Carta do Reitor-mor P. Ángel Fernandez Artime SDB
O tema da Estreia de 2018 nos convida, como Família Salesiana, a nos exercitarmos na arte da ESCUTA e do ACOMPANHAMENTO dos JOVENS.
CONTEXTO ECLESIAL: esse compromisso está das perspectivas pastorais do próximo Sínodo Geral dos Bispos – Roma de 03-28 de Outubro de 2018.
2. O tema da Estreia de 2018 nos convida, como Família Salesiana, a nos
exercitarmos na arte da ESCUTA e do ACOMPANHAMENTO dos JOVENS.
CONTEXTO ECLESIAL: esse compromisso está das perspectivas pastorais
do próximo Sínodo Geral dos Bispos – Roma de 03-28 de Outubro de
2018.
TEMA: «Os jovens, a Fé e o Discernimento
Vocacional»
A Família Salesiana aproveita a ocasião desse evento
eclesial para aprofundar dois compromissos do Sistema
Preventivo: ESCUTAR e ACOMPANHAR os jovens.
O TEXTO INSPIRADOR DA PEDAGOGIA DO
ACOMPANHAMENTO da Estreia é: João 4,2-42 - A
Samaritana
OBS> Para melhor aprofundar o tema da ESTREIA 2018, vale a pena ler a II e a III parte do documento em
preparação ao Sínodo 2018 – “Jovens, fé e discernimento Vocacional”
3. I. UM ENCONTRO SIGNIFICATIVO
1.1. Introdução:
O encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4,3-42) é decisivo!
O modo como Jesus se relaciona com ela, gera nela profunda
consequências positivas: muda a sua vida, o seu futuro, o seu
dinamismo, o sentido de sua vida.
O ponto de partida é uma necessidade material de
ambos: a sede!
Jesus encontra-se numa situação de impotência e
vulnerabilidade diante de uma necessidade concreta.
Para a mulher samaritana ele é um forasteiro, tem
sede, não tem um balde à disposição e tirar água
daquele poço profundo é algo impossível.
4. 1.2. Situação da mulher:
Marcada por experiências negativas;
Vive uma situação de vida “irregular”
(matrimônio);
É muito desconfiada;
Tem ideias religiosas fixas, exteriores,
pouca experiência de Deus;
Tem barreiras e preconceitos culturais
e religiosos;
5. 1.3. A postura de JESUS:
Não tem medo de transgredir os padrões culturais e religiosos;
Inicia um diálogo sério e provocante com aquela mulher;
Faz do campo aberto um lugar de
encontro com Deus, de evangelização;
Através do diálogo vai, aos poucos se
revelando;
Escuta com paciência;
Reorienta, corrige, adverte, provoca,
estimula...
6. 1.4. Orientações Pedagógico-pastorais:
Jesus é mestre que tem a arte da escuta;
“Precisamos de nos exercitar na arte de escutar, que é mais do que ouvir.
Escutar, na comunicação com o outro, é a capacidade do coração que torna
possível a proximidade, sem a qual não existe um verdadeiro encontro
espiritual”. (Papa Francisco - EG 171)
A escuta só é possível quando acontece um encontro, como ponto de
partida, condição inicial;
O encontro é oportunidade de relação humana e
de humanização; sinal de vida em plena liberdade;
O encontro humanizante só é possível com um
olhar respeitoso e cheio de compaixão, que
cura, liberta, anima e favorece do amadurecimento
da vida cristã (cf. EG, 169)
7. Um encontro respeitoso gera efeitos positivos:
Favorece a abertura ao outro.
Dá atenção à pessoa;
Acompanha a pessoa em suas buscas;
Aproxima-se do mundo da pessoa;
Acolhe sua condição existencial: lutas, alegrias, conquistas,
fragilidades, sofrimentos, expectativas, conflitos, tensões,
dúvidas...
A acolhida, que favorece a escuta; A ACOLHIDA é o ponto de
partida para acompanhamento...
O acompanhamento é um caminho de escuta, diálogo, confronto,
esclarecimento, discernimento, formação, crescimento...
O nosso olhar de educadores salesianos deve levar-nos a perceber e
a acolher aquilo que de POSITIVO TEM NO CORAÇÃO de cada jovem.
8. II. UM ENCONTRO QUE IMPULSIONA A
PESSOA
“Jesus respondeu: «Se conhecesses o dom de
Deus e quem é aquele que te diz: “Dá-me de
beber”, tu lhe pedirias e ele te daria água viva».
A mulher disse: «Senhor, não tens sequer um
balde, e o poço é fundo; de onde tens essa água
viva?» (...).
Jesus respondeu: «Todo o que beber desta água, terá sede de novo;
mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede. (...). “A
mulher disse então a Jesus: «dá-me dessa água, para que eu não
tenha mais sede»” (Jo 4,10-15).
9. 2.1. As atitudes de Jesus
- Se mostra como mestre de sabedoria e hábil
conversador;
- Se serve de todos os recursos da palavra – conversação
e gestos – para se comunicar e dar manutenção ao seu
encontro com a pessoa;
- Apesar da tensão não perde a calma;
- Não emite um juízo moral de desaprovação ou repreensão;
- Não acusar, mas dialoga e propõe;
- Usa uma linguagem acessível e direta, fala com o coração;
- Não é omisso no discernimento necessário. Por isso provoca!
- RECURSOS que Usa: faz perguntas, dialoga, explica, narra, observa,
esclarece, explica, provoca, sugere, afirma, caminha para uma meta (o
interior da pessoa);
- Jesus não perde a coragem, não se dá por vencido diante das resistências
iniciais;
10. 2.2. Nossa atenção ao mundo juvenil
Considerar o contexto sócio-cultural do mundo em que vivem os
jovens hoje: qual “patrimônio trazem consigo” (família, questões
existenciais pessoais, condicionamentos...);
A educação deve estimular, favorecer ou ajudar o discernimento.
2.3. TRÊS VERBOS IMPORTANTES
O Documento preparatório do Sínodo 2018 sobre os jovens, nos propõe três
compromissos importantes no processo de discernimento:
reconhecer,
Interpretar
escolher.
11. 2. INTERPRETAR
A direção para onde Deus aponta;
Comporta atitude de paciência, vigilância, aprendizagem...
É preciso confrontar-se com a realidade e, ao mesmo tempo, estar ciente dos
próprios dons e das próprias possibilidades;
- A tarefa de interpretar NÃO É POSSÍVEL:
Sem um verdadeiro diálogo com o Senhor (oração);
Sem estimular todas as capacidades da pessoa (corresponsabilidade);
Sem a ajuda de uma pessoa experta na escuta do Espírito (discernimento).
1. RECONHECER à luz do Espírito
A riqueza do ser humano, apesar dos “altos e baixos da
vida”;
A riqueza das emoções humanas;
A necessidade do encontro e suas consonâncias e
dissonâncias (concordar e discordar para educar);
O que é de mais profundo no coração das pessoas;
A necessidade do caminho de amadurecimento pessoal.
12. 3. ESCOLHER
- O processo do discernimento deve promover uma decisão
vocacional;
- Leva em conta o exercício de autêntica liberdade humana e de
responsabilidade pessoal;
- A escolha comporta autonomia da pessoa, não dependência (a
samaritana seguiu sua vida);
- A escolha livre e responsável exige coerência de vida;
- A escolha exige continuar o processo de
amaduramento da fé e de crescimento
humano pessoal;
“somos chamados a formar as consciências, e
não a pretender substituí-las” (Papa Francisco)
13. 3.3. Exigências do acompanhamento:
- Conhecer a situação em que se encontra a pessoa;
sabendo o rumo de sua vida;
- Promover de um encontro como início de uma
relação humanizante, não utilitarista;
- Cultivar a atitude de escuta (da situação
existencial concreta do outro);
- Assumir o papel de mediação (instrumento): o verdadeiro Acompanhante é
o Espírito Santo;
- Agir com fidelidade e discrição, permanecendo ao lado, caminhando com...
(Lc 24);
- Estimular no outro a percepção da presença divina nele;
- Promover o sentido da responsabilidade e da liberdade pessoal (não gerar
relação de dependência! – autonomia);
- Estimular caminho, processo, crescimento, profundidade... a meta é a
plenitude de Cristo, “homem perfeito”
14. III. UM ENCONTRO QUE TRANFORMA A VIDA
3.1. O acompanhamento transforma a pessoa
- A mulher samaritana, após o acompanhamento, se torna
missionária, testemunha;
- Mediante o seu testemunho, muitos se aproximam e passam a
crer em Jesus;
- Ela retorna à sua vida cotidiana mas
com um sentido diferente;
- Deixa-se guiar pelo Espírito de Deus;
- Era frágil, confusa e desconfiada, saí
alegre correndo e convicta.
15. 3.2. Pistas de Jesus para o acompanhamento:
- Cultivar um olhar amável (cf. Jo 1,35-51);
- Ter uma palavra autorizada, séria, profunda (cf. Lc 4,32);
- Ter a capacidade de fazer-se próximo (Jo 4,3-34. 49-42);
- Optar por caminhar junto, fazer-
se companheiro de estrada, como
Jesus com os discípulos de Emaús
(Lc 24,13-35).
16. IV. EM VISTA DE QUAL AÇÃO PASTORAL?
Alguns pontos estratégicos (ou pontos-chave) da espiritualidade
salesiana.
Caminhar com os jovens, com as famílias, com os pais e com as mães,
que precisam percorrer este caminho;
Oferecer oportunidades a todos os jovens, sem excluir ninguém, pois o
Espírito está em ação em cada um deles;
Estimular o senso de
corresponsabilidade da comunidade
educativo-pastoral;
Capacitar educadores adultos que sejam
pessoas de referência, significativas e críveis...
Usar meios adequados de acordo com a
sensibilidade dos jovens de hoje.
17. Obrigado!
Síntese e formatação:
Dom Antônio de Assis Ribeiro – SDB
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belém
- Referente para o Setor Juventude – CNBB REGIONAL NORTE 2
www.facebook.com/domantoniodeassis