SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  22
Clínica Psicanalítica:
                manejo e subjetivações na contemporaneidade




                                     Tema:
                  Neurose obsessiva e transtorno da ansiedade
                                 generalizada
ALEXANDRE
   SIMÕES
 ® Todos os
                                  Coordenação   Alexandre Simões
  direitos de
     autor
 reservados.
Novos sintomas ou
                         sintomas apresentados
                          sob uma nova forma         ?
 Lacan, argumenta que estamos passando, nas últimas
 décadas, por uma significativa mudança na lógica dos
                      discursos:

          esta é uma forma de dizer que o laço
social muda e o lugar do Outro: o mundo que nos fala e de
                        onde nós
                falamos, mudam também.
Fragmento clínico:

     Um homem, na faixa de seus 40 anos de idade,
      procurou-me a partir do momento em que se
               submeteu a uma prova.

        Neste exame, ele não obteve um resultado
     satisfatório e, daí, recebeu um laudo explicando,
     em linhas gerais, os motivos de sua reprovação.
         Neste laudo, lhe era recomendado que ele
       procurasse um profissional da área da saúde
     mental antes de se submeter a um novo exame.
T ratava-se de uma prova para se habilitar como piloto de
aeronave. Ele já era piloto e também instrutor de voo, em
   uma dada categoria: pretendia aceder a uma outra
               categoria, superior à atual.



                             O órgão específico do Estado
                               que elaborava as provas e
                                regulamentava o tipo de
                              habilitação que esta pessoa
                              almejava foi, a princípio, o
                             impedidor de sua trajetória e
                                isto lhe surgiu como um
                                         entrave.
Era-lhe um entrave na medida em que ele, como já
  foi dito, tendo um tipo de habilitação para uma
 categoria de voo, almejava uma maior amplitude
  profissional e econômica. Ele havia largado seu
 emprego anterior para se dedicar inteiramente à
aeronáutica e obter da mesma o sustento para si e
                    sua esposa.
Ser piloto era um sonho com o qual ele, de origem bem
     humilde, se deparou desde bem cedo. Durante sua
adolescência e idade adulta, trabalhou em várias funções bem
                    distantes deste sonho.




    Isto foi feito até os últimos três anos, quando o paciente resolveu
   pedir as contas em uma empresa na qual já trabalhava há mais de
    uma década e, com o dinheiro do acerto, bancar a trajetória (bem
          vasta e exigente) da formação de piloto: almejava voar.
É importante notar que o tipo de trabalho que ele
até então estava desenvolvendo na grande empresa
  com a qual rompeu já se mostrava de alto custo
                 para a sua saúde:

em mais de um episódio, foi acometido por crises
que se manifestavam por meio de fortes e difusas
 dores ao longo do corpo e uma intensa arritmia
cardíaca que fizeram com que ele fosse conduzido
     para serviços de urgência hospitalares.
Exasperação e desentendimento com os colegas
  tornaram-se cotidianos. Inclusive, o paciente
      mostrava-se impulsivo no que tange à
agressividade: envolveu-se em alguns episódios de
        agressão física a pessoas diversas.
Encontrando-se fora deste ambiente de trabalho,
 o paciente sentia uma melhora significativa em
                   seu estado.

     Todavia, o que antes era um estado mais
generalizado de mal-estar difuso, gradativamente
veio a se mostrar com um contorno mais definido:
              a ansiedade.
Nas relações com as pessoas - agora, já no novo
    ambiente de sua tentativa de uma inserção
 profissional no campo da aviação - a ansiedade
era facilmente desencadeada: às vezes, o barulho e
  a movimentação de alguém ‘mascando chiclete’
 era o suficiente para o surgimento da ansiedade
          acompanhada de irritabilidade.




       Foram inúmeros episódios de ansiedade e também uma forma
       branda de hipocondria, até que chegamos àquilo que mais ao
       início apontamos: a prova para aceder a um nível superior de
                                pilotagem.
O que barrou este paciente foi a
  verificação, ao longo de seus
exames, de um fator ansiogênico.

Tanto que no laudo reprobatório
 veio indicado o diagnóstico de
    Transtorno de Ansiedade
         Generalizada.
A partir desta marca, o paciente se
   apropria mais decididamente deste
 diagnóstico (que tem a dupla função de
 ser um indexador de seu mal-estar e a
     marca de um limite, ainda que
              momentâneo).
 Surgem, então, as sensações de frio no
   estômago, aperto no peito, coração
acelerado, tremores e a sensação de falta
                  de ar.
O paciente pretendia se submeter mais uma vez ao exame
 no qual foi reprovado (após o intervalo de alguns meses,
                 isto já lhe era permitido).

     A realização de um tratamento analítico não era,
      necessariamente, uma exigência para tal. Mas,
  curiosamente, a reprovação fez com que esta pessoa se
inquietasse quanto ao que, realmente, se passava com ele.
O fio da ansiedade e do diagnóstico especificados na figura do
   Transtorno de Ansiedade Generalizada conduziram este
    paciente, no itinerário da análise, a se deparar com um
      acontecimento que é bem distinto de um sintoma:


                        a angústia
Amparo-me aqui
nas formulações de
Freud em ‘Inibições,
     sintomas e
angústia’ (de 1926):
      estes três
  acontecimentos
     psíquicos -
afetações do pathos
- não se encontram
 no mesmo nível e
não se reduzem um
      ao outro.
Para-além da sintomatologia ansiogênica e
 impulsiva, perfilava-se gradativamente uma
teia de elementos obsessivos: a culpabilidade,
    a dívida em relação ao Outro, a morte.
A análise avançava quanto mais não se colocava
    como orientação do percurso as medidas
                  pragmáticas:

os prazos para novas provas e perícias, a resposta à
          sintomatologia ansiogênica, etc.
Especialmente no que tange às manifestações da ansiedade
           e as depressões, vale lembrar que:




             estamos imersos na tecnologia prêt-a-porter
A Clínica Psicanalítica pode,
atualmente, oferecer outras vias
a estes sujeitos?



                Como operar com o
               gozo que se impõe ao
                  nosso tempo?
Por nossa posição de
sujeito somos sempre
    responsáveis
     Jacques Lacan, A Ciência e a Verdade,
              (in: Escritos), p.873
“A psicanálise tem sido criticada como uma espécie de
ícone de uma cultura que ficou para trás, sepultada pelas
   ciências da mente e pela sociedade „pós-humana‟. O
   antifreudismo é uma onda que ainda cresce. Mas seu
 destino não está nas mãos dos ideológos do mercado ou
 da ciência. O que determinará o lugar da psicanálise no
cenário social das próximas décadas será sua capacidade
  de atualizar aquilo que está na origem de sua clínica: a
  sustentação de um campo de prática que põe qualquer
tipo de experiência humana sob o crivo da interrogação.”
(Benilton BEZERRA JÚNIOR.O ocaso da interioridade e suas repercussões sobre a clínica. In: Carlos Alberto
                   PLASTINO. Transgressões. Rio de Janeiro: Contracapa, 2002. p.238)
Obrigado pela atenção!




  Acesso a este conteúdo:
www.alexandresimoes.com.br




                                ALEXANDRE
                                  SIMÕES
                             ® Todos os direitos
                             de autor reservados.

Contenu connexe

Tendances

2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...
2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...
2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...Alexandre Simoes
 
400 p-a-doenca-como-linguagem-da-alma
400 p-a-doenca-como-linguagem-da-alma400 p-a-doenca-como-linguagem-da-alma
400 p-a-doenca-como-linguagem-da-almaAntonio Borges RAmos
 
PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...
PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...
PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...Mary Kay do Brasil
 
O enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competente
O enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competenteO enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competente
O enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competenteZumarra Banje
 
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira). A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira). Leonardo Pereira
 
Transtorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da Depressão
Transtorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da DepressãoTranstorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da Depressão
Transtorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da DepressãoFelipe de Souza
 

Tendances (12)

2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...
2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...
2013- CURSO: A CONDUÇÃO DA ANÁLISE - aula 2: Após a chegada do analisando: co...
 
Adoencacomolinguagemdaalmav2
Adoencacomolinguagemdaalmav2Adoencacomolinguagemdaalmav2
Adoencacomolinguagemdaalmav2
 
400 p-a-doenca-como-linguagem-da-alma
400 p-a-doenca-como-linguagem-da-alma400 p-a-doenca-como-linguagem-da-alma
400 p-a-doenca-como-linguagem-da-alma
 
365 an 07_fevereiro_2012.ok
365 an 07_fevereiro_2012.ok365 an 07_fevereiro_2012.ok
365 an 07_fevereiro_2012.ok
 
O doente em fase terminal
O doente em fase terminalO doente em fase terminal
O doente em fase terminal
 
PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...
PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...
PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO PARA ADULTOS ENLUTADOS: A importância da relação d...
 
Apostila obsessão lar rubataiana -doc - 10 doc
Apostila obsessão   lar rubataiana -doc - 10 docApostila obsessão   lar rubataiana -doc - 10 doc
Apostila obsessão lar rubataiana -doc - 10 doc
 
O enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competente
O enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competenteO enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competente
O enfermeiro e a responsabilidade de se tornar competente
 
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira). A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
A morte e o morrer! ( Leonardo Pereira).
 
As fases do luto
As fases do luto   As fases do luto
As fases do luto
 
Luto normal
Luto normalLuto normal
Luto normal
 
Transtorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da Depressão
Transtorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da DepressãoTranstorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da Depressão
Transtorno Esquizoafetivo - Curso Psicologia Cognitiva da Depressão
 

Similaire à Clínica Psicanalítica: ansiedade generalizada e neurose obsessiva

429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdf
429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdf429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdf
429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdfGabriela Benigno
 
Apostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-eadApostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-eadSilvanaLima74
 
Caderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedadeCaderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedadeMarley Marques
 
Caderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedadeCaderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedadeMarley Marques
 
Terapia de Reflexo (Reflexoterapia)
Terapia de Reflexo (Reflexoterapia)  Terapia de Reflexo (Reflexoterapia)
Terapia de Reflexo (Reflexoterapia) Sandro Pedrol
 
Seminário "seu último ano de vida"
Seminário "seu último ano de vida"Seminário "seu último ano de vida"
Seminário "seu último ano de vida"Anderson Santos
 
Certificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial Humano
Certificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial HumanoCertificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial Humano
Certificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial HumanoCristina Oneto PCC MCOP BT
 
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completoAnna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completoHerbert Nogueira
 
Desejo, motivação e resistência no processo musicoterapêutico
Desejo, motivação e resistência no processo musicoterapêuticoDesejo, motivação e resistência no processo musicoterapêutico
Desejo, motivação e resistência no processo musicoterapêuticoIsabela Meni Cosenza Marques
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...Alexandre Simoes
 
o-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTC
o-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTCo-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTC
o-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTCPedro Henrique Medeiros
 
Psicanálise e uso de medicação
Psicanálise e uso de medicaçãoPsicanálise e uso de medicação
Psicanálise e uso de medicaçãoEdleusa Silva
 
Curar dr. david servan-schreiber
Curar   dr. david servan-schreiberCurar   dr. david servan-schreiber
Curar dr. david servan-schreiberGraça Faria
 
Tipologia textual – noções básicas descrição,
Tipologia textual – noções básicas   descrição,Tipologia textual – noções básicas   descrição,
Tipologia textual – noções básicas descrição,marcusunitau
 

Similaire à Clínica Psicanalítica: ansiedade generalizada e neurose obsessiva (20)

429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdf
429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdf429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdf
429008673 apostila-resumos-psiquiatria-pdf
 
Apostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-eadApostila psicologia-clinica-life-ead
Apostila psicologia-clinica-life-ead
 
Caderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedadeCaderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedade
 
Caderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedadeCaderno multidisciplinar-innove ansiedade
Caderno multidisciplinar-innove ansiedade
 
Módulo 1
Módulo 1Módulo 1
Módulo 1
 
Terapia de Reflexo (Reflexoterapia)
Terapia de Reflexo (Reflexoterapia)  Terapia de Reflexo (Reflexoterapia)
Terapia de Reflexo (Reflexoterapia)
 
Seminário "seu último ano de vida"
Seminário "seu último ano de vida"Seminário "seu último ano de vida"
Seminário "seu último ano de vida"
 
Certificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial Humano
Certificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial HumanoCertificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial Humano
Certificação em Identificação do Potencial y Desenvolvimento do Potencial Humano
 
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completoAnna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
 
Desejo, motivação e resistência no processo musicoterapêutico
Desejo, motivação e resistência no processo musicoterapêuticoDesejo, motivação e resistência no processo musicoterapêutico
Desejo, motivação e resistência no processo musicoterapêutico
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
 
o-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTC
o-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTCo-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTC
o-diagnostico-na-medicina-chinesa-auteroche-navailh-1 MTC
 
Psicanálise e uso de medicação
Psicanálise e uso de medicaçãoPsicanálise e uso de medicação
Psicanálise e uso de medicação
 
Curar dr. david servan-schreiber
Curar   dr. david servan-schreiberCurar   dr. david servan-schreiber
Curar dr. david servan-schreiber
 
( Apometria) alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico
( Apometria)   alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico( Apometria)   alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico
( Apometria) alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico
 
( Apometria) alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico
( Apometria)   alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico( Apometria)   alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico
( Apometria) alexandre d c lima - apometria cosmica # nivel basico
 
Antropólogo em marte
Antropólogo em marteAntropólogo em marte
Antropólogo em marte
 
META MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM
META MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEMMETA MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM
META MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM
 
Tipologia textual – noções básicas descrição,
Tipologia textual – noções básicas   descrição,Tipologia textual – noções básicas   descrição,
Tipologia textual – noções básicas descrição,
 
Semiologia
SemiologiaSemiologia
Semiologia
 

Plus de Alexandre Simoes

2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalistaAlexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...Alexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhosAlexandre Simoes
 
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejosAlexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejoAlexandre Simoes
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnósticoAlexandre Simoes
 
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...Alexandre Simoes
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXIAlexandre Simoes
 
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAREPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAAlexandre Simoes
 

Plus de Alexandre Simoes (20)

2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
 
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
 
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
 
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
 
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAREPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
 

Clínica Psicanalítica: ansiedade generalizada e neurose obsessiva

  • 1. Clínica Psicanalítica: manejo e subjetivações na contemporaneidade Tema: Neurose obsessiva e transtorno da ansiedade generalizada ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os Coordenação Alexandre Simões direitos de autor reservados.
  • 2. Novos sintomas ou sintomas apresentados sob uma nova forma ? Lacan, argumenta que estamos passando, nas últimas décadas, por uma significativa mudança na lógica dos discursos: esta é uma forma de dizer que o laço social muda e o lugar do Outro: o mundo que nos fala e de onde nós falamos, mudam também.
  • 3. Fragmento clínico: Um homem, na faixa de seus 40 anos de idade, procurou-me a partir do momento em que se submeteu a uma prova. Neste exame, ele não obteve um resultado satisfatório e, daí, recebeu um laudo explicando, em linhas gerais, os motivos de sua reprovação. Neste laudo, lhe era recomendado que ele procurasse um profissional da área da saúde mental antes de se submeter a um novo exame.
  • 4. T ratava-se de uma prova para se habilitar como piloto de aeronave. Ele já era piloto e também instrutor de voo, em uma dada categoria: pretendia aceder a uma outra categoria, superior à atual. O órgão específico do Estado que elaborava as provas e regulamentava o tipo de habilitação que esta pessoa almejava foi, a princípio, o impedidor de sua trajetória e isto lhe surgiu como um entrave.
  • 5. Era-lhe um entrave na medida em que ele, como já foi dito, tendo um tipo de habilitação para uma categoria de voo, almejava uma maior amplitude profissional e econômica. Ele havia largado seu emprego anterior para se dedicar inteiramente à aeronáutica e obter da mesma o sustento para si e sua esposa.
  • 6. Ser piloto era um sonho com o qual ele, de origem bem humilde, se deparou desde bem cedo. Durante sua adolescência e idade adulta, trabalhou em várias funções bem distantes deste sonho. Isto foi feito até os últimos três anos, quando o paciente resolveu pedir as contas em uma empresa na qual já trabalhava há mais de uma década e, com o dinheiro do acerto, bancar a trajetória (bem vasta e exigente) da formação de piloto: almejava voar.
  • 7. É importante notar que o tipo de trabalho que ele até então estava desenvolvendo na grande empresa com a qual rompeu já se mostrava de alto custo para a sua saúde: em mais de um episódio, foi acometido por crises que se manifestavam por meio de fortes e difusas dores ao longo do corpo e uma intensa arritmia cardíaca que fizeram com que ele fosse conduzido para serviços de urgência hospitalares.
  • 8. Exasperação e desentendimento com os colegas tornaram-se cotidianos. Inclusive, o paciente mostrava-se impulsivo no que tange à agressividade: envolveu-se em alguns episódios de agressão física a pessoas diversas.
  • 9. Encontrando-se fora deste ambiente de trabalho, o paciente sentia uma melhora significativa em seu estado. Todavia, o que antes era um estado mais generalizado de mal-estar difuso, gradativamente veio a se mostrar com um contorno mais definido: a ansiedade.
  • 10. Nas relações com as pessoas - agora, já no novo ambiente de sua tentativa de uma inserção profissional no campo da aviação - a ansiedade era facilmente desencadeada: às vezes, o barulho e a movimentação de alguém ‘mascando chiclete’ era o suficiente para o surgimento da ansiedade acompanhada de irritabilidade. Foram inúmeros episódios de ansiedade e também uma forma branda de hipocondria, até que chegamos àquilo que mais ao início apontamos: a prova para aceder a um nível superior de pilotagem.
  • 11. O que barrou este paciente foi a verificação, ao longo de seus exames, de um fator ansiogênico. Tanto que no laudo reprobatório veio indicado o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada.
  • 12. A partir desta marca, o paciente se apropria mais decididamente deste diagnóstico (que tem a dupla função de ser um indexador de seu mal-estar e a marca de um limite, ainda que momentâneo). Surgem, então, as sensações de frio no estômago, aperto no peito, coração acelerado, tremores e a sensação de falta de ar.
  • 13. O paciente pretendia se submeter mais uma vez ao exame no qual foi reprovado (após o intervalo de alguns meses, isto já lhe era permitido). A realização de um tratamento analítico não era, necessariamente, uma exigência para tal. Mas, curiosamente, a reprovação fez com que esta pessoa se inquietasse quanto ao que, realmente, se passava com ele.
  • 14. O fio da ansiedade e do diagnóstico especificados na figura do Transtorno de Ansiedade Generalizada conduziram este paciente, no itinerário da análise, a se deparar com um acontecimento que é bem distinto de um sintoma: a angústia
  • 15. Amparo-me aqui nas formulações de Freud em ‘Inibições, sintomas e angústia’ (de 1926): estes três acontecimentos psíquicos - afetações do pathos - não se encontram no mesmo nível e não se reduzem um ao outro.
  • 16. Para-além da sintomatologia ansiogênica e impulsiva, perfilava-se gradativamente uma teia de elementos obsessivos: a culpabilidade, a dívida em relação ao Outro, a morte.
  • 17. A análise avançava quanto mais não se colocava como orientação do percurso as medidas pragmáticas: os prazos para novas provas e perícias, a resposta à sintomatologia ansiogênica, etc.
  • 18. Especialmente no que tange às manifestações da ansiedade e as depressões, vale lembrar que: estamos imersos na tecnologia prêt-a-porter
  • 19. A Clínica Psicanalítica pode, atualmente, oferecer outras vias a estes sujeitos? Como operar com o gozo que se impõe ao nosso tempo?
  • 20. Por nossa posição de sujeito somos sempre responsáveis Jacques Lacan, A Ciência e a Verdade, (in: Escritos), p.873
  • 21. “A psicanálise tem sido criticada como uma espécie de ícone de uma cultura que ficou para trás, sepultada pelas ciências da mente e pela sociedade „pós-humana‟. O antifreudismo é uma onda que ainda cresce. Mas seu destino não está nas mãos dos ideológos do mercado ou da ciência. O que determinará o lugar da psicanálise no cenário social das próximas décadas será sua capacidade de atualizar aquilo que está na origem de sua clínica: a sustentação de um campo de prática que põe qualquer tipo de experiência humana sob o crivo da interrogação.” (Benilton BEZERRA JÚNIOR.O ocaso da interioridade e suas repercussões sobre a clínica. In: Carlos Alberto PLASTINO. Transgressões. Rio de Janeiro: Contracapa, 2002. p.238)
  • 22. Obrigado pela atenção! Acesso a este conteúdo: www.alexandresimoes.com.br ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.