SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  48
Télécharger pour lire hors ligne
Espelho 2
Sacha Arcanjo
o pé parece adormecido
sintoma sem retorno
dizem que é ácido úrico
e arde como se no forno

a juventude já era
o rumo nem sei qual é
nem jovem guarda, nem tropicália,
nem simão, nem tomé

há um espectro perdido
lá dentro do espelho
parece comigo sempre
mas não meto meu bedelho.




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Fala Vagabundo
Sacha Arcanjo
Fala, vagabundo                                          Daqueles caminhos tortos
Quem foi que te libertou                                 Daquele recanto imundo
Do vazio submundo                                        Onde os planos foram mortos
Do jornal que se queimou                                 Contudo não cores
Daquelas nebulosas                                       A tua face enrugada
Torrentes de águas ardentes                              Onde já rolaram prantos
Das pesadas cangas                                       De saudade bem salgada
Nos teus ombros doentes                                  De palavras que ficaram
Dos vermes, das traças                                   Na garganta engasgada
De afiados dentes
                                                         Fala, vababundo
Fala, vagabundo                                          Porque razão sepultaste
Da dor que te cortava                                    Em fossos profundos
Do vício fecundo                                         Os que pra ti foram trastes
Que teu corpo calejava                                   Que agora é outras notas
Dos antigos imbecis                                      Outros símbolos, outros elos
Da banda dos batutas                                     Que os que foram já eram
Dos sapatos furados                                      E outros ficaram amarelos
Do amor das prostitutas                                  E que no teu pomar de lodo
Da legião dos farrapos                                   Hoje reinam cogumelos
Na sombra úmida das grutas                               Fala, vagabundo.

Fala, vagabundo
Que quer reviver outrora
Coçar marca de fungo
E roncar no romper da aurora
Assoviar com as ventanias
Banhar com as tempestades
Brincar com os pirilampos
Quando caírem as tardes
Brigar com os viralatas
E vomitar lorotas covardes

Fala, vagabundo

Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Clarice (2)
Sacha Arcanjo
Chorei por entender o teu apego
de silencioso leão marinho
sentado na boca da noite
sonhando com o seu aviãozinho
vivendo uma vida de agruras
por onde também tem espinho.

senti as palavras pesadas
como pedras jogadas no vento algoz
que leva e traz a menina luz
que tão bem se porta entre vós
quando chega é uma gata angorá
quando vai é uma estrela veloz.

fiquei bem por saber a façanha
dessa estrela que tece o escuro
que dá voltas pelo firmamento
mas que não se perdeu no monturo
e que tráz o saudoso conforto
ao colo onde alimenta o futuro.

mas nem tudo está perdido
o mugido do velho leo é forte
no seu pulso ainda tem a mesma ira
das borrachadas que lhe fizeram corte
e denso, tenso, olha ludicamente bravio
consola prá suportar santa sorte.

(30/09/2010)




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
O Previdente)
Sacha Arcanjo
Já lampiava no sertão
O brado dos homens bravos
Deixando de ser escravo
Prá ser seu próprio patrão.
Peneiras dentre cascalhos
Buscando a pedra fina
Jóia rara cristalina
Ficando apenas o malho.
Arriscaram suas peles
E não vingou um daqueles
No meio dos pobres réis
Feito bicho encurralado
Foram de novo enxotados
Pro cerco dos coronéis.

Já agora sinto o ar
Com cheiro de nicotina
E o verme da resina
Mata sem ressuscitar.
Cada qual mais internado
No seu próprio interior
Com medo de tanto horror
E de olhos arregalados.
Arrebentam-se nas filas
Vão espremidos prás vilas
Sem condição de pensar.
Esperam sem paciência
A divina previdência
Que começa a se atrasar.




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Entre a vida e a morte
Sacha Arcanjo
O sol esquenta
A terra racha
A planta morre
E o homem parte
Parte para buscar a sorte
Ponto invisível
Entre a vida e a morte.




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Algures
Sacha Arcanjo
Morras algures, andrajo
Figuras sensatas
Te esperam na tumba
Os fantasmas sombrios
De muitas noites desertas iníquas
Que irão sentenciar-te com desdém
Fazer-te provar a greda
Sob a relva estática
Como um veneno voraz
Venças fantoche
Os vermes indolentes
E busque descobrir
O que te espera
Entre os cabedais.




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Eu tenho um sonho
Sacha Arcanjo
Eu tenho um sonho
De ser produtor rural
Pelo sonho de Adão
Pelo vinho, pelo pão
Um galo no meu quintal.

Contar estrelas de noite
De dia regar minha horta
Ter o fruto proibido
Ter o fogo da libido
E amigos batendo na porta.

Um cavalo no pasto
Uma enxada de guia
Não ser mais um sem terra
Com bandeira de guerra
Ação de cidadania.

Aí um dia quem sabe
Sabedoria popular
Reforma agrária prá nós
E o eco da nossa voz
Em todo canto e lugar.

Meu projeto de vida
Pode ser visionário
Uma micro fazenda
Redistribuição de renda
Salvação desse calvário.




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Grude
Sacha Arcanjo
Eu vou grudar em você
Você vai ver o que é bom
Quero provar o teu gosto
Quero saber
Qual o sabor do teu batom.

Se chocolate ou morango
Se uva ou se anís
Se manga ou se cereja
Se atemóia me diz
Jaboticaba ou lima
Goiaba me faz feliz.

Eu vou grudar em você
Você vai ver o que é bom
Quero provar o teu beijo
Quero saber
Qual o sabor do teu batom.

Se melancia ou pitanga
Se carambola ou café
Se figo ou se cenoura
Dependo do teu balé
Se ameixa ou se amora
Eu quero teu cafuné.




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Quanto quando e onde
Sacha Arcanjo
Perpetuar a espécie
É prematuro demais
O que eu digo a meus filhos
Eu escutei dos meus pais.

Não ligo se a moda pega
É pedagógico saber
Que vale a pena o sentido
Que persevera o prazer.

Queira seu bem-querer
Como se fosse a metade
Daquilo que você é
Com toda a sua bondade
E se a laje rachar
Cole com superbond
Procure se alimentar
Por quanto quando e onde
É o remédio que cura
O néctar que fortifica
De dia é porto seguro
De noite Itaparica.




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Festança boa
Sacha Arcanjo
Já tá queimando a fogueira
Esquentando o mucunzá
Quadrilha tá dançando
Enfeitando o arraiá.

Já tem pipoca pulando
Na panela de pressão
Batata-doce e macaxeira
Na barraca de quentão.

Crianças soltando traque
Idosos comendo curau
Jovens pulando brasa
Querendo calamengau.
Êta festança boa!

Paçoca, pamonha e pinhão
Correio elegante
No céu explode o rojão.
Êta festança boa!

Pau-de-sebo, pirulito e picolé
Bandeirolas ao vento
E o sanfoneiro puxa o arrasta-pé.


(Ê tempo bom

Ciso de Jó, Zé Calú e Nequinho.

Hoje é Zé do Bode, Mateus e Tiquinho.)




Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
Canção para ninar um menino morto
Akira Yamazaki
Agora o menino dorme
na sua postura correta
sozinho na noite enorme
como quem dorme
de forma completa

por não ter havido outro jeito
senão crescer depressa e a esmo
na escola das ruas e ter feito
de si o indefeso refém de si mesmo

por não ter havido diferença
entre as coisas da vida e da morte
foi morto com bala de polícia
mas podia ter sido de fome ou de corte

e na poça de sangue que anoitece
no jardim de pedras que apodrecem
se abre na terra o noturno girassol
que seus negros cabelos tecem

1979




Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Borracharia
Akira Yamazaki

Pesado e sujo
nojento
é um trampo tão do cacete, meu mano
que chego de noite em casa
garganta entupida de graxa
corpo no bagaço
e ordeno num fio de voz
:- esquenta a janta, mulher
   e arruma a cama
   pra nós duas.

1979




Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Último domingo (2)
Akira Yamazaki

Depois do futebol
e depois do churrasco
no último domingo
o primeiro do ano
quando a carne miou
e miou o tinguá
não saciado ainda
o paulão jogou verde:

- a saidêra é no vavá, galera
       que é caminho pra todo mundo
ninguém mandou provocar
dei de bico mesmo, no ângulo:

     - o vavá não é caminho, véio
       é atalho.




Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Verdades
Akira Yamazaki

Tudo bem, eu menti pra voce
menti, menti, admito que sim
mas há verdades, meu amor
que eu não conto nem pra mim.




Ainda sobre a dez
Akira Yamazaki
o dez deles
só tinha pose de dez
não passava de um engana-tiziu
pena que só descobrimos
quando o jogo já estava
tres a zero pra eles

o dez deles
na verdade era o sete
um sarará magrelo em cujo sorriso
faltam alguns dentes

com seus pés franzinos
ele desperta espantos e fantasias
dribles e destinos inesperados.
                                                                                18/03/2010.
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Semáforo (2)
Akira Yamazaki

Por todo o país                                    que dissecam a casca
o belo é urdido                                    das trajetórias e itinerários
nos dedos dos poetas                               dos sentimentos humanos
                                                   turbilhões de mágoas
nas palavras exatas                                diásporas de paixões
destes mentirosos
em tempo integral                                  por todo o país
                                                   nos semáforos das cidades
palavras misturam                                  infâncias apodrecem.
veneno e mel
açúcar e fel e tecem
precisas arquiteturas

Clarice
Akira Yamazaki
De tão imprevista e inconstante                    De tão bipolar e tão mutante
clarice é assim uma espécie                        clarice não consegue suportar
de noturno e bissexto cometa                       padrões, processos ou rotinas
que só raramente aparece                           nem pertencer a um só lugar
seu destino é vagar errante                        sua maldição é vagar constante
explorando a solidão dos planetas                  condenada a seguir e nunca ficar
e a dor das galáxias distantes                     somente dos partos das estrelas
onde assombra as noites escuras                    e das fomes dos buracos negros
com seu facho de fogo brilhante                    seus olhos sabem se alimentar.

De tão irregular e itinerante
com clarice às vezes acontece
de perder a certeza do chão
e querer em meu colo repousar
meu obediente colo de cão
mas é só por um breve instante
assim como chega sem avisar
de novo ela logo desaparece
num vôo luminoso e inquietante
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Tsutae
Akira Yamazaki

a vida prolongada                                  procedimentos e protocolos
em tubos, fios artificiais                         de limpeza e higiene
e instrumentos de precisão                         estreita-o ao colo a alma
que injetam quantidades                            pássaro etéreo e hesitante.
exatas de oxigenio
alimentos e remédios
para controle da dor
- meu deus, da dor
já é uma espécie de morte

se o corpo agora
inanimado e horizontal
pendura-se em raízes
de plástico e metais
submissas aos mais rígidos                                                       30/04/2010
Beijos
Akira Yamazaki
o amor tem dessas coisas
ontem beija, paixão
hoje beija e se conforma
beija amanhã e tolera

sempre que puder, beija
onde e quando não importa

beijo mordido de raiva
beijo de prazer ou obrigação
beijo de piedade, inclusive
beijos diariamente até
soprar as cinzas da paixão
e reinventar o espanto.

                                                                                 03/07/2010.
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Pertencimento
Akira Yamazaki

voce nunca entendeu
a flor dilacerada da minha aflição                 e estou alquebrado pelas doenças
e apesar de emudecida                              ainda agora voce não entende
a mim pertencida permaneceu                        mas com paciencia maternal
                                                   conduz-me pelas mãos.
voce nunca entendeu
mas ouviu comigo
o uivo doloroso e negro
da minha estrela em extinção

permaneceu comigo
e viu inchar o coração hipertenso
do vento traiçoeiro
no meu rosto transformado
em floresta de rios derrotados
e árvores petrificadas

permaneceu comigo
quando ocorreu o explendor
da rosa cancerosa

no jardim dos meus sonhos devorados
pelos dentes cariados dos cachorros
loucos

ainda agora que a juventude se foi

- terá sido um sopro ruim?

e a memória apodreceu
e a ilusão apodreceu                                                            13/11/2010.



Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Tarô
Akira Yamazaki

Se a sorte é irmã
siamesa do azar
se juntas ajoelham
num mesmo altar
e cumprem destinos
de corda e caçamba
como diz o ditado
soberano e popular

se a sorte um dia
em seu colo se jogar
por via das dúvidas
não custa desconfiar
antes de champanhe
e rojões estourar

sua barba de molho
aconselho cozinhar
ciganas ou videntes
vão ajudar a decifrar
destinos pendentes
não custa interpretar

nas bolas de cristais
nas linhas das mãos
e nas cartas do tarô
a boa sorte e o azar.



                                                                                26/06/2011.



Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Rimas pobres
Akira Yamazaki

quantas palavras
cabem numa canção?
quantas rimas
terminadas em ão?
quantas graças
comporta uma oração?
estrelas na noite
me diz, quantas são?

quantos sonhos
cabem num coração?
talvez demasiados
meu amor, talvez não
se ele não conheceu
a dúvida e a solidão
e se a fé não o fez
incapaz do perdão.




                                                                                26/06/2011.



Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Espelhos
Akira Yamazaki

espelhos não mentem
constatam somente

não há mais juventude
e a beleza fugiu
do meu rosto aos poucos
ardeu como luz de vela
até o fim

as lembranças doem
como cãimbras.

                                                                                08/06/2011.

Jardins e pomares
Akira Yamazaki

Do jardim eu quero aquela rosa
que cheira a paixão mais louca                     à minha amada eu só imploro
do torresmo me basta a gordura                     a presença mas sei que é tarde
que derrete nos cantos da boca                     dos seus beijos só tenho hoje
                                                   o travo amargo da saudade.
da noite eu só peço claridades
de luas cheias passando no céu
nas manhãs de sol eu procuro
os vôos de borboletas ao léu

do pomar eu só quero a fruta
que amadurou por si no tempo
e fora do alcance dos pássaros
resistiu ao castigo dos ventos

                                                                                04/06/2011.
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Desgosto
Akira Yamazaki

A verdade dói demais
diz um ditado antigo
como um tapa na cara
uma cuspida, um soco

meu cachorro morreu
numa noite de agosto
de solidão e desgosto
de velho, cego e louco

berrei de tanta culpa
enterrei-o no jardim
entre plantas e flores
ressecadas aos poucos

enterrei-o em cova rasa
cavada no pé do muro
que perdeu com o tempo
ums pedaços de reboco

hoje bebi uma cachaça
com os nós dos dedos bati
nos versos do meu poema
que ecoou estranho e ôco.




                                                                                21/04/2011



Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
Morte
José Vicente de Lima

De que reclamar (ei)
Por estar deixando a vida, o mundo,
Se a sorte que tive (se tive)
Desceu na corrente da minha
Existência (curta)
Tão curta, que ainda há quem chore (ri)

Nunca quis correr, tampouco morrer,
Apenas ser (estar)
Mas direi que viver nem sempre é
Em/prestar,
Viver, é saber receber e ter pra dar
Principalmente amar
E que morrer é apenas viajar.
1977




    José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
Aviso
José Vicente de Lima

O ópio de seus encantos
Traiu e decepcionou.
Em teus julgamentos secretos
E inconscientes,
Foste injusta em considerar
Providentes,
Supostos idiotas.

Chegaste a ignorar sentimentos,
Pensando ter
Sob tuas carícias,
Palavras quentes
E dedos aveludados,
A quem em ti acreditou
E não mereceu em momento algum
O que fizeste.

Toma isso, então, como aviso
Enquanto há tempo de se redimir,
E dá um voto de confiança
Mesmo que não seja honesto,
Para que ele parta sabendo
E possa esquecer mais depressa
Aquela que com a beleza o feriu




                                                                               1981



    José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
Desejo
José Vicente de Lima

Nenhuma cigana nunca me disse
Coisas dos meus sonhos
Se transformando em realidade
E nem foram lidas nos búzios
Coisas sobre pessoas me adorando
Ou de punhais me atingindo as costas.

E no rolar das águas da minha
existência
De ondas que vão e vem
Em pensamentos
Flutuo no barco da esperança
Certo de um dia ver o porto
Ainda em tempo
De adorar o por do sol
E deitar num colo que me afague
Sincero e terno
Até que eu possa fechar
Os dois olhos
E sob o cobertor da noite
Dormir o sono dos realizados.




                                                                               1981



    José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
Dívida eterna
José Vicente de Lima

Eles debatem na mesa
E os inocentes morrem
O tempo não tem piedade
Nem dá direito de escolha
Ninguém sabe quantos
Dormirão para sempre
Pela alimentação de sonhos
Dos egoístas que nem sequer
conhecem
Nem quantos serão heróis do nada
Após a suposta vitória.

As perdas nunca serão reparadas
E o mundo jamais será um.
                                                                               1981
Para uma menina na rua
José Vicente de Lima
Quando o manto de sua inocência                    Toda a beleza
Foi puxado,                                        De sua plenitude.
Nasceu de ti uma beleza
De menina, mulher
Uma cabeça cheia de anseios
E descobertas,
Um corpo sequioso de carinhos
E um coração perdido em dúvidas
Livro fechado
Pronto para ser aberto e lido.
Prazer permitido a poucos
Pedra bruta à procura de mãos
E de amor
Que com sabedoria a lapide
Para que seja mostrada                                                         1981

    José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
Dúvida
José Vicente de Lima

Não posso dizer
Que te esperava toda
No primeiro dia
No entanto,
Melhor seria
Não te encontrar
Visto que estavas
Distante, dispersa.
Talvez pra mim
Não bastasse
A sua gentileza
Talvez fosse melhor
O desencontro.
                                                                               1981

Flôr e jardim
José Vicente de Lima
Flôr
Num dos galhos
De um imenso jardim
Posso pegá-la
Mas me proíbo
Melhor sentir
Seu aroma
À distância
Sabendo-se que
Tirá-la desse galho
Seria provisório
E que essa flôr
Pertence a esse
Jardim.
                                                                               1981

    José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
Trocadilho
José Vicente de Lima

O medo
É ter moleque
Barriga quebrada
Que pai deixa
Prá fazer mais um
Em outra barriga
Que depois
Da entrada quebrada
Perde
O medo.




                                                                               1981
Nordeste (1)
José Vicente de Lima
No sol de 40 graus
Se vende
Chapéu de couro
Compram-se
Os bens
Vendem-se
Os maus
Água a preço
De ouro.




                                                                               1983

    José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
Sina
José Vicente de Lima

A gente é feito preso
E na barriga, espera, espera
E arrrebenta.

Já solto na vida, pensa, pensa
Marca um plano e tenta.

Bate a cara no mundo, sofre
Entra dia, sai ano e a gente luta
Não desiste e agüenta

(A vida passa rápido
E nos carrega para uma morte lenta)                                                   1983
Ilusão                                             À Reversão
José Vicente de Lima                               José Vicente de Lima
O povo espera                                      Como um náufrago
A nova nave                                        Que nega as naus de bandeiras
Que o leve pra nova terra                          suspeitas
A nave só desce com chuva                          (e nem são piratas)
E o povo não parte e sofre                         Vou me virando sobre essa prancha
E não come e arrebenta e morre                     Pulando vagas, tomando caldos
No sol que transforma o chão                       Minha resistência supera os socorros
E a poeira nos olhos prenuncia                     (E) Acho que apesar de grandes
Nova seca no velho sertão.                         (Esses mares)
                                                   Estou bem próximo
                                                   De uma certa escuna velha
                                                   (que também resiste)
                                                   (E) Que não teme a triângulos
                                                   Nem diabos.

                                        1983                                          1985

    José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
Manhã
Felipe Campos Peres

Sempre de ressaca                                  Com a maquiagem a escorrer seu rosto
Me apaixono por você todas as                      abaixo
manhãs                                             Mulher, definitivamente eu te amo
Mesmo depois de brigas, pizzas
voadoras
Bebedeiras, sexo e flores
Lanches gordurentos
Garrafas quebradas
Jornais amassados no canto da sala
E pratos sujos na pia
Mesmo depois
De discussões imprevisíveis para nós
E assustadoras para os vizinhos
Quando acordo para ir trabalhar,
sempre atrasado pela manhã
Observo-te, dormindo com o rosto
Achatado no travesseiro
O cachorro, no chão me olha
Observa-me com ternura
Ele sabe também que te amo
Você, com os olhos fechados que
escondem o verde vivo do seu olhar
Mas a plenitude do momento
O lençol enrolado em seu corpo
Suave
Limpo
Perfumado
Mulher minha
Minha pintora, minha artista, minha
inspiração muito louca
Minhas palpitações cardíacas sempre
lembram de você
Estirada ali, entregue ao sono profundo

     Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p
erfil&id_escritor=220
Tudo em vão
 Felipe Campos Peres
Quadrados e bolas                                  estúpidos
E retângulos e mais triângulos                     Geladeiras quebradas
Isósceles ou não                                   Fogões desregulados
Linhas tênues e inimagináveis                      Lápis, tênis e cadarços sem serventia
Voltas redondas e desajeitadas                     Calendários do século passado
Espirais, margeando círculos                       Calculadoras sem pilha
Formas variadas, mendigos                          Controles remotos sem função
Pombos, crianças de rua                            Pessoas gordas
Putas                                              Gatos gordos
Advogados                                          Patos fumantes
Trapezistas e atletas                              Sapos com bóia de braço
Médicos condenáveis                                Raios que caem do céu
Bons médicos salvadores                            Papelão que serve de véu
Asfalto e árvores                                  Abelhas regurgitando mel
Mais asfalto do que árvores, é verdade             O seu cu sobre a latrina
Céu azul em dias nublados                          Fazendo o que devia
Nuvens azuis em céus nublados em                   Tanta tristeza é uma ironia
dias nada comuns                                   E minha escrivaninha, sem motivos
Atores, carros, diamante e lixo                    Está ali à minha espera
Sacolas plásticas e carrinhos de                   Pêra feia e descascada
supermercado                                       Pneu de borracha derrapando
Caixotes tristes, deixados ao leu                  Papéis higiênicos
Jornais amassados de forma                         E isso não é tudo
melancólica                                        Humanos
Pratos empilhados na pia                           Gavetas, escadas rolantes, mesas de
Sujos toda vida                                    canto
Panos execrados                                    Máquinas de escrever
Santos de olhos tapados                            Bombas, vapor
Sarjetas escarradas                                As cidades
Carroças sem cavalos                               Ondas nos campos
Gramado seco e cru                                 Cercas de arame farpado nas areias das
Poste esquisito, efêmero e nu                      praias
Carne crua fritando na grelha sem fogo             Hotéis sem noção
ou brasa                                           Janelas melequentas
Portas que se abrem sem razão alguma               Tudo em vão...
Cérebros e fetos dispostos em potes
     Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p
erfil&id_escritor=220
Pura poesia concentrada
 Felipe Campos Peres
Eu vejo bundas passarem por mim
Bundas de todos os tipos, masculinas e
femininas
Reparo sempre nas femininas
Que passam acompanhadas
Ou desacompanhadas
Há bundinhas lindas e redondas
Outras murchas e achatadas
Há bundas desengonçadas,
extravagantes
Bundas disformes e tímidas
E outras até quadradas
Bundas vivas em nuances noturnos
Sob lençóis, sobre lençóis
Existe aquela bunda que masca
calcinha
E outra que caminha toda arrebitadinha
Tem aquelas generosas que se cobrem
com saias curtas
E não
Usam calcinha
Bunda bunda viva a bunda
Não é questão de machismo
É apenas a constatação do belo
Andar de uma bunda
Do caminhar de todas elas
Do sentar, do levantar e do rodopiar
Não é questão de glúteos, propriamente
dito
Nem de academia
É uma questão de beleza
Pura poesia concentrada




     Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p
erfil&id_escritor=220
Leão Serpente Dinossauro
Felipe Campos Peres
Meu nariz é uma sanfona                            E os morcegos continuam me mordendo
Enquanto um carro cruza o sinal                    Uma nuvem se forma e vira um tanque de
vermelho                                           guerra
Escalando a parede do meu banheiro                 A viagem é muito louca!
A chuva cai lá fora em cores tons nunca            E agora meus ouvidos são furacões
imaginados                                         abusados que rodam sem parar
E o presidente Obama é o mais novo                 Me recomponho, atendo a campainha
reforço                                            É o sorveteiro, que logo me pergunta:
Pro ataque do Corinthians                          “Cadê a giganta?”
Gavetas se abrem freneticamente                    E eu respondo:
De onde saem bichos nunca vistos                   “Não sei, estava aqui agora mesmo”
antes:                                             O sorveteiro, então
Uma epiléia furtuosa com chifres                   Me dá de cortesia, um picolé de orelha de
avançados...                                       bode
Um tratodonte azul da Indonésia com                Vira as costas e se vai
sua pança majestosa...                             E eu, na minha loucura infinita,
E um besouro com um zóio na testa                  Continuo bebericando meu mai tai...
inventado
Por Aleister Crowley em frente ao lago
Ness no
Começo do século passado
Garfos, facas e pratos dançam um
tango argentino
E a cortina da sala está insatisfeita com
seu salário
Rachaduras cortam o chão
Cuspindo cerveja de qualidade
Tenho dificuldades para me manter de
pé
Então me deito bem próximo a um
formigueiro
O mundo está alagado...
As calotas polares estão derretendo...
Meu cérebro quase já não presta...


     Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p
erfil&id_escritor=220
Clausura
Flávio Cuervo
Vivemos na constante rotina
De sermos limitados.

Estranhamente acasos nos controlam
Sentindo em nossas faces o beijo
Desagradável do destino.


Quando expomos nossas fraquezas
Somos enclausurados em buracos
Para que deste modo possamos ver
apenas
Uma parcela do infinito céu que nos
rodeia.


Se sou verde, me cobram azul
Sou azul para poderem sorrir
E me cumprimentarem durante a manhã
Com ridículos, “Bom dia”.

Devolvam-me a inocência
Quando tinha ainda por deuses
Somente meus pais
E por mundo meus amigos invisíveis.

Enclausurados em regime de silêncio e
imbecilidade
Tratados a choques e lavagens
cerebrais
Por uma máquina fascinante e viciante
Chamada televisão.



Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
ELEMENTOS
Flávio Cuervo
DA TERRA BROTA-SE A VIDA                              QUE DO FOGO, DA ÁGUA, DA TERRA E
SINGELA E DELICADA                                    DO AR
                                                      FEZ-SE UNO
SEMENTES LEVANTAM-SE DA                               COMANDANTE DE SUA DIMENSÃO
ESCURIDÃO DO SUBSOLO                                  TENDO ACIMA DE SI, SOMENTE DEUS.
ESTICAM-SE E CONFORTAM-SE AO
SENTIREM A LUZ DO SOL

DO CÉU DERRAMA-SE A VIDA
RICA E AGRADÁVEL

GOTAS DESPENCAM-SE COMO
DÁDIVAS E ENCANTOS
FECUNDANDO O SOLO E DANDO
ALÍVIO AOS ESPERANÇOSOS

DO ESTRONDO FAZ-SE A VIDA
FASCINANTE E LIMITADA

CHAMAS CONSOMEM A ENERGIA
QUE SE HÁ
DA EXPLOSÃO ORIGINOU-SE O
COSMOS QUE MORAMOS

DO TODO FAZ-SE A VIDA
OFEGANTE E ESSENCIAL

VENTOS QUE SOPRAM SEM LIMITES
E SEM RUMO
TENDO O AR COMO ESSÊNCIA
PRINCIPAL, NUM MUNDO CHAMADO
TERRA

AO HOMEM A GLÓRIA DA VIDA

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
Absinto
Flávio Cuervo
Um beijo doccccce
De alcaçuzzzzz
Vôo até a verde luz.

Volto transformando
A ciência
E o reverso.

Aquarela
Plenitude
Doce
Fada
Luz.


INDIGENTE
Flávio Cuervo

BEBEU, BEBEU, BEBEU...                                AMIGOS SÃO OS RATOS
                                                      COMIDA É SEU OBJETIVO
AGORA ESTÁ CAÍDO.                                     BEBIDA É SEU ABRIGO.

SUA CAMA É A CALÇADA                                  SERÁ ENTERRADO SEM VELÓRIO
SEU LIMITE É A SOLIDÃO                                SEU NOME AGORA É INDIGENTE.
VAGABUNDO É SEU NOME                                  DOS VERMES SERÁ COMIDA
PRAS CRIANÇAS LOBISOMEM                               PRAS FORMIGAS SERÁ BEBIDA
PRA POLÍCIA DIVERSÃO.                                 SEM DEIXAR DESCENDENTES.

EM SUA CABEÇA NADA PASSA                              MAS NUNCA ROUBOU NEM SEQUER MATOU.
POIS JÁ MORA NA DESGRAÇA                              ÓCULOS E GRAVATA NUNCA USOU.
TALVEZ VIVER COMO ANIMAL                              SEU PASSATEMPO FOI A ESMOLA
SEJA EMOCIONANTE E FENOMENAL                          SUA VIDA ESTÁ POR UM FIO
PRA QUEM TEM A LOUCURA COMO
DOUTRINA.                                             SEU PAÍS É O BRASIL.

CULTOS SÃO SEUS PIOLHOS

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
Balada do Vampiro
Flávio Cuervo
À meia-noite vou acordar
E ao abrir os olhos vou notar
Que num caixão vou estar.

Ao levantar me lembrarei
Do dia que despertei
E sangue tomei.

Acho que era muito menino
Para encarar o destino
De ser um vampiro.

Gosto das pessoas seduzir
Depois que minh'alma vendi
E a vida eterna atendi.

Há coisas que são passageiras
Ou que levam a vida inteira
Pois o mundo é uma grande besteira.

Logo, eu sou imortal
Vivo numa vida banal
Que não é do diabo nem sacerdotal.

Espíritos indômitos
Sons afônicos
Gemidos arrepiantes
Numa noite como antes.




Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
A SERPENTE
Flávio Cuervo
DE UM LADO ESCURO
A VEJO SURGIR
VESTE LUXÚRIA PURA
NUM VERMELHO ARROGANTE.

TEM NA SUA PELE
O CHEIRO DO PECADO
COM OLHOS DE SERPENTE
E BOCA EM TOM MOLHADO.

SEU JOGO É A SEDUÇÃO
NUMA BATALHA PELO PRAZER
SUAS PALAVRAS EXALAM
BLASFÊMIA
NA HIPINOZE DA PAIXÃO.

NUM PODER DOPANTE
AQUECE MEU ESPÍRITO
EM VIAGENS ALUCINANTES
DENTRO DE UM SER SATÍRICO.




Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
ALMAS GÊMEAS
Flávio Cuervo
Estou com medo
De um passado silencioso
De um presente passageiro
De um futuro duvidoso.

Palavras não me veem
Apenas lágrimas brotando
Solidão a flor da pele
E uma alma murchando.

Não sei se é depressão
Ou coisas da loucura
Querer ser feliz
E não saber a cura.

Dessa coisa chamada covardia.

Quero gritar, gritar
E ouvir respostas
Quero correr, correr
E não virar as costas
Quero chorar, chorar
E depois dormir.

Acordar no futuro dos nossos
pensamentos
E ver que o que fizemos valeu a pena
E somos aquilo que sonhamos.




Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
AMIGOS INFINITOS
Flávio Cuervo
Amigos são pessoas                                    E também chorar.
Que Deus nos envia,
Para que juntos possamos                              Pois o que seria de nós,
Fazer de nossas vidas,                                Sem as amizades dos nossos
Algo inesquecível.                                    Amigos infinitos?

Ter amigos é compartilhar
Defeitos e virtudes,
Esperanças e sonhos.
Sonhos que nascem
Da gratidão e do carinho.

Ser amigo é ser estimável,
É ser aberto para a vida.

Infelizes são os solitários
Que morrerão sem memória.

As melhores lembranças
Que herdamos e adquirimos,
São aquelas que passamos juntos
Com nossos eternos amigos.

Amigos que passam a vida inteira ao
seu lado,
Amigos que surgiram, mas sumiram
rapidamente.
Amigos que pegaram o trem,
Amigos que estão nascendo.

Obrigado Deus,
Por ser um amigo,
Por ter amigos,
Por sorrir com eles

Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
A CATEDRAL
Flávio Cuervo
Debruçou, bebeu seu último gole de tequila e caiu com a testa no balcão. Ficou imóvel por alguns
minutos até ser jogado pelos porteiros para fora do bar.

Quando acordou sua boca estava cortada, sua cabeça doía muito e teve a sensação de que seu
corpo estava congelado. Levantou-se com dificuldade, seus pés doíam muito por causa do frio, e
começou a andar pela praça deserta parando somente para vomitar. Dizem que melhora. Teria que
encontrar algum lugar para dormir, pois logo a neve voltaria e com ela mais e mais frio.

Entrou pelo Parque Central e viu vários mendigos tremendo e gemendo pelos cantos. Aproximou-se
de um deles para oferecer-lhe um cigarro, mas aquele homem pálido como a neve o expulsou dali
dizendo que o banco era seu e que ninguém o tomaria.

Christopher tinha um apartamento nem modesto e nem luxuoso, e naquela noite saiu para beber só,
pois havia perdido todos os seus amigos, talvez por sua arrogância de querer ser perfeitamente
normal.

Durante anos, tudo o que havia feito era acordar, trabalhar, trabalhar e dormir. Não fazia sexo há
muito tempo e não sabia mais o que era amor. Digamos que Christopher havia se tornado um
“homo-sapiens” normalmente internauta.

Ao passar pela Catedral de Santa Eduvirges notou que as portas estavam abertas e todas as luzes
acesas. Intrigou-se com aquilo e ficou parado em frente à porta central na dúvida de entrar ou não.
Percebeu então que o padre falava algo que ele não compreendia. Resolveu chegar mais perto e
ouviu perfeitamente:

- “Carpe Diem”. Dizia o padre, que jogava água benta sobre um caixão no centro do altar.

Havia estudado latim durante dois anos na universidade, e aquilo significava: “Aproveite o Dia”.

Quando chegou perto do caixão e preparou-se para olhar o falecido, pessoas ao redor levantaram-
se e numa só voz disseram repetidamente:

- O futuro você não conhece e o passado se foi.

Quando olhou para o caixão não conseguiu raciocinar perfeitamente, pois estava deitado lá dentro e
ao mesmo tempo olhava-se, em pé ao seu lado. Gritou desesperadamente para todos que somente
repetiam:

- “Carpe Diem”.

Christopher correu para a porta central, a fim de sair daquele terrível pesadelo, mas a porta fechou-
se rapidamente, fazendo um enorme barulho que estremeceu toda a catedral. Batia e, inutilmente,
tentava abri-la. Virou-se então para trás e todos haviam sumido, menos seu cadáver.

Caminhou até o centro e ao olhar novamente para seu corpo morto, começou a chorar lamentando-
se por todos os seus erros; por todas as noites de luar que havia perdido enquanto assistia
televisão; pelas crianças carentes que não havia ajudado; pelos filhos que não teve; pelo amor que
não sentiu e pela doçura infantil que sufocou, na ganância monetária dos seus negócios.

Christopher sentiu seu fim quando sua visão apagou, sua respiração cessou e sua mente deixou de
existir.

Conto classificado em 6º lugar no Concurso Internacional de Outono.
Fábrica de anjos
Celso Felizardo Junior

Dois meses se passaram
E agora eu percebi
Que você esta comigo
De repente tudo mudou
Meu mundo não é mais o mesmo
O que farei com você?

Não quero ser chata
Mas vou te apertar
Até que você não aguente mais
E não vou ouvir seus gritos
Porque você é pequeno demais

Não quero você ao meu lado
Só me deixará se for morto
E quando chegar a hora
Darei meu sangue para que morras
Logo, sem demora.

Hoje mais um anjo acaba de nascer,
Será que ele queria viver?




Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa,
música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
O Muro
Celso Felizardo Junior

Existe um campo florido
De brancas pétalas pálidas
Onde o orvalho qual uma lágrima
Vai ao chão pela pessoa amada.

Ali dentro moram
A coragem e a virtude
A promessa e a certeza
O amor, a alegria e até
Uma certa tristeza.

II
Do outro lado existe um pântano
sombrio
De rosas negras venenosas
Com grandes árvores feiticeiras
Habitado por almas invejosas.

Já me sinto como seu morcego
Que ninguém sabe o que sente
E quando vai dormir
Sempre vê o mundo
De um jeito diferente.

III
Estou perdendo o equilíbrio em cima
desse muro
Só não sei ainda, para que lado cairei
quando chegar o fim
Será do lado dos Bonns, ou do lado de
Berlim?




Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa,
música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
O Ouro dos Aztecas
Celso Felizardo Junior

O dízimo dizimou os índios
A ignorância queimou os sábios
Essas cenas se repetem todo dia
Mas você não quer nem saber

Nós aguardamos sentados
o ímpio ajoelhado cometer
seu próximo pecado
Um beijo traidor, não no rosto
Mas em nosso solo sagrado

O vermelho de seus trajes
Não veio do corante de nossas árvores
Mas do sangue de nossos índios

O terceiro mundo não guarda rancor
Mas aceite, ele é seu credor.




Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa,
música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
Criança mimada
Antônio Altvater

Criança mimada, tapada, calada
Esmola tua grana, resmunga a mesada
Apaga teu fogo no seu aconchego
Se esconde no muro do certo, do medo

Afoga o incerto e teus devaneios
Num copo barato, num porre certeiro
Um murro na face, um tiro no escuro
Amado no limbo, limado sem rumo

A tua certeza é uma certa piada
Vivendo a Circense da tua cruzada
Chacota, esculacho, atrás de pancada
Empresta um sorriso e vende a tua alma




Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço
sessaosonora.blogspot.com
Só se atrasa quem tem pressa
Antônio Altvater

Segunda acorda
Desperta relógio
Matando a demora
O minuto o próximo
O dia um outro
Mais outra semana
Que passa e a cama
Me chama bem longe
Ou dorme ou come
Ou come ou morre
Sentindo setembro
Em oito de outubro
O prazo se acaba
Sem pausa só pressa
Só sei que o atraso
E de gente com pressa
É quem tem pressa
Domingo se encerra
Acorda segunda




Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço
sessaosonora.blogspot.com
Escrever é preciso
Antônio Altvater

Escrever as vezes é preciso
Como comer, dormir e acordar
Na timidez se torna um risco
Do riso tolo de quem debochar

Traçar linhas do fim ao princípio
Criar livros na fuga de si
Escrever sem manchar uma linha
É preciso saber se imprimir.

Por mais que os medos tomem o
homem
É a coragem que o tomou a sonhar
Mais vale ser o claro e veloz do raio
Do que um nebuloso eclipse lunar

Para que esconder pensamentos?
As angústias que qualquer um tem
Escrever é conversar com si mesmo
Melhor isso do que falar pra ninguém




Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço
sessaosonora.blogspot.com

Contenu connexe

Tendances

Cogito – antologia poética Vol II
Cogito – antologia poética Vol IICogito – antologia poética Vol II
Cogito – antologia poética Vol IIAc Libere
 
Fanzine AMEOPOEMA - edição 56 de agosto de 2018
Fanzine AMEOPOEMA -  edição 56 de agosto de 2018Fanzine AMEOPOEMA -  edição 56 de agosto de 2018
Fanzine AMEOPOEMA - edição 56 de agosto de 2018AMEOPOEMA Editora
 
Revista literatas edição 16
Revista literatas   edição 16Revista literatas   edição 16
Revista literatas edição 16canaldoreporter
 
114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-campos
114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-campos114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-campos
114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-camposElizabeth Simão Miguens
 
Ano I nº2 julho 2008 Retrospectiva
Ano I nº2 julho 2008  RetrospectivaAno I nº2 julho 2008  Retrospectiva
Ano I nº2 julho 2008 RetrospectivaAMACLERJ
 
Suplemento Acre edição 008
Suplemento Acre edição 008Suplemento Acre edição 008
Suplemento Acre edição 008AMEOPOEMA Editora
 
Modulo3 poesia
Modulo3 poesiaModulo3 poesia
Modulo3 poesiastuff5678
 
Portifolio Carolina Oliveira
Portifolio Carolina OliveiraPortifolio Carolina Oliveira
Portifolio Carolina OliveiraGusmachado
 
Poema Apontamento de Álvaro de Campos
Poema Apontamento de Álvaro de CamposPoema Apontamento de Álvaro de Campos
Poema Apontamento de Álvaro de CamposOxana Marian
 
CÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANO
CÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANOCÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANO
CÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANOPaulo Alexandre
 

Tendances (15)

Cogito – antologia poética Vol II
Cogito – antologia poética Vol IICogito – antologia poética Vol II
Cogito – antologia poética Vol II
 
Fanzine AMEOPOEMA - edição 56 de agosto de 2018
Fanzine AMEOPOEMA -  edição 56 de agosto de 2018Fanzine AMEOPOEMA -  edição 56 de agosto de 2018
Fanzine AMEOPOEMA - edição 56 de agosto de 2018
 
Revista literatas edição 16
Revista literatas   edição 16Revista literatas   edição 16
Revista literatas edição 16
 
114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-campos
114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-campos114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-campos
114592028 analise-de-poemas-de-alvaro-de-campos
 
Ano I nº2 julho 2008 Retrospectiva
Ano I nº2 julho 2008  RetrospectivaAno I nº2 julho 2008  Retrospectiva
Ano I nº2 julho 2008 Retrospectiva
 
Chicos 42 abril 2015
Chicos 42 abril 2015Chicos 42 abril 2015
Chicos 42 abril 2015
 
Suplemento Acre edição 008
Suplemento Acre edição 008Suplemento Acre edição 008
Suplemento Acre edição 008
 
Pasquim_de_Bambu_N1
Pasquim_de_Bambu_N1Pasquim_de_Bambu_N1
Pasquim_de_Bambu_N1
 
Modulo3 poesia
Modulo3 poesiaModulo3 poesia
Modulo3 poesia
 
Portifolio Carolina Oliveira
Portifolio Carolina OliveiraPortifolio Carolina Oliveira
Portifolio Carolina Oliveira
 
Ii encontro musical
Ii encontro musicalIi encontro musical
Ii encontro musical
 
Ii encontro musical
Ii encontro musicalIi encontro musical
Ii encontro musical
 
Poema Apontamento de Álvaro de Campos
Poema Apontamento de Álvaro de CamposPoema Apontamento de Álvaro de Campos
Poema Apontamento de Álvaro de Campos
 
CÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANO
CÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANOCÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANO
CÓDIGOS E LINGUAGENS - TERCEIRO ANO
 
03 estacio
03 estacio03 estacio
03 estacio
 

En vedette

En vedette (10)

Venture cup
Venture cupVenture cup
Venture cup
 
tarea de computacion
tarea de computaciontarea de computacion
tarea de computacion
 
ประวัติส่วนตัว
ประวัติส่วนตัวประวัติส่วนตัว
ประวัติส่วนตัว
 
Beatriz armas
Beatriz armasBeatriz armas
Beatriz armas
 
BIOASIS
BIOASISBIOASIS
BIOASIS
 
Los insectos
Los insectosLos insectos
Los insectos
 
Tarea11 herram web2.0_blanca_nievesbernal
Tarea11 herram web2.0_blanca_nievesbernalTarea11 herram web2.0_blanca_nievesbernal
Tarea11 herram web2.0_blanca_nievesbernal
 
GULAI AYAM PADANG
GULAI AYAM PADANGGULAI AYAM PADANG
GULAI AYAM PADANG
 
Construcao da medalha
Construcao da medalhaConstrucao da medalha
Construcao da medalha
 
Tema 12 factores de riesgo
Tema 12 factores de riesgoTema 12 factores de riesgo
Tema 12 factores de riesgo
 

Similaire à Recital de poesias 1ª semana cultural intervenha

SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃOSEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃOSérgio Pitaki
 
Acre 3ª edição (março maio 2014)
Acre 3ª edição (março maio 2014)Acre 3ª edição (março maio 2014)
Acre 3ª edição (março maio 2014)AMEOPOEMA Editora
 
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJAntologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJANTONIO CABRAL FILHO
 
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...AMEOPOEMA Editora
 
Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)
Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)
Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)Ana Fonseca
 
A MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSO
A MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSOA MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSO
A MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSOItalo Delavechia
 
Cantigas de roda
Cantigas de rodaCantigas de roda
Cantigas de rodawendulino
 
Mar das Deslembranças (Parte 01)
Mar das Deslembranças (Parte 01)Mar das Deslembranças (Parte 01)
Mar das Deslembranças (Parte 01)pedrofsarmento
 
Poesias mostra cultural
Poesias mostra culturalPoesias mostra cultural
Poesias mostra culturalBarbara Coelho
 
Brasilidades memoria das palavras
Brasilidades memoria das palavrasBrasilidades memoria das palavras
Brasilidades memoria das palavrasquituteira quitutes
 
Antologia minicurso ead_amador_fev._2011
Antologia minicurso ead_amador_fev._2011Antologia minicurso ead_amador_fev._2011
Antologia minicurso ead_amador_fev._2011Alberto Hans Hans
 
Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...
Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...
Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...Biblioteca Avelar Brotero
 
Este interior de serpentes alegres, de Péricles Prade
Este interior de serpentes alegres, de Péricles PradeEste interior de serpentes alegres, de Péricles Prade
Este interior de serpentes alegres, de Péricles PradeBlogPP
 
Artigo de opinião
Artigo de opiniãoArtigo de opinião
Artigo de opiniãoMettagraf
 

Similaire à Recital de poesias 1ª semana cultural intervenha (20)

Poema de mil faces
Poema de mil facesPoema de mil faces
Poema de mil faces
 
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃOSEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
 
Acre 3ª edição (março maio 2014)
Acre 3ª edição (março maio 2014)Acre 3ª edição (março maio 2014)
Acre 3ª edição (março maio 2014)
 
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJAntologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
 
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...
 
Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)
Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)
Acre004ago set-outde2014e-book-140924131458-phpapp01(1)
 
A MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSO
A MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSOA MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSO
A MODERNIDADE NA PROSA E NO VERSO
 
Mar das deslembrancas
Mar das deslembrancasMar das deslembrancas
Mar das deslembrancas
 
Gauchos
GauchosGauchos
Gauchos
 
Cantigas de roda
Cantigas de rodaCantigas de roda
Cantigas de roda
 
Como um Estalo
Como um EstaloComo um Estalo
Como um Estalo
 
Musicas da tafona
Musicas da tafonaMusicas da tafona
Musicas da tafona
 
Mar das Deslembranças (Parte 01)
Mar das Deslembranças (Parte 01)Mar das Deslembranças (Parte 01)
Mar das Deslembranças (Parte 01)
 
Poesias mostra cultural
Poesias mostra culturalPoesias mostra cultural
Poesias mostra cultural
 
Barroco
Barroco Barroco
Barroco
 
Brasilidades memoria das palavras
Brasilidades memoria das palavrasBrasilidades memoria das palavras
Brasilidades memoria das palavras
 
Antologia minicurso ead_amador_fev._2011
Antologia minicurso ead_amador_fev._2011Antologia minicurso ead_amador_fev._2011
Antologia minicurso ead_amador_fev._2011
 
Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...
Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...
Divulgação de Autores Portugueses e de Expressão Portuguesa - síntese Bibliot...
 
Este interior de serpentes alegres, de Péricles Prade
Este interior de serpentes alegres, de Péricles PradeEste interior de serpentes alegres, de Péricles Prade
Este interior de serpentes alegres, de Péricles Prade
 
Artigo de opinião
Artigo de opiniãoArtigo de opinião
Artigo de opinião
 

Dernier

Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfPastor Robson Colaço
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasRicardo Diniz campos
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A  galinha ruiva sequencia didatica 3 anoA  galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A galinha ruiva sequencia didatica 3 anoandrealeitetorres
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOMarcosViniciusLemesL
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosAntnyoAllysson
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 

Dernier (20)

Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A  galinha ruiva sequencia didatica 3 anoA  galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 

Recital de poesias 1ª semana cultural intervenha

  • 1.
  • 2.
  • 3. Espelho 2 Sacha Arcanjo o pé parece adormecido sintoma sem retorno dizem que é ácido úrico e arde como se no forno a juventude já era o rumo nem sei qual é nem jovem guarda, nem tropicália, nem simão, nem tomé há um espectro perdido lá dentro do espelho parece comigo sempre mas não meto meu bedelho. Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 4. Fala Vagabundo Sacha Arcanjo Fala, vagabundo Daqueles caminhos tortos Quem foi que te libertou Daquele recanto imundo Do vazio submundo Onde os planos foram mortos Do jornal que se queimou Contudo não cores Daquelas nebulosas A tua face enrugada Torrentes de águas ardentes Onde já rolaram prantos Das pesadas cangas De saudade bem salgada Nos teus ombros doentes De palavras que ficaram Dos vermes, das traças Na garganta engasgada De afiados dentes Fala, vababundo Fala, vagabundo Porque razão sepultaste Da dor que te cortava Em fossos profundos Do vício fecundo Os que pra ti foram trastes Que teu corpo calejava Que agora é outras notas Dos antigos imbecis Outros símbolos, outros elos Da banda dos batutas Que os que foram já eram Dos sapatos furados E outros ficaram amarelos Do amor das prostitutas E que no teu pomar de lodo Da legião dos farrapos Hoje reinam cogumelos Na sombra úmida das grutas Fala, vagabundo. Fala, vagabundo Que quer reviver outrora Coçar marca de fungo E roncar no romper da aurora Assoviar com as ventanias Banhar com as tempestades Brincar com os pirilampos Quando caírem as tardes Brigar com os viralatas E vomitar lorotas covardes Fala, vagabundo Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 5. Clarice (2) Sacha Arcanjo Chorei por entender o teu apego de silencioso leão marinho sentado na boca da noite sonhando com o seu aviãozinho vivendo uma vida de agruras por onde também tem espinho. senti as palavras pesadas como pedras jogadas no vento algoz que leva e traz a menina luz que tão bem se porta entre vós quando chega é uma gata angorá quando vai é uma estrela veloz. fiquei bem por saber a façanha dessa estrela que tece o escuro que dá voltas pelo firmamento mas que não se perdeu no monturo e que tráz o saudoso conforto ao colo onde alimenta o futuro. mas nem tudo está perdido o mugido do velho leo é forte no seu pulso ainda tem a mesma ira das borrachadas que lhe fizeram corte e denso, tenso, olha ludicamente bravio consola prá suportar santa sorte. (30/09/2010) Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 6. O Previdente) Sacha Arcanjo Já lampiava no sertão O brado dos homens bravos Deixando de ser escravo Prá ser seu próprio patrão. Peneiras dentre cascalhos Buscando a pedra fina Jóia rara cristalina Ficando apenas o malho. Arriscaram suas peles E não vingou um daqueles No meio dos pobres réis Feito bicho encurralado Foram de novo enxotados Pro cerco dos coronéis. Já agora sinto o ar Com cheiro de nicotina E o verme da resina Mata sem ressuscitar. Cada qual mais internado No seu próprio interior Com medo de tanto horror E de olhos arregalados. Arrebentam-se nas filas Vão espremidos prás vilas Sem condição de pensar. Esperam sem paciência A divina previdência Que começa a se atrasar. Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 7. Entre a vida e a morte Sacha Arcanjo O sol esquenta A terra racha A planta morre E o homem parte Parte para buscar a sorte Ponto invisível Entre a vida e a morte. Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 8. Algures Sacha Arcanjo Morras algures, andrajo Figuras sensatas Te esperam na tumba Os fantasmas sombrios De muitas noites desertas iníquas Que irão sentenciar-te com desdém Fazer-te provar a greda Sob a relva estática Como um veneno voraz Venças fantoche Os vermes indolentes E busque descobrir O que te espera Entre os cabedais. Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 9. Eu tenho um sonho Sacha Arcanjo Eu tenho um sonho De ser produtor rural Pelo sonho de Adão Pelo vinho, pelo pão Um galo no meu quintal. Contar estrelas de noite De dia regar minha horta Ter o fruto proibido Ter o fogo da libido E amigos batendo na porta. Um cavalo no pasto Uma enxada de guia Não ser mais um sem terra Com bandeira de guerra Ação de cidadania. Aí um dia quem sabe Sabedoria popular Reforma agrária prá nós E o eco da nossa voz Em todo canto e lugar. Meu projeto de vida Pode ser visionário Uma micro fazenda Redistribuição de renda Salvação desse calvário. Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 10. Grude Sacha Arcanjo Eu vou grudar em você Você vai ver o que é bom Quero provar o teu gosto Quero saber Qual o sabor do teu batom. Se chocolate ou morango Se uva ou se anís Se manga ou se cereja Se atemóia me diz Jaboticaba ou lima Goiaba me faz feliz. Eu vou grudar em você Você vai ver o que é bom Quero provar o teu beijo Quero saber Qual o sabor do teu batom. Se melancia ou pitanga Se carambola ou café Se figo ou se cenoura Dependo do teu balé Se ameixa ou se amora Eu quero teu cafuné. Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 11. Quanto quando e onde Sacha Arcanjo Perpetuar a espécie É prematuro demais O que eu digo a meus filhos Eu escutei dos meus pais. Não ligo se a moda pega É pedagógico saber Que vale a pena o sentido Que persevera o prazer. Queira seu bem-querer Como se fosse a metade Daquilo que você é Com toda a sua bondade E se a laje rachar Cole com superbond Procure se alimentar Por quanto quando e onde É o remédio que cura O néctar que fortifica De dia é porto seguro De noite Itaparica. Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 12. Festança boa Sacha Arcanjo Já tá queimando a fogueira Esquentando o mucunzá Quadrilha tá dançando Enfeitando o arraiá. Já tem pipoca pulando Na panela de pressão Batata-doce e macaxeira Na barraca de quentão. Crianças soltando traque Idosos comendo curau Jovens pulando brasa Querendo calamengau. Êta festança boa! Paçoca, pamonha e pinhão Correio elegante No céu explode o rojão. Êta festança boa! Pau-de-sebo, pirulito e picolé Bandeirolas ao vento E o sanfoneiro puxa o arrasta-pé. (Ê tempo bom Ciso de Jó, Zé Calú e Nequinho. Hoje é Zé do Bode, Mateus e Tiquinho.) Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento Popular de Arte MPA no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia. Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço: http://sachaarcanjo.blogspot.com/
  • 13. Canção para ninar um menino morto Akira Yamazaki Agora o menino dorme na sua postura correta sozinho na noite enorme como quem dorme de forma completa por não ter havido outro jeito senão crescer depressa e a esmo na escola das ruas e ter feito de si o indefeso refém de si mesmo por não ter havido diferença entre as coisas da vida e da morte foi morto com bala de polícia mas podia ter sido de fome ou de corte e na poça de sangue que anoitece no jardim de pedras que apodrecem se abre na terra o noturno girassol que seus negros cabelos tecem 1979 Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 14. Borracharia Akira Yamazaki Pesado e sujo nojento é um trampo tão do cacete, meu mano que chego de noite em casa garganta entupida de graxa corpo no bagaço e ordeno num fio de voz :- esquenta a janta, mulher e arruma a cama pra nós duas. 1979 Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 15. Último domingo (2) Akira Yamazaki Depois do futebol e depois do churrasco no último domingo o primeiro do ano quando a carne miou e miou o tinguá não saciado ainda o paulão jogou verde: - a saidêra é no vavá, galera que é caminho pra todo mundo ninguém mandou provocar dei de bico mesmo, no ângulo: - o vavá não é caminho, véio é atalho. Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 16. Verdades Akira Yamazaki Tudo bem, eu menti pra voce menti, menti, admito que sim mas há verdades, meu amor que eu não conto nem pra mim. Ainda sobre a dez Akira Yamazaki o dez deles só tinha pose de dez não passava de um engana-tiziu pena que só descobrimos quando o jogo já estava tres a zero pra eles o dez deles na verdade era o sete um sarará magrelo em cujo sorriso faltam alguns dentes com seus pés franzinos ele desperta espantos e fantasias dribles e destinos inesperados. 18/03/2010. Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 17. Semáforo (2) Akira Yamazaki Por todo o país que dissecam a casca o belo é urdido das trajetórias e itinerários nos dedos dos poetas dos sentimentos humanos turbilhões de mágoas nas palavras exatas diásporas de paixões destes mentirosos em tempo integral por todo o país nos semáforos das cidades palavras misturam infâncias apodrecem. veneno e mel açúcar e fel e tecem precisas arquiteturas Clarice Akira Yamazaki De tão imprevista e inconstante De tão bipolar e tão mutante clarice é assim uma espécie clarice não consegue suportar de noturno e bissexto cometa padrões, processos ou rotinas que só raramente aparece nem pertencer a um só lugar seu destino é vagar errante sua maldição é vagar constante explorando a solidão dos planetas condenada a seguir e nunca ficar e a dor das galáxias distantes somente dos partos das estrelas onde assombra as noites escuras e das fomes dos buracos negros com seu facho de fogo brilhante seus olhos sabem se alimentar. De tão irregular e itinerante com clarice às vezes acontece de perder a certeza do chão e querer em meu colo repousar meu obediente colo de cão mas é só por um breve instante assim como chega sem avisar de novo ela logo desaparece num vôo luminoso e inquietante Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 18. Tsutae Akira Yamazaki a vida prolongada procedimentos e protocolos em tubos, fios artificiais de limpeza e higiene e instrumentos de precisão estreita-o ao colo a alma que injetam quantidades pássaro etéreo e hesitante. exatas de oxigenio alimentos e remédios para controle da dor - meu deus, da dor já é uma espécie de morte se o corpo agora inanimado e horizontal pendura-se em raízes de plástico e metais submissas aos mais rígidos 30/04/2010 Beijos Akira Yamazaki o amor tem dessas coisas ontem beija, paixão hoje beija e se conforma beija amanhã e tolera sempre que puder, beija onde e quando não importa beijo mordido de raiva beijo de prazer ou obrigação beijo de piedade, inclusive beijos diariamente até soprar as cinzas da paixão e reinventar o espanto. 03/07/2010. Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 19. Pertencimento Akira Yamazaki voce nunca entendeu a flor dilacerada da minha aflição e estou alquebrado pelas doenças e apesar de emudecida ainda agora voce não entende a mim pertencida permaneceu mas com paciencia maternal conduz-me pelas mãos. voce nunca entendeu mas ouviu comigo o uivo doloroso e negro da minha estrela em extinção permaneceu comigo e viu inchar o coração hipertenso do vento traiçoeiro no meu rosto transformado em floresta de rios derrotados e árvores petrificadas permaneceu comigo quando ocorreu o explendor da rosa cancerosa no jardim dos meus sonhos devorados pelos dentes cariados dos cachorros loucos ainda agora que a juventude se foi - terá sido um sopro ruim? e a memória apodreceu e a ilusão apodreceu 13/11/2010. Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 20. Tarô Akira Yamazaki Se a sorte é irmã siamesa do azar se juntas ajoelham num mesmo altar e cumprem destinos de corda e caçamba como diz o ditado soberano e popular se a sorte um dia em seu colo se jogar por via das dúvidas não custa desconfiar antes de champanhe e rojões estourar sua barba de molho aconselho cozinhar ciganas ou videntes vão ajudar a decifrar destinos pendentes não custa interpretar nas bolas de cristais nas linhas das mãos e nas cartas do tarô a boa sorte e o azar. 26/06/2011. Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 21. Rimas pobres Akira Yamazaki quantas palavras cabem numa canção? quantas rimas terminadas em ão? quantas graças comporta uma oração? estrelas na noite me diz, quantas são? quantos sonhos cabem num coração? talvez demasiados meu amor, talvez não se ele não conheceu a dúvida e a solidão e se a fé não o fez incapaz do perdão. 26/06/2011. Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 22. Espelhos Akira Yamazaki espelhos não mentem constatam somente não há mais juventude e a beleza fugiu do meu rosto aos poucos ardeu como luz de vela até o fim as lembranças doem como cãimbras. 08/06/2011. Jardins e pomares Akira Yamazaki Do jardim eu quero aquela rosa que cheira a paixão mais louca à minha amada eu só imploro do torresmo me basta a gordura a presença mas sei que é tarde que derrete nos cantos da boca dos seus beijos só tenho hoje o travo amargo da saudade. da noite eu só peço claridades de luas cheias passando no céu nas manhãs de sol eu procuro os vôos de borboletas ao léu do pomar eu só quero a fruta que amadurou por si no tempo e fora do alcance dos pássaros resistiu ao castigo dos ventos 04/06/2011. Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 23. Desgosto Akira Yamazaki A verdade dói demais diz um ditado antigo como um tapa na cara uma cuspida, um soco meu cachorro morreu numa noite de agosto de solidão e desgosto de velho, cego e louco berrei de tanta culpa enterrei-o no jardim entre plantas e flores ressecadas aos poucos enterrei-o em cova rasa cavada no pé do muro que perdeu com o tempo ums pedaços de reboco hoje bebi uma cachaça com os nós dos dedos bati nos versos do meu poema que ecoou estranho e ôco. 21/04/2011 Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes. Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel, em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro, o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a promover indagas como destino. Nunca mais parei. Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço blogdoakirayamasaki.blogspot.com
  • 24. Morte José Vicente de Lima De que reclamar (ei) Por estar deixando a vida, o mundo, Se a sorte que tive (se tive) Desceu na corrente da minha Existência (curta) Tão curta, que ainda há quem chore (ri) Nunca quis correr, tampouco morrer, Apenas ser (estar) Mas direi que viver nem sempre é Em/prestar, Viver, é saber receber e ter pra dar Principalmente amar E que morrer é apenas viajar. 1977 José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo. Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.
  • 25. Aviso José Vicente de Lima O ópio de seus encantos Traiu e decepcionou. Em teus julgamentos secretos E inconscientes, Foste injusta em considerar Providentes, Supostos idiotas. Chegaste a ignorar sentimentos, Pensando ter Sob tuas carícias, Palavras quentes E dedos aveludados, A quem em ti acreditou E não mereceu em momento algum O que fizeste. Toma isso, então, como aviso Enquanto há tempo de se redimir, E dá um voto de confiança Mesmo que não seja honesto, Para que ele parta sabendo E possa esquecer mais depressa Aquela que com a beleza o feriu 1981 José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo. Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.
  • 26. Desejo José Vicente de Lima Nenhuma cigana nunca me disse Coisas dos meus sonhos Se transformando em realidade E nem foram lidas nos búzios Coisas sobre pessoas me adorando Ou de punhais me atingindo as costas. E no rolar das águas da minha existência De ondas que vão e vem Em pensamentos Flutuo no barco da esperança Certo de um dia ver o porto Ainda em tempo De adorar o por do sol E deitar num colo que me afague Sincero e terno Até que eu possa fechar Os dois olhos E sob o cobertor da noite Dormir o sono dos realizados. 1981 José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo. Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.
  • 27. Dívida eterna José Vicente de Lima Eles debatem na mesa E os inocentes morrem O tempo não tem piedade Nem dá direito de escolha Ninguém sabe quantos Dormirão para sempre Pela alimentação de sonhos Dos egoístas que nem sequer conhecem Nem quantos serão heróis do nada Após a suposta vitória. As perdas nunca serão reparadas E o mundo jamais será um. 1981 Para uma menina na rua José Vicente de Lima Quando o manto de sua inocência Toda a beleza Foi puxado, De sua plenitude. Nasceu de ti uma beleza De menina, mulher Uma cabeça cheia de anseios E descobertas, Um corpo sequioso de carinhos E um coração perdido em dúvidas Livro fechado Pronto para ser aberto e lido. Prazer permitido a poucos Pedra bruta à procura de mãos E de amor Que com sabedoria a lapide Para que seja mostrada 1981 José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo. Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.
  • 28. Dúvida José Vicente de Lima Não posso dizer Que te esperava toda No primeiro dia No entanto, Melhor seria Não te encontrar Visto que estavas Distante, dispersa. Talvez pra mim Não bastasse A sua gentileza Talvez fosse melhor O desencontro. 1981 Flôr e jardim José Vicente de Lima Flôr Num dos galhos De um imenso jardim Posso pegá-la Mas me proíbo Melhor sentir Seu aroma À distância Sabendo-se que Tirá-la desse galho Seria provisório E que essa flôr Pertence a esse Jardim. 1981 José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo. Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.
  • 29. Trocadilho José Vicente de Lima O medo É ter moleque Barriga quebrada Que pai deixa Prá fazer mais um Em outra barriga Que depois Da entrada quebrada Perde O medo. 1981 Nordeste (1) José Vicente de Lima No sol de 40 graus Se vende Chapéu de couro Compram-se Os bens Vendem-se Os maus Água a preço De ouro. 1983 José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo. Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.
  • 30. Sina José Vicente de Lima A gente é feito preso E na barriga, espera, espera E arrrebenta. Já solto na vida, pensa, pensa Marca um plano e tenta. Bate a cara no mundo, sofre Entra dia, sai ano e a gente luta Não desiste e agüenta (A vida passa rápido E nos carrega para uma morte lenta) 1983 Ilusão À Reversão José Vicente de Lima José Vicente de Lima O povo espera Como um náufrago A nova nave Que nega as naus de bandeiras Que o leve pra nova terra suspeitas A nave só desce com chuva (e nem são piratas) E o povo não parte e sofre Vou me virando sobre essa prancha E não come e arrebenta e morre Pulando vagas, tomando caldos No sol que transforma o chão Minha resistência supera os socorros E a poeira nos olhos prenuncia (E) Acho que apesar de grandes Nova seca no velho sertão. (Esses mares) Estou bem próximo De uma certa escuna velha (que também resiste) (E) Que não teme a triângulos Nem diabos. 1983 1985 José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito. Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto a artistas e movimentos de arte em São Paulo. Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma amostra de seus poemas.
  • 31. Manhã Felipe Campos Peres Sempre de ressaca Com a maquiagem a escorrer seu rosto Me apaixono por você todas as abaixo manhãs Mulher, definitivamente eu te amo Mesmo depois de brigas, pizzas voadoras Bebedeiras, sexo e flores Lanches gordurentos Garrafas quebradas Jornais amassados no canto da sala E pratos sujos na pia Mesmo depois De discussões imprevisíveis para nós E assustadoras para os vizinhos Quando acordo para ir trabalhar, sempre atrasado pela manhã Observo-te, dormindo com o rosto Achatado no travesseiro O cachorro, no chão me olha Observa-me com ternura Ele sabe também que te amo Você, com os olhos fechados que escondem o verde vivo do seu olhar Mas a plenitude do momento O lençol enrolado em seu corpo Suave Limpo Perfumado Mulher minha Minha pintora, minha artista, minha inspiração muito louca Minhas palpitações cardíacas sempre lembram de você Estirada ali, entregue ao sono profundo Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011. Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p erfil&id_escritor=220
  • 32. Tudo em vão Felipe Campos Peres Quadrados e bolas estúpidos E retângulos e mais triângulos Geladeiras quebradas Isósceles ou não Fogões desregulados Linhas tênues e inimagináveis Lápis, tênis e cadarços sem serventia Voltas redondas e desajeitadas Calendários do século passado Espirais, margeando círculos Calculadoras sem pilha Formas variadas, mendigos Controles remotos sem função Pombos, crianças de rua Pessoas gordas Putas Gatos gordos Advogados Patos fumantes Trapezistas e atletas Sapos com bóia de braço Médicos condenáveis Raios que caem do céu Bons médicos salvadores Papelão que serve de véu Asfalto e árvores Abelhas regurgitando mel Mais asfalto do que árvores, é verdade O seu cu sobre a latrina Céu azul em dias nublados Fazendo o que devia Nuvens azuis em céus nublados em Tanta tristeza é uma ironia dias nada comuns E minha escrivaninha, sem motivos Atores, carros, diamante e lixo Está ali à minha espera Sacolas plásticas e carrinhos de Pêra feia e descascada supermercado Pneu de borracha derrapando Caixotes tristes, deixados ao leu Papéis higiênicos Jornais amassados de forma E isso não é tudo melancólica Humanos Pratos empilhados na pia Gavetas, escadas rolantes, mesas de Sujos toda vida canto Panos execrados Máquinas de escrever Santos de olhos tapados Bombas, vapor Sarjetas escarradas As cidades Carroças sem cavalos Ondas nos campos Gramado seco e cru Cercas de arame farpado nas areias das Poste esquisito, efêmero e nu praias Carne crua fritando na grelha sem fogo Hotéis sem noção ou brasa Janelas melequentas Portas que se abrem sem razão alguma Tudo em vão... Cérebros e fetos dispostos em potes Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011. Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p erfil&id_escritor=220
  • 33. Pura poesia concentrada Felipe Campos Peres Eu vejo bundas passarem por mim Bundas de todos os tipos, masculinas e femininas Reparo sempre nas femininas Que passam acompanhadas Ou desacompanhadas Há bundinhas lindas e redondas Outras murchas e achatadas Há bundas desengonçadas, extravagantes Bundas disformes e tímidas E outras até quadradas Bundas vivas em nuances noturnos Sob lençóis, sobre lençóis Existe aquela bunda que masca calcinha E outra que caminha toda arrebitadinha Tem aquelas generosas que se cobrem com saias curtas E não Usam calcinha Bunda bunda viva a bunda Não é questão de machismo É apenas a constatação do belo Andar de uma bunda Do caminhar de todas elas Do sentar, do levantar e do rodopiar Não é questão de glúteos, propriamente dito Nem de academia É uma questão de beleza Pura poesia concentrada Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011. Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p erfil&id_escritor=220
  • 34. Leão Serpente Dinossauro Felipe Campos Peres Meu nariz é uma sanfona E os morcegos continuam me mordendo Enquanto um carro cruza o sinal Uma nuvem se forma e vira um tanque de vermelho guerra Escalando a parede do meu banheiro A viagem é muito louca! A chuva cai lá fora em cores tons nunca E agora meus ouvidos são furacões imaginados abusados que rodam sem parar E o presidente Obama é o mais novo Me recomponho, atendo a campainha reforço É o sorveteiro, que logo me pergunta: Pro ataque do Corinthians “Cadê a giganta?” Gavetas se abrem freneticamente E eu respondo: De onde saem bichos nunca vistos “Não sei, estava aqui agora mesmo” antes: O sorveteiro, então Uma epiléia furtuosa com chifres Me dá de cortesia, um picolé de orelha de avançados... bode Um tratodonte azul da Indonésia com Vira as costas e se vai sua pança majestosa... E eu, na minha loucura infinita, E um besouro com um zóio na testa Continuo bebericando meu mai tai... inventado Por Aleister Crowley em frente ao lago Ness no Começo do século passado Garfos, facas e pratos dançam um tango argentino E a cortina da sala está insatisfeita com seu salário Rachaduras cortam o chão Cuspindo cerveja de qualidade Tenho dificuldades para me manter de pé Então me deito bem próximo a um formigueiro O mundo está alagado... As calotas polares estão derretendo... Meu cérebro quase já não presta... Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011. Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando: http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p erfil&id_escritor=220
  • 35. Clausura Flávio Cuervo Vivemos na constante rotina De sermos limitados. Estranhamente acasos nos controlam Sentindo em nossas faces o beijo Desagradável do destino. Quando expomos nossas fraquezas Somos enclausurados em buracos Para que deste modo possamos ver apenas Uma parcela do infinito céu que nos rodeia. Se sou verde, me cobram azul Sou azul para poderem sorrir E me cumprimentarem durante a manhã Com ridículos, “Bom dia”. Devolvam-me a inocência Quando tinha ainda por deuses Somente meus pais E por mundo meus amigos invisíveis. Enclausurados em regime de silêncio e imbecilidade Tratados a choques e lavagens cerebrais Por uma máquina fascinante e viciante Chamada televisão. Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
  • 36. ELEMENTOS Flávio Cuervo DA TERRA BROTA-SE A VIDA QUE DO FOGO, DA ÁGUA, DA TERRA E SINGELA E DELICADA DO AR FEZ-SE UNO SEMENTES LEVANTAM-SE DA COMANDANTE DE SUA DIMENSÃO ESCURIDÃO DO SUBSOLO TENDO ACIMA DE SI, SOMENTE DEUS. ESTICAM-SE E CONFORTAM-SE AO SENTIREM A LUZ DO SOL DO CÉU DERRAMA-SE A VIDA RICA E AGRADÁVEL GOTAS DESPENCAM-SE COMO DÁDIVAS E ENCANTOS FECUNDANDO O SOLO E DANDO ALÍVIO AOS ESPERANÇOSOS DO ESTRONDO FAZ-SE A VIDA FASCINANTE E LIMITADA CHAMAS CONSOMEM A ENERGIA QUE SE HÁ DA EXPLOSÃO ORIGINOU-SE O COSMOS QUE MORAMOS DO TODO FAZ-SE A VIDA OFEGANTE E ESSENCIAL VENTOS QUE SOPRAM SEM LIMITES E SEM RUMO TENDO O AR COMO ESSÊNCIA PRINCIPAL, NUM MUNDO CHAMADO TERRA AO HOMEM A GLÓRIA DA VIDA Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
  • 37. Absinto Flávio Cuervo Um beijo doccccce De alcaçuzzzzz Vôo até a verde luz. Volto transformando A ciência E o reverso. Aquarela Plenitude Doce Fada Luz. INDIGENTE Flávio Cuervo BEBEU, BEBEU, BEBEU... AMIGOS SÃO OS RATOS COMIDA É SEU OBJETIVO AGORA ESTÁ CAÍDO. BEBIDA É SEU ABRIGO. SUA CAMA É A CALÇADA SERÁ ENTERRADO SEM VELÓRIO SEU LIMITE É A SOLIDÃO SEU NOME AGORA É INDIGENTE. VAGABUNDO É SEU NOME DOS VERMES SERÁ COMIDA PRAS CRIANÇAS LOBISOMEM PRAS FORMIGAS SERÁ BEBIDA PRA POLÍCIA DIVERSÃO. SEM DEIXAR DESCENDENTES. EM SUA CABEÇA NADA PASSA MAS NUNCA ROUBOU NEM SEQUER MATOU. POIS JÁ MORA NA DESGRAÇA ÓCULOS E GRAVATA NUNCA USOU. TALVEZ VIVER COMO ANIMAL SEU PASSATEMPO FOI A ESMOLA SEJA EMOCIONANTE E FENOMENAL SUA VIDA ESTÁ POR UM FIO PRA QUEM TEM A LOUCURA COMO DOUTRINA. SEU PAÍS É O BRASIL. CULTOS SÃO SEUS PIOLHOS Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
  • 38. Balada do Vampiro Flávio Cuervo À meia-noite vou acordar E ao abrir os olhos vou notar Que num caixão vou estar. Ao levantar me lembrarei Do dia que despertei E sangue tomei. Acho que era muito menino Para encarar o destino De ser um vampiro. Gosto das pessoas seduzir Depois que minh'alma vendi E a vida eterna atendi. Há coisas que são passageiras Ou que levam a vida inteira Pois o mundo é uma grande besteira. Logo, eu sou imortal Vivo numa vida banal Que não é do diabo nem sacerdotal. Espíritos indômitos Sons afônicos Gemidos arrepiantes Numa noite como antes. Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
  • 39. A SERPENTE Flávio Cuervo DE UM LADO ESCURO A VEJO SURGIR VESTE LUXÚRIA PURA NUM VERMELHO ARROGANTE. TEM NA SUA PELE O CHEIRO DO PECADO COM OLHOS DE SERPENTE E BOCA EM TOM MOLHADO. SEU JOGO É A SEDUÇÃO NUMA BATALHA PELO PRAZER SUAS PALAVRAS EXALAM BLASFÊMIA NA HIPINOZE DA PAIXÃO. NUM PODER DOPANTE AQUECE MEU ESPÍRITO EM VIAGENS ALUCINANTES DENTRO DE UM SER SATÍRICO. Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
  • 40. ALMAS GÊMEAS Flávio Cuervo Estou com medo De um passado silencioso De um presente passageiro De um futuro duvidoso. Palavras não me veem Apenas lágrimas brotando Solidão a flor da pele E uma alma murchando. Não sei se é depressão Ou coisas da loucura Querer ser feliz E não saber a cura. Dessa coisa chamada covardia. Quero gritar, gritar E ouvir respostas Quero correr, correr E não virar as costas Quero chorar, chorar E depois dormir. Acordar no futuro dos nossos pensamentos E ver que o que fizemos valeu a pena E somos aquilo que sonhamos. Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
  • 41. AMIGOS INFINITOS Flávio Cuervo Amigos são pessoas E também chorar. Que Deus nos envia, Para que juntos possamos Pois o que seria de nós, Fazer de nossas vidas, Sem as amizades dos nossos Algo inesquecível. Amigos infinitos? Ter amigos é compartilhar Defeitos e virtudes, Esperanças e sonhos. Sonhos que nascem Da gratidão e do carinho. Ser amigo é ser estimável, É ser aberto para a vida. Infelizes são os solitários Que morrerão sem memória. As melhores lembranças Que herdamos e adquirimos, São aquelas que passamos juntos Com nossos eternos amigos. Amigos que passam a vida inteira ao seu lado, Amigos que surgiram, mas sumiram rapidamente. Amigos que pegaram o trem, Amigos que estão nascendo. Obrigado Deus, Por ser um amigo, Por ter amigos, Por sorrir com eles Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil • Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br (Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
  • 42. A CATEDRAL Flávio Cuervo Debruçou, bebeu seu último gole de tequila e caiu com a testa no balcão. Ficou imóvel por alguns minutos até ser jogado pelos porteiros para fora do bar. Quando acordou sua boca estava cortada, sua cabeça doía muito e teve a sensação de que seu corpo estava congelado. Levantou-se com dificuldade, seus pés doíam muito por causa do frio, e começou a andar pela praça deserta parando somente para vomitar. Dizem que melhora. Teria que encontrar algum lugar para dormir, pois logo a neve voltaria e com ela mais e mais frio. Entrou pelo Parque Central e viu vários mendigos tremendo e gemendo pelos cantos. Aproximou-se de um deles para oferecer-lhe um cigarro, mas aquele homem pálido como a neve o expulsou dali dizendo que o banco era seu e que ninguém o tomaria. Christopher tinha um apartamento nem modesto e nem luxuoso, e naquela noite saiu para beber só, pois havia perdido todos os seus amigos, talvez por sua arrogância de querer ser perfeitamente normal. Durante anos, tudo o que havia feito era acordar, trabalhar, trabalhar e dormir. Não fazia sexo há muito tempo e não sabia mais o que era amor. Digamos que Christopher havia se tornado um “homo-sapiens” normalmente internauta. Ao passar pela Catedral de Santa Eduvirges notou que as portas estavam abertas e todas as luzes acesas. Intrigou-se com aquilo e ficou parado em frente à porta central na dúvida de entrar ou não. Percebeu então que o padre falava algo que ele não compreendia. Resolveu chegar mais perto e ouviu perfeitamente: - “Carpe Diem”. Dizia o padre, que jogava água benta sobre um caixão no centro do altar. Havia estudado latim durante dois anos na universidade, e aquilo significava: “Aproveite o Dia”. Quando chegou perto do caixão e preparou-se para olhar o falecido, pessoas ao redor levantaram- se e numa só voz disseram repetidamente: - O futuro você não conhece e o passado se foi. Quando olhou para o caixão não conseguiu raciocinar perfeitamente, pois estava deitado lá dentro e ao mesmo tempo olhava-se, em pé ao seu lado. Gritou desesperadamente para todos que somente repetiam: - “Carpe Diem”. Christopher correu para a porta central, a fim de sair daquele terrível pesadelo, mas a porta fechou- se rapidamente, fazendo um enorme barulho que estremeceu toda a catedral. Batia e, inutilmente, tentava abri-la. Virou-se então para trás e todos haviam sumido, menos seu cadáver. Caminhou até o centro e ao olhar novamente para seu corpo morto, começou a chorar lamentando- se por todos os seus erros; por todas as noites de luar que havia perdido enquanto assistia televisão; pelas crianças carentes que não havia ajudado; pelos filhos que não teve; pelo amor que não sentiu e pela doçura infantil que sufocou, na ganância monetária dos seus negócios. Christopher sentiu seu fim quando sua visão apagou, sua respiração cessou e sua mente deixou de existir. Conto classificado em 6º lugar no Concurso Internacional de Outono.
  • 43. Fábrica de anjos Celso Felizardo Junior Dois meses se passaram E agora eu percebi Que você esta comigo De repente tudo mudou Meu mundo não é mais o mesmo O que farei com você? Não quero ser chata Mas vou te apertar Até que você não aguente mais E não vou ouvir seus gritos Porque você é pequeno demais Não quero você ao meu lado Só me deixará se for morto E quando chegar a hora Darei meu sangue para que morras Logo, sem demora. Hoje mais um anjo acaba de nascer, Será que ele queria viver? Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa, música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
  • 44. O Muro Celso Felizardo Junior Existe um campo florido De brancas pétalas pálidas Onde o orvalho qual uma lágrima Vai ao chão pela pessoa amada. Ali dentro moram A coragem e a virtude A promessa e a certeza O amor, a alegria e até Uma certa tristeza. II Do outro lado existe um pântano sombrio De rosas negras venenosas Com grandes árvores feiticeiras Habitado por almas invejosas. Já me sinto como seu morcego Que ninguém sabe o que sente E quando vai dormir Sempre vê o mundo De um jeito diferente. III Estou perdendo o equilíbrio em cima desse muro Só não sei ainda, para que lado cairei quando chegar o fim Será do lado dos Bonns, ou do lado de Berlim? Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa, música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
  • 45. O Ouro dos Aztecas Celso Felizardo Junior O dízimo dizimou os índios A ignorância queimou os sábios Essas cenas se repetem todo dia Mas você não quer nem saber Nós aguardamos sentados o ímpio ajoelhado cometer seu próximo pecado Um beijo traidor, não no rosto Mas em nosso solo sagrado O vermelho de seus trajes Não veio do corante de nossas árvores Mas do sangue de nossos índios O terceiro mundo não guarda rancor Mas aceite, ele é seu credor. Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa, música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
  • 46. Criança mimada Antônio Altvater Criança mimada, tapada, calada Esmola tua grana, resmunga a mesada Apaga teu fogo no seu aconchego Se esconde no muro do certo, do medo Afoga o incerto e teus devaneios Num copo barato, num porre certeiro Um murro na face, um tiro no escuro Amado no limbo, limado sem rumo A tua certeza é uma certa piada Vivendo a Circense da tua cruzada Chacota, esculacho, atrás de pancada Empresta um sorriso e vende a tua alma Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço sessaosonora.blogspot.com
  • 47. Só se atrasa quem tem pressa Antônio Altvater Segunda acorda Desperta relógio Matando a demora O minuto o próximo O dia um outro Mais outra semana Que passa e a cama Me chama bem longe Ou dorme ou come Ou come ou morre Sentindo setembro Em oito de outubro O prazo se acaba Sem pausa só pressa Só sei que o atraso E de gente com pressa É quem tem pressa Domingo se encerra Acorda segunda Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço sessaosonora.blogspot.com
  • 48. Escrever é preciso Antônio Altvater Escrever as vezes é preciso Como comer, dormir e acordar Na timidez se torna um risco Do riso tolo de quem debochar Traçar linhas do fim ao princípio Criar livros na fuga de si Escrever sem manchar uma linha É preciso saber se imprimir. Por mais que os medos tomem o homem É a coragem que o tomou a sonhar Mais vale ser o claro e veloz do raio Do que um nebuloso eclipse lunar Para que esconder pensamentos? As angústias que qualquer um tem Escrever é conversar com si mesmo Melhor isso do que falar pra ninguém Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço sessaosonora.blogspot.com