A civilização egípcia surgiu em torno de 3100 a.C. com a unificação política do Alto e do Baixo Egito feita pelo primeiro faraó, Menés, e se desenvolveu ao longo dos três milênios seguintes. Sua história é dividida em três grandes períodos: Antigo, Médio e Novo Império, marcados pela estabilidade política, prosperidade econômica e florescimento artístico, separados por períodos de relativa instabilidade conhecidos como Períodos Intermediários.
A Núbia floresceu ao sul do Egito, entre a primeira e a sexta catarata do Rio Nilo. Ela foi um importante elo entre os povos da África Central e os do mar mediterrâneo.
No interior do território da Núbia formou-se o Reino de Kush. Conforme provas arqueológicas, a história de Kush está estreitamente ligada a do Egito. Foram achados um grande número de produtos egípcios encontrados em terras núbias, e vice-versa.
2. Por volta de 5000 a.C, os habitantes das
margens do Rio Nilo aprenderam a canalizar
suas águas e deram início as atividades de
agricultura e pastoreio em volta de suas
aldeias.
Com base na observação da natureza criaram
um calendário com três estações de 4 meses:
o período das cheias, da semeadura e da
colheita.
No mês de julho, as cheias inundavam as
terras nas margens do Rio Nilo, e quando as
águas retornavam ao leito, deixavam a terra
coberta de húmus (matéria orgânica),
3. Afresco mostrando camponês egípcio retirando água do rio Nilo para irrigação. Esta
representação, pertencente à 19ª dinastia egípcia, foi encontrada na Tumba de Ipi, em
Dayr al-Madinah.
4.
5. Os egípcios desenvolveram um sistema de irrigação complexo, que levava ás águas do Nilo, por
meio de canais, até aos campos. Os lavradores utilizavam arados puxados por animais para
revolver as terras lodosas. Em seguida, soltavam carneiros e cabras que, pisoteando o terreno,
ajudavam a enterrar as sementes. Havia também um aparelho simples, ─ o shaduf (ao fundo, à
esquerda) ─ para tirar água de rios ou de poços.
6. Por meio de disputas e/ou alianças para conseguir
terra e poder, as aldeias às margens do Rio Nilo
foram se agrupando em nomos, unidades
administrativas chefiadas por nomarcas.
A divisão do território por nomos permaneceu por
toda a história do Egito Antigo.
Com o tempo, lutas e alianças entre os nomarcas
acabaram gerando dois grandes reinos: O Alto
Egito (localizado no sul) e o Baixo Egito (localizado
no Norte).
Esses reinos permaneceram separados até por
volta 3100 a.C, quando, segundo a tradição, um
personagem chamado Menés, Rei do Alto Egito,
conquistou o Baixo Egito e fundou o Império
7. Menés se tornou o primeiro imperador faraó
(modo como os antigos egípcios chamavam o
Rei) e o fundador da Primeira Dinastia
(sucessão de reis da mesma família).
A história política do Egito é dividida em três
períodos, entremeados por fases de
enfraquecimento do poder dos faraós. Esse
enfraquecimento geralmente decorria de
desorganização do Estado, de revoltas contra
impostos abusivos e de lutas internas entre
os nomarcas.
Esses períodos são: Antigo Império, Médio
Império e Novo Império.
8. Durante esse período o Império Egípcio esteve
dividido em 42 nomos, administrados por
nomarcas que deviam obediência aos faraós
reinantes.
Inicialmente a capital era Tinis. A partir da
terceira dinastia passou a ser Mênfis, cidade
construída no delta do Rio Nilo, especialmente
para este fim.
O Antigo Império foi um período de relativa
estabilidade econômica e política, parte da
riqueza proveniente dos impostos recolhidos
foi usada para construir as colossais pirâmides
na cidade de Gizé: Quéops, Quéfren e
9. Por volta de 2040 a.C, os governantes da cidade de
Tebas tomaram o poder e reunificaram o Egito, dando
início ao Médio Império, um período de grande brilho
da civilização egípcia.
Os faraós desse período incentivaram a atividade
econômica, intensificando seu comércio com a Núbia,
região situada ao sul, rica em minerais e habitadas por
povos negros.
Durante o Médio Império, o governo egípcio ordenou a
construção de um palácio – o Labirinto – e o Lago
Méris, um enorme reservatório. Depois, disputas pelo
poder entre os próprios egípcios enfraqueceram o
Estado, facilitando a penetração dos hicsos, um povo
da Ásia Central que invadiu o Egito por volta de 1570
a.C e o dominou por + 170 anos.
10. O Novo Império se iniciou com a vitória sobre
os hicsos e a reunificação do Egito.
Após construir um poderoso exército formado
de infantaria e cavalaria e apoiado por carros
de guerra, os egípcios conquistaram o Reino
de Kush, na Núbia, ao sul, a Fenícia, a
Palestina e a Síria, a nordeste e estenderam
seus domínios até o Rio Eufrates, na
Mesopotâmia, a leste.
A partir daí, o Egito estabeleceu um grande
comércio com todas essas regiões e com a
Ilha de Creta.
11. O controle sobre rotas comerciais e povos
rendeu aos egípcios riquezas enormes, como
testemunham os templos de Luxor e Karnac,
erguidos na cidade de Tebas, capital do Egito na
época.
As revoltas da maioria da população egípcia
contra os impostos abusivos e o trabalho
forçado, bem como as disputas internas e a
reação dos povos dominados, levaram ao
enfraquecimento do Estado que, em 525 a.C foi
conquistado pelos persas.
Desde então, foi dominado por vários outros
povos: gregos e romanos, na Antiguidade,
árabes muçulmanos, na Idade Média, e
britânicos, no século XIX. Somente em 1922, o
14. Estátua do faraó
Ramsés
A vida social
A sociedade egípcia era
rigidamente estratificada e
com pouquíssima mobilidade
social.
O faraó era considerado por
todos um Deus vivo. Era a
maior autoridade
administrativa, religiosa e
militar do império. Era
também dono de quase
todas as terras, possuía
muitos funcionários, e
recebia enormes
quantidades de impostos.
Sua figura era tão
respeitada que os súditos
não poderiam se referir a
15. Abaixo dos faraós estavam os altos
funcionários e os sacerdotes. Entre os altos
funcionários estavam o vizir e os escribas.
O vizir supervisionava a polícia, a justiça e a
cobrança de impostos. Os escribas
registravam os impostos arrecadados, as áreas
cultivadas, o volume da colheita, os rebanhos,
etc.
Os sacerdotes constituíam um grupo
poderoso e rico, cuja riqueza vinha das terras
que possuíam, e das oferendas feitas aos
deuses nos templos sob sua responsabilidade,
tinham além disso, milhares de trabalhadores a
seu serviço.
16. • Artesãos, comerciantes e militares: Os artesãos
egípcios faziam e colocariam o vidro (acredita-se que os
egípcios foram inventores do vidro); Além disso
trabalhavam com couro, bronze, papiro, etc. Com as
conquistas e expansão do Império aumentaram muito o
número de comerciantes. Os militares se fortaleceram
durante as guerras de conquistas. A maioria deles lutava
em troca de terras e outras riquezas tomadas dos vencidos.
• Camponeses: Os camponeses – chamados de felás –
constituíam a maior parte da população e viviam
pobremente. Trabalhavam nas propriedades dos
sacerdotes, dos altos funcionários, e a qualquer momento
poderiam ser convocados para trabalhar na construção de
obras públicas. Sobrava-lhes muito pouco por que tinham
que entregar impostos altíssimos para o Estado.
• Os escravos eram obtidos nas guerras de conquistas e
utilizados em serviços pesados como trabalho nas
18. Camponês egípcio arando o campo com ajuda de uma junta de bois, enquanto
sua esposa o segue lançando sementes à terra.
19. Os antigos egípcios eram politeístas, com deuses que tinham
forma humana (Osíris), humana e animal (Hórus, homem com
cabeça de falcão), ou somente forma animal (Anúbis, que
tinha a feição de um chacal).
Também cultuavam o sol com o nome de Rá. Quando a
capital do império foi transferida para Tebas, Rá foi
identificado como o deus tebano Amon, surgindo então
Amom-Rá, e os egípcios passaram a vê-lo como o “rei dos
deuses” e criador do Universo.
Osíris era o mais popular dos deuses egípcios que
acreditavam que ao morrer, todo indivíduo deveria
comparecer ao Tribunal de Osíris, para ser julgado. Lá, em
um dos pratos da balança devia ser posto o coração do morto,
e no outro, uma pena. Se o coração tivesse peso igual ou
menor que o da pena, o indivíduo seria salvo por Osíris, e iria
para os Campos da Paz, onde conviveria com outras almas
iluminadas, caso contrário, iria para uma espécie de
20. Durante o Novo Império, o faraó Amenófis IV
promoveu uma reforma religiosa radical: aboliu o
culto a vários deuses e implantou o monoteísmo ao
deus Aton, simbolizado pelo disco solar. Amenófis
IV mudou seu nome para Akhenaton, “servidor de
Aton” e fundou uma nova capital, Iketaton que
significa, “lugar da glória efetiva de Aton”.
Akhenaton tentou limitar o poder dos sacerdotes que
administravam os templos politeístas. Sua reforma
religiosa, porém, não prosperou, seja pela força dos
sacerdotes, seja por causa da popularidade dos
deuses egípcios. Com sua morte, restabeleceu-se o
politeísmo no Egito.
21. Nefertiti, nasceu em 1380 a.C, e foi uma das
mais importantes figuras egípcia da XVIII
dinastia. Foi rainha e a esposa principal do
faraó Amenófis IV ou Amenhotep IV (mais
conhecido como Akhenaton), que substituiu o
culto politeísta egípcio pelo monoteísmo.
Feito isso, o faraó impôs a adoração aos rei-
sol Athon como a única forma de culto. A
rainha Nefertiti seguiu a religião, conhecida
como Atonismo, imposto pelo marido. Alguns
estudiosos do Egito Antigo afirmam que ela
governou o Egito durante dois anos, logo
após a morte de Akhenaton.
O nome Nefertiti significa "a mais Bela
chegou", mas não é por causa disso que os
historiadores sabem que ela era realmente
belíssima. Sabem por causa de seus bustos de
calcário, com sua face esculpida, encontrados
nas escavações feitas na cidade de Tel el-
Amarna.
22. Tutancâmon (1336 a 1327 a.C.) era filho e
genro do faraó Amenófis IV ou Akhenáton
(que instituiu o monoteísmo e o culto de
Aton, o deus Sol) e filho de Kiya, uma esposa
secundária de seu pai. Casou-se aos 8 anos,
provavelmente com sua meia-irmã,
Anchesenamon. Assumiu o trono quando
tinha cerca de nove anos, restaurando os
antigos cultos aos deuses e os privilégios do
clero (principalmente o do deus Amon de
Tebas). Morreu, provavelmente, em 1324 a.C.,
aos dezenove anos, sem herdeiros e com
apenas nove anos de reinado.
Devido ao fato de ter falecido tão novo, o seu
túmulo não foi tão suntuoso quanto o de
outros faraós, mas mesmo assim é o que mais
fascina a imaginação moderna pois foi uma
das raras sepulturas reais encontradas quase
intacta. Ao ser aberta, em 1922, ela ainda
continha peças de ouro, tecidos, mobília,
armas e textos sagrados que revelam muito
sobre o Egito de 3.400 anos atrás.
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25.
26. A transformação do corpo de um morto em múmia
dependia das posses. Os mais pobres geralmente
enterravam seus mortos na areia do deserto. Já os
ricos, eram mumificados por técnicos
especializados nesse ofício.
A múmia era colocada dentro de vários sarcófagos,
um maior do que o outro, e conduzida ao túmulo.
Junto dele os egípcios deixavam uma variedade de
objetos: alimentos, cadeiras, armas, estátuas e
joias – considerados necessários ao morto. Além
disso deixavam textos que o morto deveria usar
para pedir sua absolvição a Osíris. Posteriormente,
esses textos foram reunidos em um conjunto único:
O livro dos mortos.
28. Os antigos egípcios praticaram uma arte monumental,
solene e marcada pela religiosidade.
Na arquitetura destacam-se as pirâmides de Gizé e os
tempos religiosos como os de Abu-Simbel.
Na escultura, predominavam as estátuas rígidas,
solene e de rosto sereno e braços cruzados sobre o
peito ou estendidos. Os escultores egípcios acreditavam
que além de conservar o corpo do morto, ainda
deveriam imortalizá-lo através da escultura fiel a suas
características físicas.
Na pintura retratavam diversos aspectos da vida social.
Suas obras obedeciam a regras rígidas, entre as quais a
da frontalidade, pela qual, os olhos e tronco são
mostrados sempre de frente para o observador,
enquanto a cabeça, as pernas e os pés aparecem de
29. Da Esquerda para a Direita:
Miquerinos – 103 m
Queops – 146 m
Quéfren – 143 m
Alinhamento perfeito da grande
pirâmide com os pontos cardeais.
Miquerinos
Queops
Quéfren
30. Ao se observar as pirâmides por cima, casualmente veremos como são
alinhadas exatamente da mesma forma em que estiveram alinhados os
planetas Saturno, Vênus e Mercúrio, em dezembro de 2012.
Quéfren
Queops
Miquerinos
33. As ciências egípcias buscaram resolver problemas
práticos, como calcular uma área de construção,
prever a periodicidade das cheias do Nilo, e
encontrar a cura para doenças.
Na Matemática, os egípcios aprenderam a operar
com as três das quatro operações fundamentais:
Soma, subtração e divisão, embora não tivessem
símbolo para o zero, foram os inventores do
sistema decimal.
Na Medicina, dominaram conhecimentos de
anatomia humana, reconheceram a importância do
coração e seu relacionamento com outros órgãos,
desenvolveram técnicas de como tratar fraturas,
anestesiar o paciente, realizar pequenas cirurgias,
35. A África também foi berço de civilizações antigas, entre
as quais estão a Egípcia e a Núbia;
A Núbia floresceu ao sul do Egito, entre a primeira e a
sexta catarata do Rio Nilo. Ela foi um importante elo
entre os povos da África Central e os do mar
mediterrâneo.
36. No interior do território da Núbia formou-se o Reino de Kush.
Conforme provas arqueológicas, a história de Kush está
estreitamente ligada a do Egito. Foram achados um grande
número de produtos egípcios encontrados em terras núbias, e
vice-versa.
Por volta de 1530 a. C. o Reino de Kush foi conquistado pelos
egípcios. Mais tarde, ocorreu o contrário e os cuxitas deram início
à XXV Dinastia, conhecida como Dinastia dos Faraós Negros,
no Egito, que reinou de 730 a.C. até 657 a. C.
Os cuxitas construíam diques para represar a água do Nilo e
canais para levá-la a lugares mais distantes, proporcionando o
desenvolvimento da agricultura, da pecuária e a formação de
aldeias que desencadearam o processo de formação do Reino de
Kush que, apesar de ter grande contato com o Egito, preservou a
sua originalidade no (a):
• Sistema de Escolha do Rei;
• Papel das Rainhas-Mães;
37. Se no Egito, o filho sucedia o pai no trono, em Kush, o rei era
escolhido de modo bastante peculiar.
Inicialmente, os lideres das comunidades elegiam aquele que
consideravam o mais preparado para exercer a liderança.
Depois, lançando sementes ao chão, perguntavam aos deuses
da cidade se concordavam com a escolha, e pelo desenho que
se formava ficavam sabendo da resposta. Essa consulta ao
deus legitimava a escolha. O escolhido era homenageado com
uma procissão que terminava com a festa de coroação do novo
rei.
O rei tinha uma guarda permanente para protegê-lo, e era
auxiliado por um grupo de altos funcionários, como o chefe do
tesourou, o escriba-mor e o comandante militar.
No Reino de Kush os militares eram valorizados, coisa
previsível tendo o poderoso Egito como vizinho. Em caso de
necessidade, todos os homens eram convocados para as
guerras, para defender as fronteiras ou para conquistar
38. No império Cuxita, as mulheres ocupavam posições
políticas de destaque, tendo ascendência inclusive
sobre o clero.
Denominada Senhora de Kush, a mãe do rei
adotava a nora, tendo assim grande poder e
influência sobre o governo do filho. Algumas delas
chegaram a assumir o governo do Estado com o
título de Candace, Kandake, ou rainhas-mães
reinantes. Duas delas, Amanirenas e Amanishaketo
destacaram-se no enfrentamento ao Império
Romano.
Amanishaketo conseguiu um acordo com o
imperador Otávio Augusto, que isentava os cuxitas
de pagamento de impostos aos romanos.
39. Candace do
Estabilidade Dinástica
Segundo o historiador
africano Joseph Ki-Zerbo,
os fatores que contribuíram
para a estabilidade política
e longevidade do Reino do
Kush foram:
• o sistema de escolha do
rei;
• o controle da monarquia
cuxita sobre as riquezas
minerais do subsolo;
• e a marcante participação
da mulher na política.
40. Por volta do século III d. C. o Reino de Kush foi
empobrecendo, as pirâmides de seus reis
tornando-se mais rústicas e menores, e ocorreu
um enfraquecimento do comércio exterior.
No ano de 330, o Reino de Kush foi conquistado
por outro reino africano, o Reino Axum, localizado
ao Norte da Etiópia.
A civilização axumita da época já havia se
convertido ao cristianismo, por influência dos
romanos quando estes ocuparam o Nordeste da
África. Isso explica por que a Etiópia é
considerada o país cristão mais antigo da África
Subsaariana.
41. A História da África é tão importante quanto a dos demais continentes.
No entanto, arqueólogos e historiadores se dedicaram somente ao
Egito esquecendo centenas de outras possibilidades. Por isso, a
história da África ainda é um cenário a ser pesquisado. Infelizmente,
fanatismos religiosos, guerras, depredações e falta de interesse das
autoridades mundiais, estão fazendo com que a maioria do patrimônio