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COMUNA DE PARIS e Thiers
Primeira experiência de ditadura do proletariado na história, governo
revolucionário da classe operária criada pela revolução proletária em Paris.
Durou 72 dias: de 18 de Março a 28 de Maio de 1871.
A Comuna de Paris foi resultado da luta da classe operária francesa e
internacional contra a dominação política da burguesia. A causa direta do
surgimento da Comuna de Paris consistiu no agravamento das contradições de
classe entre o proletariado e a burguesia decorrente da dura derrota sofrida pela
França na guerra contra a Prússia (1870-1871). O empenho do governo
reacionário de Thiers da fazer recair o fardo dos gastos da guerra perdida sobre
os amplos setores da população originou um podereoso movimento das forças
democráticas.
No princípio exerceu o poder um governo revolucionário provisório chamado
Comitê Central da Guarda Nacional, ou seja, um órgão eleito pelos batalhões
da milícia popular que haviam se formado para defender a cidade contra os
exércitos prussianos. Porém em 28 de março o poder passou às mãos da
Assembléia de Deputados do Povo: a Comuna,
O papel governante cabia aos operários, muitos dos quais eram membros da
Primeira Internacional. Foram proclamadas, também, Comunas em Lion,
Marselha, Tolouse e algumas outras cidades que, entretanto, existiram por
pouco tempo.
A Comuna de Paris destruiu a máquina estatal burguesa (liquidou o exército
permanente e a polícia, separou a Igreja do Estado, etc) e criou um Estado de
novo tipo, que foi a primeira forma de ditadura do proletariado da história. O
novo aparato do poder se organizava de acordo com os princípios
democráticos: a elegibilidade, responsabilidade e a demissibilidade de todos os
funcionários e o caráter colegiado da direção.
Para dirigir os assuntos públicos foram criados comissões eletivas que
substituiram aos antigos ministérios: comissão do trabalho, da indústria e
comércio, de serviços públicos, de alimentos, da fazenda, da segurança pública,
da justiça, da educação, de relações exteriores e militar. O trabalho das
comissões era coordenado por uma Comissão Executiva, que posteriormente
incluiu todos os presidentes de todas as comissões. Essa Comissão Executiva
foi substituida, em 1 de maio, pelo Comitê de Salvação Pública, órgão
executivo superior da Comuna de Paris. Cada membro da Comuna se integrou
em uma comissão conservando ao mesmo tempo os vinculos com seu distrito
eleitoral e reunindo-se ali com os eleitores.
Foi desmantelado o velho aparato estatal, se expulsou os burocratas e os altos
funcionários; se reduziu os vencimentos e o salário dos trabalhadores do
aparato da Comuna e de seus membros foram fixados proporcionalmente ao
salário médio de um operário. Os juizes reacionários foram substituidos por
juizes eleitos. Foram demolidos os monumentos do militarismo e da reação.
Os nomes das ruas foram substituidos para eliminar os nomes de figuras
odiosas. Foi eliminada a ajuda financeira do Estado à Igreja.
Como governo da classe operária, a Comuna de Paris, exercia seu poder em
benefício do povo. Mostrou grande cuidado pelo melhoramento da situação
material das grandes massas: fixou a remuneração mínima do trabalho, foram
tomadas medidas de proteção do trabalho e de luta contra o desemprego, de
melhoramento das condições de moradia e do abastecimento da população. A
Comuna preparou a reforma escolar, fundamentada no princípio da educação
geral, gratuita, obrigatória, laica e universal. Tiveram extraordinária
importância os decretos da Comunsa sobre a organização de cooperativas de
produção nas empresas abandonadas por seus donos, a implantação do controle
operário, a elegibilidade dos dirigentes de algumas empresas estatais. Na sua
política exterior, a Comuna se guiou pelo empenho de estabelecer a paz e a
amizade entre os povos.
As principais causas da derrota da Comuna de Paris foram:
1) a inexistência das condições econômicas-sociais necessárias a insuficiente
maturidade da classe operária, que não possuia seu próprio partido político
aparelhado com a doutrina da luta de classes do proletariado;
2) a heterogeneidade da composição política da Comuna;
3) a ausência de aliança combativa entre a classe operária e o campesinato;
4) o isolamento de Paris das outras zonas do país em consequência do bloqueio
da cidade pelos versailheses e as tropas prussianas de ocupação.
O breve período de existência da Comuna, seus erros táticos e sua derrota não
reduzem a sua importância na história do movimento de libertação do
proletariado. A experiência da Comuna e seus ensinamentos instrutivos
desempenharam importante papel no desenvolvimento da teoria marxista-
leninista, na história do movimento operário internacional, na preparação e
realização da Grande Revolução Socialista de Outubro, com uma série de
postulados importantes: confirmou a necessidade da destruição revolucionária
do poder dos exploradores e da instauração da ditatuda do proletariado. a
impossibilidade - nas condições de então - de tomar o poder sem insurreição
armada. Demonstrou qu a classe operária não pode limitar-se a tomar em suas
mãos e por em marcha a velha máquina estatal, mas que deve acabar com ela
e substitui-la por uma nova.
Os ensinamentos da Comuna de Paris demonstraram a necessidade de defender
com as armas as conquistas da revolução, a necessiadade da tática ofensiva na
guerra revolucionária, a inadimissibilidade de se mostrar debilidade e
ingenuidade frente aos inimigos.
MARX, Karl. A Guerra Civil na França. Seleção de textos, tradução e notas
de Rubens Enderle; [apresentação de Antonio Rago Filho]. São Paulo:
Boitempo. 2011. 274 p.
A Paris dos trabalhadores, com sua Comuna, será eternamente celebrada
como a gloriosa precursora de uma nova sociedade.
Karl Marx
Descubram o traço essencial [de Karl Marx], as imensas sobrancelhas, e
vocês saberão imediatamente que estão lidando com a mais formidável de
todas as forças individuais compostas - um sonhador que pensa, um pensador
que sonha.
R. Landor
Sua queda [da burguesia] e a vitória do proletariado são igualmente
inevitáveis.
Karl Marx e Friedrich Engels
Sobre o autor[1]
SOBRE O AUTOR
Karl Marx (1818-1883) foi um destacado pensador e revolucionário alemão
que atuou em áreas como história, filosofia, economia, sociedade e política,
etc. Suas muitas teorias, sua efetiva atuação política e revolucionária e seus
estudos, destacando-se a luta de classes entre o proletariado e burguesia como
motor da história, desde então, ecoam pelas sociedades contemporâneas.
A OBRA
O presente livro de Marx, A Guerra Civil na França, tem como base as cartas
enviadas por ele em sua posição como secretário da Associação Internacional
de Trabalhadores (AIT), em apoio a Comuna e aos communards[2]
redigidas em
maio de 1871, pouco tempo depois da derrota da Comuna. E Paris resistirá ao
assédio prussiano? Com essa pergunta de Marx, podem-se imaginar quais os
eventos que o influenciam em seu estudo, sendo ele próprio um personagem
ativo dessa atmosfera.[3]
A conjuntura aponta para Paris (sede da Comuna) em
guerra em 1871, sendo nela visível a influência do movimento revolucionário
de 1848. São denunciados pelo pensador alemão alguns personagens como
Thiers, [4]
um dos principais articuladores da derrota da Comuna, considerado
um personagem "que nunca produziu nada" [5]
, espelhado em seus boletins
mentirosos contra a Comuna, [6]
além de outras figuras;
Pode-se perguntar como esses ultrapassados charlatães e intriguistas
parlamentares como Thiers, Favre, Dufaure, Garnier-Pagès (apenas
fortalecidos por uns poucos tratantes da mesma laia) continuam a ressurgir à
superfície após cada revolução e a usurpar o poder Executivo - esses homens
que sempre exploram e traem a revolução, fuzilam o povo que a fez e
sequestram as poucas concessões liberais conquistadas dos governos
anteriores (aos quais se opuseram). [7]
Thiers e outros próximos a ele obtêm vantagens em sua posição contra
os communards, como no enriquecimento de Jules Ferry.[8]
Marx ressalta
também a preocupação deles em relação à Comuna, como no pedido de Thiers,
mentor do partido da ordem, [9]
para Bismarck aumentar o número de soldados
das tropas para enfrentar de Comuna (40 mil para 100 mil) cabendo ressaltar
que o próprio Thiers fortificou Paris em 1840, mas essa não é a única
contradição dele. Marx aponta o exemplo do bombardeio da cidade de Palermo
(Itália) pelos prussianos, em que Thiers criticou-o, mas favorável que fossem
usados bombardeios contra a Comuna[10]
e em sua errônea comparação[11]
com
a Guerra Civil dos Estados Unidos.[12]
Outra pergunta de Marx é: "quem vai
pagar a conta?". É Apontado que as províncias no segundo império estão
atoladas em dividas municipais. [13]
Nessa linha de pensamento, o
imperialismo, segundo Marx, é a forma mais prostituta e acabada do estado e
a Comuna apresenta qualidades em oposição a isso. As atrocidades partindo de
Versalhes contra a Comuna foram tamanhas que chocaram até a revista
londrina Times. [14]
Outro exemplo que apontam um eco com a Comuna é o
evento envolvendo o general Lecomte, em que seus homens atiram nele, em
oposição à ordem de fogo dele contra a Comuna.[15]
A classe trabalhadora francesa, segundo o historiador Antonio Rago foi
fortemente reprimida e embora estivesse armada para a guerra[16]
resistiu
bravamente por mais de dois meses, embora a situação fosse desfavorável a
Comuna, pois um terço de seu território estava em domínio do inimig; à capital
(Paris) se encontrava isolada das províncias e suas comunicações estavam
cortadas. Essa é, portanto, uma Paris heróica, em que Marx indica a agitação
de várias revistas da época, inspiradas nessa conjuntura revolucionária. Na
descrição de Marx, a Comuna foi heróica mesmo no curto tempo que teve de
se organizar (pouco mais de dois meses) e devido há esse pouco tempo que
durou, as substituições tanto de leis como de pessoas eram continuas. Nesse
clima foi criada a constituição da Comuna, no qual Marx destaca pontos como
o sufrágio universal, a ideia de descentralização dos poderes, sua flexibilidade
e abolição da propriedade privada.[17]
Enfim, Marx afirma que a Comuna
"juntava elementos saudáveis" para a sociedade, pois destruirá duas esferas do
sistema político da época; o funcionalismo estatal e o exército permanente.
Segundo Marx, o Comuna é a sua própria existência produtiva[18]
e nela não
existiam roubos, ela publica todos os seus atos e declarações, diferente do que
Marx aponta no que acontece com outros sistemas. Mas em Versalhes[19]
a
Comuna não é bem vista, sendo que na Assembleia Nacional de Paris ela
recebe vaias. Mesmo o povo de Paris tendo lutado pela Comuna mais do que
em qualquer outra situação foram esmagados em 1871 na conhecida semana
sangrenta, como nos muitos exemplos de fuzilamentos e aniquilações que
sofreram os communards.
Marx afirma que "a roda da história girou para trás", na ideia da derrota da
Comuna de Paris, que assim como outras ocorridas no território francês e
europeu foram fortemente reprimidas. O tempo limitado que a Comuna teve,
junto de outros fatores demonstram, segundo Marx, que a classe operária não
tinha adquirido capacidade de governar o estado[20]
, embora ela mesma não se
propusesse a ocupar as funções do estado. A Comuna de um modo em geral,
era dividida entre uma maioria de blanquistas e uma minoria de seguidores da
escola socialista de Prudhon[21]
em que se destacam os acertos entre essas duas
partes, embora Marx não interpretasse isso algo positivo. Observa-se na visão
dele que;
Parece-me que a Comuna perde tempo demais com ninharias e brigas
pessoais. Vê-se que, nisso, ela sofre influências que não provem dos
trabalhadores. Não seria ruim se vocês encontrassem tempo para recuperar o
tempo perdido. [22]
Em suma, a obra A Guerra Civil na França, de Karl Marx, um atuante dessa
conjuntura, apresenta e problematiza a causa ao qual se dedica, qual seja, atuar
junto ao movimento proletário, através de seus escritos, denunciando abusos,
apresentando personagens e suas ações de destaque em seu entender e
encastelado como na proposta de Edward Thompson (destacando-se as
diferenças devidas) que era trazer a história aqueles que eram poucos
apresentados. Marx, além de escrever a história de um movimento que em si
recebe pouco destaque quando se comparado com outros, ganha nessa obra um
importante estudo da conjuntura da época e a visão desse destacado filósofo e
historiador.
SÍNTESE SOBRE A COMUNA DE PARIS (18 DE MARÇO A 28 DE
MAIO 1871)
1. Desde a restauração monarquista em 1815 há o sonho pela volta da
República que aconteceu durante a Revolução Francesa em 1789.
2. Restauração monárquica: Dinastia dos Bourbons: Luiz XVIII (1814-1824) -
Carlos X (1824-1830): este tenta restaurar o absolutismo e foi derrubado.
3. Em 1830 Sobe ao poder o "Rei Burguês", nobre de tendência liberal, Luís
Felipe. A tela "Liberdade" de Eugéne Delacroix de 1830 marca a subida ao
poder deste rei porém o gorro na cabeça da mulher que personifica a liberdade
é símbolo da República e a bandeira tricolor lembra a Revolução Francesa de
1789. Insurreições operárias em 1831 e 1834. Agitação social com movimentos
liberais e socialistas favorecida pelo aumento do operariado e pela população
urbana sensível às idéias republicanas e socialistas.
5. Luiz Felipe não consegue se equilibrar entre interesses dos monarquistas e
dos republicanos e cai com a Revolução de junho de 1848 que instaura a 2ª
República. Instala-se o governo provisório com diversas correntes políticas:
republicanos e socialistas. Sobe ao poder o sobrinho de Napoleão, Luís
Bonaparte. Porém não tem prática republicana: entrega o ensino escolar ao
clero, abole o sufrágio universal, cria lei de deportação para crimes políticos,
lei que impede liberdade de imprensa. ENFIM, DÁ GOLPE D ESTADO EM
02 DE DEZEMBRO DE 1851 CONHECIDO COMO O 18 BRUMÁRIO DE
LUIZ BONAPARTE.
6. Luís Bonaparte ADOTA O NOME DE Napoleão III e iniciou o Segundo
Império que dura até 1870. Veio para internamente assegurar a ordem, a
tranqüilidade contra a agitação da II República e contra o perigo da revolução
social - operária, comunista.
7. Neste interim: os ideais da revolução de 1848 influencia em outros países e
neste período, de 1848 a 1870, temos agitações sociais em vários países onde
há o embate de três projetos sociais: liberalismo, nacionalismo e socialismo.
Inicia-se a Unificação Italiana e a Unificação Alemã.
8. Cresce a oposição a Napoleão III. Nas eleições de 1869 as oposicões
conseguem mais de 40% dos votos. Napoleão III é obrigado a negociar e
implementar reformas liberalizantes que transformam o regime numa espécie
de monarquia parlamentar. As reformas são aprovadas pela maioria da
população através de Plebiscito.
9. Porém por conta de desavenças com a Alemanha que tinha frente Bismarck
e em processo de unificação, declara guerra à Alemanha. A gota d'água foi a
sucessão ao trono da Espanha.
10. Em 02 de agosto de 1869 a guerra se inicia. Os alemães são superiores. Em
1º de setembro começa a Batalha de Sedan que termina com a capitulação
francesa onde o próprio imperador é feito prisioneiro. Começa o cerco da
cidade de Paris pelo exército alemão.
11. A população de Paris sabendo da derrota em Sedan no dia 4 de setembro
invade a Câmara exigindo a queda do regime. O império é derrubado e
proclamada a 3ª REPÚBLICA.
Forma-se um Governo de Defesa Nacional. ESTA GUERRA IRÁ
FAVORECER A REVOLUÇÃO SOCIAL.
12. O GOVERNO DE DEFESA NACIONAL: composto por monarquistas
(que controlam a política e as forças armadas) e por republicanos burgueses.
Inicia negociações com Bismarck porém este se mostra intransigente e o
acordo não se realiza e a guerra continua.
13. Em 19 de setembro de 1870 Paris fica totalmente cercada pelo exército
alemão. Tenta-se romper o cerco mas não se consegue. Apesar da reserva de
alimentos em Paris o racionamento foi imposto. Começa a faltar comida. Ratos
são vendidos a 2 francos-ouro a peça. Em 18 de janeiro de 1871, numa atitude
provocadora, o rei da Prússia é proclamada imperador da Alemanha, em
Versalhes.
14. Neste momento o Governo de Defesa Nacional só fazia jogo de cena.
Queria o armistício com Bismarck. Em 28 de janeiro de 1871 é assinado:
cessação das hostilidades em todas as frentes, rendição de Paris que ficará com
tropa reduzida, pagamento de duzentos milhões de francos. Porém o armistício
só será selado com um Governo eleito. Marcam-se eleições para o dia 08 de
fevereiro elegendo-se membros para a Assembléia Nacional e com plebiscito
em relação à paz e a república. A Assembléia eleita era majoritariamente
conservadora (de maioria monarquista) mas o povo votou maciçamente pela
permanência do regime republicano.
15. Em 17 de fevereiro de 1871 a Assembléia Nacional elege Adolphe Thiers
(ex-ministro do rei Luís Felipe). Este apresenta o projeto do trato de paz:
entrega da Alsácia e de parte d Lorena à Alemanha, pagamento de indenização
de cinco bilhões de francos, etc...No dia 1º de março a tropa alemão entra em
Paris, fica nos bairros chiques e abandona a cidade no dia seguinte.
16. Em 15 de fevereiro a Assembléia decreta: os 15 centavos diários de soldo
para os praças da Guarda Nacional eram agora somente para os carentes, o fim
das moratórias relativas aos aluguéis e aos contratos comerciais. A medida
chocou a pequena e média burguesia que passou para o lado dos descontentes.
O governo de Thiers se instala em Versalhes e indica um governador de Paris
que decreta a suspensão de seis jornais republicanos, condena à morte três
ativistas.
17. O descontentamento aumenta ainda mais gerando a criação do Comitê
Central da Guarda Nacional que propõe a defesa da república e tem caráter
revolucionário com o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade,
fraternidade.
18. Thiers tenta desarmar Paris e não consegue. A população no dia 18 de
março toma as ruas, cerca a tropa. Esta recusa-se a atira contra o povo e se
confraterniza. Thiers ordena que a tropa se retire para Versalhes. Batalhões da
Guarda tomam edifícios públicos, ministérios, a prefeitura, estações de trens,
quartéis.
19. No mesmo dia, 18 de março, o Comitê Central da Guarda Nacional reúne-
se no Hotel de Ville. ESTÁ NASCENDO A COMUNA.
20. A COMUNA: o Comitê Central abole o estado de sítio, suprime os
tribunais militares, decreta anistia geral para os presos políticos, restabelece a
liberdade de imprensa, e nomeia responsáveis pelos ministérios e pela
administração pública. Fixa eleições par a Comuna.
21. No dia 26 de março são realizadas eleições criando-se o COMITÊ
CENTRAL DA COMUNA. São eleitos 86 pessoas entre as quais 25 operários.
15 pessoas são ligadas à burguesia. Estas acabam deixando a Comuna e são
substituídas.
22. Thiers resolve invadir Paris. Negocia com os alemães a autorização para
aumentar o número de soldados contra Paris chegando a 170 mil.
23. No dia 30 de março o exército francês de Thiers investe contra Paris.
24. Decretos da Comuna: suprime-se o exército permanente substituído por
milícias cidadãs. O funcionário público ganha o mesmo salário dos
trabalhadores manuais. Separa-se a Igreja do Estado. Supressão do trabalho
noturno em padarias. Criam-se creches. Educação laica, pública e gratuita
substituindo padres por professores laicos. todas as instituições educacionais
foram abertas ao povo gratuitamente e ao mesmo tempo desembaraçadas de
toda a interferência da Igreja e do Estado. Eleição de juizes. Prorrogação do
pagamento dos aluguéis. Moratória de três anos para qualquer tipo de dívidas.
Pensão para feridos e viúvas e adoção e pensão para órfãos de caídos em
combate até os 18 anos de idade. As fábricas abandonadas pelos proprietários
seriam administradas pelos sindicatos até negociação de indenização.. A
ocupação das residências abandonadas pelos donos em virtude da guerra.
Demolição da casa de Thiers. Prisão de reféns vinculados à hierarquia da
Igreja. Adoção do Calendário da revolução de 1789. Adoção da bandeira
vermelha. Elegibilidade de estrangeiros. O Banco da França foi administrado
em ermos tradicionais. A Comuna pegou apenas o dinheiro que lhe pertencia
enquanto o banco fazia transações normais com as sucursais dominados pro
Versalhes.
25. PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES: O Código Napoleônico, válido no Segundo
Império, foi um dos documentos mais reacionários no que tange à questão da mulher.
Privava-a de todo e qualquer direito, submentendo-a inteiramente ao pai ou ao marido,
não reconhecia a união de fato e só reconhecia os filhos do casamento oficial.
Importante destacar, também, que no período da Comuna, pela primeira vez, uma
mulher assume a inspetoria, ou seja, a direção das escolas públicas. Seu nome era
Marcelle Tinayre. Durante a Comuna cria-se a União de Mulheres para a defesa de
Paris e de apoio aos feridos. Quanto às questões educacionais, a União de Mulheres
buscava atender às crianças, qualificar a mulher operária e suprimir a tutela clerical
da vida familiar. Essas preocupações, na verdade, refletem a compreensão de que a
igualdade da mulher se daria pelo trabalho e pela educação. Decorrência tanto das
idéias marxistas como do nascente movimento feminista do século XIX, que via na
educação o meio de promover socialmente a mulher. Foi sobretudo na luta concreta,
armada, nas barricadas, que as mulheres se destacaram. Usando uma "echarpé", uma
braçadeira ou simplesmente uma peça de roupa vermelha, as parisienses, sobretudo as
operárias, lutaram de armas na mão, ao lado dos homens. Nos heróicos e trágicos fatos
da Comuna, eleva-se Louise Michel. Fundadora da União de Mulheres para a defesa
de Paris, comanda um batalhão feminino, que enfrenta a reação nas barricadas de
Paris.
26. Porém a Comuna não resiste aos ataques do exército de Thiers. Luta bravamente
mas é derrotada em 28 de maio de 1871. A COMUNA DUROU 72 DIAS. Muitos
"communards" foram fuzilados sumariamente sem julgamento, em torno de uns 25
mil. Uns dez mil conseguiram fugir para o exílio. 44 mil presos foram julgados e
processados. Destes 90 condenados à morte. Quatro mil foram deportados. Outros
receberam como pena prisão perpétua ou temporária.

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Comuna de paris

  • 1. COMUNA DE PARIS e Thiers Primeira experiência de ditadura do proletariado na história, governo revolucionário da classe operária criada pela revolução proletária em Paris. Durou 72 dias: de 18 de Março a 28 de Maio de 1871. A Comuna de Paris foi resultado da luta da classe operária francesa e internacional contra a dominação política da burguesia. A causa direta do surgimento da Comuna de Paris consistiu no agravamento das contradições de classe entre o proletariado e a burguesia decorrente da dura derrota sofrida pela França na guerra contra a Prússia (1870-1871). O empenho do governo reacionário de Thiers da fazer recair o fardo dos gastos da guerra perdida sobre os amplos setores da população originou um podereoso movimento das forças democráticas. No princípio exerceu o poder um governo revolucionário provisório chamado Comitê Central da Guarda Nacional, ou seja, um órgão eleito pelos batalhões da milícia popular que haviam se formado para defender a cidade contra os exércitos prussianos. Porém em 28 de março o poder passou às mãos da Assembléia de Deputados do Povo: a Comuna, O papel governante cabia aos operários, muitos dos quais eram membros da Primeira Internacional. Foram proclamadas, também, Comunas em Lion, Marselha, Tolouse e algumas outras cidades que, entretanto, existiram por pouco tempo. A Comuna de Paris destruiu a máquina estatal burguesa (liquidou o exército permanente e a polícia, separou a Igreja do Estado, etc) e criou um Estado de novo tipo, que foi a primeira forma de ditadura do proletariado da história. O novo aparato do poder se organizava de acordo com os princípios democráticos: a elegibilidade, responsabilidade e a demissibilidade de todos os funcionários e o caráter colegiado da direção. Para dirigir os assuntos públicos foram criados comissões eletivas que substituiram aos antigos ministérios: comissão do trabalho, da indústria e comércio, de serviços públicos, de alimentos, da fazenda, da segurança pública, da justiça, da educação, de relações exteriores e militar. O trabalho das comissões era coordenado por uma Comissão Executiva, que posteriormente incluiu todos os presidentes de todas as comissões. Essa Comissão Executiva foi substituida, em 1 de maio, pelo Comitê de Salvação Pública, órgão executivo superior da Comuna de Paris. Cada membro da Comuna se integrou em uma comissão conservando ao mesmo tempo os vinculos com seu distrito eleitoral e reunindo-se ali com os eleitores. Foi desmantelado o velho aparato estatal, se expulsou os burocratas e os altos funcionários; se reduziu os vencimentos e o salário dos trabalhadores do aparato da Comuna e de seus membros foram fixados proporcionalmente ao salário médio de um operário. Os juizes reacionários foram substituidos por juizes eleitos. Foram demolidos os monumentos do militarismo e da reação. Os nomes das ruas foram substituidos para eliminar os nomes de figuras odiosas. Foi eliminada a ajuda financeira do Estado à Igreja. Como governo da classe operária, a Comuna de Paris, exercia seu poder em benefício do povo. Mostrou grande cuidado pelo melhoramento da situação material das grandes massas: fixou a remuneração mínima do trabalho, foram tomadas medidas de proteção do trabalho e de luta contra o desemprego, de melhoramento das condições de moradia e do abastecimento da população. A Comuna preparou a reforma escolar, fundamentada no princípio da educação geral, gratuita, obrigatória, laica e universal. Tiveram extraordinária importância os decretos da Comunsa sobre a organização de cooperativas de produção nas empresas abandonadas por seus donos, a implantação do controle operário, a elegibilidade dos dirigentes de algumas empresas estatais. Na sua política exterior, a Comuna se guiou pelo empenho de estabelecer a paz e a amizade entre os povos. As principais causas da derrota da Comuna de Paris foram: 1) a inexistência das condições econômicas-sociais necessárias a insuficiente maturidade da classe operária, que não possuia seu próprio partido político aparelhado com a doutrina da luta de classes do proletariado; 2) a heterogeneidade da composição política da Comuna; 3) a ausência de aliança combativa entre a classe operária e o campesinato; 4) o isolamento de Paris das outras zonas do país em consequência do bloqueio da cidade pelos versailheses e as tropas prussianas de ocupação. O breve período de existência da Comuna, seus erros táticos e sua derrota não reduzem a sua importância na história do movimento de libertação do proletariado. A experiência da Comuna e seus ensinamentos instrutivos desempenharam importante papel no desenvolvimento da teoria marxista- leninista, na história do movimento operário internacional, na preparação e realização da Grande Revolução Socialista de Outubro, com uma série de postulados importantes: confirmou a necessidade da destruição revolucionária
  • 2. do poder dos exploradores e da instauração da ditatuda do proletariado. a impossibilidade - nas condições de então - de tomar o poder sem insurreição armada. Demonstrou qu a classe operária não pode limitar-se a tomar em suas mãos e por em marcha a velha máquina estatal, mas que deve acabar com ela e substitui-la por uma nova. Os ensinamentos da Comuna de Paris demonstraram a necessidade de defender com as armas as conquistas da revolução, a necessiadade da tática ofensiva na guerra revolucionária, a inadimissibilidade de se mostrar debilidade e ingenuidade frente aos inimigos. MARX, Karl. A Guerra Civil na França. Seleção de textos, tradução e notas de Rubens Enderle; [apresentação de Antonio Rago Filho]. São Paulo: Boitempo. 2011. 274 p. A Paris dos trabalhadores, com sua Comuna, será eternamente celebrada como a gloriosa precursora de uma nova sociedade. Karl Marx Descubram o traço essencial [de Karl Marx], as imensas sobrancelhas, e vocês saberão imediatamente que estão lidando com a mais formidável de todas as forças individuais compostas - um sonhador que pensa, um pensador que sonha. R. Landor Sua queda [da burguesia] e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis. Karl Marx e Friedrich Engels Sobre o autor[1] SOBRE O AUTOR Karl Marx (1818-1883) foi um destacado pensador e revolucionário alemão que atuou em áreas como história, filosofia, economia, sociedade e política, etc. Suas muitas teorias, sua efetiva atuação política e revolucionária e seus estudos, destacando-se a luta de classes entre o proletariado e burguesia como motor da história, desde então, ecoam pelas sociedades contemporâneas. A OBRA O presente livro de Marx, A Guerra Civil na França, tem como base as cartas enviadas por ele em sua posição como secretário da Associação Internacional de Trabalhadores (AIT), em apoio a Comuna e aos communards[2] redigidas em maio de 1871, pouco tempo depois da derrota da Comuna. E Paris resistirá ao assédio prussiano? Com essa pergunta de Marx, podem-se imaginar quais os eventos que o influenciam em seu estudo, sendo ele próprio um personagem ativo dessa atmosfera.[3] A conjuntura aponta para Paris (sede da Comuna) em guerra em 1871, sendo nela visível a influência do movimento revolucionário de 1848. São denunciados pelo pensador alemão alguns personagens como Thiers, [4] um dos principais articuladores da derrota da Comuna, considerado um personagem "que nunca produziu nada" [5] , espelhado em seus boletins mentirosos contra a Comuna, [6] além de outras figuras; Pode-se perguntar como esses ultrapassados charlatães e intriguistas parlamentares como Thiers, Favre, Dufaure, Garnier-Pagès (apenas fortalecidos por uns poucos tratantes da mesma laia) continuam a ressurgir à superfície após cada revolução e a usurpar o poder Executivo - esses homens que sempre exploram e traem a revolução, fuzilam o povo que a fez e sequestram as poucas concessões liberais conquistadas dos governos anteriores (aos quais se opuseram). [7] Thiers e outros próximos a ele obtêm vantagens em sua posição contra os communards, como no enriquecimento de Jules Ferry.[8] Marx ressalta também a preocupação deles em relação à Comuna, como no pedido de Thiers, mentor do partido da ordem, [9] para Bismarck aumentar o número de soldados das tropas para enfrentar de Comuna (40 mil para 100 mil) cabendo ressaltar que o próprio Thiers fortificou Paris em 1840, mas essa não é a única contradição dele. Marx aponta o exemplo do bombardeio da cidade de Palermo (Itália) pelos prussianos, em que Thiers criticou-o, mas favorável que fossem usados bombardeios contra a Comuna[10] e em sua errônea comparação[11] com a Guerra Civil dos Estados Unidos.[12] Outra pergunta de Marx é: "quem vai pagar a conta?". É Apontado que as províncias no segundo império estão atoladas em dividas municipais. [13] Nessa linha de pensamento, o imperialismo, segundo Marx, é a forma mais prostituta e acabada do estado e a Comuna apresenta qualidades em oposição a isso. As atrocidades partindo de Versalhes contra a Comuna foram tamanhas que chocaram até a revista londrina Times. [14] Outro exemplo que apontam um eco com a Comuna é o evento envolvendo o general Lecomte, em que seus homens atiram nele, em oposição à ordem de fogo dele contra a Comuna.[15] A classe trabalhadora francesa, segundo o historiador Antonio Rago foi fortemente reprimida e embora estivesse armada para a guerra[16] resistiu bravamente por mais de dois meses, embora a situação fosse desfavorável a Comuna, pois um terço de seu território estava em domínio do inimig; à capital
  • 3. (Paris) se encontrava isolada das províncias e suas comunicações estavam cortadas. Essa é, portanto, uma Paris heróica, em que Marx indica a agitação de várias revistas da época, inspiradas nessa conjuntura revolucionária. Na descrição de Marx, a Comuna foi heróica mesmo no curto tempo que teve de se organizar (pouco mais de dois meses) e devido há esse pouco tempo que durou, as substituições tanto de leis como de pessoas eram continuas. Nesse clima foi criada a constituição da Comuna, no qual Marx destaca pontos como o sufrágio universal, a ideia de descentralização dos poderes, sua flexibilidade e abolição da propriedade privada.[17] Enfim, Marx afirma que a Comuna "juntava elementos saudáveis" para a sociedade, pois destruirá duas esferas do sistema político da época; o funcionalismo estatal e o exército permanente. Segundo Marx, o Comuna é a sua própria existência produtiva[18] e nela não existiam roubos, ela publica todos os seus atos e declarações, diferente do que Marx aponta no que acontece com outros sistemas. Mas em Versalhes[19] a Comuna não é bem vista, sendo que na Assembleia Nacional de Paris ela recebe vaias. Mesmo o povo de Paris tendo lutado pela Comuna mais do que em qualquer outra situação foram esmagados em 1871 na conhecida semana sangrenta, como nos muitos exemplos de fuzilamentos e aniquilações que sofreram os communards. Marx afirma que "a roda da história girou para trás", na ideia da derrota da Comuna de Paris, que assim como outras ocorridas no território francês e europeu foram fortemente reprimidas. O tempo limitado que a Comuna teve, junto de outros fatores demonstram, segundo Marx, que a classe operária não tinha adquirido capacidade de governar o estado[20] , embora ela mesma não se propusesse a ocupar as funções do estado. A Comuna de um modo em geral, era dividida entre uma maioria de blanquistas e uma minoria de seguidores da escola socialista de Prudhon[21] em que se destacam os acertos entre essas duas partes, embora Marx não interpretasse isso algo positivo. Observa-se na visão dele que; Parece-me que a Comuna perde tempo demais com ninharias e brigas pessoais. Vê-se que, nisso, ela sofre influências que não provem dos trabalhadores. Não seria ruim se vocês encontrassem tempo para recuperar o tempo perdido. [22] Em suma, a obra A Guerra Civil na França, de Karl Marx, um atuante dessa conjuntura, apresenta e problematiza a causa ao qual se dedica, qual seja, atuar junto ao movimento proletário, através de seus escritos, denunciando abusos, apresentando personagens e suas ações de destaque em seu entender e encastelado como na proposta de Edward Thompson (destacando-se as diferenças devidas) que era trazer a história aqueles que eram poucos apresentados. Marx, além de escrever a história de um movimento que em si recebe pouco destaque quando se comparado com outros, ganha nessa obra um importante estudo da conjuntura da época e a visão desse destacado filósofo e historiador. SÍNTESE SOBRE A COMUNA DE PARIS (18 DE MARÇO A 28 DE MAIO 1871) 1. Desde a restauração monarquista em 1815 há o sonho pela volta da República que aconteceu durante a Revolução Francesa em 1789. 2. Restauração monárquica: Dinastia dos Bourbons: Luiz XVIII (1814-1824) - Carlos X (1824-1830): este tenta restaurar o absolutismo e foi derrubado. 3. Em 1830 Sobe ao poder o "Rei Burguês", nobre de tendência liberal, Luís Felipe. A tela "Liberdade" de Eugéne Delacroix de 1830 marca a subida ao poder deste rei porém o gorro na cabeça da mulher que personifica a liberdade é símbolo da República e a bandeira tricolor lembra a Revolução Francesa de 1789. Insurreições operárias em 1831 e 1834. Agitação social com movimentos liberais e socialistas favorecida pelo aumento do operariado e pela população urbana sensível às idéias republicanas e socialistas. 5. Luiz Felipe não consegue se equilibrar entre interesses dos monarquistas e dos republicanos e cai com a Revolução de junho de 1848 que instaura a 2ª República. Instala-se o governo provisório com diversas correntes políticas: republicanos e socialistas. Sobe ao poder o sobrinho de Napoleão, Luís Bonaparte. Porém não tem prática republicana: entrega o ensino escolar ao clero, abole o sufrágio universal, cria lei de deportação para crimes políticos, lei que impede liberdade de imprensa. ENFIM, DÁ GOLPE D ESTADO EM 02 DE DEZEMBRO DE 1851 CONHECIDO COMO O 18 BRUMÁRIO DE LUIZ BONAPARTE. 6. Luís Bonaparte ADOTA O NOME DE Napoleão III e iniciou o Segundo Império que dura até 1870. Veio para internamente assegurar a ordem, a tranqüilidade contra a agitação da II República e contra o perigo da revolução social - operária, comunista. 7. Neste interim: os ideais da revolução de 1848 influencia em outros países e neste período, de 1848 a 1870, temos agitações sociais em vários países onde há o embate de três projetos sociais: liberalismo, nacionalismo e socialismo. Inicia-se a Unificação Italiana e a Unificação Alemã.
  • 4. 8. Cresce a oposição a Napoleão III. Nas eleições de 1869 as oposicões conseguem mais de 40% dos votos. Napoleão III é obrigado a negociar e implementar reformas liberalizantes que transformam o regime numa espécie de monarquia parlamentar. As reformas são aprovadas pela maioria da população através de Plebiscito. 9. Porém por conta de desavenças com a Alemanha que tinha frente Bismarck e em processo de unificação, declara guerra à Alemanha. A gota d'água foi a sucessão ao trono da Espanha. 10. Em 02 de agosto de 1869 a guerra se inicia. Os alemães são superiores. Em 1º de setembro começa a Batalha de Sedan que termina com a capitulação francesa onde o próprio imperador é feito prisioneiro. Começa o cerco da cidade de Paris pelo exército alemão. 11. A população de Paris sabendo da derrota em Sedan no dia 4 de setembro invade a Câmara exigindo a queda do regime. O império é derrubado e proclamada a 3ª REPÚBLICA. Forma-se um Governo de Defesa Nacional. ESTA GUERRA IRÁ FAVORECER A REVOLUÇÃO SOCIAL. 12. O GOVERNO DE DEFESA NACIONAL: composto por monarquistas (que controlam a política e as forças armadas) e por republicanos burgueses. Inicia negociações com Bismarck porém este se mostra intransigente e o acordo não se realiza e a guerra continua. 13. Em 19 de setembro de 1870 Paris fica totalmente cercada pelo exército alemão. Tenta-se romper o cerco mas não se consegue. Apesar da reserva de alimentos em Paris o racionamento foi imposto. Começa a faltar comida. Ratos são vendidos a 2 francos-ouro a peça. Em 18 de janeiro de 1871, numa atitude provocadora, o rei da Prússia é proclamada imperador da Alemanha, em Versalhes. 14. Neste momento o Governo de Defesa Nacional só fazia jogo de cena. Queria o armistício com Bismarck. Em 28 de janeiro de 1871 é assinado: cessação das hostilidades em todas as frentes, rendição de Paris que ficará com tropa reduzida, pagamento de duzentos milhões de francos. Porém o armistício só será selado com um Governo eleito. Marcam-se eleições para o dia 08 de fevereiro elegendo-se membros para a Assembléia Nacional e com plebiscito em relação à paz e a república. A Assembléia eleita era majoritariamente conservadora (de maioria monarquista) mas o povo votou maciçamente pela permanência do regime republicano. 15. Em 17 de fevereiro de 1871 a Assembléia Nacional elege Adolphe Thiers (ex-ministro do rei Luís Felipe). Este apresenta o projeto do trato de paz: entrega da Alsácia e de parte d Lorena à Alemanha, pagamento de indenização de cinco bilhões de francos, etc...No dia 1º de março a tropa alemão entra em Paris, fica nos bairros chiques e abandona a cidade no dia seguinte. 16. Em 15 de fevereiro a Assembléia decreta: os 15 centavos diários de soldo para os praças da Guarda Nacional eram agora somente para os carentes, o fim das moratórias relativas aos aluguéis e aos contratos comerciais. A medida chocou a pequena e média burguesia que passou para o lado dos descontentes. O governo de Thiers se instala em Versalhes e indica um governador de Paris que decreta a suspensão de seis jornais republicanos, condena à morte três ativistas. 17. O descontentamento aumenta ainda mais gerando a criação do Comitê Central da Guarda Nacional que propõe a defesa da república e tem caráter revolucionário com o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade. 18. Thiers tenta desarmar Paris e não consegue. A população no dia 18 de março toma as ruas, cerca a tropa. Esta recusa-se a atira contra o povo e se confraterniza. Thiers ordena que a tropa se retire para Versalhes. Batalhões da Guarda tomam edifícios públicos, ministérios, a prefeitura, estações de trens, quartéis. 19. No mesmo dia, 18 de março, o Comitê Central da Guarda Nacional reúne- se no Hotel de Ville. ESTÁ NASCENDO A COMUNA. 20. A COMUNA: o Comitê Central abole o estado de sítio, suprime os tribunais militares, decreta anistia geral para os presos políticos, restabelece a liberdade de imprensa, e nomeia responsáveis pelos ministérios e pela administração pública. Fixa eleições par a Comuna. 21. No dia 26 de março são realizadas eleições criando-se o COMITÊ CENTRAL DA COMUNA. São eleitos 86 pessoas entre as quais 25 operários. 15 pessoas são ligadas à burguesia. Estas acabam deixando a Comuna e são substituídas. 22. Thiers resolve invadir Paris. Negocia com os alemães a autorização para aumentar o número de soldados contra Paris chegando a 170 mil. 23. No dia 30 de março o exército francês de Thiers investe contra Paris. 24. Decretos da Comuna: suprime-se o exército permanente substituído por milícias cidadãs. O funcionário público ganha o mesmo salário dos trabalhadores manuais. Separa-se a Igreja do Estado. Supressão do trabalho noturno em padarias. Criam-se creches. Educação laica, pública e gratuita substituindo padres por professores laicos. todas as instituições educacionais foram abertas ao povo gratuitamente e ao mesmo tempo desembaraçadas de toda a interferência da Igreja e do Estado. Eleição de juizes. Prorrogação do pagamento dos aluguéis. Moratória de três anos para qualquer tipo de dívidas.
  • 5. Pensão para feridos e viúvas e adoção e pensão para órfãos de caídos em combate até os 18 anos de idade. As fábricas abandonadas pelos proprietários seriam administradas pelos sindicatos até negociação de indenização.. A ocupação das residências abandonadas pelos donos em virtude da guerra. Demolição da casa de Thiers. Prisão de reféns vinculados à hierarquia da Igreja. Adoção do Calendário da revolução de 1789. Adoção da bandeira vermelha. Elegibilidade de estrangeiros. O Banco da França foi administrado em ermos tradicionais. A Comuna pegou apenas o dinheiro que lhe pertencia enquanto o banco fazia transações normais com as sucursais dominados pro Versalhes. 25. PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES: O Código Napoleônico, válido no Segundo Império, foi um dos documentos mais reacionários no que tange à questão da mulher. Privava-a de todo e qualquer direito, submentendo-a inteiramente ao pai ou ao marido, não reconhecia a união de fato e só reconhecia os filhos do casamento oficial. Importante destacar, também, que no período da Comuna, pela primeira vez, uma mulher assume a inspetoria, ou seja, a direção das escolas públicas. Seu nome era Marcelle Tinayre. Durante a Comuna cria-se a União de Mulheres para a defesa de Paris e de apoio aos feridos. Quanto às questões educacionais, a União de Mulheres buscava atender às crianças, qualificar a mulher operária e suprimir a tutela clerical da vida familiar. Essas preocupações, na verdade, refletem a compreensão de que a igualdade da mulher se daria pelo trabalho e pela educação. Decorrência tanto das idéias marxistas como do nascente movimento feminista do século XIX, que via na educação o meio de promover socialmente a mulher. Foi sobretudo na luta concreta, armada, nas barricadas, que as mulheres se destacaram. Usando uma "echarpé", uma braçadeira ou simplesmente uma peça de roupa vermelha, as parisienses, sobretudo as operárias, lutaram de armas na mão, ao lado dos homens. Nos heróicos e trágicos fatos da Comuna, eleva-se Louise Michel. Fundadora da União de Mulheres para a defesa de Paris, comanda um batalhão feminino, que enfrenta a reação nas barricadas de Paris. 26. Porém a Comuna não resiste aos ataques do exército de Thiers. Luta bravamente mas é derrotada em 28 de maio de 1871. A COMUNA DUROU 72 DIAS. Muitos "communards" foram fuzilados sumariamente sem julgamento, em torno de uns 25 mil. Uns dez mil conseguiram fugir para o exílio. 44 mil presos foram julgados e processados. Destes 90 condenados à morte. Quatro mil foram deportados. Outros receberam como pena prisão perpétua ou temporária.