ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
• Objetivos de Aprendizagem:
- Saber definir status de saúde
- Identificar Marcos históricos importantes
- Discutir tendências atuais no tratamento de pessoas com doença mental
- Entender e diferencias as redes de atendimentos a pessoas em sofrimento
mental.
• Objetivo geral: Compreender a atuação da enfermagem na Saúde Mental
ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
• SAÚDE MENTAL
A Organização Mundial da Saúde define saúde como um estado de completo bem-estar
físico, mental e social, e não apenas como ausência de doença ou enfermidade. Essa
definição enfatiza a saúde como um estado positivo de bem-estar.
Não há, porém, uma definição universal de saúde mental. Na maioria dos casos, é uma
condição de bem-estar emocional, psicológico e social, evidenciada por relações
interpessoais satisfatórias, comportamento e enfrentamento eficazes, autoconceito
positivo e estabilidade emocional.
(Videbeck. Sheila, 2016)
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• A American Psychiatric Association (APA, 2000) define transtorno mental como
“uma síndrome ou um padrão psicológico ou comportamental clinicamente
significativo que ocorre em um individuo e que está associado a angustia ou
incapacidade, ou ao aumento significativo do risco de morte, de dor, ou ainda a
uma importante perda de liberdade”.
• O processo de saúde vai muito além do fisiológico, a ideia de bem-estar e mal-
estar vai bem além do processo saúde e doença.
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• Todo problema de saúde também é mental, ou seja a pessoal não
necessariamente precisa nascer com o problema ou transtorno mental ela pode
desenvolver no decorrer da sua vida. Como também desenvolver hábitos de vida
que ponha a sua saúde menta em risco.
• A saúde mental deve ser vista de forma integrada aos demais cuidados em saúde
(Atendimento pela atenção básica de saúde)
ENFERMAGEM EM
SAÚDE MENTAL
• CONTEXTO HISTÓRICO:
- Inicialmente, aquilo que se sabe a
respeito da saúde mental dos nossos mais
antigos antepassados seria que suas
hipóteses sobre questões mentais estariam
frequentemente caracterizadas como o
resultado de crenças de que causas
sobrenaturais como possessões
demoníacas, maldições, feitiçaria e até
mesmo deuses vingativos, estariam por
trás dos incomuns sintomas.
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SAÚDE MENTAL
• CONTEXTO HISTÓRICO:
No final do século XVIII, a concepção de
loucura sofre uma transformação, surgindo
um novo campo do saber: a Psiquiatria.
Por trás do chamado tratamento moral, a
assistência psiquiátrica estruturou-se num
regime rígido e disciplinador, muitas vezes
indulgente frente às suas práticas obscuras
e punitivas, violências veladas de ameaças
e privações, tendo, na instituição asilar, o
elemento de ordem, o papel de vigiar,
julgar e punir.
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• CONTEXTO HISTÓRICO:
O fim do século XIX e início do século XX são marcados
pela construção de vários hospitais psiquiátricos. É
dentro desta fase e já mais próximo de nossos dias, que
a loucura começa a ser problematizada.
Em 1971, Franco Basaglia iniciou uma mudança
radical nas práticas até então utilizadas no Hospital
Regional de Trieste, na Itália. Começava um movimento
de desativação do manicômio, caracterizado pela prática
da alta psiquiátrica, pela ausência de novas internações e
pelo questionamento da neutralidade científica que
sustentava os valores dominantes na psiquiatria
científica, que oprimiam ao invés de libertar os pacientes.
• CONTEXTO HISTÓRICO:
No Brasil, o “louco” emerge como “problema social” no século XIX, de maneira
semelhante à Europa, como um elemento de desajuste à ordem social vigente,
em meio a um contexto de desordem, mendicância e ociosidade.
O ano de 1978 marca o início efetivo do movimento social pelos direitos dos
pacientes psiquiátricos no Brasil.
Surge neste ano o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM),
formado por integrantes do movimento sanitário
ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
ENFERMAGEM EM
SAÚDE MENTAL
O Movimento passa a denunciar a violência
dos manicômios, a mercantilização da
loucura, a hegemonia da rede privada de
assistência, além de construir, coletivamente,
uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e
ao modelo hospitalocêntrico na assistência às
pessoas portadoras de transtornos mentais
(Brasil, Ministério da Saúde, 2005).
A discussão, ainda atual, da
desinstitucionalização se referencia
legalmente através da Lei 10.216, conhecida
como Lei da Reforma Psiquiátrica, de 06 de
abril de 2001, que representa um esforço de
incorporação do ideário dos direitos
humanos nessa área.
POLÍTICA NACIONAL:
A Política Nacional de Saúde Mental propõe que as práticas de saúde mental na
atenção básica/saúde da família devam ser substitutivas ao modelo tradicional e
não medicalizantes ou produtoras da “psiquiatrização” e “psicologização” do
sujeito e de suas necessidades.
Por isso, é necessária a articulação da rede de cuidados, tendo como objetivo a
integralidade do sujeito, constituindo um processo de trabalho voltado para as
necessidades singulares e sociais e não somente para as demandas.
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• A Portaria Nº 224/1992, é a primeira normatização do atendimento à saúde
mental no SUS. Ela apresenta as Unidades Básicas de Saúde e os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) como serviços de referencia, substitutivos e não
hospitalares de atenção à saúde mental.
• A Lei Nº 10.216/2001(Reforma psiquiátrica),
- Redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento
de tratamento em serviços de base comunitária;
- Dispões sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos
mentais contra qualquer forma de abuso e exploração.
- Criação de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico
ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
• A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação
do Governo Federal, coordenada pelo Ministério
da Saúde, que compreende as estratégias e
diretrizes adotadas pelo país para organizar a
assistência às pessoas com necessidades de
tratamento e cuidados específicos em saúde
mental. Abrange a atenção a pessoas com
necessidades relacionadas a transtornos mentais
como depressão, ansiedade, esquizofrenia,
transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-
compulsivo etc, e pessoas com quadro de uso
nocivo e dependência de substâncias psicoativas,
como álcool, cocaína, crack e outras drogas.
ENFERMAGEM EM SAÚDE
MENTAL
• Os indivíduos em situações de crise podem
ser atendidos em qualquer serviço da Rede
de Atenção Psicossocial (RAPS), formada
por várias unidades com finalidades
distintas, de forma integral e gratuita, pela
rede pública de saúde.
• Além das ações assistenciais, o Ministério
da Saúde também atua ativamente na
prevenção de problemas relacionados a
saúde mental e dependência química,
implementando, por exemplo, iniciativas
para prevenção do suicídio, por meio de
convênio firmado com o Centro de
Valorização da Vida (CVV), que permitiu a
ligação gratuita em todo o país.
• REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS)
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
Urgência e emergência: SAMU 192, sala de estabilização, UPA 24h e pronto
socorro
Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)
Unidades de Acolhimento (UA)
Comunidades Terapêuticas
Hospital-Dia
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• CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS
O Centro de Apoio Psicossocial tem por objetivo oferecer atendimento à população
de seu território, realizando acompanhamento clínico e multiprofissional para
realizar a reinserção social dos usuários por meio do acesso ao trabalho, lazer,
exercício de cidadania.
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• FUNÇÕES DO CAPS:
- Atender em regime de atenção diária
- Planejar projetos terapêuticos personalizados
- Promover a inserção social dos usuários
- Dar suporte, supervisão e atenção à saúde mental na rede básica
- Regular a Porta de Entrada da rede de assistência em saúde mental
- Coordenar com o gestor local a supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas
- Manter atualizada a listagem de pacientes da sua região
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• O que o usuário do CAPS tem direito?
- Tratamento medicamentoso
- Atendimento a grupo de familiares
- Orientação
- Atendimento psicoterápico
- Atividades Comunitárias
- Atividades de suporte social
- Oficinas culturais
- Visitas domiciliares
- Desintoxicação ambulatorial
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• Publico atendido pelo CAPS:
- Pessoas que sofrem de transtornos mentais Graves
- Pessoas com problemas relacionados às substancias psicoativas (CAPSad)
- Crianças e adolescentes com transtornos mentais (CAPSi)
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• Atendimentos pelo CAPS:
• CAPS I: Atendimentos a todas as faixas etárias até 15mil habitantes
• CAPS II: Atendimentos a todas as faixas etárias até 70mil habitantes
• CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimentos a todas as faixas etárias, especializado em
transtornos pelo uso de álcool e outras drogas em regiões com pelo menos 70mil
habitantes
• CAPS III: Atendimentos até 5 vagas de acolhimento noturno e observação em regiões
com pelo menos 150mil habitantes
• CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento de 8 a 12 vagas acolhimentos noturno e
observação, funcionamento 24h em regiões com pelo menos 150mil habitantes
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• Principais PATOLOGIAS atendidas pelo CAPS:
• TRANSTORNO DE ANSIEDADE: desequilíbrio emocional desproporcional ou
exagerado comprometendo a qualidade de vida
• TRANSTORNO DO PÂNICO: Sofrimento intenso, ataques súbitos de terror,
percepção de perigo e ameaça constante
• TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA: Excessiva e incontrolável
preocupação, inquietação, cansaço, dificuldade de concentração, irritabilidades,
perturbação do sono.
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• TRANSTORNOS ALIMENTARES: Bulimia, anorexia.
• DEPRESSÃO: Tristeza, desânimo, desinteresse pela vida, irritabilidade, insônia
entre outros.
• ESQUIZOFRENIA: Psicose caracterizada por perturbação.
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MENTAL
• SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS (SRT):
São moradias ou casas destinadas a cuidar de
pacientes com transtornos mentais, egressos
de internações psiquiátricas de longa
permanência e que não possuam suporte
social e laços familiares. Além disso, os
Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs)
também podem acolher pacientes com
transtornos mentais que estejam em situação
de vulnerabilidade pessoal e social, como, por
exemplo, moradores de rua.
• Unidades de Acolhimento (UA)
Oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento 24h/dia, em ambiente residencial, para
pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que
apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e demandem acompanhamento terapêutico e
protetivo de caráter transitório. O tempo de permanência nessas unidades é de até seis meses.
As Unidades de Acolhimento são divididas em:
Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): destinada às pessoas maiores de 18 (dezoito) anos, de
ambos os sexos;
Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil (UAI): destinada às crianças e aos adolescentes, entre 10
(dez) e 18 (dezoito) anos incompletos, de ambos os sexos.
As UA contam com equipe qualificada e funcionam exatamente como uma casa, onde o usuário é acolhido
e abrigado enquanto seu tratamento e projeto de vida acontecem nos diversos outros pontos da RAPS.
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• Comunidades Terapêuticas
São serviços destinados a oferecer cuidados
contínuos de saúde, de caráter residencial
transitório para pacientes, com necessidades
clínicas estáveis, decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas.
ENFERMAGEM EM
SAÚDE MENTAL
• Hospital-Dia
É a assistência intermediária entre a
internação e o atendimento
ambulatorial, para realização de
procedimentos clínicos, cirúrgicos,
diagnósticos e terapêuticos, que
requeiram a permanência do paciente
na Unidade por um período máximo
de 12 horas.
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• POLITICA NACIONAL DE SAUDE MENTAL
A reabilitação psicossocial é compreendida como um
conjunto de ações que buscam o fortalecimento, a
inclusão e o exercício de direitos de cidadania de
pacientes e familiares, mediante a criação e o
desenvolvimento de iniciativas articuladas com os
recursos do território nos campos do trabalho,
habitação, educação, cultura, segurança e direitos
humanos.
• MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL:
• Matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais
equipes, num processo de construção compartilhada criam uma proposta de intervenção
pedagógico-terapêutica. Essa proposta visa integrar os profissionais da equipe de saúde da família
com profissionais especialistas de forma que os primeiros tenham um suporte para a discussão de
casos e intervenções terapêuticas. O matriciamento visa transformar a lógica tradicional dos
sistemas de saúde: encaminhamentos, referências e contrarreferências, protocolos e centros de
regulação, por meio de ações mais horizontais que integrem os componentes e seus saberes nos
diferentes níveis de assistência (CHIAVERINI, 2011). Hoje, a principal estratégia desenvolvida para
apoio matricial é a equipe de Nasf (núcleo de apoio à saúde da família). Entre os instrumentos do
processo do matriciamento estão: elaboração de PTS, interconsulta, consulta conjunta, visita
domiciliar conjunta, grupos, educação permanente, abordagem familiar, entre outros.
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• ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
Nesse contexto, a enfermagem se viu responsável por uma assistência inovadora e
promissora em suas práticas através do surgimento de novos espaços de trabalho
nos CAPS e nas demais RAPS. Com essa nova realidade a enfermagem participa de
atividades grupos de estudos; reuniões de famílias e de equipe; visitas domiciliares
e passeios; e escuta, acolhe e estabelece vínculos com o paciente.