SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  48
Télécharger pour lire hors ligne
Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita




                                                                  Pacto pela Educação
                                                                     Fortalece a Matriz
                                                              Curricular em Rio Branco
Praça da Revolução – Rio Branco - Acre




                                                                                          Integração pelo Juruá
                                                                                             A estrada da redenção
                                                                       Cruzeiro do Sul se apronta para
                                                                          inverter o comércio do Acre

                                                                               CPI da Energia Elétrica
                                                                      Deputados investigam as distorções
                                                                              na conta de luz do acreano
                                                                            Empreendedorismo Social
                                                                  Melhorando a vida de quem mais precisa

                                         Entrevista: Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais
EMPREENDEDOR




2
Índice
     Entrevista:                                 23   Consultoria Empresarial – com Alan Rick
05   Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais
                                                 27   Economia Cooperativista
     Cheiro da Floresta
10   Associação francesa busca matérias primas   28   Integração pelo Juruá - A estrada da redenção
     para a fabricação de perfumes
                                                      Transporte de Cargas
     Empreendedorismo Social                     32   Novas Regras para Validar o Registro Nacional
11   Melhorando a vida de quem mais precisa
                                                      CPI da Energia Elétrica
12   Sivirino vai à Expoacre                     34   Deputados investigam as distorções na
                                                      conta de luz do acreano
     Cerâmicas acreanas buscam
16   certificação                                36   As Muitas Histórias de uma “Princesinha”

18   Carta Aberta de um Seringalista da          40   Coluna Acre $/A – com Mirla Miranda
     Amazônia ao Presidente Lula

     Cruzeiro do Sul se apronta para inverter
20   o comércio do Acre




                                                                                                      EMPREENDEDOR




                                                                                                       3
editorial
               O
                         filho tão esperado, a formatu-     que aconteceu no finalzinho de agos-
                         ra, a casa própria, o primeiro     to: a vinda de aviões cargueiros direto                                                   Expediente:
                         carro... Todas essas conquis-      do Peru com produtos que estão na
               tas demandam esforço, disposição,            pauta de importação juruaense (e a         Vanderlei Nascimento
               sacrifícios e tempo. E tempo é tudo          posterior exportação de produtos da                                                     Diretor Presidente
               na vida, como destaca o artigo de            nossa região para o país vizinho) con-
               Mirla Miranda, uma das novidades             firmaram o bom momento da relação
               desta edição – além da parceria com          entre as duas regiões. Ponto para os                                                Alan Rick Miranda
               o programa Acre S. A./ Amazônia S.A.         políticos e empresários de Cruzeiro                                                 Diretor de Jornalismo e
               As novidades, aliás, estão em todas          do Sul.                                                                                   Consultoria
               as páginas. Afirmamos, sem nenhum                A EMPREENDEDOR traz também
               equívoco, que você tem em mãos               matérias sobre “empreendedorismo
               uma nova revista. Nova em essência,          social” (você sabe o que é?); sobre                                                   Marcela Jansen
               conteúdo, foco e até no nome.                a CPI da conta e luz - assunto que in-                                                Jornalista Assistente
                    Iniciamos o trabalho da edição de       teressa muito a quem produz riqueza
               setembro/outubro bem cedo. As pau-           no Acre e que se sente vilipendiado
               tas eram muitas, os temas também.            pelo altíssimo valor pago pela ener-                                                     Zeneide Mota
               Este mês você vai conhecer através           gia elétrica no estado; tem a matéria                                                Diretora Administrativa
               da REVISTA EMPREENDEDOR as                   sobre o recadastramento do setor de
               histórias de sucesso de Raimundo             transportes em todo o Brasil e muito
               Noleto – o “Raimundo da Casa dos             mais.                                                                                        Mx Design
               Cereais” que começou seu empreen-                Ah sim, antes que eu me esqueça:                                                                Layout
               dimento, junto com os irmãos, numa           a revista também estará circulando
               banca ao lado do mercado novo.               em Boa Vista-RR e Manaus-AM e nas
               Saberá também como o Roberto da              próximas edições traremos reporta-
               Princesinha transformou uma lancho-          gens do empreendedorismo que se
               nete num dos mais famosos restau-            faz nesses estados vizinhos. Por isso                                                                             Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita




               rantes da capital e que estratégias          a mudança. A EMPREENDEDOR
               de marketing desenvolveu diante de           agora é da Amazônia e do Brasil, mas                                                                          Pacto pela Educação
                                                                                                                                                                             Fortalece a Matriz
               cada desafio.                                com os pés bem firmados no seu nas-                                                                       Curricular em Rio Branco


                    Esta edição traz um balanço geral       cedouro, trazendo e focando sempre
               da Expoacre 2009! Tudo bem, tá cer-          em primeiro lugar o empreendedoris-
               to que já estamos em outubro, porém          mo do povo acreano.
                                                                                                       Praça da Revolução – Rio Branco - Acre




               nenhuma revista jamais trouxe um                 Boa leitura.
               levantamento tão completo do maior                                                                                                                                                 Integração pelo Juruá
                                                                                                                                                                                                     A estrada da redenção

               evento do estado. A reportagem “Sivi-                                                                                                                           Cruzeiro do Sul se apronta para
                                                                                                                                                                                  inverter o comércio do Acre
                                                                                                                                                                                       CPI da Energia Elétrica
               rino vai a Expoacre” merece sua aten-                                                                                                                          Deputados investigam as distorções
                                                                                                                                                                                      na conta de luz do acreano
                                                                                                                                                                                    Empreendedorismo Social

               ção. Como um produtor rural enxerga                                                                                                                        Melhorando a vida de quem mais precisa

                                                                                                                                                 Entrevista: Raimundo Noleto da Casa dos Cereais
               a Feira? O que interessa ao homem
               do campo, num evento dessa magni-                                                        Empreendedor de
               tude? Você saberá e certamente vai                                                     Sucesso anuncia AQUI.
               se divertir durante a leitura.
                    A integração comercial, cultural e                                                                                            (68) 3223-0954
               política com o Peru, em Cruzeiro do                                                                                                (68) 9969-2718
               Sul, é também uma reportagem espe-                                                                                               Rua Delfim Neto/63
               cial. Durante a realização da ExpoJu-                                                                                             Cep: 69.908-970
               ruá 2009 um importante evento selou                                                                                              Cohab do Bosque
               o acordo de intenções comerciais,
               culturais e políticas entre os dois pa-
               íses. Aliás, um passo gigantesco foi
               dado para a integração comercial
               durante o Encontro Político Empresa-
               rial entre autoridades dos dois países
EMPREENDEDOR




                                   Vanderlei Nascimento
                                       Diretor Presidente




4
entrevista
CASA DOS CEREAIS
DE BARRACA A SUPERMERCADO COM A
FORÇA DA FAMÍLIA

A
       Casa dos Cereais conquistou
       clientes e amigos ao longo de
       sua história por algumas ca-
racterísticas comerciais que poderí-
amos chamar de virtudes. O arroz, a
farinha, o milho, o feijão, a mandioca,
as hortaliças e frutas da região e os
produtos que encontramos em qual-
quer supermercado, com o diferen-
cial de que os sócios-irmãos tinham
sempre uma maneira de ajudar o
cliente a pagar de acordo com suas
possibilidades. Era comum um pro-
                                          Raimundo e seus irmãos começaram com esta pequena banca ao lado do Mercado
dutor-fornecedor precisar de ajuda,
de crédito, e a quem procurava? Os
irmãos Leonídio, Vítor e Raimundo,            Seu Davino montou sua barraca        estava de volta a Gurupi. Virou técni-
da Casa dos Cereais. Os produtos          e passou a vender a produção da la-      co de futebol do time juvenil do Cru-
em abundância e sempre frescos aju-       voura no recém criado mercado muni-      zeirinho. Os meninos eram bons de
daram a consolidar a Casa dos Cere-       cipal de Gurupi. Ali começava a forjar   bola e chegaram a ficar meses sem
ais como um dos pontos comerciais         no caráter dos filhos o mesmo espírito   perder uma partida. Os pais gosta-
mais importantes do Mercado Novo,         empreendedor que carregava.              vam por causa do treinamento e da
o atual Mercado Elias Mansour.                Aos seis anos de idade, o filho      disciplina militar do técnico do time.
    Essa típica empresa familiar cres-    Raimundo já era levado pelo pai para     Foram 10 anos na carreira de técnico
ceu e hoje é uma bem sucedida rede        ajudar na feira. Com os outros irmãos    de futebol amador, no Tocantins. Ain-
de supermercados. São duas lojas em       fazia de tudo. Vendeu picolé, engra-     da no Tocantins, foi eleito vereador
Rio Branco e uma em Brasiléia, além       xou sapatos e conforme ia crescendo      por dois mandatos no município de
de novos investimentos que já estão       assumia mais responsabilidades. Aju-     Gurupi.
sendo tocados.                            dava, mas também estudava. Com
    A vocação comercial dos irmãos        muita luta concluiu o ensino médio.      A VINDA PARA O ACRE
vem desde o berço, aliás, vem do              Em 1978, já rapaz, Raimundo fez
sangue e é essa história que vamos        um concurso para a aeronáutica. Foi          Em 1990, os irmãos Vítor e Leo-
conhecer com mais detalhes a partir       aprovado e serviu como soldado no        nídio vieram para o Acre. Eles viam
desta reportagem.                         VI Comando Militar da Aeronáutica,       no estado as mesmas oportunidades
                                          na Base Aérea de Anápolis (GO). Fi-      que o pai enxergou em Gurupi. Os
EMPREENDEDORES DE                         cou ali quase dois anos. “Esse perío-    irmãos que já tinham experiência no
BERÇO                                     do marcou decisivamente minha vida.      ramo de secos e molhados monta-
                                          No quartel aprendi disciplina e senso    ram uma barraca ao lado do Merca-
    “Seu Davino Martins Noleto, goia-     de hierarquia. Até hoje aplico algu-     do Novo e iniciaram o negócio. Rai-
no e dona Maria Moreira, uma mara-        mas regras do modelo militar no nos-     mundo chegou um pouco mais tarde,
nhense de fibra, tiveram 15 filhos, dos   so empreendimento. Por isso muitos       convocado pelos irmãos. Antes tinha
quais 12 estão vivos. Seu Davino era      funcionários me vêem como militar”,      orado a Deus, pedindo um sinal, uma
um homem do campo, não teve es-           revela Raimundo Noleto. Sempre que       direção para verdadeiramente vencer
tudo, mas tinha visão de empreende-       aparecia um serviço na base aérea, o     na vida. Sabia que seria comerciante.
dor. Ao saber que uma nova cidade         soldado Raimundo era voluntário, por     Noleto é crente fervoroso da Assem-
estava para ser erguida em Goiás, pe-     isso foi adquirindo o respeito e a ad-   bléia de Deus Ministério Madureira.
gou os poucos pertences, a mulher e       miração de todos na tropa.                   Quando chegou a Rio Branco, a
                                                                                                                              EMPREENDEDOR




os filhos e caminharam 30 dias a pé           Mas a saudade do pai falou mais      banca já empregava 10 funcionários.
até chegar àquilo que um dia viria a      alto. Aliás, não só a saudade. “Seu”     Raimundo, dos irmãos, sempre teve
ser o município de Gurupi, hoje no        Davino não via futuro para o filho na    um perfil mais ousado para os negó-
estado do Tocantins.                      carreira militar. Em 1980, Raimundo      cios. Em razão disso, Vítor e Leonídio o


                                                                                                                               5
colocaram como diretor do empreendi-     cido o irmão Leonídio) ajudou certa        adotou o Acre como sua casa. Sua es-
               mento.                                   vez o empreendimento de um rapaz,          posa é dona Anilsa Barbosa Moreira,
                   O movimento do mercadinho já         o Zacarias. Não tínhamos nenhuma           também de Gurupi-TO. Eles têm três
               era bom. O empreendimento era fa-        garantia de recebimento do dinheiro        filhos: Igor, Huggo e Hudson. Raimun-
               moso porque tinha de tudo: hortifruti-   investido. O rapaz queria montar uma       do Noleto que recebeu os títulos de ci-
               granjeiros, cereais, peixe seco, rapa-   casa de farinha. O Goiano acreditou,       dadão rio-branquense e acreano pela
               dura, produtos a granel, farinha de      ajudou o rapaz, o negócio deu certo e      Câmara de Vereadores de Rio Branco
               Cruzeiro do Sul, farinha de tapioca...   hoje o Zacarias expandiu seus negó-        e Assembléia Legislativa, respectiva-
                   O faturamento já era suficiente      cios e virou até pecuarista. Mas o filho   mente, concedeu a seguinte entrevista
               para que os irmãos levassem uma          dele ainda toca a casa de farinha no       à EMPREENDEDOR ACREANO.
               vida sossegada, mas sem luxo. Os         Calafate”, revela Raimundo.
               dois primeiros estavam satisfeitos                                                  RE: COMO SURGIU O NOME
               com o rumo dos negócios, mas Rai-        A LOJA DO TANCREDO                         CASA DOS CEREAIS?
               mundo não.        Enxergava muitas       NEVES - MODERNIZAÇÃO E
               injustiças no dia-a-dia do mercado       GRANDEZA                                        RAIMUNDO NOLETO: Porque
               municipal. Gente desempregada ou                                                    nosso foco de vendas era o milho, o
               no subemprego. Tinha o desejo de             O Supermercado Casa dos Ce-            feijão, o arroz... Aí você já viu! No Acre
               contratar essas pessoas, possibilitan-   reais do Tancredo Neves surgiu em          o nome pega! Naquela época a pro-
               do renda para suas famílias.             2007. Muitos consumidores fiéis da         dução de grãos também era maior. Ti-
                                                        Casa dos Cereais do mercado Elias          nha um incentivo muito grande quan-
               EXPANDINDO O NEGÓCIO                     Mansour moravam naquela região             do o (Tião) Bocalon era secretário
                                                        da cidade e constantemente pediam          de agricultura. Foi um período muito
                   Raimundo começa, então, a mo-        que os irmãos abrissem um merca-           bom para a produção.
               tivar os irmãos a investir e ampliar o   do por ali. Outro fator que motivou a
               negócio. Conseguiu convencê-los e        expansão foi a falta de estrutura na       RE: POR QUE O SENHOR
               com recursos próprios e a parceria       área próxima do Terminal Urbano. No        VENCEU NO ACRE E NÃO NO
               de alguns fornecedores, em 2004 am-      local o estacionamento é insuficiente,     TOCANTINS?
               pliaram o negócio e transformaram o      o trânsito é muito congestionado e a
               antigo mercadinho em supermerca-         concorrência está muito próxima.               RAIMUNDO NOLETO: Porque
               do.                                          O imóvel no Tancredo Neves é alu-      eu acredito que o Acre é a terra das
                   Em pouco tempo já estavam            gado, mas ali os Noleto investiram R$      oportunidades para quem quer traba-
               comprando as áreas em redor e hoje       3,5 milhões em acabamento, reforma         lhar. Tem um povo hospitaleiro que só
               são donos de 3200 metros quadra-         e instalações. Outra loja que será am-     precisa de uma mão, um apoio inicial.
               dos do imóvel vizinho à Feira Muni-      pliada em breve é a de Brasiléia que       Precisamos gerar oportunidades de
               cipal. A área total, somando-se os       passará dos atuais 400 metros qua-         trabalho para o nosso povo.
               pontos alugados, fica em torno de        drados para 2 mil metros quadrados.
               4,7 mil metros quadrados.                    Um dos sonhos de Raimundo está         RE: ONDE É PRECISO
                   A empresa foi crescendo na mes-      sendo consolidado. Hoje, ele e sua         MAIS OPORTUNIDADES DE
               ma medida em que as pessoas vi-          família dão emprego direto a 400 pes-      TRABALHO?
               nham procurar emprego. “Eu posso         soas. Indiretamente estima empregar
               dar um exemplo desse nosso jeito de      aproximadamente 5 mil acreanos.               RAIMUNDO NOLETO: Eu penso
               trabalhar. O Goiano (como é conhe-           Esse tocantinense de 50 anos,          que o Estado tem que criar as con-
EMPREENDEDOR




               A Casa dos Cereais do Tancredo Neves, um investimento de quase R$ 4 milhões, foi um pedido dos moradores da região


6
EMPREENDEDOR




7
dições para que a iniciativa privada     jeiros. Um dia desses um senhor me      dindo ajuda, com tanta terra fértil no
               possa se desenvolver mais. Devemos       procurou para oferecer um produto:      Acre. Lá em Tocantins nós temos pro-
               olhar com mais carinho para a produ-     gengibre. Ele tem capacidade para       dução até no “deserto” do Jalapão: é
               ção. Eu creio que nós empresários        produzir até 10 mil quilos por mês.     o famoso capim dourado. E aqui com
               e produtores também podemos criar        Mas ninguém nem sabia!                  terra pra produzir, plantação feita, a
               essas condições para que o nosso             A madeira, por exemplo, pode ser    coisa emperra por causa da burocra-
               povo possa produzir mais.                mais utilizada para construção de ca-   cia. É um absurdo.
                                                        sas populares.
               RE: O QUE, ENTÃO, PRECISA                    Fui a uma feira no Shopping Cen-    RE: COMO O SENHOR
               SER MELHORADO PARA QUE                   ter Norte, em São Paulo, num evento     AVALIA O MODELO DE
               O ESTADO PRODUZA MAIS?                   da APAS- Associação Paulista de Su-     DESENVOLVIMENTO DO
                                                        permercados. Lá eu vi muitos móveis     ATUAL GOVERNO?
                   RAIMUNDO NOLETO: A carga tri-        fabricados com madeira acreana. Foi
               butária ainda é muito elevada. O Esta-   um choque. Era para agregar valor a         RAIMUNDO NOLETO: É um bom
               do tem recebido muitos recursos para     esses produtos aqui mesmo no Acre.      modelo, com certeza. Mas é pos-
               investimentos em construções e infra-    Mas a maior parte da madeira con-       sível gerar muito mais empregos
               estrutura, mas, no meu entendimento      tinua saindo daqui em toras e pran-     principalmente no setor madeireiro,
               o foco deve ser a produção. Isso ge-     chas, sem agregar valor. Isso tem que   agregando valor aos produtos. Tem
               raria muitos empregos e renda para       acabar.                                 empresário fechando suas pequenas
               milhares de famílias. Quando nós ge-         O manejo é um negócio excepcio-     indústrias por falta da madeira mane-
               ramos emprego tiramos pessoas da         nal. Mas o Estado deveria subsidiar a   jada a preço justo. É preciso ajustar
               vida degradante. Quanto mais empre-      madeira manejada para as pequenas       a legislação para as condições do es-
               go, menos violência. Problemas fami-     marcenarias. Do contrário elas conti-   tado. Os pequenos deveriam ser be-
               liares são resolvidos com emprego,       nuarão sendo engolidas pelas gran-      neficiados, com incentivos, um subsí-
               renda e trabalho.                        des madeireiras.                        dio, talvez.

               RE: E QUE SETORES                        RE: O SENHOR ACREDITA QUE               RE: O QUE ESTÁ FALTANDO
               PRODUTIVOS DEVEM SER                     EMPREENDIMENTOS COMO                    NO MEIO POLÍTICO DO
               PRIORIZADOS?                             A ÁLCOOL VERDE MERECIAM                 ESTADO PARA QUE ESSES
                                                        MAIS SENSIBILIDADE DAS                  PROJETOS ACONTEÇAM?
                  RAIMUNDO NOLETO: Eu ajudaria          INSTITUIÇÕES?
               na produção de grãos e hortifrutigran-                                                RAIMUNDO NOLETO: Todos os
                                                           RAIMUNDO NOLETO: Com cer-            dias vemos empresas e pequenos
                                                        teza. Dói quando vemos pessoas pe-      negócios morrendo. Tem empresas
                                                                                                acreanas se instalando em Rondônia.
                                                                                                O que está faltando é atitude, ação.
                                                                                                Tem muita retórica, muito discurso.
                                                                                                Acredito, pela nossa experiência, que
                                                                                                é preciso incentivar a gestão, diminuir
                                                                                                a burocracia e aliviar a pesada carga
                                                                                                tributária. Todos os que estão no Go-
                                                                                                verno sabem o que fazer. O difícil é
                                                                                                agir. Gerar emprego é fruto de vonta-
                                                                                                de política.
                                                                                                     O político é uma autoridade cons-
                                                                                                tituída pelo povo, mas pode ter cer-
                                                                                                teza que foi pela vontade de Deus.
                                                                                                Por isso tem que exercer o mandato
                                                                                                como um sacerdócio, como um ver-
                                                                                                dadeiro servidor. É isso que é preci-
                                                                                                so fazer. Podemos fazer muito mais.
                                                                                                Acredito que tudo pode melhorar.




                                                                                                                     Raimundo Noleto,
                                                                                                                      o “Raimundo dos
                                                                                                                         Cereais” é um
                                                                                                                         empreendedor
EMPREENDEDOR




                                                                                                                        que acredita na
                                                                                                                     produção agrícola
                                                                                                                    como fomentadora
                                                                                                                   do desenvolvimento
                                                                                                                             do Estado


8
Missão
Promover a Competitividade e o
 Desenvolvimento Sustentável
das Micro e Pequenas Empresas
    www.sebrae.com.br
Cheiro da Floresta
               Associação
                               A
                                       tuando na região oeste da
                                       França onde estão instaladas

               francesa
                                       empresas que produzem per-
                               fumes como o Chanel Nº 5, Pacco

               busca novas
                               Rabane e Dior a Cosmetic Valley é
                               uma associação que promove a inte-

               matérias
                               gração de serviços entre empresas,
                               pesquisadores e universidades para
                               estimular a produção e a competitivi-
               primas para     dade.
                                    Sempre em busca de novidades,
               a fabricação    a Cosmetic Valley envia ao mundo
                               seu diretor geral Jean-Luc Ansel que
               de perfumes     está no Acre procurando informações
                               sobre ervas e essências amazônicas

               com cheiro da   que possam servir de base para o
                               desenvolvimento de novos produtos

               floresta        para as indústrias com as quais sua
                               entidade se relaciona.                   Jean-Luc Ansel da Cosmetic Valley
                                    Acompanhado pelo tradutor Ay-
                               mar Roger, Ansel esteve conhecendo       novas tecnologias. “Ao beneficiar aqui
                               os resultados das pesquisas que vêm      sua matéria prima, isso nos permite
                               sendo desenvolvidas pela Fundação        divulgar sua localidade de origem e o
                               de Tecnologia do Acre (Funtac) e tam-    nome Amazônia que é uma marca im-
                               bém procurou o Sebrae em busca de        portante e que precisa ser usada com
                               informações sobre empresas acrea-        sabedoria”, explicou Ansel.
                               nas que produzam óleos essenciais e          Ele destacou sua surpresa ao
                               outras matérias primas para a indús-     conhecer os trabalhos e pesquisas
                               tria da perfumaria e cosméticos.         que vêm sendo realizadas na Funtac
                                    “Buscamos novidades, mas não        onde, além de informações sobre o
                               nos interessamos por matérias pri-       uso comercial de óleos como a Copa-
                               mas brutas, queremos que elas se-        íba e Andiroba, também descobriu o
                               jam beneficiadas aqui por empresas       potencial da pimenta longa na produ-
                               daqui, por isso, nosso desejo é o de     ção do safrol que é um dos principais
                               construir parcerias com entidades        fixadores utilizados tanto pela indús-
                               como o Sebrae, Universidade e insti-     tria de perfumes, quanto de tintas e
                               tuições de pesquisa para que apóiem      medicamentos.
                               e orientem esses empreendedores na           Ele advertiu, no entanto, que sua
                               fabricação, no beneficiamento dessas     associação busca informações e
                               matérias primas dentro do padrão de      idéias, ao mesmo tempo em que se
                               qualidade, regularidade e segurança      propõem a oferecer soluções tecno-
                               exigido pelas indústrias”, esclareceu    lógicas em parceria com pesquisado-
                               Ansel.                                   res e universidades. Porém, depende
                                    Ele explicou que ao beneficiar as   da atitude das pessoas e da iniciativa
                               essências e extratos da floresta na      de quem almeja transformar essas
                               própria zona de produção, eles con-      idéias em produtos que gerem renda
                               tribuem para o desenvolvimento re-       de forma sustentável evitando a que-
                               gional sustentável gerando emprego,      bra da cadeia produtiva regular que é
                               renda e estimulando a aplicação de       o que interessa ao mercado.
EMPREENDEDOR




10
Empreendedorismo Social
Melhorando a vida de quem mais precisa

O
         termo empreendedor comu-
         mente se refere a uma pes-
         soa que começa um negó-
cio; um novo empreendimento para               Casa de
aferir lucro e renda. Mas a palavra          Apoio vai
“empreendedor” não se limita à área         ajudar aos
                                             pacientes
de negócios. Veio da língua francesa        do interior
e significa “alguém que se encarrega           que não
ou se compromete com um projeto               têm con-
                                             dições de
ou atividade significante”. A palavra       pagar hos-
foi associada aos indivíduos (empre-         pedagem
sários, profissionais liberais, artistas,    na capital
políticos, servidores públicos, etc.)
que estimularam o crescimento eco-
nômico e a qualidade de vida das
pessoas por encontrarem diferentes e
melhores maneiras de fazer as coisas.       que afirma Charles Leadbeater, autor de   dormir no chão para melhor atender
Em vez do tipo do empreendimento            “The rise of the Social Entrepreneur” -   os que visitavam nossa casa”, lembra
que o individuo tem, a palavra descre-      Demos, Inglaterra.                        Jessé.
ve uma postura, um comportamento                Um exemplo muito recente des-             O imóvel foi adquirido pelo vere-
e conjunto de qualidades. Empreen-          te tipo de empreendedorismo foi o         ador, através de financiamento junto
dedores vêem possibilidades, e não          que aconteceu na quinta-feira, 20 de      à Caixa Econômica Federal. Foi refor-
problemas, para provocar mudanças           agosto, quando o presidente da Câ-        mado, ampliado, recebeu pintura e
na sociedade e não se limitam aos re-       mara de Rio Branco, vereador-pastor       adequação nos sistemas hidráulico e
cursos que têm num momento.                 Jessé Santiago (PSB) entregou à           elétrico para oferecer mais conforto e
    “Empreendedores sociais são como        Igreja Assembléia de Deus, a Casa         segurança.
empresários nos métodos que eles uti-       de Apoio Pastor Jeová Santiago, no            Segundo Jessé, ao mesmo tem-
lizam, mas são motivados por objetivos      bairro Estação Experimental. A casa       po em que presta uma homenagem
sociais ao invés de benefícios materiais.   foi construída em madeira, medindo        ao seu pai, que sempre atendia os
Sua grande habilidade é que eles, com       25 x 10, em um terreno de 600 metros      irmãos mais carentes em sua casa,
freqüência, fazem as coisas a partir de     quadrados. A casa foi cedida em ter-      está realizando um antigo sonho:
quase nada, criando formas inovadoras       mo de comodato com prazo inicial de       oferecer um acolhimento digno aos
de promoção de bem estar, saúde, ha-        quatro anos.                              irmãos que não têm parentes nem
bitação, que são tanto de baixo custo,          A Casa homenageia o pai de            dinheiro para pagar hospedaria ou
quanto efetivas se comparadas aos ser-      Jessé, o pastor Jeová Santiago, um        hotel.
viços governamentais tradicionais”, é o     empreendedor social que dedicou               “O maior empreendedor social da
                                            boa parte de sua vida ao atendimento      história foi Jesus Cristo que deu sua
                                            aos irmãos mais carentes. O imóvel        vida por quem não merecia. A Bíblia
                                            dispõe de três quartos, sala, cozinha,    está cheia de exemplos, mas gosto
                                            banheiro, sala de estar, sala de jantar   de citar a carta do apóstolo Tiago que
                                            e áreas de estar na frente e nos fun-     diz que a fé, sem obras é morta. Por
                                            dos. O imóvel está mobiliado com 14       isso, temos que agir e mostrar nossa
                                            beliches e colchões novos, além de        fé pelas obras que praticamos”, afir-
                                            guarda-roupa, refrigerador, televisor,    ma o vereador.
                             Vereador e     pia com balcão e cisterna com capa-
                          Pastor Jessé
                          Santiago deu      cidade para 2000 litros.
                             o nome de          A administração da Casa ficará a
                         seu pai à casa     cargo da Associação Cristã Alfa, li-
                           de apoio no
                         Bairro Estação     gada à Igreja Assembléia de Deus e
                          Experimental      presidida por Cacilda Santiago. Os
                                            evangélicos do interior serão enca-
                                                                                                                               EMPREENDEDOR




                                            minhados pelos pastores e poderão
                                            ficar hospedados por um prazo de até
                                            15 dias. “Meu pai recebia os irmãos
                                            em sua casa. Muitas vezes chegou a        Mobiliário da Casa de Apoio



                                                                                                                               11
SIVIRINO VAI À EXPOACRE
               “Seu” Sivirino que nunca tinha ido ao evento
               nos relata suas impressões da maior festa
               popular e de negócios do Acre.

                  S
                           ivirino da Silva é um típico    mais ouriçadas piscando pros peões.           cre!” “E ainda tem uns ‘cabra’ que diz
                           nordestino que veio para        “Arre égua, meu fií, o negócio aqui é         que o Acre ‘num’ tem indústria”.
                           o Acre ainda criança. Sua       arrochado”.                                       É seu Sivirino. Foram cinqüenta
               família instalou-se no ramal do Tocan-           No entanto, ficou mesmo de olho          indústrias de látex, castanha, polpa
               tins, pra lá das Vilas do “V” e do Incra,   no trabalho da equipe da organiza-            de frutas, energia, reciclagem, tintas,
               na jurisdição de Porto Acre, em me-         ção. Alguns de carro, outros a cavalo.        plástico, construção civil, produtos de
               ados da década de 1960. Seus pais           Uns mais atentos outros nem tanto.            limpeza, bebidas, laticínios, alimentos
               eram agricultores e a muito custo           Cada um em sua função ajudando                em geral e até colchões. Já dá para o
               conseguiram um pedacinho de terra           a organizar a cavalgada. Um fato,             senhor ir pensando em trocar essa sua
               num dos assentamentos do Incra na           porém, atraiu a atenção do agricul-           rede velha por um colchão novinho,
               região. Sivirino é o herdeiro, já que       tor: era o Paulinho Viana, do IDAF,           “made in Acre”!
               dos outros oito filhos, três morreram,      fazendo o percurso todo a pé. “Meu                Nosso visitante lembrou das pa-
               dois foram tentar o garimpo em Ro-          fií, ainda bem que ele tava de tênis,         lavras do secretário de Ciência e
               raima e por lá ficaram; um se formou        porque se tivesse de bota ia passar a         Tecnologia, César Dotto, numa outra
               professor e hoje trabalha em Rio            feira todinha contando os ‘calo’. O pé        entrevista com o Alan Rick: “Esse é o
               Branco e as duas irmãs se casaram e         dele ia ficar ‘pôdi’”. Conseguiu ainda        momento para que mais pessoas pos-
               foram embora.                               identificar o Jorge Viana e o Tião, o         sam conhecer os produtos industriali-
                   O agricultor nunca tinha ido à          César Messias e até o Mauro Ribeiro           zados no Acre. O espaço foi pensado
               Expoacre. “Tenho tempo pra essas            de chapéu e com aquele bigodão do             para a realização de negócios durante
               ‘coisa’ não meu ‘fií’ ”, dizia sempre.      Zé Leôncio da novela Pantanal.                o evento”.
               Até que um dia, assistindo o progra-             “Ainda bem que eu ‘trusse’ meu               O setor moveleiro é outro que a
               ma de entrevistas da TV Gazeta viu o        ‘saquin’ de farinha com carne seca”.          cada ano atrai mais público. Com no-
               Paulo Viana e o Mauro Ribeiro anun-         Não precisava não, seu Sivirino! Por          vos produtos, design, a qualidade do
               ciando que a festa ia ser bonita tanto      lá se vendia de tudo: churrasquinho,          acabamento e as tecnologias aplica-
               pro homem da cidade quanto para o           salgados, picanha na chapa, sandu-            das, os móveis acreanos de madeira
               homem do campo. Até convênio para           íche, picolé, sucos... bebida, então,         certificada nada deixam a desejar aos
               a agricultura familiar disseram que o       nem se fala. Parecia até que a feira          fabricados nas grandes indústrias do
               governador iria assinar durante a fes-      já tinha começado. Ainda bem que              sul e sudeste do país. Esse ano o Pólo
               ta. “Marrapaiz, eu ‘vô mermo, ó’! Vai       Sivirino não bebe, quem iria “pilotar”o       Moveleiro lançou a coleção de móveis
               que eu consigo mais um ‘crédituzin’         Godofredo? Toca a cavalgada... e              certificados.
               daquele ‘Pronafi’. Aí dá ‘pá’ plantar       Sivirino preocupado com o Paulinho                O Pólo de Rio Branco recebeu o
               mais um ‘milhozin’, um ‘fejãozin’ e até     Viana, quase deu-lhe uma carona no            selo de certificação FEC pela presta-
               comprar mais umas ‘novilha’ ”.              lombo do jumento.                             ção de serviços, marcenaria e seca-
                                                                                                         gem de madeira. O Sindmóveis con-
               A CAVALGADA                                 DO RAMAL AO MARECHAL                          cedeu o selo a um pequeno grupo de
                                                                                                         quatro empresas que produzem obje-
                   E ele foi mesmo. O homem levou               O Parque de Exposições Marechal          tos e móveis a partir de madeira com
               o negócio tão a sério que conseguiu         Castelo Branco impressionou o visi-           certificação de origem.
               até lugar na cavalgada. Pegou uma           tante. “Rapaiz! O povo gosta ‘mermo’              E não parou por aí: o setor move-
               carona no ramal pra ele e seu jumen-        de ‘abunitar’ as coisa”. Sivirino não         leiro também mostrou outra novidade
               to Godofredo, chegou cedo à Game-           está só quando faz esta análise. Quem         na Expoacre 2009: a ambientação de
               leira e seguiu junto com as comitivas.      passeou pela feira este ano pôde per-         espaços. Foram montados quartos,
               O difícil foi agüentar aquela friagem       ceber mudanças em quase todos os              salas, cozinhas, com a exposição dos
               da manhã de sábado.                         espaços. Umas mais sutis. Outras              móveis para cada ambiente. Somente
                   Sivirino viu muita coisa: Gente fa-     bastante profundas. O setor da indús-         neste setor, dez indústrias participa-
               zendo festa em cima de caminhão,            tria, por exemplo. Nunca teve um es-          ram da oportunidade de negócios.
               famílias inteiras brincando, funcioná-      paço tão privilegiado. Dois mil metros        Outras dez do setor madeireiro mos-
EMPREENDEDOR




               rios de empresas uniformizados em           quadrados, quase o tamanho da colô-           traram seus produtos.
               suas comitivas, “peão do asfalto” se        nia do seu Sivirino. “Uma, duas, ‘trêis’,         “Meu fií, me deu vontade de trocar
               equilibrando em lombo de cavalo,            4... 25, 26, 27... 48, 49, 50”. “Marrapaiz,   os ‘movi’ lá de casa ‘tudin’, ó”, decre-
               mulher bonita só observando e as            cinqüenta ‘indústria’ só aqui na Expoa-       tou Sivirino.


12
AGRICULTURA FAMILIAR – O
TERRENO DO SIVIRINO

     “Minino, eu queria ‘mermo’era
aquela cesta que entregaram pro Bi-
nho, ó”. Eu também, seu Sivirino! A
cesta era farta: tinha palmito, iogurte,
queijo, farinha, copaíba, banana, ra-
padura, doce de leite, polpa de fru-
tas, milho e feijão. Todos produzidos
por pequenos agricultores familiares
iguais ao “seu Sivirino” que resolve-
                                           Expoacre 2009 foi considerada a melhor de todos os tempos
ram presentear o governador durante
solenidade de liberação de recursos
do Banco da Amazônia na Expoacre           quilômetros de ramais asfaltados e       a Expoacre pelo governador Binho
2009.                                      outros 250 foram piçarrados.             Marques e representantes do Banco
     Ao todo foram liberados R$ 3,7            “É, meu fií. Ano passado eu tirei    da Amazônia e do Grupo Contri.
milhões para impulsionar o setor. O        um ‘dinherin’ no Basa pra pagar em            Com investimento de R$ 1,4 mi-
dinheiro vem das linhas de crédito do      sete ‘ano’, com juro de 2% ao ano e      lhão, o objetivo é que a pequena in-
Pronaf e “Mais Alimento” e é destina-      um prazo de trêis ano para começar       dústria comece a operar em 40 dias.
do para a compra de veículos, grades       a pagá, ó. É pur isso que plantei meu    O frigorífico deve gerar 15 empregos
aradoras, plantadeiras, caminhões,         milhozin, meu fejãozin e já to queren-   diretos e 90 indiretos. A capacidade
cercas elétricas e horas de trabalho       do é aumentar a produção, viu!”.         de abate é de cem animais por dia e
de tratores.                                   É por isso que o secretário da Se-   o dono do empreendimento diz que
     “É, mas o gunverno tem que aju-       aprof, Nilton Cossom, diz que a ten-     vai trabalhar em parceria com cerca
dar nóis pela Seaprof, com a assistên-     dência nos próximos anos é o Acre se     de 160 produtores da região.
ça técnica nas nossa colônhas, meu         tornar auto-sustentável na produção           “Olhe, eu gosto mermo é de carne
fií. Purque num basta só o dinhêro,        de vários itens. “Hoje, 100% das aves    de boi, mas um ‘carnerin’ tem seu va-
tem que ter assistênça”. E é isso mes-     e da mandioca, 95% da banana, 60%        lor, ó. Se for um recheado com arroz
mo que o governo garantiu, “seu”           do feijão e 50% do milho que con-        entãosí... vixe, eu como que peco”.
Sivirino. A assistência técnica vem na     sumimos no Acre é produzido aqui
seqüência. E se não chegar lá na sua       mesmo pela agricultura familiar. Com     BOIADA CADA VEZ MELHOR
colocação, o senhor nos avise que          a tecnologia e o crédito, vamos au-
nós cobramos do Nilton Cosson, o           mentar ainda mais nossa produção”,           “Seu minino, como é que faz pra
secretário de Extensão Agroflorestal       avalia.                                  participar do sorteio dessa boiada?
e Produção Familiar.                           Já o Instituto de Defesa Agroflo-    Num tão ‘jogano’ do ‘guiza’ não, né”?
                                           restal - IDAF, que recentemente fez      Essa foi a pergunta bem-humorada
OS INVESTIMENTOS                           um levantamento de rebanhos no           do “seu” Sivirino ao Mauro Ribeiro,
                                           Acre, afirma que o estado já tem 55      Secretário de Agricultura e Pecuária.
    O que o trabalhador rural quer é a     mil ovinos para abastecer o primeiro     Isso porque esse setor deu um gran-
garantia da cadeia produtiva. E isso       frigorífico do segmento no estado.       de salto qualitativo nesta Expoacre
está sendo feito. O Pacto Agrário já       Uma Carta de Intenção para a insta-      2009. A pista de desfile e ranquea-
liberou cerca de R$ 300 milhões em         lação do empreendimento na Estrada       mento de animais pode ser compara-
quatro anos. No estado foram 250           de Porto Acre, foi assinada durante      da às melhores do restante do Brasil.
                                                                                    Cerca de 130 animais desfilaram du-
                                                                                    rante o evento. “Tivemos uma pista
                                                                                    com padrão de qualidade que nos
                                                                                    deixou entre as melhores pistas bra-
                                                                                    sileiras. Além disso, o público de 20 a
                                                                                    30 mil pessoas por noite e o volume
                                                                                    de negócios superior a R$ 56 milhões
                                                                                    de reais superaram as expectativas
                                                                                    e os números do ano passado”, afir-
                                                                                    mou Paulo Viana, um dos organiza-
                                                                                    dores do evento.
                                                                                        O melhoramento genético do re-
                                                                                    banho bovino do estado, composto
                                                                                    na maioria pela espécie nelore, é o
                                                                                                                              EMPREENDEDOR




                                                                                    responsável por isso. O gado acreano
                                                                                    participou pela primeira vez do Circui-
                                                                                    to Boi Verde de ranqueamento de car-
                                                                                    caça. A final do ranqueamento, que é

Rankiamento de animais mostrou a melhoria genética do rebanho acreano
                                                                                                                              13
Paulo Viana, presidente do
                                                                                                                           IDAF, um dos organizadores
                                                                                                                                     da Expoacre 2009




               Convênios do Governo com o setor produtivo possibilitam investimentos em máquinas e equipamentos




               o julgamento dos animais por um juiz          compra de touros, ou somente da               biente. O chamado boi verde hoje é
               credenciado pela Associação Brasi-            cobertura, e mais ainda com a apli-           marca que atrai os compradores mais
               leira de Gado Nelore, foi realizada na        cação de tecnologia avançada. Os              exigentes dentro e fora do Brasil. En-
               noite de quinta-feira, 30 de julho.           pequenos contam com o apoio do                tão o caminho é este”, ressaltou.
                    Com isso, é a primeira vez que o         Estado e da Embrapa e seu laborató-               E foi na quinta-feira da Expoa-
               gado acreano passa por uma avalia-            rio de melhoramento genético. A me-           cre, dia 30, que os dez primeiros
               ção de diversos critérios já estabeleci-      lhora genética garante, por exemplo,          colocados no ranqueamento foram
               dos nacionalmente. A qualidade zoo-           o ganho de peso de forma mais pre-            apresentados ao público e os donos
               técnica e genética e a relação idade          coce para os animais. “Antes no Acre          receberam troféus. Sivirino estava lá
               - peso são alguns dos itens avaliados.        se matava bois com cinco, seis anos           e declarou: “ano que vem eu ‘vô tá’
               Mauro Ribeiro diz que os animais ran-         de idade com pouco peso. Agora, os            aqui ‘cum’ bezerro desses”.
               quedos se tornam produtores de sê-            animais são abatidos com três anos                “É, meu ‘fií’ o povo ‘tá dizenu’ que
               mem e este sêmem se torna cada vez            alcançando 500 quilos de peso bruto           essa Expoacre de 2009 foi a melhor
               mais valioso com o melhoramento               e 260 quilos só de carne”, explica o          de todas. E olhe que eu nem assisti
               genético dos animais.                         secretário.                                   os ‘artista’ ‘purque’ tinha que ‘acordá
                    “Mas e como é que eu posso me-               Na premiação do ranqueamento o            cedin’ pá trabalhar no dia seguinte.
               lhorar o meu ‘gadin’ lá da colônha,           governador Binho Marques, ressaltou           Mas, meu fií, fiquei muito ‘sastisfeito’
               seu Mauro? Isso é coisa só pra rico”,         que a pecuária pode ser sim, uma ati-         ‘cum’ que eu vi lá, ó”.
               questiona Severino. Mas, segundo o            vidade sustentável do ponto de vista              Quem sabe no próximo ano “seu”
               secretário, tanto grandes como pe-            ambiental. “O próprio mercado regula          Sivirino não estará no Parque Mare-
               quenos criadores podem investir na            a oferta do gado criado de forma sus-         chal Castelo Branco como Expositor
               melhoria da qualidade, por meio da            tentável, que não agride o meio am-           da Expoacre 2010? As condições es-
                                                                                                           tão criadas - tanto para os grandes,
                                                                                                           quanto para os pequenos como ele.
                                                                                                           Os investimentos e o apoio para a
                                                                                                           agricultura familiar são uma realida-
                                                                                                           de.
                                                                                                               Nós da Revista Empreendedor es-
                                                                                                           taremos lá para conferir.




                                                                                                           Governador
                                                                                                           Binho Marques
                                                                                                           observa a
                                                                                                           produção do
EMPREENDEDOR




                                                                                                           artesanato
                                                                                                           local




14
Volume de Negócios realizados na Expoacre 2009




                                                                                                                                                                                          01 de agosto




                                                                                                                                                                                                                    02 de agosto
                        25 de julho




                                              26 de julho




                                                                     27 de julho




                                                                                           28 de julho




                                                                                                                    29 de julho




                                                                                                                                           30 de julho




                                                                                                                                                                     31 de julho
          Setores




                                                                                                                                                                                                                                           Total



                                                                                                                                                                                                                                                         %
Bancos               2.838.548              1.748.333              1.213.333             2.564.619                1.333.333               8.860.233               11.716.248             6.872.252                9.388.633              46.535.535      59,9
Banco do Brasil      1.213.333              1.213.333              1.213.333             1.213.333                1.213.333               1.213.333                1.213.333             1.213.333                1.213.333              10.920.000      14,0
Banco da
                     1.625.215               535.000                                -    1.351.286                 120.000                7.646.900               10.502.915             5.058.919                8.175.300              35.015.535      45,0
Amazônia
Caixa Economica                        -                      -                     -                      -                        -                      -                        -      600.000                                  -      600.000        0,8
Leilões                                -     361.454                                -     205.104                  121.846                 370.419                  456.205                309.210                    77.465              1.901.702       2,4
Nº de animais
                                       -                    165                     -                    469                      106                    821                       41                     51                       59         1.712          -
leiloados
Veículos             1.468.447               967.223               1.273.258             1.862.088                 802.570                1.707.475                2.641.670             2.304.950                1.278.690              14.306.371      18,4
Carros                                 4                      4                     5                    18                         7                    15                        10                     13                       10              86        -
Caminhões                              2                      3                     6                      1                        1                      1                       6                       6                        2              28        -
Motos                                  8                      4                     5                    11                         7                    12                        19                      8                        6              80        -
Utilitários                           ...                    ...                   ...                     2                        2                      3                       5                       2                        6              20        -
Trator                                 3                      2                     3                     ...                       1                      1                       3                      ...                      ...             13        -
Implementos                           ...                     1                     2                     ...                      ...                    ...                      1                      ...                      ...             4         -
Alimentação &
                         77.714              106.422                  79.197                89.974                 130.853                      85.342              137.009                151.835                 143.938                1.002.283       1,3
Bares
Empresas¹              106.112               322.495               1.481.719             2.443.239                 510.118                4.507.763                3.138.181               390.807                 884.450               13.784.884      17,7
Setor da Indústria            7.945             58.246              282.617                     7.689                14.781                         7.808          1.491.785                   28.949              208.800                2.108.620       2,7
Produtos Agrope-
                         16.210              135.840                291.280               357.525                  401.860                 161.390                 1.070.173               211.700                 257.650                2.903.628       3,7
cuários
Ambulantes               13.862                 25.124                15.154                17.763                   20.440                     20.950                 39.004                  35.360                 22.484               210.141        0,3
TOTAL                4.504.683              3.531.052              4.062.662             7.182.786                2.919.160              15.552.182               18.128.316            10.064.414               11.795.660              77.740.915     100,0
Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão
1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de bebidas, parque,
artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras)



Comparativo do Volume de Negócios realizados primeiros sete
dias da Expoacre
                       Setores                                                                     2008                                            2009                                                         Diferença 09/08
                                                                                                                                                                                                     R$                                        %
Bancos                                                                                                    24.005.904                                     46.535.535                                      22.529.631                                     94%
Banco do Brasil                                                                                           11.287.112                                     10.920.000                                       -367.112                                       -3%
Banco da Amazônia                                                                                         12.283.752                                     35.015.535                                      22.731.783                                     185%
Caixa Economica Federal                                                                                         435.040                                         600.000                                     164.960                                     38%
Leilões                                                                                                    3.068.122                                      1.901.702                                      -1.166.420                                     -38%
Nº de animais leiloados                                                                                           2.549                                           1.712                                          -837                                   -33%
Veículos                                                                                                  13.685.217                                     14.306.371                                         621.154                                      5%
Alimentação & Bares                                                                                             999.699                                   1.002.283                                              2.583                                  0,3%
Empresas¹                                                                                                  7.125.344                                     13.784.884                                       6.659.540                                     93%
Setor da Indústria                                                                                              237.478                                   2.108.620                                       1.871.142                                     788%
Produtos Agropecuários                                                                                     2.209.400                                      2.903.628                                         694.228                                     31%
Ambulantes                                                                                                      145.190                                         210.141                                         64.951                                  45%
TOTAL                                                                                                     49.029.476                                     77.740.915                                      28.711.439                                     59%
Notas:
                                                                                                                                                                                                                                                                 EMPREENDEDOR




1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de
bebidas, parque, artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras)
Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão




                                                                                                                                                                                                                                                                 15
Cerâmicas acreanas buscam
               certificação por meio do PSQ
               Adesão ao programa garantirá mais acesso ao
               mercado que tem se tornado cada vez mais
               competitivo

                  P
                          ara qualquer que seja o      pação do consultor da Associação         que atualmente é coordenado pela
                          setor, o mercado tem se      Nacional da Indústria Cerâmica (ANI-     ANICER.
                          mostrado cada vez mais       CER), Antônio Carlos Araújo, que              Com isso o projeto teve encer-
               exigente. Não é diferente com o setor   falou sobre a importância do PSQ         ramento cumprindo todas as ações
               cerâmico, que nos últimos anos tem      como ferramenta para a qualidade,        e alcançando as metas e resultados
               agregado novas tecnologias para en-     que auxilia as empresas a enqua-         previstos no Acordo de Resultados
               frentar a concorrência e se manter na   drarem blocos e telhas cerâmicos e       firmado entre FIEAC, Sebrae-AC, Sin-
               competitividade.                        processos de acordo com mudanças         doac e Funtac.
                   Por esse motivo, empresas acrea-    competitivas.                                 O presidente do Sindicato das
               nas do ramo fizeram adesão ao Pro-          Na oportunidade, foram apresen-      Olarias, Aristides Júnior, disse que
               grama Setorial de Qualidade (PSQ)       tados ainda os resultados finais ob-     a adesão das empresas do Acre ao
               Cerâmica Vermelha, durante o encer-     tidos pelo Projeto Cerâmico, relacio-    PSQ é de grande importância, uma
               ramento do Projeto Cerâmico, ocorri-    nados ao aumento da qualidade dos        vez que estas passarão a vender pro-
EMPREENDEDOR




               do no dia 18 de setembro, na Federa-    produtos, a satisfação dos clientes      dutos certificados. “A certificação, no
               ção das Indústrias do Estado do Acre    construtores e, principalmente, a ade-   entanto, não será uma conquista fá-
               (FIEAC).                                são das empresas cerâmicas de Rio        cil. O processo, que inclui a avaliação
                   O evento contou com a partici-      Branco ao PSQ Cerâmica Vermelha,         dos produtos em laboratórios, pode


16
demorar até três anos e as exigências
são muitas. Como o próprio nome do
programa diz, a qualidade é um que-
sito indispensável”, garante o presi-
dente.
    Nesse primeiro momento, apenas
seis de um total de 30 empresas acre-
anas do ramo da cerâmica aderiram
ao programa. As demais precisam
passar por uma reestruturação para
serem atendidas pelo PSQ.
    A coordenadora do Procompi, Ro-
sineide Sena, salienta que a adesão
só se tornou possível em razão dos
investimentos feitos pelo Governo do
Estado do Acre a sua rede de labo-
ratórios da FUNTAC que garantirá a
avaliação periódica dos produtos,
seja localmente ou na Rede de Labo-     Presidente do Sindicato das Olarias, Aristides Júnior
ratórios credenciados ao Inmetro.
    O Procompi teve grande partici-     os elos existentes no Estado, como é       proposta pela CNI e SEBRAE (ges-
pação nesse processo. Proporcionou      o caso do setor cerâmico, madeireiro-      tores nacionais do Procompi), foi a
uma evolução na cadeia da Constru-      moveleiro, mineral não-metálico e pa-      adesão do Estado do Acre ao PBQP-
ção Civil, por meio dos projetos de-    vimentação.                                H - Programa Brasileiro de Qualidade
senvolvidos para o próprio segmento        Um dos grandes resultados a             e Produtividade no Habitat, que tem
da construção civil, assim como, para   essa cadeia produtiva, na parceria         estimulado o setor a elevar os pa-
                                                                                   tamares de qualidade, reduzindo o
                                                                                   desperdício das obras e ampliando a
                                                                                   valorização por meio da qualificação
                                                                                   de sua mão-de-obra.
                                                                                       “Esses positivos resultados refle-
                                                                                   tiram também na aprovação da pro-
                                                                                   posta do Projeto encaminhada ao
                                                                                   Edital da Chamada de Projetos do
                                                                                   IEL-NC e Sebrae-NC para o Progra-
                                                                                   ma de Desenvolvimento de Fornece-
                                                                                   dores-PDF que garantirá a continui-
                                                                                   dade das ações executadas através
                                                                                   do Procompi para o setor cerâmico,
                                                                                   por mais dois anos, focado em três
                                                                                   pontos estratégicos: fornecimento de
                                                                                   matéria-prima em quantidade, quali-
                                                                                   dade e legalidade para as cerâmicas,
                                                                                   eficiência energética com uso de bio-
                                                                                   massa e certificação de produtos”,
PROCOMPI busca padronizar e melhorar toda a cadeia da construção civil
                                                                                   completou.
                                                                                                                            EMPREENDEDOR




                                                                                                                            17
CARTA ABERTA DE UM SERINGALIS

                                                         existe mais produtores de borracha,      feitos a época aos Bancos da Ama-
                                                         foram todos tragados pelos políticos.    zônia e Banco do Brasil e suas terras
                                                         Em 1986, José Sarney e em 1990,          totalmente devolvidas sem quaisquer
                                                         Fernando Collor, deram o tiro de mi-     ônus. Porém, isso nunca aconteceu,
                                                         sericórdia na categoria.                 os seringalistas continuam sonhan-
                                                              No século XVIII e XIX os seringa-   do com o dia em que a borracha terá
                                                         listas foram os desbravadores, os        novamente o seu preço de mercado
               EXCELENTÍSSIMO SENHOR                     soldados da borracha, e hoje a bor-      e voltar ao que era antes quando um
               LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA                 racha é importada da Malásia, pois os    quilo de borracha comprava uma lata
               PRESIDENTE DA REPÚBLICA                   ingleses que lá plantaram a seringuei-   de leite em pó de 400g.
               FEDERATIVA DO BRASIL                      ra são os mesmos que fabricam os             Senhor Presidente, se isso acon-
                                                         pneus. As multinacionais compram a       tecer, cerca de duzentas mil pessoas
                  Senhor Presidente,                     borracha de toda aquela região.          terão o seu emprego de volta nos
                                                              Senhor Presidente, os seringais     seringais, somente Vossa Excelência



               N
                        os anos 80 fui vice-presidente   foram abandonados e seringalistas e      pode ter compaixão de todo esse
                        do Sindicato dos Seringalis-     seringueiros foram viver nas cidades     povo, anistiando suas dívidas.
                        tas do Amazonas, junto com       em cubículos, debaixo de pontes e            Fui o maior produtor de borracha
               o falecido deputado estadual Vinícius     viadutos, crianças e adolescentes se     do Rio Purus, sou dono de um “rio
               Conrado. A época tínhamos bons pa-        prostituíram, jovens se venderam ao      inteiro” (como se costuma chamar
               drinhos: governadores Henock Reis,        crime, os pais se submeteram a tra-      os seringais ribeirinhos), o Inauiní,
               José Lindoso, deputado estadual           balhar em seringais que foram trans-     afluente do Rio Purus/Amazonas, pró-
               José Belo Ferreira e Dr. José Cesá-       formados em fazendas. Antes eram         ximo ao município de Boca do Acre,
               rio Meneses de Barros, então Supe-        suas terras, suas casas, sua vida.       onde também fundei e presidi o Lions
               rintendente da Sudevhea e tantos               Com o declínio da borracha a        Clube.
               outros ajudadores que já não estão        maioria dos seringalistas perdeu seus        Hoje muitos seringueiros com
               conosco.                                  seringais para o Banco da Amazônia       idade avançada perambulam pelas
                   Seringalista era nome bom. Tí-        e Banco do Brasil. Vendo seus bens       ruas de Manaus e pelos municípios
               nhamos crédito em todos os bancos,        indo a leilão, muitos foram tomados      afora em busca de trabalho ou de
               éramos respeitados por todos os se-       pelo desespero e, pegando seus fa-       seus ex-patrões para pedir uma de-
               ringueiros e colaboradores, vivíamos      miliares e colocando-os em barcos        claração de onde trabalharam, para
               nos seringais produzindo a melhor         pequenos entravam nos rios com           fins de aposentadoria. Homens que
               borracha do mundo - a borracha bra-       crianças de colo, de 5 a 10 anos de      deixaram de sonhar, perderam suas
               sileira. Após o término do fabrico da     idade e eram tragados pela corrente-     famílias, seus entes queridos, ficando
               borracha, vinha a quebra da casta-        za. Foram dezenas de pais de família     somente com as doenças e o deses-
               nha do Brasil, a colheita da sova, do     que tomaram essa decisão desespe-        pero. Hoje só nos resta a lembrança
               caucho, da balata, do pau-rosa e da       rada. Os corpos, nunca encontrados,      da fartura dos nossos seringais que
               piaçava.                                  foram comidos por piranhas e jaca-       agora estão descansados, prontos
                   Era um verdadeiro exército de du-     rés.                                     para produzir novamente a melhor
               zentos mil homens em toda a Ama-               No entanto, ainda existem serin-    borracha do mundo - a borracha bra-
               zônia, sem contar com a região do         galistas como eu que não venderam        sileira. Tudo isso, conservando nos-
               departamento de Beni, na Bolívia,         seus seringais, não derrubaram uma       sas florestas e selvas, rios e manan-
               fronteira com Guajará-Mirim em Ron-       só árvore e mantiveram, com isso, o      ciais que Deus deixou para o homem
               dônia, e a região do Pando, fronteira     seringal intacto, pronto para traba-     cuidar, não desmatar, e tirar delas o
               com o Acre. A Bolívia produzia muita      lhar. Os políticos prometeram para os    seu sustento.      Os seringueiros e
               borracha que era vendida no Brasil.       seringalistas que os mesmos seriam       seringalistas foram cuidadosos com a
                   Hoje, Senhor Presidente, não          reembolsados pelos pagamentos            floresta. Os seringais que não foram
EMPREENDEDOR




18
STA DA AMAZÔNIA AO PRESIDENTE LULA

        vendidos para fazendei-
        ros, com o aval do Banco
                                        Hoje muitos serin- merenda escolar e ainda po-
        da Amazônia e Banco do          gueiros com idade deria Amazonas, palmito, como
                                                                faz o
                                                                       exportar o
                                                                                  para o mundo
        Brasil, certamente poderão
        voltar a produzir. Derrubar
                                         avançada peram- inteiro.
                                                                    Cada produtor teria uma
        castanheiras e seringuei-        bulam pelas ruas       renda anual de R$ 40 mil, isto
        ras nunca aconteceu na
        época em que os serin-
                                        de Manaus e pelos sem contar com o biodiesel
                                                                que também pode ser produ-
        gais estavam produzindo          municípios afora       zido do óleo da pupunha. O
        borracha. Com certeza,
        Senhor Presidente, duzen-
                                         em busca de tra-       diesel vegetal daria emprego

        tos mil homens e mulheres        balho ou de seus e renda para 60 mil pessoas e
                                                                renda para o estado e municí-
        vão trabalhar e produzir
        riquezas para seus municí-
                                       ex-patrões para pe- pios.
                                                                    Senhor Presidente, mande
        pios e o Ministro do Meio       dir uma declaração alocar recursos para os pro-
        Ambiente, Carlos Minc, se
        orgulhará do trabalho dos
                                         de onde trabalha- dutores produzirem pupunhei-
                                                                ras; o retorno é rápido. Vossa
        homens da floresta.              ram, para fins de      Excelência ficará na história
            Com seu projeto “Luz
        Para Todos”, seringueiros
                                          aposentadoria.        de Roraima como o presidente
                                                                da produção da pupunha e do
        e seringalistas, no meio da
                                                                palmito, e no Amazonas, como
        floresta, terão aparelho de
                                                         o presidente dos seringueiros e dos
        televisão, geladeiras, ferro de passar
                                                         seringalistas. Vossa Excelência será
        roupa e muitos outros eletrodomésti-
                                                         lembrado por tirar pais de família do
        cos.
                                                         caos, da fome e da miséria e a primei-
            Hoje, me encontro em Boa Vista/
                                                         ra dama, Marisa Letícia, será a madri-
        RR e aqui fundei a Câmara dos Dire-
                                                         nha dos povos da floresta.
        tores Lojistas e fui o criador do Pro-
                                                             Na certeza de sermos atendidos,
        jeto Pupunha e da Cooperativa do
                                                         os produtores do Amazonas e de Ro-
        Sul do Estado. A pupunheira produz
                                                         raima, oram pelo Presidente da Repú-
        a pupunha e o palmito. Dela é feita a
                                                         blica e toda sua família. Que o senhor
        farinha, o bolo, o pudim, o creme, o
                                                         atenda esse clamor com compaixão.
        suco e o palmito, para nossa rica sa-
        lada que, sem o palmito, fica menos
                                                         Antônio Milton Miranda - Seringalista
        saborosa. Do palmito se faz também
                                                         Rua Tenente Cícero, 763
        o pastel que é delicioso. Além dessas
                                                         Bairro Aparecida / CEP: 69.305-025
        guloseimas, há muitos outros alimen-
                                                         Boa Vista/RR
        tos a base de palmito, importantes na
                                                         Telefones: (95) 3623-8639
        merenda escolar.
                                                                     (95) 8801-6612
            O objetivo maior do projeto é o
        plantio de dois hectares para cada
        produtor rural. Hoje Roraima tem
        aproximadamente trinta mil produ-
        tores rurais. Com 30 mil hectares de
        pupunheira plantados, o estado seria
        auto-suficiente no fornecimento da
                                                                                                  EMPREENDEDOR




                                                                                                  19
Deputado Edvaldo Magalhães
                                                                                                   (PC do B), coordenador
                                                                                                  do projeto de integração
                                                                                              Brasil-Peru, discursa durante
                                                                                               Encontro em Cruzeiro do Sul




               Cruzeiro do Sul se apronta
               para inverter o comércio do Acre
                  V
                          ôos lotados por cinco dias,    cidades isoladas do Peru pudessem          Além da fronteira
                          hotéis sem vagas, filas nos    negociar com as cidades brasileiras
                          restaurantes e carros de       da fronteira de forma legal, banindo o         Figuras centrais no II Encontro
               aluguel esgotados formam um quadro        contrabando e outros ilícitos comuns       pela Integração Político Empresarial
               revelador: Cruzeiro do Sul, capital do    nas localidades onde o Estado está         entre Brasil e Peru, dois empresários,
               Grande Vale do Juruá, viveu um mo-        ausente.                                   um brasileiro e um peruano, garan-
               mento atípico nos últimos cinco dias           A Assembléia Legislativa assumiu a    tem que a idéia é não parar em um
               de agosto de 2009, quando sediou o        demanda e deu início a uma série de        único evento. Márcio Rebouças e Sid-
               II Encontro Político Empresarial Acre -   articulações que resultaram, em junho      ney Vega foram os responsáveis pela
               Ucayali, Huanuco e Ancash.                de 2009, na primeira exportação pelo       documentação e entrega dos primei-
                   O evento ajudou a concretizar o so-   rio Purus. E isso com alfandegamento       ros produtos em Cruzeiro do Sul vin-
               nho de tornar Cruzeiro do Sul a porta     de acordo com todas as regras, em          dos do Peru.
               de entrada e saída de uma nova rota       Santa Rosa.                                    Segundo os empresários, a idéia
               comercial para o Acre, como vem sen-           O impulso de Santa Rosa do Purus      nessa fase do projeto é dar prioridade
               do articulado há mais de um ano num       levou a Aleac e o governo do Estado        a entrega de produtos da cesta bási-
               movimento iniciado durante a Assem-       a participarem de dois encontros com       ca garantindo o acesso da população
               bléia Aberta 2008 em Santa Rosa do        parlamentares e governadores de três       do Vale do Juruá a produtos com me-
               Purus.                                    Estados do Peru, um deles em Pucalpa       lhor qualidade e preços mais aces-
                   Em maio daquele ano um grupo de       e outro em Cruzeiro do Sul, no final do    síveis. Essa iniciativa viria para esta-
               empresários e políticos peruanos de       mês de agosto.                             belecer a região como um mercado
               Puerto Esperanza, capital da Província         Um carregamento de 20 toneladas       consumidor viável para os produtores
               do Alto Purus, procurou o presiden-       de produtos hortifruti concretizou o ne-   peruanos. Além disso, os pecuaristas
               te da Aleac, Edvaldo Magalhães, que       gócio que deverá se ampliar a partir de    acreanos podem começar a se articu-
EMPREENDEDOR




               participava da Assembléia Aberta em       outubro com a realização de vôos de        lar para fazer a exportação de carne
               Santa Rosa. Os peruanos pediram que       cargas e passageiros semanais am-          bovina, um produto com grande inte-
               a Aleac intercedesse junto ao governo     pliando as oportunidades de negócios       resse do país vizinho.
               brasileiro para que Esperanza e outras    e de lazer de toda a população do Acre.        A fixação de órgãos federais


20
como Receita Federal, Ministério da
Agricultura e Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa no Ae-
roporto Internacional de Cruzeiro do
Sul para fazer a fiscalização dos pro-
dutos que desembarcarem também
é essencial. Durante reuniões com
essas instituições em Brasília, ficou
acertado que para a permanência
dos órgãos federais é necessário que
os empresários tenham interesse em
viabilizar as operações de importação
e exportação.

Permanência

     Por isso essa primeira remessa
veio em caráter experimental para
que a população conheça e aprove os      Avião da Star Peru trouxe delegação peruana para o II Encontro Binacional
produtos. “ houve outros encontros
            Já
nesse sentido, mas nunca antes havia         Do lado peruano, esse papel e         preços mais baixos que os praticados
sido realizada uma ação concreta de      a responsabilidade de trazer os pro-      atualmente.
importação, como agora”, ressaltou       dutos foi de Vega. Sua empresa, a             Transporte de passageiros tam-
Santos para mostrar a importância do     Comercio Representaciones Abaste-         bém está nos planos. Segundo o
evento de Cruzeiro do Sul.               cimento Servicios Hoyle – C.R.A.S.H,      brasileiro, seriam disponibilizados
     Com o sucesso da primeira re-       atua no mercado desde 94, fazendo,        inicialmente aviões Caravan com ca-
messa de 20 toneladas a ordem ago-       inclusive, entregas no Amazonas. Os       pacidade para levar nove pessoas, fa-
ra é tentar resolver outras questões     dois estão confiantes de que mesmo        zendo vôos semanais entre Cruzeiro
como a regulamentação para que o         o Acre ainda não tendo experiência na     do Sul e Pucallpa, partindo daí para
Vale do Juruá se torne de fato área de   área de comércio exterior o mercado       outros pontos do Peru estimulando o
livre comércio. Além disso, está pre-    local tem tudo para se desenvolver.       turismo.
vista a construção de um terminal de                                                   Esses planos, porém, estarão in-
cargas no aeroporto de Cruzeiro, pro-    Expansão                                  cluídos em uma agenda que come-
jeto já confirmado pela Infraero.                                                  çará a ser discutida mais a fundo em
     Rebouças, que trabalha há mais          Apesar de ter começado com o          outubro. “Faremos uma reunião para
de 10 anos com operações de impor-       comércio de gêneros alimentícios,         avaliar a primeira operação e a partir
tação e exportação, foi o responsá-      a idéia é que não seja apenas isso.       daí iremos ver o que devemos fazer”,
vel pelo preenchimento de todas as       Já estão encaminhados importação          falou Vega. Especula-se que a partir
licenças de importação para os pro-      de minerais como calcário e potás-        de outubro pelo menos o transporte
dutos que chegaram a Cruzeiro do         sio para ser utilizado na recuperação     de passageiros e de cargas de ali-
Sul. Segundo ele, foram necessárias      de solos e existem planos para que        mentos já esteja regularizado e pos-
de oito a nove licenças para cada um     outros produtos como eletrônicos e        sa fazer parte da rotina semanal dos
dos produtos.                            cimento possam chegar ao Acre com         cruzeirenses.

                                                                                   “Estamos próximos de fazer
                                                                                   uma inversão no comércio do
                                                                                   Acre”, diz Edvaldo

                                                                                       O presidente da Aleac, deputado
                                                                                   Edvaldo Magalhães (PC do B), afir-
                                                                                   mou que não é fácil reunir autorida-
                                                                                   des de dois países em torno de um
                                                                                   único propósito. “Nós conseguimos
                                                                                   levar o presidente da Anvisa, que saiu
                                                                                   direto de Genebra para Cruzeiro do
                                                                                   Sul, além de empresários e políticos
                                                                                   do Brasil e do Peru. Isso mostra que
                                                                                   estamos no caminho certo e que essa
                                                                                   integração é importante e trará bons
                                                                                                                            EMPREENDEDOR




                                                                                   frutos”, comemorou.
                                                                                       Entusiasmado com o resultado
                                                                                   do encontro, Edvaldo Magalhães dis-
Produtos hortifruti peruanos foram comercializados durante a Expoacre Juruá        se que a Aleac está convidando os


                                                                                                                            21
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre
Empreendedorismo e desafios do Acre

Contenu connexe

Tendances (20)

Revista da Ampla 12
Revista da Ampla 12Revista da Ampla 12
Revista da Ampla 12
 
Galeno Amorim: O missionário das Letras
Galeno Amorim: O missionário das LetrasGaleno Amorim: O missionário das Letras
Galeno Amorim: O missionário das Letras
 
5 voe alto - quinta edição
5   voe alto - quinta edição5   voe alto - quinta edição
5 voe alto - quinta edição
 
06 booklet
06 booklet06 booklet
06 booklet
 
05 booklet
05 booklet 05 booklet
05 booklet
 
Jornal dos Comerciários - Nº144
Jornal dos Comerciários - Nº144Jornal dos Comerciários - Nº144
Jornal dos Comerciários - Nº144
 
Expresso133
Expresso133Expresso133
Expresso133
 
01 an edição extra
01 an edição extra01 an edição extra
01 an edição extra
 
Jornal Hora do Sul 02-05-2012
Jornal Hora do Sul 02-05-2012Jornal Hora do Sul 02-05-2012
Jornal Hora do Sul 02-05-2012
 
Jornal dos Comerciários - Nº 139
Jornal dos Comerciários - Nº 139Jornal dos Comerciários - Nº 139
Jornal dos Comerciários - Nº 139
 
Boletim Especial AEBA
Boletim Especial AEBABoletim Especial AEBA
Boletim Especial AEBA
 
Jornal dos Comerciários - Nº 140
Jornal dos Comerciários - Nº 140Jornal dos Comerciários - Nº 140
Jornal dos Comerciários - Nº 140
 
Imprensa livre abri_2010
Imprensa livre abri_2010Imprensa livre abri_2010
Imprensa livre abri_2010
 
04392a
04392a04392a
04392a
 
Crise na Mesa Cinco
Crise na Mesa CincoCrise na Mesa Cinco
Crise na Mesa Cinco
 
Jornal Hora do Sul 10-05-2012
Jornal Hora do Sul 10-05-2012Jornal Hora do Sul 10-05-2012
Jornal Hora do Sul 10-05-2012
 
Jornal dos Comerciários - Nº 136
Jornal dos Comerciários - Nº 136Jornal dos Comerciários - Nº 136
Jornal dos Comerciários - Nº 136
 
Nt 100
Nt 100Nt 100
Nt 100
 
Jornal do Sertao 82 web
Jornal do Sertao 82 webJornal do Sertao 82 web
Jornal do Sertao 82 web
 
02407a
02407a02407a
02407a
 

Similaire à Empreendedorismo e desafios do Acre

Similaire à Empreendedorismo e desafios do Acre (10)

Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá - Ed. 52
Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá - Ed. 52Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá - Ed. 52
Jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá - Ed. 52
 
Jornal do Sertão edição 93 Novembro 2013
Jornal do Sertão  edição 93 Novembro 2013Jornal do Sertão  edição 93 Novembro 2013
Jornal do Sertão edição 93 Novembro 2013
 
Imp 35
Imp 35Imp 35
Imp 35
 
Imp 35
Imp 35Imp 35
Imp 35
 
04372a
04372a04372a
04372a
 
Pdf
PdfPdf
Pdf
 
Ed18dezembro07
Ed18dezembro07Ed18dezembro07
Ed18dezembro07
 
Smm Gazeta 15 16pg
Smm Gazeta 15 16pgSmm Gazeta 15 16pg
Smm Gazeta 15 16pg
 
Jornal de novembro 2011
Jornal de novembro 2011Jornal de novembro 2011
Jornal de novembro 2011
 
26 Setembro
26 Setembro26 Setembro
26 Setembro
 

Empreendedorismo e desafios do Acre

  • 1. Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita Pacto pela Educação Fortalece a Matriz Curricular em Rio Branco Praça da Revolução – Rio Branco - Acre Integração pelo Juruá A estrada da redenção Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre CPI da Energia Elétrica Deputados investigam as distorções na conta de luz do acreano Empreendedorismo Social Melhorando a vida de quem mais precisa Entrevista: Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais
  • 3. Índice Entrevista: 23 Consultoria Empresarial – com Alan Rick 05 Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais 27 Economia Cooperativista Cheiro da Floresta 10 Associação francesa busca matérias primas 28 Integração pelo Juruá - A estrada da redenção para a fabricação de perfumes Transporte de Cargas Empreendedorismo Social 32 Novas Regras para Validar o Registro Nacional 11 Melhorando a vida de quem mais precisa CPI da Energia Elétrica 12 Sivirino vai à Expoacre 34 Deputados investigam as distorções na conta de luz do acreano Cerâmicas acreanas buscam 16 certificação 36 As Muitas Histórias de uma “Princesinha” 18 Carta Aberta de um Seringalista da 40 Coluna Acre $/A – com Mirla Miranda Amazônia ao Presidente Lula Cruzeiro do Sul se apronta para inverter 20 o comércio do Acre EMPREENDEDOR 3
  • 4. editorial O filho tão esperado, a formatu- que aconteceu no finalzinho de agos- ra, a casa própria, o primeiro to: a vinda de aviões cargueiros direto Expediente: carro... Todas essas conquis- do Peru com produtos que estão na tas demandam esforço, disposição, pauta de importação juruaense (e a Vanderlei Nascimento sacrifícios e tempo. E tempo é tudo posterior exportação de produtos da Diretor Presidente na vida, como destaca o artigo de nossa região para o país vizinho) con- Mirla Miranda, uma das novidades firmaram o bom momento da relação desta edição – além da parceria com entre as duas regiões. Ponto para os Alan Rick Miranda o programa Acre S. A./ Amazônia S.A. políticos e empresários de Cruzeiro Diretor de Jornalismo e As novidades, aliás, estão em todas do Sul. Consultoria as páginas. Afirmamos, sem nenhum A EMPREENDEDOR traz também equívoco, que você tem em mãos matérias sobre “empreendedorismo uma nova revista. Nova em essência, social” (você sabe o que é?); sobre Marcela Jansen conteúdo, foco e até no nome. a CPI da conta e luz - assunto que in- Jornalista Assistente Iniciamos o trabalho da edição de teressa muito a quem produz riqueza setembro/outubro bem cedo. As pau- no Acre e que se sente vilipendiado tas eram muitas, os temas também. pelo altíssimo valor pago pela ener- Zeneide Mota Este mês você vai conhecer através gia elétrica no estado; tem a matéria Diretora Administrativa da REVISTA EMPREENDEDOR as sobre o recadastramento do setor de histórias de sucesso de Raimundo transportes em todo o Brasil e muito Noleto – o “Raimundo da Casa dos mais. Mx Design Cereais” que começou seu empreen- Ah sim, antes que eu me esqueça: Layout dimento, junto com os irmãos, numa a revista também estará circulando banca ao lado do mercado novo. em Boa Vista-RR e Manaus-AM e nas Saberá também como o Roberto da próximas edições traremos reporta- Princesinha transformou uma lancho- gens do empreendedorismo que se nete num dos mais famosos restau- faz nesses estados vizinhos. Por isso Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita rantes da capital e que estratégias a mudança. A EMPREENDEDOR de marketing desenvolveu diante de agora é da Amazônia e do Brasil, mas Pacto pela Educação Fortalece a Matriz cada desafio. com os pés bem firmados no seu nas- Curricular em Rio Branco Esta edição traz um balanço geral cedouro, trazendo e focando sempre da Expoacre 2009! Tudo bem, tá cer- em primeiro lugar o empreendedoris- to que já estamos em outubro, porém mo do povo acreano. Praça da Revolução – Rio Branco - Acre nenhuma revista jamais trouxe um Boa leitura. levantamento tão completo do maior Integração pelo Juruá A estrada da redenção evento do estado. A reportagem “Sivi- Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre CPI da Energia Elétrica rino vai a Expoacre” merece sua aten- Deputados investigam as distorções na conta de luz do acreano Empreendedorismo Social ção. Como um produtor rural enxerga Melhorando a vida de quem mais precisa Entrevista: Raimundo Noleto da Casa dos Cereais a Feira? O que interessa ao homem do campo, num evento dessa magni- Empreendedor de tude? Você saberá e certamente vai Sucesso anuncia AQUI. se divertir durante a leitura. A integração comercial, cultural e (68) 3223-0954 política com o Peru, em Cruzeiro do (68) 9969-2718 Sul, é também uma reportagem espe- Rua Delfim Neto/63 cial. Durante a realização da ExpoJu- Cep: 69.908-970 ruá 2009 um importante evento selou Cohab do Bosque o acordo de intenções comerciais, culturais e políticas entre os dois pa- íses. Aliás, um passo gigantesco foi dado para a integração comercial durante o Encontro Político Empresa- rial entre autoridades dos dois países EMPREENDEDOR Vanderlei Nascimento Diretor Presidente 4
  • 5. entrevista CASA DOS CEREAIS DE BARRACA A SUPERMERCADO COM A FORÇA DA FAMÍLIA A Casa dos Cereais conquistou clientes e amigos ao longo de sua história por algumas ca- racterísticas comerciais que poderí- amos chamar de virtudes. O arroz, a farinha, o milho, o feijão, a mandioca, as hortaliças e frutas da região e os produtos que encontramos em qual- quer supermercado, com o diferen- cial de que os sócios-irmãos tinham sempre uma maneira de ajudar o cliente a pagar de acordo com suas possibilidades. Era comum um pro- Raimundo e seus irmãos começaram com esta pequena banca ao lado do Mercado dutor-fornecedor precisar de ajuda, de crédito, e a quem procurava? Os irmãos Leonídio, Vítor e Raimundo, Seu Davino montou sua barraca estava de volta a Gurupi. Virou técni- da Casa dos Cereais. Os produtos e passou a vender a produção da la- co de futebol do time juvenil do Cru- em abundância e sempre frescos aju- voura no recém criado mercado muni- zeirinho. Os meninos eram bons de daram a consolidar a Casa dos Cere- cipal de Gurupi. Ali começava a forjar bola e chegaram a ficar meses sem ais como um dos pontos comerciais no caráter dos filhos o mesmo espírito perder uma partida. Os pais gosta- mais importantes do Mercado Novo, empreendedor que carregava. vam por causa do treinamento e da o atual Mercado Elias Mansour. Aos seis anos de idade, o filho disciplina militar do técnico do time. Essa típica empresa familiar cres- Raimundo já era levado pelo pai para Foram 10 anos na carreira de técnico ceu e hoje é uma bem sucedida rede ajudar na feira. Com os outros irmãos de futebol amador, no Tocantins. Ain- de supermercados. São duas lojas em fazia de tudo. Vendeu picolé, engra- da no Tocantins, foi eleito vereador Rio Branco e uma em Brasiléia, além xou sapatos e conforme ia crescendo por dois mandatos no município de de novos investimentos que já estão assumia mais responsabilidades. Aju- Gurupi. sendo tocados. dava, mas também estudava. Com A vocação comercial dos irmãos muita luta concluiu o ensino médio. A VINDA PARA O ACRE vem desde o berço, aliás, vem do Em 1978, já rapaz, Raimundo fez sangue e é essa história que vamos um concurso para a aeronáutica. Foi Em 1990, os irmãos Vítor e Leo- conhecer com mais detalhes a partir aprovado e serviu como soldado no nídio vieram para o Acre. Eles viam desta reportagem. VI Comando Militar da Aeronáutica, no estado as mesmas oportunidades na Base Aérea de Anápolis (GO). Fi- que o pai enxergou em Gurupi. Os EMPREENDEDORES DE cou ali quase dois anos. “Esse perío- irmãos que já tinham experiência no BERÇO do marcou decisivamente minha vida. ramo de secos e molhados monta- No quartel aprendi disciplina e senso ram uma barraca ao lado do Merca- “Seu Davino Martins Noleto, goia- de hierarquia. Até hoje aplico algu- do Novo e iniciaram o negócio. Rai- no e dona Maria Moreira, uma mara- mas regras do modelo militar no nos- mundo chegou um pouco mais tarde, nhense de fibra, tiveram 15 filhos, dos so empreendimento. Por isso muitos convocado pelos irmãos. Antes tinha quais 12 estão vivos. Seu Davino era funcionários me vêem como militar”, orado a Deus, pedindo um sinal, uma um homem do campo, não teve es- revela Raimundo Noleto. Sempre que direção para verdadeiramente vencer tudo, mas tinha visão de empreende- aparecia um serviço na base aérea, o na vida. Sabia que seria comerciante. dor. Ao saber que uma nova cidade soldado Raimundo era voluntário, por Noleto é crente fervoroso da Assem- estava para ser erguida em Goiás, pe- isso foi adquirindo o respeito e a ad- bléia de Deus Ministério Madureira. gou os poucos pertences, a mulher e miração de todos na tropa. Quando chegou a Rio Branco, a EMPREENDEDOR os filhos e caminharam 30 dias a pé Mas a saudade do pai falou mais banca já empregava 10 funcionários. até chegar àquilo que um dia viria a alto. Aliás, não só a saudade. “Seu” Raimundo, dos irmãos, sempre teve ser o município de Gurupi, hoje no Davino não via futuro para o filho na um perfil mais ousado para os negó- estado do Tocantins. carreira militar. Em 1980, Raimundo cios. Em razão disso, Vítor e Leonídio o 5
  • 6. colocaram como diretor do empreendi- cido o irmão Leonídio) ajudou certa adotou o Acre como sua casa. Sua es- mento. vez o empreendimento de um rapaz, posa é dona Anilsa Barbosa Moreira, O movimento do mercadinho já o Zacarias. Não tínhamos nenhuma também de Gurupi-TO. Eles têm três era bom. O empreendimento era fa- garantia de recebimento do dinheiro filhos: Igor, Huggo e Hudson. Raimun- moso porque tinha de tudo: hortifruti- investido. O rapaz queria montar uma do Noleto que recebeu os títulos de ci- granjeiros, cereais, peixe seco, rapa- casa de farinha. O Goiano acreditou, dadão rio-branquense e acreano pela dura, produtos a granel, farinha de ajudou o rapaz, o negócio deu certo e Câmara de Vereadores de Rio Branco Cruzeiro do Sul, farinha de tapioca... hoje o Zacarias expandiu seus negó- e Assembléia Legislativa, respectiva- O faturamento já era suficiente cios e virou até pecuarista. Mas o filho mente, concedeu a seguinte entrevista para que os irmãos levassem uma dele ainda toca a casa de farinha no à EMPREENDEDOR ACREANO. vida sossegada, mas sem luxo. Os Calafate”, revela Raimundo. dois primeiros estavam satisfeitos RE: COMO SURGIU O NOME com o rumo dos negócios, mas Rai- A LOJA DO TANCREDO CASA DOS CEREAIS? mundo não. Enxergava muitas NEVES - MODERNIZAÇÃO E injustiças no dia-a-dia do mercado GRANDEZA RAIMUNDO NOLETO: Porque municipal. Gente desempregada ou nosso foco de vendas era o milho, o no subemprego. Tinha o desejo de O Supermercado Casa dos Ce- feijão, o arroz... Aí você já viu! No Acre contratar essas pessoas, possibilitan- reais do Tancredo Neves surgiu em o nome pega! Naquela época a pro- do renda para suas famílias. 2007. Muitos consumidores fiéis da dução de grãos também era maior. Ti- Casa dos Cereais do mercado Elias nha um incentivo muito grande quan- EXPANDINDO O NEGÓCIO Mansour moravam naquela região do o (Tião) Bocalon era secretário da cidade e constantemente pediam de agricultura. Foi um período muito Raimundo começa, então, a mo- que os irmãos abrissem um merca- bom para a produção. tivar os irmãos a investir e ampliar o do por ali. Outro fator que motivou a negócio. Conseguiu convencê-los e expansão foi a falta de estrutura na RE: POR QUE O SENHOR com recursos próprios e a parceria área próxima do Terminal Urbano. No VENCEU NO ACRE E NÃO NO de alguns fornecedores, em 2004 am- local o estacionamento é insuficiente, TOCANTINS? pliaram o negócio e transformaram o o trânsito é muito congestionado e a antigo mercadinho em supermerca- concorrência está muito próxima. RAIMUNDO NOLETO: Porque do. O imóvel no Tancredo Neves é alu- eu acredito que o Acre é a terra das Em pouco tempo já estavam gado, mas ali os Noleto investiram R$ oportunidades para quem quer traba- comprando as áreas em redor e hoje 3,5 milhões em acabamento, reforma lhar. Tem um povo hospitaleiro que só são donos de 3200 metros quadra- e instalações. Outra loja que será am- precisa de uma mão, um apoio inicial. dos do imóvel vizinho à Feira Muni- pliada em breve é a de Brasiléia que Precisamos gerar oportunidades de cipal. A área total, somando-se os passará dos atuais 400 metros qua- trabalho para o nosso povo. pontos alugados, fica em torno de drados para 2 mil metros quadrados. 4,7 mil metros quadrados. Um dos sonhos de Raimundo está RE: ONDE É PRECISO A empresa foi crescendo na mes- sendo consolidado. Hoje, ele e sua MAIS OPORTUNIDADES DE ma medida em que as pessoas vi- família dão emprego direto a 400 pes- TRABALHO? nham procurar emprego. “Eu posso soas. Indiretamente estima empregar dar um exemplo desse nosso jeito de aproximadamente 5 mil acreanos. RAIMUNDO NOLETO: Eu penso trabalhar. O Goiano (como é conhe- Esse tocantinense de 50 anos, que o Estado tem que criar as con- EMPREENDEDOR A Casa dos Cereais do Tancredo Neves, um investimento de quase R$ 4 milhões, foi um pedido dos moradores da região 6
  • 8. dições para que a iniciativa privada jeiros. Um dia desses um senhor me dindo ajuda, com tanta terra fértil no possa se desenvolver mais. Devemos procurou para oferecer um produto: Acre. Lá em Tocantins nós temos pro- olhar com mais carinho para a produ- gengibre. Ele tem capacidade para dução até no “deserto” do Jalapão: é ção. Eu creio que nós empresários produzir até 10 mil quilos por mês. o famoso capim dourado. E aqui com e produtores também podemos criar Mas ninguém nem sabia! terra pra produzir, plantação feita, a essas condições para que o nosso A madeira, por exemplo, pode ser coisa emperra por causa da burocra- povo possa produzir mais. mais utilizada para construção de ca- cia. É um absurdo. sas populares. RE: O QUE, ENTÃO, PRECISA Fui a uma feira no Shopping Cen- RE: COMO O SENHOR SER MELHORADO PARA QUE ter Norte, em São Paulo, num evento AVALIA O MODELO DE O ESTADO PRODUZA MAIS? da APAS- Associação Paulista de Su- DESENVOLVIMENTO DO permercados. Lá eu vi muitos móveis ATUAL GOVERNO? RAIMUNDO NOLETO: A carga tri- fabricados com madeira acreana. Foi butária ainda é muito elevada. O Esta- um choque. Era para agregar valor a RAIMUNDO NOLETO: É um bom do tem recebido muitos recursos para esses produtos aqui mesmo no Acre. modelo, com certeza. Mas é pos- investimentos em construções e infra- Mas a maior parte da madeira con- sível gerar muito mais empregos estrutura, mas, no meu entendimento tinua saindo daqui em toras e pran- principalmente no setor madeireiro, o foco deve ser a produção. Isso ge- chas, sem agregar valor. Isso tem que agregando valor aos produtos. Tem raria muitos empregos e renda para acabar. empresário fechando suas pequenas milhares de famílias. Quando nós ge- O manejo é um negócio excepcio- indústrias por falta da madeira mane- ramos emprego tiramos pessoas da nal. Mas o Estado deveria subsidiar a jada a preço justo. É preciso ajustar vida degradante. Quanto mais empre- madeira manejada para as pequenas a legislação para as condições do es- go, menos violência. Problemas fami- marcenarias. Do contrário elas conti- tado. Os pequenos deveriam ser be- liares são resolvidos com emprego, nuarão sendo engolidas pelas gran- neficiados, com incentivos, um subsí- renda e trabalho. des madeireiras. dio, talvez. RE: E QUE SETORES RE: O SENHOR ACREDITA QUE RE: O QUE ESTÁ FALTANDO PRODUTIVOS DEVEM SER EMPREENDIMENTOS COMO NO MEIO POLÍTICO DO PRIORIZADOS? A ÁLCOOL VERDE MERECIAM ESTADO PARA QUE ESSES MAIS SENSIBILIDADE DAS PROJETOS ACONTEÇAM? RAIMUNDO NOLETO: Eu ajudaria INSTITUIÇÕES? na produção de grãos e hortifrutigran- RAIMUNDO NOLETO: Todos os RAIMUNDO NOLETO: Com cer- dias vemos empresas e pequenos teza. Dói quando vemos pessoas pe- negócios morrendo. Tem empresas acreanas se instalando em Rondônia. O que está faltando é atitude, ação. Tem muita retórica, muito discurso. Acredito, pela nossa experiência, que é preciso incentivar a gestão, diminuir a burocracia e aliviar a pesada carga tributária. Todos os que estão no Go- verno sabem o que fazer. O difícil é agir. Gerar emprego é fruto de vonta- de política. O político é uma autoridade cons- tituída pelo povo, mas pode ter cer- teza que foi pela vontade de Deus. Por isso tem que exercer o mandato como um sacerdócio, como um ver- dadeiro servidor. É isso que é preci- so fazer. Podemos fazer muito mais. Acredito que tudo pode melhorar. Raimundo Noleto, o “Raimundo dos Cereais” é um empreendedor EMPREENDEDOR que acredita na produção agrícola como fomentadora do desenvolvimento do Estado 8
  • 9. Missão Promover a Competitividade e o Desenvolvimento Sustentável das Micro e Pequenas Empresas www.sebrae.com.br
  • 10. Cheiro da Floresta Associação A tuando na região oeste da França onde estão instaladas francesa empresas que produzem per- fumes como o Chanel Nº 5, Pacco busca novas Rabane e Dior a Cosmetic Valley é uma associação que promove a inte- matérias gração de serviços entre empresas, pesquisadores e universidades para estimular a produção e a competitivi- primas para dade. Sempre em busca de novidades, a fabricação a Cosmetic Valley envia ao mundo seu diretor geral Jean-Luc Ansel que de perfumes está no Acre procurando informações sobre ervas e essências amazônicas com cheiro da que possam servir de base para o desenvolvimento de novos produtos floresta para as indústrias com as quais sua entidade se relaciona. Jean-Luc Ansel da Cosmetic Valley Acompanhado pelo tradutor Ay- mar Roger, Ansel esteve conhecendo novas tecnologias. “Ao beneficiar aqui os resultados das pesquisas que vêm sua matéria prima, isso nos permite sendo desenvolvidas pela Fundação divulgar sua localidade de origem e o de Tecnologia do Acre (Funtac) e tam- nome Amazônia que é uma marca im- bém procurou o Sebrae em busca de portante e que precisa ser usada com informações sobre empresas acrea- sabedoria”, explicou Ansel. nas que produzam óleos essenciais e Ele destacou sua surpresa ao outras matérias primas para a indús- conhecer os trabalhos e pesquisas tria da perfumaria e cosméticos. que vêm sendo realizadas na Funtac “Buscamos novidades, mas não onde, além de informações sobre o nos interessamos por matérias pri- uso comercial de óleos como a Copa- mas brutas, queremos que elas se- íba e Andiroba, também descobriu o jam beneficiadas aqui por empresas potencial da pimenta longa na produ- daqui, por isso, nosso desejo é o de ção do safrol que é um dos principais construir parcerias com entidades fixadores utilizados tanto pela indús- como o Sebrae, Universidade e insti- tria de perfumes, quanto de tintas e tuições de pesquisa para que apóiem medicamentos. e orientem esses empreendedores na Ele advertiu, no entanto, que sua fabricação, no beneficiamento dessas associação busca informações e matérias primas dentro do padrão de idéias, ao mesmo tempo em que se qualidade, regularidade e segurança propõem a oferecer soluções tecno- exigido pelas indústrias”, esclareceu lógicas em parceria com pesquisado- Ansel. res e universidades. Porém, depende Ele explicou que ao beneficiar as da atitude das pessoas e da iniciativa essências e extratos da floresta na de quem almeja transformar essas própria zona de produção, eles con- idéias em produtos que gerem renda tribuem para o desenvolvimento re- de forma sustentável evitando a que- gional sustentável gerando emprego, bra da cadeia produtiva regular que é renda e estimulando a aplicação de o que interessa ao mercado. EMPREENDEDOR 10
  • 11. Empreendedorismo Social Melhorando a vida de quem mais precisa O termo empreendedor comu- mente se refere a uma pes- soa que começa um negó- cio; um novo empreendimento para Casa de aferir lucro e renda. Mas a palavra Apoio vai “empreendedor” não se limita à área ajudar aos pacientes de negócios. Veio da língua francesa do interior e significa “alguém que se encarrega que não ou se compromete com um projeto têm con- dições de ou atividade significante”. A palavra pagar hos- foi associada aos indivíduos (empre- pedagem sários, profissionais liberais, artistas, na capital políticos, servidores públicos, etc.) que estimularam o crescimento eco- nômico e a qualidade de vida das pessoas por encontrarem diferentes e melhores maneiras de fazer as coisas. que afirma Charles Leadbeater, autor de dormir no chão para melhor atender Em vez do tipo do empreendimento “The rise of the Social Entrepreneur” - os que visitavam nossa casa”, lembra que o individuo tem, a palavra descre- Demos, Inglaterra. Jessé. ve uma postura, um comportamento Um exemplo muito recente des- O imóvel foi adquirido pelo vere- e conjunto de qualidades. Empreen- te tipo de empreendedorismo foi o ador, através de financiamento junto dedores vêem possibilidades, e não que aconteceu na quinta-feira, 20 de à Caixa Econômica Federal. Foi refor- problemas, para provocar mudanças agosto, quando o presidente da Câ- mado, ampliado, recebeu pintura e na sociedade e não se limitam aos re- mara de Rio Branco, vereador-pastor adequação nos sistemas hidráulico e cursos que têm num momento. Jessé Santiago (PSB) entregou à elétrico para oferecer mais conforto e “Empreendedores sociais são como Igreja Assembléia de Deus, a Casa segurança. empresários nos métodos que eles uti- de Apoio Pastor Jeová Santiago, no Segundo Jessé, ao mesmo tem- lizam, mas são motivados por objetivos bairro Estação Experimental. A casa po em que presta uma homenagem sociais ao invés de benefícios materiais. foi construída em madeira, medindo ao seu pai, que sempre atendia os Sua grande habilidade é que eles, com 25 x 10, em um terreno de 600 metros irmãos mais carentes em sua casa, freqüência, fazem as coisas a partir de quadrados. A casa foi cedida em ter- está realizando um antigo sonho: quase nada, criando formas inovadoras mo de comodato com prazo inicial de oferecer um acolhimento digno aos de promoção de bem estar, saúde, ha- quatro anos. irmãos que não têm parentes nem bitação, que são tanto de baixo custo, A Casa homenageia o pai de dinheiro para pagar hospedaria ou quanto efetivas se comparadas aos ser- Jessé, o pastor Jeová Santiago, um hotel. viços governamentais tradicionais”, é o empreendedor social que dedicou “O maior empreendedor social da boa parte de sua vida ao atendimento história foi Jesus Cristo que deu sua aos irmãos mais carentes. O imóvel vida por quem não merecia. A Bíblia dispõe de três quartos, sala, cozinha, está cheia de exemplos, mas gosto banheiro, sala de estar, sala de jantar de citar a carta do apóstolo Tiago que e áreas de estar na frente e nos fun- diz que a fé, sem obras é morta. Por dos. O imóvel está mobiliado com 14 isso, temos que agir e mostrar nossa beliches e colchões novos, além de fé pelas obras que praticamos”, afir- guarda-roupa, refrigerador, televisor, ma o vereador. Vereador e pia com balcão e cisterna com capa- Pastor Jessé Santiago deu cidade para 2000 litros. o nome de A administração da Casa ficará a seu pai à casa cargo da Associação Cristã Alfa, li- de apoio no Bairro Estação gada à Igreja Assembléia de Deus e Experimental presidida por Cacilda Santiago. Os evangélicos do interior serão enca- EMPREENDEDOR minhados pelos pastores e poderão ficar hospedados por um prazo de até 15 dias. “Meu pai recebia os irmãos em sua casa. Muitas vezes chegou a Mobiliário da Casa de Apoio 11
  • 12. SIVIRINO VAI À EXPOACRE “Seu” Sivirino que nunca tinha ido ao evento nos relata suas impressões da maior festa popular e de negócios do Acre. S ivirino da Silva é um típico mais ouriçadas piscando pros peões. cre!” “E ainda tem uns ‘cabra’ que diz nordestino que veio para “Arre égua, meu fií, o negócio aqui é que o Acre ‘num’ tem indústria”. o Acre ainda criança. Sua arrochado”. É seu Sivirino. Foram cinqüenta família instalou-se no ramal do Tocan- No entanto, ficou mesmo de olho indústrias de látex, castanha, polpa tins, pra lá das Vilas do “V” e do Incra, no trabalho da equipe da organiza- de frutas, energia, reciclagem, tintas, na jurisdição de Porto Acre, em me- ção. Alguns de carro, outros a cavalo. plástico, construção civil, produtos de ados da década de 1960. Seus pais Uns mais atentos outros nem tanto. limpeza, bebidas, laticínios, alimentos eram agricultores e a muito custo Cada um em sua função ajudando em geral e até colchões. Já dá para o conseguiram um pedacinho de terra a organizar a cavalgada. Um fato, senhor ir pensando em trocar essa sua num dos assentamentos do Incra na porém, atraiu a atenção do agricul- rede velha por um colchão novinho, região. Sivirino é o herdeiro, já que tor: era o Paulinho Viana, do IDAF, “made in Acre”! dos outros oito filhos, três morreram, fazendo o percurso todo a pé. “Meu Nosso visitante lembrou das pa- dois foram tentar o garimpo em Ro- fií, ainda bem que ele tava de tênis, lavras do secretário de Ciência e raima e por lá ficaram; um se formou porque se tivesse de bota ia passar a Tecnologia, César Dotto, numa outra professor e hoje trabalha em Rio feira todinha contando os ‘calo’. O pé entrevista com o Alan Rick: “Esse é o Branco e as duas irmãs se casaram e dele ia ficar ‘pôdi’”. Conseguiu ainda momento para que mais pessoas pos- foram embora. identificar o Jorge Viana e o Tião, o sam conhecer os produtos industriali- O agricultor nunca tinha ido à César Messias e até o Mauro Ribeiro zados no Acre. O espaço foi pensado Expoacre. “Tenho tempo pra essas de chapéu e com aquele bigodão do para a realização de negócios durante ‘coisa’ não meu ‘fií’ ”, dizia sempre. Zé Leôncio da novela Pantanal. o evento”. Até que um dia, assistindo o progra- “Ainda bem que eu ‘trusse’ meu O setor moveleiro é outro que a ma de entrevistas da TV Gazeta viu o ‘saquin’ de farinha com carne seca”. cada ano atrai mais público. Com no- Paulo Viana e o Mauro Ribeiro anun- Não precisava não, seu Sivirino! Por vos produtos, design, a qualidade do ciando que a festa ia ser bonita tanto lá se vendia de tudo: churrasquinho, acabamento e as tecnologias aplica- pro homem da cidade quanto para o salgados, picanha na chapa, sandu- das, os móveis acreanos de madeira homem do campo. Até convênio para íche, picolé, sucos... bebida, então, certificada nada deixam a desejar aos a agricultura familiar disseram que o nem se fala. Parecia até que a feira fabricados nas grandes indústrias do governador iria assinar durante a fes- já tinha começado. Ainda bem que sul e sudeste do país. Esse ano o Pólo ta. “Marrapaiz, eu ‘vô mermo, ó’! Vai Sivirino não bebe, quem iria “pilotar”o Moveleiro lançou a coleção de móveis que eu consigo mais um ‘crédituzin’ Godofredo? Toca a cavalgada... e certificados. daquele ‘Pronafi’. Aí dá ‘pá’ plantar Sivirino preocupado com o Paulinho O Pólo de Rio Branco recebeu o mais um ‘milhozin’, um ‘fejãozin’ e até Viana, quase deu-lhe uma carona no selo de certificação FEC pela presta- comprar mais umas ‘novilha’ ”. lombo do jumento. ção de serviços, marcenaria e seca- gem de madeira. O Sindmóveis con- A CAVALGADA DO RAMAL AO MARECHAL cedeu o selo a um pequeno grupo de quatro empresas que produzem obje- E ele foi mesmo. O homem levou O Parque de Exposições Marechal tos e móveis a partir de madeira com o negócio tão a sério que conseguiu Castelo Branco impressionou o visi- certificação de origem. até lugar na cavalgada. Pegou uma tante. “Rapaiz! O povo gosta ‘mermo’ E não parou por aí: o setor move- carona no ramal pra ele e seu jumen- de ‘abunitar’ as coisa”. Sivirino não leiro também mostrou outra novidade to Godofredo, chegou cedo à Game- está só quando faz esta análise. Quem na Expoacre 2009: a ambientação de leira e seguiu junto com as comitivas. passeou pela feira este ano pôde per- espaços. Foram montados quartos, O difícil foi agüentar aquela friagem ceber mudanças em quase todos os salas, cozinhas, com a exposição dos da manhã de sábado. espaços. Umas mais sutis. Outras móveis para cada ambiente. Somente Sivirino viu muita coisa: Gente fa- bastante profundas. O setor da indús- neste setor, dez indústrias participa- zendo festa em cima de caminhão, tria, por exemplo. Nunca teve um es- ram da oportunidade de negócios. famílias inteiras brincando, funcioná- paço tão privilegiado. Dois mil metros Outras dez do setor madeireiro mos- EMPREENDEDOR rios de empresas uniformizados em quadrados, quase o tamanho da colô- traram seus produtos. suas comitivas, “peão do asfalto” se nia do seu Sivirino. “Uma, duas, ‘trêis’, “Meu fií, me deu vontade de trocar equilibrando em lombo de cavalo, 4... 25, 26, 27... 48, 49, 50”. “Marrapaiz, os ‘movi’ lá de casa ‘tudin’, ó”, decre- mulher bonita só observando e as cinqüenta ‘indústria’ só aqui na Expoa- tou Sivirino. 12
  • 13. AGRICULTURA FAMILIAR – O TERRENO DO SIVIRINO “Minino, eu queria ‘mermo’era aquela cesta que entregaram pro Bi- nho, ó”. Eu também, seu Sivirino! A cesta era farta: tinha palmito, iogurte, queijo, farinha, copaíba, banana, ra- padura, doce de leite, polpa de fru- tas, milho e feijão. Todos produzidos por pequenos agricultores familiares iguais ao “seu Sivirino” que resolve- Expoacre 2009 foi considerada a melhor de todos os tempos ram presentear o governador durante solenidade de liberação de recursos do Banco da Amazônia na Expoacre quilômetros de ramais asfaltados e a Expoacre pelo governador Binho 2009. outros 250 foram piçarrados. Marques e representantes do Banco Ao todo foram liberados R$ 3,7 “É, meu fií. Ano passado eu tirei da Amazônia e do Grupo Contri. milhões para impulsionar o setor. O um ‘dinherin’ no Basa pra pagar em Com investimento de R$ 1,4 mi- dinheiro vem das linhas de crédito do sete ‘ano’, com juro de 2% ao ano e lhão, o objetivo é que a pequena in- Pronaf e “Mais Alimento” e é destina- um prazo de trêis ano para começar dústria comece a operar em 40 dias. do para a compra de veículos, grades a pagá, ó. É pur isso que plantei meu O frigorífico deve gerar 15 empregos aradoras, plantadeiras, caminhões, milhozin, meu fejãozin e já to queren- diretos e 90 indiretos. A capacidade cercas elétricas e horas de trabalho do é aumentar a produção, viu!”. de abate é de cem animais por dia e de tratores. É por isso que o secretário da Se- o dono do empreendimento diz que “É, mas o gunverno tem que aju- aprof, Nilton Cossom, diz que a ten- vai trabalhar em parceria com cerca dar nóis pela Seaprof, com a assistên- dência nos próximos anos é o Acre se de 160 produtores da região. ça técnica nas nossa colônhas, meu tornar auto-sustentável na produção “Olhe, eu gosto mermo é de carne fií. Purque num basta só o dinhêro, de vários itens. “Hoje, 100% das aves de boi, mas um ‘carnerin’ tem seu va- tem que ter assistênça”. E é isso mes- e da mandioca, 95% da banana, 60% lor, ó. Se for um recheado com arroz mo que o governo garantiu, “seu” do feijão e 50% do milho que con- entãosí... vixe, eu como que peco”. Sivirino. A assistência técnica vem na sumimos no Acre é produzido aqui seqüência. E se não chegar lá na sua mesmo pela agricultura familiar. Com BOIADA CADA VEZ MELHOR colocação, o senhor nos avise que a tecnologia e o crédito, vamos au- nós cobramos do Nilton Cosson, o mentar ainda mais nossa produção”, “Seu minino, como é que faz pra secretário de Extensão Agroflorestal avalia. participar do sorteio dessa boiada? e Produção Familiar. Já o Instituto de Defesa Agroflo- Num tão ‘jogano’ do ‘guiza’ não, né”? restal - IDAF, que recentemente fez Essa foi a pergunta bem-humorada OS INVESTIMENTOS um levantamento de rebanhos no do “seu” Sivirino ao Mauro Ribeiro, Acre, afirma que o estado já tem 55 Secretário de Agricultura e Pecuária. O que o trabalhador rural quer é a mil ovinos para abastecer o primeiro Isso porque esse setor deu um gran- garantia da cadeia produtiva. E isso frigorífico do segmento no estado. de salto qualitativo nesta Expoacre está sendo feito. O Pacto Agrário já Uma Carta de Intenção para a insta- 2009. A pista de desfile e ranquea- liberou cerca de R$ 300 milhões em lação do empreendimento na Estrada mento de animais pode ser compara- quatro anos. No estado foram 250 de Porto Acre, foi assinada durante da às melhores do restante do Brasil. Cerca de 130 animais desfilaram du- rante o evento. “Tivemos uma pista com padrão de qualidade que nos deixou entre as melhores pistas bra- sileiras. Além disso, o público de 20 a 30 mil pessoas por noite e o volume de negócios superior a R$ 56 milhões de reais superaram as expectativas e os números do ano passado”, afir- mou Paulo Viana, um dos organiza- dores do evento. O melhoramento genético do re- banho bovino do estado, composto na maioria pela espécie nelore, é o EMPREENDEDOR responsável por isso. O gado acreano participou pela primeira vez do Circui- to Boi Verde de ranqueamento de car- caça. A final do ranqueamento, que é Rankiamento de animais mostrou a melhoria genética do rebanho acreano 13
  • 14. Paulo Viana, presidente do IDAF, um dos organizadores da Expoacre 2009 Convênios do Governo com o setor produtivo possibilitam investimentos em máquinas e equipamentos o julgamento dos animais por um juiz compra de touros, ou somente da biente. O chamado boi verde hoje é credenciado pela Associação Brasi- cobertura, e mais ainda com a apli- marca que atrai os compradores mais leira de Gado Nelore, foi realizada na cação de tecnologia avançada. Os exigentes dentro e fora do Brasil. En- noite de quinta-feira, 30 de julho. pequenos contam com o apoio do tão o caminho é este”, ressaltou. Com isso, é a primeira vez que o Estado e da Embrapa e seu laborató- E foi na quinta-feira da Expoa- gado acreano passa por uma avalia- rio de melhoramento genético. A me- cre, dia 30, que os dez primeiros ção de diversos critérios já estabeleci- lhora genética garante, por exemplo, colocados no ranqueamento foram dos nacionalmente. A qualidade zoo- o ganho de peso de forma mais pre- apresentados ao público e os donos técnica e genética e a relação idade coce para os animais. “Antes no Acre receberam troféus. Sivirino estava lá - peso são alguns dos itens avaliados. se matava bois com cinco, seis anos e declarou: “ano que vem eu ‘vô tá’ Mauro Ribeiro diz que os animais ran- de idade com pouco peso. Agora, os aqui ‘cum’ bezerro desses”. quedos se tornam produtores de sê- animais são abatidos com três anos “É, meu ‘fií’ o povo ‘tá dizenu’ que mem e este sêmem se torna cada vez alcançando 500 quilos de peso bruto essa Expoacre de 2009 foi a melhor mais valioso com o melhoramento e 260 quilos só de carne”, explica o de todas. E olhe que eu nem assisti genético dos animais. secretário. os ‘artista’ ‘purque’ tinha que ‘acordá “Mas e como é que eu posso me- Na premiação do ranqueamento o cedin’ pá trabalhar no dia seguinte. lhorar o meu ‘gadin’ lá da colônha, governador Binho Marques, ressaltou Mas, meu fií, fiquei muito ‘sastisfeito’ seu Mauro? Isso é coisa só pra rico”, que a pecuária pode ser sim, uma ati- ‘cum’ que eu vi lá, ó”. questiona Severino. Mas, segundo o vidade sustentável do ponto de vista Quem sabe no próximo ano “seu” secretário, tanto grandes como pe- ambiental. “O próprio mercado regula Sivirino não estará no Parque Mare- quenos criadores podem investir na a oferta do gado criado de forma sus- chal Castelo Branco como Expositor melhoria da qualidade, por meio da tentável, que não agride o meio am- da Expoacre 2010? As condições es- tão criadas - tanto para os grandes, quanto para os pequenos como ele. Os investimentos e o apoio para a agricultura familiar são uma realida- de. Nós da Revista Empreendedor es- taremos lá para conferir. Governador Binho Marques observa a produção do EMPREENDEDOR artesanato local 14
  • 15. Volume de Negócios realizados na Expoacre 2009 01 de agosto 02 de agosto 25 de julho 26 de julho 27 de julho 28 de julho 29 de julho 30 de julho 31 de julho Setores Total % Bancos 2.838.548 1.748.333 1.213.333 2.564.619 1.333.333 8.860.233 11.716.248 6.872.252 9.388.633 46.535.535 59,9 Banco do Brasil 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 10.920.000 14,0 Banco da 1.625.215 535.000 - 1.351.286 120.000 7.646.900 10.502.915 5.058.919 8.175.300 35.015.535 45,0 Amazônia Caixa Economica - - - - - - - 600.000 - 600.000 0,8 Leilões - 361.454 - 205.104 121.846 370.419 456.205 309.210 77.465 1.901.702 2,4 Nº de animais - 165 - 469 106 821 41 51 59 1.712 - leiloados Veículos 1.468.447 967.223 1.273.258 1.862.088 802.570 1.707.475 2.641.670 2.304.950 1.278.690 14.306.371 18,4 Carros 4 4 5 18 7 15 10 13 10 86 - Caminhões 2 3 6 1 1 1 6 6 2 28 - Motos 8 4 5 11 7 12 19 8 6 80 - Utilitários ... ... ... 2 2 3 5 2 6 20 - Trator 3 2 3 ... 1 1 3 ... ... 13 - Implementos ... 1 2 ... ... ... 1 ... ... 4 - Alimentação & 77.714 106.422 79.197 89.974 130.853 85.342 137.009 151.835 143.938 1.002.283 1,3 Bares Empresas¹ 106.112 322.495 1.481.719 2.443.239 510.118 4.507.763 3.138.181 390.807 884.450 13.784.884 17,7 Setor da Indústria 7.945 58.246 282.617 7.689 14.781 7.808 1.491.785 28.949 208.800 2.108.620 2,7 Produtos Agrope- 16.210 135.840 291.280 357.525 401.860 161.390 1.070.173 211.700 257.650 2.903.628 3,7 cuários Ambulantes 13.862 25.124 15.154 17.763 20.440 20.950 39.004 35.360 22.484 210.141 0,3 TOTAL 4.504.683 3.531.052 4.062.662 7.182.786 2.919.160 15.552.182 18.128.316 10.064.414 11.795.660 77.740.915 100,0 Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão 1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de bebidas, parque, artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras) Comparativo do Volume de Negócios realizados primeiros sete dias da Expoacre Setores 2008 2009 Diferença 09/08 R$ % Bancos 24.005.904 46.535.535 22.529.631 94% Banco do Brasil 11.287.112 10.920.000 -367.112 -3% Banco da Amazônia 12.283.752 35.015.535 22.731.783 185% Caixa Economica Federal 435.040 600.000 164.960 38% Leilões 3.068.122 1.901.702 -1.166.420 -38% Nº de animais leiloados 2.549 1.712 -837 -33% Veículos 13.685.217 14.306.371 621.154 5% Alimentação & Bares 999.699 1.002.283 2.583 0,3% Empresas¹ 7.125.344 13.784.884 6.659.540 93% Setor da Indústria 237.478 2.108.620 1.871.142 788% Produtos Agropecuários 2.209.400 2.903.628 694.228 31% Ambulantes 145.190 210.141 64.951 45% TOTAL 49.029.476 77.740.915 28.711.439 59% Notas: EMPREENDEDOR 1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de bebidas, parque, artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras) Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão 15
  • 16. Cerâmicas acreanas buscam certificação por meio do PSQ Adesão ao programa garantirá mais acesso ao mercado que tem se tornado cada vez mais competitivo P ara qualquer que seja o pação do consultor da Associação que atualmente é coordenado pela setor, o mercado tem se Nacional da Indústria Cerâmica (ANI- ANICER. mostrado cada vez mais CER), Antônio Carlos Araújo, que Com isso o projeto teve encer- exigente. Não é diferente com o setor falou sobre a importância do PSQ ramento cumprindo todas as ações cerâmico, que nos últimos anos tem como ferramenta para a qualidade, e alcançando as metas e resultados agregado novas tecnologias para en- que auxilia as empresas a enqua- previstos no Acordo de Resultados frentar a concorrência e se manter na drarem blocos e telhas cerâmicos e firmado entre FIEAC, Sebrae-AC, Sin- competitividade. processos de acordo com mudanças doac e Funtac. Por esse motivo, empresas acrea- competitivas. O presidente do Sindicato das nas do ramo fizeram adesão ao Pro- Na oportunidade, foram apresen- Olarias, Aristides Júnior, disse que grama Setorial de Qualidade (PSQ) tados ainda os resultados finais ob- a adesão das empresas do Acre ao Cerâmica Vermelha, durante o encer- tidos pelo Projeto Cerâmico, relacio- PSQ é de grande importância, uma ramento do Projeto Cerâmico, ocorri- nados ao aumento da qualidade dos vez que estas passarão a vender pro- EMPREENDEDOR do no dia 18 de setembro, na Federa- produtos, a satisfação dos clientes dutos certificados. “A certificação, no ção das Indústrias do Estado do Acre construtores e, principalmente, a ade- entanto, não será uma conquista fá- (FIEAC). são das empresas cerâmicas de Rio cil. O processo, que inclui a avaliação O evento contou com a partici- Branco ao PSQ Cerâmica Vermelha, dos produtos em laboratórios, pode 16
  • 17. demorar até três anos e as exigências são muitas. Como o próprio nome do programa diz, a qualidade é um que- sito indispensável”, garante o presi- dente. Nesse primeiro momento, apenas seis de um total de 30 empresas acre- anas do ramo da cerâmica aderiram ao programa. As demais precisam passar por uma reestruturação para serem atendidas pelo PSQ. A coordenadora do Procompi, Ro- sineide Sena, salienta que a adesão só se tornou possível em razão dos investimentos feitos pelo Governo do Estado do Acre a sua rede de labo- ratórios da FUNTAC que garantirá a avaliação periódica dos produtos, seja localmente ou na Rede de Labo- Presidente do Sindicato das Olarias, Aristides Júnior ratórios credenciados ao Inmetro. O Procompi teve grande partici- os elos existentes no Estado, como é proposta pela CNI e SEBRAE (ges- pação nesse processo. Proporcionou o caso do setor cerâmico, madeireiro- tores nacionais do Procompi), foi a uma evolução na cadeia da Constru- moveleiro, mineral não-metálico e pa- adesão do Estado do Acre ao PBQP- ção Civil, por meio dos projetos de- vimentação. H - Programa Brasileiro de Qualidade senvolvidos para o próprio segmento Um dos grandes resultados a e Produtividade no Habitat, que tem da construção civil, assim como, para essa cadeia produtiva, na parceria estimulado o setor a elevar os pa- tamares de qualidade, reduzindo o desperdício das obras e ampliando a valorização por meio da qualificação de sua mão-de-obra. “Esses positivos resultados refle- tiram também na aprovação da pro- posta do Projeto encaminhada ao Edital da Chamada de Projetos do IEL-NC e Sebrae-NC para o Progra- ma de Desenvolvimento de Fornece- dores-PDF que garantirá a continui- dade das ações executadas através do Procompi para o setor cerâmico, por mais dois anos, focado em três pontos estratégicos: fornecimento de matéria-prima em quantidade, quali- dade e legalidade para as cerâmicas, eficiência energética com uso de bio- massa e certificação de produtos”, PROCOMPI busca padronizar e melhorar toda a cadeia da construção civil completou. EMPREENDEDOR 17
  • 18. CARTA ABERTA DE UM SERINGALIS existe mais produtores de borracha, feitos a época aos Bancos da Ama- foram todos tragados pelos políticos. zônia e Banco do Brasil e suas terras Em 1986, José Sarney e em 1990, totalmente devolvidas sem quaisquer Fernando Collor, deram o tiro de mi- ônus. Porém, isso nunca aconteceu, sericórdia na categoria. os seringalistas continuam sonhan- No século XVIII e XIX os seringa- do com o dia em que a borracha terá listas foram os desbravadores, os novamente o seu preço de mercado EXCELENTÍSSIMO SENHOR soldados da borracha, e hoje a bor- e voltar ao que era antes quando um LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA racha é importada da Malásia, pois os quilo de borracha comprava uma lata PRESIDENTE DA REPÚBLICA ingleses que lá plantaram a seringuei- de leite em pó de 400g. FEDERATIVA DO BRASIL ra são os mesmos que fabricam os Senhor Presidente, se isso acon- pneus. As multinacionais compram a tecer, cerca de duzentas mil pessoas Senhor Presidente, borracha de toda aquela região. terão o seu emprego de volta nos Senhor Presidente, os seringais seringais, somente Vossa Excelência N os anos 80 fui vice-presidente foram abandonados e seringalistas e pode ter compaixão de todo esse do Sindicato dos Seringalis- seringueiros foram viver nas cidades povo, anistiando suas dívidas. tas do Amazonas, junto com em cubículos, debaixo de pontes e Fui o maior produtor de borracha o falecido deputado estadual Vinícius viadutos, crianças e adolescentes se do Rio Purus, sou dono de um “rio Conrado. A época tínhamos bons pa- prostituíram, jovens se venderam ao inteiro” (como se costuma chamar drinhos: governadores Henock Reis, crime, os pais se submeteram a tra- os seringais ribeirinhos), o Inauiní, José Lindoso, deputado estadual balhar em seringais que foram trans- afluente do Rio Purus/Amazonas, pró- José Belo Ferreira e Dr. José Cesá- formados em fazendas. Antes eram ximo ao município de Boca do Acre, rio Meneses de Barros, então Supe- suas terras, suas casas, sua vida. onde também fundei e presidi o Lions rintendente da Sudevhea e tantos Com o declínio da borracha a Clube. outros ajudadores que já não estão maioria dos seringalistas perdeu seus Hoje muitos seringueiros com conosco. seringais para o Banco da Amazônia idade avançada perambulam pelas Seringalista era nome bom. Tí- e Banco do Brasil. Vendo seus bens ruas de Manaus e pelos municípios nhamos crédito em todos os bancos, indo a leilão, muitos foram tomados afora em busca de trabalho ou de éramos respeitados por todos os se- pelo desespero e, pegando seus fa- seus ex-patrões para pedir uma de- ringueiros e colaboradores, vivíamos miliares e colocando-os em barcos claração de onde trabalharam, para nos seringais produzindo a melhor pequenos entravam nos rios com fins de aposentadoria. Homens que borracha do mundo - a borracha bra- crianças de colo, de 5 a 10 anos de deixaram de sonhar, perderam suas sileira. Após o término do fabrico da idade e eram tragados pela corrente- famílias, seus entes queridos, ficando borracha, vinha a quebra da casta- za. Foram dezenas de pais de família somente com as doenças e o deses- nha do Brasil, a colheita da sova, do que tomaram essa decisão desespe- pero. Hoje só nos resta a lembrança caucho, da balata, do pau-rosa e da rada. Os corpos, nunca encontrados, da fartura dos nossos seringais que piaçava. foram comidos por piranhas e jaca- agora estão descansados, prontos Era um verdadeiro exército de du- rés. para produzir novamente a melhor zentos mil homens em toda a Ama- No entanto, ainda existem serin- borracha do mundo - a borracha bra- zônia, sem contar com a região do galistas como eu que não venderam sileira. Tudo isso, conservando nos- departamento de Beni, na Bolívia, seus seringais, não derrubaram uma sas florestas e selvas, rios e manan- fronteira com Guajará-Mirim em Ron- só árvore e mantiveram, com isso, o ciais que Deus deixou para o homem dônia, e a região do Pando, fronteira seringal intacto, pronto para traba- cuidar, não desmatar, e tirar delas o com o Acre. A Bolívia produzia muita lhar. Os políticos prometeram para os seu sustento. Os seringueiros e borracha que era vendida no Brasil. seringalistas que os mesmos seriam seringalistas foram cuidadosos com a Hoje, Senhor Presidente, não reembolsados pelos pagamentos floresta. Os seringais que não foram EMPREENDEDOR 18
  • 19. STA DA AMAZÔNIA AO PRESIDENTE LULA vendidos para fazendei- ros, com o aval do Banco Hoje muitos serin- merenda escolar e ainda po- da Amazônia e Banco do gueiros com idade deria Amazonas, palmito, como faz o exportar o para o mundo Brasil, certamente poderão voltar a produzir. Derrubar avançada peram- inteiro. Cada produtor teria uma castanheiras e seringuei- bulam pelas ruas renda anual de R$ 40 mil, isto ras nunca aconteceu na época em que os serin- de Manaus e pelos sem contar com o biodiesel que também pode ser produ- gais estavam produzindo municípios afora zido do óleo da pupunha. O borracha. Com certeza, Senhor Presidente, duzen- em busca de tra- diesel vegetal daria emprego tos mil homens e mulheres balho ou de seus e renda para 60 mil pessoas e renda para o estado e municí- vão trabalhar e produzir riquezas para seus municí- ex-patrões para pe- pios. Senhor Presidente, mande pios e o Ministro do Meio dir uma declaração alocar recursos para os pro- Ambiente, Carlos Minc, se orgulhará do trabalho dos de onde trabalha- dutores produzirem pupunhei- ras; o retorno é rápido. Vossa homens da floresta. ram, para fins de Excelência ficará na história Com seu projeto “Luz Para Todos”, seringueiros aposentadoria. de Roraima como o presidente da produção da pupunha e do e seringalistas, no meio da palmito, e no Amazonas, como floresta, terão aparelho de o presidente dos seringueiros e dos televisão, geladeiras, ferro de passar seringalistas. Vossa Excelência será roupa e muitos outros eletrodomésti- lembrado por tirar pais de família do cos. caos, da fome e da miséria e a primei- Hoje, me encontro em Boa Vista/ ra dama, Marisa Letícia, será a madri- RR e aqui fundei a Câmara dos Dire- nha dos povos da floresta. tores Lojistas e fui o criador do Pro- Na certeza de sermos atendidos, jeto Pupunha e da Cooperativa do os produtores do Amazonas e de Ro- Sul do Estado. A pupunheira produz raima, oram pelo Presidente da Repú- a pupunha e o palmito. Dela é feita a blica e toda sua família. Que o senhor farinha, o bolo, o pudim, o creme, o atenda esse clamor com compaixão. suco e o palmito, para nossa rica sa- lada que, sem o palmito, fica menos Antônio Milton Miranda - Seringalista saborosa. Do palmito se faz também Rua Tenente Cícero, 763 o pastel que é delicioso. Além dessas Bairro Aparecida / CEP: 69.305-025 guloseimas, há muitos outros alimen- Boa Vista/RR tos a base de palmito, importantes na Telefones: (95) 3623-8639 merenda escolar. (95) 8801-6612 O objetivo maior do projeto é o plantio de dois hectares para cada produtor rural. Hoje Roraima tem aproximadamente trinta mil produ- tores rurais. Com 30 mil hectares de pupunheira plantados, o estado seria auto-suficiente no fornecimento da EMPREENDEDOR 19
  • 20. Deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), coordenador do projeto de integração Brasil-Peru, discursa durante Encontro em Cruzeiro do Sul Cruzeiro do Sul se apronta para inverter o comércio do Acre V ôos lotados por cinco dias, cidades isoladas do Peru pudessem Além da fronteira hotéis sem vagas, filas nos negociar com as cidades brasileiras restaurantes e carros de da fronteira de forma legal, banindo o Figuras centrais no II Encontro aluguel esgotados formam um quadro contrabando e outros ilícitos comuns pela Integração Político Empresarial revelador: Cruzeiro do Sul, capital do nas localidades onde o Estado está entre Brasil e Peru, dois empresários, Grande Vale do Juruá, viveu um mo- ausente. um brasileiro e um peruano, garan- mento atípico nos últimos cinco dias A Assembléia Legislativa assumiu a tem que a idéia é não parar em um de agosto de 2009, quando sediou o demanda e deu início a uma série de único evento. Márcio Rebouças e Sid- II Encontro Político Empresarial Acre - articulações que resultaram, em junho ney Vega foram os responsáveis pela Ucayali, Huanuco e Ancash. de 2009, na primeira exportação pelo documentação e entrega dos primei- O evento ajudou a concretizar o so- rio Purus. E isso com alfandegamento ros produtos em Cruzeiro do Sul vin- nho de tornar Cruzeiro do Sul a porta de acordo com todas as regras, em dos do Peru. de entrada e saída de uma nova rota Santa Rosa. Segundo os empresários, a idéia comercial para o Acre, como vem sen- O impulso de Santa Rosa do Purus nessa fase do projeto é dar prioridade do articulado há mais de um ano num levou a Aleac e o governo do Estado a entrega de produtos da cesta bási- movimento iniciado durante a Assem- a participarem de dois encontros com ca garantindo o acesso da população bléia Aberta 2008 em Santa Rosa do parlamentares e governadores de três do Vale do Juruá a produtos com me- Purus. Estados do Peru, um deles em Pucalpa lhor qualidade e preços mais aces- Em maio daquele ano um grupo de e outro em Cruzeiro do Sul, no final do síveis. Essa iniciativa viria para esta- empresários e políticos peruanos de mês de agosto. belecer a região como um mercado Puerto Esperanza, capital da Província Um carregamento de 20 toneladas consumidor viável para os produtores do Alto Purus, procurou o presiden- de produtos hortifruti concretizou o ne- peruanos. Além disso, os pecuaristas te da Aleac, Edvaldo Magalhães, que gócio que deverá se ampliar a partir de acreanos podem começar a se articu- EMPREENDEDOR participava da Assembléia Aberta em outubro com a realização de vôos de lar para fazer a exportação de carne Santa Rosa. Os peruanos pediram que cargas e passageiros semanais am- bovina, um produto com grande inte- a Aleac intercedesse junto ao governo pliando as oportunidades de negócios resse do país vizinho. brasileiro para que Esperanza e outras e de lazer de toda a população do Acre. A fixação de órgãos federais 20
  • 21. como Receita Federal, Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa no Ae- roporto Internacional de Cruzeiro do Sul para fazer a fiscalização dos pro- dutos que desembarcarem também é essencial. Durante reuniões com essas instituições em Brasília, ficou acertado que para a permanência dos órgãos federais é necessário que os empresários tenham interesse em viabilizar as operações de importação e exportação. Permanência Por isso essa primeira remessa veio em caráter experimental para que a população conheça e aprove os Avião da Star Peru trouxe delegação peruana para o II Encontro Binacional produtos. “ houve outros encontros Já nesse sentido, mas nunca antes havia Do lado peruano, esse papel e preços mais baixos que os praticados sido realizada uma ação concreta de a responsabilidade de trazer os pro- atualmente. importação, como agora”, ressaltou dutos foi de Vega. Sua empresa, a Transporte de passageiros tam- Santos para mostrar a importância do Comercio Representaciones Abaste- bém está nos planos. Segundo o evento de Cruzeiro do Sul. cimento Servicios Hoyle – C.R.A.S.H, brasileiro, seriam disponibilizados Com o sucesso da primeira re- atua no mercado desde 94, fazendo, inicialmente aviões Caravan com ca- messa de 20 toneladas a ordem ago- inclusive, entregas no Amazonas. Os pacidade para levar nove pessoas, fa- ra é tentar resolver outras questões dois estão confiantes de que mesmo zendo vôos semanais entre Cruzeiro como a regulamentação para que o o Acre ainda não tendo experiência na do Sul e Pucallpa, partindo daí para Vale do Juruá se torne de fato área de área de comércio exterior o mercado outros pontos do Peru estimulando o livre comércio. Além disso, está pre- local tem tudo para se desenvolver. turismo. vista a construção de um terminal de Esses planos, porém, estarão in- cargas no aeroporto de Cruzeiro, pro- Expansão cluídos em uma agenda que come- jeto já confirmado pela Infraero. çará a ser discutida mais a fundo em Rebouças, que trabalha há mais Apesar de ter começado com o outubro. “Faremos uma reunião para de 10 anos com operações de impor- comércio de gêneros alimentícios, avaliar a primeira operação e a partir tação e exportação, foi o responsá- a idéia é que não seja apenas isso. daí iremos ver o que devemos fazer”, vel pelo preenchimento de todas as Já estão encaminhados importação falou Vega. Especula-se que a partir licenças de importação para os pro- de minerais como calcário e potás- de outubro pelo menos o transporte dutos que chegaram a Cruzeiro do sio para ser utilizado na recuperação de passageiros e de cargas de ali- Sul. Segundo ele, foram necessárias de solos e existem planos para que mentos já esteja regularizado e pos- de oito a nove licenças para cada um outros produtos como eletrônicos e sa fazer parte da rotina semanal dos dos produtos. cimento possam chegar ao Acre com cruzeirenses. “Estamos próximos de fazer uma inversão no comércio do Acre”, diz Edvaldo O presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), afir- mou que não é fácil reunir autorida- des de dois países em torno de um único propósito. “Nós conseguimos levar o presidente da Anvisa, que saiu direto de Genebra para Cruzeiro do Sul, além de empresários e políticos do Brasil e do Peru. Isso mostra que estamos no caminho certo e que essa integração é importante e trará bons EMPREENDEDOR frutos”, comemorou. Entusiasmado com o resultado do encontro, Edvaldo Magalhães dis- Produtos hortifruti peruanos foram comercializados durante a Expoacre Juruá se que a Aleac está convidando os 21