Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Grupos questionam meta de 1 milhão de árvores em Campinas
1. Paulella contesta posição do especialista
Campinas: grupos questionam
plantio de 1 milhão de árvores
ÁRVORES ||| POLÊMICA
Alenita Ramirez
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
alenita.jesus@rac.com.br
Lideranças de associações am-
bientais e moradores contes-
tam o balanço divulgado re-
centemente pela Prefeitura
de Campinas de que o Muni-
cípio plantou mais de 1 mi-
lhão de árvores nos últimos
cinco anos. Para eles, o cum-
primento da meta é duvido-
so, já que muitas das mudas
plantadas morreram ou fo-
ram vandalizadas, sem ter ha-
vido reposição. Além disso, se-
gundo eles, a Prefeitura tem
que mostrar os locais onde
houve o plantio e se elas efeti-
vamente sobreviveram. “Plan-
tar por plantar é fácil. Quero
ver provar que estas árvores
vingaram”, disse um profes-
sor aposentado, cujo nome
foi preservado. “É impossível
um milhão”, disse o engenhei-
ro florestal José Hamilton de
Aguirre Júnior, membro da As-
sociação Resgate o Cambuí.
Para o professor aposenta-
do José Carlos Rocha Vieira,
há décadas que os vários pre-
feitos prometem quantidades
absurdas de plantas, porém
não há manutenção e cuida-
do, especialmente em perío-
do de seca. “Desde 2015 eu
observo o plantio e conto.
Por exemplo, de cada 30 árvo-
res que vejo plantadas, 29
morrem. Não apenas por fal-
ta de água, mas pela amarra-
ção por estaca ser completa-
mente errada. Na década de
1960, aprendi com agrôno-
mos dos Instituto Agronômi-
co de Campinas (IAC), a
amarração correta. Tem que
ser frouxa na haste para a
planta gingar e fortalecer. A
amarração da Prefeitura é
sempre apertada”, disse, opi-
nando que as novas árvores
vivas não devem ultrapassar
50 mil.
Aguirre Jr. disse que para a
meta de 1 milhão de árvores
plantadas ser cumprida, são
necessários mais de 600 hecta-
res de plantio. Para ele, so-
mente no Cambuí, em arbori-
zação viária, foram plantadas
cerca de 600 árvores e isso de-
monstra que é muito pouco.
“Um milhão é um número
que conseguiria se recuperar
uma grande área do Municí-
pio. Plantar por plantar não
garante a sobrevivência das
mudas. Elas têm de ser bem
plantadas em um berço gene-
roso, com matéria orgânica,
adubo, insumos, tutores, rega-
das, cuidadas, até consegui-
rem sobreviver”, disse o enge-
nheiro florestal.
A área seria mais de 6 mil
metros quadrados de plantio,
o equivalente, segundo ele, a
seis parques Ibirapuera. Além
disso, seriam necessários dois
anos ou mais de uma boa ma-
nutenção, com irrigação.
Número oficial
A meta foi divulgada no últi-
mo dia 25. Na época, o dire-
tor de Parques e Jardins, Luis
Cláudio Mollo, então secretá-
rio interino de Serviços Públi-
cos, e o secretário do Verde,
Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento Sustentável, Rogério
Menezes, informaram que a
meta foi cumprida em março,
graças ao trabalho em conjun-
to das duas Pastas. De acordo
com os responsáveis, do mon-
tante, 376 mil foram por meio
do banco de áreas verdes e
outras 650 mil por equipes da
Secretaria Municipal de Servi-
ços Públicos.
O plantio maciço começou
em 2013 e a meta do prefeito
Jonas Donizette (PSB) era con-
cluir no começo deste ano.
Na década de 1980, o então
prefeito Jacó Bittar também
chegou a fazer uma campa-
nha semelhante, prometendo
“um milhão de árvores”.
Segundo eles foram recupe-
rados 1.170 hectares, entre pra-
ças, parques, vias e áreas ver-
des. Esse território correspon-
dente a 1.099 áreas cadastra-
das. Mollo e Menezes frisaram
que entre 20% e 25% das árvo-
res plantadas sofrem depreda-
ção, morrem ou vandalismo.
“Temos relatórios men-
sais que mostram que foram
plantadas mais de um mi-
lhão de árvores em Campi-
nas e que deste montante,
10% se perdem. Temos uma
equipe de 800 pessoas fazen-
do a manutenção de área ver-
de, cortes de grama, poda de
contenção e a rearremate”,
disse o secretário de Serviços
Públicos de Campinas, Ernes-
to Dimas Paulela. “Quem qui-
ser ver nossos relatórios e só
nos procurar, está tudo docu-
mentado. Plantamos muitos
ipês na cidade no Inverno, as
folhas caem mesmo e dá a
impressão de que as árvores
estão mortas, mas não”,
acrescentou.
Segundo Paulella, Campi-
nas tem três viveiros, sendo
que em um deles produz 80
mil mudas por mês. Os ou-
tros dois têm capacidade,
juntos, para 120 mil mudas.
Eles ficam abertos à visita-
ção e também fazem a doa-
ção de até seis mudas por
pessoa. “Nosso plantio tem
custo zero. Além disso tem a
parceria do banco de áreas
verdes, que as empresas re-
põem áreas conforme deter-
minado pela Secretaria do
Verde”, disse.
Engenheiro florestal aponta déficit arbóreo no Cambuí
O bairro Cambuí tem um dé-
ficit arbóreo de 5.612 exem-
plares, segundo avaliação
econômica das árvores viá-
rias, divulgada pelo enge-
nheiro florestal, José Hamil-
ton de Aguirre Júnior, duran-
te o seminário Interação
Universidade e Sociedade,
realizado na primeira quin-
zena de maio deste ano. O
estudo, que começou a ser
produzido em 2007, faz par-
te da tese de mestrado do es-
pecialista.
Segundo Aguirre Jr, o cál-
culo da defasagem toma por
base a Lei Municipal de Ar-
borização 11.571/2003. A lei
preconiza, pelo menos, uma
árvore a cada 10 metros de
calçada. Seguindo esse cálcu-
lo, segundo o engenheiro flo-
restal, deveriam existir nas
calçadas do Cambuí pelo me-
nos 8.288 árvores. Mas na úl-
tima atualização do estudo,
de 2017, foi verificado que
existem 2.676 plantas entre
árvores, arbustos e palmei-
ras. “A área do Cambuí é de
mais ou menos 84 quilôme-
tros linear de calçada”, disse.
De acordo com o enge-
nheiro, sua tese foi focada
no bairro Cambuí, já que ele
nasceu e cresceu no local e
ao longo dos anos, com as
novas construções, a área
verde área foi suprimida.
“Na época, começamos um
trabalho comunitário de edu-
cação ambiental e fizemos o
plantio de 275 árvores ao lon-
go de 11 anos, mas paramos
o trabalho por conta de uma
determinação da Prefeitura.
Sentimos falta desse traba-
lho. Era todo voluntário e
não tinha nenhum custo”,
disse.
Aguirre Jr. disse que o mo-
vimento plantou espécies co-
mo mirindiba-rosa, oiti, ipê-
roxo, branco, pau-brasil, en-
tre outras. Toda plantação
foi feita com técnicas ade-
quadas. “Muitas das espé-
cies são de tamanho grande
por conta da necessidade do
bairro. No Cambuí há uma
ilha de calor e poluição mui-
to grande. Há uma diferença
de mais ou menos 7 graus
em comparação com o Ta-
quaral”, disse. “A arboriza-
ção sombreia o asfalto e pro-
tege a pavimentação, além
de oferecer qualidade de vi-
da para os moradores, pois a
árvore filtra o ar”, explicou.
(AR/AAN)
EDUCAÇÃO
De acordo com José Hamilton de Aguirre Júnior, deveriam existir nas calçadas do bairro pelo menos 8.288 árvores
Um dos três viveiros de Campinas, que ficam abertos à visitação: doação de mudas para a população Árvores plantadas em calçada do Cambuí: especialista indica déficit
Inscrições para o vestibular
da Unicamp começam hoje
As inscrições para o Vestibular
2019 da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp)
começam hoje e deverão
ser feitas até o dia 31 deste
mês pelo site:
http://www.comvest.unicamp.br/.
Os candidatos que não foram
beneficiados com a isenção
precisam pagar uma taxa de
R$ 170,00, que validará a
participação. A primeira fase
será realizada no dia 18 de
novembro, e a segunda
acontecerá nos dias 13, 14 e 15
de janeiro de 2019. Antes da
etapa inicial, haverá provas de
habilidades específicas para os
interessados nos cursos de
música, a serem realizadas em
setembro e outubro. Para as
demais graduações que exigem
avaliações distintas (arquitetura
e urbanismo, artes cênicas,
artes visuais e dança), os testes
serão aplicados no período de 21
a 25 de janeiro do próximo ano.
Os contemplados com a isenção
da taxa (cerca de 7 mil) devem
se atentar e optar pelo
formulário específico, que não
gera boleto bancário. Apesar de
terem recebido o benefício, a
inscrição não é automática. A
primeira chamada ocorrerá em
11 de fevereiro de 2019. No dia
seguinte, poderão ser efetuadas
as referentes matrículas sem
que seja necessário o
comparecimento na instituição,
ou seja, pelo site. As demais
serão todas in loco. Na manhã
de hoje, a Comissão
Permanente para os
Vestibulares da Unicamp
(Comvest) informará as
novidades desta edição,
abordando, entre outros
assuntos, as cotas, o vestibular
indígena, e o ingresso via Exame
Nacional do Ensino Médio
(Enem). Reitor da instituição,
Marcelo Knobel diz que
milhares de jovens e suas
famílias começam a viver a
expectativa de um momento
crucial na vida. “Apesar de
relativamente jovem para os
padrões mundiais — completou
50 anos em outubro de 2016 —
a Unicamp foi classificada
recentemente, pelo segundo ano
consecutivo, como a melhor
universidade latino-americano
no prestigiado ranking da revista
Times Higher Education (THE),
conquistando lugar de destaque
entre a elite acadêmica
mundial”, destaca.
Knobel ressalta também que
93% dos professores atuam em
regime de dedicação exclusiva e
99% têm titulação de doutor.
Além disso, a universidade
“abriga atualmente 8% da
pesquisa acadêmica brasileira e
12% da pós-graduação
nacional”, diz. O Vestibular 2018
foi a edição com mais inscritos
da história da Unicamp, com
83.799 estudantes. (Da Agência
Anhanguera)
Entidades
ambientais
alegam que
muitas mudas
morreram
ou foram
vandalizadas,
sem reposição
VESTIBULAR UNICAMP 2019
Inscrições e pagamento da taxa de inscrição 1º/8 a 31/8/2018
Provas de habilidades específicas de música Etapa I – 10
a 17/9/2018
Etapa II 14 e 15/10/2018
1ª fase 18/11/2018
2ª fase 13, 14 e 15/1/2019
Provas de habilidades específicas 21 a 25/1/2019
Divulgação da primeira chamada 11/2/2019
Matrícula (não presencial) da primeira chamada 12/2/2019
Inscrições e pagamento da taxa de inscrição 1º/8 a 31/8/2018
Provas de habilidades específicas de música Etapa I – 10
a 17/9/2018
Etapa II 14 e 15/10/2018
1ª fase 18/11/2018
2ª fase 13, 14 e 15/1/2019
Provas de habilidades específicas 21 a 25/1/2019
Divulgação da primeira chamada 11/2/2019
Matrícula (não presencial) da primeira chamada 12/2/2019
Editoria de Arte/AAN
Divulgação Thomaz Marostegan/Especial para a AAN
Prefeitura é desafiada
a provar que as
plantas resistiram
O
secretário de
Serviços Públicos de
Campinas, Ernesto
Dimas Paulella, contesta a
posição do engenheiro
florestal José Hamilton de
Aguirre Júnior e afirma
que não há mais espaço
para plantio de árvores no
Cambuí. “Não restou mais
nenhum local para plantio
em calçada. Plantamos em
dois anos neste bairro, 1,8
mil mudas. Eu acredito
que por lá existem cerca de
cinco mil árvores adultas.
Toda a técnica usada no
nosso plantio consta no
Guia de Arborização
Urbana, da Lei Municipal
de 2008”, frisou Paulella.
“É extremamente
importante a arborização
e não precisa ser grande,
ela tem que ser adequada
para cada local”, disse.
(AR/ANN)
CORREIO POPULAR A9CIDADES Campinas, quarta-feira, 1º de agosto de 2018
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