compreensão mais profunda e é como um cego que
conduz outro cego (Mt 15:14). Só o Espírito Santo, que “a todas as coisas perscruta, até
mesmo as profundezas de Deus” (I Co 2:10), pode levar essa compreensão às mentes e
corações obscurecidos pelo pecado. Isto é chamado de “entendimento espiritual”, porque é
uma compreensão dada pelo Espírito Santo (Cl 1:9; cf. Lc 24:25; I Jo 5:20). Aqueles que,
além de um conhecimento correto das Escrituras, possuem “unção que vem do Santo...” e
conhecem todas as coisas (I Jo 2:20).
A obra do Espírito Santo em comunicar essa compreensão, é chamada de “iluminação” ou
esclarecimento. Não é uma nova revelação, mas uma obra dentro de nós, que nos capacita a
compreender e a afirmar a revelação da Bíblia, quando é lida, pregada e ensinada. O pecado
obscurece nossa mente e vontade, de modo que perdemos e resistimos à força das
Escrituras. O Espírito, contudo, abre e desanuvia nossa mente e põe o nosso coração em
sintonia, de modo a podermos entender aquilo que Deus tem revelado (II Co 3:14-16; 4:6; Ef
1:17-18; 3:18-19). Iluminação é a aplicação da verdade revelada de Deus ao nosso coração,
de modo que nós passamos a entender como realidade para nós o que o texto sagrado
revela. É através da iluminação do Espírito que o ministério da Palavra realiza a chamada
eficaz para a salvação.
Embora a iluminação pelo Espírito comece o processo ou seqüência da salvação (Hb 6:4;
10:32), ela continua durante toda a vida do crente. O Espírito Santo conduz-nos a uma mais
profunda compreensão de Deus (Jo 16:13), levando-nos tanto ao arrependimento dos
pecados que cometemos quanto à segurança da graça de Deus e à certeza da nossa eleição.
Recebemos essa iluminação através do ministério da Palavra, da oração e da meditação a
respeito de Deus e de sua revelação e do esforço para viver nossa vida de modo coerente
com a revelação.
2
Citado por James Denison. 7 Questões Cruciais da Bíblia. Editora Bom Pastor, p. 86.
3
Bíblia de Estudo de Genebra, pág. 1348.
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“Os cristãos são o povo do Livro — isto é, da biblioteca de 66 livros conhecida como a Bíblia. A inspiração divina desta obra
múltipla a eleva para sua posição central e fundamento inabalável da fé cristã.” — Russell P. Shedd
Qualificações do livro sagrado
1. É Palavra de Deus (II Tm 3:16; II Pe 1:20-21). As Escrituras emanam de Deus; são uma
inspiração divina. Deus ama sua Palavra e está moralmente comprometido a falar através
dela!
2. A Bíblia é um livro igualmente humano e divino. Os cristãos não procuram ocultar sua
natureza humana. Sabemos que ela foi escrita por homens e que não desceu do Céu numa
bandeja de ouro. Todavia, também cremos que os homens que a escreveram estavam sob a
inspiração de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo. A Palavra de Deus nos é dada nas
palavras desses autores humanos e por meio delas.
3. Sua preservação é um milagre.
4. A Bíblia é tanto histórica quanto contemporânea. É um livro arraigado nas culturas, nas
línguas e nas tradições da Antigüidade. Mesmo assim é também um livro poderoso para tocar
a vida dos leitores de hoje (Mt 24:35).
5. É completo (Ap 22:18-19).
6. A Bíblia é singular em sua universalidade cósmica (reflete a glória de Deus sobre todo o
universo) e em sua universalidade social (dirige-se a todos os membros da sociedade
humana, a povos de todas as raças). É singular no impacto histórico, quanto à iniciativa de
Deus, ao poder de Deus e à vitória de Deus na história: é o único livro que descreve uma
história mundial com início e conclusão definidos no ato divino de revelação. A história é a
estrada que vai do primeiro jardim do Éden à gloriosa cidade chamada Nova Jerusalém. É
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singular na comunicação: compreendida pela fé e compreendida pela iluminação. E nos
confronta com a vontade de Deus para nossa vida. Temos de decidir favoravelmente ou
contra a mensagem que recebemos.
7. Sua preeminência na literatura, em línguas e dialetos (Is 56:7; At 2:8; Ap 7:9).
8. A Bíblia é tanto um livro simples quanto complexo. As crianças podem desde cedo
começar a estudá-la e a amá-la, e milhões de crianças o fazem. Mas alguns dos mais
capacitados estudiosos em todo o mundo gastam a vida inteira estudando a Bíblia e mesmo
assim confessam ter somente um conhecimento superficial desse livro maravilhoso. A Bíblia é
o livro mais estudado em todo o mundo, assim como também o mais publicado, e quase
certamente o livro mais apreciado do mundo.
9. É uno em coesão de pensamentos (Is 7:14; Mq 5:2; Mt 1:23; 2:6).
10. Sua adaptabilidade alcança a todos (Lc 4:17-18; At 4:13; 8:27-28).
11. Sua eficácia, efeitos reais e eternos (At 17:11-12; II Rs 22:13; 23:4-25).
12. A Bíblia é um livro de pesquisa ímpar e indispensável para o cristão e para a igreja. É luz
para o nosso caminho (Sl 119:105). Ler suas palavras em voz alta é como saborear o mel (Sl
119:103). É uma arma na luta por uma fé mais robusta (Ef 6:17). A vida do cristão é moldada
pela Bíblia, e ela é lida, ensinada, pregada, cantada, crida e amada na igreja. A Bíblia
concede aos cristãos uma visão de mundo. Fornece-lhes um conjunto de valores morais.
Propicia-lhes experiências com Deus. Transmite-lhes o sentido da vida. Todo cristão pode
afirmar como o salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia” (Sl 119:97).
Que retrato a Bíblia traça de si mesma?
É necessário considerar sobre as metáforas que a Escritura utiliza de si mesma para que se
crie um compromisso mais forte com o estudo da mensagem que Deus inspirou e os autores
bíblicos escreveram. Estas figuras literárias parecem as mais apropriadas para descrever a
Palavra em sua vitalidade e poder. Grandes lições são colhidas quando se permite que Deus
use essas metáforas para convencer seus servos da importância do estudo e da exposição
bíblica.
Espelho. A Bíblia é como um espelho no sentido de refletir com precisão nossa aparência
espiritual.
Espada. A Bíblia é como uma espada no sentido de poder ser utilizada como arma de defesa
e de ataque contra o inimigo (Hb 4:12; Ef 6:12, 17).
Luz. A Bíblia é como luz no sentido de nos capacitar a enxergar na escuridão da vida,
manter-nos no caminho certo e evitar os perigos. A frase “Lâmpada para os meus pés é a tua
palavra” (Sl 119:105) deve ser entendida como o ganho da perspectiva de Deus nas decisões
que uma pessoa tome.
Água. A Bíblia é como água no sentido de saciar nossa sede e nos purificar as impurezas
espirituais (Jo 15:3; 13:10; IJo 1:9; Ef 5:25-27).
Alimento. A Bíblia é como alimento no sentido de satisfazer nossa fome espiritual e fazer-nos
crescer espiritualmente.
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A Semente (IPe 1:23-25). A palavra de Deus tem vitalidade quando ela é aplicada pelo
Espírito divino.
Martelo e Fogo. O “martelo que esmiúça a penha” (Jr 23:29) sugere que eventos,
completamente inesperados, ocorram quando Deus decide comandar transformações pela
sua Palavra. A “palha”, isto é, mensagens sem qualquer respaldo na revelação divina, será
queimada.
Arma (IICo 10:3-5). As armas “poderosas em Deus” referem-se à verdade revelada, escrita e
canonizada, à clara e inabalável Palavra de Deus explicada e sabiamente aplicada, a única
arma segura para explodir os “sofismas” e “fortalezas” mentais, desvios doutrinários que dão
brechas para o usurpador.
2. Resultados esperados do estudo da Bíblia
Quais os benefícios do estudo bíblico? O que há nele para mim? Se eu investir meu tempo
nisso, que vantagem terei? Que diferença isso fará em minha vida?
Há diversos benefícios que você pode esperar quando investe no estudo da Palavra de Deus.
Estes benefícios não se encontram em nenhum outro lugar; e, francamente, eles são reais
necessidades do cristão. Não é uma opção – é essencial estudar a Bíblia.
Veja três passagens que conspiram para edificar um caso convincente pelo qual devemos
estudar a Bíblia:
O estudo bíblico é essencial para o crescimento
“Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos
seja dado crescimento para salvação.” (1 Pd 2:2).
Os ensinamentos das Escrituras são os elementos da nutrição espiritual. A primeira razão
para se estudar as Escrituras é que este é um meio de crescimento espiritual. Não há
crescimento fora da Palavra. Ela é o instrumento primário de Deus para o desenvolvimento
como indivíduo. O segredo do sucesso na vida cristã, em grande parte, depende da avidez
com que o leitor busca ao Senhor e a Sua vontade nas Escrituras.
O estudo bíblico é essencial à maturidade espiritual
“A esse respeito temos muitas cousas que dizer, e difíceis de explicar,porquanto vos tendes
tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo
decorrido, tendes novamente necessidade de alguém que vos ensine de novo quais são os
princípios elementares dos oráculos de Deus; assim vos tornastes como necessitados de
leite, e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite, é inexperiente na
palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles
que, pela prática, têm as suas faculdades exercidas para discernir não somente o bem, mas
também o mal.” (Hb 5:11-14)
A Bíblia é o meio divino de desenvolver a maturidade espiritual. Não nos podemos satisfazer
com um êxito parcial, e nem com o crescimento espiritual obtido ontem. Diz o autor que você
é maduro se treinou a si mesmo através do uso constante das Escrituras não só para
distinguir o bem do mal mas também para saber aplicar a Palavra a si mesmo, para praticar o
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 9
bem, obtendo progresso espiritual em sua vida. A marca da maturidade espiritual não é o
quanto você entende, mas o quanto você usa. Na esfera espiritual, o oposto de ignorância
não é sabedoria, mas obediência. A verdade fortalecedora torna ainda mais fortalecido o
cristão que já é forte.
O estudo bíblico é essencial à eficácia espiritual
“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.” (2 Tm 3:16-17).
Este texto fundamenta o papel das Escrituras na orientação da Igreja e na vida do cristão
para que correspondam à vontade de Deus. Baseado na origem divina das Escrituras, Paulo
declarou a utilidade delas para:
Doutrina ou ensino – Isto é, ela irá estruturar seu pensamento. Isto é crucial porque se você
não estiver pensando corretamente, não estará vivendo corretamente. Aquilo em que você
acredita determina seu comportamento.
Repreensão – Isto é, ela dirá onde você está fora dos limites; ela produz convencimento,
convicção. É como um árbitro; ela mostra o que é pecado. Mostra o que Deus quer para sua
vida. Ele provê seus padrões. O endurecimento do coração reflete na falta de preocupação
com a voz viva do Espírito em nosso íntimo.
Correção – Isto é, ela abre as portas de sua vida e provê uma dinamite purificadora para o
ajudar a limpar o pecado e a aprender a se conformar à vontade de Deus. O estudo das
Escrituras eleva os desejos dos regenerados a se voltarem para o Senhor e mostra o
caminho de volta à verdade. A alegria se seguirá à obediência. O ensino só se efetua quando
o aluno muda de comportamento.
Treinamento para uma vida de justiça – Deus a usa para mostrar como se deve viver: a
expressão prática de sua fé. Tendo-o corrigido nos aspectos negativos, Ele dá a você
orientação positiva a se seguir na vida. Não basta alguém ser bom; é mister também praticar
o bem.
Qual o propósito global da Bíblia? Equipar-nos para toda boa obra. Você alguma vez já
disse: “Gostaria que minha vida fosse mais eficaz para Jesus cristo?” Se já, o que tem feito
para se equipar? O estudo bíblico é um meio primário pelo qual podemos nos tornar servos
eficazes do Senhor Jesus.
Deus talvez não possa usá-lo mais do que Ele quer porque pode bem ser que você não
esteja preparado. Talvez você tenha freqüentado igreja por cinco, dez, até vinte anos, mas
nunca abriu a Bíblia para preparar-se eficazmente como instrumento de Deus. Você esteve
debaixo da Palavra, mas não a estudou por si mesmo. Agora é a sua vez; Deus quer se
comunicar com você no século vinte e um. Ele escreveu Sua mensagem em um Livro e pede
que você venha e estude este Livro por três razões que nos impelem: É essencial ao
crescimento. É essencial à maturidade. É essencial para equipá-lo e treiná-lo a fim de que
você possa ser um instrumento disponível, limpo e preciso nas mãos dele, para cumprir os
Seus propósitos.
Mais benefícios do estudo bíblico na vida pessoal:
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1. Promove sabedoria, que é a aplicação do conhecimento; um homem sábio é aquele que
sabe distinguir o fundamental do trivial, que sabe o que é a vida e que age adequadamente,
sejam quais forem as circunstâncias (Sl 119:98-100). A sabedoria que se propõe aos
discípulos, como aquela que se harmoniza com o reino de Deus, não é mero bom senso
humano. O sábio é aquele que faz a vontade do Senhor (Mt 7:24) – a sabedoria do crente se
acha na sua obediência.
2. Segurança pessoal (Sl 119:72).
3. A imagem do Filho no coração do homem (I Pe 3:9).
4. Estar ligado na videira (Jo 15:5)
5. Comunhão com Deus (I Jo 1:6)
6. Abertura do entendimento para as Escrituras (Sl 119:18 e 130; Lc 24:31; 45)
7. Ter o coração aberto (At 16:14)
8. Ter a revelação do Espírito Santo (Lc 2:26)
9. Confiança. “O Deus cuja Palavra eu louvo, neste Deus ponho a minha confiança” (Sl 56:4,
10-11). Como observou A. W. Tozer: “O quanto conhecemos da Palavra é o quanto
conhecemos do Deus da Palavra”.
Tim Lahaye, no livro “Como Estudar a Bíblia Sozinho”, relaciona os seguintes pontos sob o
título: O que o estudo bíblico fará por você:
1. Ela nos tornará crentes mais fortes (I Jo 2:14b).
2. Ela nos assegura a certeza da nossa salvação (I Jo 5:13)
3. Ela nos dará confiança e poder na oração (Jo 15:7)
4. Ela nos adverte contra o pecado, nos indica a purificação e nos faz saber quando estamos
perdoados (Jo 15:3).
5. Ela nos dará alegria (Jo 15:11).
6. Produzirá paz (Jo 16:33).4
7. Ela nos orientará nas decisões da vida (Sl 119:105).
8. Ela nos capacitará a testemunhar de nossa fé (I Pe 3:15).
9. Será uma garantia de sucesso (Js 1:8).
Bryan Jay Bost, no livro Do Texto à Paráfrase enfatiza cinco vantagens e bons resultados
obtidos pelo estudo cuidadoso das Escrituras:
1. Teremos mais fé.
4
A Bíblia não é um sedativo. Ela não tranqüiliza. No entanto, ao lê-la, você encontrará paz. “Grande paz têm os
que amam a tua lei” (Sl 119:165). Os tranqüilizantes químicos podem agir minimizando o impacto que a
realidade exerce sobre as pessoas; as Escrituras, não. Elas transmitem paz ao mostrar-lhe como resolver qualquer
conflito interior que destrua essa paz. A paz é mais do que ausência de ansiedade. É uma qualidade positiva que
brota da harmonia interior. Uma paz que é destruída por ameaças externas não é autêntica. A paz de Deus, que
aumenta à proporção que se compreendem as Escrituras, desafia a incerteza e o perigo. Esta é a paz profunda
com a qual os cristãos romanos enfrentaram leões famintos, nas antigas arenas, e com a qual os cristãos da
Europa Oriental, num passado recente, enfrentaram prisões, torturas e ameaças contra suas famílias. Esta é uma
paz que vem da convicção de que Deus permanece no controle, você lhe pertence, e o caos e a incerteza ao seu
redor representam apenas a superfície nebulosa da realidade. E essa paz melhora o seu bem-estar físico; é “a
medula dos ossos”.
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2. Teremos mais o que dizer.
3. Teremos a certeza de ensinar a são doutrina.
4. Teremos mais condições de prosseguir.
5. Teremos mais influência do Espírito Santo sobre nós.
Howard e William Hendricks, em seu livro Vivendo na Palavra, relacionam três outras
vantagens do estudo bíblico pessoal:
1. Você ganhará um valioso senso de autoconfiança em sua habilidade de manusear as
Escrituras.
2. Você experimentará a alegria da descoberta pessoal (as pesquisas vêm mostrando
reiteradas vezes que as pessoas aprendem mais e se lembram melhor quando participam
elas mesmas do processo de descoberta).
3. Você irá aprofundar seu relacionamento com Deus.
3. Manuseie com cuidado!
“Se você crê naquilo que nos evangelhos é de seu agrado e rejeita aquilo de que não gosta,
não é nos evangelhos que você crê – mas em si próprio.” – Agostinho.
Já lhe aconteceu de ler um livro, um capítulo ou um versículo da Bíblia e, cinco minutos
depois, não conseguir lembrar nada do que leu? Muitas vezes lemos a Bíblia com os olhos;
mas não com a mente. Há muitas explicações para isso. Ou pensamos que a Palavra de
Deus deixará de forma mágica uma marca indelével em nós, sem nenhum esforço nosso, ou
não acreditamos poder entender de fato o que lemos, ou esperamos que o pastor pregue
sobre a passagem para sabermos seu significado. Muitas vezes, porém, esquecemos a
leitura feita simplesmente por não saber como ler e estudar o texto bíblico.
Modos pelos quais a Bíblia pode ser mal empregada
Devemos estar sempre atentos para os métodos que se usam para invalidar a Palavra de
Deus: esquecimento, reinterpretação, racionalização, ignorância, desobediência.
Existe perigo no mal uso da Bíblia, quando se despreza o seu estudo sistemático e metódico
e quando não se discerne o espírito com que devemos lidar com ela (Jo 5:39; Mt 22:29).
Cuidado com essas armadilhas quando estudar a Bíblia:
1. Má leitura do texto.
2. Interpretar por idéia própria ou superficialmente.
3. Distorção do texto. Forçar uma passagem a dizer o que ela não diz. Tomar um texto fora
do seu contexto.
4. Enfatizar indevidamente minúcias insignificantes.
5. Contradição do texto. Equivale a chamar Deus de mentiroso. A ilustração clássica é
Satanás no jardim no Éden (Gn 3:1-4).
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 12
6. Ignorar a íntegra de determinada doutrina bíblica. Tentar levar Deus a satisfazer a vontade
humana, em vez de desejar aquilo que Ele quer que seja feito.
7. Julgar as Escrituras – isso leva a perder a fé. Alguns se consideram mais inteligentes do
que os escritores inspirados. No estudo bíblico, bem como na vida, o orgulho antecede a
queda. A sabedoria envaidece (ICo 8:1). Pode fazê-lo arrogante e resistente ao ensino.
8. Supervalorizar dogmas religiosos que não traduzem preceitos bíblicos (Mt 15:1-3).
9. Subjetivismo.
10. Relativismo.
11. Estudar inutilmente (há aqueles que ficam se preparando a vida toda, e nunca estão
prontos para agir). Nossos estudos da Palavra devem levar geralmente a propósitos de
aprendizado, ensino, evangelização e, sobretudo, obediência.
12. Tomar cuidado para que o estudo não “suba à nossa cabeça” e comecemos a julgar-nos
melhores que outros. Quando isto ocorre, o orgulhoso não gosta de ouvir os “irmãos mais
simples” falando, e passa a ser um juiz do conhecimento alheio, ao invés de acolher a palavra
de Deus.
13. Querer ser original demais. É muito comum ver alguém querendo marcar época na igreja
por ensinar algo completamente novo. Cautela! O estudo bíblico trará sem dúvida novos
conhecimentos, mas o amor da novidade para engrandecimento pessoal ou para levantar
polêmica é sempre pernicioso. Infelizmente, quase todas as “grandes novidades” não passam
de ressurreição de velhas heresias (Ec 12:12-13).
14. Não aplicar a Palavra a si próprio. Você deslizará para o legalismo, ou para a tradição que
invalida a verdade, ou para algum estilo de vida extravagante que tenha um ar de
religiosidade, mas seja contrário a um relacionamento correto com Deus.
15. Segundo observou Russell Shedd, “Há duas tentações que todo leitor da Bíblia deve
procurar vencer. A primeira é ler a Palavra como um manual de sugestões. Conselhos para
viver bem no mundo não devem ser desprezados. A Bíblia não convida o homem a fazer o
que Deus manda somente se se sentir disposto a obedecer. Ordens divinas são obrigatórias,
não opcionais. O leitor bíblico deve aproximar-se da Palavra como quem se apresenta para
um patrão honrado. “Que queres que eu faça; eu vim para fazer a tua vontade!” (Hb 10:7) é a
única atitude apropriada. A segunda tentação conduz o leitor com tendências legalistas a
pensar em seguir os mandamentos bíblicos ao ‘pé da letra’.” 5
Análise de um caso de má interpretação e distorção bíblica —
Oração (cf. Jo 14:13):
Primeiro contexto, Jo 15:7 (permanência em Jesus e vice-versa)
Segundo contexto, Jo 15:16 (frutificação permanente)
Terceiro contexto, I Jo 5:14 (segundo a vontade de Deus)
Quarto contexto, Sl 104:27 (tempo oportuno)
Quinto contexto, Tg 4:3 (pelo motivo certo)
5
Russell P. Shedd. A Bíblia e os Livros. Abec, 1993, p. 12.
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Quinto contexto, Sl 104:13,14,23 (Deus não faz o que o homem pode fazer. Há necessidade
de semear para depois colher)
Exemplos resultantes de uma exata interpretação e aplicação
bíblica:
1. Caso de Matias, At 1:16-26; Sl 109:8
2. Caso do Pentecostes, At 2:14-17
3. Caso dos diáconos, At 6:1-3; Êx 18:18-21
4. Caso do Primeiro Concílio, At 15:13-19
5. Caso de Apolo, At 18:24-28
6. Caso de Beréia, At 17:10-11
7. Caso de Roma, At 28:22-29
IMPORTANTE: Faça distinção entre o texto e afirmações sobre o texto. Aprenda a discernir
entre:
1. Um fato textual ............................................................ o que a Bíblia realmente diz.
2. Conhecimento geral................................................ o que se sabe de outras fontes.
3. Uma implicação ................................. os fatos naturalmente levam a concluir que...
4. Uma opinião ................................................................................ um ponto de vista.
5. A imaginação............................................. o que podemos visualizar mentalmente.
6. Uma interpretação ...........................o que se entende com base nos fatos textuais.
7. Uma aplicação.................................................como podemos praticar este ensino.
8. Uma identificação .............................................................com pessoas ou atitudes.
9. Uma especulação...................... teorização, sem quase nenhuma base verdadeira.
10. Uma espiritualizaçãoa mudança da realidade concreta para o simbolismo fantasioso.
4. A necessidade de métodos para estudar a Bíblia
A. Definição de Método
O estudo bíblico efetivo requer um método, ou seja, uma diretriz, estratégia ou linha de ação,
um plano que produzirá resultados máximos para seu investimento de tempo e esforço.
Definição: “Método é metodicidade, com perspectiva de se tornar receptivo e reprodutivo, por
meio de contato direto com a Palavra.”
Esta definição, apresentada por Hendricks, tem três desdobramentos:
a. Envolve dar certos passos em uma certa ordem para garantir um certo resultado. Não
somente qualquer passo; não somente qualquer ordem; não somente qualquer resultado. O
resultado governa tudo. Qual o produto do estudo bíblico metódico? O que você é após ele?
Lembre-se: o estudo bíblico pessoal tem um objetivo muito específico – a saber, mudança de
vida. Então como chegar lá? Que processo levará a tal resultado? São propostos quatros
passos essenciais executados em uma ordem específica: Observação (O que vejo?),
Interpretação (O que isto significa?), Correlação e Aplicação (Como isto funciona?).
b. Quando a Palavra de Deus e um indivíduo receptivo e obediente se juntam, atenção!
Esta é uma combinação que pode transformar a sociedade. É para isso que o estudo bíblico
pessoal foi designado – para transformar sua vida, e como resultado, transformar seu mundo.
Você quer causar impacto em sua sociedade? Primeiro, as Escrituras têm causar impacto em você.
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c. Não há nada que supere a exposição pessoal prolongada à Bíblia. É vital. Sem ela,
você nunca estará diretamente envolvido com o que Deus tem a dizer. tendo sempre que
depender de um intermediário. Não há substituto para a exposição direta à Sua Palavra.
B. Princípios gerais de estudo pessoal da Bíblia
O conceito bíblico do sacerdócio do crente significa que todos os cristãos têm o direito e a
responsabilidade de alimentar-se da Palavra de Deus.
Walter A. Henrichsen, no livro Métodos de Estudo Bíblico reforça a importância de recorrer às
Escrituras como a fonte primária do cristão e lista cinco princípios que devem ser incluídos no
estudo bíblico pessoal, independentemente do método adotado.
1. Fazer investigação original – É importante que a convicção da sua fé se forme com o que
a Bíblia ensina; é a autoridade da infalível Palavra examinada pessoalmente que permanece.
Há algo novo e edificante acerca de uma verdade ensinada pelo Espírito Santo durante o
tempo que você passar pessoalmente com a Palavra de Deus.
2. Habituar-se a fazer anotações do seu estudo – Este exercício ajuda a desembaraçar os
pensamentos e armazenar conteúdos e conhecimentos das Escrituras.
3. Estudar constante e sistematicamente – Estabeleça um programa de estudo da Bíblia
que lhe desenvolva um equilibrado entendimento de toda a Palavra de Deus.
4. Aplicar o estudo à vida – É importante a aplicação na perspectiva de Deus. Ele espera
que a sua Palavra seja encarada com seriedade.
5. Comunicar o conteúdo estudado – A intenção de Deus é, não só de que cresçamos e
amadureçamos em nosso andar com Ele, mas também de que ajudemos outros a
desenvolverem ao máximo o seu potencial em prol de Jesus Cristo.
3. A qualidade dos estudos bíblicos
O trabalho de estudar a Bíblia é um grande projeto, a ser conduzido com zelo e
perseverança. Excelência e compenetração são o mínimo que se pode almejar no estudo do
livro inspirado pelo Deus Altíssimo. Nosso trabalho para o Senhor Deus deve ser
caracterizado pela alta qualidade. Na aprendizagem, na exposição e no ensino de Sua
Palavra, esta alta qualidade só é atingida com empenho pessoal e a ajuda do próprio Espírito
Santo. O lema de J. A. Bengel, um dos maiores expositores de todos os tempos, também
deve ser o nosso: “Aplica-te totalmente ao texto: aplica-o totalmente a ti”.
2 Timóteo 2:15 diz que o obreiro deve MANEJAR BEM a palavra da verdade. O modo correto
deste obreiro lidar com a revelação divina (a palavra da verdade) é o critério principal para
averiguar a qualidade dele. “Manejar bem” é a principal qualidade do obreiro que Deus quer
desenvolver entre o seu povo. As traduções sugeridas pelos lexicógrafos para esta expressão
são: “guiar por uma estrada reta”; “ensinar corretamente”; “expor de maneira sadia”; “pregar
destemidamente”; “utilizar bem, sem desvios nem distorções, tanto em sua análise quanto em
sua apresentação”. O contexto mostra como “manejar mal” a palavra nos versos 14,16-18 e
23; “manejar bem” está descrito nos versos 15,21,24-27.
A Palavra de Deus e a nossa palavra. A Escritura é inspirada por Deus; nossos escritos
não. Ou dizemos: “Assim diz o Senhor...” ou é melhor não dizer nada, menos ainda dizer: “Eu
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 15
acho...” A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a palavra dos homens
e a Palavra de Deus. Pelo estudo bíblico devemos nos assegurar de transmitir a mais pura
vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela.
Incertezas e inescrutabilidades. Existem coisas que não saberemos nunca (Dt 29:29).
Submissão piedosa é necessária ao lidar com o que não é claramente revelado na Bíblia.
Conjecturar e construir suposições sobre textos e assuntos obscuros é como construir na
areia. Muitas coisas foram guardadas sob o conhecimento apenas de Deus (Atos 1:7, por
exemplo), e é bom não procurar falar o que Deus não disse. Não devemos fugir de nenhuma
parte da Bíblia: fácil ou difícil, ela foi escolhida pelo Espírito para nossa instrução. Por outro
lado, qualquer temeridade no tratamento da mesma é reprovável.
A orientação divina no estudo. Deus quer ajudar-nos no estudo da sua Palavra. Sem essa
ajuda o trabalho seria impossível. É a iluminação divina que faz a diferença maior para o
estudante (Ef 1:17-18; 3:18-19), no sentido de que ele entenda o que Deus disse. Isso não
quer dizer que o estudante vá ter visões e revelações independentes da Bíblia. Também não
significa que não precisa estudar. Mas, sim, que é impossível tentar entender a Palavra de
Deus sem a ajuda de Deus (I Co 2:10-16). Dependa totalmente do Espírito Santo. João
16:13-15 diz que quem nos guia em toda a verdade e nos revela as coisas de Deus é o
Espírito Santo, nosso Mestre que habita em nós. O Espírito Santo não prescinde do estudo
escrupuloso das Escrituras. Pelo contrário, seu esclarecimento só pode ser assimilado
espiritualmente quando nos dedicamos ao exame criterioso da Bíblia. Então peça a Deus, por
seu Espírito, que o guie em toda a verdade e abra os olhos “a fim de que possa contemplar
as maravilhas” de sua Palavra. Comece com oração — e continue em atitude de oração.
Passos para o estudo da Bíblia
Quatro partes essenciais compõem o fundamento de todo estudo da Bíblia – observação,
interpretação, correlação e aplicação. Estas são partes básicas para empregar no seu estudo
da Palavra, independentemente da espécie de estudo em que você está empenhado (tais
como, devocional, biográfico, analítico, tópico e livro por livro), é necessário examinar cada
uma individualmente, com profundidade.
Observação (Descubra o que o texto diz!) – O passo da OBSERVAÇÃO requer que você
assuma o papel de detetive bíblico, procurando pistas quanto ao significado do texto.
Aprender nunca é fácil. Exige um ato de vontade: você precisa ter a disposição e o desejo de
aprender. Exige persistência, diligência e disciplina. Exige registro; anote tudo que achar
importante, mas não se perca nas minúcias.
A. O valor da observação
Observar significa estar mentalmente ciente do que se vê. “O propósito da observação no
estudo da Bíblia é saturar-se do conteúdo da passagem6
da Escritura, ficar tão familiarizado
quanto possível com tudo que o escritor bíblico está dizendo, explícita ou implicitamente.”
O primeiro passo para o estudo bíblico é a Observação, onde perguntamos e respondemos a
questão: “O que vejo?” Quando o salmista orou: “Desvenda os meus olhos, para que eu
6
Texto ou passagem refere-se a qualquer trecho da Bíblia que está em estudo. Na língua portuguesa, a palavra
“texto” tem a mesma raiz de “textura” e “tecido”. E a idéia é exatamente essa: um texto é formado por fios que se
cruzam e entrelaçam.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 16
contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119:18), ele estava orando para ser capaz de fazer a
observação. Estava pedindo a Deus que abrisse seus olhos para que pudesse ver com visão
e discernimento a verdade que Deus revelara.
“A primeira habilidade que você precisa desenvolver é a capacidade de enxergar com a
mente sempre que ler um texto bíblico – observar cuidadosamente as palavras, atento aos
detalhes. Muitas pessoas têm o hábito de ler as Escrituras sem enxergar muito, sem refletir
nas palavras enquanto lêem. Lemos palavras, mas não refletimos no que querem dizer. Às
vezes nem vemos todas as palavras de uma passagem. Somos observadores preguiçosos!
Por causa da observação descuidada e inadequada, muitas vezes fazemos interpretações
errôneas e aplicações fracas.” – Oletta Wald.
O que faz uma pessoa ser melhor estudante da Bíblia do que outra? A prática e a
concentração são os dois ingredientes que aguçarão a sua perícia. A habilidade de observar
é um processo desenvolvido. Você pode aumentar seu poder de observação quando lê as
Escrituras. Suas observações formarão a base de informações a partir da qual você
construirá o significado do texto.
B. Aprenda a ler o texto bíblico
1. Estratégias para uma leitura do texto bíblico
Muitas pessoas não lêem bem, pois nem sempre entendem o que estão lendo ou não vão se
lembrar de muita coisa que leram – e poderiam ser ajudadas com a obra A Arte de Ler, de
Mortimer J. Adler, Editora Agir, ou Técnicas para uma leitura rápida e eficaz, de Donald
Weiss, Editora Nobel.
Ler é a atividade básica do aprendizado. Se quisermos estudar a Bíblia, temos que formar o
hábito7
de ler longas passagens das Escrituras. Tim LaHaye afirma: “A pessoa que não
adquiriu o hábito de ler regularmente a Bíblia, nunca cultivará o de estudá-la. Na verdade,
geralmente, a prática constante da leitura das Escrituras é que leva a pessoa a se tornar um
estudioso desse livro. Nunca encontrei uma pessoa que apreciasse o estudo bíblico, que não
houvesse antes aprendido a cultivar o hábito de ler as Escrituras com regularidade.”
Uma das vantagens da leitura corrente da Bíblia é que o estudante não fica amarrado às
complexidades da análise de textos e versos, e assim não perde o sentido geral da passagem
ou o propósito do autor. Enquanto o leitor não estiver bem familiarizado com o tema central (e
isso só é possível pela leitura do livro todo), não deve iniciar a aplicação dos métodos de
estudo detalhado que examinaremos mais adiante.
O dr. G. Campbell Morgan, conhecido comentarista bíblico da geração passada, costumava
dizer que não se lançava ao ensino de qualquer livro da Bíblia enquanto não o houvesse lido
pelo menos cinqüenta vezes.8
Ele cria que precisava de lê-lo pelo menos esse número de
vezes para entender bem cada parte e relacioná-la ao todo.
A Bíblia deve ser cuidadosamente lida para ser entendida. A seguir, a sugestão de algumas
estratégias para dar ao leitor as pistas sobre o que o texto significa:
7
“Semeai um ato, e colhereis um hábito; semeai um hábito, e colhereis um caráter; semeai um caráter, e colhereis
um destino.” – G. D. Boardman
8
Citado por Tim LaHaye. Como estudar a Bíblia sozinho. Editora Betânia,1984 (5ª ed.), p. 22.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 17
a. Leia a Bíblia com atenção – A leitura atenta envolve estudo. Quando você se aproxima da
Bíblia, concentre-se totalmente. A Bíblia não produz seu fruto ao preguiçoso. Provérbios 2:4
faz um apanhado interessante das riquezas da Palavra de Deus, assemelhando a sabedoria
bíblica a minérios preciosos, não encontrados na superfície, mas num nível mais profundo. A
própria Palavra de Deus está lá, capaz de transformar sua vida; mas você tem que se
aprofundar por ela. Tem que penetrar a superfície com mais do que uma simples olhada
apressada. Em outras palavras, você precisa programar sua mente com a verdade de Deus.
E isto começa com a primeira estratégia de leitura bíblica: leia atentamente.
Exercício
O projeto a seguir o ajudará a cultivar a habilidade de ler as Escrituras atentamente e
envolverá o curto livro de Filemom, no Novo Testamento, com apenas vinte e cinco versículos.
Filemom registra o conselho de Paulo a um velho amigo cujo escravo, Onésimo, havia fugido.
Onésimo encontrou-se com Paulo em Roma, tornou-se cristão e agora Paulo o envia de volta a seu
mestre com a carta em mãos.
Leia Filemom aplicando os princípios da leitura atenta. Bombardeie o texto com perguntas. O
que é possível descobrir sobre os relacionamentos entre Paulo, Filemom e Onésimo? Reconstrua a
situação. Que sentimentos estavam envolvidos? Que considerações práticas? Que perguntas
permanecem sem respostas conforme você lê a carta? Que problemas isto gera? Sobre quais
questões fala? Por que você acha que a carta é significativa o suficiente para ser incluída na Bíblia?
Como você comunicaria a alguém este livro e as perspectivas que ganhou dele?
b. Leia a Bíblia repetidamente – A genialidade da Palavra de Deus é que ela tem poder
sustentador, podendo resistir a exposição repetida. Leia-a repetidas vezes, e ainda verá
coisas que você não tinha visto em suas leituras anteriores. George Müller, famoso pregador
e filantropo inglês, leu a sua Bíblia cerca de duzentas vezes. Algumas idéias para ajudar você
na leitura repetida e imaginativa da Bíblia:
– Leia livros inteiros de uma só vez
– Comece pelo início do livro
– Leia a Bíblia em diferentes versões e paráfrases
– Leia as Escrituras em uma língua diferente
– Ouça fitas das Escrituras
– Leia ou peça alguém que leia o texto em voz alta. 9
– Varie seu ambiente onde ler a Palavra
– Estipule um plano de leitura para um ano (Ver sugestão no Anexo).
Exercício
1. Está convencido do valor da leitura repetida da Bíblia? Eis um exercício que irá dispersar qualquer
dúvida que ainda permaneça: leia o livro inteiro de Ester, no Velho Testamento, uma vez ao dia por
sete dias seguidos. Deve levar meia hora por dia, aproximadamente. Use algumas das sugestões
acima, como ler em voz alta ou talvez até ouvir fitas das Escrituras. É claro, você deve também usar
as outras habilidades de Observação mencionadas anteriormente. Veja quantas coisas novas pode
ver em cada dia sucessivo. Faça uma lista de suas observações, ou registre-as em sua Bíblia. No fim
da semana, veja se pode reconstruir a história clara e precisamente, contando-a a alguém. Que
perspectivas ganhou da história?
2. Eis uma chance de alongar sua criatividade. Veja o que pode fazer com estes projetos na leitura
imaginativa da Bíblia:
Atos 16:16-40 — Esta é uma vívida narrativa de Paulo e Silas em Filipos. Leia cuidadosamente e
9
Certa vez, G. Campbell Morgan leu a Bíblia toda em voz alta, em 96 horas, numa velocidade usada para a
leitura bíblica no púlpito. (Mencionado por John White. A Luta. ABU Editora, 1991, p. 44.)
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 18
observe os eventos que ocorrem nesta seção, e então dramatize-os com família ou amigos.
1 Samuel 17 — Esta é uma narrativa épica de Davi e Golias. Entretanto, apesar da maioria das
pessoas saberem desta história, conhecem pouco do que realmente acontece nela. Leia o capítulo
cuidadosamente, então reescreva-o de modo que se refira a uma gangue de adolescentes das ruas
da cidade.
Atos 15:22-29 — Lucas reimprime uma carta que o conselho de Jerusalém enviou aos novos crentes
em Fenícia e Samaria. Estude o contexto cuidadosamente, então reescreva esta passagem como um
fax para uma reunião de um novo grupo de crentes no centro da cidade.
c. Leia a Bíblia pacientemente – Numa época em que você tem tudo num instante, a
tendência é querer ter instrução instantânea. Todavia, a verdadeira aprendizagem toma muito
tempo. Não use atalhos no processo da aprendizagem; os caminhos aparentemente mais
curtos levam a resultados vãos. O fruto da Palavra leva tempo para amadurecer. Se você é
impaciente, é provável que desista cedo e perca uma rica colheita. Muitas pessoas fazem
isso; se desiludem com o processo. Talvez estejam procurando um passatempo ao invés de
esclarecimento. Outros desistem do texto bíblico e se voltam para fontes secundárias, antes
de embeberem suas mentes no que o texto bíblico diz. Você tem que desenvolver
persistência, poder de resistência para insistir com um texto até que comece a fazer
progresso.
Não se esqueça de que um bom pregador tem estudado as Escrituras diligentemente por
anos. Não há meio pelo qual um novato possa começar já neste nível. Seja paciente com o
texto e consigo mesmo. A verdade de Deus está lá, e você a encontrará se tão-somente der
tempo a si mesmo para ler pacientemente.
d. Leia a Bíblia aquisitivamente – Isto é, leia-a não apenas para receber informação, mas
para reter; não meramente para tomar conhecimento, mas para tomar posse. Reivindique os
seus direitos sobre o texto; faça dele sua propriedade particular. Como isso pode acontecer?
A chave é o envolvimento pessoal e ativo no processo de estudo. Há um antigo provérbio
para tal efeito: “Quando ouço, esqueço. Quando vejo, lembro. Quando faço, entendo”. Este é
o objetivo desta apostila: ajudar você na sua iniciativa própria de estudar a Bíblia, visando
mudança de vida como resultado de sua interação pessoal com a Palavra de Deus.
Exercício
Eis uma idéia para fazer com que você se aproprie de uma passagem das Escrituras. Abra a
Bíblia em Números 13, na história dos espias enviados por Moisés à Terra Prometida. Leia o relato
cuidadosamente, usando todos os princípios cobertos até aqui. Então, escreva sua paráfrase da histó-
ria. Eis algumas sugestões:
1. Decida qual o ponto principal da história. O que acontece? Por que o incidente tem significado?
2. Pense sobre quaisquer paralelos ao que acontece aqui na história de sua família, igreja, nação ou
sua própria vida.
3. Decida sobre o “ângulo” que quer usar. Por exemplo: o relatório de uma força-tarefa para uma
organização (ângulo de negócios); um concílio tribal (ângulo indígena); um debate político entre duas
facções (ângulo político ou governamental). O ponto é: escolha algo que se adapte à situação e faça
este incidente memorável para você.
4. Reescreva a história de acordo com o ângulo escolhido. Utilize uma linguagem condizente com o
tema. Faça com que os personagens pareçam reais. Mude nomes e lugares para condizer com o
estilo.
5. Quando terminar, leia sua paráfrase a um amigo ou parente.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 19
e. Leia a Bíblia com oração – Leia conhecendo o Autor do Livro, que está presente e pode
explicá-lo melhor. A oração é uma chave para o estudo bíblico efetivo. Aprenda a orar antes,
durante e após a leitura das Escrituras. Comece com adoração, ocupe-se com quem é Deus
(ore sempre com base nas promessas de Deus – e o ponto chave em qualquer promessa é
quem a fez). Isto o conduzirá à confissão porque você se verá pela perspectiva adequada.
Então estará pronto para pedir a Deus o que precisa.
Exemplo: Salmo 119 é um brilhante exemplo de estudo bíblico com oração. Muitos versículos
se referem especificamente à leitura das Escrituras acompanhada de oração. O salmista usa
a Palavra para louvar a Deus (v. 12); pede a Deus que o ajude a se tornar um leitor
observador (v. 18); ora por entendimento da verdade de Deus (v. 27 e 34); pede ajuda para
aplicar a verdade à sua vida (v. 33, 35-36, 133); menciona que a lei de Deus está sendo
quebrada; portanto, é hora de Deus agir (v. 126). Ele ora por misericórdia com base no
caráter de Deus (v. 132), baseia suas petições nas promessas de Deus (v. 169-170) e ora por
perdão após refletir nos mandamentos de Deus (v. 176).
Exercício
Filipenses 4:8-9 – Aqui está um conjunto de promessas — e condições — que você pode ler
e estudar em forma de oração. Reveja a lista de qualidades de Paulo e pergunte-se a si
mesmo: que ilustrações disso têm na minha vida? Então com base no versículo 8: o que preciso
começar a praticar para conhecer a paz de Deus? Fale com Deus sobre as coisas mencionadas
nestes versículos e sua reação a eles. Em que áreas Deus precisa mudar seu ser? Você precisa de
Sua ajuda para cultivar que atitudes e pensamentos?
f. Leia a Bíblia meditativamente. Isto é, aprenda a refletir na Bíblia. Existe uma íntima
conexão entre a meditação na Palavra de Deus e a ação por ela. A freqüência com a qual a
verdade bíblica deve permear sua mente é: “dia e noite” (Js 1:8). É uma disciplina mental que
você pratica por todo o seu dia. É uma mentalidade e um estilo de vida no qual a Palavra
percorre sua mente. E você se torna aquilo que pensa. Esta característica da leitura será
enfatizada no passo Aplicação e no Método Devocional.
g. Leia a Bíblia seletivamente – seis perguntas básicas. Observamos a Bíblia quanto
adotamos uma estratégia que nos force a examinar um texto mais de perto. Não leia com a
mente vazia. Leia à procura de respostas. Ao estudar um texto você deve interrogá-lo como
faz o detetive com uma testemunha a fim de descobrir os pormenores que envolvem um fato
em questão, ou como faz o jornalista para entender e reportar uma história por inteiro.
Quando você sabe que perguntas fazer, as respostas são em geral mais satisfatórias. À
medida que você for lendo, pergunte:
Quem?
– Quem escreveu? É sempre proveitoso para o leitor procurar conhecer o autor humano dos
livros bíblicos: seu modo de viver, pensar e trabalhar.
– Quem está recebendo (ou deveria receber) a mensagem? É o exercício de identificar os
prováveis leitores originais (os destinatários da mensagem ou do livro bíblico). Outra variação
desta pergunta é: A quem se fala? ou A quem se dirige esta palavra?
– Quem são as pessoas no texto? Ao identificar quem está na passagem (quem está falando
ou quem é retratado), procure saber:
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 20
a. O que se diz a respeito da pessoa ou pessoas? Note bem cada vez que se diz algo sobre
uma pessoa. Certifique-se de consultar outras passagens para aprender tudo que puder
sobre a pessoa mencionada.
b. O que a pessoa diz?
O quê?
– O que está acontecendo neste texto? Quais são os eventos? Em que ordem ocorrem? O
que acontece com as personagens? Ou, se for uma passagem que discute um ponto: Qual o
argumento? Qual o ponto? O que o escritor está tentando comunicar?
– O que está errado nesta situação?
Onde?
– Onde a narrativa está acontecendo? Onde estão as pessoas na história? De onde estão
vindo? Para onde vão? Onde está o escritor? Onde estavam os leitores originais do texto?
Esta pergunta fornece o local. Mapas que mostram onde os eventos bíblicos aconteceram
podem ajudar você obter as respostas.
Quando?
– Quando os eventos do texto aconteceram? Quando ocorreram em relação a outros eventos
nas Escrituras? Quando acontecerá? Quando o autor escreveu?
Esta é a pergunta que indica tempo. Palavras que geralmente dão a dica para o leitor
observar o tempo: depois disto, quando, até, então, etc.
Por quê?
– Por que esse “ensino” em particular foi apresentado? Por que foi colocado aqui? Por que
vem depois daquilo? Por que precede aquilo? Por que esta pessoa diz isso? Por que aquela
pessoa não diz nada?
A questão “Por quê?” busca por significado ou propósito; ela investiga o texto mais do que
qualquer outra pergunta. Fazê-la, inevitavelmente conduzirá você a novas perspectivas em
seu estudo bíblico.
Para quê?
– Que diferença isso faria se eu fosse aplicar esta verdade?
“Para quê” é a pergunta que nos faz começar a praticar algo sobre o qual lemos. Lembre-se,
a Palavra de Deus não foi escrita para satisfazer nossa curiosidade; mas para mudar nossas
vidas. Assim, em qualquer passagem das Escrituras, precisamos perguntar: e daí? Quando
chegarmos ao passo da Aplicação, você verá maneiras de se responder a esta pergunta.
Também pode ser usada a pergunta Como? – Como as coisas se deram? Qual foi o
resultado? Que método foi utilizado? Como isso é feito? Como aconteceu? Como essa
verdade é exemplificada?
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 21
Exercícios
1. Use o capítulo 1 e I Tessalonicenses para exercitar a responder esta série de perguntas iniciais.
2. As seis perguntas da leitura bíblica seletiva são especialmente divertidas quando se estudam as
histórias das Escrituras. Lucas 24:13-35 registra uma das mais fascinantes — a narrativa de Jesus,
encontrando dois de Seus discípulos na estrada para Emaús após Sua ressurreição. Leia este trecho
duas ou três vezes, e então investigue-o com as seis perguntas apresentadas neste capítulo. Não se
esqueça de escrever suas observações.
h. Leia a Bíblia descobrindo o propósito do texto através da sua estrutura gramatical e
literária
Toda Escritura é dada por inspiração divina e “útil”, isto é, serve a quatro propósitos: ensino,
repreensão, correção e instrução para uma vida de justiça. Portanto, um dos aspectos
essenciais da leitura é procurar pelo propósito do autor no texto em estudo. Não há um
versículo das Escrituras que tenha sido lançado nelas por acidente. Toda palavra contribui
para o significado do texto. Seu desafio como leitor é discernir tal significado, é entender o
propósito de um autor. Você deve fazer a si próprio indagações do tipo: Como o escritor trata
o conteúdo? Que forma ou estrutura emprega? Como fazê-lo? Uma das chaves é atentar pra
a estrutura gramatical e literária do texto.
1. Propósito através da estrutura gramatical
Precisamos prestar cuidadosa atenção nos seguintes aspectos gramaticais do texto:
Verbos – são as palavras de ação ou movimento que nos dizem quem está fazendo o quê.
Examine-os com toda atenção e questione: Que espécie de ação os verbos expressam? A
maioria está na voz ativa ou passiva? Os verbos estão no imperativo – dão ordens? Quais
verbos se repetem? Que significam?
Sujeito e objeto – o sujeito de uma sentença executa a ação e o objeto sofre a ação. É
importante não confundi-los.
Modificadores – são as palavras descritivas como os adjetivos e advérbios. Eles ampliam o
significado das palavras que modificam e muito freqüentemente fazem toda a diferença. Entre
elas, estão os termos de conclusão e conseqüência – veja, por exemplo, II Tm 1: v.4 (para
que); v.6 (por cujo motivo ou por esta razão); v.7 (porque); v.8 (portanto); v.12 (por isso;
porque).
Frases preposicionais – preposições são pequenas palavras que nos dizem onde a ação
acontece: em, sobre, através, para etc.
Conjunções – são palavras que unem duas orações ou dois termos semelhantes da oração:
e, mas, portanto, porém, enquanto, ainda, a fim de que etc.
2. Propósito através da estrutura literária
Na Interpretação, veremos como tipos diferentes de literatura utilizam vários tipos de estrutura
literária. Por enquanto, eis cinco tipos a serem procurados:
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 22
Estrutura biográfica – comumente encontrada nos livros narrativos, a estrutura biográfica se
baseia nas pessoas chaves da história. Por exemplo, Gênesis 12—50 destaca quatro
gerações de líderes.
Estrutura geográfica – aqui a chave é o lugar.
Estrutura histórica – eventos chaves são a base da estrutura histórica. O livro de Josué foi
elaborado com o relato de diferentes acontecimentos.
Estrutura cronológica – as expressões de tempo (então, quando, antes, neste tempo,
enquanto, até, depois disto etc.) nos ajudam a perceber quando algo aconteceu.
Proximamente relacionada à estrutura histórica está a estrutura cronológica, onde o autor
organiza material com base em tempos chaves. Geralmente as narrativas são assim.
Estrutura ideológica – argumentação estruturada em redor de idéias e conceitos, o que
facilita a sumarização de um livro pelo entendimento do seu tema e propósito. A maior parte
das epístolas do NT são desenvolvidas desta forma: começam com a apresentação da
verdade espiritual e doutrinária. O resto do texto fala sobre como nossa vida deve ser
transformada por esta verdade.
As Leis da Estrutura
LEI DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Causa e efeito
Um evento, conceito ou ação que causa outro
(termos chaves: portanto, então, assim, resultado).
Mc 11:27—12:44
Rm 1:24-32; 8:18-30
Clímax
Uma progressão de eventos ou idéias que atingem
um certo ponto alto antes de regredir.
Êx 40:34-35; 2 Sm
11; Mc 4:35—5:43
Comparação
Dois ou mais elementos que são semelhantes ou
dissimilares (termos chaves: como, assim como,
também, de igual maneira).
Sl 1:3-4; Jo 3:8,
12, 14; Hb 5:1-10
Contraste
Dois ou mais elementos que são semelhantes ou
dissimilares (termos chaves: mas, ainda).
Sl 73; At 4:32—
5:11; Gl 5:19-23
Explicação ou
razão
Apresentação de uma idéia ou evento seguida por
sua interpretação.
Dn 2, 4, 5, 7—9
Mc 4:13-20
Atos 11:1-18
Intercâmbio
Quando a ação, conversação ou conceito muda
para outro, então volta novamente.
Gn 37—39; 1 Sm
1—3; Lc 1—2
Introdução e
resumo
Observação na abertura ou conclusões sobre um
assunto ou situação.
Gn 2:4-25; 3
Js 12; Mt 6:1
“Pivô” ou eixo Mudança súbita de direção ou fluxo do contexto;
um clímax menor.
2 Sm 11—12
Mt 12; Atos 2
Proporção Ênfase indicada pela quantidade de espaço que o
escritor dedica a um assunto.
Gn 1—11; 12—50
Lc 9:51—19:27
Efésios 5:21—6:4
Propósito Declaração das intenções do autor. Jo 20:30-31; At
1:8; Tito 1:1
Pergunta e
resposta
Uso de perguntas ou perguntas e respostas. Malaquias
Mc 11:27—12:44
Lucas 11:1-13
Repetição Termos ou frases usados duas ou mais vezes. Sl 136; Mt 5:21-48
Hebreus 11
Específico para
geral, geral para
específico
Progressão de pensamento de um único exemplo
para um princípio geral, ou vice-versa.
Mt 6:1-18
Atos 1:8; Tiago 2
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 23
Exercício
Os livros da Bíblia estão repletos de declarações que expressam o propósito dos escritores.
João 20:30-31 é uma das mais diretas. Outras são menos óbvias, mas um leitor observador
normalmente poderá encontrá-las. Eis abaixo algumas declarações de propósito. Leia cada uma
cuidadosamente, depois folheie o restante do livro no qual se encontra. Veja como o escritor cumpre o
seu propósito na maneira em que apresenta seu material.
Deuteronômio 1:1; 4:1; 32:44-47
Provérbios 1:1-6
Eclesiastes 1:1-2; 12:13-14
Isaías 6:9-13
Malaquias 4:4-6
Lucas 1:1-4
II Coríntios 1:8; 13:1-10
Tito 1:5; 2:15
II Pedro 3:1-2
I João 5:13
3. Elementos a procurar (desvendar) no texto em estudo – padrões
estruturais
Na OBSERVAÇÃO se pergunta e responde à
questão: “O que vejo”? O leitor assume o papel de
detetive bíblico, à procura de pistas, e nenhum
detalhe é trivial; anota e faz uma lista dos detalhes
e das relações que encontra, para reflexão e
comparação nos passos seguintes do estudo.10
Há
seis pistas importantes a se observar nas
Escrituras. Você acha uma mina toda vez que as
nota.
a. Elementos que são enfatizados.
Há quatro maneiras pelas quais os escritores
bíblicos enfatizam seus pontos:
– Quantidade de espaço utilizado ao assunto que se deseja enfatizar. Exemplo: No livro de
Êxodo, os capítulos 25—40 ocupam-se do tabernáculo, com detalhes minuciosos sobre a sua
construção, e também com o sacerdócio. Uma das razões para tal quantidade de material
sobre o tabernáculo é certamente impressionar-nos com a importância que Deus dá à
adoração; Ele desejou relacionar-se com o seu povo, um relacionamento somente
estabelecido e mantido na base do sacrifício de sangue.
10
“A inspiração de Deus não chega ao homem que espera sentado, de braços cruzados, com a mente ociosa,
senão à mente que pensa, busca e investiga.” – William Barclay.
“Devemos abrir nossa mente de acordo com a grandeza dos mistérios divinos, e não limitar estes mistérios à
pequenez do nosso entendimento.” – Francis Bacon.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 24
– Propósito expresso ou declarado no próprio texto. Exemplos: Pv 1:2-6; João 20:30-31.
– Ordem ou seqüência estratégica daquilo que se deseja enfatizar. Pela escolha de onde
colocar as pessoas, os eventos, as idéias e assim por diante, um escritor pode chamar a
atenção para algo. Assim, atente para a ordem dada. Ela pode revelar importantes critérios
no texto. Isto se manifesta por meio de cadeias de pensamentos associados ou progressões
de idéias numa passagem. Exemplo: Observe a progressão do pensamento de Paulo sobre
não se envergonhar do evangelho (II Tm 1): v. 8 “não te envergonhes.”; v. 12 “não me
envergonho...”; v. 16 “Onesíforo... nunca se envergonhou...”
– Movimento do menor para o maior, e vice-versa. Um escritor irá freqüentemente
desenvolver o texto até chegar ao clímax (ponto de interesse máximo), onde apresenta
informações chaves. Exemplo: Êxodo é um exemplo de clímax; podemos vê-lo
acentuadamente em 40:34-35. Depois da narrativa da partida de Israel do Egito, do
recebimento da Lei, das instruções, dos detalhes do tabernáculo, finalmente a nuvem de
glória cobre a congregação de Israel, e a presença deslumbrante do Senhor enche o
tabernáculo. Esse é o clímax do livro.
Exercício
Eis uma seção das Escrituras em que você pode observar coisas enfatizadas: I e II Samuel.
Desenvolva um quadro genérico destes dois livros, mostrando o espaço relativo dedicado aos
personagens fundamentais: Samuel, Saul e Davi. (Veja o exemplo do quadro “Lucas – lei de
proporção”, na página 44.) Que personagem era o mais importante para o escritor? O que isso diz
sobre o propósito de I e II Samuel?
b. Elementos que se repetem.
É provável que não haja ferramenta de ensino mais poderosa do que a repetição – ela
reforça, enfatiza a importância do assunto em estudo. Em quase todas as passagens que
estudar há palavra, frase, idéia ou conceito importante repetido. Determine por que se
repetem e como se relacionam. Em algumas categorias de repetição a se procurar no texto:
Termos, expressões e orações. Exemplos: a) Salmo 136: “porque a sua misericórdia dura
para sempre”. b) Hebreus 11: “pela fé” aparece dezoito vezes. O escritor fala sobre pessoas
diferentes, vivendo em épocas diferentes, sob circunstâncias diferentes. Mas todos eles
tiveram o mesmo estilo de vida “pela fé”. c) Em I Coríntios 15:12-38, Paulo usa sete vezes a
palavra “se” para enfatizar o fato de tudo que cremos ser condicionado à ressurreição de
Cristo. d) Observando as repetições em I Ts 3:
PALAVRA OU FRASE Nº DE REPETIÇÕES VERSÍCULOS USADOS
Fé 5 2, 5, 6, 7, 10
Tribulação 2 3, 7
Observando que a palavra fé aparece cinco vezes nesse trecho, você poderia perguntar: “Por
que a fé é mencionada tantas vezes?” Vendo a repetição da palavra tribulação, poderia
concluir que a fé fortalecida pela correta reação à tribulação.
Personagens. Exemplo: Barnabé (Atos 4:36; 9:27; 11:22 e 15:36-39).
Incidentes e circunstâncias. Exemplos: a) No livro de Juízes, o escritor começa cada seção
com as palavras: “Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor”. b) No
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 25
decorrer do evangelho de Mateus, o autor desenvolve uma tensão entre Jesus e os fariseus,
e usa tais incidentes para chamar a atenção para a luta pelo poder que acontecia entre o
antigo sistema de legalismo autojustificado e o novo caminho de salvação em Cristo.
Padrões. Exemplos: a) Paralelos entre a vida de José e a vida de Jesus. b) Em I e II Samuel
o escritor usa justaposições para mostrar que Saul era a escolha do povo para rei, enquanto
Davi era escolha de Deus.
O uso de passagens do AT no NT. Se o Espírito de Deus compele um escritor do Novo
Testamento a recordar uma passagem do Antigo Testamento, é provável que seja porque Ele
quer enfatizar aquela porção das Escrituras. Exemplos: a) Mateus 12:39-41 cita Jonas. b)
Hebreus cita Levítico. c) Romanos 10 cita Levítico e Deuteronômio.
Exercício
A repetição é um dos meios de dar ênfase mais freqüentemente usados na Bíblia. Aproveite a
sugestão de alguns projetos que o ajudarão a estudar porções da Palavra, procurando por coisas
repetidas.
Salmo 119 – Neste salmo, Davi se refere à Palavra de Deus em todos os versículos. Observe o salmo
cuidadosamente, e catalogue todas as coisas que Davi diz sobre as Escrituras.
Mateus 5:17-48 – Observe como Jesus usa a fórmula “Ouvistes o que foi dito... Eu, porém,
vos digo...” nesta porção do Sermão do Monte. Que estrutura esta expressão dá à
passagem? Por que é significante que Jesus diga isso?
Aritmética em Atos – Use uma concordância para procurar todas as expressões
“aritméticas” no livro de Atos — números de pessoas sendo “acrescentados” à igreja. os
crentes se “multiplicando”. Há até mesmo algumas “divisões” e “subtrações”. Você pode
encontrá-las? Como Lucas usa tais termos para descrever o crescimento da igreja primitiva?
1 Coríntios 15:12-19 – Investigue a importância da pequena palavra “se” para o argumento
de Paulo.
c. Elementos que são relacionados (que têm alguma conexão ou interação). Procure três
tipos de relacionamento em seu estudo das Escrituras:
Movimento do geral ao específico. Entre um todo e suas partes, entre uma categoria e
seus membros individuais, entre o quadro geral e os detalhes. Quando você se deparar com
uma declaração ampla e genérica nas Escrituras, procure perceber se o escritor prossegue
com detalhes específicos. Exemplos: a) Gênesis 1:1 dá uma visão geral; o restante do
capítulo provê informações específicas. b) Mateus 6:1 dá um princípio geral; vs. 2-4, 5-15 e
16-18 dão três ilustrações específicas.
Perguntas e respostas. Exemplos: a) Jó 38—39; às vezes, a pergunta carrega em si mesma
tanto peso que não necessita de resposta. b) Romanos 3:31; 6:1,15; Gl 3:5; Ml 1:2, 6-8, 13; c)
Perguntas penetrantes que o Senhor lança aos discípulos (Mt 6:27; 26:40; Mc 4:40).
Causa e efeito. Exemplos: a) Neemias 1, o povo desobedeceu (isso foi a causa), e Deus
permitiu que os babilônios os levassem cativos (isso foi o efeito). b) Atos 8:1-4, a perseguição
era a causa, e a pregação, o efeito. c) Salmo 1, há um elo direto de causa-efeito entre as
Escrituras e a bênção de Deus.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 26
d. Elementos semelhantes e diferentes. As coisas que são semelhantes e as que são
diferentes fazem uso da forte tendência humana de comparar e contrastar. Conforme você
estudar as Escrituras, atente para a voz dentro de sua mente, que diz: “Ei! Isto é igual à
passagem que li ontem” ou “Esta parte é diferente de tudo neste livro”. Esses são claros
sinais de que o autor está usando coisas semelhantes e diferentes para comunicar a sua
mensagem.
Semelhanças se destacam ao leitor observador por meio de duas “figuras de linguagem” 11
(são desvios das formas gerais da linguagem; servem para dar maior brilho e ênfase à
comunicação):
Símiles – é uma imagem de palavra que evoca uma comparação entre duas coisas. Duas
palavras mais comuns a se procurar são “tão” e “como”. Exemplos: a) Salmo 42:1. b) II Tm
2:3; c) I Pedro 2:2. d) Isaías 44:6-7. e) João 3:14 usa símile por meio da expressão “do modo
por que”. f) I Ts 2:7, 11. São usadas para este mesmo recurso as palavras: semelhantemente,
assim também.
Metáforas – Todo emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito da analogia ou
ilustração, constitui uma metáfora. Exemplos: a) Jesus diz: “Eu sou a videira verdadeira, e
meu Pai é o agricultor” (Jo 15:1). Ele está falando figuradamente, não literalmente. b) Jesus
usa uma metáfora quando fala com Nicodemos (Jo 3). c) Em I Ts 5:2, o uso que Paulo faz da
figura de um ladrão de noite ilustra a necessidade de estarmos preparados; a da mulher
tendo filho (vers. 3) ilustra a subitaneidade.
Os contrastes se destacam ao leitor observador por meio de:
Uso de mas e porém – A palavra mas ou porém é uma pista que indica que uma mudança
de direção está para acontecer. Ao encontrá-las no texto, pare e pergunte que contraste está
sendo feito. Exemplos: a) Mateus 5: “Ouviste o que foi dito... Eu, porém, vos digo...”. b) Atos
1:8. c) Atos 8:5-8 e 26. d) Gálatas 5:19 e 22. e) I Ts 2:4; 5:6. As palavras de outra forma, pelo
contrário, nem, entretanto, podem nos dar pista de contrastes.
Metáforas – Assim como as coisas que são semelhantes podem ser mostradas através de
metáforas, também o podem as coisas que são diferentes. Exemplos: a) Na parábola do juiz
iníquo, em Lucas 18, a chave é notar que Jesus está estabelecendo um contraste efetivo
entre um juiz humano e Pai celestial. b) I Ts 5:5.
Ironia – É a expressão de um pensamento em palavras que, literalmente entendidas,
exprimem o pensamento oposto. Exemplos: a) Mt 27:40. b) Em Lucas 8, o contraste irônico
acontece com a interrupção brusca da caminhada de Jesus para perguntar à multidão: “Quem
me tocou?” Este é o contraste que Lucas quer que vejamos: no meio de uma crise, em meio a
uma multidão, uma mulher desconhecida se aproxima privativa e quietamente em fé – e
Jesus reconhece isso. Ela se destaca da multidão por causa de sua fé. Lucas narra o fato
para que a notemos e nos beneficiemos pelo seu exemplo.
Exercício
11
Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é também parte da boa observação da
estrutura do texto. Recomendamos que o estudante saiba identificar figuras de linguagem no texto (figuras de
palavras, de construção e de pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Esta compreensão
ajuda a não perder a mensagem do escritor por não entender o veículo que ele utiliza para transmiti-la.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 27
João 11:1-46 traz um importante estudo em comparação e contraste. É a história da ressurreição de
Lázaro, mas ele é na verdade, apenas um personagem secundário. João focaliza suas lentes nas
duas irmãs de Lázaro: Marta e Maria.
Leia o relato cuidadosamente, e considere perguntas como: qual o relacionamento entre Jesus e
estas duas mulheres? há outros textos que dão luz a esta pergunta? como as irmãs se aproximam de
Jesus? como Ele reage a elas? o que Ele diz? Compare e contraste a fé destas duas mulheres. Como
elas se comparam aos discípulos e às pessoas que observavam o incidente?
Obs.: O ponto alto do contraste não consiste na palavra que o indica, mas na diferença das
qualidades acentuadas. Procure observar contrastes, por exemplo, no Salmo 1 ou no capítulo 7 de
Hebreus.
e. Elementos que são da vida real. Há um toque de autenticidade nos relatos dos
personagens bíblicos – suas experiências de vida são cortadas do mesmo rolo de tecido
humano. O que a passagem diz sobre a realidade? Que aspectos do texto se repercutem em
minha própria existência?
Obviamente vivemos em uma cultura dramaticamente diferente das culturas da época
bíblica. Mas as mesmas coisas que os personagens bíblicos experimentaram, nós
experimentamos. Sentimos as mesmas emoções que sentiram. Temos as mesmas dúvidas
que tinham. Eles eram reais, pessoas vivas que enfrentavam as mesmas lutas, os mesmos
problemas e as mesmas tentações que você e eu enfrentamos.
Assim, quando ler sobre eles nas Escrituras, você precisa perguntar:
Quais eram as ambições desta pessoa? Quais os seus objetivos? Que problemas estava
enfrentando? Como se sentia? Qual a sua reação? Qual seria a minha reação?
Freqüentemente estudamos ou ensinamos a Escritura como se fosse uma lição acadêmica, e
não vida real. Não se admira que tantos de nós nos sintamos entediados com nossas Bíblias.
Estamos perdendo as melhores lições da Palavra de Deus quando deixamos de considerar
as experiências de pessoas nela.
NOTA: Marque sua Bíblia enquanto a lê e estuda.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 28
NOTA: Marque sua Bíblia enquanto a lê e estuda.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 29
Como estudar uma seção
Recapitulação e sugestões sobre como compilar o máximo de uma seção das Escrituras.
1. Leia a seção toda completamente. Aliás, tente lê-la duas ou três vezes, talvez em
diferentes traduções, se possível.
2. Identifique os parágrafos e ponha um rótulo ou título em cada um deles. Lembre-se de que
o parágrafo é a unidade básica do estudo. Por isso, é importante entender a idéia ou tema
principal de cada parágrafo, e então expressá-la em uma ou duas palavras.
3. Avalie cada parágrafo à luz de outros parágrafos. Use as seis pistas dadas anteriormente
para procurar relacionamentos.
4. Avalie como a seção como um todo se relaciona com os restante do livro, usando os
mesmo princípios (coisas enfatizadas, repetidas, e assim por diante).
5. Tente expressar o ponto principal da seção. Veja se consegue reduzi-lo a uma palavra ou
frase pequena que resume o conteúdo.
6. Mantenha uma lista de observações na seção. Melhor ainda, registre-as em sua Bíblia,
usando palavras breves e descritivas.
7. Estude as pessoas e os lugares mencionados. Veja o que pode aprender sobre eles que
possa dar luz à seção como um todo.
8. Mantenha uma lista de perguntas não respondidas e de problemas não resolvidos. Estes
se tornam avenidas para investigações adicionais.
9. Pergunte:se o que vi nesta seção que desafia meu modo de viver? Que questões práticas
se refere a passagem? Que mudança preciso considerar à luz deste estudo? Que oração
preciso fazer como resultado do que estudei?
10. Compartilhe os resultados de seu estudo com alguém.
Resumo – exemplo da observação
A observação é necessariamente o passo básico do estudo bíblico, porque nos leva a desco-
brir o que o texto realmente diz acerca dos fatos, dos personagens, da importância de certos
acontecimentos e declarações. Não é difícil, mas exige bastante atenção e uma mente aberta
para não chegar a conclusões baseadas nos preconceitos ou influências não bíblicas que têm
penetrado o pensamento dos cristãos. Há muitas atitudes diante da vida, do corpo, do
dinheiro etc., nas igrejas, que estão hoje baseadas em filosofias e ideologias que nada têm a
ver com o que a Bíblia ensina.
O estudo bíblico nos ensina a ver os fatos e as idéias de acordo com os valores da própria
Palavra de Deus.
Ao observar os fatos da Bíblia afirmamos: “O texto diz que... (um fato explícito)”. Ou: Este e
aquele fato, juntos, implicam que... (fato oculto, ou implicação)”.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 30
Olhe até descobrir quais são os fatos significativos.
Pergunte até observar conscientemente todos os fatos importantes.
Observe até descobrir a ênfase do autor e a maneira como ele organizou a apresentação de
suas idéias.12
A. Olhe!
Tomemos como exemplo Lucas 5:1-11. Veja:
1. a forma literária: é uma narrativa, que enfatiza os acontecimentos? uma mensagem
discursiva, que enfatiza as idéias? um texto poético, que enfatiza a intuição? um texto
filosófico, que enfatiza as percepções? ou ainda um texto profético, que enfatiza a revelação?
Exemplo: Lc 5.1-11 é uma narrativa, parte do relato sobre a vida e obra de Jesus.
2. a estrutura: quais são as divisões principais? Como as idéias e ações se desenvolvem até
chegar a um clímax ou a um desafio?
Exemplo: Em Lc 5:1-3 Simão Pedro escuta uma mensagem de Jesus. Em Lc 5.4-l0a Jesus
desafia Simão Pedro pela primeira vez. Em Lc 5:l0b-11 Jesus desafia Simão Pedro pela
segunda vez.
3. o contexto: De que maneira as informações obtidas de passagens bíblicas relacionadas
com o texto, ou de informações históricas da época em que o livro foi escrito nos ajudam a
entender a mensagem, o conflito, as dificuldades e soluções?
a) histórico (informações sobre o contexto social e espiritual em que a mensagem foi
proferida).
Exemplo: Em Lucas 5 vemos o conflito interno de Pedro. Ele era um pescador experiente,
que havia se dedicado à pesca durante as horas mais propícias (de noite), sem obter
resultados. Agora Jesus, que não é pescador, manda que saia de novo, numa hora imprópria
para pescar. Vemos, também, em Pedro, a atitude característica de um judeu piedoso,
quando recebia uma revelação de Deus: um sentimento forte de ser indigno, diante da
santidade do Senhor (Veja Êx 24:9-11 e Is 6:1-7).
b) textual imediato (vínculos com o texto que vem antes e depois).
Exemplo: Este incidente ocorre no início do ministério de Jesus, quando a equipe de
discípulos ainda não era formada. O texto 4:31 a 44 mostra que Simão já conhecia
pessoalmente a Jesus: já tinha ouvido o seu ensino; observado vários de seus sinais
poderosos como a libertação de um endemoninhado e a cura de sua própria sogra e lhe
oferecido sua hospitalidade. Lucas 5:29-35 mostra que já havia uma equipe de discípulos que
andava com Jesus e em Lucas 6:12-16 vemos a designação e formação definitiva desta
equipe.
e) textual mais amplo (alguns esclarecimentos importantes, em textos paralelos, passagens
com mensagens complementares e a localização do texto no contexto do livro do qual faz
parte).
12
Este Resumo-exemplo da Observação e o Resumo-exemplo da Interpretação (página ...) foram usados pela professora
Antonia Leonora van der Meer (Tonica), na obra O Estudo Bíblico Indutivo. ABU Editora, 1999 (4 ª ed.), p. 9-14 e 16-18.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 31
Exemplos: a) João 1:35-42 relata o primeiro encontro de Jesus e Simão. E mostra que já
havia uma fé incipiente em Simão: ele já conhecia as mensagens de João Batista a respeito
de Jesus e tinha certas expectativas em relação a Ele.
b) Mateus 4:18-22 e Marcos 1:16-20 relatam o que foi provavelmente a primeira vez em que
Jesus chamou a Pedro e seus companheiros para segui-lo. É possível que sejam relatos
abreviados do mesmo acontecimento relatado em Lucas 5 ou que só após essa convicção
profunda de ser pecador, e do Senhorio de Jesus, o compromisso em segui-lo se tomou mais
forte.
4. as chaves gramaticais (observe o uso dos verbos):
a) Os tempos (presente/passado/futuro), os modos (indicativo, subjuntivo, imperativo,
infinitivo, gerúndio e particípios) e a voz (ativa e passiva).
Exemplo: Ef 5:18-21 – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-
vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor,
com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”.
Neste texto há dois imperativos: não vos embriagueis e enchei-vos. Os verbos dos
versículos 19-21 estão no gerúndio. Isto mostra que se trata de conseqüências do encher-nos
continuamente do Espírito.
b) O sujeito/objeto no singular ou no plural (Isto inclui a mudança no uso dos pronomes;
quem é o sujeito ou o objeto deste verbo?).
Exemplo: Jo 1:50-51 — “Ao que Jesus lhe respondeu: Por que te disse que te vi debaixo da
figueira, crês? Pois maiores cousas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em
verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o
Filho do homem”. No versículo 50, Jesus faz uma promessa a Natanael, que no versículo 51
é estendida a todos os discípulos.
Exemplo: Lucas 5:1-11 – Qual é o verbo principal no versículo 1? Quem é o sujeito das ações
principais nos versículos 1 a 4 e nos versículos 5 a l0a? O que Lucas nos diz, por meio desta
mudança, sobre a maneira pela qual Jesus atrai Simão Pedro para sua obra?
c) que mudanças no pensamento do autor vêm à tona através do uso das conjunções e das
preposições, como: “mas” , “para”, “porque”, “se”, “ainda que”, “quando”, “de modo que”, “e
portanto” etc.
Exemplo: Que aparente conflito indica o “mas” de Simão Pedro, no versículo 5? Que outras
palavras indicam mudanças no pensamento do autor (ou da pessoa que fala)?
B. Pergunte
Comece com as perguntas básicas: quem? onde? quando? o quê? como? por quê?
1. Passagens narrativas
a) Personagens: Quem são? O que esta passagem mostra acerca deles? Como reagem e
interagem entre si? Em quem se concentra a atenção?
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 32
b) Circunstâncias. Onde estão? Por que estão ali? Por que o lugar é significativo? Qual é a
atmosfera emocional/psicológica? Quando o fato acontece? Caso se mencione o momento
(direta ou indiretamente), como isso contribui para a nossa compreensão?
e) Fato central. Qual é o acontecimento central? Como é descrito? Como as ações
anteriores culminam nele? Como as ações e as palavras das pessoas revelam seu caráter e
suas possíveis motivações? Por que isso acontece? Há razões expressas ou implícitas?
d) Conseqüências. Quais são os resultados? Eram esperados? Que outras implicações há?
2. Passagens discursivas
a) Personagens: Quem é o escritor e quem são os leitores; ou o orador e os ouvintes? Que
relação existe entre eles? Que outras pessoas são mencionadas? Por quê?
b) Circunstâncias: Onde está o escritor? Por que está ali? Onde estão os leitores? Quando
a carta foi escrita (ou o discurso pronunciado)?
e) Mensagem central: Qual é a idéia central? Como o escritor ou orador tenta persuadir os
ouvintes na verdade? Que razões, ilustrações, experiências ou outros meios utiliza? Por que
está tão desejoso de que a entendam e creiam nela?
d) Conseqüências: Quais seriam os resultados, caso aceitem sua mensagem? E em caso
contrário?
C. Observe
Examinemos Lucas 15 para descobrir o magistral método de ensino de Jesus, usando os
seguintes princípios literários:
1. Observe a ênfase do escritor (ou do orador):
a) Pela repetição de certas palavras, frases, idéias, personagens, ações.
Exemplo: Jesus usa “perder”, “perdido/a” sete vezes, “encontrar”, “achar” ou “achado” sete
vezes, mas “pecador/pecadores” só duas vezes e “arrependimento/se arrepende” só três
vezes. Diante dos fariseus Ele enfatiza não o arrependimento do pecado, mas enfatiza seu
resultado natural: a alegria e a celebração! Observe que Ele fala dez vezes de “júbilo”,
“alegrar-se” e “regozijar-se”; quatro vezes de “comer” e “fazer festa”; três vezes de “matar o
novilho cevado” e que fez outras referências à mesma idéia: “o abraçou e beijou”; “a melhor
roupa... um anel no dedo.., a música e as danças...”
b) Pela comparação de idéias com coisas conhecidas, vinculando coisas semelhantes entre
si.
Exemplo: Jesus compara a Deus com que personagens familiares? O que a ovelha, a moeda
e o filho têm em comum? Com quem se comparam? Com quem Jesus compara o filho mais
moço? Que semelhança há entre o filho mais velho nos versículos 11 a 32, e os críticos de
Jesus nos versículos 1 e 2?
c) Pelo contraste entre coisas opostas, da mesma categoria, mas não semelhantes.
Exemplo: Qual a diferença entre o valor das três coisas perdidas? Qual a diferença entre o
filho mais moço e o seu irmão? E entre o filho mais velho e o pai? O que distingue a terceira
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 33
parábola das outras duas?
d) Pela proporção do espaço dado a pessoas ou idéias-chave.
Exemplo: Quem é o personagem central de cada parábola: “o perdido que foi achado” ou
aquele que o encontra? Qual é a parábola mais extensa? O que Jesus nos diz com esta
proporção?
2. Observe a organização das idéias do escritor (orador) pelo seu uso de:
a) Relações de causa e efeito: Quando uma coisa é uma conseqüência natural da outra.
Exemplo: O que causou a busca diligente do dono? E qual foi o resultado do encontro do
objeto (ou da pessoa) perdido/a? O que Jesus está dizendo aos fariseus, com respeito à
atitude deles?
b) Relação entre os meios e o fim.
Exemplo: Por que Jesus usou parábolas para responder aos seus críticos?
c) Progressão do pensamento: uma série de idéias e ações que progride em direção a um
clímax ou desafio.
Exemplo: Observe na ordem das parábolas como Jesus passou do simples ao complexo, do
conhecido ao desconhecido, dos valores inferiores (as coisas) ao valor maior (as pessoas).
d) Uma declaração geral no começo, seguida por explicações ou evidências específicas ou
uma declaração conclusiva no fim, precedida por uma série de idéias.
Exemplo: 0 que encontramos no ensino de Jesus neste capítulo?
Exercício
Observe esta seção: Mateus 13:1-23, a parábola do semeador. Abaixo há um quadro de
divisões para ajudar você a começar, o qual considera quatro questões para cada um dos
quatro tipos de solo: como Jesus descreve o solo? Que tipo de crescimento acontece?
Quais os obstáculos ao crescimento? Qual a conseqüência ou resultado do ato de plantar?
SOLOS DESCRIÇÃO CRESCIMENTO OBSTÁCULOS RESULTADOS
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 34
Interpretação (Descubra o que o texto significa!)
O significado de determinada passagem na Bíblia nem sempre é claro. Existem razões para
isso: 1) Trazemos à interpretação certas pressuposições provavelmente incorretas – podem
ser conhecimentos, atitudes e convicções próprios sobre Deus, religião e “realidade”, que
influenciam nossa maneira de entender o significado do texto bíblico. 2) Uma grande
separação de tempo, cultura e linguagem faz com que certas coisas escritas na Bíblia sejam
incompreensíveis para nós, dois mil anos mais tarde.
O valor da interpretação
Interpretar é explicar ou esclarecer o “significado claro” da passagem que já passou pela sua
fase da Observação. O objetivo primário da Interpretação é compreender o sentido que a
passagem tinha para o autor quando ele a comunicou às pessoas do seu tempo.
Quando o salmista orou a Deus: “Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo o
coração a cumprirei” (Sl 119:34), ele estava batendo à porta da interpretação. Ele sabia que,
sem entendimento do significado do texto, não poderia haver aplicação da Palavra em sua
vida. Por outro lado, uma vez que o Espírito abrisse a porta da percepção, ele estaria
preparado para agir de acordo com o que Deus havia dito. E você? Qual o seu alvo ao abrir
as Escrituras? Mudança de vida? Se for, então prepare-se para a ação, porque Deus sempre
abre a porta àquele que bate com essa intenção.
“Queremos saber o que a Bíblia significa para nós – e isso é certo. Não podemos, no entanto,
fazê-la significar qualquer coisa que nos agrada, e depois dar ao Espírito Santo o “crédito” por
ela. O Espírito Santo não pode ser conclamado para contradizer a Si mesmo, e Ele é Aquele
que inspirou a intenção original. Logo, Sua ajuda para nós será na descoberta daquela
intenção original, e em orientar-nos enquanto procuramos fielmente aplicar aquele significado
às nossas próprias situações. Quanto à seguinte questão deve haver concordância: Um texto
não pode significar o que nunca significou. Ou, colocando a coisa de modo positivo, o
significado verdadeiro do texto bíblico para nós é o que Deus originalmente pretendeu que
significasse quando foi falado/escrito pela primeira vez. Este é o ponto de partida.” 13
Gêneros literários da bíblia
Os livros bíblicos apresentam diversos gêneros literários; e, dentro de um mesmo livro, de
texto para texto, o autor pode ter usado estruturas literárias diferentes. Exemplo: Embora
Gálatas seja uma epístola, traz narrativa, discussão teológica, alegoria e exortação. Esta
subclassificação de gêneros literários é também a resposta para entender a pergunta “Como
o autor escreveu?” ou Que tipo de literatura ele estava escrevendo? Que forma literária
empregou?
O tipo literário é a chave para não tratar um Salmo da mesma forma que se trata uma
epístola; esta faz declarações diretas, literais, orientadas diretamente para comunicar um
conceito. Já o Salmo é poético, alcançando a mente através do coração, é cheio de
metáforas e cada frase faz parte do arranjo poético, não tendo significado quando isolada.
Devemos nos aproximar do texto conforme ele foi construído: para tanto é necessário
determinar o seu gênero literário.
13
Gordon D. Fee & Douglas Stuart. Entendes o que lês? Edições Vida Nova, 2000 (2ª ed., reimp.), p. 26.
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Metodos estudos biblicos

  • 1.
  • 2. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 2 Índice ___________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PESSOAL DA BÍBLIA.......................................................................03 1 . A Bíblia pode e deve ser estudada...................................................................................................O3 2. Resultados do estudo bíblico.............................................................................................................08 3. Manuseie com cuidado!......................................................................................................................11 4. A necessidade de métodos para estudar a Bíblia..............................................................................13 PASSOS PARA O ESTUDO DA BÍBLIA..............................................................................................15 I. OBSERVAÇÃO...................................................................................................................................15 A. O valor da observação....................................................................................................................15 B. Aprenda a ler o texto bíblico...........................................................................................................16 1. Estratégias para uma leitura do texto bíblico..............................................................................16 a. Ler com atenção, repetidas vezes, pacientemente e aquisitivamente.....................................17 b. Ler com oração e meditativamente..........................................................................................17 c. Ler seletivamente: seis perguntas básicas...............................................................................18 d. Ler descobrindo o propósito através da estrutura gramatical e literária..................................18 2. Elementos a procurar (desvendar) no texto bíblico em estudo..........................................................23 a. Elementos que são enfatizados.....................................................................................................24 b. Elementos que se repetem.............................................................................................................24 c. Elementos que são relacionados....................................................................................................25 d. Elementos semelhantes e diferentes.............................................................................................26 e. Elementos que são da vida real.....................................................................................................27 II. INTERPRETAÇÃO.............................................................................................................................34 A. O valor da interpretação.................................................................................................................34 B. Chaves para a interpretação do texto bíblico em estudo...............................................................39 1. Conteúdo...................................................................................................................................39 2. Contexto....................................................................................................................................40 3. Antecedentes históricos e culturais...........................................................................................42 4. Consulta a fontes secundárias..................................................................................................43 III. CORRELAÇÃO.................................................................................................................................48 A. Definição e objetivos da correlação...................................................................................................48 B. Meios para fazer a correlação bíblica do texto em estudo.................................................................48 1. Referências bíblicas.......................................................................................................................48 2. Versões bíblicas.............................................................................................................................49 3. Esboço minucioso..........................................................................................................................49 4. Gráficos..........................................................................................................................................50 C. Juntando as partes............................................................................................................................51 IV. APLICAÇÃO.....................................................................................................................................58 A. O valor da aplicação..........................................................................................................................58 B. Passos para fazer uma boa aplicação do texto bíblico estudado......................................................60 1. Conheça o texto e conheça a si mesmo........................................................................................60 2. Relacione a verdade à própria experiência....................................................................................62 3. Medite.............................................................................................................................................63 4. Pratique: a. A importância de princípios; b. O processo de mudança............................................65 V. MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA................................................................................................75 1. MÉTODO DEVOCIONAL...............................................................................................................75 2. MÉTODO BIOGRÁFICO................................................................................................................81 3. MÉTODO ANALÍTICO...................................................................................................................83 4. MÉTODO TÓPICO.........................................................................................................................86 5. MÉTODO LIVRO POR LIVRO.......................................................................................................88 ANEXO: Programas de leitura e de estudo da Bíblia.............................................................................91 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................96
  • 3. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 3 UNIDADE I ___________________________________________________________________________ A importância do estudo pessoal da Bíblia 1. A Bíblia pode e deve ser estudada Os cristãos são o povo do livro — isto é, da biblioteca de 66 livros conhecida como a Bíblia. A inspiração divina desta obra múltipla a eleva para sua posição central e fundamento inabalável da fé cristã. Durante séculos seguidos a Bíblia ficou na situação ambígua de ser a narração dos fatos em que a Igreja colocava sua fé salvadora e ao mesmo tempo o livro virtualmente desconhecido. Desde os séculos V e VI depois de Cristo, quando Jerônimo traduziu a Bíblia do hebraico e grego para o latim, até o trabalho pioneiro de Wycliffe e Lutero, a Bíblia foi destinada a ser cada vez menos lida e entendida. O latim, que há 1500 anos atrás foi a língua do povo d Europa ocidental, transformou-se num véu cada vez mais espesso para os povos que falavam as línguas românicas, italiano, espanhol, francês, português e outras. A vantagem do latim se baseava na possibilidade de manter comunicação entre povos que falavam línguas distintas. Por outro lado, os analfabetos, que constituíam a maioria da população européia, não entendiam o latim. A Vulgata, traduzida por Jerônimo, era a versão aceita oficialmente pela igreja Católica Romana, mas o conteúdo das suas páginas ficou desconhecido pela maioria. Assim se deu a oportunidade de criar e aumentar as tradições dogmáticas sem interferência séria da Bíblia. A própria Igreja Romana achou por bem seqüestrar a Bíblia do povão. Dessa maneira os ensinamentos do magisterium (órgão oficial para a determinação do ensino bíblico aceitável à Igreja) se transformaram “no que a Bíblia disse”, segundo os mestres autorizados pela hierarquia em Roma. Paulatinamente, na era das trevas, ou período medieval, a Bíblia ficou cada vez mais distante do povo – era vista apenas na biblioteca dos mosteiros e das universidades ou entre as pessoas de recursos. Quem teria coragem de colocar em dúvida as interpretações eclesiásticas oficiais? Quem quer que fosse e publicamente desafiasse as tradições era tachado de “herege” e morto ou banido juntamente com suas obras. Assim, duas barreiras ofuscavam a mente do “cristão” típico antes da Reforma do sáculo XV: 1) A língua latina que não se entendia. 2) Uma ameaça física e espiritual, efetivamente obscureceu as mentes dos católicos. Torturas e martírio pela fogueira intimidavam qualquer interessado no restabelecimento da religião bíblica como aconteceu com Jan Hus e Savanarola. Muitos certamente discerniam os interesses humanos que os principais líderes da Igreja tinham para manter os membros dependentes e obedientes às ordens eclesiásticas. Além destas formidáveis barreiras que mantiveram os católicos na ignorância das Escrituras, houve mais uma: a produção de livros dependia de papel rude e caro, chamado papiro. Aos poucos foi sendo substituído por pergaminho, feito de peles de ovelhas e cabras, por volta do
  • 4. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 4 século X. Mais ainda, a reprodução realizou-se por escrito com pena e tinta. Quantas centenas de horas se gastaram para copiar um exemplar da Bíblia? Como seria possível buscar nela o amor de Deus e a Sua perfeita vontade? A Reforma é que fez dela um livro popular. Foi a convicção de que a Bíblia traz ao coração fiel a legítima Palavra de Deus que tornou os reformadores ousados na insistência em que o Livro fosse aberto todos os homens. “É uma espécie de impiedade não ler aquilo que por nós e para nós escreveu a mão do próprio Deus. Que ninguém incorra nesta falta, tendo ao seu alcance a leitura da Bíblia.”, afirmou Santo Agostinho. “Quero saber de uma só coisa – o caminho para o Céu; como desembarcar em segurança nessa praia feliz. O próprio Deus dignou-se em ensinar-nos o caminho: foi com essa finalidade que Ele desceu do Céu. Escreveu as instruções em um livro. Ó, dê-me esse livro! A qualquer preço, dê-me o livro de Deus! Eu o tenho: tem conhecimento suficiente para mim. Quero ser um homem de um só livro.”, expressou John Wesley. “A grande necessidade da hora presente entre as pessoas espiritualmente famintas é dupla: Primeiro, conhecer as Escrituras, sem as quais nenhuma verdade salvadora será concedida por nosso Senhor; segundo, ser iluminado pelo Espírito, sem Quem as Escrituras não serão compreendidas.”, era a convicção de A. W. Tozer. O Cristianismo é peculiarmente religião de um só livro. A Bíblia é o meio pelo qual Deus decidiu apresentar Sua revelação ao homem através de sucessivas eras. A Bíblia é a Palavra de Deus. Isto quer dizer muita coisa. Significa que ela encerra a auto-revelação de Deus e expressa a vontade toda de Deus em matéria de fé e conduta. É a informação segura quanto a Deus, quanto à vida e quanto à eternidade. Você tem em sua própria língua um livro de texto e de devoção que encerra o programa todo de Deus, uma espécie de enciclopédia que fornece toda sorte de informação teológica necessária, um manual de avaliação que mostra a diferença entre o certo e o errado. A prática da leitura e do estudo da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas páginas das Sagradas Escrituras até achar, a arte de enxergar a riqueza toda que está atrás da mera letra, de ouvir a voz de Deus, de relacionar texto com texto e de sugar todo o leite contido na Palavra revelada e escrita, tanto nas passagens mais claras como nas passagens aparentemente menos atraentes, através de uma leitura responsável e do auxílio do Espírito Santo. A Bíblia foi escrita para pessoas comuns. Se desejarmos ser crentes felizes, vitoriosos e frutíferos, teremos que nos alimentar regularmente da Palavra de Deus.1 Depois que nos convencemos de que podemos estudar a Palavra de Deus por nós mesmos, a nossa vida espiritual toma uma nova dimensão. Deus quer encontrar você pessoalmente na Sua Palavra. Você tem o direito de estudar pó si mesmo. O pastor Gordon MacDonald avaliou: “Os pastores gastam muito tempo estudando a Bíblia para o seu povo... Francamente, uma das minhas maiores tristezas em 25 anos de pregação é que acho que não ensinei os membros da minha congregação a estudarem a Bíblia sozinhos, seja individualmente ou em grupo. Penso que fui um pregador relativamente 1 Uma pesquisa Gallup nos EUA, na década de 1990, mostrou que embora 82% dos americanos acreditem que a Bíblia é a palavra “literal” ou “inspirada” de Deus, só 21% estão envolvidos no estudo bíblico. (Citado por James C. Denison. 7 Questões Cruciais sobre a Bíblia. Bom Pastor Editora, 1995, p. 239.
  • 5. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 5 bom. As pessoas faziam anotações e aceitavam bem o que eu pregava. Julgo então que a minha pregação estava definitivamente satisfazendo uma necessidade. Mas agora, quando olho para trás, sinto que eu estava estudando a Bíblia pelas pessoas. Estamos avançando para um ponto onde existem apenas alguns comunicadores fortes estudando a Bíblia por nós todos. O que deveria ter feito é ajudá-los a compreender como eu estudei e como eles podiam aprender a estudá-la por si mesmos.”2 Iluminação e Convicção.3 O conhecimento dos cristãos a respeito das coisas divinas é mais do que um conhecimento das palavras e das idéias teológicas da Bíblia. É uma compreensão da realidade e da relevância das obras de Deus testemunhadas pelas Escrituras. O “homem natural” (I Co 2:14), que não tem o Espírito, mesmo que esteja familiarizado com idéias cristãs, ainda padece da falta dessa compreensão mais profunda e é como um cego que conduz outro cego (Mt 15:14). Só o Espírito Santo, que “a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (I Co 2:10), pode levar essa compreensão às mentes e corações obscurecidos pelo pecado. Isto é chamado de “entendimento espiritual”, porque é uma compreensão dada pelo Espírito Santo (Cl 1:9; cf. Lc 24:25; I Jo 5:20). Aqueles que, além de um conhecimento correto das Escrituras, possuem “unção que vem do Santo...” e conhecem todas as coisas (I Jo 2:20). A obra do Espírito Santo em comunicar essa compreensão, é chamada de “iluminação” ou esclarecimento. Não é uma nova revelação, mas uma obra dentro de nós, que nos capacita a compreender e a afirmar a revelação da Bíblia, quando é lida, pregada e ensinada. O pecado obscurece nossa mente e vontade, de modo que perdemos e resistimos à força das Escrituras. O Espírito, contudo, abre e desanuvia nossa mente e põe o nosso coração em sintonia, de modo a podermos entender aquilo que Deus tem revelado (II Co 3:14-16; 4:6; Ef 1:17-18; 3:18-19). Iluminação é a aplicação da verdade revelada de Deus ao nosso coração, de modo que nós passamos a entender como realidade para nós o que o texto sagrado revela. É através da iluminação do Espírito que o ministério da Palavra realiza a chamada eficaz para a salvação. Embora a iluminação pelo Espírito comece o processo ou seqüência da salvação (Hb 6:4; 10:32), ela continua durante toda a vida do crente. O Espírito Santo conduz-nos a uma mais profunda compreensão de Deus (Jo 16:13), levando-nos tanto ao arrependimento dos pecados que cometemos quanto à segurança da graça de Deus e à certeza da nossa eleição. Recebemos essa iluminação através do ministério da Palavra, da oração e da meditação a respeito de Deus e de sua revelação e do esforço para viver nossa vida de modo coerente com a revelação. 2 Citado por James Denison. 7 Questões Cruciais da Bíblia. Editora Bom Pastor, p. 86. 3 Bíblia de Estudo de Genebra, pág. 1348.
  • 6. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 6 “Os cristãos são o povo do Livro — isto é, da biblioteca de 66 livros conhecida como a Bíblia. A inspiração divina desta obra múltipla a eleva para sua posição central e fundamento inabalável da fé cristã.” — Russell P. Shedd Qualificações do livro sagrado 1. É Palavra de Deus (II Tm 3:16; II Pe 1:20-21). As Escrituras emanam de Deus; são uma inspiração divina. Deus ama sua Palavra e está moralmente comprometido a falar através dela! 2. A Bíblia é um livro igualmente humano e divino. Os cristãos não procuram ocultar sua natureza humana. Sabemos que ela foi escrita por homens e que não desceu do Céu numa bandeja de ouro. Todavia, também cremos que os homens que a escreveram estavam sob a inspiração de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo. A Palavra de Deus nos é dada nas palavras desses autores humanos e por meio delas. 3. Sua preservação é um milagre. 4. A Bíblia é tanto histórica quanto contemporânea. É um livro arraigado nas culturas, nas línguas e nas tradições da Antigüidade. Mesmo assim é também um livro poderoso para tocar a vida dos leitores de hoje (Mt 24:35). 5. É completo (Ap 22:18-19). 6. A Bíblia é singular em sua universalidade cósmica (reflete a glória de Deus sobre todo o universo) e em sua universalidade social (dirige-se a todos os membros da sociedade humana, a povos de todas as raças). É singular no impacto histórico, quanto à iniciativa de Deus, ao poder de Deus e à vitória de Deus na história: é o único livro que descreve uma história mundial com início e conclusão definidos no ato divino de revelação. A história é a estrada que vai do primeiro jardim do Éden à gloriosa cidade chamada Nova Jerusalém. É
  • 7. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 7 singular na comunicação: compreendida pela fé e compreendida pela iluminação. E nos confronta com a vontade de Deus para nossa vida. Temos de decidir favoravelmente ou contra a mensagem que recebemos. 7. Sua preeminência na literatura, em línguas e dialetos (Is 56:7; At 2:8; Ap 7:9). 8. A Bíblia é tanto um livro simples quanto complexo. As crianças podem desde cedo começar a estudá-la e a amá-la, e milhões de crianças o fazem. Mas alguns dos mais capacitados estudiosos em todo o mundo gastam a vida inteira estudando a Bíblia e mesmo assim confessam ter somente um conhecimento superficial desse livro maravilhoso. A Bíblia é o livro mais estudado em todo o mundo, assim como também o mais publicado, e quase certamente o livro mais apreciado do mundo. 9. É uno em coesão de pensamentos (Is 7:14; Mq 5:2; Mt 1:23; 2:6). 10. Sua adaptabilidade alcança a todos (Lc 4:17-18; At 4:13; 8:27-28). 11. Sua eficácia, efeitos reais e eternos (At 17:11-12; II Rs 22:13; 23:4-25). 12. A Bíblia é um livro de pesquisa ímpar e indispensável para o cristão e para a igreja. É luz para o nosso caminho (Sl 119:105). Ler suas palavras em voz alta é como saborear o mel (Sl 119:103). É uma arma na luta por uma fé mais robusta (Ef 6:17). A vida do cristão é moldada pela Bíblia, e ela é lida, ensinada, pregada, cantada, crida e amada na igreja. A Bíblia concede aos cristãos uma visão de mundo. Fornece-lhes um conjunto de valores morais. Propicia-lhes experiências com Deus. Transmite-lhes o sentido da vida. Todo cristão pode afirmar como o salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia” (Sl 119:97). Que retrato a Bíblia traça de si mesma? É necessário considerar sobre as metáforas que a Escritura utiliza de si mesma para que se crie um compromisso mais forte com o estudo da mensagem que Deus inspirou e os autores bíblicos escreveram. Estas figuras literárias parecem as mais apropriadas para descrever a Palavra em sua vitalidade e poder. Grandes lições são colhidas quando se permite que Deus use essas metáforas para convencer seus servos da importância do estudo e da exposição bíblica. Espelho. A Bíblia é como um espelho no sentido de refletir com precisão nossa aparência espiritual. Espada. A Bíblia é como uma espada no sentido de poder ser utilizada como arma de defesa e de ataque contra o inimigo (Hb 4:12; Ef 6:12, 17). Luz. A Bíblia é como luz no sentido de nos capacitar a enxergar na escuridão da vida, manter-nos no caminho certo e evitar os perigos. A frase “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra” (Sl 119:105) deve ser entendida como o ganho da perspectiva de Deus nas decisões que uma pessoa tome. Água. A Bíblia é como água no sentido de saciar nossa sede e nos purificar as impurezas espirituais (Jo 15:3; 13:10; IJo 1:9; Ef 5:25-27). Alimento. A Bíblia é como alimento no sentido de satisfazer nossa fome espiritual e fazer-nos crescer espiritualmente.
  • 8. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 8 A Semente (IPe 1:23-25). A palavra de Deus tem vitalidade quando ela é aplicada pelo Espírito divino. Martelo e Fogo. O “martelo que esmiúça a penha” (Jr 23:29) sugere que eventos, completamente inesperados, ocorram quando Deus decide comandar transformações pela sua Palavra. A “palha”, isto é, mensagens sem qualquer respaldo na revelação divina, será queimada. Arma (IICo 10:3-5). As armas “poderosas em Deus” referem-se à verdade revelada, escrita e canonizada, à clara e inabalável Palavra de Deus explicada e sabiamente aplicada, a única arma segura para explodir os “sofismas” e “fortalezas” mentais, desvios doutrinários que dão brechas para o usurpador. 2. Resultados esperados do estudo da Bíblia Quais os benefícios do estudo bíblico? O que há nele para mim? Se eu investir meu tempo nisso, que vantagem terei? Que diferença isso fará em minha vida? Há diversos benefícios que você pode esperar quando investe no estudo da Palavra de Deus. Estes benefícios não se encontram em nenhum outro lugar; e, francamente, eles são reais necessidades do cristão. Não é uma opção – é essencial estudar a Bíblia. Veja três passagens que conspiram para edificar um caso convincente pelo qual devemos estudar a Bíblia: O estudo bíblico é essencial para o crescimento “Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para salvação.” (1 Pd 2:2). Os ensinamentos das Escrituras são os elementos da nutrição espiritual. A primeira razão para se estudar as Escrituras é que este é um meio de crescimento espiritual. Não há crescimento fora da Palavra. Ela é o instrumento primário de Deus para o desenvolvimento como indivíduo. O segredo do sucesso na vida cristã, em grande parte, depende da avidez com que o leitor busca ao Senhor e a Sua vontade nas Escrituras. O estudo bíblico é essencial à maturidade espiritual “A esse respeito temos muitas cousas que dizer, e difíceis de explicar,porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes novamente necessidade de alguém que vos ensine de novo quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim vos tornastes como necessitados de leite, e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite, é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercidas para discernir não somente o bem, mas também o mal.” (Hb 5:11-14) A Bíblia é o meio divino de desenvolver a maturidade espiritual. Não nos podemos satisfazer com um êxito parcial, e nem com o crescimento espiritual obtido ontem. Diz o autor que você é maduro se treinou a si mesmo através do uso constante das Escrituras não só para distinguir o bem do mal mas também para saber aplicar a Palavra a si mesmo, para praticar o
  • 9. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 9 bem, obtendo progresso espiritual em sua vida. A marca da maturidade espiritual não é o quanto você entende, mas o quanto você usa. Na esfera espiritual, o oposto de ignorância não é sabedoria, mas obediência. A verdade fortalecedora torna ainda mais fortalecido o cristão que já é forte. O estudo bíblico é essencial à eficácia espiritual “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Tm 3:16-17). Este texto fundamenta o papel das Escrituras na orientação da Igreja e na vida do cristão para que correspondam à vontade de Deus. Baseado na origem divina das Escrituras, Paulo declarou a utilidade delas para: Doutrina ou ensino – Isto é, ela irá estruturar seu pensamento. Isto é crucial porque se você não estiver pensando corretamente, não estará vivendo corretamente. Aquilo em que você acredita determina seu comportamento. Repreensão – Isto é, ela dirá onde você está fora dos limites; ela produz convencimento, convicção. É como um árbitro; ela mostra o que é pecado. Mostra o que Deus quer para sua vida. Ele provê seus padrões. O endurecimento do coração reflete na falta de preocupação com a voz viva do Espírito em nosso íntimo. Correção – Isto é, ela abre as portas de sua vida e provê uma dinamite purificadora para o ajudar a limpar o pecado e a aprender a se conformar à vontade de Deus. O estudo das Escrituras eleva os desejos dos regenerados a se voltarem para o Senhor e mostra o caminho de volta à verdade. A alegria se seguirá à obediência. O ensino só se efetua quando o aluno muda de comportamento. Treinamento para uma vida de justiça – Deus a usa para mostrar como se deve viver: a expressão prática de sua fé. Tendo-o corrigido nos aspectos negativos, Ele dá a você orientação positiva a se seguir na vida. Não basta alguém ser bom; é mister também praticar o bem. Qual o propósito global da Bíblia? Equipar-nos para toda boa obra. Você alguma vez já disse: “Gostaria que minha vida fosse mais eficaz para Jesus cristo?” Se já, o que tem feito para se equipar? O estudo bíblico é um meio primário pelo qual podemos nos tornar servos eficazes do Senhor Jesus. Deus talvez não possa usá-lo mais do que Ele quer porque pode bem ser que você não esteja preparado. Talvez você tenha freqüentado igreja por cinco, dez, até vinte anos, mas nunca abriu a Bíblia para preparar-se eficazmente como instrumento de Deus. Você esteve debaixo da Palavra, mas não a estudou por si mesmo. Agora é a sua vez; Deus quer se comunicar com você no século vinte e um. Ele escreveu Sua mensagem em um Livro e pede que você venha e estude este Livro por três razões que nos impelem: É essencial ao crescimento. É essencial à maturidade. É essencial para equipá-lo e treiná-lo a fim de que você possa ser um instrumento disponível, limpo e preciso nas mãos dele, para cumprir os Seus propósitos. Mais benefícios do estudo bíblico na vida pessoal:
  • 10. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 10 1. Promove sabedoria, que é a aplicação do conhecimento; um homem sábio é aquele que sabe distinguir o fundamental do trivial, que sabe o que é a vida e que age adequadamente, sejam quais forem as circunstâncias (Sl 119:98-100). A sabedoria que se propõe aos discípulos, como aquela que se harmoniza com o reino de Deus, não é mero bom senso humano. O sábio é aquele que faz a vontade do Senhor (Mt 7:24) – a sabedoria do crente se acha na sua obediência. 2. Segurança pessoal (Sl 119:72). 3. A imagem do Filho no coração do homem (I Pe 3:9). 4. Estar ligado na videira (Jo 15:5) 5. Comunhão com Deus (I Jo 1:6) 6. Abertura do entendimento para as Escrituras (Sl 119:18 e 130; Lc 24:31; 45) 7. Ter o coração aberto (At 16:14) 8. Ter a revelação do Espírito Santo (Lc 2:26) 9. Confiança. “O Deus cuja Palavra eu louvo, neste Deus ponho a minha confiança” (Sl 56:4, 10-11). Como observou A. W. Tozer: “O quanto conhecemos da Palavra é o quanto conhecemos do Deus da Palavra”. Tim Lahaye, no livro “Como Estudar a Bíblia Sozinho”, relaciona os seguintes pontos sob o título: O que o estudo bíblico fará por você: 1. Ela nos tornará crentes mais fortes (I Jo 2:14b). 2. Ela nos assegura a certeza da nossa salvação (I Jo 5:13) 3. Ela nos dará confiança e poder na oração (Jo 15:7) 4. Ela nos adverte contra o pecado, nos indica a purificação e nos faz saber quando estamos perdoados (Jo 15:3). 5. Ela nos dará alegria (Jo 15:11). 6. Produzirá paz (Jo 16:33).4 7. Ela nos orientará nas decisões da vida (Sl 119:105). 8. Ela nos capacitará a testemunhar de nossa fé (I Pe 3:15). 9. Será uma garantia de sucesso (Js 1:8). Bryan Jay Bost, no livro Do Texto à Paráfrase enfatiza cinco vantagens e bons resultados obtidos pelo estudo cuidadoso das Escrituras: 1. Teremos mais fé. 4 A Bíblia não é um sedativo. Ela não tranqüiliza. No entanto, ao lê-la, você encontrará paz. “Grande paz têm os que amam a tua lei” (Sl 119:165). Os tranqüilizantes químicos podem agir minimizando o impacto que a realidade exerce sobre as pessoas; as Escrituras, não. Elas transmitem paz ao mostrar-lhe como resolver qualquer conflito interior que destrua essa paz. A paz é mais do que ausência de ansiedade. É uma qualidade positiva que brota da harmonia interior. Uma paz que é destruída por ameaças externas não é autêntica. A paz de Deus, que aumenta à proporção que se compreendem as Escrituras, desafia a incerteza e o perigo. Esta é a paz profunda com a qual os cristãos romanos enfrentaram leões famintos, nas antigas arenas, e com a qual os cristãos da Europa Oriental, num passado recente, enfrentaram prisões, torturas e ameaças contra suas famílias. Esta é uma paz que vem da convicção de que Deus permanece no controle, você lhe pertence, e o caos e a incerteza ao seu redor representam apenas a superfície nebulosa da realidade. E essa paz melhora o seu bem-estar físico; é “a medula dos ossos”.
  • 11. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 11 2. Teremos mais o que dizer. 3. Teremos a certeza de ensinar a são doutrina. 4. Teremos mais condições de prosseguir. 5. Teremos mais influência do Espírito Santo sobre nós. Howard e William Hendricks, em seu livro Vivendo na Palavra, relacionam três outras vantagens do estudo bíblico pessoal: 1. Você ganhará um valioso senso de autoconfiança em sua habilidade de manusear as Escrituras. 2. Você experimentará a alegria da descoberta pessoal (as pesquisas vêm mostrando reiteradas vezes que as pessoas aprendem mais e se lembram melhor quando participam elas mesmas do processo de descoberta). 3. Você irá aprofundar seu relacionamento com Deus. 3. Manuseie com cuidado! “Se você crê naquilo que nos evangelhos é de seu agrado e rejeita aquilo de que não gosta, não é nos evangelhos que você crê – mas em si próprio.” – Agostinho. Já lhe aconteceu de ler um livro, um capítulo ou um versículo da Bíblia e, cinco minutos depois, não conseguir lembrar nada do que leu? Muitas vezes lemos a Bíblia com os olhos; mas não com a mente. Há muitas explicações para isso. Ou pensamos que a Palavra de Deus deixará de forma mágica uma marca indelével em nós, sem nenhum esforço nosso, ou não acreditamos poder entender de fato o que lemos, ou esperamos que o pastor pregue sobre a passagem para sabermos seu significado. Muitas vezes, porém, esquecemos a leitura feita simplesmente por não saber como ler e estudar o texto bíblico. Modos pelos quais a Bíblia pode ser mal empregada Devemos estar sempre atentos para os métodos que se usam para invalidar a Palavra de Deus: esquecimento, reinterpretação, racionalização, ignorância, desobediência. Existe perigo no mal uso da Bíblia, quando se despreza o seu estudo sistemático e metódico e quando não se discerne o espírito com que devemos lidar com ela (Jo 5:39; Mt 22:29). Cuidado com essas armadilhas quando estudar a Bíblia: 1. Má leitura do texto. 2. Interpretar por idéia própria ou superficialmente. 3. Distorção do texto. Forçar uma passagem a dizer o que ela não diz. Tomar um texto fora do seu contexto. 4. Enfatizar indevidamente minúcias insignificantes. 5. Contradição do texto. Equivale a chamar Deus de mentiroso. A ilustração clássica é Satanás no jardim no Éden (Gn 3:1-4).
  • 12. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 12 6. Ignorar a íntegra de determinada doutrina bíblica. Tentar levar Deus a satisfazer a vontade humana, em vez de desejar aquilo que Ele quer que seja feito. 7. Julgar as Escrituras – isso leva a perder a fé. Alguns se consideram mais inteligentes do que os escritores inspirados. No estudo bíblico, bem como na vida, o orgulho antecede a queda. A sabedoria envaidece (ICo 8:1). Pode fazê-lo arrogante e resistente ao ensino. 8. Supervalorizar dogmas religiosos que não traduzem preceitos bíblicos (Mt 15:1-3). 9. Subjetivismo. 10. Relativismo. 11. Estudar inutilmente (há aqueles que ficam se preparando a vida toda, e nunca estão prontos para agir). Nossos estudos da Palavra devem levar geralmente a propósitos de aprendizado, ensino, evangelização e, sobretudo, obediência. 12. Tomar cuidado para que o estudo não “suba à nossa cabeça” e comecemos a julgar-nos melhores que outros. Quando isto ocorre, o orgulhoso não gosta de ouvir os “irmãos mais simples” falando, e passa a ser um juiz do conhecimento alheio, ao invés de acolher a palavra de Deus. 13. Querer ser original demais. É muito comum ver alguém querendo marcar época na igreja por ensinar algo completamente novo. Cautela! O estudo bíblico trará sem dúvida novos conhecimentos, mas o amor da novidade para engrandecimento pessoal ou para levantar polêmica é sempre pernicioso. Infelizmente, quase todas as “grandes novidades” não passam de ressurreição de velhas heresias (Ec 12:12-13). 14. Não aplicar a Palavra a si próprio. Você deslizará para o legalismo, ou para a tradição que invalida a verdade, ou para algum estilo de vida extravagante que tenha um ar de religiosidade, mas seja contrário a um relacionamento correto com Deus. 15. Segundo observou Russell Shedd, “Há duas tentações que todo leitor da Bíblia deve procurar vencer. A primeira é ler a Palavra como um manual de sugestões. Conselhos para viver bem no mundo não devem ser desprezados. A Bíblia não convida o homem a fazer o que Deus manda somente se se sentir disposto a obedecer. Ordens divinas são obrigatórias, não opcionais. O leitor bíblico deve aproximar-se da Palavra como quem se apresenta para um patrão honrado. “Que queres que eu faça; eu vim para fazer a tua vontade!” (Hb 10:7) é a única atitude apropriada. A segunda tentação conduz o leitor com tendências legalistas a pensar em seguir os mandamentos bíblicos ao ‘pé da letra’.” 5 Análise de um caso de má interpretação e distorção bíblica — Oração (cf. Jo 14:13): Primeiro contexto, Jo 15:7 (permanência em Jesus e vice-versa) Segundo contexto, Jo 15:16 (frutificação permanente) Terceiro contexto, I Jo 5:14 (segundo a vontade de Deus) Quarto contexto, Sl 104:27 (tempo oportuno) Quinto contexto, Tg 4:3 (pelo motivo certo) 5 Russell P. Shedd. A Bíblia e os Livros. Abec, 1993, p. 12.
  • 13. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 13 Quinto contexto, Sl 104:13,14,23 (Deus não faz o que o homem pode fazer. Há necessidade de semear para depois colher) Exemplos resultantes de uma exata interpretação e aplicação bíblica: 1. Caso de Matias, At 1:16-26; Sl 109:8 2. Caso do Pentecostes, At 2:14-17 3. Caso dos diáconos, At 6:1-3; Êx 18:18-21 4. Caso do Primeiro Concílio, At 15:13-19 5. Caso de Apolo, At 18:24-28 6. Caso de Beréia, At 17:10-11 7. Caso de Roma, At 28:22-29 IMPORTANTE: Faça distinção entre o texto e afirmações sobre o texto. Aprenda a discernir entre: 1. Um fato textual ............................................................ o que a Bíblia realmente diz. 2. Conhecimento geral................................................ o que se sabe de outras fontes. 3. Uma implicação ................................. os fatos naturalmente levam a concluir que... 4. Uma opinião ................................................................................ um ponto de vista. 5. A imaginação............................................. o que podemos visualizar mentalmente. 6. Uma interpretação ...........................o que se entende com base nos fatos textuais. 7. Uma aplicação.................................................como podemos praticar este ensino. 8. Uma identificação .............................................................com pessoas ou atitudes. 9. Uma especulação...................... teorização, sem quase nenhuma base verdadeira. 10. Uma espiritualizaçãoa mudança da realidade concreta para o simbolismo fantasioso. 4. A necessidade de métodos para estudar a Bíblia A. Definição de Método O estudo bíblico efetivo requer um método, ou seja, uma diretriz, estratégia ou linha de ação, um plano que produzirá resultados máximos para seu investimento de tempo e esforço. Definição: “Método é metodicidade, com perspectiva de se tornar receptivo e reprodutivo, por meio de contato direto com a Palavra.” Esta definição, apresentada por Hendricks, tem três desdobramentos: a. Envolve dar certos passos em uma certa ordem para garantir um certo resultado. Não somente qualquer passo; não somente qualquer ordem; não somente qualquer resultado. O resultado governa tudo. Qual o produto do estudo bíblico metódico? O que você é após ele? Lembre-se: o estudo bíblico pessoal tem um objetivo muito específico – a saber, mudança de vida. Então como chegar lá? Que processo levará a tal resultado? São propostos quatros passos essenciais executados em uma ordem específica: Observação (O que vejo?), Interpretação (O que isto significa?), Correlação e Aplicação (Como isto funciona?). b. Quando a Palavra de Deus e um indivíduo receptivo e obediente se juntam, atenção! Esta é uma combinação que pode transformar a sociedade. É para isso que o estudo bíblico pessoal foi designado – para transformar sua vida, e como resultado, transformar seu mundo. Você quer causar impacto em sua sociedade? Primeiro, as Escrituras têm causar impacto em você.
  • 14. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 14 c. Não há nada que supere a exposição pessoal prolongada à Bíblia. É vital. Sem ela, você nunca estará diretamente envolvido com o que Deus tem a dizer. tendo sempre que depender de um intermediário. Não há substituto para a exposição direta à Sua Palavra. B. Princípios gerais de estudo pessoal da Bíblia O conceito bíblico do sacerdócio do crente significa que todos os cristãos têm o direito e a responsabilidade de alimentar-se da Palavra de Deus. Walter A. Henrichsen, no livro Métodos de Estudo Bíblico reforça a importância de recorrer às Escrituras como a fonte primária do cristão e lista cinco princípios que devem ser incluídos no estudo bíblico pessoal, independentemente do método adotado. 1. Fazer investigação original – É importante que a convicção da sua fé se forme com o que a Bíblia ensina; é a autoridade da infalível Palavra examinada pessoalmente que permanece. Há algo novo e edificante acerca de uma verdade ensinada pelo Espírito Santo durante o tempo que você passar pessoalmente com a Palavra de Deus. 2. Habituar-se a fazer anotações do seu estudo – Este exercício ajuda a desembaraçar os pensamentos e armazenar conteúdos e conhecimentos das Escrituras. 3. Estudar constante e sistematicamente – Estabeleça um programa de estudo da Bíblia que lhe desenvolva um equilibrado entendimento de toda a Palavra de Deus. 4. Aplicar o estudo à vida – É importante a aplicação na perspectiva de Deus. Ele espera que a sua Palavra seja encarada com seriedade. 5. Comunicar o conteúdo estudado – A intenção de Deus é, não só de que cresçamos e amadureçamos em nosso andar com Ele, mas também de que ajudemos outros a desenvolverem ao máximo o seu potencial em prol de Jesus Cristo. 3. A qualidade dos estudos bíblicos O trabalho de estudar a Bíblia é um grande projeto, a ser conduzido com zelo e perseverança. Excelência e compenetração são o mínimo que se pode almejar no estudo do livro inspirado pelo Deus Altíssimo. Nosso trabalho para o Senhor Deus deve ser caracterizado pela alta qualidade. Na aprendizagem, na exposição e no ensino de Sua Palavra, esta alta qualidade só é atingida com empenho pessoal e a ajuda do próprio Espírito Santo. O lema de J. A. Bengel, um dos maiores expositores de todos os tempos, também deve ser o nosso: “Aplica-te totalmente ao texto: aplica-o totalmente a ti”. 2 Timóteo 2:15 diz que o obreiro deve MANEJAR BEM a palavra da verdade. O modo correto deste obreiro lidar com a revelação divina (a palavra da verdade) é o critério principal para averiguar a qualidade dele. “Manejar bem” é a principal qualidade do obreiro que Deus quer desenvolver entre o seu povo. As traduções sugeridas pelos lexicógrafos para esta expressão são: “guiar por uma estrada reta”; “ensinar corretamente”; “expor de maneira sadia”; “pregar destemidamente”; “utilizar bem, sem desvios nem distorções, tanto em sua análise quanto em sua apresentação”. O contexto mostra como “manejar mal” a palavra nos versos 14,16-18 e 23; “manejar bem” está descrito nos versos 15,21,24-27. A Palavra de Deus e a nossa palavra. A Escritura é inspirada por Deus; nossos escritos não. Ou dizemos: “Assim diz o Senhor...” ou é melhor não dizer nada, menos ainda dizer: “Eu
  • 15. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 15 acho...” A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a palavra dos homens e a Palavra de Deus. Pelo estudo bíblico devemos nos assegurar de transmitir a mais pura vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela. Incertezas e inescrutabilidades. Existem coisas que não saberemos nunca (Dt 29:29). Submissão piedosa é necessária ao lidar com o que não é claramente revelado na Bíblia. Conjecturar e construir suposições sobre textos e assuntos obscuros é como construir na areia. Muitas coisas foram guardadas sob o conhecimento apenas de Deus (Atos 1:7, por exemplo), e é bom não procurar falar o que Deus não disse. Não devemos fugir de nenhuma parte da Bíblia: fácil ou difícil, ela foi escolhida pelo Espírito para nossa instrução. Por outro lado, qualquer temeridade no tratamento da mesma é reprovável. A orientação divina no estudo. Deus quer ajudar-nos no estudo da sua Palavra. Sem essa ajuda o trabalho seria impossível. É a iluminação divina que faz a diferença maior para o estudante (Ef 1:17-18; 3:18-19), no sentido de que ele entenda o que Deus disse. Isso não quer dizer que o estudante vá ter visões e revelações independentes da Bíblia. Também não significa que não precisa estudar. Mas, sim, que é impossível tentar entender a Palavra de Deus sem a ajuda de Deus (I Co 2:10-16). Dependa totalmente do Espírito Santo. João 16:13-15 diz que quem nos guia em toda a verdade e nos revela as coisas de Deus é o Espírito Santo, nosso Mestre que habita em nós. O Espírito Santo não prescinde do estudo escrupuloso das Escrituras. Pelo contrário, seu esclarecimento só pode ser assimilado espiritualmente quando nos dedicamos ao exame criterioso da Bíblia. Então peça a Deus, por seu Espírito, que o guie em toda a verdade e abra os olhos “a fim de que possa contemplar as maravilhas” de sua Palavra. Comece com oração — e continue em atitude de oração. Passos para o estudo da Bíblia Quatro partes essenciais compõem o fundamento de todo estudo da Bíblia – observação, interpretação, correlação e aplicação. Estas são partes básicas para empregar no seu estudo da Palavra, independentemente da espécie de estudo em que você está empenhado (tais como, devocional, biográfico, analítico, tópico e livro por livro), é necessário examinar cada uma individualmente, com profundidade. Observação (Descubra o que o texto diz!) – O passo da OBSERVAÇÃO requer que você assuma o papel de detetive bíblico, procurando pistas quanto ao significado do texto. Aprender nunca é fácil. Exige um ato de vontade: você precisa ter a disposição e o desejo de aprender. Exige persistência, diligência e disciplina. Exige registro; anote tudo que achar importante, mas não se perca nas minúcias. A. O valor da observação Observar significa estar mentalmente ciente do que se vê. “O propósito da observação no estudo da Bíblia é saturar-se do conteúdo da passagem6 da Escritura, ficar tão familiarizado quanto possível com tudo que o escritor bíblico está dizendo, explícita ou implicitamente.” O primeiro passo para o estudo bíblico é a Observação, onde perguntamos e respondemos a questão: “O que vejo?” Quando o salmista orou: “Desvenda os meus olhos, para que eu 6 Texto ou passagem refere-se a qualquer trecho da Bíblia que está em estudo. Na língua portuguesa, a palavra “texto” tem a mesma raiz de “textura” e “tecido”. E a idéia é exatamente essa: um texto é formado por fios que se cruzam e entrelaçam.
  • 16. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 16 contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119:18), ele estava orando para ser capaz de fazer a observação. Estava pedindo a Deus que abrisse seus olhos para que pudesse ver com visão e discernimento a verdade que Deus revelara. “A primeira habilidade que você precisa desenvolver é a capacidade de enxergar com a mente sempre que ler um texto bíblico – observar cuidadosamente as palavras, atento aos detalhes. Muitas pessoas têm o hábito de ler as Escrituras sem enxergar muito, sem refletir nas palavras enquanto lêem. Lemos palavras, mas não refletimos no que querem dizer. Às vezes nem vemos todas as palavras de uma passagem. Somos observadores preguiçosos! Por causa da observação descuidada e inadequada, muitas vezes fazemos interpretações errôneas e aplicações fracas.” – Oletta Wald. O que faz uma pessoa ser melhor estudante da Bíblia do que outra? A prática e a concentração são os dois ingredientes que aguçarão a sua perícia. A habilidade de observar é um processo desenvolvido. Você pode aumentar seu poder de observação quando lê as Escrituras. Suas observações formarão a base de informações a partir da qual você construirá o significado do texto. B. Aprenda a ler o texto bíblico 1. Estratégias para uma leitura do texto bíblico Muitas pessoas não lêem bem, pois nem sempre entendem o que estão lendo ou não vão se lembrar de muita coisa que leram – e poderiam ser ajudadas com a obra A Arte de Ler, de Mortimer J. Adler, Editora Agir, ou Técnicas para uma leitura rápida e eficaz, de Donald Weiss, Editora Nobel. Ler é a atividade básica do aprendizado. Se quisermos estudar a Bíblia, temos que formar o hábito7 de ler longas passagens das Escrituras. Tim LaHaye afirma: “A pessoa que não adquiriu o hábito de ler regularmente a Bíblia, nunca cultivará o de estudá-la. Na verdade, geralmente, a prática constante da leitura das Escrituras é que leva a pessoa a se tornar um estudioso desse livro. Nunca encontrei uma pessoa que apreciasse o estudo bíblico, que não houvesse antes aprendido a cultivar o hábito de ler as Escrituras com regularidade.” Uma das vantagens da leitura corrente da Bíblia é que o estudante não fica amarrado às complexidades da análise de textos e versos, e assim não perde o sentido geral da passagem ou o propósito do autor. Enquanto o leitor não estiver bem familiarizado com o tema central (e isso só é possível pela leitura do livro todo), não deve iniciar a aplicação dos métodos de estudo detalhado que examinaremos mais adiante. O dr. G. Campbell Morgan, conhecido comentarista bíblico da geração passada, costumava dizer que não se lançava ao ensino de qualquer livro da Bíblia enquanto não o houvesse lido pelo menos cinqüenta vezes.8 Ele cria que precisava de lê-lo pelo menos esse número de vezes para entender bem cada parte e relacioná-la ao todo. A Bíblia deve ser cuidadosamente lida para ser entendida. A seguir, a sugestão de algumas estratégias para dar ao leitor as pistas sobre o que o texto significa: 7 “Semeai um ato, e colhereis um hábito; semeai um hábito, e colhereis um caráter; semeai um caráter, e colhereis um destino.” – G. D. Boardman 8 Citado por Tim LaHaye. Como estudar a Bíblia sozinho. Editora Betânia,1984 (5ª ed.), p. 22.
  • 17. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 17 a. Leia a Bíblia com atenção – A leitura atenta envolve estudo. Quando você se aproxima da Bíblia, concentre-se totalmente. A Bíblia não produz seu fruto ao preguiçoso. Provérbios 2:4 faz um apanhado interessante das riquezas da Palavra de Deus, assemelhando a sabedoria bíblica a minérios preciosos, não encontrados na superfície, mas num nível mais profundo. A própria Palavra de Deus está lá, capaz de transformar sua vida; mas você tem que se aprofundar por ela. Tem que penetrar a superfície com mais do que uma simples olhada apressada. Em outras palavras, você precisa programar sua mente com a verdade de Deus. E isto começa com a primeira estratégia de leitura bíblica: leia atentamente. Exercício O projeto a seguir o ajudará a cultivar a habilidade de ler as Escrituras atentamente e envolverá o curto livro de Filemom, no Novo Testamento, com apenas vinte e cinco versículos. Filemom registra o conselho de Paulo a um velho amigo cujo escravo, Onésimo, havia fugido. Onésimo encontrou-se com Paulo em Roma, tornou-se cristão e agora Paulo o envia de volta a seu mestre com a carta em mãos. Leia Filemom aplicando os princípios da leitura atenta. Bombardeie o texto com perguntas. O que é possível descobrir sobre os relacionamentos entre Paulo, Filemom e Onésimo? Reconstrua a situação. Que sentimentos estavam envolvidos? Que considerações práticas? Que perguntas permanecem sem respostas conforme você lê a carta? Que problemas isto gera? Sobre quais questões fala? Por que você acha que a carta é significativa o suficiente para ser incluída na Bíblia? Como você comunicaria a alguém este livro e as perspectivas que ganhou dele? b. Leia a Bíblia repetidamente – A genialidade da Palavra de Deus é que ela tem poder sustentador, podendo resistir a exposição repetida. Leia-a repetidas vezes, e ainda verá coisas que você não tinha visto em suas leituras anteriores. George Müller, famoso pregador e filantropo inglês, leu a sua Bíblia cerca de duzentas vezes. Algumas idéias para ajudar você na leitura repetida e imaginativa da Bíblia: – Leia livros inteiros de uma só vez – Comece pelo início do livro – Leia a Bíblia em diferentes versões e paráfrases – Leia as Escrituras em uma língua diferente – Ouça fitas das Escrituras – Leia ou peça alguém que leia o texto em voz alta. 9 – Varie seu ambiente onde ler a Palavra – Estipule um plano de leitura para um ano (Ver sugestão no Anexo). Exercício 1. Está convencido do valor da leitura repetida da Bíblia? Eis um exercício que irá dispersar qualquer dúvida que ainda permaneça: leia o livro inteiro de Ester, no Velho Testamento, uma vez ao dia por sete dias seguidos. Deve levar meia hora por dia, aproximadamente. Use algumas das sugestões acima, como ler em voz alta ou talvez até ouvir fitas das Escrituras. É claro, você deve também usar as outras habilidades de Observação mencionadas anteriormente. Veja quantas coisas novas pode ver em cada dia sucessivo. Faça uma lista de suas observações, ou registre-as em sua Bíblia. No fim da semana, veja se pode reconstruir a história clara e precisamente, contando-a a alguém. Que perspectivas ganhou da história? 2. Eis uma chance de alongar sua criatividade. Veja o que pode fazer com estes projetos na leitura imaginativa da Bíblia: Atos 16:16-40 — Esta é uma vívida narrativa de Paulo e Silas em Filipos. Leia cuidadosamente e 9 Certa vez, G. Campbell Morgan leu a Bíblia toda em voz alta, em 96 horas, numa velocidade usada para a leitura bíblica no púlpito. (Mencionado por John White. A Luta. ABU Editora, 1991, p. 44.)
  • 18. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 18 observe os eventos que ocorrem nesta seção, e então dramatize-os com família ou amigos. 1 Samuel 17 — Esta é uma narrativa épica de Davi e Golias. Entretanto, apesar da maioria das pessoas saberem desta história, conhecem pouco do que realmente acontece nela. Leia o capítulo cuidadosamente, então reescreva-o de modo que se refira a uma gangue de adolescentes das ruas da cidade. Atos 15:22-29 — Lucas reimprime uma carta que o conselho de Jerusalém enviou aos novos crentes em Fenícia e Samaria. Estude o contexto cuidadosamente, então reescreva esta passagem como um fax para uma reunião de um novo grupo de crentes no centro da cidade. c. Leia a Bíblia pacientemente – Numa época em que você tem tudo num instante, a tendência é querer ter instrução instantânea. Todavia, a verdadeira aprendizagem toma muito tempo. Não use atalhos no processo da aprendizagem; os caminhos aparentemente mais curtos levam a resultados vãos. O fruto da Palavra leva tempo para amadurecer. Se você é impaciente, é provável que desista cedo e perca uma rica colheita. Muitas pessoas fazem isso; se desiludem com o processo. Talvez estejam procurando um passatempo ao invés de esclarecimento. Outros desistem do texto bíblico e se voltam para fontes secundárias, antes de embeberem suas mentes no que o texto bíblico diz. Você tem que desenvolver persistência, poder de resistência para insistir com um texto até que comece a fazer progresso. Não se esqueça de que um bom pregador tem estudado as Escrituras diligentemente por anos. Não há meio pelo qual um novato possa começar já neste nível. Seja paciente com o texto e consigo mesmo. A verdade de Deus está lá, e você a encontrará se tão-somente der tempo a si mesmo para ler pacientemente. d. Leia a Bíblia aquisitivamente – Isto é, leia-a não apenas para receber informação, mas para reter; não meramente para tomar conhecimento, mas para tomar posse. Reivindique os seus direitos sobre o texto; faça dele sua propriedade particular. Como isso pode acontecer? A chave é o envolvimento pessoal e ativo no processo de estudo. Há um antigo provérbio para tal efeito: “Quando ouço, esqueço. Quando vejo, lembro. Quando faço, entendo”. Este é o objetivo desta apostila: ajudar você na sua iniciativa própria de estudar a Bíblia, visando mudança de vida como resultado de sua interação pessoal com a Palavra de Deus. Exercício Eis uma idéia para fazer com que você se aproprie de uma passagem das Escrituras. Abra a Bíblia em Números 13, na história dos espias enviados por Moisés à Terra Prometida. Leia o relato cuidadosamente, usando todos os princípios cobertos até aqui. Então, escreva sua paráfrase da histó- ria. Eis algumas sugestões: 1. Decida qual o ponto principal da história. O que acontece? Por que o incidente tem significado? 2. Pense sobre quaisquer paralelos ao que acontece aqui na história de sua família, igreja, nação ou sua própria vida. 3. Decida sobre o “ângulo” que quer usar. Por exemplo: o relatório de uma força-tarefa para uma organização (ângulo de negócios); um concílio tribal (ângulo indígena); um debate político entre duas facções (ângulo político ou governamental). O ponto é: escolha algo que se adapte à situação e faça este incidente memorável para você. 4. Reescreva a história de acordo com o ângulo escolhido. Utilize uma linguagem condizente com o tema. Faça com que os personagens pareçam reais. Mude nomes e lugares para condizer com o estilo. 5. Quando terminar, leia sua paráfrase a um amigo ou parente.
  • 19. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 19 e. Leia a Bíblia com oração – Leia conhecendo o Autor do Livro, que está presente e pode explicá-lo melhor. A oração é uma chave para o estudo bíblico efetivo. Aprenda a orar antes, durante e após a leitura das Escrituras. Comece com adoração, ocupe-se com quem é Deus (ore sempre com base nas promessas de Deus – e o ponto chave em qualquer promessa é quem a fez). Isto o conduzirá à confissão porque você se verá pela perspectiva adequada. Então estará pronto para pedir a Deus o que precisa. Exemplo: Salmo 119 é um brilhante exemplo de estudo bíblico com oração. Muitos versículos se referem especificamente à leitura das Escrituras acompanhada de oração. O salmista usa a Palavra para louvar a Deus (v. 12); pede a Deus que o ajude a se tornar um leitor observador (v. 18); ora por entendimento da verdade de Deus (v. 27 e 34); pede ajuda para aplicar a verdade à sua vida (v. 33, 35-36, 133); menciona que a lei de Deus está sendo quebrada; portanto, é hora de Deus agir (v. 126). Ele ora por misericórdia com base no caráter de Deus (v. 132), baseia suas petições nas promessas de Deus (v. 169-170) e ora por perdão após refletir nos mandamentos de Deus (v. 176). Exercício Filipenses 4:8-9 – Aqui está um conjunto de promessas — e condições — que você pode ler e estudar em forma de oração. Reveja a lista de qualidades de Paulo e pergunte-se a si mesmo: que ilustrações disso têm na minha vida? Então com base no versículo 8: o que preciso começar a praticar para conhecer a paz de Deus? Fale com Deus sobre as coisas mencionadas nestes versículos e sua reação a eles. Em que áreas Deus precisa mudar seu ser? Você precisa de Sua ajuda para cultivar que atitudes e pensamentos? f. Leia a Bíblia meditativamente. Isto é, aprenda a refletir na Bíblia. Existe uma íntima conexão entre a meditação na Palavra de Deus e a ação por ela. A freqüência com a qual a verdade bíblica deve permear sua mente é: “dia e noite” (Js 1:8). É uma disciplina mental que você pratica por todo o seu dia. É uma mentalidade e um estilo de vida no qual a Palavra percorre sua mente. E você se torna aquilo que pensa. Esta característica da leitura será enfatizada no passo Aplicação e no Método Devocional. g. Leia a Bíblia seletivamente – seis perguntas básicas. Observamos a Bíblia quanto adotamos uma estratégia que nos force a examinar um texto mais de perto. Não leia com a mente vazia. Leia à procura de respostas. Ao estudar um texto você deve interrogá-lo como faz o detetive com uma testemunha a fim de descobrir os pormenores que envolvem um fato em questão, ou como faz o jornalista para entender e reportar uma história por inteiro. Quando você sabe que perguntas fazer, as respostas são em geral mais satisfatórias. À medida que você for lendo, pergunte: Quem? – Quem escreveu? É sempre proveitoso para o leitor procurar conhecer o autor humano dos livros bíblicos: seu modo de viver, pensar e trabalhar. – Quem está recebendo (ou deveria receber) a mensagem? É o exercício de identificar os prováveis leitores originais (os destinatários da mensagem ou do livro bíblico). Outra variação desta pergunta é: A quem se fala? ou A quem se dirige esta palavra? – Quem são as pessoas no texto? Ao identificar quem está na passagem (quem está falando ou quem é retratado), procure saber:
  • 20. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 20 a. O que se diz a respeito da pessoa ou pessoas? Note bem cada vez que se diz algo sobre uma pessoa. Certifique-se de consultar outras passagens para aprender tudo que puder sobre a pessoa mencionada. b. O que a pessoa diz? O quê? – O que está acontecendo neste texto? Quais são os eventos? Em que ordem ocorrem? O que acontece com as personagens? Ou, se for uma passagem que discute um ponto: Qual o argumento? Qual o ponto? O que o escritor está tentando comunicar? – O que está errado nesta situação? Onde? – Onde a narrativa está acontecendo? Onde estão as pessoas na história? De onde estão vindo? Para onde vão? Onde está o escritor? Onde estavam os leitores originais do texto? Esta pergunta fornece o local. Mapas que mostram onde os eventos bíblicos aconteceram podem ajudar você obter as respostas. Quando? – Quando os eventos do texto aconteceram? Quando ocorreram em relação a outros eventos nas Escrituras? Quando acontecerá? Quando o autor escreveu? Esta é a pergunta que indica tempo. Palavras que geralmente dão a dica para o leitor observar o tempo: depois disto, quando, até, então, etc. Por quê? – Por que esse “ensino” em particular foi apresentado? Por que foi colocado aqui? Por que vem depois daquilo? Por que precede aquilo? Por que esta pessoa diz isso? Por que aquela pessoa não diz nada? A questão “Por quê?” busca por significado ou propósito; ela investiga o texto mais do que qualquer outra pergunta. Fazê-la, inevitavelmente conduzirá você a novas perspectivas em seu estudo bíblico. Para quê? – Que diferença isso faria se eu fosse aplicar esta verdade? “Para quê” é a pergunta que nos faz começar a praticar algo sobre o qual lemos. Lembre-se, a Palavra de Deus não foi escrita para satisfazer nossa curiosidade; mas para mudar nossas vidas. Assim, em qualquer passagem das Escrituras, precisamos perguntar: e daí? Quando chegarmos ao passo da Aplicação, você verá maneiras de se responder a esta pergunta. Também pode ser usada a pergunta Como? – Como as coisas se deram? Qual foi o resultado? Que método foi utilizado? Como isso é feito? Como aconteceu? Como essa verdade é exemplificada?
  • 21. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 21 Exercícios 1. Use o capítulo 1 e I Tessalonicenses para exercitar a responder esta série de perguntas iniciais. 2. As seis perguntas da leitura bíblica seletiva são especialmente divertidas quando se estudam as histórias das Escrituras. Lucas 24:13-35 registra uma das mais fascinantes — a narrativa de Jesus, encontrando dois de Seus discípulos na estrada para Emaús após Sua ressurreição. Leia este trecho duas ou três vezes, e então investigue-o com as seis perguntas apresentadas neste capítulo. Não se esqueça de escrever suas observações. h. Leia a Bíblia descobrindo o propósito do texto através da sua estrutura gramatical e literária Toda Escritura é dada por inspiração divina e “útil”, isto é, serve a quatro propósitos: ensino, repreensão, correção e instrução para uma vida de justiça. Portanto, um dos aspectos essenciais da leitura é procurar pelo propósito do autor no texto em estudo. Não há um versículo das Escrituras que tenha sido lançado nelas por acidente. Toda palavra contribui para o significado do texto. Seu desafio como leitor é discernir tal significado, é entender o propósito de um autor. Você deve fazer a si próprio indagações do tipo: Como o escritor trata o conteúdo? Que forma ou estrutura emprega? Como fazê-lo? Uma das chaves é atentar pra a estrutura gramatical e literária do texto. 1. Propósito através da estrutura gramatical Precisamos prestar cuidadosa atenção nos seguintes aspectos gramaticais do texto: Verbos – são as palavras de ação ou movimento que nos dizem quem está fazendo o quê. Examine-os com toda atenção e questione: Que espécie de ação os verbos expressam? A maioria está na voz ativa ou passiva? Os verbos estão no imperativo – dão ordens? Quais verbos se repetem? Que significam? Sujeito e objeto – o sujeito de uma sentença executa a ação e o objeto sofre a ação. É importante não confundi-los. Modificadores – são as palavras descritivas como os adjetivos e advérbios. Eles ampliam o significado das palavras que modificam e muito freqüentemente fazem toda a diferença. Entre elas, estão os termos de conclusão e conseqüência – veja, por exemplo, II Tm 1: v.4 (para que); v.6 (por cujo motivo ou por esta razão); v.7 (porque); v.8 (portanto); v.12 (por isso; porque). Frases preposicionais – preposições são pequenas palavras que nos dizem onde a ação acontece: em, sobre, através, para etc. Conjunções – são palavras que unem duas orações ou dois termos semelhantes da oração: e, mas, portanto, porém, enquanto, ainda, a fim de que etc. 2. Propósito através da estrutura literária Na Interpretação, veremos como tipos diferentes de literatura utilizam vários tipos de estrutura literária. Por enquanto, eis cinco tipos a serem procurados:
  • 22. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 22 Estrutura biográfica – comumente encontrada nos livros narrativos, a estrutura biográfica se baseia nas pessoas chaves da história. Por exemplo, Gênesis 12—50 destaca quatro gerações de líderes. Estrutura geográfica – aqui a chave é o lugar. Estrutura histórica – eventos chaves são a base da estrutura histórica. O livro de Josué foi elaborado com o relato de diferentes acontecimentos. Estrutura cronológica – as expressões de tempo (então, quando, antes, neste tempo, enquanto, até, depois disto etc.) nos ajudam a perceber quando algo aconteceu. Proximamente relacionada à estrutura histórica está a estrutura cronológica, onde o autor organiza material com base em tempos chaves. Geralmente as narrativas são assim. Estrutura ideológica – argumentação estruturada em redor de idéias e conceitos, o que facilita a sumarização de um livro pelo entendimento do seu tema e propósito. A maior parte das epístolas do NT são desenvolvidas desta forma: começam com a apresentação da verdade espiritual e doutrinária. O resto do texto fala sobre como nossa vida deve ser transformada por esta verdade. As Leis da Estrutura LEI DESCRIÇÃO EXEMPLOS Causa e efeito Um evento, conceito ou ação que causa outro (termos chaves: portanto, então, assim, resultado). Mc 11:27—12:44 Rm 1:24-32; 8:18-30 Clímax Uma progressão de eventos ou idéias que atingem um certo ponto alto antes de regredir. Êx 40:34-35; 2 Sm 11; Mc 4:35—5:43 Comparação Dois ou mais elementos que são semelhantes ou dissimilares (termos chaves: como, assim como, também, de igual maneira). Sl 1:3-4; Jo 3:8, 12, 14; Hb 5:1-10 Contraste Dois ou mais elementos que são semelhantes ou dissimilares (termos chaves: mas, ainda). Sl 73; At 4:32— 5:11; Gl 5:19-23 Explicação ou razão Apresentação de uma idéia ou evento seguida por sua interpretação. Dn 2, 4, 5, 7—9 Mc 4:13-20 Atos 11:1-18 Intercâmbio Quando a ação, conversação ou conceito muda para outro, então volta novamente. Gn 37—39; 1 Sm 1—3; Lc 1—2 Introdução e resumo Observação na abertura ou conclusões sobre um assunto ou situação. Gn 2:4-25; 3 Js 12; Mt 6:1 “Pivô” ou eixo Mudança súbita de direção ou fluxo do contexto; um clímax menor. 2 Sm 11—12 Mt 12; Atos 2 Proporção Ênfase indicada pela quantidade de espaço que o escritor dedica a um assunto. Gn 1—11; 12—50 Lc 9:51—19:27 Efésios 5:21—6:4 Propósito Declaração das intenções do autor. Jo 20:30-31; At 1:8; Tito 1:1 Pergunta e resposta Uso de perguntas ou perguntas e respostas. Malaquias Mc 11:27—12:44 Lucas 11:1-13 Repetição Termos ou frases usados duas ou mais vezes. Sl 136; Mt 5:21-48 Hebreus 11 Específico para geral, geral para específico Progressão de pensamento de um único exemplo para um princípio geral, ou vice-versa. Mt 6:1-18 Atos 1:8; Tiago 2
  • 23. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 23 Exercício Os livros da Bíblia estão repletos de declarações que expressam o propósito dos escritores. João 20:30-31 é uma das mais diretas. Outras são menos óbvias, mas um leitor observador normalmente poderá encontrá-las. Eis abaixo algumas declarações de propósito. Leia cada uma cuidadosamente, depois folheie o restante do livro no qual se encontra. Veja como o escritor cumpre o seu propósito na maneira em que apresenta seu material. Deuteronômio 1:1; 4:1; 32:44-47 Provérbios 1:1-6 Eclesiastes 1:1-2; 12:13-14 Isaías 6:9-13 Malaquias 4:4-6 Lucas 1:1-4 II Coríntios 1:8; 13:1-10 Tito 1:5; 2:15 II Pedro 3:1-2 I João 5:13 3. Elementos a procurar (desvendar) no texto em estudo – padrões estruturais Na OBSERVAÇÃO se pergunta e responde à questão: “O que vejo”? O leitor assume o papel de detetive bíblico, à procura de pistas, e nenhum detalhe é trivial; anota e faz uma lista dos detalhes e das relações que encontra, para reflexão e comparação nos passos seguintes do estudo.10 Há seis pistas importantes a se observar nas Escrituras. Você acha uma mina toda vez que as nota. a. Elementos que são enfatizados. Há quatro maneiras pelas quais os escritores bíblicos enfatizam seus pontos: – Quantidade de espaço utilizado ao assunto que se deseja enfatizar. Exemplo: No livro de Êxodo, os capítulos 25—40 ocupam-se do tabernáculo, com detalhes minuciosos sobre a sua construção, e também com o sacerdócio. Uma das razões para tal quantidade de material sobre o tabernáculo é certamente impressionar-nos com a importância que Deus dá à adoração; Ele desejou relacionar-se com o seu povo, um relacionamento somente estabelecido e mantido na base do sacrifício de sangue. 10 “A inspiração de Deus não chega ao homem que espera sentado, de braços cruzados, com a mente ociosa, senão à mente que pensa, busca e investiga.” – William Barclay. “Devemos abrir nossa mente de acordo com a grandeza dos mistérios divinos, e não limitar estes mistérios à pequenez do nosso entendimento.” – Francis Bacon.
  • 24. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 24 – Propósito expresso ou declarado no próprio texto. Exemplos: Pv 1:2-6; João 20:30-31. – Ordem ou seqüência estratégica daquilo que se deseja enfatizar. Pela escolha de onde colocar as pessoas, os eventos, as idéias e assim por diante, um escritor pode chamar a atenção para algo. Assim, atente para a ordem dada. Ela pode revelar importantes critérios no texto. Isto se manifesta por meio de cadeias de pensamentos associados ou progressões de idéias numa passagem. Exemplo: Observe a progressão do pensamento de Paulo sobre não se envergonhar do evangelho (II Tm 1): v. 8 “não te envergonhes.”; v. 12 “não me envergonho...”; v. 16 “Onesíforo... nunca se envergonhou...” – Movimento do menor para o maior, e vice-versa. Um escritor irá freqüentemente desenvolver o texto até chegar ao clímax (ponto de interesse máximo), onde apresenta informações chaves. Exemplo: Êxodo é um exemplo de clímax; podemos vê-lo acentuadamente em 40:34-35. Depois da narrativa da partida de Israel do Egito, do recebimento da Lei, das instruções, dos detalhes do tabernáculo, finalmente a nuvem de glória cobre a congregação de Israel, e a presença deslumbrante do Senhor enche o tabernáculo. Esse é o clímax do livro. Exercício Eis uma seção das Escrituras em que você pode observar coisas enfatizadas: I e II Samuel. Desenvolva um quadro genérico destes dois livros, mostrando o espaço relativo dedicado aos personagens fundamentais: Samuel, Saul e Davi. (Veja o exemplo do quadro “Lucas – lei de proporção”, na página 44.) Que personagem era o mais importante para o escritor? O que isso diz sobre o propósito de I e II Samuel? b. Elementos que se repetem. É provável que não haja ferramenta de ensino mais poderosa do que a repetição – ela reforça, enfatiza a importância do assunto em estudo. Em quase todas as passagens que estudar há palavra, frase, idéia ou conceito importante repetido. Determine por que se repetem e como se relacionam. Em algumas categorias de repetição a se procurar no texto: Termos, expressões e orações. Exemplos: a) Salmo 136: “porque a sua misericórdia dura para sempre”. b) Hebreus 11: “pela fé” aparece dezoito vezes. O escritor fala sobre pessoas diferentes, vivendo em épocas diferentes, sob circunstâncias diferentes. Mas todos eles tiveram o mesmo estilo de vida “pela fé”. c) Em I Coríntios 15:12-38, Paulo usa sete vezes a palavra “se” para enfatizar o fato de tudo que cremos ser condicionado à ressurreição de Cristo. d) Observando as repetições em I Ts 3: PALAVRA OU FRASE Nº DE REPETIÇÕES VERSÍCULOS USADOS Fé 5 2, 5, 6, 7, 10 Tribulação 2 3, 7 Observando que a palavra fé aparece cinco vezes nesse trecho, você poderia perguntar: “Por que a fé é mencionada tantas vezes?” Vendo a repetição da palavra tribulação, poderia concluir que a fé fortalecida pela correta reação à tribulação. Personagens. Exemplo: Barnabé (Atos 4:36; 9:27; 11:22 e 15:36-39). Incidentes e circunstâncias. Exemplos: a) No livro de Juízes, o escritor começa cada seção com as palavras: “Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor”. b) No
  • 25. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 25 decorrer do evangelho de Mateus, o autor desenvolve uma tensão entre Jesus e os fariseus, e usa tais incidentes para chamar a atenção para a luta pelo poder que acontecia entre o antigo sistema de legalismo autojustificado e o novo caminho de salvação em Cristo. Padrões. Exemplos: a) Paralelos entre a vida de José e a vida de Jesus. b) Em I e II Samuel o escritor usa justaposições para mostrar que Saul era a escolha do povo para rei, enquanto Davi era escolha de Deus. O uso de passagens do AT no NT. Se o Espírito de Deus compele um escritor do Novo Testamento a recordar uma passagem do Antigo Testamento, é provável que seja porque Ele quer enfatizar aquela porção das Escrituras. Exemplos: a) Mateus 12:39-41 cita Jonas. b) Hebreus cita Levítico. c) Romanos 10 cita Levítico e Deuteronômio. Exercício A repetição é um dos meios de dar ênfase mais freqüentemente usados na Bíblia. Aproveite a sugestão de alguns projetos que o ajudarão a estudar porções da Palavra, procurando por coisas repetidas. Salmo 119 – Neste salmo, Davi se refere à Palavra de Deus em todos os versículos. Observe o salmo cuidadosamente, e catalogue todas as coisas que Davi diz sobre as Escrituras. Mateus 5:17-48 – Observe como Jesus usa a fórmula “Ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” nesta porção do Sermão do Monte. Que estrutura esta expressão dá à passagem? Por que é significante que Jesus diga isso? Aritmética em Atos – Use uma concordância para procurar todas as expressões “aritméticas” no livro de Atos — números de pessoas sendo “acrescentados” à igreja. os crentes se “multiplicando”. Há até mesmo algumas “divisões” e “subtrações”. Você pode encontrá-las? Como Lucas usa tais termos para descrever o crescimento da igreja primitiva? 1 Coríntios 15:12-19 – Investigue a importância da pequena palavra “se” para o argumento de Paulo. c. Elementos que são relacionados (que têm alguma conexão ou interação). Procure três tipos de relacionamento em seu estudo das Escrituras: Movimento do geral ao específico. Entre um todo e suas partes, entre uma categoria e seus membros individuais, entre o quadro geral e os detalhes. Quando você se deparar com uma declaração ampla e genérica nas Escrituras, procure perceber se o escritor prossegue com detalhes específicos. Exemplos: a) Gênesis 1:1 dá uma visão geral; o restante do capítulo provê informações específicas. b) Mateus 6:1 dá um princípio geral; vs. 2-4, 5-15 e 16-18 dão três ilustrações específicas. Perguntas e respostas. Exemplos: a) Jó 38—39; às vezes, a pergunta carrega em si mesma tanto peso que não necessita de resposta. b) Romanos 3:31; 6:1,15; Gl 3:5; Ml 1:2, 6-8, 13; c) Perguntas penetrantes que o Senhor lança aos discípulos (Mt 6:27; 26:40; Mc 4:40). Causa e efeito. Exemplos: a) Neemias 1, o povo desobedeceu (isso foi a causa), e Deus permitiu que os babilônios os levassem cativos (isso foi o efeito). b) Atos 8:1-4, a perseguição era a causa, e a pregação, o efeito. c) Salmo 1, há um elo direto de causa-efeito entre as Escrituras e a bênção de Deus.
  • 26. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 26 d. Elementos semelhantes e diferentes. As coisas que são semelhantes e as que são diferentes fazem uso da forte tendência humana de comparar e contrastar. Conforme você estudar as Escrituras, atente para a voz dentro de sua mente, que diz: “Ei! Isto é igual à passagem que li ontem” ou “Esta parte é diferente de tudo neste livro”. Esses são claros sinais de que o autor está usando coisas semelhantes e diferentes para comunicar a sua mensagem. Semelhanças se destacam ao leitor observador por meio de duas “figuras de linguagem” 11 (são desvios das formas gerais da linguagem; servem para dar maior brilho e ênfase à comunicação): Símiles – é uma imagem de palavra que evoca uma comparação entre duas coisas. Duas palavras mais comuns a se procurar são “tão” e “como”. Exemplos: a) Salmo 42:1. b) II Tm 2:3; c) I Pedro 2:2. d) Isaías 44:6-7. e) João 3:14 usa símile por meio da expressão “do modo por que”. f) I Ts 2:7, 11. São usadas para este mesmo recurso as palavras: semelhantemente, assim também. Metáforas – Todo emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito da analogia ou ilustração, constitui uma metáfora. Exemplos: a) Jesus diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15:1). Ele está falando figuradamente, não literalmente. b) Jesus usa uma metáfora quando fala com Nicodemos (Jo 3). c) Em I Ts 5:2, o uso que Paulo faz da figura de um ladrão de noite ilustra a necessidade de estarmos preparados; a da mulher tendo filho (vers. 3) ilustra a subitaneidade. Os contrastes se destacam ao leitor observador por meio de: Uso de mas e porém – A palavra mas ou porém é uma pista que indica que uma mudança de direção está para acontecer. Ao encontrá-las no texto, pare e pergunte que contraste está sendo feito. Exemplos: a) Mateus 5: “Ouviste o que foi dito... Eu, porém, vos digo...”. b) Atos 1:8. c) Atos 8:5-8 e 26. d) Gálatas 5:19 e 22. e) I Ts 2:4; 5:6. As palavras de outra forma, pelo contrário, nem, entretanto, podem nos dar pista de contrastes. Metáforas – Assim como as coisas que são semelhantes podem ser mostradas através de metáforas, também o podem as coisas que são diferentes. Exemplos: a) Na parábola do juiz iníquo, em Lucas 18, a chave é notar que Jesus está estabelecendo um contraste efetivo entre um juiz humano e Pai celestial. b) I Ts 5:5. Ironia – É a expressão de um pensamento em palavras que, literalmente entendidas, exprimem o pensamento oposto. Exemplos: a) Mt 27:40. b) Em Lucas 8, o contraste irônico acontece com a interrupção brusca da caminhada de Jesus para perguntar à multidão: “Quem me tocou?” Este é o contraste que Lucas quer que vejamos: no meio de uma crise, em meio a uma multidão, uma mulher desconhecida se aproxima privativa e quietamente em fé – e Jesus reconhece isso. Ela se destaca da multidão por causa de sua fé. Lucas narra o fato para que a notemos e nos beneficiemos pelo seu exemplo. Exercício 11 Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é também parte da boa observação da estrutura do texto. Recomendamos que o estudante saiba identificar figuras de linguagem no texto (figuras de palavras, de construção e de pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Esta compreensão ajuda a não perder a mensagem do escritor por não entender o veículo que ele utiliza para transmiti-la.
  • 27. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 27 João 11:1-46 traz um importante estudo em comparação e contraste. É a história da ressurreição de Lázaro, mas ele é na verdade, apenas um personagem secundário. João focaliza suas lentes nas duas irmãs de Lázaro: Marta e Maria. Leia o relato cuidadosamente, e considere perguntas como: qual o relacionamento entre Jesus e estas duas mulheres? há outros textos que dão luz a esta pergunta? como as irmãs se aproximam de Jesus? como Ele reage a elas? o que Ele diz? Compare e contraste a fé destas duas mulheres. Como elas se comparam aos discípulos e às pessoas que observavam o incidente? Obs.: O ponto alto do contraste não consiste na palavra que o indica, mas na diferença das qualidades acentuadas. Procure observar contrastes, por exemplo, no Salmo 1 ou no capítulo 7 de Hebreus. e. Elementos que são da vida real. Há um toque de autenticidade nos relatos dos personagens bíblicos – suas experiências de vida são cortadas do mesmo rolo de tecido humano. O que a passagem diz sobre a realidade? Que aspectos do texto se repercutem em minha própria existência? Obviamente vivemos em uma cultura dramaticamente diferente das culturas da época bíblica. Mas as mesmas coisas que os personagens bíblicos experimentaram, nós experimentamos. Sentimos as mesmas emoções que sentiram. Temos as mesmas dúvidas que tinham. Eles eram reais, pessoas vivas que enfrentavam as mesmas lutas, os mesmos problemas e as mesmas tentações que você e eu enfrentamos. Assim, quando ler sobre eles nas Escrituras, você precisa perguntar: Quais eram as ambições desta pessoa? Quais os seus objetivos? Que problemas estava enfrentando? Como se sentia? Qual a sua reação? Qual seria a minha reação? Freqüentemente estudamos ou ensinamos a Escritura como se fosse uma lição acadêmica, e não vida real. Não se admira que tantos de nós nos sintamos entediados com nossas Bíblias. Estamos perdendo as melhores lições da Palavra de Deus quando deixamos de considerar as experiências de pessoas nela. NOTA: Marque sua Bíblia enquanto a lê e estuda.
  • 28. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 28 NOTA: Marque sua Bíblia enquanto a lê e estuda.
  • 29. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 29 Como estudar uma seção Recapitulação e sugestões sobre como compilar o máximo de uma seção das Escrituras. 1. Leia a seção toda completamente. Aliás, tente lê-la duas ou três vezes, talvez em diferentes traduções, se possível. 2. Identifique os parágrafos e ponha um rótulo ou título em cada um deles. Lembre-se de que o parágrafo é a unidade básica do estudo. Por isso, é importante entender a idéia ou tema principal de cada parágrafo, e então expressá-la em uma ou duas palavras. 3. Avalie cada parágrafo à luz de outros parágrafos. Use as seis pistas dadas anteriormente para procurar relacionamentos. 4. Avalie como a seção como um todo se relaciona com os restante do livro, usando os mesmo princípios (coisas enfatizadas, repetidas, e assim por diante). 5. Tente expressar o ponto principal da seção. Veja se consegue reduzi-lo a uma palavra ou frase pequena que resume o conteúdo. 6. Mantenha uma lista de observações na seção. Melhor ainda, registre-as em sua Bíblia, usando palavras breves e descritivas. 7. Estude as pessoas e os lugares mencionados. Veja o que pode aprender sobre eles que possa dar luz à seção como um todo. 8. Mantenha uma lista de perguntas não respondidas e de problemas não resolvidos. Estes se tornam avenidas para investigações adicionais. 9. Pergunte:se o que vi nesta seção que desafia meu modo de viver? Que questões práticas se refere a passagem? Que mudança preciso considerar à luz deste estudo? Que oração preciso fazer como resultado do que estudei? 10. Compartilhe os resultados de seu estudo com alguém. Resumo – exemplo da observação A observação é necessariamente o passo básico do estudo bíblico, porque nos leva a desco- brir o que o texto realmente diz acerca dos fatos, dos personagens, da importância de certos acontecimentos e declarações. Não é difícil, mas exige bastante atenção e uma mente aberta para não chegar a conclusões baseadas nos preconceitos ou influências não bíblicas que têm penetrado o pensamento dos cristãos. Há muitas atitudes diante da vida, do corpo, do dinheiro etc., nas igrejas, que estão hoje baseadas em filosofias e ideologias que nada têm a ver com o que a Bíblia ensina. O estudo bíblico nos ensina a ver os fatos e as idéias de acordo com os valores da própria Palavra de Deus. Ao observar os fatos da Bíblia afirmamos: “O texto diz que... (um fato explícito)”. Ou: Este e aquele fato, juntos, implicam que... (fato oculto, ou implicação)”.
  • 30. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 30 Olhe até descobrir quais são os fatos significativos. Pergunte até observar conscientemente todos os fatos importantes. Observe até descobrir a ênfase do autor e a maneira como ele organizou a apresentação de suas idéias.12 A. Olhe! Tomemos como exemplo Lucas 5:1-11. Veja: 1. a forma literária: é uma narrativa, que enfatiza os acontecimentos? uma mensagem discursiva, que enfatiza as idéias? um texto poético, que enfatiza a intuição? um texto filosófico, que enfatiza as percepções? ou ainda um texto profético, que enfatiza a revelação? Exemplo: Lc 5.1-11 é uma narrativa, parte do relato sobre a vida e obra de Jesus. 2. a estrutura: quais são as divisões principais? Como as idéias e ações se desenvolvem até chegar a um clímax ou a um desafio? Exemplo: Em Lc 5:1-3 Simão Pedro escuta uma mensagem de Jesus. Em Lc 5.4-l0a Jesus desafia Simão Pedro pela primeira vez. Em Lc 5:l0b-11 Jesus desafia Simão Pedro pela segunda vez. 3. o contexto: De que maneira as informações obtidas de passagens bíblicas relacionadas com o texto, ou de informações históricas da época em que o livro foi escrito nos ajudam a entender a mensagem, o conflito, as dificuldades e soluções? a) histórico (informações sobre o contexto social e espiritual em que a mensagem foi proferida). Exemplo: Em Lucas 5 vemos o conflito interno de Pedro. Ele era um pescador experiente, que havia se dedicado à pesca durante as horas mais propícias (de noite), sem obter resultados. Agora Jesus, que não é pescador, manda que saia de novo, numa hora imprópria para pescar. Vemos, também, em Pedro, a atitude característica de um judeu piedoso, quando recebia uma revelação de Deus: um sentimento forte de ser indigno, diante da santidade do Senhor (Veja Êx 24:9-11 e Is 6:1-7). b) textual imediato (vínculos com o texto que vem antes e depois). Exemplo: Este incidente ocorre no início do ministério de Jesus, quando a equipe de discípulos ainda não era formada. O texto 4:31 a 44 mostra que Simão já conhecia pessoalmente a Jesus: já tinha ouvido o seu ensino; observado vários de seus sinais poderosos como a libertação de um endemoninhado e a cura de sua própria sogra e lhe oferecido sua hospitalidade. Lucas 5:29-35 mostra que já havia uma equipe de discípulos que andava com Jesus e em Lucas 6:12-16 vemos a designação e formação definitiva desta equipe. e) textual mais amplo (alguns esclarecimentos importantes, em textos paralelos, passagens com mensagens complementares e a localização do texto no contexto do livro do qual faz parte). 12 Este Resumo-exemplo da Observação e o Resumo-exemplo da Interpretação (página ...) foram usados pela professora Antonia Leonora van der Meer (Tonica), na obra O Estudo Bíblico Indutivo. ABU Editora, 1999 (4 ª ed.), p. 9-14 e 16-18.
  • 31. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 31 Exemplos: a) João 1:35-42 relata o primeiro encontro de Jesus e Simão. E mostra que já havia uma fé incipiente em Simão: ele já conhecia as mensagens de João Batista a respeito de Jesus e tinha certas expectativas em relação a Ele. b) Mateus 4:18-22 e Marcos 1:16-20 relatam o que foi provavelmente a primeira vez em que Jesus chamou a Pedro e seus companheiros para segui-lo. É possível que sejam relatos abreviados do mesmo acontecimento relatado em Lucas 5 ou que só após essa convicção profunda de ser pecador, e do Senhorio de Jesus, o compromisso em segui-lo se tomou mais forte. 4. as chaves gramaticais (observe o uso dos verbos): a) Os tempos (presente/passado/futuro), os modos (indicativo, subjuntivo, imperativo, infinitivo, gerúndio e particípios) e a voz (ativa e passiva). Exemplo: Ef 5:18-21 – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei- vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Neste texto há dois imperativos: não vos embriagueis e enchei-vos. Os verbos dos versículos 19-21 estão no gerúndio. Isto mostra que se trata de conseqüências do encher-nos continuamente do Espírito. b) O sujeito/objeto no singular ou no plural (Isto inclui a mudança no uso dos pronomes; quem é o sujeito ou o objeto deste verbo?). Exemplo: Jo 1:50-51 — “Ao que Jesus lhe respondeu: Por que te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores cousas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem”. No versículo 50, Jesus faz uma promessa a Natanael, que no versículo 51 é estendida a todos os discípulos. Exemplo: Lucas 5:1-11 – Qual é o verbo principal no versículo 1? Quem é o sujeito das ações principais nos versículos 1 a 4 e nos versículos 5 a l0a? O que Lucas nos diz, por meio desta mudança, sobre a maneira pela qual Jesus atrai Simão Pedro para sua obra? c) que mudanças no pensamento do autor vêm à tona através do uso das conjunções e das preposições, como: “mas” , “para”, “porque”, “se”, “ainda que”, “quando”, “de modo que”, “e portanto” etc. Exemplo: Que aparente conflito indica o “mas” de Simão Pedro, no versículo 5? Que outras palavras indicam mudanças no pensamento do autor (ou da pessoa que fala)? B. Pergunte Comece com as perguntas básicas: quem? onde? quando? o quê? como? por quê? 1. Passagens narrativas a) Personagens: Quem são? O que esta passagem mostra acerca deles? Como reagem e interagem entre si? Em quem se concentra a atenção?
  • 32. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 32 b) Circunstâncias. Onde estão? Por que estão ali? Por que o lugar é significativo? Qual é a atmosfera emocional/psicológica? Quando o fato acontece? Caso se mencione o momento (direta ou indiretamente), como isso contribui para a nossa compreensão? e) Fato central. Qual é o acontecimento central? Como é descrito? Como as ações anteriores culminam nele? Como as ações e as palavras das pessoas revelam seu caráter e suas possíveis motivações? Por que isso acontece? Há razões expressas ou implícitas? d) Conseqüências. Quais são os resultados? Eram esperados? Que outras implicações há? 2. Passagens discursivas a) Personagens: Quem é o escritor e quem são os leitores; ou o orador e os ouvintes? Que relação existe entre eles? Que outras pessoas são mencionadas? Por quê? b) Circunstâncias: Onde está o escritor? Por que está ali? Onde estão os leitores? Quando a carta foi escrita (ou o discurso pronunciado)? e) Mensagem central: Qual é a idéia central? Como o escritor ou orador tenta persuadir os ouvintes na verdade? Que razões, ilustrações, experiências ou outros meios utiliza? Por que está tão desejoso de que a entendam e creiam nela? d) Conseqüências: Quais seriam os resultados, caso aceitem sua mensagem? E em caso contrário? C. Observe Examinemos Lucas 15 para descobrir o magistral método de ensino de Jesus, usando os seguintes princípios literários: 1. Observe a ênfase do escritor (ou do orador): a) Pela repetição de certas palavras, frases, idéias, personagens, ações. Exemplo: Jesus usa “perder”, “perdido/a” sete vezes, “encontrar”, “achar” ou “achado” sete vezes, mas “pecador/pecadores” só duas vezes e “arrependimento/se arrepende” só três vezes. Diante dos fariseus Ele enfatiza não o arrependimento do pecado, mas enfatiza seu resultado natural: a alegria e a celebração! Observe que Ele fala dez vezes de “júbilo”, “alegrar-se” e “regozijar-se”; quatro vezes de “comer” e “fazer festa”; três vezes de “matar o novilho cevado” e que fez outras referências à mesma idéia: “o abraçou e beijou”; “a melhor roupa... um anel no dedo.., a música e as danças...” b) Pela comparação de idéias com coisas conhecidas, vinculando coisas semelhantes entre si. Exemplo: Jesus compara a Deus com que personagens familiares? O que a ovelha, a moeda e o filho têm em comum? Com quem se comparam? Com quem Jesus compara o filho mais moço? Que semelhança há entre o filho mais velho nos versículos 11 a 32, e os críticos de Jesus nos versículos 1 e 2? c) Pelo contraste entre coisas opostas, da mesma categoria, mas não semelhantes. Exemplo: Qual a diferença entre o valor das três coisas perdidas? Qual a diferença entre o filho mais moço e o seu irmão? E entre o filho mais velho e o pai? O que distingue a terceira
  • 33. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 33 parábola das outras duas? d) Pela proporção do espaço dado a pessoas ou idéias-chave. Exemplo: Quem é o personagem central de cada parábola: “o perdido que foi achado” ou aquele que o encontra? Qual é a parábola mais extensa? O que Jesus nos diz com esta proporção? 2. Observe a organização das idéias do escritor (orador) pelo seu uso de: a) Relações de causa e efeito: Quando uma coisa é uma conseqüência natural da outra. Exemplo: O que causou a busca diligente do dono? E qual foi o resultado do encontro do objeto (ou da pessoa) perdido/a? O que Jesus está dizendo aos fariseus, com respeito à atitude deles? b) Relação entre os meios e o fim. Exemplo: Por que Jesus usou parábolas para responder aos seus críticos? c) Progressão do pensamento: uma série de idéias e ações que progride em direção a um clímax ou desafio. Exemplo: Observe na ordem das parábolas como Jesus passou do simples ao complexo, do conhecido ao desconhecido, dos valores inferiores (as coisas) ao valor maior (as pessoas). d) Uma declaração geral no começo, seguida por explicações ou evidências específicas ou uma declaração conclusiva no fim, precedida por uma série de idéias. Exemplo: 0 que encontramos no ensino de Jesus neste capítulo? Exercício Observe esta seção: Mateus 13:1-23, a parábola do semeador. Abaixo há um quadro de divisões para ajudar você a começar, o qual considera quatro questões para cada um dos quatro tipos de solo: como Jesus descreve o solo? Que tipo de crescimento acontece? Quais os obstáculos ao crescimento? Qual a conseqüência ou resultado do ato de plantar? SOLOS DESCRIÇÃO CRESCIMENTO OBSTÁCULOS RESULTADOS
  • 34. FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 34 Interpretação (Descubra o que o texto significa!) O significado de determinada passagem na Bíblia nem sempre é claro. Existem razões para isso: 1) Trazemos à interpretação certas pressuposições provavelmente incorretas – podem ser conhecimentos, atitudes e convicções próprios sobre Deus, religião e “realidade”, que influenciam nossa maneira de entender o significado do texto bíblico. 2) Uma grande separação de tempo, cultura e linguagem faz com que certas coisas escritas na Bíblia sejam incompreensíveis para nós, dois mil anos mais tarde. O valor da interpretação Interpretar é explicar ou esclarecer o “significado claro” da passagem que já passou pela sua fase da Observação. O objetivo primário da Interpretação é compreender o sentido que a passagem tinha para o autor quando ele a comunicou às pessoas do seu tempo. Quando o salmista orou a Deus: “Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo o coração a cumprirei” (Sl 119:34), ele estava batendo à porta da interpretação. Ele sabia que, sem entendimento do significado do texto, não poderia haver aplicação da Palavra em sua vida. Por outro lado, uma vez que o Espírito abrisse a porta da percepção, ele estaria preparado para agir de acordo com o que Deus havia dito. E você? Qual o seu alvo ao abrir as Escrituras? Mudança de vida? Se for, então prepare-se para a ação, porque Deus sempre abre a porta àquele que bate com essa intenção. “Queremos saber o que a Bíblia significa para nós – e isso é certo. Não podemos, no entanto, fazê-la significar qualquer coisa que nos agrada, e depois dar ao Espírito Santo o “crédito” por ela. O Espírito Santo não pode ser conclamado para contradizer a Si mesmo, e Ele é Aquele que inspirou a intenção original. Logo, Sua ajuda para nós será na descoberta daquela intenção original, e em orientar-nos enquanto procuramos fielmente aplicar aquele significado às nossas próprias situações. Quanto à seguinte questão deve haver concordância: Um texto não pode significar o que nunca significou. Ou, colocando a coisa de modo positivo, o significado verdadeiro do texto bíblico para nós é o que Deus originalmente pretendeu que significasse quando foi falado/escrito pela primeira vez. Este é o ponto de partida.” 13 Gêneros literários da bíblia Os livros bíblicos apresentam diversos gêneros literários; e, dentro de um mesmo livro, de texto para texto, o autor pode ter usado estruturas literárias diferentes. Exemplo: Embora Gálatas seja uma epístola, traz narrativa, discussão teológica, alegoria e exortação. Esta subclassificação de gêneros literários é também a resposta para entender a pergunta “Como o autor escreveu?” ou Que tipo de literatura ele estava escrevendo? Que forma literária empregou? O tipo literário é a chave para não tratar um Salmo da mesma forma que se trata uma epístola; esta faz declarações diretas, literais, orientadas diretamente para comunicar um conceito. Já o Salmo é poético, alcançando a mente através do coração, é cheio de metáforas e cada frase faz parte do arranjo poético, não tendo significado quando isolada. Devemos nos aproximar do texto conforme ele foi construído: para tanto é necessário determinar o seu gênero literário. 13 Gordon D. Fee & Douglas Stuart. Entendes o que lês? Edições Vida Nova, 2000 (2ª ed., reimp.), p. 26.