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A leitura e suas práticas ao longo da história
1. LUIZ AGNER
PALESTRA
A leitura e suas práticas
Programa Avançado de Cultura Contemporânea - PACC
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
2013
2. A leitura
A leitura não é
uma invariável
sociológica, sem
historicidade.
Homens e
mulheres não
leram sempre da
mesma forma.
3. A leitura
Diversos modelos
governaram suas
práticas.
Revoluções
modificaram seus
gestos e hábitos.
4. A leitura
A leitura é uma prática social
encarnada em gestos, espaços e
hábitos.
É preciso identificar as
modalidades concretas de leitura,
as comunidades de leitores, as
tradições de leitura, as maneiras
de ler.
5. Formas materiais
A pedra
A tabuleta
O papiro
O pergaminho
O códice
O livro
O jornal
O computador
O tablet
6. Onde tudo começou
Chegada à Mesopotâmia
por volta de 3300 a.C, a
Suméria é a mais antiga
civilização.
No sul da Mesopotâmia,
entre os rios Tigre e
Eufrates (área que hoje
corresponde ao sul do
Iraque) floresceram Suméria
cidades-Estado.
7. Invenção: os sumérios
A invenção da escrita produziu
uma revolução intelectual.
Tabuletas eram de argila
(material abundante) e os
estiletes, de junco.
Nas cidades-Estado, havia
necessidade de registros dos
impostos recolhidos e do
alimento armazenado.
Acádios, assírios, babilônios,
caldeus, persas e hiitas foram
invasores que disseminaram a
civilização mesopotâmica para
além do Crescente Fértil.
8. Antiguidade clássica
A escrita a serviço da cultura oral.
Contribuir para a produção de
som.
A escrita inventada para conservar
o texto e trazê-los à memória.
A leitura em voz alta é a mais
difundida nesta época.
Derivava da arte da oratória,
ligada à práxis teatral.
10. Filologia alexandrina
Destinada à conservação de
volumina (rolos) de todos os
tempos e de todo o mundo
conhecido.
Impõe o conceito de que uma obra
só existe se for escrita; obra é um
texto escrito.
12. A leitura em Roma
Prática exclusivas das classes
elevadas.
Livros gregos chegam como
despojos de guerra.
Formam-se bibliotecas particulares,
com jardins – espaço para viver.
Livros para comediógrafos; uso
profissional; interpretação de
presságios para pontífices.
13. A leitura em Roma
O mundo greco-romano torna vasta
a circulação da cultura escrita.
Cartazes, libelos, propectos, fichas,
calendários, cartas, documentação
civil e militar.
Criação de
bibliotecas
públicas
Demanda por
novos livros.
14. A leitura em Roma
Os livros e a leitura
tinham o seu lugar
na vida opulenta
dos nobres.
Ex: o abastado
comerciante
Trimalquião, da
obra Satyricon de
Petronius.
15. A leitura em Roma
Surgimento do códex.
Vai substituir o volumen (rolo) a
partir do séc. II d.C.
Forma preferida dos textos cristãos.
O rolo: usa o papiro, importado do Egito e
associado à servidão.
O códex é um livro com páginas, a um custo
menor, com aproveitamento de ambos os
lados.
Usa o pergaminho, produto animal mais
prático e mais disseminado.
16. Códex
Códex
O Codex Sinaiticus, escrito em grego arcaico é uma das 50 cópias das escrituras
encomendadas pelo Imperador romano Constantino, depois que ele se converteu ao
cristianismo. Constantino, que reinou entre 306 e 337, ficou conhecido por acabar com a
perseguição aos cristãos e fundar a cidade de Constantinopla.
17. Idade Média
Passagem da leitura em voz alta
para a leitura silenciosa ou
murmurada.
O códex seccionava o texto,
convidando a releituras, confrontos
e à leitura meditada.
No texto, surge a separação das
palavras, uso de notações gráficas.
18. Nova era da leitura
Final séc. XI a séc. XIV.
Renascem as cidades, as escolas.
A alfabetização se desenvolve.
Usos do livro se diversificam.
Para além da compreensão literal do
texto (littera).
Necessário compreender a doutrina
(sententia), em profundidade.
Leitura escolástica, universitária.
19. Nova era da leitura
O livro agora nasce como
instrumento do trabalho intelectual.
Imensa multiplicação de textos e
demanda por saberes.
De uma leitura total e concentrada
de poucos livros, passa-se a uma
leitura de fragmentos de muitos
livros – a leitura escolástica.
20. Nova era da leitura
Surgem técnicas auxiliares à leitura:
títulos, rubricas, sinais de
parágrafos, separação entre textos
e comentários, sumários, índices,
listas de termos...
No séc. XIII, nascem a biblioteca
destinada à leitura e o sistema
bibliotecário (localização de livros).
21. Nova era da leitura
Os livros da aristocracia
transcendem a simples leitura.
São ornamento, sinais de cortesia,
de riqueza, de fausto, de vida
refinada.
Ostentam opulência.
Evocam o esplendor do príncipe de
sua corte.
Breviários, livros de horas, bíblias.
22. Contra-Reforma
A partir do Séc. XVI
Inquisição: os leitores devem temer
a censura da Igreja e dos Estados.
Obstáculos à difusão de idéias
consideradas perigosas a soberanos
absolutos e à Igreja.
Inquisidores recolhem depoimentos
de leitores sobre obras que leram,
como chegaram até elas, e como as
compreenderam.
23. Contra-Reforma
Foi criado o Índice de Livros
Proibidos (Index Librorum
Prohibitorum), em 1564, elaborada
pelo Tribunal do Santo Ofício.
Toda obra deveria passar pela
análise do Tribunal.
A Igreja censurava obras artísticas,
cientificas, filosóficas e teologias.
Cientista com obras reprovadas -
Galileu Galilei.
26. A imprensa
•Johannes Gutenberg -
A invenção do tipo
mecânico móvel iniciou a
revolução da imprensa.
• Evento mais importante
do período Moderno.
• Papel fundamental no
desenvolvimento da
Renascença, Reforma e na
Revolução Científica e
lançou as bases materiais
para a economia baseada
no conhecimento.
27. A imprensa
Séc. XV: transformação técnica
Tipos móveis e a prensa mecânica:
Abreviam o tempo de fabricação.
Circulação de textos numa escala
antes impossível.
Permitem a reprodução idêntica de
grande número de exemplares.
28. A imprensa
Um exemplar da Bíblia de Gutenberg
na Biblioteca do Congresso em
Washington D.C
29. A imprensa
Até o séc. XVI, o livro não é
transformado pela nova técnica.
O livro impresso imita o livro
manuscrito: paginação, escrita, e
aparência.
Acabado com a intervenção de
várias mãos: o iluminista
(miniaturas e capitulares), o
corretor/emendator (pontuação e
títulos).
30. 3 revoluções na leitura
1. Modeloescolástico da escrita
substitui o modelo monástico.
instrumento de trabalho intelectual versus
função de conservação/memória
2. Leitura
citadina substitui a leitura
comunitária camponesa (séc. XVIII).
Leitura negligente e desenvolta versus
leitura reverente e patriarcal.
3. Transmissão eletrônica de textos.
Ler na tela redefine o contexto e a
materialidade das obras.
31. O texto eletrônico
Arquiteturas lógicas quebram o elo
físico entre o objeto e o texto
impresso.
Cruzamento das duas lógicas dos
suportes precedentes (o volumen, o
códex) indica relação inédita e
original.
Anula papéis sociais: une tarefas da
escrita, edição e distribuição.
32. O texto eletrônico
Simultaneidade: produção, distribuição e
leitura.
Desestabiliza conceitos jurídicos de
copyright, categorias estéticas, de
originalidade e noções biblioteconômicas.
Suspende coerções: o leitor vira co-autor.
Toda a relação com o escrito está
subvertida.
Disponibilidade universal de textos.