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INTRODUÇÃO AO CONTROLE BIBLIOGRÁFICO

                                                                            Margaret E. Egan
                                                                              Jesse H. Shera
                                                                      Graduate Library School
                                                                         University of Chicago


        Controle bibliográfico é um termo técnico que aparentemente está emergindo nos
Estados Unidos para o que os europeus chamam de documentação. Dos dois, o termo
americano parece o mais descritivo. Em mecânica, um controle é um mecanismo através do
qual as energias de uma máquina podem ser orientadas para a obtenção de um determinado
fim com um mínimo de esforço. De maneira semelhante, os controles bibliográficos são
aqueles mecanismos utilizados para orientar a energia intelectual na extração, a partir da
totalidade da informação registrada, daquelas porções relevantes para uma determinada
tarefa, com a maior rapidez e economia.

       Há duas maneiras em que o controle bibliográfico pode ser analisado: interna e
externamente. Pode ser examinado do ponto-de-vista do bibliotecário e do cientista que o
elaboram e o utilizam, mas, neste caso, o exame provavelmente conduzirá apenas a uma série
de observações desconexas sobre pormenores. A outra maneira consiste em analisá-lo no
contexto das atividades intelectuais em geral. O sociólogo poderia analisá-lo como uma
parcela do problema mais geral da comunicação, uma vez que, em sua integridade, envolve
(1) comunicação dentro de um grupo de especialistas, (2) comunicação entre vários grupos de
especialistas, e (3) comunicação entre especialista e público leigo. O tratamento do sociólogo
poderia ser potencialmente produtivo, pelo fato de que levaria em conta a promoção de um
corpo global de conhecimento e de um conjunto de princípios operacionais intimamente
relacionados com a estrutura da ciência e com suas técnicas de transmissão. O controle
bibliográfico, portanto, é visto como sendo um dos mecanismos instrumentais no nosso
sistema moderno de comunicação gráfica.

       Historicamente, o sumário e o índice de um livro foram os primeiros instrumentos para a
localização de determinada informação no interior desse mesmo livro. Enquanto os livros eram
ainda relativamente poucos em número, as bibliotecas eram capazes de reunir os mais
imprescindíveis num único acervo e de torná-los acessíveis através da simples reunião ou
listagem. Na medida em que os livros se multiplicaram e os acervos se expandiram, a simples
reunião deu lugar a esquemas mais elaborados de classificação, ainda dentro dos limites de
uma única biblioteca. As bibliografias, que fornecem uma chave inter-bibliotecária, começaram
a aparecer, produzidas ora por bibliotecários, ora por particulares ou organizações
interessadas num determinado assunto.

       O amplo uso de revistas e periódicos para o registro da informação científica ocasionou
a primeira crise no controle bibliográfico. Cada biblioteca em particular, com seus recursos
limitados, era capaz de manipular este material somente numa base formal, com pouca ou
nenhuma atenção para com o conteúdo temático. Embora a indexação temática de periódicos
2


tenha começado em bibliotecas, a tarefa logo tornou-se muito vasta para uma única biblioteca,
e a estrutura institucional da profissão dificultou o desenvolvimento de uma centralização
cooperativa em larga escala de tais esforços. De uma maneira geral, este importantíssimo
mecanismo bibliográfico escapou das mãos e do controle da profissão dos bibliotecários. A
fragmentação que resultou constitui um dos mais sérios problemas que hoje enfrentamos. Por
um lado, resulta em ampla duplicação na indexação de alguns materiais e na completa
omissão de outros, talvez igualmente valiosos; por outro lado, conduz a uma variedade de
sistemas de classificação ou cabeçalhos de assunto, bem como a diferentes princípios de
seleção daquilo que é importante.

        A fase seguinte no problema do controle bibliográfico surgiu com a crescente
publicação, por agências ou corporações governamentais, de uma extensa literatura, cujo
conteúdo era de importância científica, mas freqüentemente acessível somente através de
listagens e classificações da agência editora. A maior parte deste material encontra-se agora
na forma de relatórios especiais de pesquisa, quer não-publicados, quer publicados numa
forma diferente daquela da monografia ou periódico tradicional. A acessibilidade temática a
este material pode ser suprida somente através do resumo indexado que é colocado à
disposição do usuário potencial, quer o original seja publicado, quer seja não-publicado. A
acessibilidade física depende mais freqüentemente de uma reprodução “ad hoc” de uma única
cópia do que de uma visita à agência que detenha o original. Aqui aparece o problema crucial
da classificação numa forma nova, uma vez que a análise é de tal forma mais profunda do que
a que é exigida para livros inteiros, uma vez que utiliza a unidade de informação, e não a
unidade de publicação, recaindo no problema filosófico da classificação do conhecimento. Uma
vez que nenhum grupo, à exceção dos bibliotecários, desenvolveu um sistema de classificação
suficientemente pormenorizado, cobrindo todos os campos do conhecimento, assumiu-se e
ampliou-se um sistema planejado primeiramente para o arranjo físico das unidades
bibliográficas (Classificação Decimal de Dewey), numa tentativa de resolver o problema da
classificação de todo o universo das unidades de informação (Classificação Decimal
Universal). Outras agências fiaram-se nas areias movediças da indexação alfabética de
assunto ou desenvolveram esquemas apropriados para seus próprios campos temáticos, sem
dar atenção às interrelações entre os assuntos, nem aos princípios estabelecidos de análise
temática. A cada nova fase no desenvolvimento do controle bibliográfico, o problema
semântico tornou-se mais insistente e mais difícil. O equipamento de controle deve ser
preparado por um grande número de pessoas que trabalham independentemente, em tempos
diferentes e em diferentes lugares, não obstante numa cooperação tão perfeita que o que
todos eles produzem vai se encaixar numa correspondência e precisão absoluta. O problema,
portanto, consiste em descobrir uma terminologia que possa ser entendida por todos os grupos
aos quais a comunicação é dirigida, mas tal que seja suficientemente precisa para incorporar
precisamente o significado da comunicação. Ao mesmo tempo, a terminologia deve ser tal que
possa ser utilizada de maneira competente por profissionais do livro, que não sejam, eles
próprios, especialistas no assunto.

       O desenvolvimento de novos instrumentos mecânicos para classificar rapidamente
grandes quantidades de referências codificadas, sem preocupação com o arranjo original
introduz um novo tipo de classificação, que depende menos da divisão hierárquica do
conhecimento, elaborada para reunir materiais relacionados, e mais da identificação precisa de
3


segmentos bem pequenos de informação, a partir de uma variedade de pontos-de-vista. O uso
de códigos, em vez de listas de termos, tende mais a ocultar do que a remover as dificuldades
semânticas envolvidas nesta identificação precisa. O problema da análise temática necessita
de um estudo profundo a partir do ponto-de-vista inter-temático.

       Todo o problema da classificação apresenta, portanto, estes três aspectos:
a) Classificação de unidades físicas de informação registrada dentro de uma única coleção,
qualquer que seja a forma física que essas unidades possuam.
b) Classificação do conteúdo temático, baseada em análise temática adequada e divorciada da
unidade física tanto do livro, quanto de um único acervo biblioteconômico.
c) Identificação e descrição, através de código, de pequenas unidades de informação,
independentemente das relações.

       Qualquer tratamento do controle bibliográfico completo, tanto no sentido da
acessibilidade física quanto temática, depende dos esforços coordenados de muitos grupos. É
duvidoso que a necessária coordenação possa ser conseguida através de comissões formadas
de vários grupos. Deve-se estudar a experiência anterior em organização, bem como devem-
se analisar as condições sob as quais certos grupos especiais, como os químicos,
conseguiram um considerável domínio sobre a literatura em seus próprios campos.

        Se existe qualquer grupo que deva tomar a iniciativa e tentar fornecer a liderança na
busca de uma solução geral, parece que os bibliotecários estão estrategicamente bem
situados para fazê-lo. As qualificações especiais do bibliotecário podem ser relacionadas como
sendo:
1) Sua especialização em comunicação gráfica em geral, especialmente entre o especialista e
o leitor, bem como entre especialistas de diferentes campos.
2) Sua experiência anterior com problemas técnicas semelhantes.
3) Seus contatos atuais com todos os campos do conhecimento. O sentido especial de
urgência que o bibliotecário tem do problema pode ser atribuído ao fato de que os
instrumentos resultantes são os instrumentos essenciais para a prática eficaz de sua profissão.
Sem estes instrumentos, ele retorna à sua velha função, há muito descartada, exclusivamente
de curador físico, se abandonar a produção destes instrumentos aos esforços espasmódicos
de grupos especiais, vai descobrir que estes grupos, ao invés de diminuírem a presente
confusão no campo, eles a estão aumentando.

        Enquanto o ensino da biblioteconomia talvez não tenha reconhecido plenamente suas
oportunidades e responsabilidades neste campo, as escolas de biblioteconomia fornecem o
único mecanismo educacional hoje disponível para o treinamento tanto de técnicos, quanto de
pesquisadores. Se o campo da comunicação acadêmica puder ser planejado e desenvolvido
como uma área de pesquisa, capaz de produzir um corpo sólido de conhecimento, aplicável à
produção de instrumentos que facilitem o fluxo de tal comunicação, a profissão dos
bibliotecários dará uma grande contribuição ao bem estar comum, bem como ao seu próprio
progresso.
4


EGAN, M. E. & SHERA, J. H. Prolegomena to bibliographic control. Journal of Cataloging and
   Classification, v. 5, n. 2, p. 17-19, Winter 1940.

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  • 1. INTRODUÇÃO AO CONTROLE BIBLIOGRÁFICO Margaret E. Egan Jesse H. Shera Graduate Library School University of Chicago Controle bibliográfico é um termo técnico que aparentemente está emergindo nos Estados Unidos para o que os europeus chamam de documentação. Dos dois, o termo americano parece o mais descritivo. Em mecânica, um controle é um mecanismo através do qual as energias de uma máquina podem ser orientadas para a obtenção de um determinado fim com um mínimo de esforço. De maneira semelhante, os controles bibliográficos são aqueles mecanismos utilizados para orientar a energia intelectual na extração, a partir da totalidade da informação registrada, daquelas porções relevantes para uma determinada tarefa, com a maior rapidez e economia. Há duas maneiras em que o controle bibliográfico pode ser analisado: interna e externamente. Pode ser examinado do ponto-de-vista do bibliotecário e do cientista que o elaboram e o utilizam, mas, neste caso, o exame provavelmente conduzirá apenas a uma série de observações desconexas sobre pormenores. A outra maneira consiste em analisá-lo no contexto das atividades intelectuais em geral. O sociólogo poderia analisá-lo como uma parcela do problema mais geral da comunicação, uma vez que, em sua integridade, envolve (1) comunicação dentro de um grupo de especialistas, (2) comunicação entre vários grupos de especialistas, e (3) comunicação entre especialista e público leigo. O tratamento do sociólogo poderia ser potencialmente produtivo, pelo fato de que levaria em conta a promoção de um corpo global de conhecimento e de um conjunto de princípios operacionais intimamente relacionados com a estrutura da ciência e com suas técnicas de transmissão. O controle bibliográfico, portanto, é visto como sendo um dos mecanismos instrumentais no nosso sistema moderno de comunicação gráfica. Historicamente, o sumário e o índice de um livro foram os primeiros instrumentos para a localização de determinada informação no interior desse mesmo livro. Enquanto os livros eram ainda relativamente poucos em número, as bibliotecas eram capazes de reunir os mais imprescindíveis num único acervo e de torná-los acessíveis através da simples reunião ou listagem. Na medida em que os livros se multiplicaram e os acervos se expandiram, a simples reunião deu lugar a esquemas mais elaborados de classificação, ainda dentro dos limites de uma única biblioteca. As bibliografias, que fornecem uma chave inter-bibliotecária, começaram a aparecer, produzidas ora por bibliotecários, ora por particulares ou organizações interessadas num determinado assunto. O amplo uso de revistas e periódicos para o registro da informação científica ocasionou a primeira crise no controle bibliográfico. Cada biblioteca em particular, com seus recursos limitados, era capaz de manipular este material somente numa base formal, com pouca ou nenhuma atenção para com o conteúdo temático. Embora a indexação temática de periódicos
  • 2. 2 tenha começado em bibliotecas, a tarefa logo tornou-se muito vasta para uma única biblioteca, e a estrutura institucional da profissão dificultou o desenvolvimento de uma centralização cooperativa em larga escala de tais esforços. De uma maneira geral, este importantíssimo mecanismo bibliográfico escapou das mãos e do controle da profissão dos bibliotecários. A fragmentação que resultou constitui um dos mais sérios problemas que hoje enfrentamos. Por um lado, resulta em ampla duplicação na indexação de alguns materiais e na completa omissão de outros, talvez igualmente valiosos; por outro lado, conduz a uma variedade de sistemas de classificação ou cabeçalhos de assunto, bem como a diferentes princípios de seleção daquilo que é importante. A fase seguinte no problema do controle bibliográfico surgiu com a crescente publicação, por agências ou corporações governamentais, de uma extensa literatura, cujo conteúdo era de importância científica, mas freqüentemente acessível somente através de listagens e classificações da agência editora. A maior parte deste material encontra-se agora na forma de relatórios especiais de pesquisa, quer não-publicados, quer publicados numa forma diferente daquela da monografia ou periódico tradicional. A acessibilidade temática a este material pode ser suprida somente através do resumo indexado que é colocado à disposição do usuário potencial, quer o original seja publicado, quer seja não-publicado. A acessibilidade física depende mais freqüentemente de uma reprodução “ad hoc” de uma única cópia do que de uma visita à agência que detenha o original. Aqui aparece o problema crucial da classificação numa forma nova, uma vez que a análise é de tal forma mais profunda do que a que é exigida para livros inteiros, uma vez que utiliza a unidade de informação, e não a unidade de publicação, recaindo no problema filosófico da classificação do conhecimento. Uma vez que nenhum grupo, à exceção dos bibliotecários, desenvolveu um sistema de classificação suficientemente pormenorizado, cobrindo todos os campos do conhecimento, assumiu-se e ampliou-se um sistema planejado primeiramente para o arranjo físico das unidades bibliográficas (Classificação Decimal de Dewey), numa tentativa de resolver o problema da classificação de todo o universo das unidades de informação (Classificação Decimal Universal). Outras agências fiaram-se nas areias movediças da indexação alfabética de assunto ou desenvolveram esquemas apropriados para seus próprios campos temáticos, sem dar atenção às interrelações entre os assuntos, nem aos princípios estabelecidos de análise temática. A cada nova fase no desenvolvimento do controle bibliográfico, o problema semântico tornou-se mais insistente e mais difícil. O equipamento de controle deve ser preparado por um grande número de pessoas que trabalham independentemente, em tempos diferentes e em diferentes lugares, não obstante numa cooperação tão perfeita que o que todos eles produzem vai se encaixar numa correspondência e precisão absoluta. O problema, portanto, consiste em descobrir uma terminologia que possa ser entendida por todos os grupos aos quais a comunicação é dirigida, mas tal que seja suficientemente precisa para incorporar precisamente o significado da comunicação. Ao mesmo tempo, a terminologia deve ser tal que possa ser utilizada de maneira competente por profissionais do livro, que não sejam, eles próprios, especialistas no assunto. O desenvolvimento de novos instrumentos mecânicos para classificar rapidamente grandes quantidades de referências codificadas, sem preocupação com o arranjo original introduz um novo tipo de classificação, que depende menos da divisão hierárquica do conhecimento, elaborada para reunir materiais relacionados, e mais da identificação precisa de
  • 3. 3 segmentos bem pequenos de informação, a partir de uma variedade de pontos-de-vista. O uso de códigos, em vez de listas de termos, tende mais a ocultar do que a remover as dificuldades semânticas envolvidas nesta identificação precisa. O problema da análise temática necessita de um estudo profundo a partir do ponto-de-vista inter-temático. Todo o problema da classificação apresenta, portanto, estes três aspectos: a) Classificação de unidades físicas de informação registrada dentro de uma única coleção, qualquer que seja a forma física que essas unidades possuam. b) Classificação do conteúdo temático, baseada em análise temática adequada e divorciada da unidade física tanto do livro, quanto de um único acervo biblioteconômico. c) Identificação e descrição, através de código, de pequenas unidades de informação, independentemente das relações. Qualquer tratamento do controle bibliográfico completo, tanto no sentido da acessibilidade física quanto temática, depende dos esforços coordenados de muitos grupos. É duvidoso que a necessária coordenação possa ser conseguida através de comissões formadas de vários grupos. Deve-se estudar a experiência anterior em organização, bem como devem- se analisar as condições sob as quais certos grupos especiais, como os químicos, conseguiram um considerável domínio sobre a literatura em seus próprios campos. Se existe qualquer grupo que deva tomar a iniciativa e tentar fornecer a liderança na busca de uma solução geral, parece que os bibliotecários estão estrategicamente bem situados para fazê-lo. As qualificações especiais do bibliotecário podem ser relacionadas como sendo: 1) Sua especialização em comunicação gráfica em geral, especialmente entre o especialista e o leitor, bem como entre especialistas de diferentes campos. 2) Sua experiência anterior com problemas técnicas semelhantes. 3) Seus contatos atuais com todos os campos do conhecimento. O sentido especial de urgência que o bibliotecário tem do problema pode ser atribuído ao fato de que os instrumentos resultantes são os instrumentos essenciais para a prática eficaz de sua profissão. Sem estes instrumentos, ele retorna à sua velha função, há muito descartada, exclusivamente de curador físico, se abandonar a produção destes instrumentos aos esforços espasmódicos de grupos especiais, vai descobrir que estes grupos, ao invés de diminuírem a presente confusão no campo, eles a estão aumentando. Enquanto o ensino da biblioteconomia talvez não tenha reconhecido plenamente suas oportunidades e responsabilidades neste campo, as escolas de biblioteconomia fornecem o único mecanismo educacional hoje disponível para o treinamento tanto de técnicos, quanto de pesquisadores. Se o campo da comunicação acadêmica puder ser planejado e desenvolvido como uma área de pesquisa, capaz de produzir um corpo sólido de conhecimento, aplicável à produção de instrumentos que facilitem o fluxo de tal comunicação, a profissão dos bibliotecários dará uma grande contribuição ao bem estar comum, bem como ao seu próprio progresso.
  • 4. 4 EGAN, M. E. & SHERA, J. H. Prolegomena to bibliographic control. Journal of Cataloging and Classification, v. 5, n. 2, p. 17-19, Winter 1940.