Sacha Arcanjo é um poeta, cantor e compositor brasileiro de 61 anos nascido na Bahia. Ele é fundador do Movimento Popular de Arte e atualmente dirige o Oficina Cultural Luiz Gonzaga em São Paulo, onde promove a cultura brasileira e prioriza o cotidiano do brasileiro comum em sua poesia.
3. Espelho 2
Sacha Arcanjo
o pé parece adormecido
sintoma sem retorno
dizem que é ácido úrico
e arde como se no forno
a juventude já era
o rumo nem sei qual é
nem jovem guarda, nem tropicália,
nem simão, nem tomé
há um espectro perdido
lá dentro do espelho
parece comigo sempre
mas não meto meu bedelho.
Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
amostra de sua poesia, que prioriza o brasileiro comum em seu dia a dia.
Conheça mais o trabalho de Sacha Arcanjo no endereço:
http://sachaarcanjo.blogspot.com/
4. Fala Vagabundo
Sacha Arcanjo
Fala, vagabundo Daqueles caminhos tortos
Quem foi que te libertou Daquele recanto imundo
Do vazio submundo Onde os planos foram mortos
Do jornal que se queimou Contudo não cores
Daquelas nebulosas A tua face enrugada
Torrentes de águas ardentes Onde já rolaram prantos
Das pesadas cangas De saudade bem salgada
Nos teus ombros doentes De palavras que ficaram
Dos vermes, das traças Na garganta engasgada
De afiados dentes
Fala, vababundo
Fala, vagabundo Porque razão sepultaste
Da dor que te cortava Em fossos profundos
Do vício fecundo Os que pra ti foram trastes
Que teu corpo calejava Que agora é outras notas
Dos antigos imbecis Outros símbolos, outros elos
Da banda dos batutas Que os que foram já eram
Dos sapatos furados E outros ficaram amarelos
Do amor das prostitutas E que no teu pomar de lodo
Da legião dos farrapos Hoje reinam cogumelos
Na sombra úmida das grutas Fala, vagabundo.
Fala, vagabundo
Que quer reviver outrora
Coçar marca de fungo
E roncar no romper da aurora
Assoviar com as ventanias
Banhar com as tempestades
Brincar com os pirilampos
Quando caírem as tardes
Brigar com os viralatas
E vomitar lorotas covardes
Fala, vagabundo
Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
no bairro de São Miguel, zona leste da capital paulista, é hoje Diretor da Oficina
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Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
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5. Clarice (2)
Sacha Arcanjo
Chorei por entender o teu apego
de silencioso leão marinho
sentado na boca da noite
sonhando com o seu aviãozinho
vivendo uma vida de agruras
por onde também tem espinho.
senti as palavras pesadas
como pedras jogadas no vento algoz
que leva e traz a menina luz
que tão bem se porta entre vós
quando chega é uma gata angorá
quando vai é uma estrela veloz.
fiquei bem por saber a façanha
dessa estrela que tece o escuro
que dá voltas pelo firmamento
mas que não se perdeu no monturo
e que tráz o saudoso conforto
ao colo onde alimenta o futuro.
mas nem tudo está perdido
o mugido do velho leo é forte
no seu pulso ainda tem a mesma ira
das borrachadas que lhe fizeram corte
e denso, tenso, olha ludicamente bravio
consola prá suportar santa sorte.
(30/09/2010)
Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
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Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
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6. O Previdente)
Sacha Arcanjo
Já lampiava no sertão
O brado dos homens bravos
Deixando de ser escravo
Prá ser seu próprio patrão.
Peneiras dentre cascalhos
Buscando a pedra fina
Jóia rara cristalina
Ficando apenas o malho.
Arriscaram suas peles
E não vingou um daqueles
No meio dos pobres réis
Feito bicho encurralado
Foram de novo enxotados
Pro cerco dos coronéis.
Já agora sinto o ar
Com cheiro de nicotina
E o verme da resina
Mata sem ressuscitar.
Cada qual mais internado
No seu próprio interior
Com medo de tanto horror
E de olhos arregalados.
Arrebentam-se nas filas
Vão espremidos prás vilas
Sem condição de pensar.
Esperam sem paciência
A divina previdência
Que começa a se atrasar.
Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
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setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
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7. Entre a vida e a morte
Sacha Arcanjo
O sol esquenta
A terra racha
A planta morre
E o homem parte
Parte para buscar a sorte
Ponto invisível
Entre a vida e a morte.
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8. Algures
Sacha Arcanjo
Morras algures, andrajo
Figuras sensatas
Te esperam na tumba
Os fantasmas sombrios
De muitas noites desertas iníquas
Que irão sentenciar-te com desdém
Fazer-te provar a greda
Sob a relva estática
Como um veneno voraz
Venças fantoche
Os vermes indolentes
E busque descobrir
O que te espera
Entre os cabedais.
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9. Eu tenho um sonho
Sacha Arcanjo
Eu tenho um sonho
De ser produtor rural
Pelo sonho de Adão
Pelo vinho, pelo pão
Um galo no meu quintal.
Contar estrelas de noite
De dia regar minha horta
Ter o fruto proibido
Ter o fogo da libido
E amigos batendo na porta.
Um cavalo no pasto
Uma enxada de guia
Não ser mais um sem terra
Com bandeira de guerra
Ação de cidadania.
Aí um dia quem sabe
Sabedoria popular
Reforma agrária prá nós
E o eco da nossa voz
Em todo canto e lugar.
Meu projeto de vida
Pode ser visionário
Uma micro fazenda
Redistribuição de renda
Salvação desse calvário.
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10. Grude
Sacha Arcanjo
Eu vou grudar em você
Você vai ver o que é bom
Quero provar o teu gosto
Quero saber
Qual o sabor do teu batom.
Se chocolate ou morango
Se uva ou se anís
Se manga ou se cereja
Se atemóia me diz
Jaboticaba ou lima
Goiaba me faz feliz.
Eu vou grudar em você
Você vai ver o que é bom
Quero provar o teu beijo
Quero saber
Qual o sabor do teu batom.
Se melancia ou pitanga
Se carambola ou café
Se figo ou se cenoura
Dependo do teu balé
Se ameixa ou se amora
Eu quero teu cafuné.
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11. Quanto quando e onde
Sacha Arcanjo
Perpetuar a espécie
É prematuro demais
O que eu digo a meus filhos
Eu escutei dos meus pais.
Não ligo se a moda pega
É pedagógico saber
Que vale a pena o sentido
Que persevera o prazer.
Queira seu bem-querer
Como se fosse a metade
Daquilo que você é
Com toda a sua bondade
E se a laje rachar
Cole com superbond
Procure se alimentar
Por quanto quando e onde
É o remédio que cura
O néctar que fortifica
De dia é porto seguro
De noite Itaparica.
Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
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Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
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12. Festança boa
Sacha Arcanjo
Já tá queimando a fogueira
Esquentando o mucunzá
Quadrilha tá dançando
Enfeitando o arraiá.
Já tem pipoca pulando
Na panela de pressão
Batata-doce e macaxeira
Na barraca de quentão.
Crianças soltando traque
Idosos comendo curau
Jovens pulando brasa
Querendo calamengau.
Êta festança boa!
Paçoca, pamonha e pinhão
Correio elegante
No céu explode o rojão.
Êta festança boa!
Pau-de-sebo, pirulito e picolé
Bandeirolas ao vento
E o sanfoneiro puxa o arrasta-pé.
(Ê tempo bom
Ciso de Jó, Zé Calú e Nequinho.
Hoje é Zé do Bode, Mateus e Tiquinho.)
Sacha Arcanjo, baiano de São Gabriel, tem 61 anos. Além de grande poeta, é
cantor e compositor da melhor qualidade. Um dos fundadores do Movimento
Popular de Arte MPA
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Cultural
Luiz Gonzaga, que também fica nesse bairro. Pessoa muito conceituada na
capital paulista, Sacha vem agitando a vida cultural desde os meados dos anos
setenta, e continua fazendo shows pelo Brasil afora. Aqui, uma pequena
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13. Canção para ninar um menino morto
Akira Yamazaki
Agora o menino dorme
na sua postura correta
sozinho na noite enorme
como quem dorme
de forma completa
por não ter havido outro jeito
senão crescer depressa e a esmo
na escola das ruas e ter feito
de si o indefeso refém de si mesmo
por não ter havido diferença
entre as coisas da vida e da morte
foi morto com bala de polícia
mas podia ter sido de fome ou de corte
e na poça de sangue que anoitece
no jardim de pedras que apodrecem
se abre na terra o noturno girassol
que seus negros cabelos tecem
1979
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
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14. Borracharia
Akira Yamazaki
Pesado e sujo
nojento
é um trampo tão do cacete, meu mano
que chego de noite em casa
garganta entupida de graxa
corpo no bagaço
e ordeno num fio de voz
:- esquenta a janta, mulher
e arruma a cama
pra nós duas.
1979
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
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15. Último domingo (2)
Akira Yamazaki
Depois do futebol
e depois do churrasco
no último domingo
o primeiro do ano
quando a carne miou
e miou o tinguá
não saciado ainda
o paulão jogou verde:
- a saidêra é no vavá, galera
que é caminho pra todo mundo
ninguém mandou provocar
dei de bico mesmo, no ângulo:
- o vavá não é caminho, véio
é atalho.
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
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16. Verdades
Akira Yamazaki
Tudo bem, eu menti pra voce
menti, menti, admito que sim
mas há verdades, meu amor
que eu não conto nem pra mim.
Ainda sobre a dez
Akira Yamazaki
o dez deles
só tinha pose de dez
não passava de um engana-tiziu
pena que só descobrimos
quando o jogo já estava
tres a zero pra eles
o dez deles
na verdade era o sete
um sarará magrelo em cujo sorriso
faltam alguns dentes
com seus pés franzinos
ele desperta espantos e fantasias
dribles e destinos inesperados.
18/03/2010.
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inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
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17. Semáforo (2)
Akira Yamazaki
Por todo o país que dissecam a casca
o belo é urdido das trajetórias e itinerários
nos dedos dos poetas dos sentimentos humanos
turbilhões de mágoas
nas palavras exatas diásporas de paixões
destes mentirosos
em tempo integral por todo o país
nos semáforos das cidades
palavras misturam infâncias apodrecem.
veneno e mel
açúcar e fel e tecem
precisas arquiteturas
Clarice
Akira Yamazaki
De tão imprevista e inconstante De tão bipolar e tão mutante
clarice é assim uma espécie clarice não consegue suportar
de noturno e bissexto cometa padrões, processos ou rotinas
que só raramente aparece nem pertencer a um só lugar
seu destino é vagar errante sua maldição é vagar constante
explorando a solidão dos planetas condenada a seguir e nunca ficar
e a dor das galáxias distantes somente dos partos das estrelas
onde assombra as noites escuras e das fomes dos buracos negros
com seu facho de fogo brilhante seus olhos sabem se alimentar.
De tão irregular e itinerante
com clarice às vezes acontece
de perder a certeza do chão
e querer em meu colo repousar
meu obediente colo de cão
mas é só por um breve instante
assim como chega sem avisar
de novo ela logo desaparece
num vôo luminoso e inquietante
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
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18. Tsutae
Akira Yamazaki
a vida prolongada procedimentos e protocolos
em tubos, fios artificiais de limpeza e higiene
e instrumentos de precisão estreita-o ao colo a alma
que injetam quantidades pássaro etéreo e hesitante.
exatas de oxigenio
alimentos e remédios
para controle da dor
- meu deus, da dor
já é uma espécie de morte
se o corpo agora
inanimado e horizontal
pendura-se em raízes
de plástico e metais
submissas aos mais rígidos 30/04/2010
Beijos
Akira Yamazaki
o amor tem dessas coisas
ontem beija, paixão
hoje beija e se conforma
beija amanhã e tolera
sempre que puder, beija
onde e quando não importa
beijo mordido de raiva
beijo de prazer ou obrigação
beijo de piedade, inclusive
beijos diariamente até
soprar as cinzas da paixão
e reinventar o espanto.
03/07/2010.
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
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19. Pertencimento
Akira Yamazaki
voce nunca entendeu
a flor dilacerada da minha aflição e estou alquebrado pelas doenças
e apesar de emudecida ainda agora voce não entende
a mim pertencida permaneceu mas com paciencia maternal
conduz-me pelas mãos.
voce nunca entendeu
mas ouviu comigo
o uivo doloroso e negro
da minha estrela em extinção
permaneceu comigo
e viu inchar o coração hipertenso
do vento traiçoeiro
no meu rosto transformado
em floresta de rios derrotados
e árvores petrificadas
permaneceu comigo
quando ocorreu o explendor
da rosa cancerosa
no jardim dos meus sonhos devorados
pelos dentes cariados dos cachorros
loucos
ainda agora que a juventude se foi
- terá sido um sopro ruim?
e a memória apodreceu
e a ilusão apodreceu 13/11/2010.
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nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
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20. Tarô
Akira Yamazaki
Se a sorte é irmã
siamesa do azar
se juntas ajoelham
num mesmo altar
e cumprem destinos
de corda e caçamba
como diz o ditado
soberano e popular
se a sorte um dia
em seu colo se jogar
por via das dúvidas
não custa desconfiar
antes de champanhe
e rojões estourar
sua barba de molho
aconselho cozinhar
ciganas ou videntes
vão ajudar a decifrar
destinos pendentes
não custa interpretar
nas bolas de cristais
nas linhas das mãos
e nas cartas do tarô
a boa sorte e o azar.
26/06/2011.
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
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destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
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21. Rimas pobres
Akira Yamazaki
quantas palavras
cabem numa canção?
quantas rimas
terminadas em ão?
quantas graças
comporta uma oração?
estrelas na noite
me diz, quantas são?
quantos sonhos
cabem num coração?
talvez demasiados
meu amor, talvez não
se ele não conheceu
a dúvida e a solidão
e se a fé não o fez
incapaz do perdão.
26/06/2011.
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nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
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22. Espelhos
Akira Yamazaki
espelhos não mentem
constatam somente
não há mais juventude
e a beleza fugiu
do meu rosto aos poucos
ardeu como luz de vela
até o fim
as lembranças doem
como cãimbras.
08/06/2011.
Jardins e pomares
Akira Yamazaki
Do jardim eu quero aquela rosa
que cheira a paixão mais louca à minha amada eu só imploro
do torresmo me basta a gordura a presença mas sei que é tarde
que derrete nos cantos da boca dos seus beijos só tenho hoje
o travo amargo da saudade.
da noite eu só peço claridades
de luas cheias passando no céu
nas manhãs de sol eu procuro
os vôos de borboletas ao léu
do pomar eu só quero a fruta
que amadurou por si no tempo
e fora do alcance dos pássaros
resistiu ao castigo dos ventos
04/06/2011.
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
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por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
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promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
23. Desgosto
Akira Yamazaki
A verdade dói demais
diz um ditado antigo
como um tapa na cara
uma cuspida, um soco
meu cachorro morreu
numa noite de agosto
de solidão e desgosto
de velho, cego e louco
berrei de tanta culpa
enterrei-o no jardim
entre plantas e flores
ressecadas aos poucos
enterrei-o em cova rasa
cavada no pé do muro
que perdeu com o tempo
ums pedaços de reboco
hoje bebi uma cachaça
com os nós dos dedos bati
nos versos do meu poema
que ecoou estranho e ôco.
21/04/2011
Quem sou eu: Meu nome é Akira Yamasaki. Sou um poeta e agitador cultural
nascido sob o signo maldito das insatisfações e das aflições inquietantes.
Carrego eternamente nos olhos embotados a dubiedade do meu coração
inconstante e fantasmas descontentes arrastam correntes no meu noturno
destino. Meu outro signo é a paixão que me torna fraco, generoso e temente
por aqueles por quem sou apaixonado. As indagas culturais entraram na minha
vida em 1977 devido ao envolvimento com artistas da região de São Miguel,
em São Paulo e a fundação do Movimento Popular de Arte - o MPA, quando um
rangido profundo realinhou as placas geológicas dos oceanos do meu cérebro,
o tsunami pegou no tranco e comecei a escrever poesia e teatro como louco e a
promover indagas como destino. Nunca mais parei.
Conheça mais o trabalho de Akira Yamasaki no endereço
blogdoakirayamasaki.blogspot.com
24. Morte
José Vicente de Lima
De que reclamar (ei)
Por estar deixando a vida, o mundo,
Se a sorte que tive (se tive)
Desceu na corrente da minha
Existência (curta)
Tão curta, que ainda há quem chore (ri)
Nunca quis correr, tampouco morrer,
Apenas ser (estar)
Mas direi que viver nem sempre é
Em/prestar,
Viver, é saber receber e ter pra dar
Principalmente amar
E que morrer é apenas viajar.
1977
José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
25. Aviso
José Vicente de Lima
O ópio de seus encantos
Traiu e decepcionou.
Em teus julgamentos secretos
E inconscientes,
Foste injusta em considerar
Providentes,
Supostos idiotas.
Chegaste a ignorar sentimentos,
Pensando ter
Sob tuas carícias,
Palavras quentes
E dedos aveludados,
A quem em ti acreditou
E não mereceu em momento algum
O que fizeste.
Toma isso, então, como aviso
Enquanto há tempo de se redimir,
E dá um voto de confiança
Mesmo que não seja honesto,
Para que ele parta sabendo
E possa esquecer mais depressa
Aquela que com a beleza o feriu
1981
José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
26. Desejo
José Vicente de Lima
Nenhuma cigana nunca me disse
Coisas dos meus sonhos
Se transformando em realidade
E nem foram lidas nos búzios
Coisas sobre pessoas me adorando
Ou de punhais me atingindo as costas.
E no rolar das águas da minha
existência
De ondas que vão e vem
Em pensamentos
Flutuo no barco da esperança
Certo de um dia ver o porto
Ainda em tempo
De adorar o por do sol
E deitar num colo que me afague
Sincero e terno
Até que eu possa fechar
Os dois olhos
E sob o cobertor da noite
Dormir o sono dos realizados.
1981
José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
27. Dívida eterna
José Vicente de Lima
Eles debatem na mesa
E os inocentes morrem
O tempo não tem piedade
Nem dá direito de escolha
Ninguém sabe quantos
Dormirão para sempre
Pela alimentação de sonhos
Dos egoístas que nem sequer
conhecem
Nem quantos serão heróis do nada
Após a suposta vitória.
As perdas nunca serão reparadas
E o mundo jamais será um.
1981
Para uma menina na rua
José Vicente de Lima
Quando o manto de sua inocência Toda a beleza
Foi puxado, De sua plenitude.
Nasceu de ti uma beleza
De menina, mulher
Uma cabeça cheia de anseios
E descobertas,
Um corpo sequioso de carinhos
E um coração perdido em dúvidas
Livro fechado
Pronto para ser aberto e lido.
Prazer permitido a poucos
Pedra bruta à procura de mãos
E de amor
Que com sabedoria a lapide
Para que seja mostrada 1981
José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
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Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
28. Dúvida
José Vicente de Lima
Não posso dizer
Que te esperava toda
No primeiro dia
No entanto,
Melhor seria
Não te encontrar
Visto que estavas
Distante, dispersa.
Talvez pra mim
Não bastasse
A sua gentileza
Talvez fosse melhor
O desencontro.
1981
Flôr e jardim
José Vicente de Lima
Flôr
Num dos galhos
De um imenso jardim
Posso pegá-la
Mas me proíbo
Melhor sentir
Seu aroma
À distância
Sabendo-se que
Tirá-la desse galho
Seria provisório
E que essa flôr
Pertence a esse
Jardim.
1981
José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
29. Trocadilho
José Vicente de Lima
O medo
É ter moleque
Barriga quebrada
Que pai deixa
Prá fazer mais um
Em outra barriga
Que depois
Da entrada quebrada
Perde
O medo.
1981
Nordeste (1)
José Vicente de Lima
No sol de 40 graus
Se vende
Chapéu de couro
Compram-se
Os bens
Vendem-se
Os maus
Água a preço
De ouro.
1983
José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
30. Sina
José Vicente de Lima
A gente é feito preso
E na barriga, espera, espera
E arrrebenta.
Já solto na vida, pensa, pensa
Marca um plano e tenta.
Bate a cara no mundo, sofre
Entra dia, sai ano e a gente luta
Não desiste e agüenta
(A vida passa rápido
E nos carrega para uma morte lenta) 1983
Ilusão À Reversão
José Vicente de Lima José Vicente de Lima
O povo espera Como um náufrago
A nova nave Que nega as naus de bandeiras
Que o leve pra nova terra suspeitas
A nave só desce com chuva (e nem são piratas)
E o povo não parte e sofre Vou me virando sobre essa prancha
E não come e arrebenta e morre Pulando vagas, tomando caldos
No sol que transforma o chão Minha resistência supera os socorros
E a poeira nos olhos prenuncia (E) Acho que apesar de grandes
Nova seca no velho sertão. (Esses mares)
Estou bem próximo
De uma certa escuna velha
(que também resiste)
(E) Que não teme a triângulos
Nem diabos.
1983 1985
José Vicente tem 55 anos, nasceu em São Paulo e está em Santo Antônio
desde 1988. Começou a escrever aos 18 anos de idade, tentando retratar um
pouco do dia a dia da capital onde morou. Das janelas dos prédios onde
trabalhou, recortava as cenas que achava interessantes e passava para o
papel na sua linguagem própria. Paralelo ao serviço de escriturário, sua
profissão, além de escrever, tem trabalhos em escultura e desenho, e fez
também muitas pinturas em tecido, que era seu passatempo favorito.
Trabalhou quase uma década como operador de som em shows e peças, junto
a artistas e movimentos de arte em São Paulo.
Desde que chegou a Santo Antonio, decidiu se retirar um pouco e ficou muitos
anos à margem dos acontecimentos relacionados à arte em geral. Está
publicando pela primeira vez nesta cidade, a pedido de seus amigos, uma
amostra de seus poemas.
31. Manhã
Felipe Campos Peres
Sempre de ressaca Com a maquiagem a escorrer seu rosto
Me apaixono por você todas as abaixo
manhãs Mulher, definitivamente eu te amo
Mesmo depois de brigas, pizzas
voadoras
Bebedeiras, sexo e flores
Lanches gordurentos
Garrafas quebradas
Jornais amassados no canto da sala
E pratos sujos na pia
Mesmo depois
De discussões imprevisíveis para nós
E assustadoras para os vizinhos
Quando acordo para ir trabalhar,
sempre atrasado pela manhã
Observo-te, dormindo com o rosto
Achatado no travesseiro
O cachorro, no chão me olha
Observa-me com ternura
Ele sabe também que te amo
Você, com os olhos fechados que
escondem o verde vivo do seu olhar
Mas a plenitude do momento
O lençol enrolado em seu corpo
Suave
Limpo
Perfumado
Mulher minha
Minha pintora, minha artista, minha
inspiração muito louca
Minhas palpitações cardíacas sempre
lembram de você
Estirada ali, entregue ao sono profundo
Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
http://www.esquinadoescritor.com.br/beco_do_crime/index.asp?area=p
erfil&id_escritor=220
32. Tudo em vão
Felipe Campos Peres
Quadrados e bolas estúpidos
E retângulos e mais triângulos Geladeiras quebradas
Isósceles ou não Fogões desregulados
Linhas tênues e inimagináveis Lápis, tênis e cadarços sem serventia
Voltas redondas e desajeitadas Calendários do século passado
Espirais, margeando círculos Calculadoras sem pilha
Formas variadas, mendigos Controles remotos sem função
Pombos, crianças de rua Pessoas gordas
Putas Gatos gordos
Advogados Patos fumantes
Trapezistas e atletas Sapos com bóia de braço
Médicos condenáveis Raios que caem do céu
Bons médicos salvadores Papelão que serve de véu
Asfalto e árvores Abelhas regurgitando mel
Mais asfalto do que árvores, é verdade O seu cu sobre a latrina
Céu azul em dias nublados Fazendo o que devia
Nuvens azuis em céus nublados em Tanta tristeza é uma ironia
dias nada comuns E minha escrivaninha, sem motivos
Atores, carros, diamante e lixo Está ali à minha espera
Sacolas plásticas e carrinhos de Pêra feia e descascada
supermercado Pneu de borracha derrapando
Caixotes tristes, deixados ao leu Papéis higiênicos
Jornais amassados de forma E isso não é tudo
melancólica Humanos
Pratos empilhados na pia Gavetas, escadas rolantes, mesas de
Sujos toda vida canto
Panos execrados Máquinas de escrever
Santos de olhos tapados Bombas, vapor
Sarjetas escarradas As cidades
Carroças sem cavalos Ondas nos campos
Gramado seco e cru Cercas de arame farpado nas areias das
Poste esquisito, efêmero e nu praias
Carne crua fritando na grelha sem fogo Hotéis sem noção
ou brasa Janelas melequentas
Portas que se abrem sem razão alguma Tudo em vão...
Cérebros e fetos dispostos em potes
Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
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33. Pura poesia concentrada
Felipe Campos Peres
Eu vejo bundas passarem por mim
Bundas de todos os tipos, masculinas e
femininas
Reparo sempre nas femininas
Que passam acompanhadas
Ou desacompanhadas
Há bundinhas lindas e redondas
Outras murchas e achatadas
Há bundas desengonçadas,
extravagantes
Bundas disformes e tímidas
E outras até quadradas
Bundas vivas em nuances noturnos
Sob lençóis, sobre lençóis
Existe aquela bunda que masca
calcinha
E outra que caminha toda arrebitadinha
Tem aquelas generosas que se cobrem
com saias curtas
E não
Usam calcinha
Bunda bunda viva a bunda
Não é questão de machismo
É apenas a constatação do belo
Andar de uma bunda
Do caminhar de todas elas
Do sentar, do levantar e do rodopiar
Não é questão de glúteos, propriamente
dito
Nem de academia
É uma questão de beleza
Pura poesia concentrada
Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
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34. Leão Serpente Dinossauro
Felipe Campos Peres
Meu nariz é uma sanfona E os morcegos continuam me mordendo
Enquanto um carro cruza o sinal Uma nuvem se forma e vira um tanque de
vermelho guerra
Escalando a parede do meu banheiro A viagem é muito louca!
A chuva cai lá fora em cores tons nunca E agora meus ouvidos são furacões
imaginados abusados que rodam sem parar
E o presidente Obama é o mais novo Me recomponho, atendo a campainha
reforço É o sorveteiro, que logo me pergunta:
Pro ataque do Corinthians “Cadê a giganta?”
Gavetas se abrem freneticamente E eu respondo:
De onde saem bichos nunca vistos “Não sei, estava aqui agora mesmo”
antes: O sorveteiro, então
Uma epiléia furtuosa com chifres Me dá de cortesia, um picolé de orelha de
avançados... bode
Um tratodonte azul da Indonésia com Vira as costas e se vai
sua pança majestosa... E eu, na minha loucura infinita,
E um besouro com um zóio na testa Continuo bebericando meu mai tai...
inventado
Por Aleister Crowley em frente ao lago
Ness no
Começo do século passado
Garfos, facas e pratos dançam um
tango argentino
E a cortina da sala está insatisfeita com
seu salário
Rachaduras cortam o chão
Cuspindo cerveja de qualidade
Tenho dificuldades para me manter de
pé
Então me deito bem próximo a um
formigueiro
O mundo está alagado...
As calotas polares estão derretendo...
Meu cérebro quase já não presta...
Felipe Campos Peres: 26 anos. Jornalista, escritor, poeta. Participou da
primeira edição do Intervenha realizada na praça São Cristóvão em Santo
Antônio da Platina no dia 9 de abril de 2011.
Conheça mais do trabalho de Felipe Campos Peres acessando:
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35. Clausura
Flávio Cuervo
Vivemos na constante rotina
De sermos limitados.
Estranhamente acasos nos controlam
Sentindo em nossas faces o beijo
Desagradável do destino.
Quando expomos nossas fraquezas
Somos enclausurados em buracos
Para que deste modo possamos ver
apenas
Uma parcela do infinito céu que nos
rodeia.
Se sou verde, me cobram azul
Sou azul para poderem sorrir
E me cumprimentarem durante a manhã
Com ridículos, “Bom dia”.
Devolvam-me a inocência
Quando tinha ainda por deuses
Somente meus pais
E por mundo meus amigos invisíveis.
Enclausurados em regime de silêncio e
imbecilidade
Tratados a choques e lavagens
cerebrais
Por uma máquina fascinante e viciante
Chamada televisão.
Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
36. ELEMENTOS
Flávio Cuervo
DA TERRA BROTA-SE A VIDA QUE DO FOGO, DA ÁGUA, DA TERRA E
SINGELA E DELICADA DO AR
FEZ-SE UNO
SEMENTES LEVANTAM-SE DA COMANDANTE DE SUA DIMENSÃO
ESCURIDÃO DO SUBSOLO TENDO ACIMA DE SI, SOMENTE DEUS.
ESTICAM-SE E CONFORTAM-SE AO
SENTIREM A LUZ DO SOL
DO CÉU DERRAMA-SE A VIDA
RICA E AGRADÁVEL
GOTAS DESPENCAM-SE COMO
DÁDIVAS E ENCANTOS
FECUNDANDO O SOLO E DANDO
ALÍVIO AOS ESPERANÇOSOS
DO ESTRONDO FAZ-SE A VIDA
FASCINANTE E LIMITADA
CHAMAS CONSOMEM A ENERGIA
QUE SE HÁ
DA EXPLOSÃO ORIGINOU-SE O
COSMOS QUE MORAMOS
DO TODO FAZ-SE A VIDA
OFEGANTE E ESSENCIAL
VENTOS QUE SOPRAM SEM LIMITES
E SEM RUMO
TENDO O AR COMO ESSÊNCIA
PRINCIPAL, NUM MUNDO CHAMADO
TERRA
AO HOMEM A GLÓRIA DA VIDA
Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
37. Absinto
Flávio Cuervo
Um beijo doccccce
De alcaçuzzzzz
Vôo até a verde luz.
Volto transformando
A ciência
E o reverso.
Aquarela
Plenitude
Doce
Fada
Luz.
INDIGENTE
Flávio Cuervo
BEBEU, BEBEU, BEBEU... AMIGOS SÃO OS RATOS
COMIDA É SEU OBJETIVO
AGORA ESTÁ CAÍDO. BEBIDA É SEU ABRIGO.
SUA CAMA É A CALÇADA SERÁ ENTERRADO SEM VELÓRIO
SEU LIMITE É A SOLIDÃO SEU NOME AGORA É INDIGENTE.
VAGABUNDO É SEU NOME DOS VERMES SERÁ COMIDA
PRAS CRIANÇAS LOBISOMEM PRAS FORMIGAS SERÁ BEBIDA
PRA POLÍCIA DIVERSÃO. SEM DEIXAR DESCENDENTES.
EM SUA CABEÇA NADA PASSA MAS NUNCA ROUBOU NEM SEQUER MATOU.
POIS JÁ MORA NA DESGRAÇA ÓCULOS E GRAVATA NUNCA USOU.
TALVEZ VIVER COMO ANIMAL SEU PASSATEMPO FOI A ESMOLA
SEJA EMOCIONANTE E FENOMENAL SUA VIDA ESTÁ POR UM FIO
PRA QUEM TEM A LOUCURA COMO
DOUTRINA. SEU PAÍS É O BRASIL.
CULTOS SÃO SEUS PIOLHOS
Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
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melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
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38. Balada do Vampiro
Flávio Cuervo
À meia-noite vou acordar
E ao abrir os olhos vou notar
Que num caixão vou estar.
Ao levantar me lembrarei
Do dia que despertei
E sangue tomei.
Acho que era muito menino
Para encarar o destino
De ser um vampiro.
Gosto das pessoas seduzir
Depois que minh'alma vendi
E a vida eterna atendi.
Há coisas que são passageiras
Ou que levam a vida inteira
Pois o mundo é uma grande besteira.
Logo, eu sou imortal
Vivo numa vida banal
Que não é do diabo nem sacerdotal.
Espíritos indômitos
Sons afônicos
Gemidos arrepiantes
Numa noite como antes.
Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
39. A SERPENTE
Flávio Cuervo
DE UM LADO ESCURO
A VEJO SURGIR
VESTE LUXÚRIA PURA
NUM VERMELHO ARROGANTE.
TEM NA SUA PELE
O CHEIRO DO PECADO
COM OLHOS DE SERPENTE
E BOCA EM TOM MOLHADO.
SEU JOGO É A SEDUÇÃO
NUMA BATALHA PELO PRAZER
SUAS PALAVRAS EXALAM
BLASFÊMIA
NA HIPINOZE DA PAIXÃO.
NUM PODER DOPANTE
AQUECE MEU ESPÍRITO
EM VIAGENS ALUCINANTES
DENTRO DE UM SER SATÍRICO.
Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
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40. ALMAS GÊMEAS
Flávio Cuervo
Estou com medo
De um passado silencioso
De um presente passageiro
De um futuro duvidoso.
Palavras não me veem
Apenas lágrimas brotando
Solidão a flor da pele
E uma alma murchando.
Não sei se é depressão
Ou coisas da loucura
Querer ser feliz
E não saber a cura.
Dessa coisa chamada covardia.
Quero gritar, gritar
E ouvir respostas
Quero correr, correr
E não virar as costas
Quero chorar, chorar
E depois dormir.
Acordar no futuro dos nossos
pensamentos
E ver que o que fizemos valeu a pena
E somos aquilo que sonhamos.
Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
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Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
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41. AMIGOS INFINITOS
Flávio Cuervo
Amigos são pessoas E também chorar.
Que Deus nos envia,
Para que juntos possamos Pois o que seria de nós,
Fazer de nossas vidas, Sem as amizades dos nossos
Algo inesquecível. Amigos infinitos?
Ter amigos é compartilhar
Defeitos e virtudes,
Esperanças e sonhos.
Sonhos que nascem
Da gratidão e do carinho.
Ser amigo é ser estimável,
É ser aberto para a vida.
Infelizes são os solitários
Que morrerão sem memória.
As melhores lembranças
Que herdamos e adquirimos,
São aquelas que passamos juntos
Com nossos eternos amigos.
Amigos que passam a vida inteira ao
seu lado,
Amigos que surgiram, mas sumiram
rapidamente.
Amigos que pegaram o trem,
Amigos que estão nascendo.
Obrigado Deus,
Por ser um amigo,
Por ter amigos,
Por sorrir com eles
Flávio Cuervo, Santo Antônio da Platina, Sul/Paraná, Brazil
• Criador do blog: www.poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com onde publica
seus artigos, poesias, crônicas e contos. • Teve obras classificadas no livro “As
melhores Poesias do Século” onde foi destaque em todos os meios de
comunicação, e no Concurso Literário Internacional de Contos “Energia
Latente” quando se classificou em 6° Lugar. Possui vários diplomas de
Menções Honrosas na área literária. • Foi convidado e ministrou debates em
Escolas Públicas. • Escreveu para vários jornais da sua região e atualmente
publica suas obras no Tribuna Platinense, nos sites www.fastguia.com.br
(Joaquim Távora), www.poesiamix.com.br (Rio de Janeiro) e outros. •
42. A CATEDRAL
Flávio Cuervo
Debruçou, bebeu seu último gole de tequila e caiu com a testa no balcão. Ficou imóvel por alguns
minutos até ser jogado pelos porteiros para fora do bar.
Quando acordou sua boca estava cortada, sua cabeça doía muito e teve a sensação de que seu
corpo estava congelado. Levantou-se com dificuldade, seus pés doíam muito por causa do frio, e
começou a andar pela praça deserta parando somente para vomitar. Dizem que melhora. Teria que
encontrar algum lugar para dormir, pois logo a neve voltaria e com ela mais e mais frio.
Entrou pelo Parque Central e viu vários mendigos tremendo e gemendo pelos cantos. Aproximou-se
de um deles para oferecer-lhe um cigarro, mas aquele homem pálido como a neve o expulsou dali
dizendo que o banco era seu e que ninguém o tomaria.
Christopher tinha um apartamento nem modesto e nem luxuoso, e naquela noite saiu para beber só,
pois havia perdido todos os seus amigos, talvez por sua arrogância de querer ser perfeitamente
normal.
Durante anos, tudo o que havia feito era acordar, trabalhar, trabalhar e dormir. Não fazia sexo há
muito tempo e não sabia mais o que era amor. Digamos que Christopher havia se tornado um
“homo-sapiens” normalmente internauta.
Ao passar pela Catedral de Santa Eduvirges notou que as portas estavam abertas e todas as luzes
acesas. Intrigou-se com aquilo e ficou parado em frente à porta central na dúvida de entrar ou não.
Percebeu então que o padre falava algo que ele não compreendia. Resolveu chegar mais perto e
ouviu perfeitamente:
- “Carpe Diem”. Dizia o padre, que jogava água benta sobre um caixão no centro do altar.
Havia estudado latim durante dois anos na universidade, e aquilo significava: “Aproveite o Dia”.
Quando chegou perto do caixão e preparou-se para olhar o falecido, pessoas ao redor levantaram-
se e numa só voz disseram repetidamente:
- O futuro você não conhece e o passado se foi.
Quando olhou para o caixão não conseguiu raciocinar perfeitamente, pois estava deitado lá dentro e
ao mesmo tempo olhava-se, em pé ao seu lado. Gritou desesperadamente para todos que somente
repetiam:
- “Carpe Diem”.
Christopher correu para a porta central, a fim de sair daquele terrível pesadelo, mas a porta fechou-
se rapidamente, fazendo um enorme barulho que estremeceu toda a catedral. Batia e, inutilmente,
tentava abri-la. Virou-se então para trás e todos haviam sumido, menos seu cadáver.
Caminhou até o centro e ao olhar novamente para seu corpo morto, começou a chorar lamentando-
se por todos os seus erros; por todas as noites de luar que havia perdido enquanto assistia
televisão; pelas crianças carentes que não havia ajudado; pelos filhos que não teve; pelo amor que
não sentiu e pela doçura infantil que sufocou, na ganância monetária dos seus negócios.
Christopher sentiu seu fim quando sua visão apagou, sua respiração cessou e sua mente deixou de
existir.
Conto classificado em 6º lugar no Concurso Internacional de Outono.
43. Fábrica de anjos
Celso Felizardo Junior
Dois meses se passaram
E agora eu percebi
Que você esta comigo
De repente tudo mudou
Meu mundo não é mais o mesmo
O que farei com você?
Não quero ser chata
Mas vou te apertar
Até que você não aguente mais
E não vou ouvir seus gritos
Porque você é pequeno demais
Não quero você ao meu lado
Só me deixará se for morto
E quando chegar a hora
Darei meu sangue para que morras
Logo, sem demora.
Hoje mais um anjo acaba de nascer,
Será que ele queria viver?
Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa,
música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
44. O Muro
Celso Felizardo Junior
Existe um campo florido
De brancas pétalas pálidas
Onde o orvalho qual uma lágrima
Vai ao chão pela pessoa amada.
Ali dentro moram
A coragem e a virtude
A promessa e a certeza
O amor, a alegria e até
Uma certa tristeza.
II
Do outro lado existe um pântano
sombrio
De rosas negras venenosas
Com grandes árvores feiticeiras
Habitado por almas invejosas.
Já me sinto como seu morcego
Que ninguém sabe o que sente
E quando vai dormir
Sempre vê o mundo
De um jeito diferente.
III
Estou perdendo o equilíbrio em cima
desse muro
Só não sei ainda, para que lado cairei
quando chegar o fim
Será do lado dos Bonns, ou do lado de
Berlim?
Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa,
música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
45. O Ouro dos Aztecas
Celso Felizardo Junior
O dízimo dizimou os índios
A ignorância queimou os sábios
Essas cenas se repetem todo dia
Mas você não quer nem saber
Nós aguardamos sentados
o ímpio ajoelhado cometer
seu próximo pecado
Um beijo traidor, não no rosto
Mas em nosso solo sagrado
O vermelho de seus trajes
Não veio do corante de nossas árvores
Mas do sangue de nossos índios
O terceiro mundo não guarda rancor
Mas aceite, ele é seu credor.
Celso Felizardo Júnior, jornalista com interesse em cultura alternativa,
música e viagens. Criador do endereço blogtarjapreta.blogspot.com
46. Criança mimada
Antônio Altvater
Criança mimada, tapada, calada
Esmola tua grana, resmunga a mesada
Apaga teu fogo no seu aconchego
Se esconde no muro do certo, do medo
Afoga o incerto e teus devaneios
Num copo barato, num porre certeiro
Um murro na face, um tiro no escuro
Amado no limbo, limado sem rumo
A tua certeza é uma certa piada
Vivendo a Circense da tua cruzada
Chacota, esculacho, atrás de pancada
Empresta um sorriso e vende a tua alma
Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço
sessaosonora.blogspot.com
47. Só se atrasa quem tem pressa
Antônio Altvater
Segunda acorda
Desperta relógio
Matando a demora
O minuto o próximo
O dia um outro
Mais outra semana
Que passa e a cama
Me chama bem longe
Ou dorme ou come
Ou come ou morre
Sentindo setembro
Em oito de outubro
O prazo se acaba
Sem pausa só pressa
Só sei que o atraso
E de gente com pressa
É quem tem pressa
Domingo se encerra
Acorda segunda
Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço
sessaosonora.blogspot.com
48. Escrever é preciso
Antônio Altvater
Escrever as vezes é preciso
Como comer, dormir e acordar
Na timidez se torna um risco
Do riso tolo de quem debochar
Traçar linhas do fim ao princípio
Criar livros na fuga de si
Escrever sem manchar uma linha
É preciso saber se imprimir.
Por mais que os medos tomem o
homem
É a coragem que o tomou a sonhar
Mais vale ser o claro e veloz do raio
Do que um nebuloso eclipse lunar
Para que esconder pensamentos?
As angústias que qualquer um tem
Escrever é conversar com si mesmo
Melhor isso do que falar pra ninguém
Antônio Veiga de Freitas Altvater, músico, compositor e criador do endereço
sessaosonora.blogspot.com