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56  z  junho DE 2013
Em meio à crise do setor, empresas investem em
tecnologia para aumentar a produção de etanol
Bruno de Pierro
Do bagaço
à inovação
N
o início de fevereiro, a ETH Bioener-
gia, fundada em 2007 pela Organiza-
çãoOdebrecht,mudoudefinitivamen-
te seu nome para Odebrecht Agroin-
dustrial e anunciou investimentos
com a finalidade de moer 30% a mais do volume
de cana-de-açúcar processado na safra 2012/2013
e produzir 2 bilhões de litros de etanol – o equiva-
lente a 8,6% da atual produção anual do país, de 23
bilhões de litros. O investimento de R$ 1 bilhão será
aplicado na expansão da área de cultivo e também
em pesquisas de variedades de cana e novos pro-
cessos de produção de etanol. E, para isso, a área
de inovação da Odebrecht Agroindustrial, criada
em 2010, teve de se articular com universidades e
centros de pesquisa, como o Instituto Agronômico
de Campinas (IAC).
“Construímos nossa estratégia de inovação bem
no momento de crise da cana no país”, diz Carlos
Calmanovici, diretor de Inovação e Tecnologia da
OdebrechtAgroindustrial.OexemplodaOdebrecht
é um dentre outros de grandes empresas, como
Syngenta, Monsanto e Granbio, que nos últimos
anos ampliaram seus investimentos em pesquisa
utilizando melhoramento genético para a obtenção
de novas variedades de cana ou tentando encontrar
alternativas para a produção de etanol a partir do
bagaço que sobra da planta.
syngenta
tecnologia  biocombustíveis y
A explicação para a fase nada doce de desacele-
ração enfrentada pelo setor sucroenergético desde
2008 é uma combinação de diversos fatores, que
passam, por exemplo, pela crise internacional de
crédito,problemasclimáticosemtrêsanosconsecu-
tivos,entre2009e2011,eafaltadereajustesnopre-
ço da gasolina. No entanto há certa distância entre
a crise da produção de cana-de-açúcar e a situação
da pesquisa realizada no setor. A diferença, conta
Calmanovici, é que a pesquisa é pensada a longo
prazo, e um dos exemplos dessa visão estratégica é
o acordo de cooperação que a empresa firmou em
2011 com a FAPESP, resultando em 11 projetos de
parceria com universidades do estado de São Paulo,
como a USP, a Estadual de Campinas (Unicamp)
e a Federal de São Carlos (UFSCar), para as quais
foram disponibilizados R$ 20 milhões, metade
desembolsada pela Fundação e a outra metade
pela empresa. Boa parte dos projetos teve início
no ano passado e envolve desde pesquisas para o
desenvolvimento de cana-de-açúcar transgênica
resistente a insetos até a identificação e seleção
de plantas com genótipos (constituição genética)
para as condições agroecológicas do Pontal do
Paranapanema, região onde a produtividade de
cana ainda não é boa.
Há cinco anos a perda de fôlego do setor su-
croalcooleiro no Brasil fez muitos analistas sus-
pESQUISA FAPESP 208  z  57
syngenta
Desenvolve a Cana Plene, que,
segundo a empresa, pode eliminar
a necessidade de áreas de viveiro
e dispensar o uso de maquinários
pesados na colheita, preservando
o solo. Além disso, tem resistência
a algumas pragas da cana.
Granbio
Produção de etanol de segunda
geração em estação experimental
começará este ano. A empresa
desenvolve um novo tipo
de cana (Cana Vertix), que será
resistente a pragas e doenças
e terá alto teor de fibras.
Odebrecht Agroindustrial
Pesquisas com novas variedades
de cana, inclusive transgênicas,
para ampliar a produção de etanol
e expandir a área cultivável.
centro de tecnologia
canavieira (CTC)
Realiza mapeamento de áreas com
baixa produtividade e desenvolve
variedades de cana para essas
regiões dentro de, no máximo,
8 anos, período que geralmente
variava entre 12 e 14 anos.
Monsanto
Produção de novas variedades
de cana adaptadas à colheita
mecanizada e com alta germinação
em ambientes menos favoráveis
ao plantio.
novozymes
Desenvolvimento de enzimas
capazes de quebrar a lignina
presente na celulose de células
do bagaço da cana para produção
de etanol de segunda geração.
Muda de nova variedade
de cana-de-açúcar é
manipulada em laboratório
da Syngenta.
Estratégias para enfrentar a crise
Empresas apostam em novas alternativas tecnológicas
para aumentar a produtividade da cana
58  z  junho DE 2013
tentarem a hipótese da “década perdida” da indús-
tria em relação à produção de açúcar e etanol. Os
investimentos que chegaram a US$ 6,4 bilhões em
2008 foram reduzidos para US$ 250 milhões em
2012, segundo Eduardo Leão, diretor-executivo da
União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
A previsão é que a atual retomada de investimen-
tos no setor deverá esperar por mais cinco anos,
tempo necessário para a renovação completa do
canavial – uma situação muito diferente do mo-
mento de grande salto dado entre 2005 e 2010,
após a entrada do carro flex no país em 2003. Na-
quela época, os Estados Unidos e a União Europeia
começaram a estabelecer diretrizes para o uso de
biocombustíveis, com metas de consumo para os
próximos anos. As iniciativas contribuíram para
a entrada de multinacionais no setor.
A
partir de 2012, começou-se a esboçar um
futuro menos sombrio. A produção de eta-
nol apresentou leve retomada e o governo
federal mostrou sinais de reação à crise com uma
série de incentivos, como a elevação percentual de
mistura do etanol na gasolina, de 20% para 25%, e
a redução de impostos (PIS e Cofins). “Não é ainda
um momento rentável para o setor, mas os ganhos
em produtividade com investimentos em tecnolo-
gia e a consequente redução dos custos médios de
produção têm amenizado os problemas financei-
ros de algumas empresas”, explica Miriam Bacchi,
pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em
Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz da USP (Esalq/USP). Com o etanol
de segunda geração, por exemplo, a estimativa de
algumas empresas, como o Centro de Tecnologia
Canavieira(CTC)eaGranbio,éatingirganhospró-
ximos de 50% com esse novo processo produtivo,
que deverá entrar no mercado nacional em 2014.
Um dos possíveis marcos desse novo posicio-
namento de grandes empresas diante da impor-
tância da pesquisa com cana foi a compra, em
novembro de 2008, das brasileiras Allelyx e Ca-
naVialis pela multinacional Monsanto, por US$
290 milhões. As duas empresas nasceram como
start-ups de um fundo de capital de risco da Vo-
torantim Negócios, entre 2002 e 2003, após o
sequenciamento do genoma da Xylella fastidio-
sa, a bactéria causadora da praga do amarelinho
nos laranjais, em programa financiado pela FA-
PESP. Para Paulo Arruda, professor do Instituto
de Biologia da Unicamp e um dos fundadores da
Allelyx, o processo de compra pela Monsanto
fomentou o desenvolvimento dessa área de pes-
quisa com cana-de-açúcar e ajudou a impulsio-
nar a biotecnologia da cana no país. “Houve um
impacto positivo, inclusive em outras empresas,
como o próprio CTC, que passou a modificar seu
processo de gestão”, argumenta. Em 2011, o CTC
deixou de ser uma Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público (Oscip) para se tornar
uma Sociedade Anônima (SA). “Hoje temos que
ganhar dinheiro com as tecnologias que desen-
volvemos aqui”, afirma Robson Cintra de Freitas,
vice-presidente de negócio e novas tecnologias
do CTC, que foi criado em 1969 pela Copersucar
em Piracicaba, interior de São Paulo.
Por meio do melhoramento convencional, a
Monsanto lançou no mercado três variedades de
cana em 2012 e pretende, para este ano, colocar
em circulação mais uma. A empresa não revela
quanto investe em pesquisa no setor de cana,
mas Gustavo Monge, gerente de biotecnologia
da Monsanto no Brasil, diz que do US$ 1,4 bilhão
que a empresa destina a suas pesquisas no mundo
todo “uma parcela significativa vem para o país”.
Segundo ele, o setor sucroenergético apresenta
Altos e baixos da cana no Brasil
Linha do tempo do setor sucroalcooleiro nacional
ilustração abiuro
1973
Primeira crise do
petróleo. Em cinco
meses, o preço
do petróleo
aumentou 300%
1975
Criado o Proálcool (Programa
Nacional do Álcool) para
substituir em larga escala
combustíveis derivados
do petróleo por etanol
2004
Embraer lança o primeiro
avião do mundo movido
exclusivamente
a etanol e produzido
em escala comercial  
2003
Carro flex. Até 2012,
o uso dos carros flex
possibilitou redução de
160 milhões de toneladas
em emissões de CO2
1986
O Brasil passa por
uma crise econômica
e as vendas dos veículos
movidos a etanol
começam a cair
pESQUISA FAPESP 208  z  59
projeções de grande aumento de demanda no
consumo de açúcar e etanol.
“No campo da pesquisa, não consigo imaginar
empresas de biotecnologia sendo afetadas nem
positiva nem negativamente pela crise, porque
as decisões são a longo prazo e olham para uma
situação de mercado em que a competitividade
do etanol cresce fruto da inovação”, avalia o eco-
nomista André Nassar, da consultoria Agroicone.
Já para José Maria da Silveira, professor do Ins-
tituto de Economia da Unicamp, “o aumento da
pesquisa aplicada é estimulado pelas instituições
públicas em parcerias com a iniciativa privada”.
Como exemplo, ele cita o Programa FAPESP de
Pesquisa em Bioenergia (Bioen), iniciado em 2008
e que conta hoje com 12 empresas no grupo de
parceiros, entre elas a Odebrecht e outras como
Dedini, Oxiteno e Braskem. “Há uma evolução no
número de parcerias estabelecidas entre o progra-
ma e empresas, buscando incrementos tanto do
melhoramento tradicional quanto da rota trans-
gênica”, afirma Glaucia Mendes Souza, professora
do Instituto de Química da USP e uma das coor-
denadoras do Bioen.
O
utra medida institucional que favorece a
pesquisa é a exigência de que a colheita
seja totalmente mecanizada no estado de
São Paulo – o maior polo de produção canavieira
do país, responsável por 52% da produção nacio-
nal segundo a Companhia Nacional de Abasteci-
mento (Conab). A mecanização acaba exigindo
tecnologias inovadoras tanto em equipamentos
quanto em novas variedades de cana mais adap-
tadas ao processo. Algumas das variedades pro-
duzidas pela Monsanto, por exemplo, têm como
característica a fácil adaptação à colheita meca-
nizada. Desde 2007, o estado deixou de queimar
5,53 milhões de hectares e de lançar à atmosfera
mais de 20,6 milhões de toneladas de poluentes,
segundo o governo do estado.
Uma contribuição tecnológica proporciona-
da pela pesquisa no campo vem da nova fase do
CTC. A empresa conseguiu a redução do tempo
de colocação no mercado de novas variedades
de cana do seu programa de melhoramento. Isso
significa que o tempo para uma variedade nova
ser transferida do laboratório para o mercado
diminuiu seis anos no máximo. Até poucos anos
eduardocesar
Mudas de cana
preparadas no
laboratório do CTC
em Piracicaba (esq.),
antes de irem para a
estufa (dir.), de onde
seguem para os
viveiros em usinas
2007
Protocolo Agroambiental
do estado de São Paulo
antecipa fim da queima
da palha da cana
2008
Lançamento
do Bioen-FAPESP.
Auge da crise
de crédito nos
Estados Unidos
2005
Primeiro leilão de energia
nova. Hoje a eletricidade
produzida com bagaço
supre mais de 2% do
consumo no país
2010
Estados Unidos classificam o etanol
de cana como biocombustível avançado.
É criado o Laboratório Nacional de
Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE)
2013
Volta da mistura de 25%
de etanol anidro na
gasolina. Lançamento
de incentivos do governo
federal para o setor
60  z  junho DE 2013
atrás esse intervalo, que inclui uma série de testes
e cruzamentos de plantas, era de 12 a 14 anos, e
agora é de 8 anos, explica Marcos Casagrande,
gerente de desenvolvimento de produtos do CTC.
Desde 2007, a grande expectativa do CTC é em
relação ao etanol de segunda geração. Entre julho
e agosto deste ano deverão começar as ativida-
des para construção de uma planta em escala de
demonstração, na Usina São Miguel, a qual terá
capacidade instalada de produzir 3 milhões de
litros de etanol, antes de se avançar para a etapa
industrial. Em 2008, o processo desenvolvido pelo
CTC para se obter etanol celulósico da cana foi
patenteado, por representar uma diferença estra-
tégicaemrelaçãoaosmétodosadotadosporoutras
empresas que estão na corrida da pesquisa com
etanol de segunda geração no país. O processo de
hidrólise enzimática da celulose presente no ba-
gaço e na palha será completamente integrado à
estrutura existente da usina. Além de reduzir cus-
tos, essa integração se torna uma alternativa para
solucionar o problema da capacidade ociosa da
fermentação e da destilaria, dois setores da usina
que geralmente se encontram em nível próximo
de 30% de paralisação devido à flexibilidade das
usinas para direcionarem a produção ora para o
açúcar, ora para o etanol. “Se o etanol de segun-
da geração é agregado numa usina, consegue-se
utilizar esse potencial para obter um combus-
tível mais barato”, afirma Freitas. No início do
ano, o Plano Conjunto BNDES-Finep de Apoio
à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores
Sucroenergético e Sucroquímico (Paiss) assinou
o primeiro contrato com uma empresa, no caso o
CTC, que recebeu crédito de R$ 227 milhões da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), de
um total de R$ 2 bilhões em recursos que serão
destinados a projetos até o meio do ano.
A
brasileira Granbio, fundada em 2011, tam-
bém vislumbra novos horizontes para o
etanol de segunda geração. Neste ano, seu
centro de pesquisas de biotecnologia sintética, lo-
calizado no complexo do Techno Park, em Campi-
nas, foi aberto para o desenvolvimento de levedu-
ras brasileiras usadas na fermentação industrial.
Além disso, a empresa inaugurou em maio uma
estação experimental para a segunda geração em
Alagoas, com um investimento de R$ 10 milhões.
A meta é que a indústria de etanol celulósico da
empresa, cujo investimento é de R$ 350 milhões,
comece a operar até fevereiro de 2014, com uma
estimativa de produção de aproximadamente 82
milhões de litros de etanol de segunda geração, o
que representará um aumento de 20% na produ-
ção de biocombustíveis em Alagoas.
Batizada de Cana Vertix, a nova variedade de ca-
na da Granbio está sendo obtida a partir do cruza-
mento genético de tipos ancestrais de cana com hí-
bridos comerciais. “Te-
remos uma cana mais
robusta, mais resisten-
te a pragas e doenças e
mais longeva, com teor
de fibra e produtividade
maiores que as plantas
convencionais”, enfa-
tiza Alan Hiltner, vice-
-presidente-executivo
daempresa.Opesquisa-
dor da Unicamp Gonça-
lo Pereira, que também
é vice-presidente de
tecnologia da empresa,
explica que a nova ca-
naseráusadaapenaspa-
ra consumo da própria
Granbio. “A eficiência
da fotossíntese da Ca-
na Vertix vai refletir no
custo da matéria-prima. No setor, quem manda no
jogoéquemtemcanabarataeeficiente”,afirma.Até
o fim de 2013 deverão ser plantadas 200 mil mudas,
com sementes vindas de bancos de germoplasmas
(sementes, células) do Brasil e do mundo. Os cru-
zamentos são feitos hoje pelo IAC e pela Rede In-
teruniversitária para o Desenvolvimento do Setor
Sucroenergético (Ridesa). Em 2014, esse trabalho
também será realizado pela estação experimental
em Alagoas. Dentre as razões para os investimentos
em etanol de segunda geração a partir do bagaço
e da palha de cana, Hiltner destaca o mercado dos
Estados Unidos, que premia o uso do etanol celu-
lósico e, especificamente, o da Califórnia, onde há
um adicional por tonelada de carbono capturado.
O conjunto de iniciativas em torno do etanol de
segunda geração tem sido capaz de movimentar
uma cadeia que inclui empresas fornecedoras de
enzimas utilizadas na quebra da lignina e das he-
“Há uma
evolução
no número
de parcerias
estabelecidas
entre o
Bioen-FAPESP
e empresas”,
explica Glaucia
pESQUISA FAPESP 208  z  61
miceluloses das células da cana para
se obter a celulose e, em seguida, a
glicose, possibilitando, assim, a fer-
mentação do açúcar para a obtenção
do etanol. Esse é o caso da multina-
cional dinamarquesa Novozymes,
fundada em 1923. Em 2007, a em-
presa realizou a primeira parceria
comercial para o desenvolvimento
de enzimas para a produção de eta-
nol, no caso com o CTC.
Em 2010 a empresa passou a for-
necer enzimas para a Petrobras, que
também tem programa de pesquisa
em etanol de segunda geração, e, em
2012, fechou contrato com a Granbio.
De acordo com o presidente da No-
vozymes para América Latina, Pedro
Fernandes, a crise do setor sucroe-
nergético chegou a atingir a empresa,
principalmenteporquenessesmomentososclientes
seretraememrelaçãoàdemandaparaproduçãoeao
volumededinheiroaplicado.Noentanto,aspesqui-
sas continuaram a todo vapor. “As crises vêm e vão
sempre, mas a pesquisa não. Se paramos hoje uma
pesquisa, ocorre um atraso cuja recuperação leva
mais tempo do que uma crise”, explica o executivo.
ANovozymesinvesteUS$300milhõesemP&Dem
todasassuasunidadesdepesquisanomundo,oque
envolve também as enzimas para o etanol no Brasil.
AdivisãodaempresanaAméricaLatinarepresenta
10% do faturamento global da empresa, que foi de
US$2bilhõesem2012.Hojesão11profissionaistra-
balhando diretamente com pesquisa no Brasil, dois
doutoreseosdemaiscommestrado.Eumaparceria
comaUniversidadeFederaldoParaná(UFPR),onde
são realizados testes com enzimas. Outra empresa
que se voltou mais atentamente para as pesqui-
sas com cana-de-açúcar foi a multinacional suíça
Syngenta. Até 2006, a participação do segmento
de cana dentro da companhia era marginal, repre-
sentada apenas pela venda de produtos químicos
usados para matar pragas. A partir de 2008, uma
guinada possibilitou a adoção de novas estratégias
para incrementar tecnologicamente a plantação de
cana, por meio, por exemplo, da construção de uma
biofábrica, espaço onde são realizados os procedi-
mentos de melhoramento da planta, inaugurada
em 2012. “A demanda por cana no país, em 2020,
será de aproximadamente 1,1 bilhão de toneladas.
A chave do sucesso para a produção do etanol é au-
mentar a produtividade, o que demanda pesquisa
também”, explica Adriano Vilas Boas, diretor glo-
bal de cana-de-açúcar da Syngenta. A Unica estima
que a produção de etanol na safra 2013/1014 seja
20% maior em relação à anterior.
Hoje a empresa tem três pilares de sustentação
da pesquisa em torno da cana, dos quais um é a
multiplicação de materiais
genéticos,queaconteceem
Itápolis, no interior paulis-
ta. Lá são geradas mudas
livres de doenças, por meio
de multiplicação do mate-
rial genético, assegurando
a sanidade dos materiais,
porquequandosemultipli-
caacanaoriscodeelacon-
trair doenças é alto. “Mul-
tiplicamos, assim, clones
de uma mesma matriz de
forma controlada”, acres-
centa Vilas Boas. Depois,
para se multiplicar em mi-
lhares de amostras, a cana
é manejada em estufa e a
amostragemémultiplicada,
preservando o DNA, para
que possa ir direto para o
campoformarviveiros.Pesquisasembiotecnologia,
voltadas para aumentar a capacidade de transfor-
mar variedades de cana em vegetais geneticamente
modificados, já são feitas em estações de pesquisa
da companhia no Brasil. A Syngenta investe mais
de US$ 1,4 bilhão em pesquisa e desenvolvimento
no mundo. No Brasil, o orçamento para cana-de-
-açúcar não é revelado pela empresa. Hoje ela tem
maisde100agrônomosfocadosemassistênciapara
cana, desenvolvendo tecnologia no campo, e uma
equipe dedicada exclusivamente à pesquisa com
transgênicos. As parcerias com universidades se
estendemàUniversidadeEstadualPaulista(Unesp),
à Esalq/USP, que ajudam a validar as tecnologias, e
também ao IAC, na parte de variedades, por meio
de um projeto conjunto para o aperfeiçoamento
de metodologias para o melhoramento e a trans-
formação da cana. n
“A pesquisa
paralisada leva
mais tempo
para se
recuperar do
que a passagem
de uma crise”,
diz Fernandes
1 Centro de pesquisas
da Syngenta em
Itápolis, interior de
São Paulo, onde a
empresa realiza a
multiplicação de
materiais genéticos
2 Estufa de cana na
nova estação
experimental da
Granbio, em Alagoas
fotos 1syngenta2michelrios
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Do bagaço à inovação

  • 1. 56  z  junho DE 2013 Em meio à crise do setor, empresas investem em tecnologia para aumentar a produção de etanol Bruno de Pierro Do bagaço à inovação N o início de fevereiro, a ETH Bioener- gia, fundada em 2007 pela Organiza- çãoOdebrecht,mudoudefinitivamen- te seu nome para Odebrecht Agroin- dustrial e anunciou investimentos com a finalidade de moer 30% a mais do volume de cana-de-açúcar processado na safra 2012/2013 e produzir 2 bilhões de litros de etanol – o equiva- lente a 8,6% da atual produção anual do país, de 23 bilhões de litros. O investimento de R$ 1 bilhão será aplicado na expansão da área de cultivo e também em pesquisas de variedades de cana e novos pro- cessos de produção de etanol. E, para isso, a área de inovação da Odebrecht Agroindustrial, criada em 2010, teve de se articular com universidades e centros de pesquisa, como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC). “Construímos nossa estratégia de inovação bem no momento de crise da cana no país”, diz Carlos Calmanovici, diretor de Inovação e Tecnologia da OdebrechtAgroindustrial.OexemplodaOdebrecht é um dentre outros de grandes empresas, como Syngenta, Monsanto e Granbio, que nos últimos anos ampliaram seus investimentos em pesquisa utilizando melhoramento genético para a obtenção de novas variedades de cana ou tentando encontrar alternativas para a produção de etanol a partir do bagaço que sobra da planta. syngenta tecnologia  biocombustíveis y A explicação para a fase nada doce de desacele- ração enfrentada pelo setor sucroenergético desde 2008 é uma combinação de diversos fatores, que passam, por exemplo, pela crise internacional de crédito,problemasclimáticosemtrêsanosconsecu- tivos,entre2009e2011,eafaltadereajustesnopre- ço da gasolina. No entanto há certa distância entre a crise da produção de cana-de-açúcar e a situação da pesquisa realizada no setor. A diferença, conta Calmanovici, é que a pesquisa é pensada a longo prazo, e um dos exemplos dessa visão estratégica é o acordo de cooperação que a empresa firmou em 2011 com a FAPESP, resultando em 11 projetos de parceria com universidades do estado de São Paulo, como a USP, a Estadual de Campinas (Unicamp) e a Federal de São Carlos (UFSCar), para as quais foram disponibilizados R$ 20 milhões, metade desembolsada pela Fundação e a outra metade pela empresa. Boa parte dos projetos teve início no ano passado e envolve desde pesquisas para o desenvolvimento de cana-de-açúcar transgênica resistente a insetos até a identificação e seleção de plantas com genótipos (constituição genética) para as condições agroecológicas do Pontal do Paranapanema, região onde a produtividade de cana ainda não é boa. Há cinco anos a perda de fôlego do setor su- croalcooleiro no Brasil fez muitos analistas sus-
  • 2. pESQUISA FAPESP 208  z  57 syngenta Desenvolve a Cana Plene, que, segundo a empresa, pode eliminar a necessidade de áreas de viveiro e dispensar o uso de maquinários pesados na colheita, preservando o solo. Além disso, tem resistência a algumas pragas da cana. Granbio Produção de etanol de segunda geração em estação experimental começará este ano. A empresa desenvolve um novo tipo de cana (Cana Vertix), que será resistente a pragas e doenças e terá alto teor de fibras. Odebrecht Agroindustrial Pesquisas com novas variedades de cana, inclusive transgênicas, para ampliar a produção de etanol e expandir a área cultivável. centro de tecnologia canavieira (CTC) Realiza mapeamento de áreas com baixa produtividade e desenvolve variedades de cana para essas regiões dentro de, no máximo, 8 anos, período que geralmente variava entre 12 e 14 anos. Monsanto Produção de novas variedades de cana adaptadas à colheita mecanizada e com alta germinação em ambientes menos favoráveis ao plantio. novozymes Desenvolvimento de enzimas capazes de quebrar a lignina presente na celulose de células do bagaço da cana para produção de etanol de segunda geração. Muda de nova variedade de cana-de-açúcar é manipulada em laboratório da Syngenta. Estratégias para enfrentar a crise Empresas apostam em novas alternativas tecnológicas para aumentar a produtividade da cana
  • 3. 58  z  junho DE 2013 tentarem a hipótese da “década perdida” da indús- tria em relação à produção de açúcar e etanol. Os investimentos que chegaram a US$ 6,4 bilhões em 2008 foram reduzidos para US$ 250 milhões em 2012, segundo Eduardo Leão, diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). A previsão é que a atual retomada de investimen- tos no setor deverá esperar por mais cinco anos, tempo necessário para a renovação completa do canavial – uma situação muito diferente do mo- mento de grande salto dado entre 2005 e 2010, após a entrada do carro flex no país em 2003. Na- quela época, os Estados Unidos e a União Europeia começaram a estabelecer diretrizes para o uso de biocombustíveis, com metas de consumo para os próximos anos. As iniciativas contribuíram para a entrada de multinacionais no setor. A partir de 2012, começou-se a esboçar um futuro menos sombrio. A produção de eta- nol apresentou leve retomada e o governo federal mostrou sinais de reação à crise com uma série de incentivos, como a elevação percentual de mistura do etanol na gasolina, de 20% para 25%, e a redução de impostos (PIS e Cofins). “Não é ainda um momento rentável para o setor, mas os ganhos em produtividade com investimentos em tecnolo- gia e a consequente redução dos custos médios de produção têm amenizado os problemas financei- ros de algumas empresas”, explica Miriam Bacchi, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (Esalq/USP). Com o etanol de segunda geração, por exemplo, a estimativa de algumas empresas, como o Centro de Tecnologia Canavieira(CTC)eaGranbio,éatingirganhospró- ximos de 50% com esse novo processo produtivo, que deverá entrar no mercado nacional em 2014. Um dos possíveis marcos desse novo posicio- namento de grandes empresas diante da impor- tância da pesquisa com cana foi a compra, em novembro de 2008, das brasileiras Allelyx e Ca- naVialis pela multinacional Monsanto, por US$ 290 milhões. As duas empresas nasceram como start-ups de um fundo de capital de risco da Vo- torantim Negócios, entre 2002 e 2003, após o sequenciamento do genoma da Xylella fastidio- sa, a bactéria causadora da praga do amarelinho nos laranjais, em programa financiado pela FA- PESP. Para Paulo Arruda, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e um dos fundadores da Allelyx, o processo de compra pela Monsanto fomentou o desenvolvimento dessa área de pes- quisa com cana-de-açúcar e ajudou a impulsio- nar a biotecnologia da cana no país. “Houve um impacto positivo, inclusive em outras empresas, como o próprio CTC, que passou a modificar seu processo de gestão”, argumenta. Em 2011, o CTC deixou de ser uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para se tornar uma Sociedade Anônima (SA). “Hoje temos que ganhar dinheiro com as tecnologias que desen- volvemos aqui”, afirma Robson Cintra de Freitas, vice-presidente de negócio e novas tecnologias do CTC, que foi criado em 1969 pela Copersucar em Piracicaba, interior de São Paulo. Por meio do melhoramento convencional, a Monsanto lançou no mercado três variedades de cana em 2012 e pretende, para este ano, colocar em circulação mais uma. A empresa não revela quanto investe em pesquisa no setor de cana, mas Gustavo Monge, gerente de biotecnologia da Monsanto no Brasil, diz que do US$ 1,4 bilhão que a empresa destina a suas pesquisas no mundo todo “uma parcela significativa vem para o país”. Segundo ele, o setor sucroenergético apresenta Altos e baixos da cana no Brasil Linha do tempo do setor sucroalcooleiro nacional ilustração abiuro 1973 Primeira crise do petróleo. Em cinco meses, o preço do petróleo aumentou 300% 1975 Criado o Proálcool (Programa Nacional do Álcool) para substituir em larga escala combustíveis derivados do petróleo por etanol 2004 Embraer lança o primeiro avião do mundo movido exclusivamente a etanol e produzido em escala comercial   2003 Carro flex. Até 2012, o uso dos carros flex possibilitou redução de 160 milhões de toneladas em emissões de CO2 1986 O Brasil passa por uma crise econômica e as vendas dos veículos movidos a etanol começam a cair
  • 4. pESQUISA FAPESP 208  z  59 projeções de grande aumento de demanda no consumo de açúcar e etanol. “No campo da pesquisa, não consigo imaginar empresas de biotecnologia sendo afetadas nem positiva nem negativamente pela crise, porque as decisões são a longo prazo e olham para uma situação de mercado em que a competitividade do etanol cresce fruto da inovação”, avalia o eco- nomista André Nassar, da consultoria Agroicone. Já para José Maria da Silveira, professor do Ins- tituto de Economia da Unicamp, “o aumento da pesquisa aplicada é estimulado pelas instituições públicas em parcerias com a iniciativa privada”. Como exemplo, ele cita o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (Bioen), iniciado em 2008 e que conta hoje com 12 empresas no grupo de parceiros, entre elas a Odebrecht e outras como Dedini, Oxiteno e Braskem. “Há uma evolução no número de parcerias estabelecidas entre o progra- ma e empresas, buscando incrementos tanto do melhoramento tradicional quanto da rota trans- gênica”, afirma Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química da USP e uma das coor- denadoras do Bioen. O utra medida institucional que favorece a pesquisa é a exigência de que a colheita seja totalmente mecanizada no estado de São Paulo – o maior polo de produção canavieira do país, responsável por 52% da produção nacio- nal segundo a Companhia Nacional de Abasteci- mento (Conab). A mecanização acaba exigindo tecnologias inovadoras tanto em equipamentos quanto em novas variedades de cana mais adap- tadas ao processo. Algumas das variedades pro- duzidas pela Monsanto, por exemplo, têm como característica a fácil adaptação à colheita meca- nizada. Desde 2007, o estado deixou de queimar 5,53 milhões de hectares e de lançar à atmosfera mais de 20,6 milhões de toneladas de poluentes, segundo o governo do estado. Uma contribuição tecnológica proporciona- da pela pesquisa no campo vem da nova fase do CTC. A empresa conseguiu a redução do tempo de colocação no mercado de novas variedades de cana do seu programa de melhoramento. Isso significa que o tempo para uma variedade nova ser transferida do laboratório para o mercado diminuiu seis anos no máximo. Até poucos anos eduardocesar Mudas de cana preparadas no laboratório do CTC em Piracicaba (esq.), antes de irem para a estufa (dir.), de onde seguem para os viveiros em usinas 2007 Protocolo Agroambiental do estado de São Paulo antecipa fim da queima da palha da cana 2008 Lançamento do Bioen-FAPESP. Auge da crise de crédito nos Estados Unidos 2005 Primeiro leilão de energia nova. Hoje a eletricidade produzida com bagaço supre mais de 2% do consumo no país 2010 Estados Unidos classificam o etanol de cana como biocombustível avançado. É criado o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) 2013 Volta da mistura de 25% de etanol anidro na gasolina. Lançamento de incentivos do governo federal para o setor
  • 5. 60  z  junho DE 2013 atrás esse intervalo, que inclui uma série de testes e cruzamentos de plantas, era de 12 a 14 anos, e agora é de 8 anos, explica Marcos Casagrande, gerente de desenvolvimento de produtos do CTC. Desde 2007, a grande expectativa do CTC é em relação ao etanol de segunda geração. Entre julho e agosto deste ano deverão começar as ativida- des para construção de uma planta em escala de demonstração, na Usina São Miguel, a qual terá capacidade instalada de produzir 3 milhões de litros de etanol, antes de se avançar para a etapa industrial. Em 2008, o processo desenvolvido pelo CTC para se obter etanol celulósico da cana foi patenteado, por representar uma diferença estra- tégicaemrelaçãoaosmétodosadotadosporoutras empresas que estão na corrida da pesquisa com etanol de segunda geração no país. O processo de hidrólise enzimática da celulose presente no ba- gaço e na palha será completamente integrado à estrutura existente da usina. Além de reduzir cus- tos, essa integração se torna uma alternativa para solucionar o problema da capacidade ociosa da fermentação e da destilaria, dois setores da usina que geralmente se encontram em nível próximo de 30% de paralisação devido à flexibilidade das usinas para direcionarem a produção ora para o açúcar, ora para o etanol. “Se o etanol de segun- da geração é agregado numa usina, consegue-se utilizar esse potencial para obter um combus- tível mais barato”, afirma Freitas. No início do ano, o Plano Conjunto BNDES-Finep de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (Paiss) assinou o primeiro contrato com uma empresa, no caso o CTC, que recebeu crédito de R$ 227 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), de um total de R$ 2 bilhões em recursos que serão destinados a projetos até o meio do ano. A brasileira Granbio, fundada em 2011, tam- bém vislumbra novos horizontes para o etanol de segunda geração. Neste ano, seu centro de pesquisas de biotecnologia sintética, lo- calizado no complexo do Techno Park, em Campi- nas, foi aberto para o desenvolvimento de levedu- ras brasileiras usadas na fermentação industrial. Além disso, a empresa inaugurou em maio uma estação experimental para a segunda geração em Alagoas, com um investimento de R$ 10 milhões. A meta é que a indústria de etanol celulósico da empresa, cujo investimento é de R$ 350 milhões, comece a operar até fevereiro de 2014, com uma estimativa de produção de aproximadamente 82 milhões de litros de etanol de segunda geração, o que representará um aumento de 20% na produ- ção de biocombustíveis em Alagoas. Batizada de Cana Vertix, a nova variedade de ca- na da Granbio está sendo obtida a partir do cruza- mento genético de tipos ancestrais de cana com hí- bridos comerciais. “Te- remos uma cana mais robusta, mais resisten- te a pragas e doenças e mais longeva, com teor de fibra e produtividade maiores que as plantas convencionais”, enfa- tiza Alan Hiltner, vice- -presidente-executivo daempresa.Opesquisa- dor da Unicamp Gonça- lo Pereira, que também é vice-presidente de tecnologia da empresa, explica que a nova ca- naseráusadaapenaspa- ra consumo da própria Granbio. “A eficiência da fotossíntese da Ca- na Vertix vai refletir no custo da matéria-prima. No setor, quem manda no jogoéquemtemcanabarataeeficiente”,afirma.Até o fim de 2013 deverão ser plantadas 200 mil mudas, com sementes vindas de bancos de germoplasmas (sementes, células) do Brasil e do mundo. Os cru- zamentos são feitos hoje pelo IAC e pela Rede In- teruniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa). Em 2014, esse trabalho também será realizado pela estação experimental em Alagoas. Dentre as razões para os investimentos em etanol de segunda geração a partir do bagaço e da palha de cana, Hiltner destaca o mercado dos Estados Unidos, que premia o uso do etanol celu- lósico e, especificamente, o da Califórnia, onde há um adicional por tonelada de carbono capturado. O conjunto de iniciativas em torno do etanol de segunda geração tem sido capaz de movimentar uma cadeia que inclui empresas fornecedoras de enzimas utilizadas na quebra da lignina e das he- “Há uma evolução no número de parcerias estabelecidas entre o Bioen-FAPESP e empresas”, explica Glaucia
  • 6. pESQUISA FAPESP 208  z  61 miceluloses das células da cana para se obter a celulose e, em seguida, a glicose, possibilitando, assim, a fer- mentação do açúcar para a obtenção do etanol. Esse é o caso da multina- cional dinamarquesa Novozymes, fundada em 1923. Em 2007, a em- presa realizou a primeira parceria comercial para o desenvolvimento de enzimas para a produção de eta- nol, no caso com o CTC. Em 2010 a empresa passou a for- necer enzimas para a Petrobras, que também tem programa de pesquisa em etanol de segunda geração, e, em 2012, fechou contrato com a Granbio. De acordo com o presidente da No- vozymes para América Latina, Pedro Fernandes, a crise do setor sucroe- nergético chegou a atingir a empresa, principalmenteporquenessesmomentososclientes seretraememrelaçãoàdemandaparaproduçãoeao volumededinheiroaplicado.Noentanto,aspesqui- sas continuaram a todo vapor. “As crises vêm e vão sempre, mas a pesquisa não. Se paramos hoje uma pesquisa, ocorre um atraso cuja recuperação leva mais tempo do que uma crise”, explica o executivo. ANovozymesinvesteUS$300milhõesemP&Dem todasassuasunidadesdepesquisanomundo,oque envolve também as enzimas para o etanol no Brasil. AdivisãodaempresanaAméricaLatinarepresenta 10% do faturamento global da empresa, que foi de US$2bilhõesem2012.Hojesão11profissionaistra- balhando diretamente com pesquisa no Brasil, dois doutoreseosdemaiscommestrado.Eumaparceria comaUniversidadeFederaldoParaná(UFPR),onde são realizados testes com enzimas. Outra empresa que se voltou mais atentamente para as pesqui- sas com cana-de-açúcar foi a multinacional suíça Syngenta. Até 2006, a participação do segmento de cana dentro da companhia era marginal, repre- sentada apenas pela venda de produtos químicos usados para matar pragas. A partir de 2008, uma guinada possibilitou a adoção de novas estratégias para incrementar tecnologicamente a plantação de cana, por meio, por exemplo, da construção de uma biofábrica, espaço onde são realizados os procedi- mentos de melhoramento da planta, inaugurada em 2012. “A demanda por cana no país, em 2020, será de aproximadamente 1,1 bilhão de toneladas. A chave do sucesso para a produção do etanol é au- mentar a produtividade, o que demanda pesquisa também”, explica Adriano Vilas Boas, diretor glo- bal de cana-de-açúcar da Syngenta. A Unica estima que a produção de etanol na safra 2013/1014 seja 20% maior em relação à anterior. Hoje a empresa tem três pilares de sustentação da pesquisa em torno da cana, dos quais um é a multiplicação de materiais genéticos,queaconteceem Itápolis, no interior paulis- ta. Lá são geradas mudas livres de doenças, por meio de multiplicação do mate- rial genético, assegurando a sanidade dos materiais, porquequandosemultipli- caacanaoriscodeelacon- trair doenças é alto. “Mul- tiplicamos, assim, clones de uma mesma matriz de forma controlada”, acres- centa Vilas Boas. Depois, para se multiplicar em mi- lhares de amostras, a cana é manejada em estufa e a amostragemémultiplicada, preservando o DNA, para que possa ir direto para o campoformarviveiros.Pesquisasembiotecnologia, voltadas para aumentar a capacidade de transfor- mar variedades de cana em vegetais geneticamente modificados, já são feitas em estações de pesquisa da companhia no Brasil. A Syngenta investe mais de US$ 1,4 bilhão em pesquisa e desenvolvimento no mundo. No Brasil, o orçamento para cana-de- -açúcar não é revelado pela empresa. Hoje ela tem maisde100agrônomosfocadosemassistênciapara cana, desenvolvendo tecnologia no campo, e uma equipe dedicada exclusivamente à pesquisa com transgênicos. As parcerias com universidades se estendemàUniversidadeEstadualPaulista(Unesp), à Esalq/USP, que ajudam a validar as tecnologias, e também ao IAC, na parte de variedades, por meio de um projeto conjunto para o aperfeiçoamento de metodologias para o melhoramento e a trans- formação da cana. n “A pesquisa paralisada leva mais tempo para se recuperar do que a passagem de uma crise”, diz Fernandes 1 Centro de pesquisas da Syngenta em Itápolis, interior de São Paulo, onde a empresa realiza a multiplicação de materiais genéticos 2 Estufa de cana na nova estação experimental da Granbio, em Alagoas fotos 1syngenta2michelrios 2 1