Este documento apresenta o projeto de estágio a ser desenvolvido na Associação Projeto Benjamin, com foco na contação de histórias para crianças. O estágio terá duração de 9 dias, com atividades de observação, pesquisa bibliográfica, regência e elaboração de relatórios. O objetivo é utilizar a literatura infantil para promover o desenvolvimento das crianças de forma lúdica e prazerosa.
Currículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdf
Projeto de contação de histórias
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1. INTRODUÇÃO
O presente Projeto de Estágio, exigência do componente curricular Pesquisa e
Estágio em Espaços Não-formais do curso de Pedagogia da Universidade do Estado
da Bahia – UNEB – Campus VII, que tem como docente Simone Ferreira Souza
Wanderley, vem trazendo uma abordagem sobre Literatura Infantil e a descrição das
atividades a serem desenvolvidas no período de estágio. Este será realizado na
Associação de Incentivo Formação e Proteção à Criança, Adolescentes, Jovens e
Adultos, mais conhecido como Projeto Benjamim, situado à Rua Coronel Eleodoro,
nº 03, Bairro do Bosque na cidade de Senhor do Bonfim – BA.
Este projeto tem como principal objetivo a pesquisa, observação e aplicação dos
saberes adquiridos no espaço acadêmico que será realizado de acordo com a
metodologia com a pretensão de contribuir com a aprendizagem e com a rotina das
crianças ali inseridas, levando-os a refletir e descobrir o fabuloso, a fantasia, o
imaginário e o mistério das histórias infantis.
Vivemos em um país democrático em que os cidadãos possuem igualdade de
direitos à saúde, educação, ao lar, ao trabalho, habitação. Contudo, observamos
uma realidade que se distancia do que está previsto por lei: pessoas que não
possuem condições de sobrevivência adequada que vive às margens da sociedade
sujeita a graves problemas sociais.
A educação não-formal é uma nova modalidade de educação. Essa educação
ocorre de forma intencional, mas não é sistemática com conteúdos programáticos;
visa possibilitar aos indivíduos uma formação integral e social. Segundo Gonh “Um
dos supostos básicos da educação não-formal é o de que a aprendizagem se dá por
meio da prática social. É a experiência das pessoas em trabalhos coletivos que gera
um aprendizado. A produção de conhecimento ocorre não pela absorção de
conteúdos previamente sistematizados,... é gerado por meio da vivencia de certas
situações-problema” (p.103).
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É evidente a necessidade de futuros educadores vivenciarem a realidade nas
instituições de educação não-formal através de um olhar investigador que seja
capaz de compreender-la e interagir nos possibilitando a interpretação da mesma.
Através do estágio nessa instituição teremos subsídios para confrontar as teorias
discutidas durante o curso e a realidade desse espaço, tendo assim a oportunidade
de vivenciarmos experiências essenciais para nossa formação acadêmica e pessoal.
Os projetos sociais através de reforço escolar e assistencialismo atuam de forma
significativa com valores e resgate social e cultural em comunidades carentes onde
são desenvolvidas na tentativa de proporcionar à criança uma vida digna, dando-lhe
esperança de um futuro melhor na construção da identidade e da autonomia que se
tornem um cidadão crítico e criativo.
Participar do processo de construção do conhecimento da criança requer uma
atuação que considere sua capacidade afetiva, emocional, cognitiva, individual e
social sendo necessário a realização de atividades contextualizadas pra a
compreensão e interpretação crítica da realidade.
A educação em si tem o poder de transformação dá possibilidades significativas do
indivíduo a transformar sua própria existência, segundo Costa (2006) “A escolha dos
contos a serem transformados em interpretação cênica pede um processo de
estudos e análises minuciosas”. (p. 51). Desse modo, é preciso que seja
apresentado para a criança textos literários de acordo com seu interesse e
adequado ao seu desenvolvimento; no processo de seleção surge a necessidade de
que seja considerado sua singularidade e respeite sua capacidade afetiva,
emocional, cognitiva e social.
A história da humanidade foi construída contando histórias. Elas surgiram a partir da
necessidade de transmitir histórias, acontecimentos e até os mitos de um povo e
estão presentes desde as paredes de cavernas até as páginas de livros. E é nessa
trajetória que ela passa pelo ponto mais importante: a contação. Os contadores de
história que anteriormente juntavam pessoas em volta de fogueiras ou nas portas
das casas, hoje estão principalmente em escolas e instituições que tenham como
público alvo a criança.
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Por tudo isso e percebendo a importância das histórias no cotidiano infantil que
escolhemos esta abordagem para o presente projeto, tendo como relevância
abordar temas do convívio das crianças em questão que venham despertá-los para
problemas que possa vir a enfrentar tais como: diversidade e afetividade.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Literatura infantil, prazer, imaginário
Os primeiros livros destinados às crianças surgiram no final do século XVII, estes
livros foram escritos por professores e pedagogos, com o objetivo maior de ensinar
principalmente os valores, ajudando-as com a realidade social. Conforme COELHO
(2000): “A literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno
de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde
os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível realização”
(p.27).
A literatura infantil apresenta-se não apenas como um veículo de manifestações de
cultura, mas é também de ideologias. É ela que insere o ser humano no maravilhoso
mundo literário e pode ter o poder de prendê-lo a leitura transformando-o num
verdadeiro leitor. Segundo Zilberman (1987): “o ler relaciona-se ao desenvolvimento
lingüístico da criança, com a formação da compreensão do fictício, com a função
específica da fantasia infantil, com credulidade na história e a aquisição do saber”
(p.12).
Contudo, podemos perceber ainda que a Literatura Infantil não deve ser utilizada
apenas com caráter pedagógico, didático ou para incentivar o hábito de leitura, ela
deve cativar e encantar este público que é tão exigente e o maior segredo é
trabalhar mexendo com o seu imaginário e fazendo-a entrar no maravilhoso mundo
da fantasia. Como diz Abramovich (1995): “Literatura é arte, literatura é prazer... É
precisar e isso inclui criticar... se ler for mais uma lição de casa, agente bem sabe
que é que dá... cobrança nunca foi passaporte ou aval pra vontade e descoberta ou
pro crescimento de ninguém” (p.148).
Sabemos que a Literatura Infantil está ligada aos eternos dilemas que o homem vive
ao longo da vida e principalmente na infância, fase em que surgem as necessidades
de defender-se resolvendo pequenas situações do seu cotidiano. E é neste sentido
que a Literatura pode ser decisiva para a formação da criança em relação ao
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estranho mundo que está à sua volta. Conforme Borges (1994): “É Inesgotável a
importância da literatura quando se pensa na formação completa do ser humano
num processo que busque o equilíbrio entre o desenvolvimento da inteligência e da
afetividade, entre razão e emoção, entre o utilitário e o estético” (p.125).
A Literatura Infantil em si promove uma viagem no imaginário, com descobertas e
aventuras cheias de imagens, florestas, castelos, seres fantásticos, reis e rainhas,
príncipes e princesas, animais falantes, anões e gigantes... percebemos então o
maniqueísmo fazendo com que esta dicotomia se transmita através de uma
linguagem simbólica de textos irreais repletos de situações inusitadas.
É esta situação de maniqueísmo que traz relações de categorias de valor que
dividem os personagens em boas e más, belas e feias, poderosas e fracas e é isto
que faz com que a criança compreenda certos valores básicos do convívio social,
que favorecem a formação de sua consciência ética.
Contar e Recontar...
Os primeiros contadores de história da humanidade de que tomamos conhecimento
foram os autores de pinturas rupestres que hoje são tão estudadas por historiadores
que tentam entender a vida na antiguidade. Podemos então perceber que os contos
e histórias são verdadeiras obras de arte pertencentes ao patrimônio cultural de toda
a humanidade, por isso representam a visão do mundo e que contar essas histórias
é a mais antiga e mais moderna forma de comunicação.
Contar e recontar histórias é uma atividade que está presente em todos os espaços
da vida cotidiana. As narrativas chegam à vida do ser humano desde a mais tenra
idade e norteiam a sua existência durante toda a vida, permitindo-o aquisições de
compreensão e visão sobre planos social, cultural, pedagógico, psicológico, etc.
Contar é um ato de encontro consigo e com os outros, com o imaginário e com a
realidade, é um ato socializante e de fruição onde se desenvolve o prazer de ouvir e
de contar uma história bem contada. Sobre o desempenho oral Zumthor (1993)
afirma que: “toda voz emana de um corpo (...) que permanece visível e palpável
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enquanto ela é audível” (p.541) e acrescenta: “ A palavra pronunciada não existe
(como a palavra escrita) num contexto puramente verbal: ela participa
necessariamente de um processo mais amplo (...) cuja totalidade engaja os corpos
dos participantes” (p.244). Percebemos que a palavra falada requer uma carga
corporal e por isso se torna um processo mais amplo.
Ainda como acontecia em tempos mais antigos, poder-se-ia descrever o contador
como uma figura familiar ou não, com autoridade, que se movimenta para todos os
lados, com gestos fortes e precisos num espaço, aparentemente uma dança com o
ar, uma união de voz e gestos que chama atenção da criança ao adulto. Como
afirma Gutfreind (2004): “(...) contar histórias é interagir, ser olhado, ser tocado,
decodificar gestos, utilizar o outro e esse espaço de intersubjetividade para a
construção de si próprio” (p.29).
O ponto mais importante de contar histórias é a possibilidade do encontro que este
momento proporciona, seja ele realizado por pais, professores, etc. O contador
acima de tudo realiza uma forte troca de afetividade com as crianças ou o ouvinte,
por que a medida se ouve uma história ele se projeta no personagem, fazendo com
que a ligação entre contador e ouvinte seja mais forte e proporcione momentos de
grandes emoções vividas pelos personagens.
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3. METODOLOGIA
3.1 Lócus de Estágio
O Lócus proporciona ao pesquisador grandes interações com o sujeito. Logo, o
nosso lócus de pesquisa é a Associação de Incentivo, Formação e Proteção à
Criança, Adolescentes, Jovens e Adultos, mais conhecido como Projeto Benjamin,
situado à Rua Coronel Eleodoro, nº 03, Bairro do Bosque, na cidade de Senhor do
Bonfim – BA.
A referida Instituição funciona nos turnos matutino e vespertino, oferecendo os
seguintes cursos: reforço escolar, creche, oficinas de artesanato, coreografias e
palestras. Atende 73 crianças e adolescentes, nos turnos matutino e vespertino. O
seu espaço físico é composto por: 03 salas de reforço, 01 berçário, 04 banheiros, 01
cozinha, 01 diretoria e 01 sala de coordenação. Possui recursos tecnológicos como
TV, DVD e caixa de som. Possui área de lazer, com parque.
O nosso lócus foi fundado no dia 14 de agosto de 2006 por membros de várias
denominações, como: Assembléia de Deus, Igreja Quadrangular, Igreja
Presbiteriana, 1ª Igreja Batista e Igreja Brasil para Cristo. Hoje ela pertence à Igreja
Brasil para Cristo. A referida Instituição possui registro de funcionamento, ata de
assembléia da Diretoria, CNPJ e Estatuto.
Tem como um dos maiores parceiros, a Prefeitura Municipal de Senhor do Bonfim,
que cedeu o quadro de professores e serviços gerais, ajuda financeira, pagamento
de aluguel e merenda escolar. Recebe ajuda também ajuda do Supermercado
Andorinha, do Poder Judiciário e Promotoria Pública.
Esta Instituição foi fundada com o fim de ajudar as famílias dos bairros periféricos da
cidade de Senhor do Bonfim, que vivem em situação de risco. Hoje, trabalha
também com regime de creche, atendendo crianças dos povoados de Limões e
Tanquinho, crianças cujos pais trabalham como catadores no lixão da cidade.
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3.2 Sujeitos de Estágio
O estágio será desenvolvido com as 60 crianças do Projeto, alternando entre os
turnos matutino e vespertino, com faixa etária de um a doze anos de idade. Esses
foram escolhidos por serem crianças carentes que precisam de atenção de trabalhos
sociais que os beneficiem e proporcionem momentos prazerosos de interação social
utilizando o recurso Literatura Infantil envolvendo principalmente a contação de
histórias.
3.3 Etapas do Estágio
O estágio será desenvolvido nas seguintes etapas:
• 10 horas de observação no lócus de estágio.
• 35 horas de regência.
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4. CRONOGRAMA
Atividades Outubro Novembro Dezembro Fevereiro Março
Encontros X X
teóricos
Observação de X X
Estágio
Pesquisa X X X X X
Bibliográfica
Elaboração e
entrega do X X
projeto de
Estágio
Regência
X X
Elaboração e
entrega do
X X
Relatório
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5. PLANOS DE ESTÁGIO
Projeto: Contação de Histórias
Identificação Duração: 9 dias / 36 h.
Conteúdo Objetivos Metodologia
• Desenvolver a • Dinâmica de
Socialização e integração entre apresentação.
integração estagiárias, alunos e
professores. • Música: Qual é o
1º Dia seu nome?
• Propiciar um clima
amigável entre todos • Leitura e
que fazem parte da socialização do texto:
instituição. A formiguinha e a
neve.
Contação e • Desenvolver a • História: A joaninha
interpretação oralidade e arrumadinha
oral. coordenação motora. • Música: O pano
2º Dia encantado
• Pintura no tecido
TNT
• Músicas: Zip Zum e
Diversidade • Perceber que as Homenzinho Torto
pessoas são diferentes
entre si surgindo à • Contação da
3º Dia necessidade de serem História: O patinho
respeitadas de acordo feio
com suas
singularidades. • Confecção do
personagem com
massinha de
modelar.
• Atividade
xerocada.
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Projeto: Contação de Histórias
Identificação Duração: 9 dias / 36 h.
Conteúdo Objetivos Metodologia
• Conhecer a • Música: Arca de Noé
Obediência importância de Deus
em nossas vidas. • História bíblica: Arca
de Noé
4º Dia • Perceber o quanto é
importante obedecer a • Interpretação Oral
Deus e aos mais
velhos. • Pintura do rosto
Diversidade e • Perceber que as • História: Menina
singularidade pessoas são diferentes bonita do laço de fita
entre si surgindo à
5º Dia necessidade de serem • Música: Tchu Tchu
respeitadas de acordo ê
com suas
singularidades. • Interpretação oral
• Músicas: O sapo
Conto de Fadas: • Proporcionar um não lava o pé e Sapo
A princesa e o momento lúdico e de Cururu
sapo construção de
6º Dia conhecimento. • Contação da
História: A princesa e
o sapo
• Confecção de
fantoches
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Projeto: Contação de Histórias
Identificação Duração: 9 dias / 36 h.
Conteúdo Objetivos Metodologia
• Música: Amo você
Afetividade e • Despertar valores
valores afetivos entre a criança • História: Adivinha o
e a família. quanto eu te amo?
7º Dia
• Dinâmica dos
abraços
• Confecção de cartão
Cuidados e • Proporcionar um • História:
proteção à momento lúdico e de Chapeuzinho
criança construção de Vermelho
8º Dia conhecimento.
• Música: Criança não
• Alertar à criança trabalha
quanto a cuidados
diários como: sair à rua • Confecção de faixa
sozinha.
Encerramento • Proporcionar um • Contação da
momento de História: Dona
despedida e Baratinha
9º Dia confraternização.
• Festa de
despedida.
6. AVALIAÇÃO
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• Será processual e contínua.
• Cumprimento de todas as etapas do projeto.
• Elaboração de um relatório/artigo como síntese do trabalho realizado.
• Avaliação sistemática dos professores dos componentes curriculares do
eixo temático.
• Auto-avaliação.
REFERÊNCIAS
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ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5ª Edição. São
Paulo: Scipione, 1995.
BORGES, Teresa Maria Machado. A criança em idade pré-escolar. São Paulo,
Brasiliense, 1994.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. 7ª Ed. São
Paulo: Moderna, 2000.
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal e cultura política: impactos sobre
o associativismo do terceiro setor. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2005.
GUTFREIND, Celso. Contos e desenvolvimento psíquico. Revista Viver Mente &
Cérebro. Ano XIII, n. 142, Nov 2004.
ZILBERMAN, R. O estatuto da literatura infantil. In: _______; MAGALHÃES, Lígia
Cademartori. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática,
1987.
ZUMTHOR, Paul. A letra e a Voz. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.