1. Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita
Pacto pela Educação
Fortalece a Matriz
Curricular em Rio Branco
Praça da Revolução – Rio Branco - Acre
Integração pelo Juruá
A estrada da redenção
Cruzeiro do Sul se apronta para
inverter o comércio do Acre
CPI da Energia Elétrica
Deputados investigam as distorções
na conta de luz do acreano
Empreendedorismo Social
Melhorando a vida de quem mais precisa
Entrevista: Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais
3. Índice
Entrevista: 23 Consultoria Empresarial – com Alan Rick
05 Raimundo Noleto, da Casa dos Cereais
27 Economia Cooperativista
Cheiro da Floresta
10 Associação francesa busca matérias primas 28 Integração pelo Juruá - A estrada da redenção
para a fabricação de perfumes
Transporte de Cargas
Empreendedorismo Social 32 Novas Regras para Validar o Registro Nacional
11 Melhorando a vida de quem mais precisa
CPI da Energia Elétrica
12 Sivirino vai à Expoacre 34 Deputados investigam as distorções na
conta de luz do acreano
Cerâmicas acreanas buscam
16 certificação 36 As Muitas Histórias de uma “Princesinha”
18 Carta Aberta de um Seringalista da 40 Coluna Acre $/A – com Mirla Miranda
Amazônia ao Presidente Lula
Cruzeiro do Sul se apronta para inverter
20 o comércio do Acre
EMPREENDEDOR
3
4. editorial
O
filho tão esperado, a formatu- que aconteceu no finalzinho de agos-
ra, a casa própria, o primeiro to: a vinda de aviões cargueiros direto Expediente:
carro... Todas essas conquis- do Peru com produtos que estão na
tas demandam esforço, disposição, pauta de importação juruaense (e a Vanderlei Nascimento
sacrifícios e tempo. E tempo é tudo posterior exportação de produtos da Diretor Presidente
na vida, como destaca o artigo de nossa região para o país vizinho) con-
Mirla Miranda, uma das novidades firmaram o bom momento da relação
desta edição – além da parceria com entre as duas regiões. Ponto para os Alan Rick Miranda
o programa Acre S. A./ Amazônia S.A. políticos e empresários de Cruzeiro Diretor de Jornalismo e
As novidades, aliás, estão em todas do Sul. Consultoria
as páginas. Afirmamos, sem nenhum A EMPREENDEDOR traz também
equívoco, que você tem em mãos matérias sobre “empreendedorismo
uma nova revista. Nova em essência, social” (você sabe o que é?); sobre Marcela Jansen
conteúdo, foco e até no nome. a CPI da conta e luz - assunto que in- Jornalista Assistente
Iniciamos o trabalho da edição de teressa muito a quem produz riqueza
setembro/outubro bem cedo. As pau- no Acre e que se sente vilipendiado
tas eram muitas, os temas também. pelo altíssimo valor pago pela ener- Zeneide Mota
Este mês você vai conhecer através gia elétrica no estado; tem a matéria Diretora Administrativa
da REVISTA EMPREENDEDOR as sobre o recadastramento do setor de
histórias de sucesso de Raimundo transportes em todo o Brasil e muito
Noleto – o “Raimundo da Casa dos mais. Mx Design
Cereais” que começou seu empreen- Ah sim, antes que eu me esqueça: Layout
dimento, junto com os irmãos, numa a revista também estará circulando
banca ao lado do mercado novo. em Boa Vista-RR e Manaus-AM e nas
Saberá também como o Roberto da próximas edições traremos reporta-
Princesinha transformou uma lancho- gens do empreendedorismo que se
nete num dos mais famosos restau- faz nesses estados vizinhos. Por isso Edição Nº 56 - Ano 8 - Setembro e Outubro de 2009 | Distribuição Gratuita
rantes da capital e que estratégias a mudança. A EMPREENDEDOR
de marketing desenvolveu diante de agora é da Amazônia e do Brasil, mas Pacto pela Educação
Fortalece a Matriz
cada desafio. com os pés bem firmados no seu nas- Curricular em Rio Branco
Esta edição traz um balanço geral cedouro, trazendo e focando sempre
da Expoacre 2009! Tudo bem, tá cer- em primeiro lugar o empreendedoris-
to que já estamos em outubro, porém mo do povo acreano.
Praça da Revolução – Rio Branco - Acre
nenhuma revista jamais trouxe um Boa leitura.
levantamento tão completo do maior Integração pelo Juruá
A estrada da redenção
evento do estado. A reportagem “Sivi- Cruzeiro do Sul se apronta para
inverter o comércio do Acre
CPI da Energia Elétrica
rino vai a Expoacre” merece sua aten- Deputados investigam as distorções
na conta de luz do acreano
Empreendedorismo Social
ção. Como um produtor rural enxerga Melhorando a vida de quem mais precisa
Entrevista: Raimundo Noleto da Casa dos Cereais
a Feira? O que interessa ao homem
do campo, num evento dessa magni- Empreendedor de
tude? Você saberá e certamente vai Sucesso anuncia AQUI.
se divertir durante a leitura.
A integração comercial, cultural e (68) 3223-0954
política com o Peru, em Cruzeiro do (68) 9969-2718
Sul, é também uma reportagem espe- Rua Delfim Neto/63
cial. Durante a realização da ExpoJu- Cep: 69.908-970
ruá 2009 um importante evento selou Cohab do Bosque
o acordo de intenções comerciais,
culturais e políticas entre os dois pa-
íses. Aliás, um passo gigantesco foi
dado para a integração comercial
durante o Encontro Político Empresa-
rial entre autoridades dos dois países
EMPREENDEDOR
Vanderlei Nascimento
Diretor Presidente
4
5. entrevista
CASA DOS CEREAIS
DE BARRACA A SUPERMERCADO COM A
FORÇA DA FAMÍLIA
A
Casa dos Cereais conquistou
clientes e amigos ao longo de
sua história por algumas ca-
racterísticas comerciais que poderí-
amos chamar de virtudes. O arroz, a
farinha, o milho, o feijão, a mandioca,
as hortaliças e frutas da região e os
produtos que encontramos em qual-
quer supermercado, com o diferen-
cial de que os sócios-irmãos tinham
sempre uma maneira de ajudar o
cliente a pagar de acordo com suas
possibilidades. Era comum um pro-
Raimundo e seus irmãos começaram com esta pequena banca ao lado do Mercado
dutor-fornecedor precisar de ajuda,
de crédito, e a quem procurava? Os
irmãos Leonídio, Vítor e Raimundo, Seu Davino montou sua barraca estava de volta a Gurupi. Virou técni-
da Casa dos Cereais. Os produtos e passou a vender a produção da la- co de futebol do time juvenil do Cru-
em abundância e sempre frescos aju- voura no recém criado mercado muni- zeirinho. Os meninos eram bons de
daram a consolidar a Casa dos Cere- cipal de Gurupi. Ali começava a forjar bola e chegaram a ficar meses sem
ais como um dos pontos comerciais no caráter dos filhos o mesmo espírito perder uma partida. Os pais gosta-
mais importantes do Mercado Novo, empreendedor que carregava. vam por causa do treinamento e da
o atual Mercado Elias Mansour. Aos seis anos de idade, o filho disciplina militar do técnico do time.
Essa típica empresa familiar cres- Raimundo já era levado pelo pai para Foram 10 anos na carreira de técnico
ceu e hoje é uma bem sucedida rede ajudar na feira. Com os outros irmãos de futebol amador, no Tocantins. Ain-
de supermercados. São duas lojas em fazia de tudo. Vendeu picolé, engra- da no Tocantins, foi eleito vereador
Rio Branco e uma em Brasiléia, além xou sapatos e conforme ia crescendo por dois mandatos no município de
de novos investimentos que já estão assumia mais responsabilidades. Aju- Gurupi.
sendo tocados. dava, mas também estudava. Com
A vocação comercial dos irmãos muita luta concluiu o ensino médio. A VINDA PARA O ACRE
vem desde o berço, aliás, vem do Em 1978, já rapaz, Raimundo fez
sangue e é essa história que vamos um concurso para a aeronáutica. Foi Em 1990, os irmãos Vítor e Leo-
conhecer com mais detalhes a partir aprovado e serviu como soldado no nídio vieram para o Acre. Eles viam
desta reportagem. VI Comando Militar da Aeronáutica, no estado as mesmas oportunidades
na Base Aérea de Anápolis (GO). Fi- que o pai enxergou em Gurupi. Os
EMPREENDEDORES DE cou ali quase dois anos. “Esse perío- irmãos que já tinham experiência no
BERÇO do marcou decisivamente minha vida. ramo de secos e molhados monta-
No quartel aprendi disciplina e senso ram uma barraca ao lado do Merca-
“Seu Davino Martins Noleto, goia- de hierarquia. Até hoje aplico algu- do Novo e iniciaram o negócio. Rai-
no e dona Maria Moreira, uma mara- mas regras do modelo militar no nos- mundo chegou um pouco mais tarde,
nhense de fibra, tiveram 15 filhos, dos so empreendimento. Por isso muitos convocado pelos irmãos. Antes tinha
quais 12 estão vivos. Seu Davino era funcionários me vêem como militar”, orado a Deus, pedindo um sinal, uma
um homem do campo, não teve es- revela Raimundo Noleto. Sempre que direção para verdadeiramente vencer
tudo, mas tinha visão de empreende- aparecia um serviço na base aérea, o na vida. Sabia que seria comerciante.
dor. Ao saber que uma nova cidade soldado Raimundo era voluntário, por Noleto é crente fervoroso da Assem-
estava para ser erguida em Goiás, pe- isso foi adquirindo o respeito e a ad- bléia de Deus Ministério Madureira.
gou os poucos pertences, a mulher e miração de todos na tropa. Quando chegou a Rio Branco, a
EMPREENDEDOR
os filhos e caminharam 30 dias a pé Mas a saudade do pai falou mais banca já empregava 10 funcionários.
até chegar àquilo que um dia viria a alto. Aliás, não só a saudade. “Seu” Raimundo, dos irmãos, sempre teve
ser o município de Gurupi, hoje no Davino não via futuro para o filho na um perfil mais ousado para os negó-
estado do Tocantins. carreira militar. Em 1980, Raimundo cios. Em razão disso, Vítor e Leonídio o
5
6. colocaram como diretor do empreendi- cido o irmão Leonídio) ajudou certa adotou o Acre como sua casa. Sua es-
mento. vez o empreendimento de um rapaz, posa é dona Anilsa Barbosa Moreira,
O movimento do mercadinho já o Zacarias. Não tínhamos nenhuma também de Gurupi-TO. Eles têm três
era bom. O empreendimento era fa- garantia de recebimento do dinheiro filhos: Igor, Huggo e Hudson. Raimun-
moso porque tinha de tudo: hortifruti- investido. O rapaz queria montar uma do Noleto que recebeu os títulos de ci-
granjeiros, cereais, peixe seco, rapa- casa de farinha. O Goiano acreditou, dadão rio-branquense e acreano pela
dura, produtos a granel, farinha de ajudou o rapaz, o negócio deu certo e Câmara de Vereadores de Rio Branco
Cruzeiro do Sul, farinha de tapioca... hoje o Zacarias expandiu seus negó- e Assembléia Legislativa, respectiva-
O faturamento já era suficiente cios e virou até pecuarista. Mas o filho mente, concedeu a seguinte entrevista
para que os irmãos levassem uma dele ainda toca a casa de farinha no à EMPREENDEDOR ACREANO.
vida sossegada, mas sem luxo. Os Calafate”, revela Raimundo.
dois primeiros estavam satisfeitos RE: COMO SURGIU O NOME
com o rumo dos negócios, mas Rai- A LOJA DO TANCREDO CASA DOS CEREAIS?
mundo não. Enxergava muitas NEVES - MODERNIZAÇÃO E
injustiças no dia-a-dia do mercado GRANDEZA RAIMUNDO NOLETO: Porque
municipal. Gente desempregada ou nosso foco de vendas era o milho, o
no subemprego. Tinha o desejo de O Supermercado Casa dos Ce- feijão, o arroz... Aí você já viu! No Acre
contratar essas pessoas, possibilitan- reais do Tancredo Neves surgiu em o nome pega! Naquela época a pro-
do renda para suas famílias. 2007. Muitos consumidores fiéis da dução de grãos também era maior. Ti-
Casa dos Cereais do mercado Elias nha um incentivo muito grande quan-
EXPANDINDO O NEGÓCIO Mansour moravam naquela região do o (Tião) Bocalon era secretário
da cidade e constantemente pediam de agricultura. Foi um período muito
Raimundo começa, então, a mo- que os irmãos abrissem um merca- bom para a produção.
tivar os irmãos a investir e ampliar o do por ali. Outro fator que motivou a
negócio. Conseguiu convencê-los e expansão foi a falta de estrutura na RE: POR QUE O SENHOR
com recursos próprios e a parceria área próxima do Terminal Urbano. No VENCEU NO ACRE E NÃO NO
de alguns fornecedores, em 2004 am- local o estacionamento é insuficiente, TOCANTINS?
pliaram o negócio e transformaram o o trânsito é muito congestionado e a
antigo mercadinho em supermerca- concorrência está muito próxima. RAIMUNDO NOLETO: Porque
do. O imóvel no Tancredo Neves é alu- eu acredito que o Acre é a terra das
Em pouco tempo já estavam gado, mas ali os Noleto investiram R$ oportunidades para quem quer traba-
comprando as áreas em redor e hoje 3,5 milhões em acabamento, reforma lhar. Tem um povo hospitaleiro que só
são donos de 3200 metros quadra- e instalações. Outra loja que será am- precisa de uma mão, um apoio inicial.
dos do imóvel vizinho à Feira Muni- pliada em breve é a de Brasiléia que Precisamos gerar oportunidades de
cipal. A área total, somando-se os passará dos atuais 400 metros qua- trabalho para o nosso povo.
pontos alugados, fica em torno de drados para 2 mil metros quadrados.
4,7 mil metros quadrados. Um dos sonhos de Raimundo está RE: ONDE É PRECISO
A empresa foi crescendo na mes- sendo consolidado. Hoje, ele e sua MAIS OPORTUNIDADES DE
ma medida em que as pessoas vi- família dão emprego direto a 400 pes- TRABALHO?
nham procurar emprego. “Eu posso soas. Indiretamente estima empregar
dar um exemplo desse nosso jeito de aproximadamente 5 mil acreanos. RAIMUNDO NOLETO: Eu penso
trabalhar. O Goiano (como é conhe- Esse tocantinense de 50 anos, que o Estado tem que criar as con-
EMPREENDEDOR
A Casa dos Cereais do Tancredo Neves, um investimento de quase R$ 4 milhões, foi um pedido dos moradores da região
6
8. dições para que a iniciativa privada jeiros. Um dia desses um senhor me dindo ajuda, com tanta terra fértil no
possa se desenvolver mais. Devemos procurou para oferecer um produto: Acre. Lá em Tocantins nós temos pro-
olhar com mais carinho para a produ- gengibre. Ele tem capacidade para dução até no “deserto” do Jalapão: é
ção. Eu creio que nós empresários produzir até 10 mil quilos por mês. o famoso capim dourado. E aqui com
e produtores também podemos criar Mas ninguém nem sabia! terra pra produzir, plantação feita, a
essas condições para que o nosso A madeira, por exemplo, pode ser coisa emperra por causa da burocra-
povo possa produzir mais. mais utilizada para construção de ca- cia. É um absurdo.
sas populares.
RE: O QUE, ENTÃO, PRECISA Fui a uma feira no Shopping Cen- RE: COMO O SENHOR
SER MELHORADO PARA QUE ter Norte, em São Paulo, num evento AVALIA O MODELO DE
O ESTADO PRODUZA MAIS? da APAS- Associação Paulista de Su- DESENVOLVIMENTO DO
permercados. Lá eu vi muitos móveis ATUAL GOVERNO?
RAIMUNDO NOLETO: A carga tri- fabricados com madeira acreana. Foi
butária ainda é muito elevada. O Esta- um choque. Era para agregar valor a RAIMUNDO NOLETO: É um bom
do tem recebido muitos recursos para esses produtos aqui mesmo no Acre. modelo, com certeza. Mas é pos-
investimentos em construções e infra- Mas a maior parte da madeira con- sível gerar muito mais empregos
estrutura, mas, no meu entendimento tinua saindo daqui em toras e pran- principalmente no setor madeireiro,
o foco deve ser a produção. Isso ge- chas, sem agregar valor. Isso tem que agregando valor aos produtos. Tem
raria muitos empregos e renda para acabar. empresário fechando suas pequenas
milhares de famílias. Quando nós ge- O manejo é um negócio excepcio- indústrias por falta da madeira mane-
ramos emprego tiramos pessoas da nal. Mas o Estado deveria subsidiar a jada a preço justo. É preciso ajustar
vida degradante. Quanto mais empre- madeira manejada para as pequenas a legislação para as condições do es-
go, menos violência. Problemas fami- marcenarias. Do contrário elas conti- tado. Os pequenos deveriam ser be-
liares são resolvidos com emprego, nuarão sendo engolidas pelas gran- neficiados, com incentivos, um subsí-
renda e trabalho. des madeireiras. dio, talvez.
RE: E QUE SETORES RE: O SENHOR ACREDITA QUE RE: O QUE ESTÁ FALTANDO
PRODUTIVOS DEVEM SER EMPREENDIMENTOS COMO NO MEIO POLÍTICO DO
PRIORIZADOS? A ÁLCOOL VERDE MERECIAM ESTADO PARA QUE ESSES
MAIS SENSIBILIDADE DAS PROJETOS ACONTEÇAM?
RAIMUNDO NOLETO: Eu ajudaria INSTITUIÇÕES?
na produção de grãos e hortifrutigran- RAIMUNDO NOLETO: Todos os
RAIMUNDO NOLETO: Com cer- dias vemos empresas e pequenos
teza. Dói quando vemos pessoas pe- negócios morrendo. Tem empresas
acreanas se instalando em Rondônia.
O que está faltando é atitude, ação.
Tem muita retórica, muito discurso.
Acredito, pela nossa experiência, que
é preciso incentivar a gestão, diminuir
a burocracia e aliviar a pesada carga
tributária. Todos os que estão no Go-
verno sabem o que fazer. O difícil é
agir. Gerar emprego é fruto de vonta-
de política.
O político é uma autoridade cons-
tituída pelo povo, mas pode ter cer-
teza que foi pela vontade de Deus.
Por isso tem que exercer o mandato
como um sacerdócio, como um ver-
dadeiro servidor. É isso que é preci-
so fazer. Podemos fazer muito mais.
Acredito que tudo pode melhorar.
Raimundo Noleto,
o “Raimundo dos
Cereais” é um
empreendedor
EMPREENDEDOR
que acredita na
produção agrícola
como fomentadora
do desenvolvimento
do Estado
8
10. Cheiro da Floresta
Associação
A
tuando na região oeste da
França onde estão instaladas
francesa
empresas que produzem per-
fumes como o Chanel Nº 5, Pacco
busca novas
Rabane e Dior a Cosmetic Valley é
uma associação que promove a inte-
matérias
gração de serviços entre empresas,
pesquisadores e universidades para
estimular a produção e a competitivi-
primas para dade.
Sempre em busca de novidades,
a fabricação a Cosmetic Valley envia ao mundo
seu diretor geral Jean-Luc Ansel que
de perfumes está no Acre procurando informações
sobre ervas e essências amazônicas
com cheiro da que possam servir de base para o
desenvolvimento de novos produtos
floresta para as indústrias com as quais sua
entidade se relaciona. Jean-Luc Ansel da Cosmetic Valley
Acompanhado pelo tradutor Ay-
mar Roger, Ansel esteve conhecendo novas tecnologias. “Ao beneficiar aqui
os resultados das pesquisas que vêm sua matéria prima, isso nos permite
sendo desenvolvidas pela Fundação divulgar sua localidade de origem e o
de Tecnologia do Acre (Funtac) e tam- nome Amazônia que é uma marca im-
bém procurou o Sebrae em busca de portante e que precisa ser usada com
informações sobre empresas acrea- sabedoria”, explicou Ansel.
nas que produzam óleos essenciais e Ele destacou sua surpresa ao
outras matérias primas para a indús- conhecer os trabalhos e pesquisas
tria da perfumaria e cosméticos. que vêm sendo realizadas na Funtac
“Buscamos novidades, mas não onde, além de informações sobre o
nos interessamos por matérias pri- uso comercial de óleos como a Copa-
mas brutas, queremos que elas se- íba e Andiroba, também descobriu o
jam beneficiadas aqui por empresas potencial da pimenta longa na produ-
daqui, por isso, nosso desejo é o de ção do safrol que é um dos principais
construir parcerias com entidades fixadores utilizados tanto pela indús-
como o Sebrae, Universidade e insti- tria de perfumes, quanto de tintas e
tuições de pesquisa para que apóiem medicamentos.
e orientem esses empreendedores na Ele advertiu, no entanto, que sua
fabricação, no beneficiamento dessas associação busca informações e
matérias primas dentro do padrão de idéias, ao mesmo tempo em que se
qualidade, regularidade e segurança propõem a oferecer soluções tecno-
exigido pelas indústrias”, esclareceu lógicas em parceria com pesquisado-
Ansel. res e universidades. Porém, depende
Ele explicou que ao beneficiar as da atitude das pessoas e da iniciativa
essências e extratos da floresta na de quem almeja transformar essas
própria zona de produção, eles con- idéias em produtos que gerem renda
tribuem para o desenvolvimento re- de forma sustentável evitando a que-
gional sustentável gerando emprego, bra da cadeia produtiva regular que é
renda e estimulando a aplicação de o que interessa ao mercado.
EMPREENDEDOR
10
11. Empreendedorismo Social
Melhorando a vida de quem mais precisa
O
termo empreendedor comu-
mente se refere a uma pes-
soa que começa um negó-
cio; um novo empreendimento para Casa de
aferir lucro e renda. Mas a palavra Apoio vai
“empreendedor” não se limita à área ajudar aos
pacientes
de negócios. Veio da língua francesa do interior
e significa “alguém que se encarrega que não
ou se compromete com um projeto têm con-
dições de
ou atividade significante”. A palavra pagar hos-
foi associada aos indivíduos (empre- pedagem
sários, profissionais liberais, artistas, na capital
políticos, servidores públicos, etc.)
que estimularam o crescimento eco-
nômico e a qualidade de vida das
pessoas por encontrarem diferentes e
melhores maneiras de fazer as coisas. que afirma Charles Leadbeater, autor de dormir no chão para melhor atender
Em vez do tipo do empreendimento “The rise of the Social Entrepreneur” - os que visitavam nossa casa”, lembra
que o individuo tem, a palavra descre- Demos, Inglaterra. Jessé.
ve uma postura, um comportamento Um exemplo muito recente des- O imóvel foi adquirido pelo vere-
e conjunto de qualidades. Empreen- te tipo de empreendedorismo foi o ador, através de financiamento junto
dedores vêem possibilidades, e não que aconteceu na quinta-feira, 20 de à Caixa Econômica Federal. Foi refor-
problemas, para provocar mudanças agosto, quando o presidente da Câ- mado, ampliado, recebeu pintura e
na sociedade e não se limitam aos re- mara de Rio Branco, vereador-pastor adequação nos sistemas hidráulico e
cursos que têm num momento. Jessé Santiago (PSB) entregou à elétrico para oferecer mais conforto e
“Empreendedores sociais são como Igreja Assembléia de Deus, a Casa segurança.
empresários nos métodos que eles uti- de Apoio Pastor Jeová Santiago, no Segundo Jessé, ao mesmo tem-
lizam, mas são motivados por objetivos bairro Estação Experimental. A casa po em que presta uma homenagem
sociais ao invés de benefícios materiais. foi construída em madeira, medindo ao seu pai, que sempre atendia os
Sua grande habilidade é que eles, com 25 x 10, em um terreno de 600 metros irmãos mais carentes em sua casa,
freqüência, fazem as coisas a partir de quadrados. A casa foi cedida em ter- está realizando um antigo sonho:
quase nada, criando formas inovadoras mo de comodato com prazo inicial de oferecer um acolhimento digno aos
de promoção de bem estar, saúde, ha- quatro anos. irmãos que não têm parentes nem
bitação, que são tanto de baixo custo, A Casa homenageia o pai de dinheiro para pagar hospedaria ou
quanto efetivas se comparadas aos ser- Jessé, o pastor Jeová Santiago, um hotel.
viços governamentais tradicionais”, é o empreendedor social que dedicou “O maior empreendedor social da
boa parte de sua vida ao atendimento história foi Jesus Cristo que deu sua
aos irmãos mais carentes. O imóvel vida por quem não merecia. A Bíblia
dispõe de três quartos, sala, cozinha, está cheia de exemplos, mas gosto
banheiro, sala de estar, sala de jantar de citar a carta do apóstolo Tiago que
e áreas de estar na frente e nos fun- diz que a fé, sem obras é morta. Por
dos. O imóvel está mobiliado com 14 isso, temos que agir e mostrar nossa
beliches e colchões novos, além de fé pelas obras que praticamos”, afir-
guarda-roupa, refrigerador, televisor, ma o vereador.
Vereador e pia com balcão e cisterna com capa-
Pastor Jessé
Santiago deu cidade para 2000 litros.
o nome de A administração da Casa ficará a
seu pai à casa cargo da Associação Cristã Alfa, li-
de apoio no
Bairro Estação gada à Igreja Assembléia de Deus e
Experimental presidida por Cacilda Santiago. Os
evangélicos do interior serão enca-
EMPREENDEDOR
minhados pelos pastores e poderão
ficar hospedados por um prazo de até
15 dias. “Meu pai recebia os irmãos
em sua casa. Muitas vezes chegou a Mobiliário da Casa de Apoio
11
12. SIVIRINO VAI À EXPOACRE
“Seu” Sivirino que nunca tinha ido ao evento
nos relata suas impressões da maior festa
popular e de negócios do Acre.
S
ivirino da Silva é um típico mais ouriçadas piscando pros peões. cre!” “E ainda tem uns ‘cabra’ que diz
nordestino que veio para “Arre égua, meu fií, o negócio aqui é que o Acre ‘num’ tem indústria”.
o Acre ainda criança. Sua arrochado”. É seu Sivirino. Foram cinqüenta
família instalou-se no ramal do Tocan- No entanto, ficou mesmo de olho indústrias de látex, castanha, polpa
tins, pra lá das Vilas do “V” e do Incra, no trabalho da equipe da organiza- de frutas, energia, reciclagem, tintas,
na jurisdição de Porto Acre, em me- ção. Alguns de carro, outros a cavalo. plástico, construção civil, produtos de
ados da década de 1960. Seus pais Uns mais atentos outros nem tanto. limpeza, bebidas, laticínios, alimentos
eram agricultores e a muito custo Cada um em sua função ajudando em geral e até colchões. Já dá para o
conseguiram um pedacinho de terra a organizar a cavalgada. Um fato, senhor ir pensando em trocar essa sua
num dos assentamentos do Incra na porém, atraiu a atenção do agricul- rede velha por um colchão novinho,
região. Sivirino é o herdeiro, já que tor: era o Paulinho Viana, do IDAF, “made in Acre”!
dos outros oito filhos, três morreram, fazendo o percurso todo a pé. “Meu Nosso visitante lembrou das pa-
dois foram tentar o garimpo em Ro- fií, ainda bem que ele tava de tênis, lavras do secretário de Ciência e
raima e por lá ficaram; um se formou porque se tivesse de bota ia passar a Tecnologia, César Dotto, numa outra
professor e hoje trabalha em Rio feira todinha contando os ‘calo’. O pé entrevista com o Alan Rick: “Esse é o
Branco e as duas irmãs se casaram e dele ia ficar ‘pôdi’”. Conseguiu ainda momento para que mais pessoas pos-
foram embora. identificar o Jorge Viana e o Tião, o sam conhecer os produtos industriali-
O agricultor nunca tinha ido à César Messias e até o Mauro Ribeiro zados no Acre. O espaço foi pensado
Expoacre. “Tenho tempo pra essas de chapéu e com aquele bigodão do para a realização de negócios durante
‘coisa’ não meu ‘fií’ ”, dizia sempre. Zé Leôncio da novela Pantanal. o evento”.
Até que um dia, assistindo o progra- “Ainda bem que eu ‘trusse’ meu O setor moveleiro é outro que a
ma de entrevistas da TV Gazeta viu o ‘saquin’ de farinha com carne seca”. cada ano atrai mais público. Com no-
Paulo Viana e o Mauro Ribeiro anun- Não precisava não, seu Sivirino! Por vos produtos, design, a qualidade do
ciando que a festa ia ser bonita tanto lá se vendia de tudo: churrasquinho, acabamento e as tecnologias aplica-
pro homem da cidade quanto para o salgados, picanha na chapa, sandu- das, os móveis acreanos de madeira
homem do campo. Até convênio para íche, picolé, sucos... bebida, então, certificada nada deixam a desejar aos
a agricultura familiar disseram que o nem se fala. Parecia até que a feira fabricados nas grandes indústrias do
governador iria assinar durante a fes- já tinha começado. Ainda bem que sul e sudeste do país. Esse ano o Pólo
ta. “Marrapaiz, eu ‘vô mermo, ó’! Vai Sivirino não bebe, quem iria “pilotar”o Moveleiro lançou a coleção de móveis
que eu consigo mais um ‘crédituzin’ Godofredo? Toca a cavalgada... e certificados.
daquele ‘Pronafi’. Aí dá ‘pá’ plantar Sivirino preocupado com o Paulinho O Pólo de Rio Branco recebeu o
mais um ‘milhozin’, um ‘fejãozin’ e até Viana, quase deu-lhe uma carona no selo de certificação FEC pela presta-
comprar mais umas ‘novilha’ ”. lombo do jumento. ção de serviços, marcenaria e seca-
gem de madeira. O Sindmóveis con-
A CAVALGADA DO RAMAL AO MARECHAL cedeu o selo a um pequeno grupo de
quatro empresas que produzem obje-
E ele foi mesmo. O homem levou O Parque de Exposições Marechal tos e móveis a partir de madeira com
o negócio tão a sério que conseguiu Castelo Branco impressionou o visi- certificação de origem.
até lugar na cavalgada. Pegou uma tante. “Rapaiz! O povo gosta ‘mermo’ E não parou por aí: o setor move-
carona no ramal pra ele e seu jumen- de ‘abunitar’ as coisa”. Sivirino não leiro também mostrou outra novidade
to Godofredo, chegou cedo à Game- está só quando faz esta análise. Quem na Expoacre 2009: a ambientação de
leira e seguiu junto com as comitivas. passeou pela feira este ano pôde per- espaços. Foram montados quartos,
O difícil foi agüentar aquela friagem ceber mudanças em quase todos os salas, cozinhas, com a exposição dos
da manhã de sábado. espaços. Umas mais sutis. Outras móveis para cada ambiente. Somente
Sivirino viu muita coisa: Gente fa- bastante profundas. O setor da indús- neste setor, dez indústrias participa-
zendo festa em cima de caminhão, tria, por exemplo. Nunca teve um es- ram da oportunidade de negócios.
famílias inteiras brincando, funcioná- paço tão privilegiado. Dois mil metros Outras dez do setor madeireiro mos-
EMPREENDEDOR
rios de empresas uniformizados em quadrados, quase o tamanho da colô- traram seus produtos.
suas comitivas, “peão do asfalto” se nia do seu Sivirino. “Uma, duas, ‘trêis’, “Meu fií, me deu vontade de trocar
equilibrando em lombo de cavalo, 4... 25, 26, 27... 48, 49, 50”. “Marrapaiz, os ‘movi’ lá de casa ‘tudin’, ó”, decre-
mulher bonita só observando e as cinqüenta ‘indústria’ só aqui na Expoa- tou Sivirino.
12
13. AGRICULTURA FAMILIAR – O
TERRENO DO SIVIRINO
“Minino, eu queria ‘mermo’era
aquela cesta que entregaram pro Bi-
nho, ó”. Eu também, seu Sivirino! A
cesta era farta: tinha palmito, iogurte,
queijo, farinha, copaíba, banana, ra-
padura, doce de leite, polpa de fru-
tas, milho e feijão. Todos produzidos
por pequenos agricultores familiares
iguais ao “seu Sivirino” que resolve-
Expoacre 2009 foi considerada a melhor de todos os tempos
ram presentear o governador durante
solenidade de liberação de recursos
do Banco da Amazônia na Expoacre quilômetros de ramais asfaltados e a Expoacre pelo governador Binho
2009. outros 250 foram piçarrados. Marques e representantes do Banco
Ao todo foram liberados R$ 3,7 “É, meu fií. Ano passado eu tirei da Amazônia e do Grupo Contri.
milhões para impulsionar o setor. O um ‘dinherin’ no Basa pra pagar em Com investimento de R$ 1,4 mi-
dinheiro vem das linhas de crédito do sete ‘ano’, com juro de 2% ao ano e lhão, o objetivo é que a pequena in-
Pronaf e “Mais Alimento” e é destina- um prazo de trêis ano para começar dústria comece a operar em 40 dias.
do para a compra de veículos, grades a pagá, ó. É pur isso que plantei meu O frigorífico deve gerar 15 empregos
aradoras, plantadeiras, caminhões, milhozin, meu fejãozin e já to queren- diretos e 90 indiretos. A capacidade
cercas elétricas e horas de trabalho do é aumentar a produção, viu!”. de abate é de cem animais por dia e
de tratores. É por isso que o secretário da Se- o dono do empreendimento diz que
“É, mas o gunverno tem que aju- aprof, Nilton Cossom, diz que a ten- vai trabalhar em parceria com cerca
dar nóis pela Seaprof, com a assistên- dência nos próximos anos é o Acre se de 160 produtores da região.
ça técnica nas nossa colônhas, meu tornar auto-sustentável na produção “Olhe, eu gosto mermo é de carne
fií. Purque num basta só o dinhêro, de vários itens. “Hoje, 100% das aves de boi, mas um ‘carnerin’ tem seu va-
tem que ter assistênça”. E é isso mes- e da mandioca, 95% da banana, 60% lor, ó. Se for um recheado com arroz
mo que o governo garantiu, “seu” do feijão e 50% do milho que con- entãosí... vixe, eu como que peco”.
Sivirino. A assistência técnica vem na sumimos no Acre é produzido aqui
seqüência. E se não chegar lá na sua mesmo pela agricultura familiar. Com BOIADA CADA VEZ MELHOR
colocação, o senhor nos avise que a tecnologia e o crédito, vamos au-
nós cobramos do Nilton Cosson, o mentar ainda mais nossa produção”, “Seu minino, como é que faz pra
secretário de Extensão Agroflorestal avalia. participar do sorteio dessa boiada?
e Produção Familiar. Já o Instituto de Defesa Agroflo- Num tão ‘jogano’ do ‘guiza’ não, né”?
restal - IDAF, que recentemente fez Essa foi a pergunta bem-humorada
OS INVESTIMENTOS um levantamento de rebanhos no do “seu” Sivirino ao Mauro Ribeiro,
Acre, afirma que o estado já tem 55 Secretário de Agricultura e Pecuária.
O que o trabalhador rural quer é a mil ovinos para abastecer o primeiro Isso porque esse setor deu um gran-
garantia da cadeia produtiva. E isso frigorífico do segmento no estado. de salto qualitativo nesta Expoacre
está sendo feito. O Pacto Agrário já Uma Carta de Intenção para a insta- 2009. A pista de desfile e ranquea-
liberou cerca de R$ 300 milhões em lação do empreendimento na Estrada mento de animais pode ser compara-
quatro anos. No estado foram 250 de Porto Acre, foi assinada durante da às melhores do restante do Brasil.
Cerca de 130 animais desfilaram du-
rante o evento. “Tivemos uma pista
com padrão de qualidade que nos
deixou entre as melhores pistas bra-
sileiras. Além disso, o público de 20 a
30 mil pessoas por noite e o volume
de negócios superior a R$ 56 milhões
de reais superaram as expectativas
e os números do ano passado”, afir-
mou Paulo Viana, um dos organiza-
dores do evento.
O melhoramento genético do re-
banho bovino do estado, composto
na maioria pela espécie nelore, é o
EMPREENDEDOR
responsável por isso. O gado acreano
participou pela primeira vez do Circui-
to Boi Verde de ranqueamento de car-
caça. A final do ranqueamento, que é
Rankiamento de animais mostrou a melhoria genética do rebanho acreano
13
14. Paulo Viana, presidente do
IDAF, um dos organizadores
da Expoacre 2009
Convênios do Governo com o setor produtivo possibilitam investimentos em máquinas e equipamentos
o julgamento dos animais por um juiz compra de touros, ou somente da biente. O chamado boi verde hoje é
credenciado pela Associação Brasi- cobertura, e mais ainda com a apli- marca que atrai os compradores mais
leira de Gado Nelore, foi realizada na cação de tecnologia avançada. Os exigentes dentro e fora do Brasil. En-
noite de quinta-feira, 30 de julho. pequenos contam com o apoio do tão o caminho é este”, ressaltou.
Com isso, é a primeira vez que o Estado e da Embrapa e seu laborató- E foi na quinta-feira da Expoa-
gado acreano passa por uma avalia- rio de melhoramento genético. A me- cre, dia 30, que os dez primeiros
ção de diversos critérios já estabeleci- lhora genética garante, por exemplo, colocados no ranqueamento foram
dos nacionalmente. A qualidade zoo- o ganho de peso de forma mais pre- apresentados ao público e os donos
técnica e genética e a relação idade coce para os animais. “Antes no Acre receberam troféus. Sivirino estava lá
- peso são alguns dos itens avaliados. se matava bois com cinco, seis anos e declarou: “ano que vem eu ‘vô tá’
Mauro Ribeiro diz que os animais ran- de idade com pouco peso. Agora, os aqui ‘cum’ bezerro desses”.
quedos se tornam produtores de sê- animais são abatidos com três anos “É, meu ‘fií’ o povo ‘tá dizenu’ que
mem e este sêmem se torna cada vez alcançando 500 quilos de peso bruto essa Expoacre de 2009 foi a melhor
mais valioso com o melhoramento e 260 quilos só de carne”, explica o de todas. E olhe que eu nem assisti
genético dos animais. secretário. os ‘artista’ ‘purque’ tinha que ‘acordá
“Mas e como é que eu posso me- Na premiação do ranqueamento o cedin’ pá trabalhar no dia seguinte.
lhorar o meu ‘gadin’ lá da colônha, governador Binho Marques, ressaltou Mas, meu fií, fiquei muito ‘sastisfeito’
seu Mauro? Isso é coisa só pra rico”, que a pecuária pode ser sim, uma ati- ‘cum’ que eu vi lá, ó”.
questiona Severino. Mas, segundo o vidade sustentável do ponto de vista Quem sabe no próximo ano “seu”
secretário, tanto grandes como pe- ambiental. “O próprio mercado regula Sivirino não estará no Parque Mare-
quenos criadores podem investir na a oferta do gado criado de forma sus- chal Castelo Branco como Expositor
melhoria da qualidade, por meio da tentável, que não agride o meio am- da Expoacre 2010? As condições es-
tão criadas - tanto para os grandes,
quanto para os pequenos como ele.
Os investimentos e o apoio para a
agricultura familiar são uma realida-
de.
Nós da Revista Empreendedor es-
taremos lá para conferir.
Governador
Binho Marques
observa a
produção do
EMPREENDEDOR
artesanato
local
14
15. Volume de Negócios realizados na Expoacre 2009
01 de agosto
02 de agosto
25 de julho
26 de julho
27 de julho
28 de julho
29 de julho
30 de julho
31 de julho
Setores
Total
%
Bancos 2.838.548 1.748.333 1.213.333 2.564.619 1.333.333 8.860.233 11.716.248 6.872.252 9.388.633 46.535.535 59,9
Banco do Brasil 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 1.213.333 10.920.000 14,0
Banco da
1.625.215 535.000 - 1.351.286 120.000 7.646.900 10.502.915 5.058.919 8.175.300 35.015.535 45,0
Amazônia
Caixa Economica - - - - - - - 600.000 - 600.000 0,8
Leilões - 361.454 - 205.104 121.846 370.419 456.205 309.210 77.465 1.901.702 2,4
Nº de animais
- 165 - 469 106 821 41 51 59 1.712 -
leiloados
Veículos 1.468.447 967.223 1.273.258 1.862.088 802.570 1.707.475 2.641.670 2.304.950 1.278.690 14.306.371 18,4
Carros 4 4 5 18 7 15 10 13 10 86 -
Caminhões 2 3 6 1 1 1 6 6 2 28 -
Motos 8 4 5 11 7 12 19 8 6 80 -
Utilitários ... ... ... 2 2 3 5 2 6 20 -
Trator 3 2 3 ... 1 1 3 ... ... 13 -
Implementos ... 1 2 ... ... ... 1 ... ... 4 -
Alimentação &
77.714 106.422 79.197 89.974 130.853 85.342 137.009 151.835 143.938 1.002.283 1,3
Bares
Empresas¹ 106.112 322.495 1.481.719 2.443.239 510.118 4.507.763 3.138.181 390.807 884.450 13.784.884 17,7
Setor da Indústria 7.945 58.246 282.617 7.689 14.781 7.808 1.491.785 28.949 208.800 2.108.620 2,7
Produtos Agrope-
16.210 135.840 291.280 357.525 401.860 161.390 1.070.173 211.700 257.650 2.903.628 3,7
cuários
Ambulantes 13.862 25.124 15.154 17.763 20.440 20.950 39.004 35.360 22.484 210.141 0,3
TOTAL 4.504.683 3.531.052 4.062.662 7.182.786 2.919.160 15.552.182 18.128.316 10.064.414 11.795.660 77.740.915 100,0
Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão
1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de bebidas, parque,
artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras)
Comparativo do Volume de Negócios realizados primeiros sete
dias da Expoacre
Setores 2008 2009 Diferença 09/08
R$ %
Bancos 24.005.904 46.535.535 22.529.631 94%
Banco do Brasil 11.287.112 10.920.000 -367.112 -3%
Banco da Amazônia 12.283.752 35.015.535 22.731.783 185%
Caixa Economica Federal 435.040 600.000 164.960 38%
Leilões 3.068.122 1.901.702 -1.166.420 -38%
Nº de animais leiloados 2.549 1.712 -837 -33%
Veículos 13.685.217 14.306.371 621.154 5%
Alimentação & Bares 999.699 1.002.283 2.583 0,3%
Empresas¹ 7.125.344 13.784.884 6.659.540 93%
Setor da Indústria 237.478 2.108.620 1.871.142 788%
Produtos Agropecuários 2.209.400 2.903.628 694.228 31%
Ambulantes 145.190 210.141 64.951 45%
TOTAL 49.029.476 77.740.915 28.711.439 59%
Notas:
EMPREENDEDOR
1 Inclui as empresas do setor de indústria e produtos agropecuários, bem como as demais espalhadas pelo parque (certificadoras, distribuidores de
bebidas, parque, artesanato, eletrodomésticos, planos de saúde, farmácia, dentre outras)
Fonte: SEPLAN/Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão
15
16. Cerâmicas acreanas buscam
certificação por meio do PSQ
Adesão ao programa garantirá mais acesso ao
mercado que tem se tornado cada vez mais
competitivo
P
ara qualquer que seja o pação do consultor da Associação que atualmente é coordenado pela
setor, o mercado tem se Nacional da Indústria Cerâmica (ANI- ANICER.
mostrado cada vez mais CER), Antônio Carlos Araújo, que Com isso o projeto teve encer-
exigente. Não é diferente com o setor falou sobre a importância do PSQ ramento cumprindo todas as ações
cerâmico, que nos últimos anos tem como ferramenta para a qualidade, e alcançando as metas e resultados
agregado novas tecnologias para en- que auxilia as empresas a enqua- previstos no Acordo de Resultados
frentar a concorrência e se manter na drarem blocos e telhas cerâmicos e firmado entre FIEAC, Sebrae-AC, Sin-
competitividade. processos de acordo com mudanças doac e Funtac.
Por esse motivo, empresas acrea- competitivas. O presidente do Sindicato das
nas do ramo fizeram adesão ao Pro- Na oportunidade, foram apresen- Olarias, Aristides Júnior, disse que
grama Setorial de Qualidade (PSQ) tados ainda os resultados finais ob- a adesão das empresas do Acre ao
Cerâmica Vermelha, durante o encer- tidos pelo Projeto Cerâmico, relacio- PSQ é de grande importância, uma
ramento do Projeto Cerâmico, ocorri- nados ao aumento da qualidade dos vez que estas passarão a vender pro-
EMPREENDEDOR
do no dia 18 de setembro, na Federa- produtos, a satisfação dos clientes dutos certificados. “A certificação, no
ção das Indústrias do Estado do Acre construtores e, principalmente, a ade- entanto, não será uma conquista fá-
(FIEAC). são das empresas cerâmicas de Rio cil. O processo, que inclui a avaliação
O evento contou com a partici- Branco ao PSQ Cerâmica Vermelha, dos produtos em laboratórios, pode
16
17. demorar até três anos e as exigências
são muitas. Como o próprio nome do
programa diz, a qualidade é um que-
sito indispensável”, garante o presi-
dente.
Nesse primeiro momento, apenas
seis de um total de 30 empresas acre-
anas do ramo da cerâmica aderiram
ao programa. As demais precisam
passar por uma reestruturação para
serem atendidas pelo PSQ.
A coordenadora do Procompi, Ro-
sineide Sena, salienta que a adesão
só se tornou possível em razão dos
investimentos feitos pelo Governo do
Estado do Acre a sua rede de labo-
ratórios da FUNTAC que garantirá a
avaliação periódica dos produtos,
seja localmente ou na Rede de Labo- Presidente do Sindicato das Olarias, Aristides Júnior
ratórios credenciados ao Inmetro.
O Procompi teve grande partici- os elos existentes no Estado, como é proposta pela CNI e SEBRAE (ges-
pação nesse processo. Proporcionou o caso do setor cerâmico, madeireiro- tores nacionais do Procompi), foi a
uma evolução na cadeia da Constru- moveleiro, mineral não-metálico e pa- adesão do Estado do Acre ao PBQP-
ção Civil, por meio dos projetos de- vimentação. H - Programa Brasileiro de Qualidade
senvolvidos para o próprio segmento Um dos grandes resultados a e Produtividade no Habitat, que tem
da construção civil, assim como, para essa cadeia produtiva, na parceria estimulado o setor a elevar os pa-
tamares de qualidade, reduzindo o
desperdício das obras e ampliando a
valorização por meio da qualificação
de sua mão-de-obra.
“Esses positivos resultados refle-
tiram também na aprovação da pro-
posta do Projeto encaminhada ao
Edital da Chamada de Projetos do
IEL-NC e Sebrae-NC para o Progra-
ma de Desenvolvimento de Fornece-
dores-PDF que garantirá a continui-
dade das ações executadas através
do Procompi para o setor cerâmico,
por mais dois anos, focado em três
pontos estratégicos: fornecimento de
matéria-prima em quantidade, quali-
dade e legalidade para as cerâmicas,
eficiência energética com uso de bio-
massa e certificação de produtos”,
PROCOMPI busca padronizar e melhorar toda a cadeia da construção civil
completou.
EMPREENDEDOR
17
18. CARTA ABERTA DE UM SERINGALIS
existe mais produtores de borracha, feitos a época aos Bancos da Ama-
foram todos tragados pelos políticos. zônia e Banco do Brasil e suas terras
Em 1986, José Sarney e em 1990, totalmente devolvidas sem quaisquer
Fernando Collor, deram o tiro de mi- ônus. Porém, isso nunca aconteceu,
sericórdia na categoria. os seringalistas continuam sonhan-
No século XVIII e XIX os seringa- do com o dia em que a borracha terá
listas foram os desbravadores, os novamente o seu preço de mercado
EXCELENTÍSSIMO SENHOR soldados da borracha, e hoje a bor- e voltar ao que era antes quando um
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA racha é importada da Malásia, pois os quilo de borracha comprava uma lata
PRESIDENTE DA REPÚBLICA ingleses que lá plantaram a seringuei- de leite em pó de 400g.
FEDERATIVA DO BRASIL ra são os mesmos que fabricam os Senhor Presidente, se isso acon-
pneus. As multinacionais compram a tecer, cerca de duzentas mil pessoas
Senhor Presidente, borracha de toda aquela região. terão o seu emprego de volta nos
Senhor Presidente, os seringais seringais, somente Vossa Excelência
N
os anos 80 fui vice-presidente foram abandonados e seringalistas e pode ter compaixão de todo esse
do Sindicato dos Seringalis- seringueiros foram viver nas cidades povo, anistiando suas dívidas.
tas do Amazonas, junto com em cubículos, debaixo de pontes e Fui o maior produtor de borracha
o falecido deputado estadual Vinícius viadutos, crianças e adolescentes se do Rio Purus, sou dono de um “rio
Conrado. A época tínhamos bons pa- prostituíram, jovens se venderam ao inteiro” (como se costuma chamar
drinhos: governadores Henock Reis, crime, os pais se submeteram a tra- os seringais ribeirinhos), o Inauiní,
José Lindoso, deputado estadual balhar em seringais que foram trans- afluente do Rio Purus/Amazonas, pró-
José Belo Ferreira e Dr. José Cesá- formados em fazendas. Antes eram ximo ao município de Boca do Acre,
rio Meneses de Barros, então Supe- suas terras, suas casas, sua vida. onde também fundei e presidi o Lions
rintendente da Sudevhea e tantos Com o declínio da borracha a Clube.
outros ajudadores que já não estão maioria dos seringalistas perdeu seus Hoje muitos seringueiros com
conosco. seringais para o Banco da Amazônia idade avançada perambulam pelas
Seringalista era nome bom. Tí- e Banco do Brasil. Vendo seus bens ruas de Manaus e pelos municípios
nhamos crédito em todos os bancos, indo a leilão, muitos foram tomados afora em busca de trabalho ou de
éramos respeitados por todos os se- pelo desespero e, pegando seus fa- seus ex-patrões para pedir uma de-
ringueiros e colaboradores, vivíamos miliares e colocando-os em barcos claração de onde trabalharam, para
nos seringais produzindo a melhor pequenos entravam nos rios com fins de aposentadoria. Homens que
borracha do mundo - a borracha bra- crianças de colo, de 5 a 10 anos de deixaram de sonhar, perderam suas
sileira. Após o término do fabrico da idade e eram tragados pela corrente- famílias, seus entes queridos, ficando
borracha, vinha a quebra da casta- za. Foram dezenas de pais de família somente com as doenças e o deses-
nha do Brasil, a colheita da sova, do que tomaram essa decisão desespe- pero. Hoje só nos resta a lembrança
caucho, da balata, do pau-rosa e da rada. Os corpos, nunca encontrados, da fartura dos nossos seringais que
piaçava. foram comidos por piranhas e jaca- agora estão descansados, prontos
Era um verdadeiro exército de du- rés. para produzir novamente a melhor
zentos mil homens em toda a Ama- No entanto, ainda existem serin- borracha do mundo - a borracha bra-
zônia, sem contar com a região do galistas como eu que não venderam sileira. Tudo isso, conservando nos-
departamento de Beni, na Bolívia, seus seringais, não derrubaram uma sas florestas e selvas, rios e manan-
fronteira com Guajará-Mirim em Ron- só árvore e mantiveram, com isso, o ciais que Deus deixou para o homem
dônia, e a região do Pando, fronteira seringal intacto, pronto para traba- cuidar, não desmatar, e tirar delas o
com o Acre. A Bolívia produzia muita lhar. Os políticos prometeram para os seu sustento. Os seringueiros e
borracha que era vendida no Brasil. seringalistas que os mesmos seriam seringalistas foram cuidadosos com a
Hoje, Senhor Presidente, não reembolsados pelos pagamentos floresta. Os seringais que não foram
EMPREENDEDOR
18
19. STA DA AMAZÔNIA AO PRESIDENTE LULA
vendidos para fazendei-
ros, com o aval do Banco
Hoje muitos serin- merenda escolar e ainda po-
da Amazônia e Banco do gueiros com idade deria Amazonas, palmito, como
faz o
exportar o
para o mundo
Brasil, certamente poderão
voltar a produzir. Derrubar
avançada peram- inteiro.
Cada produtor teria uma
castanheiras e seringuei- bulam pelas ruas renda anual de R$ 40 mil, isto
ras nunca aconteceu na
época em que os serin-
de Manaus e pelos sem contar com o biodiesel
que também pode ser produ-
gais estavam produzindo municípios afora zido do óleo da pupunha. O
borracha. Com certeza,
Senhor Presidente, duzen-
em busca de tra- diesel vegetal daria emprego
tos mil homens e mulheres balho ou de seus e renda para 60 mil pessoas e
renda para o estado e municí-
vão trabalhar e produzir
riquezas para seus municí-
ex-patrões para pe- pios.
Senhor Presidente, mande
pios e o Ministro do Meio dir uma declaração alocar recursos para os pro-
Ambiente, Carlos Minc, se
orgulhará do trabalho dos
de onde trabalha- dutores produzirem pupunhei-
ras; o retorno é rápido. Vossa
homens da floresta. ram, para fins de Excelência ficará na história
Com seu projeto “Luz
Para Todos”, seringueiros
aposentadoria. de Roraima como o presidente
da produção da pupunha e do
e seringalistas, no meio da
palmito, e no Amazonas, como
floresta, terão aparelho de
o presidente dos seringueiros e dos
televisão, geladeiras, ferro de passar
seringalistas. Vossa Excelência será
roupa e muitos outros eletrodomésti-
lembrado por tirar pais de família do
cos.
caos, da fome e da miséria e a primei-
Hoje, me encontro em Boa Vista/
ra dama, Marisa Letícia, será a madri-
RR e aqui fundei a Câmara dos Dire-
nha dos povos da floresta.
tores Lojistas e fui o criador do Pro-
Na certeza de sermos atendidos,
jeto Pupunha e da Cooperativa do
os produtores do Amazonas e de Ro-
Sul do Estado. A pupunheira produz
raima, oram pelo Presidente da Repú-
a pupunha e o palmito. Dela é feita a
blica e toda sua família. Que o senhor
farinha, o bolo, o pudim, o creme, o
atenda esse clamor com compaixão.
suco e o palmito, para nossa rica sa-
lada que, sem o palmito, fica menos
Antônio Milton Miranda - Seringalista
saborosa. Do palmito se faz também
Rua Tenente Cícero, 763
o pastel que é delicioso. Além dessas
Bairro Aparecida / CEP: 69.305-025
guloseimas, há muitos outros alimen-
Boa Vista/RR
tos a base de palmito, importantes na
Telefones: (95) 3623-8639
merenda escolar.
(95) 8801-6612
O objetivo maior do projeto é o
plantio de dois hectares para cada
produtor rural. Hoje Roraima tem
aproximadamente trinta mil produ-
tores rurais. Com 30 mil hectares de
pupunheira plantados, o estado seria
auto-suficiente no fornecimento da
EMPREENDEDOR
19
20. Deputado Edvaldo Magalhães
(PC do B), coordenador
do projeto de integração
Brasil-Peru, discursa durante
Encontro em Cruzeiro do Sul
Cruzeiro do Sul se apronta
para inverter o comércio do Acre
V
ôos lotados por cinco dias, cidades isoladas do Peru pudessem Além da fronteira
hotéis sem vagas, filas nos negociar com as cidades brasileiras
restaurantes e carros de da fronteira de forma legal, banindo o Figuras centrais no II Encontro
aluguel esgotados formam um quadro contrabando e outros ilícitos comuns pela Integração Político Empresarial
revelador: Cruzeiro do Sul, capital do nas localidades onde o Estado está entre Brasil e Peru, dois empresários,
Grande Vale do Juruá, viveu um mo- ausente. um brasileiro e um peruano, garan-
mento atípico nos últimos cinco dias A Assembléia Legislativa assumiu a tem que a idéia é não parar em um
de agosto de 2009, quando sediou o demanda e deu início a uma série de único evento. Márcio Rebouças e Sid-
II Encontro Político Empresarial Acre - articulações que resultaram, em junho ney Vega foram os responsáveis pela
Ucayali, Huanuco e Ancash. de 2009, na primeira exportação pelo documentação e entrega dos primei-
O evento ajudou a concretizar o so- rio Purus. E isso com alfandegamento ros produtos em Cruzeiro do Sul vin-
nho de tornar Cruzeiro do Sul a porta de acordo com todas as regras, em dos do Peru.
de entrada e saída de uma nova rota Santa Rosa. Segundo os empresários, a idéia
comercial para o Acre, como vem sen- O impulso de Santa Rosa do Purus nessa fase do projeto é dar prioridade
do articulado há mais de um ano num levou a Aleac e o governo do Estado a entrega de produtos da cesta bási-
movimento iniciado durante a Assem- a participarem de dois encontros com ca garantindo o acesso da população
bléia Aberta 2008 em Santa Rosa do parlamentares e governadores de três do Vale do Juruá a produtos com me-
Purus. Estados do Peru, um deles em Pucalpa lhor qualidade e preços mais aces-
Em maio daquele ano um grupo de e outro em Cruzeiro do Sul, no final do síveis. Essa iniciativa viria para esta-
empresários e políticos peruanos de mês de agosto. belecer a região como um mercado
Puerto Esperanza, capital da Província Um carregamento de 20 toneladas consumidor viável para os produtores
do Alto Purus, procurou o presiden- de produtos hortifruti concretizou o ne- peruanos. Além disso, os pecuaristas
te da Aleac, Edvaldo Magalhães, que gócio que deverá se ampliar a partir de acreanos podem começar a se articu-
EMPREENDEDOR
participava da Assembléia Aberta em outubro com a realização de vôos de lar para fazer a exportação de carne
Santa Rosa. Os peruanos pediram que cargas e passageiros semanais am- bovina, um produto com grande inte-
a Aleac intercedesse junto ao governo pliando as oportunidades de negócios resse do país vizinho.
brasileiro para que Esperanza e outras e de lazer de toda a população do Acre. A fixação de órgãos federais
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21. como Receita Federal, Ministério da
Agricultura e Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa no Ae-
roporto Internacional de Cruzeiro do
Sul para fazer a fiscalização dos pro-
dutos que desembarcarem também
é essencial. Durante reuniões com
essas instituições em Brasília, ficou
acertado que para a permanência
dos órgãos federais é necessário que
os empresários tenham interesse em
viabilizar as operações de importação
e exportação.
Permanência
Por isso essa primeira remessa
veio em caráter experimental para
que a população conheça e aprove os Avião da Star Peru trouxe delegação peruana para o II Encontro Binacional
produtos. “ houve outros encontros
Já
nesse sentido, mas nunca antes havia Do lado peruano, esse papel e preços mais baixos que os praticados
sido realizada uma ação concreta de a responsabilidade de trazer os pro- atualmente.
importação, como agora”, ressaltou dutos foi de Vega. Sua empresa, a Transporte de passageiros tam-
Santos para mostrar a importância do Comercio Representaciones Abaste- bém está nos planos. Segundo o
evento de Cruzeiro do Sul. cimento Servicios Hoyle – C.R.A.S.H, brasileiro, seriam disponibilizados
Com o sucesso da primeira re- atua no mercado desde 94, fazendo, inicialmente aviões Caravan com ca-
messa de 20 toneladas a ordem ago- inclusive, entregas no Amazonas. Os pacidade para levar nove pessoas, fa-
ra é tentar resolver outras questões dois estão confiantes de que mesmo zendo vôos semanais entre Cruzeiro
como a regulamentação para que o o Acre ainda não tendo experiência na do Sul e Pucallpa, partindo daí para
Vale do Juruá se torne de fato área de área de comércio exterior o mercado outros pontos do Peru estimulando o
livre comércio. Além disso, está pre- local tem tudo para se desenvolver. turismo.
vista a construção de um terminal de Esses planos, porém, estarão in-
cargas no aeroporto de Cruzeiro, pro- Expansão cluídos em uma agenda que come-
jeto já confirmado pela Infraero. çará a ser discutida mais a fundo em
Rebouças, que trabalha há mais Apesar de ter começado com o outubro. “Faremos uma reunião para
de 10 anos com operações de impor- comércio de gêneros alimentícios, avaliar a primeira operação e a partir
tação e exportação, foi o responsá- a idéia é que não seja apenas isso. daí iremos ver o que devemos fazer”,
vel pelo preenchimento de todas as Já estão encaminhados importação falou Vega. Especula-se que a partir
licenças de importação para os pro- de minerais como calcário e potás- de outubro pelo menos o transporte
dutos que chegaram a Cruzeiro do sio para ser utilizado na recuperação de passageiros e de cargas de ali-
Sul. Segundo ele, foram necessárias de solos e existem planos para que mentos já esteja regularizado e pos-
de oito a nove licenças para cada um outros produtos como eletrônicos e sa fazer parte da rotina semanal dos
dos produtos. cimento possam chegar ao Acre com cruzeirenses.
“Estamos próximos de fazer
uma inversão no comércio do
Acre”, diz Edvaldo
O presidente da Aleac, deputado
Edvaldo Magalhães (PC do B), afir-
mou que não é fácil reunir autorida-
des de dois países em torno de um
único propósito. “Nós conseguimos
levar o presidente da Anvisa, que saiu
direto de Genebra para Cruzeiro do
Sul, além de empresários e políticos
do Brasil e do Peru. Isso mostra que
estamos no caminho certo e que essa
integração é importante e trará bons
EMPREENDEDOR
frutos”, comemorou.
Entusiasmado com o resultado
do encontro, Edvaldo Magalhães dis-
Produtos hortifruti peruanos foram comercializados durante a Expoacre Juruá se que a Aleac está convidando os
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