O documento discute a importância da diversidade étnica e cultural no currículo da educação infantil brasileira. Apresenta a complexidade do termo multiculturalismo e destaca a necessidade de valorizar as diferentes infâncias no Brasil através de uma socialização e educação sensíveis às múltiplas identidades culturais. Defende que a formação de professores deve prepará-los a desenvolver currículos que reconheçam a riqueza da diversidade para combater desigualdades e preconceitos.
2. “Tô le lendo...”
Plantei uma florzinha no
meu quintal.
Nasceu uma negrinha de
avental.
Dança negrinha! Eu não
sei dançar.
Pega o chicote que ela
dança, já!
(Domínio público).
3. QUESTÕES
• De que falamos quando falamos em diversidade
étnica?
• Qual é a atenção atribuída á diversidade cultural
das crianças brasileiras?
• Como o multiculturalismo tem seu ponto de
inflexão na democracia?
• Em termos práticos, em que resulta a luta por
mais respeito à diferença e menos desigualdade?
• Por que a escola se constitui em espaço de
tensão e conflito das questões multiculturais?
4. OBJETIVO
• Articular
conceitualmente as
questões da educação
infantil brasileira, a
diversidade cultural e os
currículos com as
perspectivas
democráticas de
inclusão da diferença
enquanto direito
humano.
5. PRESSUPOSTO
• Valorizar a riqueza
da diversidade
cultural através da
educação infantil
para formar a
mentalidade
crítica das novas
gerações.
6. O MULTICULTURALISMO EM UMA
PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA
• A natureza do
multiculturalismo é complexa
e ambígua;
• É um termo polissêmico;
• O multiculturalismo sinaliza
uma abrangência
transdisciplinar nas áreas de
educação, história,
antropologia, sociologia,
filosofia, economia, política,
artes, literatura, comunicação,
etc.
• A complexidade do
multiculturalismo bebe na
fonte da cultura.
7. INFÂNCIA E DIVERSIDADE ÉTNICO
CULTURAL BRASILEIRA
• Na realidade plural brasileira é
mais pertinente falar em
infâncias: das crianças indígenas,
dos quilombolas, dos ribeirinhos,
dos camponeses, dos filhos dos
trabalhadores, das crianças das
periferias urbanas, dos órfãos,
das classes médias, das classes
abastardas, das meninas do
semiárido nordestino, dos
meninos de ruas... Enfim, todo
um caleidoscópio marcado pelas
diversas identidades. .
8. INFÂNCIA E SOCIALIZAÇÃO
• A socialização, em geral, é
confundida com a educação.
Embora, esta seja correia de
transmissão da outra.
DURKHEIM (1978) diz ser a
educação a responsável pela
transmissão da moral da
sociedade. Portanto, a
educação trataria de repassar
uma cultura instituída como
condição de perpetuação
desta mesma coletividade.
9. ETNO CULTURA E DIVERSIDADE
• A cultura resulta da síntese
do agir humano. Ou seja,
como produto de um
processo social: extrato da
experiência (hominização) .
Um mundo (material e
simbólico) é experimentado
(construído). Cada povo,
cada etnia, cada formação
humana desenvolve esse
mundo como síntese da
vida. Daí é inadmissível falar
em cultura senão no plural.
Etnia. “Na definição do
dicionário, grupo biológica
e culturalmente
homogêneo”. Na teorização
social, utilizado
frequentemente como
sinônimo de “raça”; mas,
enquanto ‘raça’ teria,
supostamente, conotações
mais biológicas, “etnia”
teria conotações mais
culturais. (...)”. (SILVA, T.,
2000: 56)
10. EDUCAÇÃO INFANTIL: desafios
curriculares e diversidade cultural
A realidade socioeconômica e
cultural das crianças retrata a
história.
As políticas públicas efetivas,
sobretudo as educacionais
para a infância, necessitam
tomar este vetor de formação
como povo e nação.
Daí traduzir-se em efeitos
concretos na diminuição de
desigualdades marcadas por
racismos, preconceitos e
discriminações.
11. INFANCIA, DIVERSIDADE, CURRICULO E
FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS)
• A formação de
professores/as para a
educação infantil necessita
estar focada em currículos
sensíveis à diversidade
cultural. No conjunto, esta
“sensibilidade” projeta uma
tradução em termos de
posturas e atitudes do
docente. Assim, o/a
docente deve formar-se
como um “agente social”
(VEIGA, 2003, p. 83)
catalisador de mudanças.
12. Pegar o chicote para a negrinha dançar
constitui um ato e uma herança simbólica a
ser refutada por tudo de excludente e
desumano posto neste arranjo de
naturalização da realidade étnico-cultural.
Uma dissimulação para uma realidade que se
pretende não racista. A educação infantil
deve fomentar a formação de
cidadãos/cidadãs multiculturais /
interculturais. (MELO, 2014, p.123-4).