Prevalência da mucosite oral em pacientes submetidos ao transplante de medula óssea
1. PREVALÊNCIA DA MUCOSITE ORAL EM PACIENTES SUBMETIDOS AO
TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA
INTRODUÇÃO
O Transplante de Medula Óssea (TMO) é um recurso terapêutico que visa alcançar o
restabelecimento da função medular por meio da infusão intravenosa de células
hematopoiéticas pluripotentes produzidas pela medula óssea.¹ O uso de quimioterapia
em TMO é obrigatório como parte integrante do tratamento. O esquema de
quimioterápicos e definido a partir da doença de base conforme as diretrizes específicas
do serviços. Este tratamento expõe o paciente a diversos acometimentos e dentre eles a
mucosite oral.
A mucosite oral é um dos principais processos inflamatórios induzida pela toxicidade
dos fármacos quimioterápicos que acomete os pacientes submetidos à terapêutica do
Transplante de Medula Óssea (TMO). A incidência da mucosite oral é apresentada, em
outros estudos, torno de 75% a 90% como efeito adverso mais freqüente pós-TMO, as
lesões da mucosa oral acometem a parte mole, a porção anterior da língua, assoalho da
boca e lábios da mucosa oral destes pacientes( 2, 3, 4)
.
O objetivo deste estudo é conhecer a prevalência da mucosite oral em uma unidade de
TMO segundo Escala de graduação da mucosite oral "World Healt Organization" -
WHO - 1979, identificar os tipos de drogas utilizadas no regime de condicionamento e
relacionar o tipo de regime de condicionamento à doença de base.
CASUÍSTICA E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa de campo documental, com abordagem quantitativa, de
caráter descritivo, exploratório e retrospectivo. Optou-se por pesquisa de campo, pois
esta possibilita o estudo de maneira direta, junto às próprias fontes informativas. O
campo de estudo foi a Unidade de TMO do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) situado em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Os dados foram coletados através de análise dos prontuários de pacientes submetidos ao
TMO nesta instituição no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2009, por meio de
um formulário semi-estruturado. Os dados do formulário continham informações
referentes à sexo, idade, doença de base, tipos de TMO, tipos de célula, quimioterapia
utilizada e dados referentes a mucosite.
Os critérios de inclusão e exclusão: a seleção dos prontuários abrangeu pacientes que
realizaram o TMO no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2009, de ambos os
sexos, acima de 18 anos, submetidos a qualquer regime de condicionamento e foram
excluídos da pesquisa os menores de 17 anos e os casos de retransplante. O estudo
obteve uma população composta de 438 prontuários de pacientes que foram
transplantados de medula óssea neste período na unidade. Sendo que a amostra
alcançada foi de 319 prontuários que atendiam aos critérios de inclusão e exclusão.
Na Tabela 1 apresenta a população total de pacientes transplantados de Medula Óssea
do período de 2000 a 2009 no Hospital das Clínicas da UFMG.
2. Tabela 1- Distribuição de pacientes transplantados de Medulo Óssea no Hospital
das Clínicas da UFMG - 2000 a 2009
PACIENTES N %
Retransplante TMO
TMO menor de 17 anos
TMO acima de 18 anos
Total
28
91
319
438
6
21
73
100
Fonte: Dados da Pesquisa 2011
Foram excluídos 91 menores de 17 anos que correspondem a 21% da população, 28
casos de retransplante, que corresponde a 6% da população conforme proposto nos
critérios de exclusão do projeto. Portanto foram analisados 319 prontuários de pacientes
do TMO.
RESULTADOS (completar) com referencial
Vânia
Maria Lúcia
Gislaine
Dados de 319 pacientes transplantados de medula óssea no HC/UFMG no
período de janeiro de 2000 a dezembro de 2009. Identificou-se neste estudo que a idade
média dos pacientes era 37,3 ± 11,2 e que a média de duração e do tempo de início da
mucosite foi, respectivamente, 9,3 ± 4,7 e 5,7 ± 3,6 (Tabela 2). A maioria dos pacientes
era do gênero masculino (57%).
Tabela 2. Análise descritiva da idade, duração e tempo de início da mucosite de
pacientes do transplante de medula óssea.
Variáveis média mediana desvio padrão mínimo máximo
Idade 37,3 37,0 11,2 18 64
Duração da mucosite 9,3 8,0 4,7 2 30
Tempo de início da mucosite 5,7 5,0 3,6 -6 23
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
A mucosite é graduada conforme as observações clínicas e queixas do paciente, essa
graduação é baseada em escalas que vão de O a 4 graus. Utilizou-se a escala de
graduação de mucosite oral da "World Healt Organization" (WHO-1979) para
classificar os graus da mucosite encontrada nestes pacientes e a sua prevalência
conforme apresentado no Quadro 1.
3. Quadro 1- Distribuição do grau da mucosite segundo a prevalência da Mucosite
Oral dos pacientes submetidos ao Transplante de Medula Óssea – Minas Gerais,
2011.
Grau da Mucosite Quantidade Prevalência
0 Ausência de lesão; 77 24%
1 Eritema, irritação e dor; 76
76%
2 Eritema, úlceras – é possível a ingestão de alimentos
sólidos;
73
3 Úlceras – sangramento aos mínimos traumas,
dolorosa e só é possível a ingestão de líquidos;
90
4 Necrose tecidual – ingestão de líquidos e sólidos
impossível, requer nutrição enteral ou parenteral.
3
Total 319 100%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
Adaptado de (Fligiola, 2006; Santos e Magalhães, 2006)
Observou-se que a prevalência da Mucosite Oral encontrada no HC/UFMG no período
de 2000 a 2009 foi de 76%, sendo que 77 casos de ausência de mucosite que
correspondem a 24% da amostra, 76 casos de Grau 1 que correspondem a 24% da
amostra, 73 casos de Grau 2 que correspondem a 23% da amostra, 90 casos de Grau 3
que correspondem a 28% da amostra e 3 casos de Grau 4 que corresponde a 1% da
amostra.
Segundo Azevedo (2000) a mucosite oral é o efeito adverso mais freqüente pós-TMO,
com uma incidência em torno de 90%.
Luiz et al. (2006) relata que a incidência da mucosite oral é de 75% a 85% em pacientes
com neoplasias hematológicas submetidos ao TMO, sendo caracterizada por lesões
ulcerativas que acomete a parte mole da mucosa oral.
As doenças de base encontradas foram agrupadas em Doenças não-malignas
Adquiridas, Doenças não-malignas Congênitas e Doenças Hematológicas Malignas. A
Tabela 3 apresenta a relação entre as doenças de base e os graus da mucosite.
Tabela 3- Distribuição do Grau da Mucosite em relação à Doença de Base dos
pacientes submetidos ao Transplante de Medula Óssea – Minas Gerais, 2011.
Grau da
Mucosite
Doenças
Não-maligna
Adquiridas
Doenças
Não-maligna
Congênitas
Doenças
Hematológicas
Malignas
Total p
n % n % n %
Grau 0 30 39,0 0 0,0 47 61,0 77 -
Grau 1 13 18,1 0 0,0 59 81,9 72 0,008
Grau 2 6 8,0 0 0,0 69 92,0 75 < 0,001
Grau 3 3 3,3 2 2,2 87 94,6 92 < 0,001
4. Grau 4 0 0,0 0 0,0 3 100,0 3 0,29
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
Realizou-se a comparação das proporções entre o grau da mucosite e as doenças de
base. O grau 0 foi considerado como referência para comparar as proporções em relação
aos demais graus da mucosite. Foi possível avaliar significância entre as doenças de
base adquiridas e as doenças hematológicas malignas. Não se pôde inferir sobre a
doença de base congênita devido ao número de casos relatados.
Houve significância estatística, exceto para o grau 4 (p = 0,29), sendo que a proporção
dos graus 1, 2 e 3 são significativamente maiores para doenças hematológicas malignas
(p < 0,01).
Comparou-se o grau 0 com o grau 1 em relação a doença adquirida e hematológica
maligna. Comparou-se o grau 0 com o grau 2 em relação a doença adquirida e
hematológica maligna. Comparou-se o grau 0 com o grau 3 em relação a doença
adquirida e hematológica maligna. Comparou-se o grau 0 com o grau 4 em relação a
doença adquirida e hematológica maligna. Por isso não há um valor de p para o grau 0,
pois ele serviu de referência para a comparação.
A doença de base será tratada por quimioterapia específica para cada doença
determinada por protocolos da instituição. Esse regime pode ou não levar a mucosa oral
a sofrer alterações. A Figura 1 mostra a relação entre os quimioterápicos mais utilizados
no regime de condicionamento pré-TMO em relação às doenças não malignas
adquiridas.
Figura 1. Distribuição de percentual dos quimioterápicos utilizados no regime de
condicionamento em relação às doenças não malignas adquiridas dos pacientes
submetidos ao Transplante de Medula Óssea – Minas Gerais, 2011.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
Nas Doenças não-malignas adquiridas encontrou-se 96% dos pacientes que utilizaram
Ciclofosfamida no regime de condicionamento, 39% que utilizaram Bussulfano, 20%
que utilizaram Fludarabina e 18% que utilizaram Campath.
5. A Figura 2 mostra a relação entre os quimioterápicos mais utilizados no regime de
condicionamento pré-TMO em relação às doenças não malignas congênitas.
Figura 2. Distribuição de percentual dos quimioterápicos utilizados no regime de
condicionamento em relação às doenças não malignas congênitas dos pacientes
submetidos ao Transplante de Medula Óssea – Minas Gerais, 2011.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
Nas Doenças não-malignas congênitas encontrou-se 100% dos pacientes que utilizaram
Ciclofosfamida e Bussulfano no regime de condicionamento.
A relação entre os quimioterápicos mais utilizados no regime de condicionamento pré-
TMO em relação às doenças hematológicas malignas está apresentada na Figura 3.
Figura 3. Distribuição do percentual dos quimioterápicos no regime de
condicionamento em relação às doenças hematológicas malignas dos pacientes
submetidos ao Transplante de Medula Óssea – Minas Gerais, 2011.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2011
6. Nas Doenças Hematológicas malignas encontrou-se 77% dos pacientes que utilizaram
Bussulfano no regime de condicionamento, 69% que utilizaram Ciclofosfamida, 22%
que utilizaram Melfalano e 16% que utilizaram Fludarabina, 8% que utilizaram
Campath, 5% que utilizaram Citarabina, 4% que utilizaram Carmustina e 0,4% que
utilizaram Rituximab.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS (Vancouver)
1. PASQUINI, R. Fundamentos e biologia do transplante de células
hematopoiéticas. In: ZAGO, M. A; FALCÃO, R. P; PASQUINI, R.
Hematologia: Fundamentos e Prática. São Paulo: Atheneu, 2001. p. 913-932.
2. Azevedo W.M. Transplante de Medula Óssea. In: Pereira WA. Manual de
Transplante de Órgãos e Tecidos. 2ª.ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2000. p.337-348.
3. Luiz AC, et al. Alterações bucais e cuidados orais no paciente transplantado de
medula óssea. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v.30, v.6, São
Paulo, Nov./dez. 2008.
4. Vieira AF, Lopes FF. Mucosite oral: efeito adverso da terapia antineoplásica.
Revista Cir. Med. Biol., Salvador, v.5, n.3, p.268-274, set./dez. 2006.
5. FIGLIOLIA, Suzana Luzia Coelho. Fatores de Risco para Mucosite Bucal em
Pacientes Submetidos a Diferentes Protocolos de Tratamento. 2006. 134 f.
Tese (odontologia, área de patologia bucal). Faculdade de odontologia,
universidade de São Paulo, Bauru, 2006.
6. SANTOS, P. S. S.; MAGALHÃES, M. H. C. G. Avaliação da mucosite oral
em pacientes que receberam adequação bucal prévia ao transplante de
medula óssea. RPG Rev Pós Grad, 2006; v.13, n. 1, p.77-82.
7. VIEIRA, Ana Fontes; LOPES, Fernanda Ferreira. Mucosite Oral: efeito
adverso da terapia antineoplasica. R.Cir.Med. Biol., Salvador, v.5, n.3, p.
268-274, set / dez. 2006.
8. LUIZ, A. C, et al. Alterações bucais e cuidados orais no paciente transplantado
de medula óssea. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v.30.
n.6. São Pauto Nov./Dec. 2008.
9. SANTOS, P. S. S.; MAGALHÃES, M. H. C. G. Avaliação da mucosite oral em
pacientes que receberam adequação bucal prévia ao transplante de medula óssea.
RPG Rev Pós Grad, 2006; v.13, n. 1, p.77-82.
7. Nas Doenças Hematológicas malignas encontrou-se 77% dos pacientes que utilizaram
Bussulfano no regime de condicionamento, 69% que utilizaram Ciclofosfamida, 22%
que utilizaram Melfalano e 16% que utilizaram Fludarabina, 8% que utilizaram
Campath, 5% que utilizaram Citarabina, 4% que utilizaram Carmustina e 0,4% que
utilizaram Rituximab.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS (Vancouver)
1. PASQUINI, R. Fundamentos e biologia do transplante de células
hematopoiéticas. In: ZAGO, M. A; FALCÃO, R. P; PASQUINI, R.
Hematologia: Fundamentos e Prática. São Paulo: Atheneu, 2001. p. 913-932.
2. Azevedo W.M. Transplante de Medula Óssea. In: Pereira WA. Manual de
Transplante de Órgãos e Tecidos. 2ª.ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2000. p.337-348.
3. Luiz AC, et al. Alterações bucais e cuidados orais no paciente transplantado de
medula óssea. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v.30, v.6, São
Paulo, Nov./dez. 2008.
4. Vieira AF, Lopes FF. Mucosite oral: efeito adverso da terapia antineoplásica.
Revista Cir. Med. Biol., Salvador, v.5, n.3, p.268-274, set./dez. 2006.
5. FIGLIOLIA, Suzana Luzia Coelho. Fatores de Risco para Mucosite Bucal em
Pacientes Submetidos a Diferentes Protocolos de Tratamento. 2006. 134 f.
Tese (odontologia, área de patologia bucal). Faculdade de odontologia,
universidade de São Paulo, Bauru, 2006.
6. SANTOS, P. S. S.; MAGALHÃES, M. H. C. G. Avaliação da mucosite oral
em pacientes que receberam adequação bucal prévia ao transplante de
medula óssea. RPG Rev Pós Grad, 2006; v.13, n. 1, p.77-82.
7. VIEIRA, Ana Fontes; LOPES, Fernanda Ferreira. Mucosite Oral: efeito
adverso da terapia antineoplasica. R.Cir.Med. Biol., Salvador, v.5, n.3, p.
268-274, set / dez. 2006.
8. LUIZ, A. C, et al. Alterações bucais e cuidados orais no paciente transplantado
de medula óssea. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v.30.
n.6. São Pauto Nov./Dec. 2008.
9. SANTOS, P. S. S.; MAGALHÃES, M. H. C. G. Avaliação da mucosite oral em
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RPG Rev Pós Grad, 2006; v.13, n. 1, p.77-82.